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SEMANÁRIO
Director Nuno Pitti Ferreira | Maio de 2019 | Mensário| ed. 298 | 0.50€
Capoulas preocupado com municípios sem planos de defesa actualizados 03 Crónicas da Transtagana PÁG.04 O dia de José Manuel Duarte co-
meça de noite. Antes das três horas da manhã, noite cerrada, agarra o ferrado, chama o cão e vai para o curral onde começa a ordenha. “Benfica” vai forçando a entrada do rebanho no estreito corredor. Uma a uma as ovelhas vão deixar o leite, tirado pelas mãos do pastor que conhece as “manhas de cada um destes animais”.
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Mora assinalou “O Tapete está Rio clarifica 45 anos posição sobre na Rua’2019” de ABRIL 9A4M2D PÁG.10 E para comemorar esta data histórica, a Câmara Municipal de Mora, em conjunto com as Juntas de Freguesia do Concelho, prepararam um cartaz com várias iniciativas, desde culturais, recreativas e desportivas, que preencheram todo o mês de Abril. As celebrações abriram com o lançamento do novo projecto da Autarquia, a Escola Municipal de Dança.
PÁG.11 Na Vila de Arraiolos tem inicio
dia 5 de junho mais uma edição do evento “O Tapete está na Rua.” A CM de Arraiolos e as Casas de Tapetes de Arraiolos expõem no Centro Histórico da Vila, o mais genuíno artesanato da da nossa terra: “O Tapete de Arraiolos”. Divulgar - promover – salvaguardar, divulgar e dar a conhecer – os “saberes e saberes fazer”.
PÁG.16 O presidente do PSD falou a par-
tir do Porto sobre a iminente crise política, depois da aprovação na especialidade de uma proposta conjunta, para repor o total do tempo de serviço congelado aos professores. António Costa ameaçou demitir-se. Rui Rio começa por dizer que o primeiro-ministro “ensaiou golpe palaciano” para fazer parecer que vinha aí o “cataclismo político e orçamental”.
D.R.
O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284
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Maio ‘19
A Abrir Tu és Europa CARLOS ZORRINHO Eurodeputado
A poucos dias do início oficial da campanha para as eleições para o Parlamento Europeu, que decorrem em Portugal no dia 26 de maio, acredito que muitos leitores se interroguem ainda sobre que ligação tem esse “longínquo” Parlamento que reúne em Bruxelas e Estrasburgo, com o que acontece no seu dia a dia. Só assim se compreende que os estudos de opinião continuem a prever um índice elevado de abstenção, na senda aliás dos elevados níveis de abstenção que têm caraterizado as eleições europeias em ciclos anteriores. O Parlamento Europeu é eleito diretamente pelos cidadãos dos 28 países da União Europeia e tem a função de, em conjunto com o Conselho Europeu onde têm assento os chefes de Governo ou quem os representa, negociar e fechar legislação que é responsável por mais de dois terços das regras, normas, programas e iniciativas pelas quais se rege a nossa vida quotidiana. Desafio o leitor a deixar a imaginação percorrer um perímetro de alguns km à volta do ponto em que está. Aposto que identificará muitos sinais daquilo que Portugal, inserido na União Europeia e tirando partido dos seus programas e regulamentos, construiu desde que em 1 de janeiro de 1986 passou a ser dela parte integrante.
Encontrará Europa em estradas, escolas, centros sociais, recintos desportivos e salas de espetáculo, empresas e serviços de saúde, infraestruturas de saneamento, bibliotecas, jardins e tantas outras coisas que ajudaram a modernizar o nosso País. Encontrará também Europa em muitas boas práticas de tratamento de resíduos, normas de segurança, higiene dos estabelecimentos públicos ou regras de contratação entre partes. Verá como o Euro flui e ajuda a economia a ser mais integrada. Perceberá que muitas coisas ainda estão incompletas e precisam ser melhoradas. Sentir-se-á, assim o espero, convocado para ser parte do futuro da realidade que acabou de percorrer sem sair do mesmo lugar. De facto, sair desse lugar dia 26 e ir votar é algo que vale a pena fazer por si. Demonstrá-lo é o meu objetivo neste texto. Vale a pena deixar o conforto da abstenção e escolher, porque isso é bom para si e para os que o rodeiam. Se outra razão não houvesse, vale a pena porque você é Europa, ou usando um tratamento mais direto, habitual nas instituições europeias, tu és Europa. Tu és Europa, desde logo, porque pertences a um território que depois de séculos de guerras fratricidas e duas guerras mundiais tenebrosas no século passado, vive em paz há
mais de sessenta anos graças à interdependência económica e aos valores fundadores da União Europeia. Tu és Europa também porque pertences a um espaço de tolerância e liberdade de expressão, onde és livre de emitir opinião e de escolher. Um espaço que biliões de seres humanos têm como referência como local onde gostariam de poder viver e onde muitos milhões procuram chegar, muitas vezes em condições de desespero absoluto. Tu és Europa porque vives no território do globo onde a transição energética, a revolução digital e a inovação têm as pessoas no centro e um foco humanista que as diferenciam. Tu és Europa porque estás inconformado, triste com muitas coisas, indignado pelas desigualdades, marcado pelas injustiças, mas ninguém te vai prender por isso. Pelo contrário, por estes dias muitos te vão convidar a escolher um caminho e a expressares com a tua participação e com o teu voto o futuro que desejas. Tu és Europa, mas para continuares a ser, se assim o desejares, deves dar sinal de vida. Votar em democracia é como tocar no comando de uma televisão que se desliga automaticamente se ninguém o fizer. Se desistires da democracia, ela acabará por desistir de ti,
para gáudio de tantos que na Europa e fora dela sonham com o regresso dos totalitarismos e dos autoritarismos, em que “manda quem pode e obedece quem deve”. As eleições europeias que se aproximam servem para escolher muita coisa, mas haverão duas opções maiores que cada um de nós tem que fazer. A globalização é uma realidade sem recuo. Queremos uma globalização com regras, inspirada no sentido humanista da União Europeia ou vamos permitir que tenha que ser a União a desmantelar a sua dimensão social e ambiental e a prescindir dos seus valores de liberdade, equidade e solidariedade para poder sobreviver no “salve-se quem puder” de uma globalização sujeita à lei do mais forte ou de quem tiver menos escrúpulos? Claro que a União Europeia tem ainda muito que fazer para dar sentido pleno aos valores que antes enunciei. Vamos então dar força a uma Europa afirmativa, progressista, global ou contentamo-nos com o conformismo acabrunhado dos últimos anos? Tu és Europa? Quem és tu? A União Europeia precisa que o digas, expressando a tua vontade, no teu voto de dia 26 de maio. Ou será que preferes ser o que os outros quiserem que tu sejas? A decidirem por ti o que tu és?
A austeridade não é uma inevitabilidade JOÃO PIMENTA LOPES
3º Candidato da CDU às Eleições para o Parlamento Europeu
A União Europeia, se vista como um bloco económico, e com variações anuais, está entre as três maiores economias do mundo a par da China e dos EUA. Ante a profusão de propaganda que embrulha o projecto de integração capitalista europeu da coesão, ao desenvolvimento da produção, ao combate à pobreza e à exclusão, à criação de emprego e elevação das condições sociais seria de supor que, 62 anos após o Tratado de Roma, as desigualdades económicas, sociais, territoriais, se fossem esbatendo. A chamada estratégia Europa 2020 previa, em 2010, reduzir até 2020 em 20 milhões o número de pessoas em pobreza e em exclusão social e alcançar no mesmo período uma taxa de emprego nas idades entre os 20-64 anos de 75% para o conjunto da UE28. Quer um quer outro objectivo estão longe de ser alcançados não o serão, seguramente, em 2020. A realidade afigura-se rude, incontornável e contraria tal discurso. Décadas de políticas de direita, protagonizadas em Portugal por PS, PSD e CDS, que implementaram as políticas e imposições da UE, servis aos interesses das potências europeias e multinacionais, traduzemse em retrocessos sociais, económicos e de desenvolvimento. Políticas que entregaram importantes parcelas de soberania, que comprometeram ou contribuíram mesmo para a destruição dos sectores produtivos, estimulando simultanea-
mente fenómenos de concentração, ao abrigo do sacrossanto Mercado Único. São essas mesmas políticas, que impondo o aumento da exploração, travam o progresso social e a superação das desigualdades. O aumento da exploração e os persistentes níveis de desemprego, pobreza e desigualdades sociais, não são uma mera constatação filosófica. Têm expressão estatística, que enquadra, de forma redutora, as condições de incerteza, de degradação da condição humana, de sofrimento, de miséria, a que estão remetidos dezenas de milhões de homens e mulheres nos países que integram a UE. Os dados disponíveis no EUROSTAT, para um universo (ainda) de uma UE a 28 com cerca de 508 milhões de pessoas e uma população activa de cerca de 242 milhões de pessoas, dãonos valores e tendências esclarecedoras. Quase um quarto daquela população encontra-se em situação de risco de pobreza ou exclusão social. O desemprego mantém-se em níveis muito elevados, ainda que com uma tendência decrescente. O desemprego em Portugal, não obstante uma redução expressiva desde o seu pico em 2012, permanece em valores elevados, fechando em 2018 nos 6,6%. Desde a adesão ao Euro, os valores do desemprego nunca retomaram aos valores pré-adesão: em 2001 fechava nos 5,1%. Por outro lado a qualidade do em-
prego gerado é de elevada precariedade e baixos salários. O aumento do trabalho a tempo parcial e de trabalho temporário, com expressão muito significativa entre as mulheres e os jovens. Esta última tipologia de vínculo laboral, o temporário, tem aliás hoje em Portugal uma expressão de cerca de 22% na população activa empregada (2017), o terceiro mais alto da União Europeia, depois de Espanha e Polónia. Muitos outros elementos poderiam ser trazidos à liça. Estas situações reflectem uma realidade por demais óbvia mas que talvez por isso mesmo, mereça ser evidenciada: são os que têm menos rendimentos que mais dificuldades têm para fazer face às suas despesas e custo de vida, ditado pelo mercado e não pela realidade económica de cada indivíduo ou família. Impõe-se cada vez mais a desregulação do horário de trabalho. A dita “flexibilidade” cresce e contraria os discursos coloridos em torno da “conciliação” entre o trabalho e a vida pessoal. Quase 16% do total da população empregada trabalha por turnos (761 mil pessoas em Junho), mais 25,3% que em 2011. Meio milhão trabalhará em horário nocturno, dois milhões trabalharão aos sábados (42% da população empregada) e um milhão aos domingos, valores que cresceram desde 2011. Para isso muito contribuíram as sucessivas alterações ao direito laboral, aprovadas
por PS, PSD e CDS, com a promoção e aval da União Europeia. Não se estranha por isso, o acordo celebrado entre o Governo do PS, a UGT e o patronato, com o apoio de PSD e CDS, agora em discussão na Assembleia da República, que visa prosseguir este rumo de degradação das condições laborais, de aumento da precariedade, da exploração e do empobrecimento. Mas este caminho não é uma inevitabilidade. Assim o demonstraram as eleições de Outubro de 2015, que abriram portas, com um papel determinante do PCP, a uma nova fase da vida política nacional que permitiu impedir a continuação de um governo de direita com um programa que representaria maiores e mais violentos ataques aos direitos dos trabalhadores, às funções sociais do Estado, aos serviços públicos. O caminho de recuperação de direitos e rendimentos protagonizado nos últimos três anos e meio, determinados pela luta organizada dos trabalhadores e das populações a par da proposta e intervenção do PCP, demonstra que é possível criar as condições para a construção de uma alternativa política que implemente a política alternativa que possibilite a continuidade dessa recuperação de direitos e o desenvolvimento do país assente na dinamização dos sectores produtivos, concretizando os princípios e valores de Abril, tal como consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Ficha Técnica Director Nuno Pitti Ferreira TE194A (TE738) (nuno.pitti@registo.com.pt) Registo ERC nº125430
SEMANÁRIO
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Atual Há 28 autarquias sem plano de prevenção de incêndios. Governo quer aplicar sanções.
Governo preocupado com riscos de incêndios florestais Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, considera “incompreensível” que ainda existam 28 câmaras com planos desactualizados. O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, defende a “aplicação de sanções” aos municípios que não possuam um Plano Municipal de Defesa da Floresta contra incêndios actualizado. Numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, considera “incompreensível” que ainda existam 28 câmaras com planos desactualizados. “Custa-me a admitir que haja um município onde exista risco de incêndio, e onde a legislação obriga a existência desse plano, e que, nalguns casos, reiteradamente não tem”, critica Capoulas Santos na entrevista que, será transmitida pela Antena 1 ao início da tarde deste domingo. “Existe um quadro sancionatório que, na minha opinião, deveria ser aplicado”, defende o responsável, ressalvando que essa aplicação não cabe ao Ministério da Agricultura. De acordo com Capoulas Santos, as sanções têm como consequência a redução de financiamento público aos municípios. “Até aqui tem havido uma atitude persuasiva e não sancionatória, mas, na minha opinião, é chegado o momento de as sanções serem aplicadas”, defende. Na entrevista, o ministro fala ainda na “grande dificuldade” - do próprio Ministério, mas também dos privados - em encontrar operadores suficientes que realizassem a limpeza das zonas rurais.
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“Nestas circunstâncias, tivemos de identificar prioridades de freguesias de maior risco”, aponta. Questionado sobre se existe uma situação de seca no país, o ministro comenta:
“Estamos preocupados, estamos a fazer o levantamento da situação, temos medidas em execução, mas falar de seca é manifestamente exagerado”. Capoulas Santos diz que “todos os agri-
cultores agradeceram a chuva que caiu em Abril, mas não foi suficiente para recarregar as barragens e os lençóis freáticos”. No entanto, segundo o responsável do Governo, esta chuva “mitigou muito os efeitos de seca”. “Não há, neste momento, nenhum indicador de qualquer quebra de produção em qualquer actividade agrícola”, devido à falta de precipitação, afirma. Bacia do Guadiana com quase 75% da capacidade Vinte e uma das 59 albufeiras monitorizadas em Portugal continental tinham em Abril reservas superiores a 80% do volume total e seis estavam a 40%, segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH). No último dia do mês de Abril e comparativamente com 31 de Março verificou-se um aumento do volume armazenado em nove bacias hidrográficas e uma descida em três, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo SNIRH. A bacia do Mondego era a que apresentava no final de Abril maior disponibilidade de água (95,1%), seguida do Ave (84,3%), do Lima (75,1%), Cávado (74,5%), Guadiana (74,8%), Tejo (71%), Douro (70,5%), Barlavento (60,1%), Mira (57,5%) e Oeste (55,4%). As bacias do Sado (52,1%) e Arade (54,1%) tinham os níveis mais baixos de armazenamento no final de Abril. Os armazenamentos de Abril de 2019 por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores às médias de Abril (1990/91 a 2017/18), excepto para as bacias do Ave e Mondego.
INSPIRAR A EUROPA: Uma Europa Solidária, Sustentável, Segura SÓNIA RAMOS 9.ª Candidata às Eleições Europeias pelo PSD
Estas são as mais importantes eleições europeias da nossa história democrática europeia e nacional. Olhando para a situação da Europa (arrefecimento económico, Brexit, migrações, populismos, nacionalismos), e do mundo (alterações climáticas, evolução demográfica, mudanças na China e nos Estados Unidos, globalização, revolução digital); olhando para a atual situação nacional (degradação acentuada dos serviços públicos, cortes nos fundos, investimento público baixíssimo, maior carga fiscal de sempre), não podemos ficar indiferentes! Há riscos, impasses e ameaças; mas há oportunidades, propostas e soluções. O PSD e a sua família política europeia, o PPE, estão do lado das oportunidades, das propostas, das soluções. O voto no dia 26 de maio de 2019 tem de dar uma resposta afirmativa, enérgica e exequível ao relançamento do projeto europeu, garantindo uma Europa solidária, sustentável e segura, que cria oportunidades para os cidadãos. Uma Europa que protege as pessoas, que se afirma no plano global, mas no dia-a-dia dos portugueses, melhorando as nossas condições de vida. O PSD foi sempre um partido pró-europeu, defensor da democracia liberal, do modelo social europeu e da economia de mercado. Na
Europa, batemo-nos pela solidariedade e coesão, pela prosperidade e bem-estar, liberdade e justiça social. 1. Plano Europeu de luta contra o Cancro O cancro é a primeira causa de morte em muitos países europeus. Estima-se que 4 em cada 10 Europeus vão enfrentá-lo durante a sua vida. Só 1 em cada 2 doentes sobrevive. O PSD e o PPE assumem como prioridade europeia, na área social, da saúde, da ciência e da inovação, a erradicação progressiva da doença através de um Plano Europeu de luta contra o Cancro. Este plano global focar-se-á na potenciação da transferência do conhecimento científico para o tratamento clínico, com um investimento maciço de recursos na prevenção e na deteção precoce da doença, criação de uma rede de profissionais de saúde e de associações de doentes num Centro Digital Europeu de Combate ao Cancro. A ambição do Plano Europeu é liderar esta causa tornando-se o espaço de referência na matéria. 2. Adoção de uma Estratégia Comum para a Natalidade Portugal é o quinto país mais envelhecido do mundo e o terceiro entre os Estados-Membros (EM). O problema não afeta só Portugal,
mas todos os EM. O PSD propõe e defende uma Estratégia Europeia Comum para a Natalidade que possa evoluir para uma autêntica Política Comum de Natalidade, que implica a adoção de políticas com impacto direto no pilar social, saúde, segurança social e educação. Consistirá numa politica integrada de apoio às famílias e à infância, das redes escolar e de saúde infantil e parental, das políticas de conciliação da vida familiar e profissional, de flexibilidade laboral de pais e cuidadores, dos incentivos fiscais e da responsabilidade social das empresas. Visa combater o “inverno demográfico”, aliviando no médio prazo os fortes impactos negativos no mercado de trabalho, na sustentabilidade da segurança social e na renovação geracional e deve articular-se estreitamente com a estratégia política para as migrações. 3. Garantia e reforço do Modelo Social Europeu Especial valorização do setor da Economia Social, que representa mais de 2 milhões de empresas e que emprega mais de 11 milhões de pessoas, criando-se um estatuto europeu para as empresas sociais. O reconhecimento do estatuto europeu dos cuidadores informais, responsáveis por cerca de 80% dos cui-
dados prestados, deve contemplar um “mínimo social”, para os cuidadores. Apoiaremos todas as medidas promotoras da proteção dos idosos e estimulem o envelhecimento ativo da população e o aprofundamento da chamada ‘economia de prata’, tais como o desenvolvimento de uma rede europeia de serviços de apoio ao domicílio. Igualmente fundamental o apoio à criança, tendo em conta que 24,9% das crianças e jovens da UE até aos 17 anos estão em risco de pobreza ou de exclusão social, reforçando-se também o combate ao abandono escolar precoce. A defesa do princípio da igualdade de género, com especial enfoque na proteção das mulheres e no combate à violência e ao assédio, afigura-se prioritária e imperativa. Em face das discriminações subsistentes, é fundamental tornar efetiva a garantia do direito a salário igual entre mulheres e homens. Das 22 medidas constantes do Manifesto Eleitoral do PSD às eleições europeias destacámos as 3 primeiras, mas não podemos deixar de referir as políticas de Juventude: emprego, formação, voluntariado e inovação; Não regressão na Coesão Territorial, Económica e Social; Rejeição dos cortes na Política de Coesão e de Agricultura; Inovação e Sustentabilidade e a Missão Floresta.
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Exclusivo TEXTO: JOSÉ PINTO
FOTOGRAFIA: FLORBELA VITORINO
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Crónicas da Transtagana
Pastor – Guardador de ovelhas
O dia de José Manuel Duarte começa de noite. Antes das três horas da manhã, noite cerrada, agarra o ferrado, chama o cão e vai para o curral onde começa a ordenha. “Benfica” vai forçando a entrada do rebanho no estreito corredor. Uma a uma as ovelhas vão deixar o leite, tirado pelas mãos do pastor que conhece as “manhas de cada um destes animais”. De quando em vez fala com elas. Em voz baixa dá-lhes ordens como se fossem conselhos e até as mais ariscas se aquietam. José Manuel Duarte abandonou a ordenha mecânica. - Os “animais padecem muito”. Coisas que o pastor sabe porque gosta do que faz e gosta dos animais. Por isso, sentado num velho banco improvisado, faz a ordenha com as suas próprias mãos. Quando o sol nasce já o leite foi passado a panos. Chega a hora de sair para o campo. Vagarosamente, sobem a ladeira para o cabeço coroado pela cerca medieval, guarnição da solitária Igreja de S. Salvador que, majestosa, não se esgueirou para o arrabalde como fizeram congregações religiosas e instituições do concelho, pois que espreitando do cimo da muralha, alcança a nossa vista em redor: o Convento dos Lóios, a Capela do Hospital da Misericórdia, a Igreja Matriz, a Câmara Municipal e o Tribunal de Arraiolos. Do Castelo, feito por contrato de 1305 entre o Concelho e D. Dinis, sabemos que já em 1655 a igreja do Salvador era o único edifício situado intramuros, e, na verdade, desde 1599 que se não fecham as portas das muralhas todas as noites.(1) O pastoreio porém terá sido uma constante no termo de Arraiolos, sendo que foi a Praça do Município o local onde se desenvolveu uma atividade de tinturaria de lã e em toda a Vila e arredores essa arte genuína, que é o “Tapete de Arraiolos”, bordado a lã cardada e fiada em casas de lavradores e em herdades das redondezas, tosquiada em rebanhos que por aqui apascentavam.
E se hoje desapareceram os tecelões, os cardadores, os pisoeiros, os tintureiros, os surradores, por cá existem ainda pastores que por suas mãos ordenham e tosquiam. Levar as ovelhas para o pasto, guardá-las e vigiá-las, é tarefa diária do Sr. José Manuel Duarte. Faz o que gosta. É pastor. Hoje traz o “alavão”. Sentado na muralha vai dando conta do seu trabalho: de como devem ser enrolados os velos na tosquia, do refugo e das badanas, das malatas e dos carneiros, do “alfeire” e da afilhação, dos bardos e do “acarro”, dos alforges e dos gravatos... Ao rigor do tempo, enfrenta a intempérie com o seu gabão ou procura a sombra benevolente das árvores, para se esconder do sol, que para o vento há sempre uma abrigada na chapada. Caminha atento, devagar e sereno, que qualquer movimento brusco levanta o rebanho. São espantadiças as ovelhas. Noutras épocas os pastores passavam os dias e as noites junto dos animais. Dormiam na choça e comiam as sopas do tarro trazido pelos “ajudas”. Outros tempos. Mais sofridos. Às vezes era a miséria. Mas a vida junto do reba-
nho continua a ser dura. É preciso “olhar pelos animais dia e noite”. O rebanho não passa despercebido aos turistas que visitam o Castelo. Apontam objetivas e registam o momento da invasão, silenciosa, de algumas ovelhas que seguem a mais gulosa, que se afoitou, com o fito de encontrar alguma erva mais saborosa. O desassombro valeu-lhe uma saída apressada perante a investida do cão, que mostrou estar bem ensinado, parando à ordem do pastor. Os miúdos mais destemidos tentam agarrar uma ou outra ovelha. É como quando correm atrás dos pombos na Praça. Os pombos, e as ovelhas também, estão ali ao alcance da nossa mão, mas porém escapam-nos num ápice. O cão olha de soslaio, na esperança de ser chamado novamente. O pastor sorri e deixa que sejam as crianças a encaminhar as ovelhas para a porta do Castelo. Depois volta então a chamar “Benfica” e ordena-lhe que as leve de volta à encosta, o que ele faz com eficácia e perícia. - “Quando apanham uma traita” as ovelhas são teimosas.
José Manuel Duarte não conheceu as medievais “canadas reais”(2). Mas sempre ouviu as histórias da “transumância” e do gado de “mal andar”, uma o modo de procurar as melhores pastagens no inverno, a outra, artimanha para melhor engordar o rebanho. Conduziu muitos rebanhos por caminhos rurais, entre herdades e para feiras de gado, utilizando alguns troços das canadas(2), que desde a idade média serviram para deslocação de gado, com relevância para a transumância entre a Beira e o Alentejo. Na frente levava um burro com os haveres. Era “inteligente o Boneco”. Engatado na carroça levava-me a “mim e ao meu irmão até à rua do Monte. Nós íamos a dormir e era ele que nos conduzia até casa.” Algo impensável nos dias de hoje, digo eu, com a quantidade de vedações, portões fechados a cadeado, valas abertas e outros obstáculos criados em caminhos vicinais ou mesmo municipais. (1) – http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2719 (2) - Canadas Reais – Caminhos de passagem para os rebanhos das serras para a planície.
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Radar
“Quase 4 anos de atraso, envoltos numa política feita de enganos, mas sempre criando a espectativa que tudo vai bem”.
O GOVERNO APRESENTOU UM PROGRAMA DE ESTABILIDADE “POUCOCHINHO”
ANTÓNIO COSTA DA SILVA
Deputado e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD
Do Programa de Estabilidade anterior, das 153 medidas, só 35 se encontram concluídas. Estamos perante uma legislatura que se aproxima do fim. Uma legislatura com a marca da negativa da governação socialista, mas com a novidade de ter o apoio de toda a esquerda. Todos são responsáveis pelos atrasos provocados a Portugal: PS, BE, PCP e PEV. Uma governação socialista que, mais uma vez, provocou atrasos no desenvolvimento de Portugal. Uma governação sem reformas, e Portugal com menos perspetivas de futuro. Portugal atrasou-se perante os outros países da União Europeia. O Programa de Estabilidade vai precisamente no mesmo sentido: sem verdadeiras reformas, sem ambição, sem estratégia, com o futuro altamente condicionado. Quase 4 anos de atraso, envoltos numa política feita de enganos, mas sempre criando a espectativa que tudo vai bem, mesmo quando o desastre está bem à frente dos nossos olhos. Esta política da governação socialista não passou da gestão dos acordos dos partidos da geringonça. Uma gestão do curtíssimo prazo. Negativa para o País! Há muito que percebemos que a gestão de António Costa / Mário Centeno é demasiado simples: ceder nos transportes públicos e na TAP ás PUB
vontades do PCP e BE, dando sempre a ideia que existem grandes ganhos salariais para os funcionários públicos e que os pensionistas também tiveram melhorias significativas (nem que seja apenas um ligeiro aumento de 1€ por mês). Sempre na base da ilusão! Da propaganda! Tem sido esta a política destes 4 anos. Reformas profundas (Sistema de Justiça, Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde, Sistema Educativo, etc, etc) nem uma foi concretizada. O mote foi cativar, cativar e mais cativar, até estas cativações se transformarem em verdadeiros cortes do investimento público. Bateram-se recordes negativos ao nível do investimento público. Evidentemente que os resultados só poderiam ser desastrosos: incêndios em 2017 e 2018 com uma gravidade nunca antes vistas, desastres com helicópteros do INEM, assalto ao paiol de Tancos, Estradas que colapsam, motores dos comboios que caem, comboios sistematicamente avariados, atrasados e suprimidos... Custa a compreender como é que conseguem dizer que existem melhorias significativas no País. Que há um ambiente favorável. “Só é cego aquele que não quer ver”. Custa a compreender esta melhoria significativa. Olhamos para as seguintes áreas e o que verificamos:
Na área da Saúde: Construção de novos Hospitais no Pais continuam a ser uma miragem. Falta de médicos especialistas sobretudo nos territórios do interior do País: ortopedistas, otorrinolaringologistas, anestesistas, pediatras, psiquiatras, neurologistas, etc, etc Falta de enfermeiros em todo País. Condições de trabalho cada vez piores. Médicos descontentes, enfermeiros descontentes… sistematicamente em greve. Porque será? Agravaram-se os tempos médios de espera das consultas e das cirurgias. Afinal onde estão as reformas? Na área da Educação: Prometeram recuperar as Escolas com maiores problemas (as que não foram intervencionadas no QREN 2007 - 2013), dando prioridade às que têm cobertura com amianto. Pouco ou nada fizeram! Tivemos Escolas encerradas no início do ano letivo. Escolas encerradas (a meio do ano) pelos pais, por falta de condições. Faltam Assistentes Operacionais em todo o País. Professores descontentes e sistematicamente em greve. Afinal onde estão as reformas? Área Social: Praticamente nem um equipamento novo ou uma intervenção estruturante no País, que tivesse apoio dos fundos do Portugal 2020. Vias Rodoviárias: Problemas gravíssimos na
rede viária nacional. Voltamos a bater recordes de acidentes na estrada. Afinal onde estão os grandes investimentos? Dinâmicas empresariais: Não foram executados projetos nas áreas de acolhimento empresarial. Não foram executados projetos de infraestruturas científicas e tecnológicas. Significa que não há investimentos significativos nestas áreas. Afinal onde estão os investimentos? Já sabemos que para o Ministro das Finanças “O investimento não é como o Anita vai às compras, não vamos com o Pantufa, com um cesto, comprar investimento”. Assim, como o Governo está a fazer, também não é! Cultura: Redução do apoio às artes por parte do Governo. Menos apoio através de fundos comunitários às artes…Afinal onde estão as reformas? Para comprovar esta realidade, basta analisar o nível de execução dos fundos comunitários: 33% de execução passados 5 anos: A pior execução de sempre dos fundos comunitários. Um País parado! Que respostas o Governo nos tem a dar a estas perguntas? Onde se encontram as reformas para as diferentes áreas? Provavelmente muito pouco.
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Atual “O procurement BIM poderá implicar uma reinvenção do próprio modelo de negócio”. Dinâmicas da Gestão
A Industria 4.0 aplicada aos recursos minerais AGOSTINHO DA SILVA
Doutor em Gestão, CEFAGE e Universidade de Évora
Da transição da Terceira para a Quarta Era Industrial a que assistimos, emergem paradigmas como o Building Information Modelling (BIM), uma tecnologia digital com o qual as entidades governamentais buscam transparência e eficiência na Arquitetura Engenharia e Construção (AEC) por via da abordagem global e procurement orientado para produtos standarizados. Com impactos ainda imprevisíveis na cadeia de abastecimento, o procurement BIM poderá implicar, nalguns setores dentro da cadeia de abastecimento da AEC, uma reinvenção do próprio modelo de negócio, especialmente nos que sustentam a sua competitividade na customização dos produtos, como é o caso do setor das Rochas Ornamentais (RO) em países como Portugal. Na prática, sendo a customização uma das principais vantagens competitivas do setor das RO Portuguesas, quando em concorrência com materiais cerâmicos, por exemplo, esta possível deriva do procurement na AEC para a standarização, criará, à partida, um verdadeiro problema à sua sustentabilidade. Sendo claro que da utilização global do BIM resultará uma nova realidade (formato) de comercialização na AEC, poderemos identificar desde já ameaças que as empresas de RO Portuguesas terão de enfrentar: (i) em contexto BIM, o modelo de procurement tenderá a orientar-se para produtos standard; (ii) o tempo de construção dos edifícios será tendencialmente inferior ao tempo de construção atual; (iii) os custos de construção e manutenção dos edifícios serão tendencialmente inferiores aos atuais; (iv) a construção e manutenção dos edifícios terá tendência para se tornar ecologicamente mais sustentável; (v) os produtos terão de ser fornecidos sem erros, pelo
que a tolerância à não-qualidade tenderá a ser menor, quando comparada com a situação pré-BIM. Da mesma forma que o BIM, também a Indústria 4.0 (I4.0) é um paradigma emergente. Popularizado como um conceito que combina e integra tecnologias, como a robótica avançada, inteligência artificial, sensores, computação em nuvem, Internet of Things, análise e triagem de Big Data, realidade aumentada, produção aditiva, dispositivos móveis, entre muitas outras tecnologias digitais, a I4.0 incorpora todos estes conceitos numa cadeia de valor interoperável, partilhável e independentemente do espaço geográfico. Em modo I4.0, o Cyber-Physical-Systems (CPS) “funde” o meio físico com o meio digital. Os bens começam por ser apenas o seu próprio digital fingerprint o qual, em modo metamorfótico, passará à condição de smart object a partir do qual se vão tornando físicos ao longo do processo produtivo, até serem expedidos e chegarem ao consumidor. Neste modelo de operações, o design e o desenvolvimento do produto tendem a ocorrer a partir de laboratórios virtuais onde os clientes são cocriadores, no qual os próprios produtos adquirem a sua forma, por interação com os próprios meios produtivos. As redes de máquinas que compõem o chão-de-fábrica I4.0 tenderão a tornar-se sistemas smart e f lexíveis, respondendo rapidamente, não apenas aos comandos dados por humanos, mas também às suas próprias perceções, transmitidas por interação com os objetos em fabrico. Foi neste cenário de paradigmas e ameaças sobre as Rochas Ornamentais Portuguesas, setor que gera mais de 16.000 empregos diretos e ocupa o 2º lugar na-
cional em VAB per capita, que um grupo de investigadores das Unidades de Investigação HÉRCULES e CEFAGE integradas na Universidade de Évora, em estreita colaboração com o Cluster Portugal Mineral Resources e a Assimagra, desenvolveram e apresentaram em 2018, a partir da disciplina cientifica também emergente SERVICE SCIENCE, um Modelo Conceptual Avançado, designado por INOVSTONE4.0®, com o duplo objetivo: (i) conceber a arquitetura de um Cyber-Physical System que permitisse às empresas de Rochas Ornamentais operar em modo Industria4.0 e (ii) medir o impacto nas empresas, antes, durante e após a transformação das suas operações para o modo Indústria 4.0. Para mapeamento do processo foi desenvolvido um formato específico da ferramenta metodológica service blueprinting incorporando o novo modelo de interações resultantes da digitalização dos processos e, permitindo dessa forma a avaliação dos resultados das empresas na sua caminhada para a o moderno modo de operações I4.0. Aplicando o Modelo INOVSTONE4.0® a uma amostra de empresas representativa das melhores práticas utilizadas no setor das Rochas Ornamentais foi possível prever a resposta destas empresas às ameaças resultantes do procurement BIM, considerando dois cenários diferentes: cenário (i) em que as empresas optam por manter o seu modelo de operações atual, e, cenário (ii) em que as empresas investem na mudança do seu modo de operações para o modo I4.0. Por via do INOVSTONE4.0®, concluiu-se que em contexto de procurement BIM, as empresas que optarem pelo cenário (i) ou seja, que decidiram manter o seu atual modelo de operações, a probabilidade de
perderem a sua principal vantagem competitiva será próxima de 100%, pois em BIM, existirá uma disfunção critica entre o modelo de procura e o modelo de oferta. Por outro lado, nas empresas que optam pelo cenário (ii), ou seja naquelas em que o modo de operações evolui para I4.0, verifica-se que no COCKPIT4.0 o fingerprint de cada elemento da encomenda se transformará num smart-object, eliminando-se assim, do ponto de vista processual, qualquer diferença entre produtos customizados e produtos-por-medida. Conclui-se assim, que neste cenário, as empresas poderão manter a sua principal vantagem diferenciadora hoje atual face aos produtos concorrentes dentro da Cadeia de Abastecimento. Da mesma forma, em termos de resposta às restantes ameaças resultantes do procurement BIM na AEC, conclui-se que a evolução das operações para o modo I4.0 nas empresas de RO poderá ter impacto relevante: (i) redução do prazo de entrega dos seus produtos em 51%; (ii) redução nos custos dos seus produtos em 33%; (iii) redução da pegada ecológica dos seus produtos em 32%; e (iv) redução da taxa de não-conformidade dos seus produtos em 31% de redução de não-conformidades. Como conclusão final, e sem considerar a importante componente do investimento necessário para tornar a produção I4.0, o Modelo INOVSTONE4.0® permitiu identificar que a obrigatoriedade legal do procurement BIM na cadeia de abastecimento da AEC, poderá até tornar-se numa oportunidade para as empresas que evoluírem as suas operações para I4.0, uma vez que o impacto desta nova forma forma de operações às ameaças resultantes do procurement BIM é tecnicamente positivo.
Eleições para o Parlamento Europeu ALEXANDRE VARELA Sociólogo
Não é preciso ser especialista em assuntos europeus para perceber que as decisões tomadas no Parlamento Europeu têm implicações sérias na vida diária de 500 milhões de cidadãos, algumas das quais adversas às culturas, práticas e mentalidades dominantes em cada país. Apesar disso, a eleição para o Parlamento Europeu, é a que regista maior taxa de abstenção em Portugal e na generalidade dos países que integram a U.E., confirmando o grande afastamento entre representantes e representados. Independentemente das razões que estão por detrás deste afastamento – e são muitas – no próximo dia 26 de maio os portugueses serão convocados a expressar a sua posição relativamente a uma U.E. em crise. Somam-se os sinais que vão do Brexit e respetivo processo de desvinculação sucessivamente adiado por interesses económicos muito fortes, à ascensão de movimentos de extrema-direita que, pau-
latinamente, têm vindo a ganhar terreno numa Europa menos solidária e capturada pelo grande capital. A propósito do Brexit, não estranha a indiferença geral dos ingleses, habituados historicamente a elevar a sua voz do lado de lá do Canal da Mancha e a fazer gala nisso. Talvez também por isso não estranhe que o típico eurocepticismo britânico tenha dado lugar à alardeada saída, desencadeando uma convulsão essencialmente económico-financeira, sintoma do caminho que o Projecto Europeu seguiu e da (des)regulação assente no papel dos mercados. Esta (des)regulação típica do neoliberalismo, contrasta com as imposições do Pacto de Estabilidade e Crescimento aos Estados, amarrados por sua vez a um conceito de moeda única ao jeito dos países mais fortes e com maior capacidade de investimento. Estas imposições têm evidentes repercussões na autonomia dos países e dos
povos (veja-se a perfídia experimentalista montada sobre os países mais frágeis que quase colapsaram na crise de 2012 causada pelo sector financeiro), designadamente naqueles que, como Portugal, são periféricos e com fragilidades estruturais de desenvolvimento. E na verdade o que estes trinta anos de «integração» europeia têm demonstrado é a incapacidade em cumprir as promessas de convergência e coesão, consolidando a posição periférica de países como Portugal, pagos para estar quietos. Mais, aquilo a que assistimos não foi a convergência de direitos como os salários, a justa distribuição de riqueza ou a uniformização das condições de vida e de trabalho entre «países irmãos». Foi sim, a ampliação dessas diferenças e as desconfianças que daí resultam, exemplificadas pela ascensão da intolerância e uma espécie de desatenção geral (civil innatention) relativamente a um passado negro as-
sombrosamente recente. Tais os casos do inqualificável tratamento dispensado por alguns países a imigrantes e refugiados ou do recrudescimento da xenofobia. A convergência europeia não passou pois de uma ilusão montada no esquema da livre circulação de pessoas e bens mas assente na competição sem regras, na imposição de diretivas muitas vezes descontextualizadas e, de certa forma, da lei do mais forte. É verdade que entre os portugueses o sentimento de pertença à Europa decorre mais de um sentido utilitarista na aproximação ao «mundo desenvolvido» e ao maná dos fundos comunitários do que propriamente a um sentido de cultura europeia, seja ele qual for. Mas ainda assim, cumpre-nos contribuir para a construção de uma Europa solidária, de Paz e digna dos valores positivos que a distinguem e diferenciam da outra Europa mesquinha, eurocêntrica e intolerante.
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Radar As celebrações abriram com o lançamento do novo projecto da Autarquia, a Escola Municipal de Dança.
Mora assinalou 45 anos de Abril E para comemorar esta data histórica, a Câmara Municipal de Mora, em conjunto com as Juntas de Freguesia do Concelho, prepararam um cartaz com várias iniciativas, desde culturais, recreativas e desportivas, que preencheram todo o mês de Abril. As celebrações abriram com o lançamento do novo projecto da Autarquia, a Escola Municipal de Dança, que no dia 30 de Março, foi apresentada à população através de uma mostra das diferentes áreas disponíveis no arranque desta nova valência, agora disponível. Já no início de Abril, no dia 5, o Centro Cultural de Cabeção inaugurou a exposição “Atrás das Grades”, tratou-se de uma homenagem a alguns dos presos políticos da referida freguesia. Ainda no decorrer do fim-de-semana, mas no sábado à noite, foi inaugurada outra exposição, na Galeria de Exposições da Casa da Cultura de Mora – Exposição Colectiva de Fotografia “do património construído ao património etnográfico”; a Escola de Música da Câmara Municipal de Mora encerrou a noite com um concerto “45 anos de Abril”. No dia 13 de Abril aconteceu o habitual almoço convívio entre todos os autarcas e ex-autarcas do Concelho de Mora. A manhã de dia 14 começou com exercício físico, com aula de zumba e caminhada, no Parque Ecológico do Gameiro. À tarde a Banda Filarmónica do Grupo Musical Paviense subiu ao palco do Cineteatro da Casa da Cultura de Mora, para mais um concerto, que assinalou, não só os 45 anos da revolução dos cravos, mas também o aniversário desta banda. A manhã do dia 25 de Abril é habitualmente preenchida pelo hastear da bandeira em todas as autarquias do Concelho e no período da tarde o espaço é dedicado à Sessão Solene da Assembleia Municipal. Uma cerimónia alusiva ao acontecimento, que contou com as intervenções dos Presidentes da Assembleia e da Câmara Municipal e dos representantes do PS e do
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PCP. De seguida realizou-se a Cerimónia de Condecorações. As comemorações do dia 25 de Abril terminaram com um espectáculo musical “Ary, o Poeta das Canções”, na Praça Conselheiro Fernando de Sousa. Do vasto cartaz ainda fizeram parte encontros com livros “As Portas que Abril abriu”, que aconteceu na Casa da Cultura no dia 26 de Abril, e dia 27 à noite o palco do cineteatro deu espaço a um espetáculo
musical “ Até Amanhã Liberdade”, pela Companhia Rituais dell Arte. Já dentro do mês de Maio, mas alusivo às comemorações desta efeméride, no dia 7 de Maio, a Casa da Cultura de Mora recebeu a peça “Levantei-me do Chão- Lado B”. Durante o mês de Abril decorram ainda outras actividades, nomeadamente um Festival “Cinema de Abril”, com projecção de vários filmes alusivos à data.
A oficina da Criança desenvolveu também um trabalho sobre o tema, com as crianças e para as crianças e jovens do agrupamento de escolas de Mora, designado “Gerações de mão em mão a contar a revolução”. Um mês que contou com várias iniciativas de âmbito Concelhio, bem como localmente organizado pelas respectivas Juntas de Freguesia, apoiadas pela Câmara Municipal de Mora.
Igreja defende papel activo do estado sem centralismos A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defende na sua nova Carta Pastoral, ‘Um olhar sobre Portugal e a Europa à luz da doutrina social da Igreja’, a importância de um Estado que não seja “nem centralizador, nem mínimo”. O documento foi escrito à luz dos princípios da Doutrina Social da Igreja, contrariando a conceção de um Estado “omnipresente, monopolista e centralizador”, que suprime a liberdade e a consequente responsabilidade das pessoas e dos grupos sociais”, rejeitando igualmente a “conceção liberal de um Estado mínimo”. Na carta pastoral é defendido um Estado “garante da liberdade de educação”, que “deve apoiar o ensino não estatal”, uma vez que “não está a desviar fundos públicos para fins privados” mas está “a permitir que a liberdade de escolher essas escolas não fique reservada às famílias de maiores recursos”, e de saúde onde o Serviço Nacional de Saúde deve “ser salvaguardado e melhorado” e articulado “com iniciativas particulares e sociais, compro-
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vadamente úteis”. A nota destaca a colaboração que existe com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) sem esquecer que as “consequências diversas que a crise
económica em Portugal teve na sociedade, com milhares de pessoas sem rendimentos económicos suficientes”. Os bispos portugueses realçam que passados dez anos da crise económico-
-financeira, “perante a paulatina superação”, são as IPSS que “vivem uma situação de preocupação” quanto ao futuro do serviço que prestam, “devido à dificuldade económica que atravessam”, uma vez, que foram o setor social que “mais conseguiu garantir” os locais de trabalho dos seus colaboradores, “assegurou os serviços” aos utentes cujas famílias não conseguiam pagar a sua comparticipação e ainda “apoio de alimentação a pessoas e famílias que ficaram sem rendimentos”. “Estamos abertos ao diálogo para encontrar soluções de viabilidade de continuação dos diversos serviços de apoio às pessoas e famílias”, escreve a CEP, sobre a relação de cooperação das Instituições da Igreja com o Estado. No novo documento, os bispos dedicam um tema ao “cuidar da casa comum” e assinalam “a sensibilidade e generosidade” em situações de tragédia, como a solidariedade “perante a tragédia de Moçambique”, após a passagem do ciclone Idai, em março.
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Radar Divulgar - promover – salvaguardar, divulgar e dar a conhecer – os “saberes e saberes fazer”.
Arraiolos “O Tapete está na Rua’2019” Na Vila de Arraiolos tem inicio dia 5 de junho mais uma edição do evento “O Tapete está na Rua.” A Câmara Municipal de Arraiolos e as Casas de Tapetes de Arraiolos expõem no Centro Histórico da Vila, o mais genuíno artesanato da terra: “O Tapete de Arraiolos”. Divulgar - promover – salvaguardar, divulgar e dar a conhecer – os “saberes e saberes fazer”, que muitas gerações de arraiolenses souberam preservar e trouxeram até aos nossos dias é um objetivo desta iniciativa. Ao visitar Arraiolos pode conhecer mais sobre esta arte secular, cuja origem em Arraiolos pode remontar a uma época anterior ao Século XV e que atingiu a sua maior relevância artística nos séculos XVII e XVIII. “O tapete está na Rua” é um evento centrado no “Tapete de Arraiolos” e pretende afirmar-se como proposta de intervenção cultural abrangente, onde a economia local e a dinamização cultural são componentes indissociáveis para concretizar os objetivos propostos. O modo de receber quem nos visita e a qualidade inerente à vila que vos convida a usufruir das unidades de Turismo Rural, da Pousada, de outras unidades de alojamento e hotelaria, das atividades de enoturismo e outros projetos na área do turismo, vão fazer da sua estadia em Arraiolos um momento para recordar. A gastronomia, “valor integrante do pa-
CM Arraiolos | D.R.
trimónio cultural português”, apresenta no nosso concelho elementos da “Dieta Mediterrânica”, onde se podem encontrar os ingredientes que a distinguem, nomeada-
mente as ervas aromáticas da nossa região. Na nossa mesa encontra ainda o melhor dos vinhos, os enchidos, os queijos e o mel, a Empadas de Arraiolos®, os doces
conventuais, as cavacas de Vimieiro e os pasteis de toucinho, bem como outros sabores onde se reconhece a identidade de Arraiolos.
Ambientalistas da Zero preocupados com agricultura intensiva Mais de 200 mil hectares de culturas intensivas no Baixo Alentejo ameaçam o ambiente e colocam em risco a saúde das populações, alertou nesta terça-feira a associação ambientalista Zero, exigindo mais fiscalização das explorações. Em comunicado, a Zero chama a atenção para os “impactos ambientais e as ameaças” à saúde devido à “instalação descontrolada de milhares de hectares de culturas de regadio em regime intensivo e superintensivo no Baixo Alentejo”. De acordo com a associação, a expansão de perímetros de rega para novas áreas além das que estão previstas no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, nomeadamente blocos confinantes e a novas áreas no Alto Sado e Alto Alentejo, não têm em conta os cenários futuros de mudança climática. A Zero lembra que os cenários apontam para uma mudança climática para o sudoeste da Península Ibérica, nomeadamente uma subida da temperatura e menor precipitação, o que leva à redução das disponibilidades hídricas com redução de caudais e menor capacidade de recarga dos aquíferos subterrâneos. A associação sublinha também que a instalação e exploração de perímetros de rega estão a ser feitas sem o devido acompanhamento no terreno nem de fiscalização. Por isso, a Zero exige um “acompa-
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nhamento e fiscalização da instalação de novas culturas e das já existentes promovendo a conservação do solo face aos efeitos da erosão que algumas práti-
cas podem potenciar, bem como o risco de salinização associado à qualidade da água de rega”. As culturas intensivas que estão a ser
instaladas em redor de povoações, e que utilizam quantidades significativas de produtos fitofarmacêuticos, põem em risco a saúde da população. Por isso, realça a Zero, “é fundamental ter em consideração o princípio da precaução, sendo que os Planos Directores Municipais deverão prever faixas de segurança que limitem a implantação deste tipo de culturas e a utilização de fitofarmacêuticos junto às habitações e na orla dos aglomerados populacionais”. A associação chama também a atenção para a má qualidade do ar em várias localidades da região causada pelas empresas de extracção de óleo de bagaço de azeitona, que “deverão ser obrigadas a instalar tecnologia mais eficaz de modo a reduzir este impacto que afecta” as populações. A Zero destaca ainda que a biodiversidade da região tem sido gravemente afectada, pelo que deveriam ser estabelecidos limites às culturas intensivas e especialmente às superintensivas obrigando à manutenção de áreas mínimas da superfície agrícola utilizada afectas a culturas extensivas. Por isso, a associação defende a manutenção de faixas de vegetação espontânea nas bermas de caminhos e nos taludes e áreas declivosas, a promoção da conservação das margens de linhas de água e a preservação das azinheiras e sobreiros, por forma a criar habitats e garantir refúgio para a biodiversidade.
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Radar “De um momento para o outro, senti-me transportada para os meus tempos de meninice.”
Bonjour maman * ESTEFÂNIA BARROSO
Professora
E do nada, percebemos que aqueles que nos deixaram há muito estão sempre perto de nós. Um cheiro, um som, uma imagem, despertam em nós algo que estava há muito adormecido, uma memória que nem sabíamos que existia. Aconteceu-me lembrar-me de ti numa perfumaria, enquanto experimentava uns cremes. De um momento para o outro, senti-me transportada para os meus tempos de meninice. Comentei “que estranho”, este cheiro lembrara-me a França. A razão era muito simples: estava a experimentar o creme que tu, mãe, usavas. Pelo menos o cheiro era exatamente o mesmo… A relação do teu cheiro com a França era simples…não contando com as férias, que para uma criança tão pequena mais não são do que uma névoa, sempre vivi contigo em França… Portugal não és tu, não somos nós, Portugal não tem o teu cheiro… As memórias de ti estão ligadas, irremediavelmente a uma Franca que tu aprendeste a gostar. Hoje aconteceu-me com a imagem de um filme. Uns pés pousados no tablier de um carro. E eis que me apareceste outra vez. Tinhas esse hábito, eventualmente nas viagens de França para Portugal, de seguires assim enquanto o pai dirigia e nós as duas seguíamos atrás a observar a paisagem que desfilava sob os nossos olhos. Como raio me lembro tão nitidamente (agora que esta lembrança apareceu) daquele pé tão pequeno pousado no tablier? A lembrança é tão nítida que sei que se tratava de um pé branquinho, pequeno, com uma unha pintada de vermelho. A verdade é que os anos vividos na tua ausência são mais que muitos. A verdade é que as memórias de ti são muito díspares, esfumadas no tempo, não sei se baseadas efetivamente em acontecimentos reais, em fotografias, ou em memórias de outros. Mas de tempos a tempos aparece uma memória assim: um cheiro, um perfume, um gesto, a tua imagem com um lenço na cabeça cor de laranja por cima do teu cabelo curto e negro… as mãos pregadas à cintura, uma de cada lado, numa quase posição de desafio à vida-
Photo by Erik Odiin on Unsplash
…e essas lembranças sabem tão bem. Aqui há tempos recordei uma pequena caixa de música que existia numa casa onde trabalhavas. Dávamos à manivela e tocava o Fur Elise. Por que raio e como recordo isso? Não sei. Mas sei que encontrei, uns 35 anos depois, uma caixa destas à venda…tenho-a ali, junto à minha cama… É nestes momentos, nestas memórias que te sinto perto de mim. Sei que parece estranho mas sinto a tua presença. Acredito piamente que, sempre que te é possível, me acom-
panhas: em momentos aparecidos do nada, quando a mente vagueia vazia, sem grandes preocupações. E, também, em momentos mais tensos e difíceis…quantas vezes me viro num rápido, sentindo-me observada para perceber que, quando olho, apenas vejo o vazio? Quantas e quantas vezes, do nada, sinto uma espécie de brisa fresca chegar até mim sem qualquer explicação? A verdade é que sinto a tua presença, como quem quer vir dar o apoio da única forma que o consegue fazer, como uma mãe que apesar de longe não esqueceu
nunca as filhas que tinha por cá. Sinto-te e “gosto-te”. E admiro essa tua capacidade de te fazeres tão presente mesmo nessa tua ausência tão dura e tão permanente, demonstrando que nunca foste de baixar os braços…continuas na luta, observando e, de algum modo, protegendo os teus. Ainda que tão etérea, tão difícil de palpar…obrigada pela tua presença. É por essa tua presença tão sentida que em cada Dia da Mãe posso dizer “Bonjour Maman! Feliz dia da Mãe” *Bom dia, mãe
Aumenta o consumo de gás natural O consumo de electricidade recuou 3% em Abril face ao período homólogo de 2018, enquanto o consumo de gás natural aumentou 17,3% reflectindo o crescimento do segmento de produção de energia eléctrica, informou na passada semana a REN. Segundo a REN - Redes Energéticas Nacionais, este crescimento no segmento de produção de energia eléctrica em Abril é “resultado de condições hidrológicas muito desfavoráveis face ao mesmo mês do ano anterior”. Em termos acumulados, de Janeiro a Abril, o consumo de gás natural registou uma quebra de 2%, resultado de uma contracção de 13,2% no mercado eléctrico e de um crescimento de 1,7% no mercado convencional. Quanto ao consumo de energia eléctrica, registou em Abril uma variação homóloga negativa de 3%, ou negativa de
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2% com correcção de temperatura e dias úteis, sendo que desde o início do ano acumula uma quebra homóloga de 3,4%, ou uma quebra de 1,7% com correcção dos efeitos de temperatura e número de dias úteis. De acordo com a gestora da rede energética, em Abril as afluências “mantive-
ram-se abaixo dos valores médios, embora as condições tivessem melhorado face aos últimos meses”. O índice de produtibilidade hidroeléctrica situou-se em 0,82 (média histórica igual a 1), enquanto o de produtibilidade eólica se situou em 1,13 (média histórica igual a 1), beneficiando de “condições fa-
voráveis em Abril”. No mês em análise, a produção renovável abasteceu 55% do consumo nacional, a produção não renovável 37%, enquanto os restantes 8% foram abastecidos com recurso a energia importada. Considerando os primeiros quatro meses do ano, o índice de produtibilidade hidroeléctrica situou-se em 0,58 (média histórica igual a 1), enquanto o de produtibilidade eólica se fixou em 0,93 (média histórica igual a 1). No mesmo período, a produção renovável abasteceu 51% do consumo, repartido pela eólica com 27%, hidroeléctrica 18%, biomassa 5% e fotovoltaica 1,8%, e a produção não renovável abasteceu 37% do consumo, repartido pelo gás natural com 21% e pelo carvão com 16%. O saldo importador, que segundo a REN “tem sido quase sempre importador”, abasteceu cerca de 11% do consumo.
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Radar “Não podemos responder à radicalização do discurso contra a caça com um discurso radical.”
Caça volta à tutela das Florestas O secretário de Estado das Florestas afirmou, no passado Domingo, em Santarém, que a caça vai voltar a estar ligada à componente florestal e apelou para que não se “entrincheire” perante o discurso de “radicalização” dos que combatem o setor. “Não podemos responder à radicalização do discurso contra a caça com um discurso radical. Temos de nos entender, perceber as questões que temos que discutir, perceber as iniciativas que temos de ter, antecipar problemas”, disse Miguel Freitas no encerramento do XXVII Encontro Nacional de Caçadores, que decorreu no grande auditório do Centro Nacional de Exposições, em Santarém. O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural afirmou que a nova lei orgânica do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vai tornar este organismo “mais próximo”, com a criação de direções regionais, e dotado de capacidade para recolher, trabalhar e disponibilizar informação atualizada, essencial para a “tomada de boas decisões”. Miguel Freitas referiu ainda a criação dos centros de competências, em particular o que é dedicado à caça e à biodiversidade, apresentado hoje durante o encontro, e anunciou que o setor vai PUB
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estar associado à ideia da “multifuncionalidade da floresta”. “A caça é um setor da maior importância, do ponto de vista económico e social, mas queremos reforçar a ideia de atividade absolutamente essencial nas questões do território, do
ambiente e da biodiversidade”, afirmou, salientando que no diálogo com associações ambientais tem encontrado divergências, “mas nenhuma insanável”, pelo que é possível “encontrar caminho para as soluções”.
Sem se querer pronunciar sobre um diploma da responsabilidade do Ministério da Administração Interna, Miguel Freitas afirmou que o importante é a mensagem de que o setor da caça é “pacífico, desenvolve a sua atividade de forma ética e responsável”, esperando que, na discussão da lei na Assembleia da República, seja possível “encontrar a boa lei das armas para o país”. O presidente da Federação Nacional de Caçadores (Fencaça), que organiza este encontro anual, disse à Lusa acreditar que será possível, no parlamento, travar medidas como a que acaba com a licença de uso e porte de arma no caso de retenção de arma no domicílio. Jacinto Amaro salientou a presença no encontro de hoje dos deputados que têm estado ao lado dos caçadores e a colaboração que tem encontrado junto do Ministério da Agricultura, bem como o facto de, pela primeira vez, ter sido dada voz aos municípios do interior. O dirigente afirmou que questões como a perda de população e de serviços que o interior tem sofrido têm de motivar a criação de uma plataforma ampla que defenda as atividades que ainda se mantêm no território, como a caça, a pesca e as tradições, nomeadamente taurinas.
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Radar Mónica Jorge homenageou as duas entidades com a entrega de uma placa comemorativa.
Torneio Interassociações Sub-17 Futebol Feminino A cidade de Évora foi entre 15 e 17 de Abril a capital nacional do futebol feminino ao receber 18 seleções e 400 atletas de todo o País que disputaram o título neste escalão nos campos do Complexo Desportivo de Évora, Sport Lisboa e Évora e Grupo Desportivo e Recreativo Canaviais. Esta é uma competição no âmbito da Federação Portuguesa de Futebol e que a Associação de Futebol de Évora e a Câmara Municipal, através de uma parceria perfeita, souberam ganhar e organizar, com os imprescindíveis apoios do S.L. Évora e do G.D.R. Canaviais. A Vereadora com o pelouro do Desporto na autarquia eborense, Sara Dimas Fernandes, esteve no terreno e acompanhou no banco a Seleção de Évora na sua importante e saborosa vitória sobre a sua congénere de Bragança por 2-0. No jantar oficial do evento a parceria entre a AFE e a CME foi elogiada pela FPF e por todas as delegações, tendo resultado na “melhor organização dos torneios interassociações”. Mónica Jorge, Diretora da FPF para o Futebol Feminino aproveitou para homenagear as duas entidades com a entrega de uma placa comemorativa. PUB
A Câmara Municipal de Évora aproveitou para entregar algumas lembranças da cidade a todas as delegações. Sara Dimas Fernandes agradeceu a confiança da Federação nesta organização e a visita de todas as delegações, aproveitando para destacar o trabalho que a autarquia tem desenvolvido no
Arraiolos
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âmbito da prática desportiva para todos, realçando ainda o papel importante do novo Complexo Desportivo de Évora, surgido de outra parceria de sucesso com o IPDJ, na oferta de condições à população pela sua qualidade e polivalência. Évora saiu prestigiada e promovida.
“Oficinas Re-Planta!” Realizou-se no dia 15 de Abril de 2019 nas instalações da Biblioteca Municipal de Arraiolos uma sessão do “Re-Planta” - Oficinas de Hortas Biológicas Re-Planta e Compostagem. O projeto faz o desafio: “Descobre o poder das hortas biológicas e da compostagem!” As “Oficinas Re-Planta!” procuram sensibilizar-nos para “o prazer de cultivar, colher e confecionar os teus próprios alimentos...” “Reaprende, Recomeça e Redescobre a tua Horta” é o lema desta ação à qual a Câmara Municipal de Arraiolos se associou no sentido de concretizar no concelho práticas de cultivo amigas do ambiente, sendo parceiro do projeto desde o seu início. Esta é uma atividade com caráter ambiental muito importante da responsabilidade da Gesamb, empresa responsável pela gestão e exploração do Sistema Intermunicipal de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos do Distrito de Évora (SIRSU), que integra os municípios de Alandroal, Arraiolos Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas e Vila Viçosa.
Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora Email geral@registo.com.pt
D.R.
SEMANÁRIO
Saúde
Caminhar pela Saúde do seu Coração em Montemor-o-Novo No âmbito do “Mês do Coração”, a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, a União de Freguesias de Vila, Bispo e Silveiras e o Centro de Saúde de Montemor-o-Novo, através da Unidade de Cuidados na Comunidade, promoveram na manhã da passada quinta-feira, 2 de maio, a primeira caminhada da edição deste ano do “Caminhar pela Saúde do seu Coração”. Um pouco por todo o concelho terão lugar marchas com o objetivo de sensibilizar a população para os benefícios da prática desportiva. A caminhada na cidade de Montemor-o-Novo, com o bom tempo a ajudar, foi uma vez mais bastante animada e muito participada. Com partida no Centro de Saúde e término no Largo Machado dos Santos, a iniciativa contou com a participação de várias escolas e jardins de infância, mas também de utentes de IPSS e público em geral. PUB
Política Transportes
Évora e Portalegre com descontos nos passes Depois de começar por Lisboa e Porto, a redução do preço dos passes nos transportes públicos foi alargada a quase todo o país, sendo que na maior parte dos casos os descontos são de cerca de 50%. Viseu, Trás-os-Montes, Portalegre, Leiria e Évora são algumas das regiões que, desde a passada quarta-feira, beneficiam de descontos nas tarifas dos passes. Na Área Metropolitana de Lisboa, o desconto do preço levou a um aumento superior a 30% em relação ao período homólogo do ano passado. Já no Porto, de acordo com dados divulgados pelo Expresso, a empresa Metro do Porto contabilizou em Abril um aumento de 18% no número de clientes face ao mês anterior.
PSD clarifica posição sobre contagem do tempo de serviço dos professores O presidente do PSD falou a partir do Porto sobre a iminente crise política, depois da aprovação na especialidade de uma proposta conjunta, para repor o total do tempo de serviço congelado aos professores. António Costa ameaçou demitir-se. Rui Rio começa por dizer que o primeiro-ministro “ensaiou golpe palaciano” para fazer parecer que vinha aí o “cataclismo político e orçamental”. Rio diz que Costa fez um “número de ilusionismo eleitoral para atacar o PSD”, acusando-o de tomar “medidas que empurravam o país para uma orgia orçamental”. Mas diz que PSD só aceitará repor tempo se o PS aprovar “cláusulas de salvaguarda do equilíbrio financeiro” que chumbou na especialidade, ao lado da esquerda. Na passada quinta-feira, o
PSD aprovou na comissão parlamentar de educação a contagem de todo o tempo se serviço congelado aos professores, os nove anos, quatro meses e dois dias. Os sociais-democratas tiveram a esquerda ao seu lado numa proposta conjunta, traçada na comissão juntamente com CDS, PCP e BE, para permitir a recuperação do tempo integral, como exigiam os sindicatos e o Governo recusava. Só o PS votou contra. A segunda parte da proposta, rejeitada pela esquerda, impunha condições para a reposição que seria feita num “processo negocial” conduzido pelo Governo, como por exemplo o comportamento da economia e da dívida. O segundo ponto vinha na sequência do primeiro, chumbado pelo PS, pelo que os socialistas voltaram a votar
contra as condições de uma negociação do tempo integral que não queria que acontecesse. Agora Rio aponta o dedo aos socialista por o terem feito e desafia-os a votarem a favor desse “travão financeiro que a proposta do PSD contem” e que evita, segundo Rio, o “papão da orgia orçamental” que sublinha ter sido “reprovado com os votos irresponsáveis dos deputados do PS. Agora, Rio desafia o PS a votar a favor da parte das condições: “Se o fizerem não precisam de fugir do Governo”: “Vamos propor a inclusão das propostas de salvaguarda financeira que propusemos na comissão e que o PS incoerentemente recusou”. “Ou o PS vota as condicionantes financeiras que o PSD sempre defendeu ou a proposta não tem o voto favorável” do PSD.