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SEMANÁRIO
Director Nuno Pitti Ferreira | Abril de 2019 | Mensário| ed. 297 | 0.50€
Maria de Lurdes Brito exige “requalificação imediata da ESAG”
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Crónicas da Transtagana
FNE que alterar Lei da inclusão
Mora promove-se na BTL
BIME de regresso a Évora
PÁG.04 No dia 25 de Abril de 1974 teve início, em Portugal, um período revolucionário com características democráticas. Por circunstâncias vivenciadas nesse dia, foi apelidada de “Revolução dos Cravos” a operação militar que pôs fim ao regime ditatorial que vigorava desde 1926. No dia 25 de Abril de 1974 terminou um período de guerra, repressão, isolamento internacional e censura.
PÁG.06 A Federação Nacional de Educação (FNE) tem um inquérito a decorrer online sobre a aplicação do novo regime de educação inclusiva e dos resultados pretende extrair a fundamentação para uma proposta de alteração da nova lei. “Esta consulta nacional vai permitir uma reflexão responsável sobre a implementação deste diploma junto dos principais agentes educativos envolvidos no processo.
PÁG.11 O Município de Mora voltou a
PÁG.11 A Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME) regressa este ano, seis anos depois da realização da última edição, “invadindo” a cidade alentejana de 4 a 9 de junho, com 25 companhias, de 12 países. O evento, promovido pelo Cendrev, em parceria com a câmara e apoiado pelo Ministério da Cultura, integra um total de 70 espetáculos, distribuídos por 11 espaços da cidade de Évora.
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marcar presença na 31ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que aconteceu entre 13 e 17 de março de 2019, na FIL. Um certame que a Câmara Municipal de Mora aproveitou para divulgar as potencialidades turísticas, económicas e culturais do Concelho, num evento que é reconhecido, no sector, como o mais importante na área do turismo.
ESAG | D.R.
O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284
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A Abrir A Importância de Descentralizar Competências para melhorar o Serviço Público a e Assegurar a Universalidade de Acesso
ALEXANDRE VARELA Sociólogo
Quando o Princípio da Subsidiariedade entrou no léxico dos políticos portugueses para explicar a relação da União Europeia com os Estados-Membros e, sobretudo, para justificar determinadas «reformas» do Estado Português, já em 1976 a Constituição da República Portuguesa previa três patamares territoriais de organização política do Estado, estruturados segundo o princípio da partilha de competências e do nível de decisão mais eficiente para as cumprir. Sem concretização das regiões administrativas em Portugal Continental, vamos suprindo a lacuna com órgãos desconcentrados do Estado – CCDR, direções regionais – sem autonomia administrativa nem legitimidade democrática. Laborioso aprendiz das regras e ditames da União Europeia, Portugal é, paradoxalmente, um case study no que ao centralismo diz respeito… Ora, no atual processo de transferência de competências, não é a bondade do Princípio da Subsidiariedade nem a descentralização de competências que estão em causa. Está sim em causa o conteúdo da proposta ou a falta dele; e a ausência de um diálogo franco com as autarquias, tendo em vista a universalidade do acesso a serviços pú-
blicos com o foco no cidadão contribuinte: resida este na Avenida da Liberdade ou num monte do Alentejo. Está também em causa o crónico incumprimento da Lei das Finanças Locais e a ausência dos recursos necessários para fazer face às obrigações do Estado para com os seus cidadãos. Sabemos que o retorno à grandiosidade das Cidades-Estado em que redundará uma tal municipalização de territórios esfrangalhados pelas assimetrias locais, não estará para já na mente dos que ainda há pouco tempo punham as mãos no lume pelos banqueiros… mas sabemos de antemão que a capacidade de resposta dos 308 municípios é já hoje tão díspar quanto os rendimentos dos portugueses que, perante a lei, têm iguais direitos. De resto, o padrão da transferência de fluxos é este: centralização de funções potencialmente lucrativas no Estado Central (exemplo do abastecimento de águas e saneamento) e «descentralização» de funções que consubstanciam encargos e as tarefas «menores» para as autarquias. Este padrão indicia uma triste e incómoda sensação de desconfiança do Poder Local para gerir as suas competências, atentando contra o espírito da Constituição. Mais, menoriza o
papel do Poder Local Democrático à revelia do Princípio da Subsidiariedade, ao abrigo do qual é tão importante a freguesia como o governo apesar das competências que distinguem estes dois patamares de organização do Estado. Um exemplo recente é o caso das competências da saúde a transferir para os municípios. Contrariamente a outras situações, até houve uma tentativa de identificar recursos a transferir embora uma leitura superficial permita concluir uma de duas coisas: ou o documento foi feito com os pés ou sofreu de manifesta pantominice. Da identificação de extensões de centros de saúde arrendadas cujo valor proposto não chega para pagar seis meses de renda até às múltiplas situações em que os prédios identificados apresentam problemas sérios de conservação, a panóplia de situações é indescritível e as verbas apresentadas são risíveis quando confrontadas com a dura realidade de prédios deteriorados e mal equipados. A isto juntam-se necessidades de manutenção, climatização e outras, ignoradas ou subavaliadas. Não espanta, dado o subfinanciamento crónico da saúde que, neste e noutros casos, se espera vir a ser revertido com
os recursos próprios das autarquias que, está bom de ver, vão fazer falta na pavimentação de arruamentos, na limpeza pública, no abastecimento de água, na habitação, na disponibilidade de pessoal para melhorar tempos de resposta… Infelizmente, a experiência que o Poder Local Democrático tem ao nível da descentralização de competências é suficiente para antecipar o agravar do estrangulamento financeiro e operacional das autarquias, atafulhadas de competências mas impedidas de as exercer cabalmente. Estas dificuldades até podiam ser mitigadas, caso a verborreia legislativa da Assembleia da República desburocratizasse verdadeiramente os serviços públicos e contribuísse para aliviar o calvário por que passam muitos cidadãos. A dias da comemoração do 45º Aniversário do 25 de Abril e da celebração do Poder Local Democrático que a Constituição de 1976 cimentou, continuamos a reivindicar a instalação de Regiões Administrativas nesse que é seguramente o verdadeiro e necessário processo de descentralização de competências e em cumprimento do princípio da subsidiariedade tão invocado sempre que se fala de descentralização.
A saúde no Alentejo com pouca saúde ANTÓNIO COSTA DA SILVA
Deputado e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD
Recentemente numa audição à Sra. Ministra da Saúde foi possível comprovar a falta de compromisso por parte do Governo em matérias essenciais. A área da saúde é uma das mais relevantes, provavelmente a mais importante. Como é que podemos acreditar na Ministra da Saúde que não cumpre os mínimos obrigatórios para que o Sistema Nacional de Saúde (SNS) possa funcionar dentro da normalidade? Como é que no distrito de Évora podemos acreditar, quando os resultados na área da saúde têm vindo a agravar-se sistematicamente? Pioram ano após ano! Quarto ano de governação, quarto Orçamento de Estado e os resultados têm vindo a agravar-se drasticamente. Ora vejamos: Apresento alguns casos de brutal aumento dos tempos de espera para consulta no Hospital Espírito Santo de Évora, como os exemplos seguintes ilustram: • A espera para uma consulta da especialidade de Cirurgia Geral - Obesidade aumentou de 783 dias, em novembro de 2017, para 911 dias, em outubro de 2018, um agravamento de 16%!
• A espera para uma consulta da especialidade de Otorrinolaringologia aumentou de 435 dias, em novembro de 2017, para 565 dias, em outubro de 2018, um agravamento de 30%! • A espera para uma consulta da especialidade de Dermato-Venerologia aumentou de 337 dias, em novembro de 2017, para 342 dias, em outubro de 2018, um agravamento de 2%. • A espera para uma consulta da especialidade de Ortopedia aumentou de 331 dias, em novembro de 2017, para 463 dias, em outubro de 2018, um agravamento de 40%! • A espera para uma consulta da especialidade de Oftalmologia aumentou de 282 dias, em novembro de 2017, para 311 dias, em outubro de 2018, um agravamento de 10%! Como é que podemos acreditar com neste Governo? Outro exemplo através de informação “fresquíssima”: Diz o Sr. Presidente da ARS Alentejo: “Os médicos continuam a não querer vir para o Alentejo.” O exemplo mais recente é o concurso para médicos de família da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. Das 9 vagas que foram abertas, só
uma é que foi preenchida”. O presidente da ARS Alentejo está otimista em relação ao próximo concurso para a colocação de médicos. Estão sempre otimistas, dizem que tudo vai ser resolvido. Mas, na realidade, está tudo a piorar. No entanto, continuamos com carências fortíssimas de ortopedistas, anestesistas, pediatras, pedopsiquiatras, psiquiatras, neurologistas, otorrinolaringologistas, dermatologistas,... Na realidade, não conseguem resolver este
“Quarto ano de governação, quarto Orçamento de Estado e os resultados têm vindo a agravar-se drasticamente“.
grave problema. Então para que servem os governantes, se não conseguem resolver os principais problemas do País? E o Hospital Central do Alentejo em Évora quando é que sai do papel? Já foram ultrapassados todos os prazos do grupo de trabalho. Para quando temos resultados? 4 anos de governação e 7 anúncios para a construção do Hospital Central do Alentejo em Évora. 4 Orçamentos de Estado aprovados por toda a esquerda (PS, BE, PCP e PEV), mas nem um cêntimo colocaram para a construção do Hospital Central do Alentejo em Évora. Agora queixam-se! Já não há cordões humanos que lhes valha! Já não há Petições que os defenda! Aprovaram 4 Orçamentos de Estado e “esqueceram-se” de fazer esta exigência para a região. Ao Governo que impingiu aos portugueses a maior carga fiscal das últimas décadas, não conseguiu fazer os mínimos na área da saúde. Um Governo que forçou o maior saque fiscal aos portugueses que conhecemos, bate recordes históricos negativos em matéria de investimento. Não podemos acreditar neste Governo.
Ficha Técnica Director Nuno Pitti Ferreira TE194A (TE738) (nuno.pitti@registo.com.pt) Registo ERC nº125430
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Atual A comunidade educativa apela às entidades para a urgência de dar condições dignas a esta escola.
Diretora do Agrupamento n.º 4 de Évora reclama requalificação urgente da ESAG A Câmara Municipal de Évora decidiu na passada quarta-feira adotar uma posição conjunta, de pressão junto do Ministério da Educação, para que este conclua rapidamente o projeto de execução (que é da sua competência), sem o qual não é possível aferir custos e avançar com a candidatura e respectiva obra de requalificação da Escola Secundária André de Gouveia. O assunto, de extrema importância, foi debatido no período de atendimento aos munícipes realizado antes da reunião pública. A comunidade educativa da referida escola, tendo como porta-voz a Diretora do Agrupamento de Escolas André de Gouveia, Maria de Lurdes Brito, encheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho. A comunidade educativa apelou à edilidade, alertando para a urgência de dar condições dignas de um ensino público de qualidade a esta escola, a única secundária que não teve obras de requalificação nas últimas décadas. A autarquia mostrou, uma vez mais, a sua total disponibilidade para, conhecidos os custos da obra, colaborar neste processo, apesar da obra ser da tutela directa do ME. Lurdes Brito defendeu a urgente requalificação da escola, “que apesar de continuar a cumprir as suas funções com dignidade, praticando, efetivamente, o conceito de uma Escola Inclusiva a todos os níveis, luta diariamente com as alterações nos edificados de há quarenta anos a esta parte, as quais não se coadunam com o conforto exigido nos tempos atuais, sendo completamente inadequadas a um ensino que se quer de qualidade. A educação é transversal à sociedade; não basta referir nos vários discursos dos ideólogos da área que o Ensino é de importância vital para a construção da sociedade, há que concretizar no terreno, valorizando o maior bem-estar para quem o frequenta” concluiu. A Diretora do Agrupamento de Escolas N.º 4 de Évora, com sede na ESAG, referiu ainda que o atual estado da Escola é “insustentável a vários níveis, nomeadamente, a falta de condições de trabalho e de conforto que se mantêm há décadas, uma gritante e intolerável desigualdade de tratamento face aos outros agrupa-
ESAG | D.R.
mentos da cidade (a maioria dos estabelecimentos de ensino foi, por uma ou outra forma, intervencionada) e acusa “o manifesto desinteresse dos decisores na resolução deste assunto, face à realidade de todos conhecida, o sentimento de injustiça que em nós se instalou e que a cada dia que passa nos causa maior desconforto, desilusão e incompreensão”. “Olhem para nós, para o nosso vasto património cultural, para a nossa história, para os 177 anos de passado, para as nossas potencialidades, até para a possibilidade de nos incluírem no roteiro turístico da cidade, com o espólio do livro e das ciências que herdamos, para as nossas respostas diárias aos nossos jovens” em jeito de “grito” de alerta e de revolta. “Olhem para Nós, ontem já era tarde”, foi a forma emotiva com que Lurdes Brito concluiu a sua intervenção. História e memória - do Liceu Nacional de Évora à ESAG A sua fundação remonta a 1841 sob o
nome de Liceu Nacional de Évora. Posteriormente foi renomeada como Liceu Central André de Gouveia e Liceu Nacional André de Gouveia, em homenagem ao humanista e pedagogo do século XVI, André de Gouveia. Funcionou nas dependências da antiga Universidade de Évora (Colégio do Espírito Santo), desde a data da sua fundação até ao ano de 1979, quando foram inauguradas as suas instalações na sua atual morada na Praça Angra do Heroísmo, Évora. A 31 de Outubro de 1991 foi feita Membro-Honorário da Ordem da Instrução Pública. A Ordem da Instrução Pública é uma ordem honorífica portuguesa atribuída como galardão por altos serviços prestados na educação e do ensino e no ensino. A sua origem remonta a abril de 1927 com a criação da Ordem da Instrução e da Benemerência, que foi desdobrada surgindo em 1929 a atual Ordem da Instrução Pública. A escola está organizada em cinco pavilhões com salas de aula, laboratórios, museu, gabinetes, biblioteca, espaço po-
livalente e complexo desportivo, que inclui um pavilhão gimnodesportivo e diversos campos de jogos. Atualmente conta com cerca de quarenta e cinco salas, distribuídas por cinco blocos, ainda tem o polivalente, onde se encontra a papelaria, secretaria, refeitório e bar. A sua biblioteca contém alguns exemplares de “Os Lusíadas” de Luís de Camões com folhas de ouro, exemplares antigos do jornal da escola “O Corvo” e inúmeras outras obras de autores portugueses e estrangeiros, sendo classificada com uma das melhores bibliotecas escolares de Portugal. Outra das partes mais importantes desta escola é o seu Museu de Ciências Naturais, possuidor de um rico espólio de conchas, ossos humanos, um maxilar pertencente a um antigo reitor, material de Física dos anos 40 e 50 do século XX e material relacionado com a Biologia e a Geologia. A escola possui ainda um estúdio de televisão, uma sala-auditório para Teatro e uma Sala para Dança.
Dinâmicas da Gestão
MARKETING E EXPERIÊNCIAS DE CONSUMO OU A SOCIEDADE DOS SONHOS?
SIMONE AYRES
Doutora em Gestão, Universidade de Évora
O consumo, um fenómeno em constante transformação com importância significativa na vida das pessoas, não é apenas o acto de usar bens ou serviços, mas de produção de experiências que envolvem a percepção do que está sendo vivenciado e consumido, desde as emoções, às distintas actividades, passando pela interacção com os meios externo e interno do indivíduo. Em termos gerais, a experiência é uma atividade cognitiva, um teste, um sentido para construir a realidade e, acima de tudo, para a verificar. Quando analisada sob o prisma do marketing, em especial ligada ao consumo, coexistem diferentes apreciações, dado o seu caráter multidimensional e a dificuldade em
estabelecer homogeneidade entre as dimensões associadas à compreensão da experiência de consumo. Acresce que, apesar de serem frequentemente utilizados como sinónimos, a experiência de compra e a experiência de consumo possuem significados distintos. Não se pode reduzir a experiência de consumo, que tem maior amplitude, à experiência de compra, de caráter mais reduzido e vivenciada apenas no ponto de venda. Independentemente da diversidade de conceitos existentes sobre experiência de consumo, há o reconhecimento da relevância da noção de experiência, base para a compreensão do comportamento do consumidor e pedra basilar da
perspectiva do marketing experiencial. Inicialmente fundamentado em três “F’s”: fantasies (sonhos, imaginação, desejos inconscientes), feelings (emoções como amor, ódio, ira, medo, alegria, tristeza) e fun (prazeres provenientes de atividades divertidas e estéticas), o enfoque experiencial do marketing foi, posteriormente, representado por “4Fs”, experience (experiência), entertainment (entretenimento), exhibitionism (exibicionismo), e evangelizing (ciclo de vivência pessoal até a transmissão da experiência a outros indivíduos). Em consequência, alguns autores, propõem a mudança de valores económicos da sociedade para uma nova era de “Sociedade dos Sonhos”, onde o consumi-
dor procura cada vez mais, experiências que proporcionem a entrega de valores emocionais, sentimentais que tornem possível a transformação dos seus sonhos em realidade. Nesta nova sociedade, as empresas obterão lucros e tentarão alcançar valor, estabelecendo uma relação com o consumidor que lhe desperte determinadas emoções e lhe satisfaça as expectativas. Contudo, nesta visão contemporânea, as experiências são de natureza contextual, variando de uma pessoa para outra e de uma cultura para cultura. Assim, transformar sonhos em realidade através de experiências de consumo é possível desde que os valores percebidos pelo consumidor sejam culturalmente ajustados!
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Exclusivo TEXTO: JOSÉ PINTO
FOTOGRAFIA: FLORBELA VITORINO
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Crónicas da Transtagana
25 de Abril - 45 anos da “Revolução dos Cravos”.
como o nosso amigo que nasceu em Inhambane, Moçambique, que veio para terras transtaganas, ganhou a sua própria liberdade e sente que, “sem saber”, de lá trouxe o “azul profundo” e do avistamento a certeza que “no desembarcar, há aves, flores, onde era só, de longe a abstrata linha.” E não é uma cruz. “São os enleios da vida”(1). A vontade imensa de descobrir, a mesma que o tirava da Escola para a praia em Inhambane, permitiu-lhe juntar as cores da savana à paisagem transtagana, na terra que hoje é sua e de seu pai tinha sido. Em Évora a tertúlia no Café Portugal e o espreitar das constantes manifestações na Praça do Giraldo, despertaram o seu profundo sentido de solidariedade e justiça, quantas vezes envolto na revolta, na irreverência e nessa vontade intacta de lutar por uma sociedade mais humana, onde “à versão de um e à versão do outro se sobreponha a verdade”.
No dia 25 de Abril de 1974 teve início, em Portugal, um período revolucionário com características democráticas. Por circunstâncias vivenciadas nesse dia, foi apelidada de “Revolução dos Cravos” a operação militar que pôs fim ao regime ditatorial que vigorava desde 1926. No dia 25 de Abril de 1974 terminou um período de guerra, repressão, isolamento internacional e censura. Foi tempo de dar lugar à democracia e à liberdade. O “antigo regime” de António Salazar e Marcelo Caetano foi deposto pelo Movimento das Forças Armadas. O “MFA” tinha um programa político para “democratizar, desenvolver e descolonizar” o país. As “Crónicas da Transtagana” foram encontrando no seu caminho relatos de dificuldades, pobreza, fome, analfabetismo, mortalidade infantil, falta de condições de habitação. Nesse contexto a esperança no “25 de Abril” concretizou-se no reconhecimento dos direitos fundamentais e da dignidade dos portugueses. Se tivermos em conta que a mulher não podia viajar para o estrangeiro sem autorização do marido, que o marido tinha o direito de abrir a correspondência da mulher, que as professoras não podiam casar sem autorização ministerial ou que sendo enfermeiras teriam que ser solteiras, ficamos ainda cientes do que foi o “25 de Abril” para a questão da igualdade de género. Nas conversas e nas histórias lançam-nos o desafio: - E o outro lado? Os que perderam? À pertinência da questão não pode ser alheia a devolução a todos do direito à liberdade, à
cidadania, à saúde, à educação, à habitação e ao trabalho. Sendo verdade que a “Revolução do 25 de Abril” foi inevitável e uma alteração profunda na sociedade portuguesa. Para melhor, sem dúvidas. Sair dum regime violento sem violência não seria possível. Mas “foi à portuguesa”. Foi “o menos que podia ser”. Os custos da guerra colonial foram enormes. Cerca de um milhão de mobilizados, quase 10.000 mortos, mais de 25.000 mutilados, estimando-se em 140.000 os afetados por graves distúrbios psíquicos (o chamado stress de guerra). Dela tivemos notas sentidas: “Estive na Guiné.”
Numa guerrilha como aquela “ninguém pode ganhar a guerra. Vêm o que aconteceu aos Estados Unidos da América com o Vietname?” À volta do álbum de fotografias desfiaram-se memórias e histórias. De resto sabe-se que a guerra não serve para nada pois que as “coisas para se resolverem, é a falar... E as mães? As mães que morriam cá. Foram muitos a sofrerem. Ficamos assim”. Porque foram duros os dias de falta de liberdade a emoção vem à flor da pele na história contada com os olhos no chão, por quem “inspira, prolongadamente, sus-
tem a respiração, fica imóvel e vai cerrando os punhos devagar, num gesto onde se denota, inicialmente, apenas angústia. Quase nos arrependemos da pergunta feita. Imóvel, sem dirigir a vista para os cravos vermelhos que enchem de liberdade a loja, emocionado, só depois de, lentamente, abrir as mãos que junta ao peito, consegue traduzir em palavras o que lhe vai no pensamento: - Depois da fome e de tudo o que passamos, o 25 de Abril foi uma felicidade. Foi o fim do medo. Foi a liberdade. Agora não é preciso ouvir telefonia com o som baixinho.” Muitos regressaram a Portugal,
Foi foi porém na Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia que as “Crónicas da Transtagana” conheceram o entusiasmo eloquente de um homem que “fez” o 25 de Abril. Ficou-nos na retina a face emocionada de Joaquim Matos ao recordar o tempo de tropa, na Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas. Na Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia, num ambiente de forte presença do neo-realismo, veio-nos à memória Batista Bastos, escritor e jornalista, a colocar questão «Onde é que você estava no 25 de Abril?» Não é preciso perguntar. Joaquim Matos estava lá.” (1) – Título dum quadro de Zé Gandaia
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Atual “Esta consulta nacional vai permitir uma reflexão responsável sobre a implementação deste diploma.”
FNE que alterar Lei da inclusão A Federação Nacional de Educação (FNE) tem um inquérito a decorrer online sobre a aplicação do novo regime de educação inclusiva e dos resultados pretende extrair a fundamentação para uma proposta de alteração da nova lei. “Esta consulta nacional vai permitir uma reflexão responsável sobre a implementação deste diploma junto dos principais agentes educativos envolvidos no processo, assim como a elaboração, com quem está no terreno, de propostas fundamentadas para a sua melhoria e aplicação, capazes de vir a enriquecer um percurso pedagógico-didáctico, que a FNE deseja verdadeiramente inclusivo”, lê-se num comunicado divulgado esta terça-feira pela federação. O inquérito decorre desde a passada semana, dirige-se a todos os professores e educadores de infância e incide sobre a “operacionalização” do diploma que entrou em vigor no início deste ano lectivo, mas que tem merecido críticas e suscitado muitas dúvidas na sua aplicação. “Devido às muitas dúvidas levantadas pelos professores e educadores neste tema, e face ao facto de as medidas previstas neste diploma serem alvo de múltiplas leituras e formas de implementação, consoante as interpretações, tem-se gerado grande heterogeneidade de processos, que podem colocar em causa a aplicação do diploma, assim como os próprios princípios de equidade e inclusão, para que o mesmo aponta”, lê-se ainda no comunicado. À consulta nacional assente num questionário online a FNE vai também juntar entrevistas a direcções de escola sobre o mesmo tema.
“Os resultados serão posteriormente devidamente analisados pela FNE e servirão de fundamentação a uma proposta de alteração do referido decreto-lei”, adianta a federação. Recentemente a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) divulgou os resultados de um estudo semelhante, cujas conclusões apontavam, entre outros aspectos, para a perda de apoios por parte de alguns alunos consequência do novo regime legal. O Governo aprovou em 24 de Junho,
em Conselho de Ministros, um novo regime legal em que defende cooperação e trabalho de equipa na “identificação de medidas de acesso ao currículo e às aprendizagens”. Na altura, o Ministério da Educação reconheceu que Portugal é ainda um país com baixas taxas de inclusão de alunos no sistema educativo, subsistindo nas escolas um número significativo de jovens com necessidades específicas em espaços físicos ou curriculares segregados, “uma constatação” que justificou
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uma revisão do quadro legal em vigor, por forma a criar condições para “a construção de uma escola progressivamente mais inclusiva”. Por seu lado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) revelou, em 11 de Maio passado, que via como positivo o projecto de decreto-lei sobre educação inclusiva, que abrange a educação pré-escolar, ensino básico e secundário, mas recomendou um reforço dos recursos humanos nas escolas e turmas mais pequenas.
Um drama, a Violência Doméstica ALEXANDRE VELEZ FERREIRA
Empresário
Verifico ser assustador o número de casos (sempre a aumentar!) de violência doméstica, com mortes, na maioria das vezes à facada, o que me impressiona sobremaneira. Ainda recentemente, um indivíduo assassinou a sogra e a própria filha, uma criança de muito tenra idade. Mas são inúmeros os casos que, como é evidente, não cabe aqui estar a citar. Tais crimes, em grande maioria, são motivados pelo ciúme, aquele sentimento que leva o homem ou a mulher a recear que a pessoa que ama lhe é infiel e que até se estende a animais irracionais, como, por exemplo, o cão. Quantas vezes este animal experimenta o sentimento do “ciúme” quando vê o seu dono fazer festas a outro animal, quer seja ou não da sua raça! Pois bem, eu nasci 14 anos e 7 meses depois do 25 de Abril de 1974, data da Revolução Militar que restituiu ao país a Liberdade e a democracia, duas regalias a que o ser humano tem todo o direito. A primeira abrange um número infinito de privilégios que se podem traduzir em “todo o indivíduo ter a faculdade de fazer tudo… o que não é proibido por lei!” A segunda, como sabemos, é uma forma de governo em que a soberania deriva do povo e é por ele exercida. Isto numa linguagem simples, claro está.
Pois eu nasci numa época de liberdade e democracia, no meu país, mas, mesmo antes de entrar na Universidade, portanto muito cedo, verifiquei que grande parte do povo a que pertenço não sabe viver em liberdade, respeitando-a, nem em democracia, respeitando-a igualmente. E, para justificar o que afirmo, poderia apresentar um sem número de exemplos, mas não vale a pena, porque iria repetir o que muita gente tem escrito e, outros que não escreveram, mas sabem perfeitamente. No caso a que faço referência, violência doméstica, algo que tem uma extraordinária acção neste tão delicado como intricado e vergonhoso problema. Estou a referir-me à emancipação da mulher, escravizada durante séculos e que, no nosso país, só encontrou a emancipação propriamente dita, depois do já referido 25 de Abril do ano de 1974. Várias tentativas houve ainda durante a monarquia, depois do Estado Novo, mas só depois da Revolução das Forças Armadas é que se sentiu libertada, muito embora ainda não esteja plenamente satisfeita ( e com alguma razão) pois em relação ao sexo oposto, ainda há um caminho a percorrer. Mas a verdade é que se verificou uma grande mudança no sentido de se tornar livre, dona de si pró-
pria, não aceitando conselhos e seguindo o caminho que escolhe, quantas vezes o pior. Por norma, até sonha com o casamento no altar, ao lado do príncipe encantado, mas não renuncia à sua emancipação, nem um
“No caso a que faço referência, violência doméstica, algo que tem uma extraordinária acção neste tão delicado como intricado e vergonhoso problema“.
milímetro sequer. E…surgem os problemas conjugais, os desentendimentos, as incompreensões, tornando-se tudo cada vez mais complicado se já deram azo a novos seres, fruto do seu amor. E os problemas vão-se acumulando de tal forma que quando a relação está fatigada, desgastada, macerada e ferida se rompe enfim e se desfaz em definitivo, um dos dois…cai do alto e fica em muito mau estado. Partimos do princípio que foi ele o abandonado e não aceita a situação em que se encontra, não aceita o “ser deixado” ou “posto de lado”. Descobrindo que os seus sentimentos não têm poder sobre o outro, vê negadas algumas das suas convicções íntimas, tais como a crença no amor eterno ou a utopia do amor todo poderoso; enfim, depois de dar provas e mais provas do seu amor, pode ser tentado a inverter a situação com um paradoxo: “Já que não me amas, também já não te amo. Já que não me queres, vais pagar caro, muito caro…” E começa a germinar no seu cérebro algo de tenebroso… Mas este é um exemplo. Há mais, muito mais, mas ficam na imaginação dos leitores. Infelizmente, este drama continua, em muitos casos porque a mulher vê a emancipação duma forma muito distorcida, tal como os libertinos vêem a Liberdade!
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Atual “Ainda são poucos os portugueses que utilizam a bicicleta como parte da sua locomoção diária.”
Politicas Verdes: reduzir o IVA para as bicicletas JOÃO FORTES
Empresário
Ao contrário de vários países europeus e, apesar do crescimento associado ao costume do hábito nos grandes centros urbanos, ainda são poucos os portugueses que utilizam a bicicleta como parte da sua locomoção diária. Por enquanto, são ainda os automóveis a emergirem no topo das preferências, quer seja para as deslocações de ordem profissional ou pessoal, contribuindo não só para aspetos relacionados com a pouca ou nenhuma atividade física regular bem patente na nossa sociedade ou mesmo a escassa sensibilidade para a questão da proteção do ambiente através da descarbonização da economia. Apesar de ter vindo agora à tona a vontade do Governo em tornar obrigatória a aprendizagem de andar de bicicleta para as crianças a partir do ensino básico, esperando com isso que até 2030 hajam 15 vezes mais portugueses a deslocar-se através deste meio de transporte, estou em crer que muito pode ainda ser feito a respeito de politicas efetivas para a promoção da mobilidade suave, não só pelo Estado Central, mas como pelo Poder Local. PUB
Assim, opostamente àquilo que o Sr. Ministro do Ambiente pugnou por dizer nas suas declarações há poucos meses atrás, referindo que comprar carros a diesel significaria que esses veículos não teriam qualquer tipo de valor daqui a 4 ou 5 anos, preferia que o mesmo optasse por defender com o mesmo grau de empenho ou conjunto de intenções, de forma sistemática, medidas para tornar o preço das bicicletas mais atrativo, convencendo e sensibilizando o cidadão para a sua respetiva utilização. Se não vejamos: na Bélgica, por exemplo, o Governo apoia as empresas para que estas possam conceder aos seus colaboradores um subsídio de utilização da bicicleta nas viagens casa-trabalho, no valor de 0,22€ por quilómetro (sem limite de quilómetros), livre de impostos. Além disso, as empresas podem oferecer aos mesmos colaboradores uma bicicleta de empresa, sendo que 120% dos custos são deduzidos no IRC, o que significa que não existe apenas uma isenção de imposto, mas na verdade um subsidio. Já na Holanda, por sua vez, existe a
possibilidade das empresas fornecerem aos seus colaboradores uma bicicleta no valor máximo de 749€, de três em três anos, livre de taxas, na condição de que pelo menos 50% das viagens realizadas na bicicleta sejam efetuadas no trajeto casa-trabalho. O empregador pode, ainda, reembolsar despesas ou o valor de acessórios adquiridos, tais como capas de chuva, cadeado para bicicleta, reparação e manutenção, entre outras, até um valor de 82€ por ano e pagar o seguro da bicicleta sem taxas acrescidas. A transição para uma mobilidade urbana mais sustentável, com baixo nível de emissões poluentes e de baixo carbono, onde se insere o incentivo à utilização da bicicleta, constitui a meu ver uma oportunidade para estimular a designada “economia verde”, estimulando e reforçando a competitividade da própria indústria em Portugal, vice-campeão de exportações na Europa e país com a maior fábrica de montagem do velho continente. Então, o que falta, além de incentivos fiscais para pedalarmos mais? Sem dúvida um dos aspetos mais importantes nesta
equação: a segurança de utilização deste meio de transporte. Aparentemente, tem sido um desafio projetar infraestruturas capazes e que estejam interconectadas com o sistema rodoviário predominante, parecendo-me manifestamente insuficiente a capacidade desse planeamento prever a segurança e proteção tanto de pedestres como de ciclistas. Ou seja, dá a sensação de que se planeia a pensar mais em como não incomodar o automóvel, ao invés da construção de uma verdadeira sinergia e conf luência entre meios de transporte, deitando assim, por água abaixo, a utilidade dessas infraestruturas para um grande número de potenciais ciclistas. Concluindo o tema, espero que com o próximo ato eleitoral legislativo a decorrer já em Outubro deste ano, se possa discutir na pré-campanha a alteração do preço para estimular o uso de bicicletas via redução da taxa de IVA dos atuais 23% para 6%, contribuindo para os inegáveis benefícios a nível de saúde, melhoria do ambiente urbano e descarbonização da economia.
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Radar Estima-se que a intervenção venha a envolver um investimento de 1,8 milhões de euros.
Évora reabilita edifício da antiga estação rodoviária A Câmara de Évora quer criar um centro de investigação e documentação no edifício do antigo terminal rodoviário, situado no centro histórico da cidade, num projecto de 1,8 milhões de euros. “Estamos a iniciar o projecto de um centro de investigação e documentação”, o qual prevê “instalar no edifício da antiga estação da Rodoviária Nacional os arquivos municipais e históricos”, revelou esta terça-feira o presidente do município, Carlos Pinto de Sá. Com o futuro Centro de Investigação e Documentação de Évora (CIDE), referiu o autarca, os arquivos vão passar a estar “acessíveis a quem quiser investigar, estudar ou conhecer”, num espaço situado no centro histórico da cidade. No mesmo edifício, segundo o presidente da Câmara de Évora, vai passar também a funcionar o “atendimento centralizado do município” com o objectivo de “descongestionar os Paços do Concelho”. “Queremos também que um conjunto de serviços, nomeadamente a área do urbanismo e do ordenamento territorial”, que estão no parque industrial da cidade, PUB
D.R.
possam ser transferidos para este edifício e, assim, contribuir para “a dinamização do centro histórico”, disse. O anteprojecto de execução de arquitectura do CIDE foi aprovado, por unanimidade, na mais recente reunião pública de câmara, indicou o município, estimando que a intervenção venha a envolver um investimento de 1,8 milhões de euros. Pinto de Sá adiantou que a câmara municipal “já tem uma parte do financiamento garantida” e que a autarquia vai avançar “com uma candidatura” a fundos comunitários, no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano. “Queremos candidatar a obra ainda este ano, na perspectiva de que, sendo aprovada como esperamos, podermos lançar e termos obra no próximo ano”, assinalou. Actualmente, o edifício da antiga estação da Rodoviária Nacional, localizado numa rua que dá acesso à Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas” da cidade, acolhe a unidade de fiscalização municipal e tem sido usado esporadicamente para exposições e outras iniciativas.
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Radar A cada ano a BTL reúne milhares de profissionais ligados ao turismo, nas mais diversas áreas.
Concelho de Mora promove-se na Bolsa de Turismo de Lisboa O Município de Mora voltou a marcar presença na 31ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que aconteceu entre 13 e 17 de março de 2019, na FIL. Um certame que a Câmara Municipal de Mora aproveitou para divulgar as potencialidades turísticas, económicas e culturais do Concelho, num evento que é reconhecido, no sector, como o mais importante na área do turismo, não só a nível nacional, como também a nível mundial. Esta edição contou com a presença de cerca de 1150 expositores, nacionais e estrangeiros, e recebeu aproximadamente 77000 visitantes, numa área de exposição de 40 mil m2, que ocupou, este ano, os quatro pavilhões da FIL, o que não acontecia há quatro anos. A cada ano a BTL reúne milhares de profissionais ligados ao turismo, nas mais diversas áreas, potenciando novos contactos e promovendo os melhores negócios. Nesta BTL, tendo por base o slogan “Mora, um amor para sempre!”, o Concelho apresentou aquilo que melhor tem, através de todos os recursos disponíveis para tal. Para além da presença no stand da En-
CM Mora | D.R.
tidade Regional de Turismo do Alentejo-Ribatejo, no pavilhão 1, o Concelho de Mora teve um espaço de apresentação às 17h de dia 17 de Março. Os visitantes puderam disfrutar da actuação do Grupo Recreativo e Rancho Folclórico de Cabeção, o qual pisou primeiramente o palco princi-
pal da BTL, no pavilhão 3 pelas 16h, e uma hora mais tarde no decorrer da apresentação do Concelho já no pavilhão 1, actuou na área reservada às apresentações no stand da Entidade Regional de Turismo do Alentejo-Ribatejo, onde paralelamente decorreu, no espaço das demonstrações,
uma mostra gastronómica com iguarias de caça e de migas, confeccionadas pelo restaurante “Solar da Vila”, de Cabeção, acompanhada de uma prova de vinho da talha “Cananó”, de José Vieira, fizeram as delícias dos visitantes. Ao longo dos cinco dias do certame, estiveram presentes diversos agentes económicos e entidades do Concelho, também eles a promover o Concelho de Mora e, especificamente, a sua área de actividade, nomeadamente produtores de vinho e de outros produtos locais, como aconteceu sábado, com a presença da produtora dos produtos do “Montinho do Chiado”, Custódia Casanova, que colocou à prova os seus licores artesanais e mel biológico, explicando aos interessados as respectivas origens e características ; artesãos, responsáveis pela hotelaria e restauração. E ainda, sexta-feira, o restaurante “O Poço”, de Brotas e sábado, o restaurante “O Fluviário”, de Cabeção, deram a provar, no stand do Município, pelas 17h, alguns dos seus pratos de migas e caça. A BTL é a maior plataforma de contactos em Portugal relacionada com o Turismo, onde o Concelho de Mora faz questão de marcar presença.
Direção Regional de Cultura do Alentejo e da Turismo do Alentejo e Ribatejo. “Temos um orçamento à volta de 130 a 140 mil euros, que é abaixo do que costumava ser a bienal, mas é um desafio que aceitámos”, disse. O Cendrev ainda não revelou todo o programa do certame, que tem como “anfitriões” os Bonecos de Santo Aleixo, as marionetas tradicionais alentejanas que são propriedade da companhia e manipuladas por atores da “casa”, mas já “levantou o véu” sobre alguns dos pormenores do programa. “Estamos a anunciar 25 companhias, com um total de 90 artistas“, adiantou José Russo, indicando que os marionetistas são oriundos de “12 países”, incluindo Portugal. Os marionetistas vêm do Brasil, Moçambique, Itália, Espanha, França, Bélgica, Dinamarca, Hungria, Peru, Argentina e China.
Ao longo dos seis dias de animação, “vai ser retomada a dinâmica da bienal”, com espetáculos de marionetas, para vários tipos de públicos e todas as idades, “em muitos palcos distribuídos pela cidade”, como o Teatro Garcia de Resende ou em largos, praças e jardins. Questionado pela Lusa, José Russo admitiu também que o regresso da BIME pode ser positivo para a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura em 2027. “Évora tem esta condição que poucas cidades têm. Há aqui um espólio e um património à volta da marioneta conhecido em termos mundiais””, lembrou, argumentando que “o retomar da dinâmica da BIME pode ser um contributo muito importante” para a candidatura, assim como a concretização de uma “ideia antiga”, a criação na cidade de “um centro europeu da marioneta”.
BIME de regresso A Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME) regressa este ano, seis anos depois da realização da última edição, “invadindo” a cidade alentejana de 4 a 9 de junho, com 25 companhias, de 12 países. O evento, promovido pelo Centro Dramático de Évora (Cendrev), em parceria com a câmara e apoiado pelo Ministério da Cultura, integra um total de 70 espetáculos, distribuídos por 11 espaços da cidade de Évora, revelou esta quinta-feira a organização. “A BIME está guardada na memória de muita gente, que viveu e participou nesta bienal. É um momento particular da vida cultural da cidade”, realçou esta quinta-feira à agência Lusa o diretor do Cendrev, José Russo. Por isso, continuou, “quando as pessoas souberem que vai haver BIME este ano e que está a chegar este evento com esta di-
nâmica à volta dos ‘bonecos’ vai ser uma grande alegria para toda a gente”. A BIME, festival de marionetas iniciado em 1987, realizou-se pela última vez em 2013 e ficou agendada nova edição para 2015, que acabou por ser adiada para o ano seguinte e depois cancelada, devido à “ausência de fundos comunitários” para o financiamento. A edição de 2017 foi, igualmente, cancelada, com o Cendrev a invocar, na altura, o mesmo motivo, a falta de financiamento e a impossibilidade de candidatar o certame a apoios comunitários. Segundo José Russo, este ano tornou-se possível o regresso da BIME graças ao financiamento assegurado “diretamente pelo Ministério da Cultura” após uma reunião com a ministra Graça Fonseca, e pela Câmara de Évora, ao qual se somam também apoios da
Projeto de requalificação do Largo Santa Clara Em sessão integrada na iniciativa “À conversa com a População”, realizada na Sociedade Recreativa Irmãos unidos de sabugueiro, a CM de Arraiolos e a UF de S. Pedro da Gafanhoeira e Sabugueiro, fizeram no passado dia 22 de março a apresentação do projeto de requalificação do Largo Santa Clara em Sabugueiro. Sílvia Pinto, Presidente da CM de Arraiolos, o Sr. Vereadores Jorge Macau, o executivo da Junta de Freguesia, Daniel Coelho, António dos Santos e Sérgio Falcão e comunidade local participaram nesta iniciativa, onde foram abordadas diversas questões relacionadas com o projeto e com a realização da obra, considerando a envolvente deste local. A obra de reconversão deste espaço pú-
CM Arraiolos | D.R.
blico, palco e instalações sanitárias, abrange uma área de 1200 m² e tem uma estimativa orçamental de 300,000,00 euros. A Arquiteta Sónia Baixinho autora do projeto de arquitetura, com o Arquiteto Carlos Santos, fez a apresentação da intervenção que vai ser efetuada no Largo Santa Clara em Sabugueiro, procurando explanar as funcionalidades pretendidas, sendo a proposta merecedora de apreço, face às soluções apresentadas. Sílvia Pinto referiu a importância desta ação para “responder à situação que se arrasta há longos anos, sendo que o projeto agora apresentado é o segunda que a CM executa devido às condicionantes colocadas pela DRC devido à localização da obra em zona de proteção da Igreja, entretanto ultrapassadas.”
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Radar “Quando passamos por uma situação mais negativa é-nos permitido termos o nosso momento de tristeza.”
Reivindico o meu direito de estar infeliz! ESTEFÂNIA BARROSO
Professora
Sim, leram bem e não existe qualquer tipo de erro no título. Hoje não venho reivindicar o meu direito de ser feliz (que também tenho, é claro) mas sim o direito de estar infeliz. Tenho pensado ultimamente sobre esta questão até porque, sem nenhuma razão em especial, ou, eventualmente, por todas as razões possíveis, tenho-me sentido mais vezes melancólica. Não é uma tristeza a cem por cento, daquelas que nos fazem chorar o dia todo, nos fazem apreciar o facto de passar o dia todo em pijama a “sofazar”, a fim de nos sentirmos miseráveis, e nos fazem comer todo o tipo de porcarias. Não, nada disso. Apenas me sinto com uma sensibilidade mais à flor da pele, uma impaciência a um nível maior do que é habitual, uma menor tolerância para com as situações e as pessoas, um modo menos expansivo de ser e estar … no fundo, aquilo que os ingleses sintetizam com um magistral feeling blue. E a verdade é que acho que tenho o direito de me sentir assim “menos bem”. E foi por causa deste meu “estar” e do diálogo com alguns amigos sobre este assunto que comecei a ponderar sobre este direito de ser/ estar infeliz e cheguei à conclusão que existe, à nossa volta, uma certa intolerância para com os menos felizes e, como tal, uma certa pressão para que as pessoas estejam sempre felizes. Quando passamos por uma situação mais negativa é-nos permitido, pelas pessoas que nos rodeiam, termos o nosso momento de tristeza. É um facto. Mas, por pior que seja a situação – a pior – a morte de um ente querido – ou outras situações menos agradáveis – uma situação de desemprego, o fim de uma relação, uma doença – o certo é que o momento de tristeza não se pode estender por um período de tempo muito alargado sob pena de as pessoas se começarem a afastar de ti. Não sabemos lidar com a dor, com a tristeza e com o sofrimento. Não queremos pessoas negativas. Pessoas que veem o lado mais negro da vida não são boa companhia! Como já referi, existe uma certa pressão da sociedade para nos mostrarmos sempre felizes. Essa pressão verifica-se na janela que todos (ou quase todos) temos aberta para o mundo: as redes sociais. Sim, poderá haver um dia em que iremos criar um post indicando que naquele dia não nos sentimos a 100%. Mas, no geral, o que iremos colocar naquela janela aberta para o mundo? Os momentos de felicidade, os momentos de festa, os momentos de alegria. (Ainda que muitas vezes esses momentos sejam, muitas vezes, apenas fictícios). Mostramos que somos fortes, que somos resilientes, que superamos as dificuldades. Sabemos que é isso que os outros querem ver. Sabemos que eles querem
Zohre Nemati by unsplash
espreitar por cima do ombro, espreitar o mundo alheio e acreditar que ali não mora qualquer tipo de tristeza, mal-estar ou dor. Todos somos felizes neste mundo de faz de conta. E, quando pensamos no quão falsa é aquela vida retratada de um modo sempre tão feliz, defendemo-nos
afirmando para nós mesmos: “não me quero expor”. E essa pouca vontade de exposição até faria sentido se não passássemos a vida a expor um lado da nossa vida – o luminoso –, guardando o lado mais sombrio (que sempre existe) para nós próprios.
E hoje quero mostrar o meu total desacordo com esta situação. Quero ter o direito de estar triste. Quero ter o direito de chorar apenas e só porque me sinto triste nesse dia. E, como mulher que sou, nem preciso de razões muito grandes para ter vontade de chorar. Quero ter o direito de ter os meus momentos mais depressivos. Quero ter o direito de quebrar, de cair e, se necessário for, de me estatelar no chão. E quero ter o direito de lá ficar até que sinta forças para me levantar. Quero ter o direito de estar ali deitada até que sinta que a dor que se tornou suportável. Quero ter o direito de poder falar dessa tristeza, o direito de a partilhar como partilho os bons momentos. E, acima de tudo, quero ter o direito de poder contar com as pessoas que amo nesses momentos em que, provavelmente, menos o merecerei. Quero poder contar com eles até ter forças para superar esse estado de maior tristeza. Temos que perceber que não existe a noção de felicidade se não existir a noção de infelicidade. Como poderia eu saber o que é ser feliz se não tivesse já vivido momentos de profunda infelicidade? Uma é o contraponto da outra. Uma não pode existir sem a outra. E, como tal, temos que perceber que esta caminhada que fazemos pela vida estará sempre recheada de momentos bons e momentos menos bons. Apenas temos que os aceitar sabendo que os bons não duram para sempre tal como os maus têm sempre um fim. Sabedoria popular e que tão bem define esta questão que é viver. Sou uma pessoa feliz por natureza. De bem com a vida. Aceito o que ela me traz, normalmente, sem grandes dramas. Mas tenho os meus dias, os meus momentos, que se podem prolongar ou não, de maior tristeza. Momentos em que me sinto mais cabisbaixa, menos esperançosa com o mundo, mais melancólica. Existem dias cinzentos. Por vezes prolongam-se por várias semanas. Contudo, sabemos que cedo ou tarde, o sol, com a sua luz, virá. O mesmo se passa com os estados menos felizes. Por isso, exijo o direito de estar triste. Exijo poder sentir-me assim sem me sentir culpada por não estar feliz. Há que reconhecer que temos esse direito, reconhecer que precisamos da tristeza, da angústia, da desilusão, do desengano para percebermos os sentimentos de alegria, encanto, ilusão e felicidade. Seremos, com certeza, seres humanos mais equilibrados quando nos oferecermos o luxo de, por vezes, estar triste. Por isso volto a dizer que reivindico o meu direito de estar triste, pouco feliz, e não deixo que ninguém me o queira roubar.
Global Digital Heritage no Alentejo Entre os dias 6 e 24 de abril, o Alentejo Central e o Baixo Alentejo serão palco, pela primeira vez em Portugal, de uma campanha da Global Digital Heritage, uma ONG americana sem fins lucrativos que se dedica ao levantamento digital 3D de património cultural numa perspetiva de salvaguarda digital, de potenciação das comunidades e de divulgação multimédia dos monumentos e sítios arqueológicos e patrimoniais.
Com experiências anteriores em Espanha, França, Itália, Grécia, Guatemala, Arménia, Caraíbas, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos, a equipa da Global Digital Heritage já registou mais de 50 sítios por todo o mundo. A Global Digital Heritage trará consigo tecnologia de ponta ao nível da digitalização e registo de património como laser scans, drones e câmaras
360º.A campanha no Alentejo Central vai acontecer com levantamentos 3D em 13 locais onde se incluem: a Anta Grande da Comenda da Igreja (Montemor-o-Novo); o Castelo de Montemor-o-Novo; o Cromeleque dos Almendres (Évora); o Cromeleque de Vale Maria do Meio e o Cromeleque de Portela de Mogos (Évora); a Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo); o Templo Romano de Évora; a Anta Grande do Zambujeiro
(Évora); a Villa romana de São Cucufate (Vidigueira); o Castelo de Évoramonte (Estremoz); o Castelo de Arraiolos; o Museu de Évora; e o Museu do Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo. Todos os dados obtidos durante a recolha da campanha da Global Digital Heritage serão públicos e os resultados preliminares serão apresentados ainda durante o mês de abril em conferência a anunciar em Évora.
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Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora Email geral@registo.com.pt
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SEMANÁRIO
Badajoz
“Festa Ibérica da Olaria e do Barro” A exposição “25 anos da Festa ibérica da Olaria e do Barro” vai estar patente até 11 de abril no edifício Badajoz Século XXI, em Badajoz (Espanha). A Festa ibérica da Olaria e do Barro une há 25 anos os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, nomeadamente o de S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e o de Salvatierra de los Barros, na província de Badajoz (Espanha), realizando-se em anos alternados em cada localidade. A edição comemorativa vai decorrer de 23 a 26 de maio em S. Pedro do Corval e o programa integra a Exposição Nacional dos Territórios Portugueses com Cerâmica, a Exposição de Olarias Extintas de Espanha, oleiros e ceramistas a trabalharem ao vivo, um festival de música ibérica, o circuito das olarias, um encontro de oleiros e ceramistas e as jornadas ibéricas de olaria e cerâmica. A exposição “25 anos da Festa ibérica da Olaria e do Barro” é organizada pelas câmaras municipais de Reguengos de Monsaraz e de Salvatierra de los Barros e pela Junta de Freguesia de Corval. PUB
Monsaraz
Exposição “Recriar” “Recriar” é o título da exposição de esculturas em ferro de João Concha que vai estar patente entre 30 de março e 5 de maio na Igreja de Santiago – Galeria de Arte, em Monsaraz. A mostra organizada pelo Município de Reguengos de Monsaraz integra o ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto e pode ser apreciada diariamente entre as 9h30 e as 13h e das 14h às 17h30. João Concha é natural de Santiago Maior-Alandroal, e desde adolescente começou a esculpir pequenos pedaços de madeira. Em 2008 criou de uma cadeira velha de ferro a sua primeira obra, que intitulou a “Dama de Ferro”. Da sua criatividade e da sua habilidade manual resultam peças que transportam os observadores para o seu mundo de fantasia e imaginação, recriando velhos objetos inúteis em arte e obras únicas. João Concha continua a criar e a encantar, pretendendo esculpir peças cada vez maiores e contribuir para o património cultural do Alentejo.
Agricultura
Seca preocupa governo
Mais de metade do território do continente está em seca moderada e cinco por cento em seca severa, anunciou há duas semanas o ministro da Agricultura, frisando que a situação é preocupante, mas que está ainda longe do que se passou em 2017. Em conferência de imprensa com o seu homólogo do Ambiente, Capoulas Santos indicou que 57% do território está em seca moderada, 38% em seca fraca e 5% do Barlavento algarvio está em seca severa. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que o Governo já está a pré-contratar camiões de abastecimento de água para o caso de serem precisos e que será lançado um programa de reutilização de águas residuais tratadas. Os governantes falavam aos jornalistas depois de uma reunião da Comissão Permanente de Preven-
ção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que se voltará a reunir a 30 de Abril. O ano de 2019 está a ser “anormalmente seco e quente” mas ainda se espera que possa chover mais no mês de Abril, afirmou Capoulas Santos, assegurando que para já é “possível garantir a normalidade no ano agrícola” na maior parte do país, excepto em zonas como o perímetro da barragem alentejana da Vigia e na zona de Campilhas-Alto Sado, que terão limitações no uso de água para regadio. Matos Fernandes afirmou que já arrancou um plano de reutilização de águas tratadas, abrangendo as 50 maiores estações de tratamento de águas residuais em Portugal. A meta para 2025 é que 10% de todas as águas tratadas sejam usadas para rega, limpeza de ruas, caixotes do lixo e outros usos que não o consumo huma-
no, quantidade que deverá duplicar para 20% em 2030. Para já, “sem previsão de problemas graves, não se aplicam medidas de contingência” como as adoptadas durante 2017, mas já estão a ser pré-contratados os serviços de camiões de abastecimento de água a populações a que ela falte, disse o ministro do Ambiente e da Transição Energética. João Pedro Matos Fernandes reiterou que “não há comparação entre os valores registados hoje e 2017”, mas salientou que a “obrigação de poupar água” e de a usar racionalmente é uma responsabilidade de todos os cidadãos. A campanha das Águas de Portugal para apelar à poupança de água será retomada este mês se a situação se agravar, disse o ministro, acrescentando que em Abril vão ser abertas novas ligações abastecimento de água no Alentejo.