Registo Ed.269

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SEMANÁRIO

Director Nuno Pitti Ferreira | Novembro de 2016 | Mensário| ed. 269 | 0.50€

Malagueira prepara-se para comemorar 40 anos

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Reforma do Sector Florestal

Portel prepara Feira do Montado

“Estilhaços” da Cortiça Praça Filmes sequestra vence prémio dióxido de carbono

PÁG.03 Numa conferência de imprensa realizada na Lousã, na passada quinta-feira, no final de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros dedicada ao setor florestal, Capoulas Santos afirmou que o conjunto de propostas legislativas vai dar “início a uma reforma profunda” do setor florestal. O ministro da Agricultura salientou que a reforma visa promover o seu reordenamento e prevenir os incêndios.

PÁG.03 A Feira do Montado é um

PÁG.11 «O prémio nacional de Animação 2016 na categoria Profissional, anunciado no passado sábado, dia 29, no encerramento da Festa Mundial de Animação de Barcelos, foi atribuído à curta-metragem “Estilhaços”, realizado por José Miguel Ribeiro, da Praça Filmes. Com três categorias a concurso, filmes de Escolas, filmes Profissionais e filmes de Oficina, na primeira foi distinguido o documentário animado “Pronto, era assim”.

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certame organizado pela CM de Portel que conta já com dezasseis anos de existência. A XVII Feira do Montado é uma iniciativa que tem contribuído para a promoção e valorização do montado, trata-se de um acontecimento de importância económica, ambiental, cultural e científica, de âmbito nacional e internacional.

PÁG.13 Um estudo recente vem confirmar

a multiplicidade de usos da Floresta nacional. Uma simples rolha das garrafas de vinho pode sequestrar da atmosfera até 250 gramas de dióxido de carbono (CO2). Esta é uma das conclusões de um grupo de cientistas do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, que anda há sete anos a medir, numa herdade em Coruche, as trocas de CO2 e água entre o ecossistema terrestre e a atmosfera.

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A Abrir

HÁ OUTRO CAMINHO NORBERTO PATINHO

Deputado - Grupo Parlamentar do PS

O Orçamento do Estado para 2017 é um Orçamento justo e equilibrado. Prossegue a recuperação do rendimento das famílias, paga por inteiro os salários devidos aos funcionários públicos e aumenta-lhes o subsídio de refeição, consagra o aumento das pensões, atualiza o Indexante de Apoios Sociais, reforça o Abono de Família. É um orçamento fiel ao propósito de virar a página da austeridade. Ao contrário do que sugere a propaganda da direita, o Orçamento para 2017 tal como já sucedeu em 2016, reduz a carga fiscal sendo portador de importantes medidas de alívio fiscal. Vai permitir a eliminação da sobretaxa do IRS (que a direita queria manter até 2019), a extinção da Contribuição Extraordinária de Solidariedade e a redução do IRC para as empresas que operem nos territórios do interior. O Orçamento para 2017 continua a desenvolver o Estado Social, promove o Investimento e o crescimento económico sustentável e aposta no Conhecimento e na Inovação.

O arranque do projeto do Hospital de Évora, a ligação ferroviária Sines-Évora-Badajoz, os incentivos à fixação de médicos no interior, a expansão da Rede de Cuidados Continuados, a aceleração da utilização dos fundos estruturais e de investimento europeus, são motivos de esperança para o distrito de Évora de que este Orçamento é portador. Tal como o Orçamento para 2016 o Orçamento do Estado para 2017 cumpre o Programa do Governo e os compromissos internacionais. É um documento muito incómodo para a direita. Demonstra que há outro caminho. Desmentindo os presságios de catástrofe de uma oposição cinzenta e amargurada e as certezas absolutas de que não havia alternativa á política imposta por PSD E CDS, o Governo do Partido Socialista com o apoio parlamentar dos partidos de esquerda, conseguiu provar que é possível cumprir os compromissos internacionais trilhando outro caminho que não o do corte de salários e pensões e a destruição do Estado Social. Melhorando o rendimento das famílias,

reduzindo a carga fiscal, desenvolvendo o Estado Social o atual Governo vai ficar na história como o que conseguiu o défice mais baixo de sempre em 42 anos de Democracia. A Esquerda deu a Portugal uma solução estável e provou ser capaz de fazer o

“O Orçamento para 2017 continua a desenvolver o Estado Social, promove o Investimento e o crescimento económico sustentável e aposta no Conhecimento e na Inovação.“.

que diziam ser impossível: virar a página da austeridade e cumprir as regras europeias. O Orçamento de Estado para 2017 é pois também incómodo e perturbador para as autoridades europeias. Desmente os que diziam não haver alternativa. E o que se está a provar é que se podem conseguir os mesmos ou melhores resultados com muito menos dor social do que a que ao longo de quatro longos e duros anos nos foi imposta. Os acordos assumidos com as autoridades europeias estão a ser cumpridos com uma orientação económica completamente diferente da receita austeritária determinada pela direita europeia. Numa relação com a Europa muito diferente daquela que tinha o Governo de direita que se bateu perante os portugueses para que estes aceitassem as imposições da UE, vamos continuar a bater-nos com toda a determinação para poder cumprir os compromissos assumidos perante o povo português. Será nesse quadro que, também na Europa, construiremos um novo caminho.

O Orçamento de Estado 2017 é mau para o Alentejo.

ANTÓNIO COSTA DA SILVA

Deputado - Grupo Parlamentar do PSD

Os Alentejanos não têm quaisquer razões para estar satisfeitos com o OE 2017. Numa análise mais fina do Orçamento de Estado verificamos que vão ser tomadas um conjunto de medidas altamente prejudiciais para uma região com as características do Alentejo. Uma das medidas que é apresentada com mais demagogia e propaganda é o hipotético aumento das reformas, através de um aumento de 10€ mensais para todos os reformados e pensionistas. Mas veja-se a crueldade da triste realidade: as pensões sociais e rurais (as mais baixas do País) não vão ser aumentadas (ficam congeladas). Este não aumento tem como justificação terem sido aumentadas nos últimos anos pelo Governo do PSD/CDS. Grande ironia! Mas salve-se a propaganda dos aumentos de 10€ a partir do dia 1 de julho de 2017. Para todos? Não. Porque não aumentam 5€ por mês, logo a partir de 1 de janeiro? Porque temos eleições autárquicas em setembro? Resposta fácil, não é? Onde é que já vimos isto? Lembram-se da diminuição do IVA de 23% para 20% e do aumento em cerca de 2,9% dos vencimentos dos funcionários públicos na governação de José

Sócrates, mesmo em cima das eleições de 2009? Lembram-se do resultado final desta triste história? Mas também outras áreas não nos deixam muito animados, nomeadamente naquelas em que se tem verificado uma boa dinâmica nos últimos anos e que agora podem ser colocadas em causa. Um dos exemplos que salta de imediato à vista é o Turismo. Medidas como o agravamento dos impostos para as Unidades de Alojamento Local são altamente penalizadoras para o Alentejo. São penalizadoras para os pequenos empresários e para as famílias que (de uma forma legal) procuram desenvolver projetos nesta área de negócio. Em termos práticos, este agravamento fiscal (para 35% no IRS) vai penalizar (e desincentivar) uma atividade bastante importante para a valorização do património edificado e para a atividade do turismo. A região Alentejo perde com isso! Também o agravamento do IMI desincentiva o investimento em projetos na área do património e com consequência direta negativa para a atividade do Turismo. Uma região onde predominam centros históri-

cos altamente relevantes, muitos deles com classificação universal, e que necessitam de intervenções urgentes, correm o risco de passarem a ser desinteressantes para os investidores do sector. Também poderíamos estar a colocar nesta discussão o agravamento do IMI (até 20%) para as casas beneficiadas de boas vistas e viradas ao sol. Imaginem o efeito desta medida no Alentejo!!! Também o ISP - Imposto sobre Produtos Petrolíferos, agravado fortemente no ano passado, não se vislumbram quaisquer alterações positivas. Foi-nos apresentado como uma das maiores mentiras que existem: desagravaria caso existisse um aumento significativo do Preço dos Produtos Petrolíferos. Foi feito? Não. Sabem qual é o preço do gasóleo e da gasolina no dia de hoje? E sabem porquê? Este agravamento já teve um efeito terrível na economia do interior do País. A razão é bastante evidente: as empresas passaram a ter um acréscimo de custo, que devido às grandes distâncias que têm que percorrer para os principais mercados (localizados sobretudo no litoral), perderam claramente competitividade com o agrava-

mento deste imposto. Mais uma vez, mau para regiões como o Alentejo. Até os impostos nos cartuchos da caça (taxa de 2 cêntimos à unidade de chumbo), que parecem mais inócuos, vão prejudicar o Alentejo. Não esquecer que esta actividade apresenta um interesse bastante significativo na economia Alentejana. Fica apenas uma espectativa positiva, a construção do novo Hospital Central de Évora. Sendo esta, na perspetiva do PSD, a grande prioridade para o Distrito de Évora, queremos acreditar que não estamos perante mais uma mentira. Lembramos que já tinha sido anunciado para 2016, mas apenas teve inscritas verbas para estudos e projetos. Estudos e projetos realizados já há alguns anos, pagos de forma principesca ao gabinete do arquiteto Sotto Moura. A inscrição deste importante investimento no OE 2017 parece indiciar a mesma tendência. Vamos aguardar! Muitas matérias ficam por abordar. Ficam estas dicas para permitirem uma ref lexão sobre os efeitos maléficos deste Orçamento de Estado na região, que mais não é do que uma manta de retalhos, altamente prejudicial para todos.

Ficha Técnica SEMANÁRIO

Director Nuno Pitti Ferreira TE 738 (nuno.pitti@registo.com.pt) Registo ERC nº125430 Propriedade PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 750 140 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento Comercial comercial@registo.com.pt Redacção Pedro Galego (CO279), Rute Marques (CP4823) Fotografia Luís Pardal (editor), Rute Bandeira Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques (pedro.henriques@registo.com.pt); Colaboradores António Serrano; Miguel Sampaio; Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 Tiragem 10.000 ex | Distribuição Regional | Periodicidade Mensal | Nº.Depósito Legal 291523/09 | Distribuição PUBLICREATIVE.


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Atual “Tudo passará a ser regulamentado à escala municipal”, incluindo quanto às espécies e à dimensão das explorações.

Reforma do Sector Florestal Numa conferência de imprensa realizada na Lousã, na passada quinta-feira, no final de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros dedicada ao setor florestal, Capoulas Santos afirmou que o conjunto de propostas legislativas vai dar “início a uma reforma profunda” do setor florestal. O ministro da Agricultura salientou que a reforma visa promover o seu reordenamento e prevenir os incêndios, limitando a plantação de eucaliptos e o avanço das espécies invasoras, como as mimosas. Os terrenos agrícolas e florestais sem dono reconhecido deverão ser incluídos no futuro banco de terras, cuja gestão será confiada à Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), adiantou Capoulas Santos, que estava acompanhado da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que apresentou as conclusões da sessão, realizada no Centro de Operações e Técnicas Florestais (COTF). Realçando a prioridade que o Governo concede à reforma deste setor, Maria Manuel Leitão Marques frisou que a floresta “é um ativo de enorme relevância estratégica” ambiental, social e económica. Dentro de 15 a 16 meses, “teremos o país coberto por regras de ordenamento florestal”, que deverão assegurar “uma gestão profissional” deste recurso natural, sublinhou Capoulas Santos. O governante disse ainda que, no prazo de 12 meses, o património florestal “que vier a ser identificado como terras sem dono conhecido” deverá ser integrado nos planos diretores municipais (PDM). O Governo pretende “travar a expansão” das plantações de eucaliptos em Portugal, cuja área total ronda atualmente 900 mil hectares, e reduzir a proliferação das invasoras. “Tudo passará a ser regulamentado à escala municipal”, incluindo quanto às espécies e à dimensão das explorações, acrescentou o ministro, em resposta a uma pergunta da agência Lusa sobre queixas dos apicultores da região que, através da Cooperativa Lousãmel, atribuem o decréscimo da produção de mel certificado da Serra da Lousã ao aumento das área de eucaliptal e ao avanço das mimosas. “Queremos nesta matéria gerar o máximo consenso nacional”, referiu, para

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indicar que a “ampla discussão” pública das propostas aprovadas decorrerá entre 07 de novembro e 31 de janeiro, devendo ainda ser enviadas à Assembleia da República. No âmbito da criação do banco de terras, os donos das propriedades rústicas poderão proceder ao seu registo, sem custos, até 31 de dezembro de 2018, adiantou o ministro, no final da sessão a que presidiu o primeiro-ministro, António Costa. No entanto, as terras sem dono reconhecido poderão ainda ser reclamadas pelos particulares durante 15 anos. Findo este período de transição, o Estado assumirá a propriedade das terras que passaram para a sua posse temporária. Será também criado um fundo de mobilização de terras, “constituído a partir das receitas provenientes da venda e arrendamento das propriedades” integradas no banco de terras. O desenvolvimento de um sistema de informação cadastral simplificada é outras das iniciativas. As propostas abrangem o reconhecimento das sociedades de gestão florestal, o funcionamento das zonas de intervenção florestal (ZIF) e o regime jurídico dos planos de ordenamento, gestão e intervenção no domínio florestal, entre outras

medidas de gestão e ordenamento, como as que se relacionam com os incêndios, os sapadores florestais, as ações de arborização e rearborização e o programa nacional de fogo controlado. Comunistas falam em “ilegítima expropriação de pequenas parcelas” Em comunicado, o PCP admite que o pacote de propostas pode até “conter medidas parciais correctas”, mas isso não chega: “Elas não são a resposta necessária e adequada que os problemas de ordenamento, prevenção e dinamização económica e social da floresta exigem.” Até porque, acrescenta o partido, a resposta exige uma “significativa mobilização de recursos públicos”, em termos financeiros e humanos que só o Estado pode assegurar. Por isso, é errada a insistência do Governo em recorrer aos “mecanismos de mercado”. “Não haverá resposta na floresta portuguesa que existe, no mundo rural que se conhece, fundamentalmente nas regiões minifundiárias do Norte e Centro, fortemente atingidas pela desertificação económica e humana, sem uma significativa mobilização de recursos públicos, sem uma intervenção do Estado, com meios financeiros e recursos humanos à

altura da gravidade dos problemas e estrangulamentos existentes na estrutura da floresta portuguesa.” Na óptica do PCP, a prevenção dos incêndios florestais faz-se através do “ordenamento e prevenção, e dinamização económica da produção florestal”. “Estranhamente [o pacote florestal] não aborda a questão absolutamente central dos preços e mercados da produção lenhosa, enfrentando de facto as consequências dos preços manifestamente degradados da madeira, sujeitos às imposições monopolistas de duas ou três empresas da fileira!”, acrescenta ainda o comunicado. Mas para os comunistas há outro problema de fundo nas propostas apresentadas pelo Governo, em especial na ideia do registo obrigatório das propriedades e na sequente transferência para a alçada do Estado daquelas que não forem registadas pelos proprietários dentro do prazo estabelecido. O partido vê aqui o “risco” de tal decisão se traduzir na “ilegítima expropriação de pequenas parcelas a quem lutou vidas inteiras para as adquirir e luta ainda para as manter”. E afirma-se também contra o passo seguinte desta ideia do Governo: a entrega de área pública a “interesses privados, designadamente a sociedades de gestão florestal”.

Portel prepara Feira do Montado A Feira do Montado é um certame organizado pela Câmara Municipal de Portel que conta já com dezasseis anos de existência. Nasceu em 2000, de uma vontade determinada de aproveitar uma das maiores potencialidades do concelho de Portel - o MONTADO. A XVII Feira do Montado é uma iniciativa que tem contribuído para a promoção e valorização do montado, trata-se de um acontecimento de importância económica, ambiental, cultural e científica, de âmbito nacional e internacional. Durante os cinco dias da feira, entre 30 de Novembro e 4 de Dezembro expo-

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sitores de diversas empresas do sector florestal, especificamente do sector da cortiça, dos agroalimentares, restauração e do comércio em geral, têm a oportunidade de promover e comercializar os seus produtos e desenvolver oportunidades de negócio. A par das diversas exposições promovidas pelas várias entidades, a Feira do Montado, mais uma vez, procurará mostrar os melhores produtos do Montado, o que de melhor se produz no Alentejo. A animação será um dos principais atrativos da feira, através dos espetáculos com grandes nomes da música nacional.


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Atual “Há um problema gravíssimo com a estrada do IC1, que nós chamamos ‘estrada da morte’.”

CIMAL e populações exigem conclusão de obras Cerca uma centena de utentes das estradas do litoral alentejano protestaram na passada quinta-feira contra as condições das estradas A26-1 e IC1 à frente do Ministério do Planeamento das Infraestruturas, em Lisboa, exigindo o início das obras prometidas pelo Governo. “Há um problema gravíssimo com a estrada do IC1 [itinerário complementar] entre Alcácer do Sal e Grândola e nos troços Santiago do Cacém até Sines, que nós chamamos ‘estrada da morte’. Morreram recentemente quatro pessoas. É uma estrada de mercadorias, para sul e para norte, uma estrada do turismo, com cerca de oito mil viaturas por dia, em média, que está num estado calamitoso”, acusou o presidente da Câmara de Alcácer do Sal (distrito de Setúbal), Vítor Proença, em declarações à LUSA. O também presidente da CIMAL - Comunidade Intermunicipal do Litoral Alentejano, que esta quinta-feira se juntou ao protesto em Lisboa, afirmou que o “problema gravíssimo” é reconhecido há muitos anos, mas a reparação “tarda em não começar”. Vítor Proença lembrou ainda a questão do túnel do Marão, situação que foi resolvida “rapidamente” com vontade política do Governo, e lamentou que o actual Governo não trate a questão das estradas do litoral alentejano de igual forma. O responsável lembrou, ainda, que todas as pessoas estão expostas ao “muito mau estado do piso” daquelas estradas e que todos reconhecem, mesmo os governantes, admitindo que esperava não ter chegado a este ponto de protesto. O autarca frisou, também, não compreender o facto de como uma via pública nacional “de tão grande importância” estar na mão de privados e de, até agora, não haver acordo entre Estado e privados, nem pareceres quer do IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) e do Tribunal de Contas. “Nós todos sambemos que demora oito/nove mese para o processo de concurso público, entre o iniciar [do processo] e a obra. Vamos ter um 2017 sem

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uma intervenção e a estrada reparada”, acusou. As obras da A26-1, no traçado da via rápida já existente entre Vila Nova de Santo André e Sines, prevista no contrato da subconcessão Baixo Alentejo, começaram em 2010 e foram suspensas em 2012, tal como a construção da A26, entre Sines e Beja, tendo sido anunciada repetidas vezes a sua retoma, que não chegou a avançar. O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, anunciou na passada sexta-feira em Sines a retoma da obra na A26-1 e o prazo de conclusão para 31 de Janeiro de 2017. “Reunião não deu frutos” Os utentes aprovaram ainda uma mo-

ção à porta do Ministério de Pedro Marques, que posteriormente foi entregue ao chefe do gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, com quem tiveram uma curta reunião que, segundo os manifestantes, não deu quaisquer frutos. “Infelizmente, parece que já vínhamos preparados para esta reunião. Foi mais do mesmo. Sobre a A26 existe uma grande divergência entre o senhor ministro e o chefe de gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas. O ministro foi anunciar na passada sexta-feira, a Sines, o começo das obras no início desta semana, mas só vão começar no início de Janeiro de 2017”, disse Dinis Silva, porta-voz das comissões de utentes do litoral alentejano.

No final da curta reunião, Dinis Silva adiantou que, sobre o IC1, “estão a avaliar se devem reconverter a estrada, porque está sob um concessionário e pretendem passar para as Infraestruturas de Portugal”. “O que acontece é que está tudo na mesma e está tudo parado. E as pessoas ficam na estrada vítimas do seu estado”, acusou, lembrando que agora a comissão de utentes vai reunir-se para decidir novas formas de luta. Os utentes exigem o início das obras de reparação da infraestrutura rodoviária IC1 e a conclusão da A26-1, onde se inclui a retirada integral de todos os cones de sinalização existentes no troço de estrada entre Vila Nova de Santo André e Sines.

Delta apresenta novos produtos Rui Nabeiro foi apresentado pelo neto, Rui Miguel Nabeiro, como o “maior conhecedor de café de Portugal”. Com 85 anos, o fundador do grupo Delta subiu ao palco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, na passada semana para apresentar duas novas misturas de café em cápsula, criadas a partir do seu gosto pessoal. E recordou os tempos em que a empresa de Campo Maior não era mais do que um sonho. “Todos gostam de café. [É preciso é] a coragem de fazer e de realizar”, começou por dizer. Com a “imaginação” a comandar os passos, Rui Nabeiro conta que quando arrancou com o negócio, poucos acreditavam que iria ter sucesso. “Quando lancei a Delta, comecei a caminhar. Os colegas da altura diziam: ‘ele é do Alentejo, anda devagar’”, continuou. E acrescentou: “Os colegas pensavam que eu ia atrasado,

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mas eu estava era adiantado”. Momentos antes, no mesmo palco, Rui Miguel Nabeiro, que lidera o negócio do café em cápsulas, tinha apresentado o lançamento de duas novas máquinas e

uma campanha de publicidade, com a qual quer marcar terreno nos meses que restam do ano. Com previsões de chegar aos 70 milhões de euros de facturação em 2016, mais 10% do que em 2015, a Delta

Q quer “reanimar” um mercado que tem “sofrido uma delapidação de preços” no que toca às máquinas de café. De acordo com Rui Miguel Nabeiro, a intenção é “acrescentar valor” e diferenciação, num negócio que se faz mais com a venda de cápsulas, do que com máquinas. Os dois novos equipamentos (Qlip e Milk Qool) servirão para “puxar o mercado, que está a entrar num ciclo de falta de inovação” e de baixo preço, disse aos jornalistas, no final do evento. Esta área de negócio foi criada em 2007 e, nas primeiras experiências, começou por produzir 395 cápsulas em oito horas. João Manuel Nabeiro, pai de Rui Miguel Nabeiro e membro do conselho de administração da Delta Cafés, adianta que três anos depois a empresa produzia 198 mil cápsulas e, agora, chega aos dois milhões por dia.


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Destaque Évora tem um bairro que é reconhecido, estudado e referenciado às várias escalas.

40 Anos do Bairro da Malagueira em 2017 A sede do Grupo Cultural e Desportivo dos Bairros de Santa Maria e Fontanas, vizinha do Bairro da Malagueira, encheu-se no passado dia 21 para um “Encontro à volta do projeto de Álvaro Siza Vieira”. Entre visitas e vizinhos, o Arquiteto Pedro Ravara, representante da Ordem dos Arquitetos, começou fazendo notar que o motivo do encontro era celebrar o Bairro da Malagueira. “E afinal a Malagueira é um bairro social ou um bairro erudito?” Perguntou o Arquiteto para concluir logo a seguir: “Não sabemos; é um ponto de encontro entre as duas coisas”. Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara, relevou que este Bairro nasceu num tempo histórico “em que as pessoas tomaram em suas mãos a capacidade de resolver gravíssimos problemas com que se confrontavam, entre os quais o da habitação. E que na altura, a autarquia liderada por Abílio Fernandes, foi capaz de interpretar esse movimento e criar soluções. O resultado é que Évora ganhou um bairro que é hoje desta cidade, mas também do país e do Mundo, já que é reconhecido, estudado e referenciado às várias escalas”. O Presidente do Município aproveitou ainda esta oportunidade para anunciar que 2017, o ano das comemorações dos 40 anos do Bairro da Malagueira, será assinalado como um dos temas que vai inspirar e marcar a atividade autárquica em Évora. “Quero afirmar que a Câmara voltou a dar uma particular atenção à Malagueira”, disse Carlos Pinto de Sá. “Esta é uma pérola da arquitetura que precisamos valorizar e recuperar; e a Câmara compromete-se com esse objetivo”, garantiu o autarca. O Arquiteto Nuno Ribeiro Lopes foi outro dos oradores da tarde que a partir do seu percurso de 40 anos de acompanhamento desta obra, reforçou o apelo à intervenção no Bairro da Malagueira: “Um dia há-de-se acabar isto”. José Russo, Presidente da Junta de Freguesia da Malagueira, associou-se também à vontade de intervenção no Bairro: “Queremos fazer coisas na Malagueira e tenho falado com Siza Vieira sobre as várias possibilidades”, revelou. Na sala repleta de moradores locais, estudantes de arquitetura, jornalistas, técnicos e especialistas ligados às várias dimensões do habitar, marcaram presença uma representante da Secretária de Estado, a Delegada Regional da Cultura do Alentejo, o Vereador do pelouro do Urbanismo e da Cultura da Câmara de Évora, a Diretora Geral das Artes, entre outros. O Bairro O conjunto habitacional da Malagueira foi desenvolvido como uma comunidade suburbana na periferia de Évora. Está implantada numa área de 27 hectares, apresentando construções de dois pavimentos, e alta densidade, totalizando 1200 habitações, construídas num período de 20 anos aproximadamente. A ideia era construir uma nova comunidade, que eventualmente seria propriedade dos residentes numa organização cooperativa. Não fazia parte do projeto a

ideia de “habitação social”, já que a Malagueira não era pensada como uma instalação típica de habitações sociais subvencionadas. No lugar, existiam dois bairros Santa Maria e Nossa Senhora da Glória, que cresceram ao longo de uma das vias radiais que saem da cidade, criando um eixo leste-oeste. Também passa um rio nos limites desses bairros, que juntos constituem os limites da nova construção. O modelo para o desenho da Quinta da Malagueira foi a malha urbana pré-existente do bairro Santa Maria, possibilitando a criação de um padrão de novas ruas de pequenos fragmentos numa malha ortogonal. O projeto foi dividido em vários grupos de habitações, implantados em diferentes ângulos, formando distintos bairros, cujos espaços intersticiais formam espaços públicos, utilizados para usos comunitários, lojas, estacionamento, recreação e a circulação de pedestres.

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Um sistema de aquedutos de concreto conecta os grupos residenciais, e proporcionam a infraestrutura para água e distribuição elétrica. Os aquedutos eram uma característica da época romana e, depois, da época renascentista, e restos destes ainda são visíveis em Évora. Foram utilizados canais feitos com blocos de concreto apoiados em colunas que formam uma estrutura contínua, como uma galeria que conecta os bairros, fornecendo o serviço a cada casa. O aqueduto foi justificado pelo baixo custo e que, ao mesmo tempo, funciona como um elemento para o planeamento em grande escala, que conecta os bairros e forma áreas públicas definindo as entradas aos grupos de lojas e outras instalações públicas. Devido a sua construção a partir do segundo nível, deixou-se o concreto aparente, que proporciona um alivio visual diante da repetitiva e contínua parede branca das habitações. D.R.

As residências de Malagueira são do tipo Pátio ou Átrio, com uma planta em ‘L’ com dois grupos de recintos que dão a um pequeno pátio interior. Há dois tipos similares de habitações, ambos construídos em um terreno de 8×11 metros, um com pátio de entrada, e o outro com pátio de fundos. Ambos apresentam terraços no segundo nível e podem ser combinados de várias maneiras, resultando em diferentes jogos de cheios e vazios. A dimensão vertical dos muros varia entre a altura da porta de entrada, a altura do segundo andar, uma parede de ventilação que é perpendicular à rua, e se estende à altura da laje do segundo andar. Esta gama de alturas, junto com a posição alternada dos pátios e terraços, resulta numa rica composição tridimensional. A construção segue a topografia existente, o que traz a cada casa uma identificação própria. De longe, as casas parecem ser mais altas do que só dois níveis, ao intensificar os contornos se produz a impressão de uma organização mais densa, mais alta e mais aterraçada. O conjunto limitado das formas de portas e janelas varia também em altura com o objetivo de organizar e agrupar as paredes. As casas foram projetadas para permitir a construção de mais quartos, de acordo com as necessidades e possibilidades de cada família. Álvaro Siza Vieira elaborou o projeto da Malagueira a convite de Abilio Fernandes, então presidente da Câmara, que foi propositadamente ao Porto para o efeito. A concretização no terreno iniciou-se em finais da década de 70 do século passado e conta, como imagens de marca, com um lago e um “aqueduto” que personificam a identidade de um bairro que conta com mais de mil casas de habitação.


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Destaque O fim das reduções salariais em 2017 não representa um ‘regresso’ ao poder de compra.

Reposição salarial não compensa perdas globais O próximo ano vai ser o primeiro desde 2010 em que os funcionários públicos vão ter o seu vencimento integralmente pago ao longo de 12 meses. Em 2016, houve uma eliminação gradual dos cortes, que desapareceram a partir de outubro. Só que, na verdade, o fim das reduções salariais em 2017 não representa um ‘regresso’ ao poder de compra que os trabalhadores do Estado tinham em 2010, o ano anterior à chegada da troika a Portugal. É que há uma diferença entre receber €1000 em 2010 e receber €1000 em 2017. Tem oito letras, uma cedilha, um til e chama-se inflação. Neste período, os preços tiveram uma subida acumulada (já incluindo os 1,5% que o Governo espera para 2017) de 9,5%. Mas este não é o único fator a tirar capacidade financeira aos funcionários públicos. É que, pelo meio, houve um agravamento de IRS (em 2013) com a introdução da sobretaxa e a revisão dos escalões. Mesmo excluindo o efeito da sobretaxa, cujas retenções na fonte vão ser progressivamente eliminadas ao longo do próximo ano, mantém-se ainda uma subida de IRS devido aos escalões que se traduz em maiores retenções mensais na fonte do que há seis anos. O Expresso comparou as taxas de retenção na fonte em 2010 e 2016 (ainda não existem as que vão ser aplicadas em 2017) para cinco níveis diferentes de rendimento bruto mensal — de €600 a €5000 — e a variação pode ir de uma diminuição de três pontos percentuais até um agravamento de seis pontos, dependendo do perfil de agregado familiar. Em geral, os rendimentos mais baixos e com maior número de dependentes tiveram menos agravamentos ou até descidas face ao que havia em 2010. A este agravamento de IRS somam-se ainda as subidas dos descontos para a Caixa Geral de Aposentações (CGA) de 10% para 11% e para a ADSE de 1,5% para 3,5%. Assim, funcionários com descontos para ambos os sistemas terão perdido poder de compra entre 9,5% e 18,5%. Já os trabalhadores sem estes dois sistemas terão perdido entre 6,5% e 12,5%. E estas taxas têm correspondência com valores em euros: uma pessoa que ganhe €600 não teve agravamento de IRS retido na fonte — até pode ter tido uma redução — mas paga mais ADSE e CGA se for beneficiária destes sistemas, o que lhe retira mais €18 mensais do que em 2010, e ainda compra

o equivalente a menos €57 pela subida dos preços. Já um trabalhador que receba €1500 irá perder entre €143 e €255, no conjunto dos vários efeitos, e alguém que tenha um rendimento bruto de €5000 (os quadros superiores da Administração Pública, onde se incluem, por exemplo, diplomatas, oficiais superiores das Forças Armadas, juízes-conselheiros ou professores catedráticos) perdeu entre €640 e €950. Para quem não tem CGA nem ADSE, os impactos são de menor dimensão. CORTES NASCERAM ANTES DA TROIKA Os cortes salariais começaram em 2011 ainda antes da chegada da troika. Já sob pressão da crise da dívida na zona euro, o Governo de José Sócrates com Teixeira dos Santos nas Finanças avançou com uma redução entre 3,5% e 10% nos vencimentos públicos para quem ganhava acima de €1500. A medida foi introduzida

no Orçamento do Estado para esse ano que foi apresentado em outubro de 2010, numa altura em que Portugal estava na linha da frente para um resgate depois de a Grécia ter capitulado em maio (acabou por cair primeiro a Irlanda). Foi nessa altura também que o ministro das Finanças avisou, numa entrevista ao Expresso, que quando os juros a 10 anos chegassem a 7% era altura de pedir ajuda internacional. Os juros chegaram a esse patamar, mas Portugal ainda se aguentou mais algum tempo e só atirou a toalha ao chão no ano seguinte. A chegada da troika e o programa de austeridade trouxeram novos cortes aos salários públicos. Os originais de Sócrates e Teixeira dos Santos mantiveram-se — aliás, só este ano chegaram ao fim — mas somaram-se novos. Em 2012, os subsídios de férias e de Natal foram suspensos, ainda que de forma diferen-

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ciada em função do vencimento. Quem recebia acima de €1100 mensais perdeu ambos os subsídios, o equivalente a 14% do rendimento anual. Depois, com o chumbo do Tribunal Constitucional, os subsídios foram reintroduzidos, mas os cortes foram mantidos noutro formato e só terminaram este ano. Pelo meio, houve um enorme aumento de impostos no IRS, decidido por Vítor Gaspar no Orçamento para 2013, que agravou significativamente a fatura a pagar pelas famílias com a revisão de escalões e a introdução da sobretaxa. No próximo ano, apenas a sobretaxa vai desaparecendo das retenções mensais a um ritmo que depende do escalão de rendimento mas continua a aplicar-se ao rendimento de todo o ano. E os escalões de Vítor Gaspar mantêm-se iguais ao que eram há três anos, apenas com atualizações em função da inflação. Fonte: Expresso

FEA promoveu ação de sensibilização para o voluntariado jovem Decorreu no passado do 19 de outubro, no Fórum Eugénio de Almeida em Évora, a 3ª edição do Encontro de Voluntariado e Juventude promovido pela Fundação Eugénio de Almeida, que reuniu perto 140 jovens eborenses. A Fundação Eugénio de Almeida criou um programa, especialmente para esta iniciativa, que contou com vários momentos, que variaram entre técnicas de

grupo, uma sessão de informação sobre Voluntariado Jovem, dinamizada por Tânia Silva, Técnica do Projeto de Voluntariado da Fundação, ou a partilha dos testemunhos pelos voluntários Mariana Espenica e António Vieira. Cativar, sensibilizar, motivar e comunicar com os jovens o Voluntariado foi o principal objetivo desde evento, que além de informar e dar conhecimentos,

permitiu o encontro e intercâmbio dos jovens das Escolas Secundárias Gabriel Pereira e Severim de Faria e Escola Básica Manuel Ferreira Patrício, nas várias atividades que se realizaram. Henrique Sim-Sim, Coordenador da Área Social da Fundação, fez a abertura deste encontro e deixou uma mensagem de alegria e esperança aos jovens : ‘Este encontro é um encontro de esperança,

e de alegria por vermos tantos jovens, numa região tão envelhecida e despovoada, interessados em participar na sua comunidade. É mais do que um encontro de Voluntariado é também um encontro de sonhos”. Recorde-se que este encontro decorreu numa quarta-feira à tarde e contou com perto de 140 jovens.


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Radar Nuno Borges é um dos responsáveis pelo Nutrition UP 65, um projeto desenvolvido na FCNAUP.

Idosos isolados correm mais riscos alimentares Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) acreditam que o isolamento dos idosos leva ao sedentarismo e à baixa mobilidade, fatores que podem provocar desnutrição, desidratação, excesso de peso e obesidade. O investigador da FCNAUP Nuno Borges disse à Lusa que, embora sejam necessários mais estudos para comprovar os efeitos do isolamento nesta população, os dados indicam que há risco de insuficiência e deficiência de vitamina D, o que acontece em cerca de nove em cada dez idosos. Nuno Borges é um dos responsáveis pelo Nutrition UP 65, um projeto desenvolvido na FCNAUP e coordenado pela professora Teresa Amaral, que visa determinar o estado nutricional dos portugueses com mais de 65 anos, numa amostra representativa de 1.500 pessoas idosas, de acordo com o intervalo de idades, o género, o nível de ensino e a área regional do país. Segundo os dados recolhidos no estudo, cerca de 44% dos idosos apresentam excesso de peso e 39% têm obesidade, situações que derivam de problemas no balanço energético, espoletados por um hábito de “comer mal e a mais e praticar atividade física a menos”. Esta condição está relacionada com a sarcopenia (perda de massa, força e função musculares em consequência do envelhecimento), “que compromete todas as atividades do dia-a-dia dos idosos”, como andar, subir e descer escadas,

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ir às compras e cozinhar, indicou o investigador. Os dados relativos à desnutrição, outro dos fatores estudados no Nutrition UP 65, indicam que 15% dos idosos estão em situação de risco, o que, para Nuno Borges, “é espantoso visto que quase

90% de idosos têm excesso de peso ou obesidade”. Para além da questão do isolamento, a desnutrição pode ser causada pelo acesso limitado aos alimentos, à incapacidade de preparar as refeições, por problemas económicos e por uma locomoção reduzida.

As doenças crónicas também influenciam esse fator, sendo que “quanto mais velha for a pessoa, mais patologias pode ir acumulando, o que aumenta a probabilidade de terem problemas a nível alimentar, agravando o risco de desnutrição”, acrescentou o investigador. Quanto à hidratação, mais de um terço dos idosos estão desidratados. “Há a ideia que o mecanismo que nos defende da desidratação – a sede – perde progressivamente eficácia com a idade e, por outro lado, não se verifica muito, nesta faixa etária e em Portugal, o hábito de se beber água”, o que pode levar à obstipação e problemas renais, explicou o docente. O consumo excessivo de sal, que se verifica em mais de 85% dos idosos, pode estar ligado à hipertensão arterial e aos acidentes vasculares celebrais (AVC). Para Nuno Borges, “todos estes indicadores agravam-se com o isolamento”, o que, “a confirmar-se com mais estudos”, configura uma ideia dos idosos em Portugal, “que estão nas suas casas ou apenas em centros de dia, com níveis excessivamente baixos de atividade física e altos de uma alimentação desadequada”. “Há um grande trabalho que deve ser feito ao nível das medidas governamentais, além das alimentares, no sentido de proporcionar aos nossos idosos condições e estímulos para que se mexam mais, venham mais para à rua e se exponham mais à luz”, tornando-se em “elementos ativos na sociedade”, concluiu.

Évora debateu envelhecimento A Câmara de Évora promoveu um Seminário sobre envelhecimento, intitulado “Cuidar do Eu, do Outro e do Tempo”, no auditório da DGEstE, inserido no âmbito da programação do Mês do Idoso 2016. Durante dois dias os trabalhos centraram-se nos direitos dos idosos, saúde, redes de vizinhança, atividades e boas práticas. O dia 27 foi destinado a técnicos da área do envelhecimento e o dia 28 a seniores e outros interessados nesta temática. O evento teve organização conjunta da Câmara Municipal de Évora, ARS Alentejo, ACES Alentejo Central, Unidade de Cuidados na Comunidade de Évora, Fundação Eugénio de Almeida e Universidade de Évora/Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus. A sessão de abertura contou com a participação da Vice-Presidente da Câmara Municipal de Évora, Élia Mira. A autarca chamou a atenção para a realidade do envelhecimento populacional e para a crucial importância do cuidador e a necessidade de ser apoiado, uma vez que o papel de cuidar é de uma grande exigência. Felicitou a Unidade de Cuidados na Comunidade pela criação do Cantinho do Cuidador e destacou também o traba-

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lho desenvolvido pela Câmara de Évora na área da promoção da saúde em articulação com os parceiros, dando como exemplo o programa municipal Seniores Ativos. O Centro de Convívio Municipal é outra das apostas do Município, sendo alvo de uma nova dinâmica desde há cerca de dois anos. Proporciona variadas atividades para os seniores por forma a tornar mais ricos os seus dias, trabalho para o qual se destacou técnicos qualificados e a tempo inteiro. A autarca realçou ainda o papel da Rede Social do Conselho Local de Ação Social (CLASE) na criação de dinâmicas locais promotoras de melhores respostas sociais, dando como exemplo a criação das Unidades de Rede de Saúde Mental e de Envelhecimento. Esta sessão contou também com intervenções sobre a temática do envelhecimento proferidas por Susana Saruga (Coordenadora da UCC de Évora ACES AC ARS Alentejo); Dulce Magalhães (Diretora Interina da Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus); Henrique Sim Sim (Coordenador da Área da Saúde da Fundação Eugénio de Almeida); e Laurência Gemito (Diretora Executiva do ACES AC ARS Alentejo).


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Radar “A cedência deste espaço é a concretização de uma ambição de longa data”

Câmara de Évora disponibiliza sede para o Cluster Aeronáutico O sector nacional da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa (AED), que no passado dia 1 de agosto formalizou, junto do IAPMEI, a criação do “cluster” deste segmento nacional, recebeu na passada sexta-feira, em Évora, mais impulso para a sua real concretização, com o município eborense a disponibilizar um espaço no ÉvoraTech,– Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Évora. “Depois da aprovação da criação do cluster AED, com sede em Évora, era importante vincar essa decisão com a disponibilização de uma espaço físico para que doravante a Federação das Industrias do Espaço e da Defesa possa utilizar este espaço para aqui desenvolver a sua atividade”, refere o Presidente da Câmara Municipal de Évora. Segundo Carlos Pinto de Sá, “a cedência deste espaço é a concretização de uma ambição de longa data, já que o cluster deixa de estar apenas no papel e começa efetivamente a poder percorrer o seu caminho. Agora, compete às empresas e a todos os atores do tecido económico, social e educativo

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da região Alentejo desempenhar o seu papel para que ele tenha o sucesso desejado por todos. Este tem de ser o cluster aeronáutico do Alentejo”, frisou ainda o edil.

Recorde-se que o setor industrial AED (aeronáutica, espaço e defesa) no nosso País valeu uma faturação de 1,7 mil milhões de euros em 2014, o último ano de que existem dados apura-

dos. Este valor equivaleu a cerca de 1% do PIB – Produto Interno Bruto nacional. Nessa altura, o AED Portugal representava 18.500 postos de trabalho entre um total de quase 70 empresas e quase uma vintena de instituições universitárias e similares envolvidas. O volume de exportações deste setor industrial em Portugal chegou à fasquia dos 87% nesse ano. Durante a visita às novas instalações, o presidente da Federação das Industrias do Espaço e da Defesa, José Cordeiro, lembrou que o segmento industrial AED “poderá criar mais 1.500 empregos até 2020” e realça que o crescimento da atividade neste setor em Portugal tem andado entre os 5% e os 6% por ano, nos últimos anos. O setor nacional de AED que conta com empresas como a Embraer/OGMA, Caetano Aeronautics, Tekever, Optimal, Spinworks, Fibresensing, Lusospace, Active Space e Critical Software, entre outras, está a promover, nestes dias, em Évora e Lisboa, a conferência AED Days, para debater os desafios e oportunidades do setor.

Dinâmicas da Gestão

ALENTEJO, CLUSTERS E PROJECTO PORTER: MUDAR ONTEM?

MARIA RAQUEL LUCAS

Docente do Departamento de Gestão, Universidade de Évora

Passados mais de vinte anos da visita de Michael Porter a Portugal em 1992 e da elaboração, por uma equipa do então Ministério da Indústria e Energia, sob sua coordenação, do Projecto Porter, em 1994, o balanço que se pode fazer é o de perda de grande parte desses anos, seja porque as políticas privilegiaram a macroeconomia em detrimento da microeconomia, seja pela incapacidade da economia induzir mudança, seja ainda pela quebra de competitividade do país e, nalguns casos, pela falta de produtividade e por um agressivo ambiente externo. Considerando o diamante e a teoria dos clusters como instrumentais, o desenvolvimento do Projecto Porter identificou seis clusters (calçado, vestuário/malhas, componentes de automóveis, materiais de madeira, turismo e vinho) e distintas políticas publicas horizontais consideradas de suporte. Desde a sua implementação até ao presente, é visível a evolução positiva no design e na orientação de mercado dos sectores do calçado e do têxtil e vestuário, na qualidade do mobiliário e, na qualidade, quantidade e volume de exportação dos vinhos (de que o Alentejo é um extraordinário exemplo de crescimento e desenvolvimento sustentado). Já as melhorias nalgumas das politicas públicas de apoio (sistemas educativo e financeiro, capacidade de gestão, ciência e tecnologia e, gestão da floresta), não são tão visíveis. Também o turismo é um sector estratégico para o Alentejo que

tem apresentado consideráveis níveis de crescimento e de desenvolvimento que merecem ser destacados. Se ao nível do país a resposta ao paradigma de Porter foi limitada, no Alentejo e apesar de todo o esforço que vem sendo desenvolvido, as comunidades empresariais suportadas no conhecimento são ainda débeis, não existe ou é muito esporádica e pouco estruturada a integração em redes de conhecimento e de desenvolvimento tecnológico, sendo embrionário o recurso a plataformas digitais para a construção dos portais de comunidades empresariais do conhecimento. De salientar a importância da criação, em 2011, de uma infraestrutura destinada a promover o crescimento e o desenvolvimento económico da região - o PCTA (Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo) – cujo impacto ainda não é possível aferir com confiança, sendo, genericamente, sede de empresas com reduzidas ações de fertilização cruzada. Na sua génese, o PCTA foi constituído como polo de atração empresarial e de I&D, com o papel de instituição pivot do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia (SRTT) o qual inclui quatro subsistemas complementares (Sistema de Incubadoras de Base Tecnológica, Sistema de Infra-estruturas Científicas e Tecnológicas, Sistema de infra-estruturas com forte potencial sinérgico e, Sistema de Zonas e Parques Industriais e Tecnológicos). Para um cluster sectorial evoluir, tal como tem sido demonstrado por países e

regiões que desejam alcançar patamares de destaque no desenvolvimento económico e industrial e por publicações científicas baseadas na teoria do desenvolvimento endógeno e na economia do conhecimento, a região em questão deve apresentar desenvolvimento tecnológico, aumento da fertilização cruzada entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e as empresas high-tech e, um sistema aprimorado de entidades de serviço relacionadas e de suporte. Existem condições indutoras de mudança? Tem o Alentejo capacidade para mudar? Sim, se continuar a valorizar a ligação entre produção, desenvolvimento tecnológico e inovação e activar/estreitar de forma mais consequente o relacionamento entre o Sistema Cientifico e Tecnológico (SCT) Regional e o tecido empresarial, dinamizando o SRTT. Sim, se continuar a priorizar, na estratégia regional de especialização inteligente (EREI) e noutras medidas regionais de políticas públicas, a sustentabilidade e a competitividade e internacionalização da economia regional, suportada nas suas capacidades e competências distintivas (IES, recursos, instituições e, infraestruturas PCTA, SCT Regional e SRTT, entre outros) e numa liderança regional transformadora. Sim, com estratégias de clusterização, incentivadoras do efectivo agrupamento

de sectores fundamentais em clusters (por exemplo agroalimentar, aeronáutica, energias renováveis ou turismo) e da real possibilidade das pequenas e médias empresas (PME’s) serem integradas ou cooperarem em cadeias de valor globais e, responderem a mercados exigentes. Sim, sancionando e operacionalizando um modelo de economia do conhecimento regional e se assuma a importância, valor e urgência da transferência desse conhecimento para as organizações. Em síntese, ambicionando transformar o Alentejo numa plataforma de produção e de serviços na economia global com capacidade de integrar e se relacionar em redes globais e de criar ou aceder a sistemas logísticos indutores de formas de gestão ecoficientes das cadeias de valor. Actualmente, a região é ainda dominada pelos serviços (sobretudo em serviços públicos, que concentram a maioria das atividades de produção) e outras atividades terciárias e bens não transaccionáveis, muitos dos quais com baixa relevância em termos de valor acrescentado para a economia local. O Alentejo não só tem capacidade como tem condições e deseja a Mudança! Mas, para que a mudança seja visível daqui a vinte anos, há que a começar a operacionalizar Ontem!


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Radar Entre 2000 e 2012 os resultados dos alunos portugueses a Matemática melhoraram cerca de 8%.

Escolas inseridas em contextos socioeconómicos desfavoráveis melhoram resultados Os alunos portugueses têm vindo a melhorar o desempenho no PISA — um estudo internacional que avalia a literacia dos jovens de 15 anos, a Matemática, Literatura e Ciências –, aproximando-se da média da OCDE, e o maior responsável por esse progresso é a escola. Esta é a principal conclusão de um documento produzido no âmbito do projeto aQeduto, uma parceria do Conselho Nacional de Educação (CNE) com a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Entre 2000 e 2012, os resultados dos alunos portugueses a Matemática melhoraram cerca de 8%, tendo passado de uma pontuação de 450 para 487 pontos. Além de Portugal, só o Luxemburgo e a Polónia apresentaram “crescimentos relevantes nos resultados”. A percentagem de alunos muito fracos nesta matéria caiu de 30% para 21% e aumentaram de 1 para 7% os alunos excelentes. As melhorias devem-se a “múltiplos contributos, destacando-se o efeito positivo do trabalho das escolas”, com principal destaque para as escolas inseridas em meios socioeconómicos desfavorecidos que conseguiram “resultados de excelência”, lê-se no estudo “Afinal, porque melhoraram os resultados?”, que será apresentado, esta quinta-feira, em Lisboa. Uma maior percentagem de escolas inseridas em meios socioeconómicos desfavorecidos consegue ter mais alunos com bons desempenhos. Entre 2003 e 2012, a percentagem destas escolas que obtive-

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ram resultados abaixo de 500, reduziu de 65% para 46%.” Segundo os autores do estudo, “este sucesso pode estar relacionado com: a formação e a motivação dos docentes; a criação de condições para o alargamento da educação pré-escolar; a melhoria dos recursos pedagógicos e uma maior autonomia das escolas“. Mas nem tudo está bem. Os diretores das escolas apontam para problemas relacionados com as instalações, o aumen-

to do número de alunos que chegam ao 9.º ano com pelo menos um chumbo, e a queda do estatuto profissional dos pais. Porém, aos olhos dos diretores, a falta de disciplina parece ser o maior problema. A indisciplina e a falta de respeito em sala de aula são, segundo os diretores, os problemas que mais afetam o aproveitamento dos alunos e o normal funcionamento da escola.” Alunos portugueses dão-se bem com os professores

Apesar disso, os alunos portugueses foram os que mais consideraram “ter um bom relacionamento com os professores (86%) e cerca de 25% sentiam-se muito felizes na escola”. E é também em Portugal que os professores são mais bem vistos pelos alunos. Os alunos acham que são bem apoiados, orientados e avaliados. Os autores sublinham ainda algo surpreendente: “Em países com resultados PISA muito elevados os professores não são bem vistos pelos seus alunos”. A verdade é que do lado dos professores essa visão não é tão romântica. E a prova disso é que Portugal “é o país com a maior percentagem de professores insatisfeitos com a profissão (13%), embora a grande maioria continue satisfeita ou mesmo muito satisfeita (19%)”. Além disso, 48% dos professores sentem-se desrespeitados ou muito desrespeitados e apenas 5% se sentem bastante respeitados. À semelhança de outros estudos que têm vindo a sair, também neste se desvaloriza a importância do chumbo. “Esta prática não contribui para que os alunos que chumbam alcancem o mesmo nível de aprendizagem que os colegas que frequentam o 9.º ano, mas que nunca chumbaram” O Projeto aQeduto: avaliação, equidade e qualidade em educação é uma parceria entre o Conselho Nacional de Educação e a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Fonte: Observador

Famílias sobreendividadas gastam mais com alimentação Quase metade dos gastos mensais das famílias sobreendividadas destinam-se à alimentação, segundo o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da DECO, que contabilizou até 27 de Outubro 26.030 pedidos de ajuda, menos 3.026 do que no ano passado. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor - DECO regista uma diminuição do número de pedidos desde 2013, ano em que atingiu um recorde de 29.214 solicitações, destacando ainda o facto de o desemprego que, em 2012, representava 40% das causas invocadas para o sobreendividamento, ser agora associado a 29% das dificuldades. As famílias que solicitaram a intervenção do GAS têm um rendimento médio de 1070 euros, gastam 715 euros em prestações de crédito e têm encargos mensais de 467 euros, dos quais quase metade (220 euros) relativa à alimentação, seguindo-se a electricidade, com 13% do total (61 euros). Quase 60% das famílias têm um rendimento líquido mensal igual ou inferior

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a dois salários mínimos (até 1060 euros), com o valor mínimo dos rendimentos a situar-se em 35 euros e o máximo nos

3.800 euros, e 53% têm habilitações ao nível do ensino secundário e superior. A maior parte dos pedidos de ajuda

vem dos grandes centros urbanos (43% de Lisboa e Tejo e 31% do Porto e Norte). O número de processos acompanhados pela DECO diminuiu também face ao ano passado, passando de 2712 para 2017 (até 27 de Outubro), depois de um pico de 4034 em 2013. Mais de metade dos agregados familiares (54%) são constituídos por um casal com um filho ou mais de três elementos. Quanto aos créditos em renegociação, 53% encontra-se em incumprimento (66% em 2015) e 47% está regularizado (34% no ano passado). As famílias tinham em média cinco créditos, com um montante médio de 67.800 euros de crédito relativo à habitação, 9.000 ao automóvel, 7100 pessoal e 3300 de cartão de crédito. Cinco dias antes da celebração do Dia Mundial da Poupança, a 31 de Outubro, o GAS relembrou que os portugueses “continuam a apresentar graves carências” no que diz respeito ao aconselhamento financeiro, literacia financeira e apoios sociais.


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Radar “Estilhaços”, o vencedor, aborda a guerra colonial e os efeitos do stress pós-traumático no seio familiar.

“Estilhaços” da Praça Filmes de Montemoro-Novo vence prémio de Animação O prémio nacional de Animação 2016 na categoria Profissional, anunciado no passado sábado, dia 29, no encerramento da Festa Mundial de Animação de Barcelos, foi atribuído à curta-metragem “Estilhaços”, realizado por José Miguel Ribeiro, da Praça Filmes. Com três categorias a concurso, filmes de Escolas, filmes Profissionais e filmes de Oficina, na primeira foi distinguido o documentário animado “Pronto, era assim”, realizado por Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues. Segundo fonte do festival de Barcelos, o prémio nacional de animação na categoria filmes de Oficina foi para “Da janela da minha escola”, orientado por Tânia Duarte. A curta de animação foi realizada pelo coletivo de crianças do 3.º ano da escola EB1 de São Miguel do Rio Torto. Barcelos foi desde o dia 25 a “capital nacional” do cinema da animação, com sessões para todo o tipo de público, exposições, oficinas, debates e master classes. Aos prémios concorreram 63 filmes. O troféu deste ano, concebido pelo artesão de Barcelos Telmo Macedo, é alusivo à PUB

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cultura daquela cidade. A iniciativa integra-se na Festa Mundial da Animação (FMA), que tem por objetivo festejar o cinema de animação por altura da data do seu surgimento, em outubro de 1892, pela mão do francês Émile Reynaud. A partir de 2013, a Casa da Animação decidiu escolher um concelho diferente para cada edição da festa, que desde então

já teve como palcos Montemor-o-Velho, Lousada e Porto. “Estilhaços”, o vencedor, aborda a guerra colonial e os efeitos do stress pós-traumático no seio familiar. Produzido pela Praça Filmes, em Montemor-o-Novo, o filme combina imagem real, desenho animado e “stop motion”, uma mistura justificada pela narrativa do filme, centrada na relação entre um

pai e um filho. “Falar de memórias de guerra é ainda um incómodo, dá ideia de que se quer que a guerra fique lá atrás e, na verdade, ainda está muito presente, sobretudo nos casos de stress pós-traumático. E era sobre isso que queria falar, sobre a contaminação desse stress numa família”, disse José Miguel Ribeiro. Entre ficção e documentário, “Estilhaços” cruza duas perspetivas sobre a guerra. A do pai, que a viveu, e a do filho, que cresceu a construir uma memória da guerra a partir dos relatos do progenitor. José Miguel Ribeiro está ligado ao cinema de animação há cerca de 20 anos, sendo realizador de filmes como “A suspeita” - que soma mais de vinte prémios -, “Passeio de domingo”, “Dodu, o rapaz de cartão”, “Papel de Natal” e a série “As coisas lá de casa”. A estes junta-se ainda o registo mais documental e biográfico “Viagem a Cabo Verde”. Foi um dos fundadores da produtora Sardinha em Lata, da qual se desvinculou para fundar, em 2012, a produtora Praça Filmes, em Montemor-o-Novo.


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Radar Durante estes dois dias a vila de Marvão transforma-se numa grande mostra de produtos locais e regionais.

Feira da Castanha de Marvão Nos dias 12 e 13 de novembro, o Município de Marvão promove a XXXIII Feira da Castanha - Festa do Castanheiro. Este magnífico evento, reconhecido como um dos mais autênticos e genuínos do País, pretende homenagear uma espécie endógena da região, o Castanheiro, e o seu fruto, a Castanha (classificada como produto de Denominação de Origem Protegida - DOP). Durante estes dois dias, a vila de Marvão transforma-se numa grande mostra de produtos locais e regionais, com dezenas de pontos de venda, uma tenda de produtores locais, onde os visitantes poderão encontrar produtos hortícolas, frutos secos, enchidos, queijos, vinhos, licores, azeite, compotas ou doces caseiros, e uma área de restauração, no Largo de Camões. Nos Largos do Terreiro, de Santa Maria, do Pelourinho e do Espírito Santo, estarão situados os quatro tradicionais magustos, com mais de dois mil litros de vinho da região e cinco toneladas de castanhas, à disposição dos visitantes. Na Casa da Cultura, ao longo de todo o fim-de-semana, estará patente uma exposição temática dedicada à castanha e ao castanheiro, onde se poderão apreciar bordados antigos com casca de castanha, escadas em castanho, cestaria em madeiro de castanheiro (utilizada para armazenamento e transporte dos frutos), e artesãos a trabalhar ao vivo. Do ponto de vista cultural, este evento é um dos melhores cartões-de-visita da região, com diversos espetáculos de animação circense e música popular, um pouco por toda a vila. Este ano, pelo palco principal, no Largo do Terreiro, vão passar nomes como José Malhoa, Kumpania Algazarra, Cabra Cega e Cant’Areias. A Quinta Pedagógica das Avelãs (situa-

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da na Portagem) associa-se também à 33ª edição da Feira da Castanha e promove, no sábado e domingo, às 11h e 16h, magustos no forno para os seus visitantes. Já em Marvão, mediante a apresentação do bilhete da Quinta Pedagógica, estes visitantes terão entrada gratuita na Feira da Castanha.

Ainda na Portagem, mais concretamente no Moinho da Cova, entre as 11h e as 17h (de sábado e domingo), poderão degustar-se os produtos típicos da Terrius. Durante a Feira da Castanha, a entrada no Castelo de Marvão (Monumento Nacional) é gratuita, para que os visitantes possam apreciar este património histó-

rico e contemplar paisagens fantásticas, com uma visão de 360º, desde a Torre de Menagem, ou da Torre da Bandeira. Para as 10h de sábado, na Tenda dos Produtores Locais (Largo do Terreiro), está agendada a Bênção da Castanha, a cargo do Padre Marcelino Marques, e a inauguração oficial do certame.

Beja acolhe evento internacional sobre Arte Sacra Portugal vai acolher a 11 de novembro algumas das principais “figuras de referência da arte sacra”, no âmbito de um colóquio da Associação Internacional dos Museus e Tesouros da Igreja Católica. O evento, que terá como título “A Materialidade do Imaterial: Olhares sobre os Espaços e Objetos Devocionais”, vai decorrer em Beja e parte de uma parceria entre a entidade promotora, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a autarquia local e o Centro UNESCO para a Arquitetura e a Arte Religiosa. Ao nosso país vão chegar especialistas e profissionais do setor da Arte Sacra como Georges Kazan, da Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford; Hermann Reidel, da Associação de Museus de Língua Alemã; Manuel Gracia Rivas, da Real Academia de la Historia, de Madrid; e Gäel Favier, da École Pratique des Hautes Études (Sorbona), de Paris. Realce ainda para a presença do presidente da Associação Internacional dos Museus e Tesouros da Igreja Católica, Bernard Berthod, atual diretor do Museu de Arte Religiosa de Fourvière, em Lyon, França. “O objetivo do encontro” será, juntamente com vários especialistas especialistas

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portugueses, “dar a conhecer algumas das iniciativas mais interessantes” que têm sido levadas a cabo na área da Arte Sacra, “do conhecimento científico e da valorização dos monumentos e museus religiosos, das suas coleções, durante a última década, em diferentes pontos da Europa”, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

“Trazendo a lume algumas das linhas principais do trabalho recentemente desenvolvido em países como a Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Luxemburgo ou Portugal”, pretende-se ainda “fazer um “ponto da situação atual de um sector que regista grandes desafios”.

A organização destaca por exemplo a questão da “segurança”, no que toca a situações de “furto e vandalismo”, mas também o facto do turismo religioso estar a ter “um crescimento significativo” em Portugal e um pouco por toda a Europa. Sublinha neste contexto a importância de “repensar o futuro da arte sacra” de modo a este setor poder corresponder ao “extraordinário protagonismo” que tem assumido nos últimos anos. Um ponto-chave para o desenvolvimento será “a capacidade de comunicar adequadamente a mensagem” “Se é certo que algumas ferramentas tecnológicas podem ajudar a colmatar esta lacuna, o problema de fundo permanece intacto: entender o significado do património, e muito especialmente do património religioso”, aponta a organização. Do programa de visitas de estudo complementares destacam-se as sessões consagradas ao Museu de São Roque, à Basílica e Convento de Mafra e ao património paleocristão de Mértola, considerados “nichos de excelência do património religioso português”. A participação neste colóquio é livre, mediante inscrição a remeter para o email dpdb@sapo.pt


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Radar Os resultados comprovam que o montado de sobreiro é um sumidouro de carbono activo.

Cada tonelada de cortiça produzida sequestra 73 toneladas de dióxido de carbono Um estudo recente vem confirmar a multiplicidade de usos da Floresta nacional. Uma simples rolha das garrafas de vinho pode sequestrar da atmosfera até 250 gramas de dióxido de carbono (CO2). Esta é uma das conclusões de um grupo de cientistas do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, que anda há sete anos a medir, numa herdade em Coruche, as trocas de CO2 e água entre o ecossistema terrestre e a atmosfera. Os resultados comprovam que o montado de sobreiro é um sumidouro de carbono activo. Num montado de sobro da Herdade da Machoqueira do Grou, em Coruche (Santarém) recolhem-se dados , desde 2009. Os dados recolhidos desde há sete anos resultam de medições em contínuo e trouxeram algumas surpresas, conta Filipe Costa e Silva, investigador do ISA, ao PÚBLICO. Por um lado, foi possível quantificar o sequestro de CO2 neste montado de sobro: por cada tonelada de cortiça produzida, há 73 toneladas de dióxido de carbono sequestradas. Ou, fazendo outras contas, um hectare destes sobreiros consegue sequestrar 14,7 toneladas de CO2 por ano. Porém, este montado não é um montado qualquer. Este é, reconhece Filipe Costa e Silva, o melhor dos cenários. O local escolhido pelos investigadores, numa herdade com quase 2500 hectares, dos quais mil são de montado de sobreiro, é um montado certificado que “obedece às regras de boas práticas de gestão florestal, vegeta em boas condições de solo e de clima sem deficiências hídricas excessivas durante o Verão”. Um Outono na Primavera A sede do sobreiro no Verão e a sua resiliência leva-nos a outra conclusão do trabalho. “Os dados que temos indicam que a máxima actividade fotossintética nos sobreiros é atingida quando se inicia o período crítico de deficiência em água para as plantas: no Verão”, assinalam os investigadores do ISA numa nota enviada ao PÚBLICO sobre o projecto, que acrescenta ainda: “Nesta altura, as árvores e os arbustos estão, na generalidade, num período de latência/dormência, mas o sobreiro não.” Esta árvore tem um ritmo diferente das outras. Segundo Filipe Costa e Silva, o pico da capacidade de sequestro de CO2 dos sobreiros regista-se em Julho, quando as outras árvores já “dormem”, e só depois abranda. “É espantoso porque o sobreiro apresenta mesmo o seu pico de crescimento em Julho”, frisa. Este pico de actividade em pleno Verão tem uma explicação. É que o sobreiro sofre uma espécie de Outono na Primavera. É confuso? “O sobreiro muda completamente a sua folhagem na Primavera, entre Abril e Maio. Apesar de ser uma espécie de folha persistente, nessa altura as folhas caem num mês ou dois. É um Outono na Primavera. Como pedem as folhas, renovam a copa e as milhares de novas folhas que nascem nas árvores vão ficar totalmente expandidas no fim de Julho e funcionam ao seu máximo nesse período“, esclarece o investigador do ISA. Mas há mais. Os investigadores perceberam também que estas árvores se adap-

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tam a alturas críticas, como anos de seca. Os registos mostram que em anos secos, como o de 2012, o sequestro de CO2 não foi significativamente afectado. A explicação desta vez não está na copa da árvore mas no eficiente sistema radicular dos sobreiros, que conseguem ir buscar água a lençóis freáticos em profundidade. As medições na torre de fluxos de carbono também sugerem algumas conclusões sobre o impacto do descortiçamento – que normalmente é feito num sobreiro “adulto”, por volta dos seus 30 anos de existência, de nove em nove anos. “Durante os anos climáticos contrastantes de 2014 e 2015, estudaram-se detalhadamente os efeitos do descortiçamento sobre a vitalidade das árvores. Ainda que preliminares, os resultados sugerem que, mesmo num ano seco, o impacto do descortiçamento é reduzido em termos de sequestro de carbono do ecossistema, comprovando a extraordinária resiliência dos sobreiros quer ao clima quer aos efeitos da gestão humana”, referem os investigadores do ISA. Por esta altura, deve estar perfeitamente convencido de que o CO2 é algo muito mau que deve ser totalmente eliminado da atmosfera. Está errado. “O CO2 é nocivo porque é um gás com efeito de estufa, mas também é a base para a fotossíntese que permite que existam plantas. Ou seja, é preciso que exista algum”, explica Filipe Costa e Silva. Por outro lado, há outras árvores além do sobreiro que também sequestram o CO2. O eucalipto, por exemplo, em bastante menos tempo (porque cresce muito mais rapidamente do que o sobreiro) consegue sequestrar três vezes mais CO2. Então, afinal, o montado é importante, ou não, para o sequestro do CO2? Sim, expli-

ca o investigador do ISA, porque, além do sequestro que estas árvores conseguem fazer, os sobreiros também funcionam como armazéns usando os seus tecidos, as folhas, a madeira e as raízes para guardar CO2. “A importância do montado em relação ao CO2 é mais o que ele representa só por lá estar. Se o ecossistema se degradar, vamos assistir a grandes libertações de CO2”, diz Filipe Costa e Silva. Assim, o sequestro de carbono representa “apenas” o fluxo que vai sendo acrescentado, ano após ano, a este armazém. Lembre-se agora que o sobreiro é uma árvore que pode durar mais de 200 anos. Isto faz com que seja um poderoso armazém de CO2 e, nota o investigador, “uma barreira às alterações climáticas”. Esperar pela floresta O projecto do ISA faz parte de várias redes de infra-estruturas de investigação portuguesas e internacionais – entre as quais a rede global Fluxnet, que reúne os dados de mais de 600 torres idênticas espalhadas pelo mundo que vigiam a respiração do planeta, medindo as trocas entre os ecossistemas terrestres e a atmosfera. A nível europeu integra também o ICOS, um consórcio que junta informações de vários países sobre o ciclo de carbono e os gases com efeito de estufa. Em Portugal, os investigadores do ISA colaboram com outras universidades e institutos e, recentemente, este trabalho passou a fazer parte do programa Porbiota, que coordena vários projectos de investigação sobre biodiversidade. Todo este estudo, lembra Filipe Costa e Silva, começou com uma colaboração entre o Centro de Estudos Florestais, a

Associação de Produtores Florestais e a empresa Amorim Florestal. Os empresários queriam reagir com dados científicos às conclusões de uma investigação que apontava para problemas ambientais ligados à pegada de carbono deixada pelo uso das rolhas da cortiça. Passados alguns anos, os cientistas clarificaram o papel dos sobreiros no combate às alterações climáticas com o sequestro de CO2 e também já mostraram que o descortiçamento não afecta esse desempenho. António Gonçalves Ferreira é um dos proprietários da Herdade da Machoqueira do Grou e diz que a equipa do ISA “pode ficar o tempo que quiser”. Acolheu o projecto de braços abertos e agora até espera vê-lo crescer de um caso inédito no país para uma escala regional. O plano, conta, é conseguir financiamento para instalar mais duas “antenas” de monitorização do montado de sobro, uma no litoral e outra no interior. “Queremos replicar este projecto e fazer uma monitorização em tempo real dos montados a nível regional, em mais localizações, para gerar quase um sistema de avisos aos produtores de cortiça relativamente ao estado do montado no decorrer do ano, sobretudo nas épocas críticas de início e fim da extracção”, refere ao PÚBLICO António Gonçalves Ferreira. O proprietário da herdade é também presidente da União da Floresta Mediterrânica e faz parte da equipa de coordenação do Centro de Competência do Sobreiro e da Cortiça. Sobre o falado declínio do montado de sobro, acredita que vamos a tempo de reagir. “O declínio do montado é uma fase. Qualquer ser vivo tem várias fases. Em Portugal, temos uma grande área na fase adulta e temos alguns problemas de declínio. Devemos lidar com esse problema, pensando também que 10% de áreas de novos povoamentos serão suficientes para contrabalançar os 20 % de área em declínio mais acentuado, e temos de investir fortemente na melhoria da vitalidade dos povoamentos que estão agora numa fase adulta”, diz. É preciso saber esperar pela floresta, avisa. “As coisas têm uma idade útil e um tempo. E o tempo na floresta não é compatível com a noção de tempo que temos hoje em dia, é tudo para ontem e não sabemos esperar. Na floresta, e principalmente na floresta de sobreiros, temos de saber esperar.” O sobreiro sempre foi economicamente importante para Portugal. É a espécie dominante nos montados, cobrindo 23% da área total de floresta e é responsável por 54% da produção mundial de cortiça (o que representará 34% do total das exportações florestais nacionais). Antes de alguém divulgar números sobre a sua capacidade e eficiência no sequestro de CO2, já se sabia a importância que o montado, um ecossistema ímpar no mundo, tem na protecção do solo contra a desertificação. Por essas e por outras, desde 2011, e após um projecto de resolução aprovado por unanimidade na Assembleia da República, o sobreiro, sobro, sobreira, ou chaparro, como lhe quiserem chamar, foi consagrado como a Árvore Nacional de Portugal. Não é só uma árvore na floresta. Fonte: Público


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Radar Denominado “Linx 2020”, o projecto será candidatado ao POSEUR.

Reintrodução do Lince Ibérico alarga-se ao Alentejo Penamacor vai liderar um projecto de reintrodução no lince-ibérico nas serras da Malcata, de São Mamede e na área de Moura/Barrancos e cujo investimento global previsto é de um milhão de euros. De acordo com o presidente da Câmara de Penamacor, António Luís Beites, este projecto envolve ainda os municípios do Sabugal (distrito da Guarda) e de Castelo de Vide (distrito de Portalegre), bem como a EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva. “Todos gostamos muito do nosso lince-ibérico e, naturalmente, queremos voltar a tê-lo nos nossos territórios, até pelo elevado potencial turístico que lhe pode estar associado”, afirmou o presidente deste município do distrito de Castelo Branco, que partilha com o Sabugal a área territorial da Reserva Natural da Serra da Malcata, desde sempre associada ao lince-ibérico. Denominado “Linx 2020”, o projecto será candidatado ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), no âmbito da abertura de um aviso que se destina exactamente à preservação do lince-ibérico. “Esperamos que esta candidatura possa ser aprovada até ao final do ano para que em 2017 já possamos implantar medidas no terreno, de modo a podermos criar novamente condições de habitat natural para que o lince-ibérico volte a ser reintroduzido nestes territórios”, referiu. António Luís Beites explicou que o projecto prevê a concretização de várias acções que devem criar condições que permitam a reprodução e proliferação do coelho bravo, principal alimento do lince ibérico. Entre as medidas delineadas estão a construção e requalificação de cercados para a reprodução do coelho bravo, a criação de morouços, a realização de sementeiras e acções de controlo das espécies predadoras. A entrada em funcionamento do parque de reprodução de coelho bravo que já foi construído na área do Sabugal, a reabilitação do parque existente na área de Penamacor e a construção de um terceiro parque, caso se justifique com a im-

Festival de Balões de Ar quente Alter do Chão, Elvas, Fronteira, Monforte e Ponte de Sor são as localidades anfitriãs do Festival Internacional Balões de Ar Quente que este ano celebra a sua 20ª edição com a habitual participação internacional. Espanha, França, Holanda, Bélgica, Inglaterra e Luxemburgo, entre muitos outros, são algumas das nacionalidades presentes em céu alentejano. Um dos grandes atrativos é a possibilidade de voar gratuitamente num destes coloridos balões, entre os dias 7 e 12 de novembro. A organização do evento fica a cargo da Publibalão (em cooperação com o Alentejo sem Fronteiras – Clube de Balonismo), a empresa pioneira do balonismo em Portugal. Aníbal Soares, piloto

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plementação do projecto, também serão elencadas no projecto. “Temos de criar condições para que o coelho bravo volte a proliferar e, portanto, implantaremos também um plano de ordenamento, controlo e monitorização do coelho bravo (...), visando saber quando é que será possível proceder à reintrodução do lince”, acrescentou o autarca. Segundo especificou, este é um projecto autónomo, mas que não deixará de entroncar no que já estava delineado no programa “LIFE+Iberlince”, que promoveu a reintrodução do lince na Península Ibérica, mas que acabou por não abranger o território da Serra da Malcata como estava inicialmente previsto. “Apesar de ser um processo diferente, obviamente que temos de ter parâmetros comuns porque só faz sentido casando uma coisa com a outra. E, sinceramente, creio que era excelente para todos nós se, no futuro, conseguíssemos comprovar que ter desligado a Malcata do programa D.R.

profissional, sócio-gerente da Publibalão e organizador do 20º FIBAQ, assinala que “em breve será publicada, na página do Facebook do evento, toda a informação sobre as inscrição nos voos grátis” para assegurar a quem viaja até ao certame a certeza que irá voar (ou não), dadas as centenas de solicitações de anos anteriores. Os fatores meteorológicos serão a única variante incontrolável, que poderão condicionar algumas das atividades agendadas. Depois de 19 edições marcadas pelo sucesso, este é já um dos maiores e mais importantes festivais da Europa. Um lugar de intercâmbio de experiências entre pilotos, conhecimento técnico e a inovação da atividade.

LIFE foi de facto um erro cometido na anterior legislatura”, afirmou. De Silves até à Maia – morreu o Kentaro PUB

O lince ibérico Kentaro morreu atropelado no concelho da Maia no passado dia 15 de Outubro, anunciou Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O animal, que nasceu em 2013 no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico em Silves, foi libertado em Dezembro de 2014 no âmbito do projecto Life Life “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince Ibérico (Lynx pardinus)” em Espanha e Portugal. Desde a sua libertação, Kentaro iniciou uma viagem de cerca três mil quilómetros, passando pelo norte da Península Ibérica, atravessando a cordilheira cantábrica e entrando novamente em Portugal pela Serra de Montesinho. Depois de regressar novamente a Espanha “foi alvo de uma tentativa de captura, em Dezembro de 2015”, diz o ICNF em comunicado. O último registo do trajecto, disponibilizado pela coleira com GPS, deu-se em Ourense, tendo percorrido até essa altura 2410 quilómetros. A sua localização era desconhecida desde Março. No entanto, calcula-se, agora que foi encontrado no concelho da Maia, que terá percorrido mais de uma centena de quilómetros até ter morrido.


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Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora Tel. 266 750 140 Email geral@registo.com.pt SEMANÁRIO

Empreendedorismo

Estremoz apresenta ENOVE+ A cidade de Estremoz acolhe nos dias 2 e 3 de novembro a edição 2016 da ENOVE+, Feira de Emprego e Empreendedorismo, promovida pelo Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), e que vai decorrer no Parque de Feiras e Exposições daquela cidade alentejana. A ENOVE+ reúne mais de quatro dezenas de expositores e uma montra de ofertas formativas e empresas que pretende estimular a criação de emprego e definir oportunidades de futuro associadas ao ensino. O certame, que nos últimos anos passou por Portalegre, Elvas, Sousel, Campo Maior, Nisa, Alter do Chão e Ponte de Sor congrega conferências e workshops que vão dar uma atenção especial aos sectores do turismo e da agricultura. Em declarações à Rádio Portalegre o coordenador da Enove+, Artur Romão, referiu que o cariz itinerante da feira tem contribuído para “uma divulgação mais eficaz” junto de toda a população, que gratuitamente, pode visitar e participar no evento. No dia a seguir (14:00) destaque para o workshop de subordinado ao tema “ tratamento e sanidade em animais de companhia”. (Susana Mourato). PUB

Saúde Economia

Gastronomia e Tapetes em Arraiolos “Terra dos Tapetes” - é assim que é conhecida a vila de Arraiolos, que vai receber a Feira do Tapete de Arraiolos e o 8º Festival da Empada, no âmbito da 16º Mostra Gastronómica. A iniciativa vai decorrer entre 28 de Outubro e 6 de Novembro, no Pavilhão Multiusos local. A feira espera receber nesta edição mais de 25 mil visitantes. Para este ano, “a expectativa é redobrada”, segundo a organização do evento. A autarquia pretende que os visitantes conheçam “não só o património, como a gastronomia”. A empada vai ser a “rainha das festividades”, acompanhada pela melhor gastronomia da região e pelo ícone da terra, o Tapete de Arraiolos, que poderá ser adquirido na feira. O concelho, que vai estar em festa durante dez dias, vai dar a conhecer a restauração local, comércio de tapetes e tapeçarias.

Sementes só com moderação e controlo de qualidade A ingestão de sementes como a chia, girassol, sésamo ou quinoa está a preocupar médicos e nutricionistas que têm recebido pacientes com problemas causados pelo consumo excessivo destes alimentos, que chegam ao mercado sem controlo de qualidade. “São produtos vendidos em supermercados, em casas comerciais sem controlo de qualidade nenhuma, induzindo nas pessoas a ideia de que podem consumir há vontade, que é muito saudável, e que não desencadeia qualquer tipo de situação ou sintomas colaterais, mas isso não corresponde à verdade, disse à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, José Cotter. O médico adiantou que as sementes são utilizadas com o “objetivo principal de estimular o intestino”, havendo pessoas que as consomem “indiscriminadamente” e “excessivamente” para

esse fim. Este comportamento pode “originar sintomas de mal-estar”, como muita flatulência ou oclusão intestinal (nos casos mais graves) que levam as pessoas ao médico, quando “a solução do problema é reduzirem a sua ingestão”, advertiu. E, segundo especialista, “é muito frequente” aparecerem nas consultas de gastroenterologia doentes com este tipo de sintomas. Para evitar este risco, o consumo deve ser feito sob orientação médica, uma vez que estes alimentos estão contraindicados em doentes com determinadas patologias, como a doença de Crohn ou perturbações no tubo digestivo. Para a bastonária da Ordem dos Nutricionista, Alexandra Bento, “o que pode ser verdadeiramente preocupante” é os consumidores acharem que “as se-

mentes são a panaceia dos maus hábitos alimentares”. Alexandra Bento ressalvou que “as sementes são saudáveis” e “importantes para alimentação”, porque são ricas em fibras, vitaminas, minerais e outros fitoquímicos, mas não se pode é pensar que vão resolver os problemas alimentares. “A alimentação saudável é aquela que se pauta pelo equilíbrio, pela variação e pela variedade de alimentos”, defendeu, alertando para os perigos das modas na alimentação. O risco desta “nova moda” é a maneira como as sementes estão a ser ingeridas, disse Alexandra Bento, alertando: O consumo pode ser “perigoso e incorreto” se for feito “sem a diluição perfeita, sem a trituração necessária” e de forma exagerada”, só porque pensa que é “tremendamente saudável. Fonte: Lusa


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