Registo Ed.265

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SEMANÁRIO

Director Nuno Pitti Ferreira | Junho de 2017 | Mensário| ed. 275 | 0.50€





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Sílvia Pinto em ENTREVISTA “Valorização sócio-cultural, melhoria da rede viária e proximidade” foram prioridades deste mandato

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BIME suspensa Alentejo com por falta de observatório verbas para o turismo

Feira Quinhentista de Montoito

As acessibilidades mote para a campanha?

PÁG.03 A Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME), que deveria acontecer na semana passada, não se realizou por falta de financiamento, anunciou a organização, criticando “quem organiza e decide” os apoios nacionais e comunitários. “Não temos BIME porque não há financiamento, nem nacional, nem europeu. Há dinheiro aí por todo o lado, mas aqui o dinheiro não chegou”.

PÁG.08 Ao longo de todo o dia 27 de maio, a vila de Montoito foi o palco da primeira de duas feiras quinhentistas que decorrem no concelho por ocasião das celebrações dos 500 anos da atribuição dos forais novos. Foi por volta das 10h que a Feira Quinhentista arrancou transportando toda a freguesia para uma viagem intemporal onde não faltaram alguns dos momentos mais emblemáticos e personagens características daquele período.

PÁG.09 É antes do ópio que a minha alma está doente, escreveu Álvaro de Campos, dando início a uma “pregação” desiludida, pessimista, simbolicamente destrutiva até, sobre a sua vida, e, afinal, sobre o Portugal que julgava decadente e que não soube cumprir o seu destino. Imagino que com uma menor carga poética mas com um igual sentimento de incompreensão e de pessimismo com que o poeta se exprime no seu poema.

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PÁG.04 O Alentejo vai ser a primeira

região do país a ter um Observatório de Turismo Sustentável, para monitorizar a atividade turística e o impacto social e ambiental do setor, revelou o Turismo de Portugal. “Para termos um turismo mais sustentável, claramente, temos que ter mais conhecimento daquilo que é o nosso impacto no terreno e na sociedade. Basicamente, é isto que o observatório vai fazer, a um nível regional”.

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Junho ‘17

A Abrir PROFETAS DA DESGRAÇA NORBERTO PATINHO

Deputado - Grupo Parlamentar do PS

Enquanto todos os estudos revelam um claro aumento da confiança no Governo, Passos Coelho e os seus seguidores no PSD mantêm o discurso da hecatombe. Com enorme esforço e duvidosa imaginação vão-se dedicando a profetizar toda a espécie de catástrofes. Felizmente para os portugueses, não há meio de acertarem uma. Em vez da diabólica catástrofe, repetidamente anunciada pela direita, as tão faladas reversões das medidas da austeridade devolveram rendimento às famílias, trouxeram mais justiça social e forneceram o impulso necessário para relançar a economia. Cumprindo um amplo programa de recuperação e crescimento do rendimento das famílias, com aumentos dos salários, das pensões e das prestações sociais, o Governo conseguiu

um forte crescimento da economia (2,8% no primeiro trimestre), o maior crescimento do investimento dos últimos 6 anos, o maior volume de exportações de sempre, a maior criação de emprego dos últimos 18 anos (145 mil empregos criados nos últimos 12 meses) e a mais baixa taxa de desemprego dos últimos 8 anos (9,8%). Na frente orçamental, desmentindo todas as profecias catastrofistas, alcançou-se o défice público mais baixo dos últimos 44 anos e a divida pública líquida baixou pela primeira vez ao fim de 17 anos. Em apenas um ano e meio o Governo do PS conseguiu livrar o País das sanções pelos incumprimentos do Governo de Passos Coelho e passar das ameaças de sanções à decisão da Comissão Europeia de livrar Portugal do Procedimento por Défice Excessivo.

Mas, os profetas da desgraça não desmobilizam e de cada vez que se ultrapassa uma prova, aí estão eles, com novas e mais negras profecías. Não tendo propostas construtivas, não tendo alternativas para apresentar aos portugueses, anunciam, de forma irresponsável, o chumbo do Regadio de Aqueva pela Comissão Europeia e não conseguem evitar de trazer para o mundo da politiquisse uma matéria tão séria como é a relacionada com os fogos florestais. É assim na saúde e na educação. Esquecendo o estado calamitoso em que deixaram essas áreas e tentando esconder que a responsabilidade, de muitas das situações que agora propagandeiam, é resultado da sua governação, vão denunciando todos os problemas que existem em escolas, centros de saúde ou hospitais que eles deixaram degradar.

Não fizeram o que deviam ter feito e mostram agora incómodo pelas situações que eles próprios criaram. Mas, enquanto esperam e deseperam, o Governo do PS vai superando os obstáculos e, contra os envergonhados desejos da oposição, irá levar a água ao seu moinho. Viver a anunciar e propagandear o mal e o desastre é doentio e não contribui para a resolução dos problemas. Abre sim o caminho para a desgraça. Os portugueses não precisam de profetas da desgraça. Os portugueses precisam de aprofundar o caminho que tem sido seguido neste último ano e meio. Os portugueses precisam de olhar o futuro com otimismo, com esperança e confiança.

Dar uma lição a Trump LUÍS TIRAPICOS NUNES

Advogado

Nos últimos dias, a polémica posição do presidente dos Estados Unidos sobre o Acordo de Paris tem estado na ordem do dia. Mas será que sabemos o que é o Acordo de Paris? E será que a nossa atitude diária respeita esse acordo? O AP foi assumido no final de 2015 (na Cimeira do Clima) em torno de um princípio fundamental: a necessidade de todos reconhecermos que as alterações climáticas são uma ameaça real e urgente para os povos e para o mundo, com consequências provavelmente ir-

reversíveis. Assim, os países comprometem-se a manter o “aumento da temperatura média mundial muito abaixo de dois graus celsius” em relação aos níveis anteriores à industrialização da sociedade. Ou seja, têm de trabalhar para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, que causam o tal aumento da temperatura. E obrigam-se a rever progressivamente essas metas para que o acordo tenha sucesso. Mas as mudanças nos países e nas indústrias

nacionais custam dinheiro. Quem paga tudo isto? Está escrito que os estados mais ricos devem ajudar os mais pobres. Ora Trump não gosta disso. Em boa verdade, há três coisas com que o presidente norte-americano não concorda: as metas de emissões estabelecidas, o apoio aos países mais pobres e o valor do investimento na investigação de novas soluções. No fundo, Trump diz que o acordo prejudica a economia do EUA e que o obrigaria a distribuir riqueza nacional para os outros países. Para

além disso, gosta de negar que as alterações climáticas sejam reais. Todo o mundo, neste momento, aguarda a resposta da União Europeia. E a solução não será difícil de encontrar. Eu já a encontrei e penso que seria uma boa lição a Trump: prosseguirmos nós com o acordo. E juntarmo-nos aos países que também o quiserem manter, para criarmos uma verdadeira economia verde, em que só entram aqueles que quiserem proteger o nosso planeta.

A Falta de Médicos no Distrito de Évora é um Problema Muito Grave

ANTÓNIO COSTA DA SILVA

Deputado - Grupo Parlamentar do PSD

Já várias vezes tenho manifestado fortes críticas devido à falta de médicos no Distrito de Évora. Desta vez trago um problema da freguesia de Santiago Maior, concelho do Alandroal. Os habitantes da freguesia de Santiago Maior, concelho do Alandroal, no distrito de Évora, têm manifestado um forte desagrado pela falta de médicos naquela localidade. São sistematicamente surpreendidos com anúncios informando que a médica de serviço na Extensão de Saúde de Pias vai estar ausente. Foram-me enviadas inúmeras fotos com os respectivos anúncios. A população daquela localidade está cheia de razão. Compreendo que a responsabilidade não seja

da médica em questão e de outros profissionais do setor da saúde, mas sim de um sistema de saúde na região e do País que não responde às necessidades da sua população, sobretudo para aqueles que mais necessitam. Os utentes deste concelho do interior do Alentejo queixam-se e estão cheios de razão. Não se compreende a não solução deste problema que há muito já deveria estar resolvido. A população do interior, sobretudo a mais envelhecida e com menos recursos, não pode aceitar de uma forma passiva a falta de solução deste grave problema. São várias as localidades do Distrito de Évora que sofrem do mesmo mal. As soluções persistem em não aparecer.

O concelho do Alandroal tem cerca de 5850 habitantes e a freguesia de Santiago Maior cerca de 2205, sendo que é, maioritariamente, constituído por uma população bastante idosa. A maioria dos habitantes não tem médico de família. Os utentes deste concelho são obrigados a deslocarem-se aos centros de saúde dos concelhos vizinhos ou a médicos do sistema privado para tentar resolver os seus problemas e dos seus familiares. Note-se que muitos destes cidadãos não têm meios para conseguirem o acesso à saúde. Este é um dos concelhos mais pobres do País, pelo que merece uma atenção redobrada.

Esta é uma situação que se está a tornar claramente insustentável e que merece uma intervenção urgente por parte do Ministério da Saúde. Esperemos que o desinvestimento que tivemos no último ano no setor da saúde não continue a persistir. Não investir em infraestruturas, sobretudo no seu melhoramento, não é positivo. Não investir em equipamentos também é grave. Adiar e esconder despesas debaixo do tapete, tal como tem feito este governo, é muito mau. Mas não investir em médicos é extremamente grave. A expetativa é que o Ministério da Saúde não abandone os seus cidadãos, tal como tem vindo a fazer no último ano.

Ficha Técnica Director Nuno Pitti Ferreira TE 738 (nuno.pitti@registo.com.pt) Registo ERC nº125430

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Atual “Não temos BIME porque não há financiamento, nem nacional, nem europeu.”

BIME suspensa por falta de verbas A Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME), que deveria acontecer na semana passada, não se realizou por falta de financiamento, anunciou a organização, criticando “quem organiza e decide” os apoios nacionais e comunitários. “Não temos BIME porque não há financiamento, nem nacional, nem europeu. Há dinheiro aí por todo o lado, mas aqui o dinheiro não chegou”, lamentou à agência Lusa José Russo, diretor do Centro Dramático de Évora (Cendrev), entidade promotora da iniciativa. A BIME, festival de marionetas iniciado em 1987, deveria ter decorrido em 2015 e foi adiada para 2016, mas, nesse ano, voltou a não ser organizada, tendo os atrasos sido causados pela “ausência de fundos comunitários”. Quanto à edição 2017 do certame, que “devia estar a arrancar”, o Cendrev anunciou , em comunicado, que também não vai ter lugar, “porque quem organiza e decide os financiamentos europeus e nacionais para as atividades culturais não quer que este evento se realize”. Em declarações à Lusa, José Russo escusou-se a indicar quais as entidades responsáveis por essa falta de financiamento e disse que o seu papel “não é apontar dedos a ninguém”, mas considerou “estranho” que, “de repente”, a companhia seja confrontada com “situações em que dizem que a bienal não pode ser candidatada a fundos europeus”. “É uma coisa absurda e não posso deixar de manifestar a minha indignação. Há festivais a acabar, companhias a fechar portas e nós, qualquer dia, também fechamos a porta, é impossível aguentar isto”, desabafou, aludindo à falta de fi-

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nanciamento. Segundo José Russo, a organização da BIME dispõe “de apoios logísticos da câmara e até de apoios de alguns marionetistas”, que se disponibilizaram para participar a “valores reduzidos”. “Mas temos que pagar viagens de avião, hotéis e alguns ‘cachets’ e, portanto, é pre-

ciso algum dinheiro. Não é muito, precisamos à volta de 150 ou 170 mil euros para fazer a bienal”, mas tal não é possível “sem financiamento”, frisou. No comunicado, o Cendrev lembrou que o processo para viabilizar o calendário regular da BIME foi “iniciado em outubro de 2014” e envolveu “vários contac-

tos, protocolos assinados e candidaturas organizadas e apresentadas”. Em 2015, o Cendrev, a Câmara de Évora, a Direção Regional de Cultura do Alentejo e a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo até assinaram um protocolo de colaboração para viabilizar a bienal e, no ano passado, o município candidatou a fundos comunitários o programa cultural “Confluências”, que incluía vários projetos, um deles a BIME. A candidatura foi recusada pela autoridade de gestão do programa comunitário regional Alentejo 2020 e, em abril deste ano, a câmara anunciou que tinha contestado este “chumbo” junto do Governo, aguardando ainda a resposta. Na altura, contactada pela Lusa, a autoridade de gestão do Alentejo 2020 limitou-se a explicar que, tal como acontece com todas as candidaturas, foram aplicados os regulamentos dos fundos comunitários, os quais ditaram que não tivesse sido admitida. “Não sei de quem é a culpa. Minha não é, porque queríamos fazer a bienal, não por teimosia, mas porque este é um evento que mexe com a região e com a cidade e que tem um prestígio muito grande em termos internacionais”, realçou hoje José Russo, que lamentou ainda: “A conclusão a que chegamos é a de que não há vontade”, por parte de “alguém”, para que “a BIME aconteça”. Em vez da BIME, o Cendrev , realizou, até domingo, no Teatro Garcia de Resende, espetáculos com os Bonecos de Santo Aleixo, marionetas tradicionais do Alentejo e que “ganham vida” através dos atores da companhia.

Dinâmicas da Gestão

Unicórnios: Mitologia, Realidade ou Utopia? JOSÉ EDUARDO CORREIA

Docente do Departamento de Gestão e Investigadora do CEFAGE, Universidade de Évora

Unicórnios são animais mitológicos que têm a forma de um cavalo, geralmente branco, com um único chifre em espiral. Recentemente, em Novembro de 2013, Aileen Lee (fundador da sociedade de capital de risco Cowboy Ventures) utilizou o termo “Unicórnio” para classificar as novas empresas (startups) tecnológicas que são avaliadas em mais de mil milhões de dólares e ainda não estão cotadas em Bolsa. Alguns exemplos são a UBER, a Dropbox ou Airbnb. Independentemente se são empresas lucrativas ou sustentáveis financeiramente, o que está em causa é o potencial de crescimento, que se espera muito elevado. Os unicórnios angariam milhões (ou até milhares de milhões) de dólares em sociedades de capital de risco e fundos de investimento de modo a acelerar o crescimento e expansão do negócio. São empresas globais, que em pouco tempo são reconhecidas e utilizadas por milhões de pessoas. Atualmente existem 157 unicórnios no mundo e para ser ter uma ideia, as 10 maiores são: 1. Uber - 68 mil milhões de dólares 2. Didi Chuxing - 50 mil milhões de dólares 3. Xiaomi - 46 mil milhões de dólares

4. Airbnb - 31 mil milhões de dólares 5. Palantir - 20 mil milhões de dólares 6. Lufax - 18,5 mil milhões de dólares 7. SpaceX - 12 mil milhões de dólares 8. Flipkart - 11,6 mil milhões de dólares 9. Pinterest - 11 mil milhões de dólares 10. Dropbox - 10 mil milhões de dólares O maior Unicórnio é a UBER, que atualmente tem um valor superior à General Motors ou à Ford (empresas cotadas em Bolsa). A origem da UBER tem o epicentro em Paris, quando dois americanos, Travis Kalanick e Garret Camp, não conseguiram apanhar um táxi numa tarde de neve. Quando voltaram para os Estados Unidos, desenvolveram uma aplicação gratuita para smartphone, em que através da app, confirma-se o local onde irá iniciar a viagem e em poucos minutos, um motorista apanha o cliente para levá-lo ao seu destino. As vantagens da UBER são diversas, desde permitir observar o percurso do motorista em tempo real até chegar ao cliente, até saber quanto se vai pagar no início do percurso. A UBER desde 2009 já angariou cerca de 13 mil milhões de dólares de investidores, apesar de ter perdas acumuladas de 8 mil milhões. Em 2016 as receitas foram de 6,5 mil

milhões de dólares nos 75 países que opera, mas as perdas ascenderam a 3,9 mil milhões de dólares. A este ritmo, será complicado os investidores recuperarem e obter mais valias com os investimentos efetuados. A expectativa passa por colocar a UBER em bolsa através de uma oferta pública de venda inicial (IPO) e que a venda das ações seja muito rentável para os atuais investidores. A Snapchat, até Fevereiro de 2017 um dos maiores unicórnios com um valor estimado de 18,2 mil milhões de dólares, colocou as suas ações em bolsa através de um IPO a 1 de Março de 2017. O preço fixado de $17 gerou muita procura e no primeiro dia, a ação valorizou 44% (fechou a $24,48). No entanto, a euforia inicial arrefeceu e atualmente a ação está cotada a $20. Só que as dúvidas (e dívidas) são muitas. As receitas do primeiro trimestre de 2017 cifraram-se nos 149,6 milhões de dólares, mas os prejuízos ascenderam a 2,21 mil milhões de dólares (no primeiro trimestre de 2016 tinha tido um prejuízo de 104 milhões de dólares). Por último, refira-se que há uma empresa portuguesa que consta nesta lista exclusiva, a Farfetch. Esta empresa dedica-se ao e-commerce de produtos de luxo e está avaliada atualmente em cerca de 1,5 mil milhões de

dólares. Com origens em Leça do Balio (Matosinhos), mas que como o fundador José Neves refere, é uma empresa “luso-britânica de gema” porque foi criada em Portugal e Londres ao mesmo tempo. A plataforma de e-commerce permite que um cliente em qualquer parte do mundo possa adquirir um artigo de luxo que esteja numa loja na outra ponta do mundo, e possa receber esse artigo na sua casa. A Farfetch faturou em 2016 mais de 450 milhões de dólares, o que a torna líder no mercado que opera. Apesar da euforia dos investidores face aos Unicórnios, há já quem fale numa nova bolha tecnológica. As startups são muito valorizadas e quando as suas ações são colocadas em Bolsa, apresentam elevadas valorizações, mas continuam a apresentar prejuízos avultados e muitas delas não conseguem apresentar um potencial de crescimento que lhes garanta uma vida longa e sustentável. Muitos destes unicórnios devem desaparecer dentro de uns anos e provavelmente haverá lugar para um novo animal mitológico. Sendo o valor dos unicórnios real ou meramente uma utopia, a verdade é que são estas empresas as estrelas cintilantes que os mercados bolsistas esperam ansiosos pelos seus IPOs.


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Atual “É uma das medidas da Estratégia 2027 e faz parte daquilo que defendemos para a sustentabilidade do setor”

Alentejo com observatório para o turismo O Alentejo vai ser a primeira região do país a ter um Observatório de Turismo Sustentável, para monitorizar a atividade turística e o impacto social e ambiental do setor, revelou o Turismo de Portugal. “Para termos um turismo mais sustentável, claramente, temos que ter mais conhecimento daquilo que é o nosso impacto no terreno e na sociedade. Basicamente, é isto que o observatório vai fazer, a um nível regional”, explicou hoje à agência Lusa o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo. O Turismo de Portugal, em comunicado, anunciou que vai criar este Observatório de Turismo Sustentável do Alentejo, em parceria com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, a Universidade de Évora, o Instituto Politécnico de Portalegre e o Instituto Politécnico de Santarém. O memorando de entendimento para a concretização e avanço do projeto, entre os cinco parceiros, foi assinado na passada quinta-feira, em Évora, no âmbito da Conferência Green Project Awards dedicada ao Turismo Sustentável. Segundo Luís Araújo, trata-se de “um acordo muito feliz entre turismo e academia”, que vai permitir ao Turismo de Portugal concretizar uma das medidas de PUB

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sustentabilidade previstas na Estratégia Turismo 2027. O observatório “é uma das medidas da Estratégia 2027 e faz parte daquilo que defendemos para a sustentabilidade do setor”, indo também ao encontro da recomendação da Organização Mundial de Turismo (OMT) para a criação de “observatórios regionais que monitorizem e recolham informação sobre a atividade

turística” e indiquem “de que maneira pode ser mais sustentável”, disse. “Sem sabermos como é que nos estamos a comportar, como é que a nossa empresa se está a comportar, numa perspetiva social e ambiental, dificilmente tomamos medidas para sermos mais competitivos e, principalmente, mais sustentáveis” e “esse é o grande objetivo deste observatório”, frisou.

Para que o setor turístico possa ser mais sustentável, defendeu Luís Araújo, é preciso ter “mais conhecimento daquilo que é o impacto” desta atividade “no terreno e na sociedade”, cabendo ao observatório medir esta “pegada” regional, ao nível “dos turistas, dos empreendimentos e das empresas”. “É ter o máximo de informação credível, não só sobre este setor, como sobre os seus impactos, aquelas que são as perceções dos turistas e dos residentes em relação ao turismo” e de que forma é que é possível “promover a região de uma maneira mais sustentada”, canalizando “os fluxos turísticos de determinadas áreas para outras”, precisou. Os cinco parceiros do Observatório de Turismo Sustentável do Alentejo ainda vão definir quando é que este “vai para o terreno”, mas, este ano, já vão decorrer “algumas iniciativas” relacionadas com “a recolha de informação e aumento do conhecimento” sobre a atividade turística na região, admitiu o responsável. “O Alentejo é a primeira região” a acolher este projeto, mas “um dos objetivos” do Turismo de Portugal “é criar um observatório em cada uma das regiões” do país, replicando este modelo, assumiu o presidente da entidade.


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Atual Jogos em Arraiolos com forte adesão popular.

Encontro Internacional do Jogo da Malha e do Jogo Popular D.R.

A CIMAC – Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central programou este Encontro Internacional que contou com o apoio da Câmara Municipal de Arraiolos. O “Coral Sénior” , o “Grupo Instrumental Sénior” e a “Escola de Cavaquinhos” que integram o “Projeto Sénior” da Câmara Municipal de Arraiolos participaram na animação do evento. A demonstração dos jogos populares que se realizou na Praça do Município foi merecedora de elevada adesão. A iniciativa teve o apoio da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda e proporcionou uma interação entre várias gerações, um “encontro intergeracional onde miúdos e graúdos se divertiram com os mais variados jogos tradicionais presentes no Multiusos de Arraiolos” segundo declarações da CIMAC. Participaram neste Encontro a Associação Unidos de Santana do Campo, Junta

de Freguesia de S. Miguel Machede, Associação de Jogos Tradicionais da Guarda, Associação Cultural e Recreativa dos Amigos das Póvoas, Associação Recreativa e Cultural Arcozelo, Amigos dos Bombos, Associação de Música Tradicional, Associação das Coletividades do Concelho de Valongo, Clube de Atividades de Lazer e Manutenção – CALMA, Núcleo dos Naturais e Amigos de Cabeço de Vide, Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal e Associação de Coletividades. As Associações internacionais presentes foram: a Federació Catalana de Joc Tradicional, Asociación Cultural la Tanguilla, Asociación cultural y científica de Estudios de Turismo, Federazione Italiana Giochi e Sport Tradizionali, Tiempo Libre y Deporte, Asociación de Xogadores de Chave de Santiago de Compostela e Club des Rouleurs de Barriques de Lussac Saint-Emilion.

25ª Festa da Malha A Câmara Municipal de Arraiolos apoiou a iniciativa da CIMAC nos dias 20 e 21 de maio - Encontro Internacional da Malha e do Jogo Popular - eventos que integra as comemorações dos 25 anos da Festa da Malha. Durante estes dois dias contamos com momentos de convívio entre várias associações nacionais e internacionais, várias demonstrações de jogos, animação cultural e musical, exposições e venda de Jogos e Brinquedos tradicionais. O Encontro contou com 6 associações internacionais e 12 associações nacionais que têm como objetivo comum dar a conhecer a riqueza cultural do território nacional e europeu, valorizando o “Jogo da Malha” e os jogos populares/tradicionais enquanto atividades lúdicas. A 25ª Festa da Malha realiza-se em simultâneo com o Encontro, no domingo, dia 21 de maio e teve mais de quatro centenas de participantes. O Encontro Internacional da Malha e

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do Jogo Popular e a 25ª Festa da Malha decorreram na Praça do Município de Arraiolos e no Arraiolos Multiusos . Esta iniciativa conta também com o apoio dos municípios associados da CIMAC e da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda (AJTG).


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Junho ‘17

Exclusivo “Temos uma situação financeira boa. Desde 2013 que não temos dívidas a mais de 90 dias.”

Entrevista à Presidente da Câmara de Arraiolos, Sílvia Pinto.

”Campo da Feira e o Castelo com posto de turismo são prioridades“ Rute Marques | Texto Quais as marcas de gestão que ficam deste mandato à frente da Câmara de Arraiolos? A qualificação dos projetos na área sócio-cultural, a promoção do concelho, a sensibilização para as questões do ambiente com a campanha “Arraiolos + Limpo” e a recuperação de vidrões, a conclusão da beneficiação da rede viária municipal e uma interven-

ção de proximidade, com resposta às questões dos munícipes e das associações, criando um espaço de diálogo que designamos “À conversa com as populações”, são algumas das ações que marcam o mandato. Os eventos como a Feira S. Boaventura, O Natal, A Mostra Gastronómica mereceram uma programação cuidada que foi bem recebida pela população. Fazemos um balanço positivo

do mandato apesar de um conjunto de alterações que tivemos logo no início, com um conjunto de legislação que veio alterar os procedimentos. A extinção de quatro freguesias, aqui no nosso concelho, questão que não foi resolvida, e que foi motivo de luta por parte das populações, que acompanhamos no plano político com as propostas do PCP - para que fossem devolvidas as freguesias – e que a AR não aprovou, também provo-

cou dificuldades. Depois a legislação de enquadramento orçamental veio obstaculizar alguns dos trabalhos, continuando a desrespeitar a autonomia financeira do Poder Local, retirando meios às autarquias. Refere-se ao PAEL? No nosso caso não. Temos uma situação financeira boa. Desde 2013 que não temos dívidas a mais de 90 dias. Mas tivemos outros

constrangimentos, nomeadamente, com o Quadro Comunitário, o Portugal 2020, que demorou muito tempo a arrancar. Agora e há bem poucos meses é que as coisas começaram a desenvolver-se. Neste momento, já se conseguiu fazer aprovar uma candidatura, cuja obra iniciamos, a “Regeneração do Cineteatro”, (com um prazo de ano e meio) que vai permitir uma nova programação, no Teatro, na música, com concertos, fi-


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Exclusivo “O Tapete de Arraiolos é um elemento fundamental na atratividade turística.” D.R.

cando preparado para no futuro ter também cinema – sendo necessária a aquisição de novo equipamento de projeção. Esta intervenção vem responder ao problema do acesso de pessoas com mobilidade reduzida, dado que o que existia tinha muitos anos e essas situações antes não eram tomadas em conta. Teremos uma sala de espetáculos renovada, com melhores condições, não só para os espetadores como para os artistas, com novo espaço para os camarins, e um conjunto de infra-estruturas que, neste edifício, já não davam a resposta necessária e de qualidade. A obra vai ser financiada em 765 mil euros por parte do Portugal 2020 (integrado no PARU) mas é uma obra de mais de um milhão de euros, e será do orçamento da Câmara que vai sair o resto.

Além deste, tem em perspetiva algum outro projeto financiado pelos fundos comunitários? Neste momento esgotámos a verba máxima que tínhamos da primeira ronda do PARU. No entanto temos um conjunto de projetos que estão a ser desenvolvidos para apresentar candidatura, um é exatamente a Piscina Municipal coberta (para o qual aguardamos que abra candidatura), um outro, na Barragem de Divor, também a escola de Igrejinha, para a qual o projeto que estamos a desenvolver prevê a intervenção no espaço exterior e no edifício, porque hoje a Escola tem uma dinâmica diferente da existente no tempo em que esta foi construída. Temos também prevista a adaptação do espaço do campo da Feira e estamos a trabalhar em conjunto com a Direção Geral da Cultura para avançar com um projeto para o Castelo – com posto de turismo, com quiosque – criando outro tipo de respostas porque o que sentimos é que os turistas passam, visitam-no mas não têm um elo de ligação com a vila. Há um conjunto de acções que estamos a desenvolver, projetos municipais que integram a ação municipal, nomeadamente, a já referida “Intervenção Integrada no Cineteatro e Envolvente”; Beneficiação do Campo Cunha Rivara; Beneficiação das Piscinas Municipais; Parques Infantis do Concelho; Área Recreativa da Igrejinha; Modernização do Complexo Turístico da Manizola “Manizola +”; Apoio a Infraestruturas e Equipamentos; Projeto para Casa Mortuária em Arraiolos; Beneficiação de Polidesportivos; Elaboração do Plano Desportivo Concelhio em colaboração com as escolas e agentes desportivos; Beneficiação no troço da antiga ER370 com iluminação pública e pavimentação, criação de zona pedonal e de um passadiço em madeira entre a Rua da Parreira e a Rotunda Norte. A par disso, qual o investimento em infraestruturas em anos anteriores … No anterior quadro comunitário a Câmara avançou com a Rede Viária II, um conjunto de arruamentos e ligação a localidades várias do concelho – num investimento de mais de 1 milhão de euros, em continuidade da Rede Viária I que também já tinha tido um grande investimento. Neste momento, penso que o concelho tem uma das melhores redes viárias do distrito de Évora, senão da região. Alguma requalificação urbana foi realizada com fundos próprios do município, nomeadamente em arruamentos, obras que estão a decorrer. Desde que abriu as portas que efeitos são visíveis do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos? Temos tido bastantes visitantes de semana e ao fim-de-semana, de grupos organizados - não só pe-

las agências de viagem - mas também coordenados por outros municípios e associações. É um ponto de interesse para o Turismo, tendo crescido muito neste último ano e meio. Vêm a propósito do Tapete de Arraiolos e acabam por visitar também os Paços do Concelho, o Centro Histórico, as Igrejas, o que ocorre ao longo de todo o ano. E quanto ao cumprimento da Lei para o “registo de indicação geográfica de origem” do Tapete de Arraiolos? Os sucessivos governos têm ignorado esta questão. Um claro desrespeito pelo concelho de Arraiolos e pela história deste artesanato identitário da nossa terra. Não têm dado seguimento às medidas previstas na Lei 7/2002 de 31 de janeiro, aprovada por unanimidade, na Assembleia da República, nem deram cumprimento à Recomendação ao Governo, proposta no ano passado, através do grupo parlamentar do PCP, também aprovada por unanimidade. Esta situação não ajuda os produtores de Tapetes de Arraiolos e prejudica a economia local. Que importância é dada em favor das tradições, designadamente a gastronomia, e na ligação à terra ou à ruralidade do concelho, como sucede com os encontros de jogos populares? Consideramos ser algo que deve ser projetado e apoiado pelo município. Por isso há algum tempo que realizamos as semanas gastronómicas. No fundo, num incentivo aos restaurantes a continuarem a promover a nossa gastronomia tradicional. Com base nesta ideia avançámos também com a marca da “Empada de Arraiolos” (com registo no Instituto Nacional de Patente Industrial a partir de 2015) portanto já neste mandato. Acho que os empresários entenderam bem a ideia. Hoje, quando se visitam algumas superfícies já vamos encontrar o logo da “Empada de Arraiolos”, pelo que quem agarrou a ideia está a ter resultados. Ainda em favor das tradições, promovemos a iniciativa “Ao Sabor das Tradições” , um ciclo de showcookings, nomeadamente, com Associação de Reformados de Vimieiro e a Associação “JOVEM”- Jovens Vimieirenses em Movimento, com quem a Câmara Municipal de Arraiolos, promoveu a produção dos bolos tradicionais como as filhós no Carnaval, ou os nogados durante o Natal. Os jogos populares têm expressão no concelho através do movimento associativo, sendo que com a sua atividade contribuem também para a animação e valorização do território. A Câmara Municipal procura o envolvimento de todos os agentes – empresas, IPSS, associações culturais, clubes desportivos, as freguesias – procurando encontrar as respostas necessárias para as populações e para a dinamização da economia local.

Tendo em conta os mais recentes dados económicos e tendo por base a ação do atual governo das esquerdas, que oportunidades considera para o concelho Acho que estamos todos mais animados. Tenho uma perspetiva otimista, se tivermos um pensamento derrotista é pior. Este governo devolveu alguma dignidade aos portugueses e abriu uma janela de esperança muito importante para a defesa dos direitos dos trabalhadores, para a liberdade e para a democracia. Arraiolos tem muito para dar e nos últimos anos temos verificado que o Turismo teve um impulso positivo. Há alguma aposta a nível da restauração, e não só ao fim-de-semana, como também ao logo da semana, também visível nos pequenos alojamentos e no turismo rural. É evidente que nós queremos diversificar a base económica do concelho. A agro-pecuária, a produção de vinho e azeite, bem como o montado têm um papel importante no sector primário. A metalomecânica e outras industrias instaladas na Zona Industrial dão um contributo importante para a desenvolvimento concelhio. Mas são necessárias medidas efetivas de apoio aos territórios do interior, onde a desertificação e o desemprego são o nosso maior inimigo. É um turismo com um foco nacional ou não só? Não. Há muitos turistas estrangeiros. A Cooperativa (Fraternidade Cooperativa de Artesanato de Tapetes de Arraiolos) ainda está em funcionamento? Sim, mas houve uma redução muito grande do número de Casas de Tapetes, relativamente aos meados da década de oitenta do século XX. Tem havido uma evolução positiva de estabelecimentos comerciais ligados ao Tapete de Arraiolos? Depois dessa grande redução, neste últimos anos têm-se mantido. Há alguns anos foi sentida por parte de algumas casas dificuldades em manter-se em atividade? Sim. Mas apesar disso parece haver alguma estabilização, sendo que se perderam unidades de produção e postos de trabalho que dificilmente serão recuperados. E o Tapete de Arraiolos continua a ser o grande dinamizador da atividade económica? Não lhe consigo responder com dados estatísticos. Mas o Tapete de Arraiolos é um elemento fundamental na atratividade turística. Como lhe disse o número de casas tem-se mantido, o que revela que em termos económicos pelo menos têm conseguido resistir, senão as portas já estariam encerradas. Por outro lado a Câmara Muni-

cipal com “O Tapete está na Rua” e com a “Feira do Tapete”, em junho e outubro, respetivamente, procura criar condições para apoiar esta arte e, simultaneamente, promover a economia local. A defesa e valorização do Tapete de Arraiolos é fundamental. Pensamos que os produtores de tapetes de Arraiolos, a Câmara Municipal de Arraiolos e todos os Arraiolenses sabem que o “Tapete” é fundamental para qualquer estratégia de desenvolvimento do concelho. Do ponto de vista da transmissão de conhecimento e da formação a autarquia pode ter aqui alguma ação? Esse é um dos nossos pontos no âmbito da Candidatura a Património Imaterial, na medida em que se assegure a formação e que se consiga chegar à escola. Hoje a escola deixou de ensinar a fazer tapete, houve alterações neste campo e antes quem andava na escola aprendia. A questão da transmissão do conhecimento é importante, o que não quer dizer que toda a gente venha a produzir tapetes e realço que não é esse o nosso objetivo, mas sim transmitir o saber. Se há alguns anos atrás as mães transmitiam às filhas – essencialmente no género feminino o que não quer dizer que homens não sabem fazer - hoje isso já não acontece, as pessoas da minha geração não ensinam os filhos, porém eu aprendi com minha mãe… No sentido da preservação do saber há alguns anos enquanto decorreu um movimento de alguma regulamentação do setor aqui em Arraiolos e por via da Associação Monte foram levadas a cabo ações de formação … a par disso, existe uma preocupação de quem produz e quem gere quanto aos motivos Essas ações foram e são importantes para o Tapete de Arraiolos. Para mim nem tudo o que é feito com ponto de Arraiolos é Tapete de Arraiolos. Acho que há espaço para a inovação para a evolução e modernização. Podemos utilizar o ponto de Arraiolos, mas para fazer um Tapete de Arraiolos temos de cumprir determinadas regras: fazer um tapete com a “Minie” não pode ser considerado um Tapete de Arraiolos. A profissão da tapeteira está regulamentada? É uma artesã. Essa é a outra questão, porque as pessoas não veem no fazer do tapete (de Arraiolos) um trabalho que de um rendimento digno, por serem mal pagas, e é esse um dos pontos centrais. A valorização do tapete e do trabalho das tapeteiras é muito importante para o futuro do Tapete de Arraiolos. Daí a importância do Centro para a Promoção e Valorização do Tapete de Arraiolos previsto na Lei e que os Governos teimam em não instituir.


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Radar O início da Feira Quinhentista assinalou-se com um cortejo pelas principais artérias da vila.

Feira Quinhentista de Montoito Ao longo de todo o dia 27 de maio, a vila de Montoito foi o palco da primeira de duas feiras quinhentistas que decorrem no concelho por ocasião das celebrações dos 500 anos da atribuição dos forais novos. Foi por volta das 10h que a Feira Quinhentista arrancou transportando toda a freguesia para uma viagem intemporal onde não faltaram alguns dos momentos mais emblemáticos e personagens características daquele período. O início da Feira Quinhentista assinalou-se com um cortejo pelas principais artérias da vila com os figurantes. Em seguida o Emissário Régio deu o mote ao início das celebrações apresentando todos os presentes. Seguiram-se as apresentações com o voo das Aves de Rapina, as danças orientais, serpentes e várias demonstrações de teatro de rua. Ao longo do dia o programa foi variado. Foi um dia muito bem passado com belos repastos para degustar e bem regados com o vinho da região, muito bem representado pela Casa de Sabicos. A animação foi muita ao longo de todo o dia, o ponto alto aconteceu por volta das 15h30m, com a chegada da comitiva de D. Manuel I e em seguida a receção do emissário régio para a entrega do Foral. PUB

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Música, malabares, serpentes as tradicionais rixas de soldados e a degustação das iguarias da região, como chouriço, o pão, bolos, entre outros, nas tendas foram uma constante, com oferta de Porco no espeto, pela Junta de Freguesia de Montoito. E ainda com a presença de artesãos que mostraram a arte de bem trabalhar as suas matérias-primas variadas. A Vila de Montoito esteve totalmente envolvida com a recriação histórica de uma Feira Quinhentista, no merecido destaque para as pessoas da terra que participaram nas mais diferentes formas e se vestiram a rigor para permitir recriar a época, num espetacular entrosamento com os atores da Velha Lamparina que na sua “medieval” experiência nos ajudaram a todos a viver momentos bastante animados com algum contexto histórico. A encerrar a feira Quinhentista de Montoito o espetáculo de fogo iluminou a Praça 25 de Abril e o seu lindo coreto, aquecendo o coração de todos aqueles que já sentiam o coração a ficar nostálgico com o final deste magnífico acontecimento. Nos próximos dias 10 e 11 de Junho as celebrações dos 500 Anos dos Forais Novos de Redondo e Montoito estarão na Vila de Redondo, com um vasto programa na sua feira Quinhentista.


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Radar “Julgo que uma cidade Património Mundial deva olhar muito mais para além daquilo que é o seu umbigo.”

As acessibilidades - mote para a campanha? D.R.

Francisco Sabino | Texto Sociólogo É antes do ópio que a minha alma está doente, escreveu Álvaro de Campos, dando início a uma “pregação” desiludida, pessimista, simbolicamente destrutiva até, sobre a sua vida, e, afinal, sobre o Portugal que julgava decadente e que não soube cumprir o seu destino. Imagino que com uma menor carga poética mas com um igual sentimento de incompreensão e de pessimismo com que o poeta se exprime no seu poema, se devam sentir os moradores e frequentadores de muito boa parte dos bairros/ freguesias desta cidade património da humanidade, no que aos acessos diz respeito, e atrevo até incluir uma parte significativa dos arruamentos da própria cidade e, uma parte também importante dos seus largos e logradouros, entregues há muito ao mais desconsolado abandono e descuido conservacionista. A cidade tem conhecido desde a instalação do regime democrático, e já lá vão 43 anos, diversas equipas que foram gerindo, de acordo com o credo partidário e o mandato outorgado pela maioria da população, os problemas criados por um “agigantamento” urbano descontrolado a princípio, desconsolado depois, e que se prolonga em boa verdade nos nossos dias, talvez até desnecessáriamente, dado os impactos negativos que cria na percepção do espaço da cidade, inclusive intramuros. A circulação pelas ruas de bairros e da cidade, quer seja de carro ou a pé, é, em muitos trajectos uma experiência que em muito se assemelha a uma aventura “TT”, tal o estado em que se encontram pisos de estradas, passeios, bermas e valetas. Pode afirmar-se, sem que muito se erre, que não é possível transitar mais de 100 metros em quaisquer das ruas da cidade ou dos bairros/freguesia sem que se não se encontrem buracos no asfalto, pedras arrancadas das calçadas, valas de atravessamento para a instalação de equipamentos e serviços deficientemente concluídas, obrigando muitas vezes a manobras de recurso para as evitar, ou minimizar o impacto das lombas que sobram em resultado de intervenções nas vias por parte de diferentes entidades. São anos em que pouco foi feito para além do eixo aglutinador do turismo: Rua da Republica – Praça do Giraldo – Rua 5 do Outubro, do Raimundo, Rua

Cândido dos Reis e de João de Deus. Descer a rua Serpa Pinto até ao largo das Alterações é um desses percursos, a rua Mendo Estevens, outro, a Leonor Fernandes idem, rua da Estrada de Viana, que liga ao Parque industrial e atravessa o bairro/freguesia da Horta das Figueiras, o acesso a Almeirim depois da rotunda que entra no PIT e que liga ao parque aeronaútico, outro. E agora que se fala de acessos de e para os bairros/freguesias, ocorre-me falar das inconcebíveis condições das ligações ao Granito, Soeira, etc. e da verdadeira aventura que é transitar por um dos caminhos que ali conduzem – para automobilistas, mas mais para os peões, que têm que literalmente partilhar com estes o piso sem bermas de um e de outro dos acessos. A partir do Aqueduto da Água da Prata e até à entrada da adega da Cartuxa não existe uma berma digna desse nome, ou sequer berma alguma que permita uma escapatória aos peões e que são já bastantes, turistas incluídos que se deslocam para visita ao enoturismo da adega. Transitar por aquele caminho é um risco para a integridade física de quem o utiliza. O outro troço que faz a ligação e que oferece idênticas, senão mais gravosas condições de circulação, é o que começa na desembocadura da “rotunda” Lili Caneças – a mais pequena da sequência de três que fecha a estrada Penedo do Ouro. Daí até ao Cruzeiro as condições de circulação para os peões

são perfeitamente inadmissíveis. No Inverno então, a falta de bermas e de escoadouros pluviais torna aquele troço num lodaçal criando um misto de pista de obstáculos mais apropriada para um curso de comandos do que por ali transitarem peões e viaturas. Note-se que estes são os dois principais acessos a estes bairros residenciais, que albergam qualquer coisa como 10000 habitantes, que quotidianamente usam estes escoadouros nos seus percursos pendulares casa trabalho. Os pisos destes troços estão por via da regra meses esperando a misericórdia de um remendo. É ver a entrada na Soeira a partir do Cruzeiro até ao café da Quinta, ou o percurso desde o Aqueduto até à confluência com a rotunda LC ou, continuando pela azinhaga da Cartuxa, e aí nem são necessários os tais 100 metros de que falava. Julgo que uma cidade Património Mundial deva olhar muito mais para além daquilo que é o seu umbigo e criar condições de fruição e de transito seguro também àqueles que habitam os arredores desse umbigo, e que contribuem e muito para que o centro se alimente. È com um sentimento de alguma inveja que se verifica que Arraiolos, Redondo, Viana do Alentejo, Reguengos e Monsaraz, Montemor-o-Novo… se renovaram e melhoraram muito os pisos dos seus arruamentos e calçadas, e que Évora continua com pisos que não foram in-

tervencionados desde os tempos em que lá foram assentes. Esperemos que o próximo debate autárquico possa colocar na agenda das candidaturas o tema das acessibilidades de que aqui apenas se aflora o de uma zona específica, mas que, certamente, as equipas de espertos que informarão as candidaturas estarão atentas a outros casos de igual pungência. As candidaturas estão lançadas e esta é uma boa altura para que os assuntos possam surgir fora das nomenclaturas que as suportam. Alinham-se três candidaturas que estão vocacionadas para os três primeiros lugares e, porventura, uma delas com o potencial de alcançar maioria absoluta. Será interessante no entanto ir acompanhando os efeitos que nessa “maioria absoluta” terá a candidatura que o PSD local lançou com “unanimidade e aclamação”, no plenário da assembleia de secção, impondo-a. O candidato tem vindo a ganhar “estaleca” (perdoe-se o plebeísmo) e pode revelar-se um adversário difícil de contornar, e, até internamente, sair reforçado deste confronto eleitoral, ganhando peso específico. Será interessante também ver e perceber se a candidatura do PS, que parece melhor servir de passadeira à candidatura da CDU, do que para a confrontar, serve esses propósitos ou se tem garra para discutir um lugar na vice presidência do município. É que a solução encontrada pela estrutura concelhia do PS, e validada pelo Largo do Rato, parece ter a inegável vantagem de deixar sem sobressaltos o parceiro da coligação parlamentar, na tomada de um dos mais acarinhados municípios da CDU. Parece pois servir os propósitos: não incomoda, mas não deixa o campo livre. Pode ser um cenário impossível, mas não é, e o que tornará interessante seguir nestas eleições é esse confronto, de que o psd não está excluído, por via do seu candidato. A CDU tem uma maioria alcandorada em dois vereadores, uma vantagem confortável, é certo, contudo, lembremo-nos que a abstenção foi de 49,69%, mais três décimas do que a votação que deu a maioria absoluta da CDU. É muita gente que bem pode mudar, não a intenção de voto, mas de ir votar com essa intenção de voto ….. e, como disse Álvaro de Campos, procurar um Oriente ao oriente do Oriente.

A Arte do Ferro” continua na Oficina da Criança A Oficina da Criança, da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, está a desenvolver a segunda fase do projeto Educativo “Montemor ao pormenor – A Arte do Ferro”, com sessões de expressão plástica. Desta forma, estão a ser reproduzidos gradeamentos e batentes de janelas, varandas e portas do Centro Histórico de Montemor-o-Novo, com pasta de papel, cartão e madeira. Esta ação educativa está a ser desenvolvida com todas turmas de 1.º ciclo e Salas de Jardim de Infância do concelho, até ao final do ano letivo. Os trabalhos resultantes deste projeto serão expostos na Feira da Luz/Expomor 2017. Para já, o que podemos

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afirmar com toda a certeza, é que a nossas crianças, professores e auxiliares, bem como toda a equipa da Oficina da Criança, estão de parabéns, pois os trabalhos estão a ficar espetaculares! Recordamos que a abordagem da temática do projeto educativo da Oficina da Criança para 2016/2017 “Montemor ao pormenor – A Arte do Ferro”, pretende chamar a atenção das crianças para a importância, diversidade e beleza de elementos como os gradeamentos de janelas e varandas, as aldrabas, puxadores e batentes das portas e todos os restantes elementos decorativos, que podem ser vistos ao vivo no Centro Histórico da cidade, captando assim igual-

mente a atenção dos pais e educadores para a urgência da sua salvaguarda. É objetivo também desta ação transmitir e demonstrar que os elementos decorativos que ainda podemos observar nas fachadas dos edifícios são, quase na sua totalidade, construídos em ferro por artesãos locais, datando na sua grande maioria do século XIX. Também é interessante perceber que nestes elementos, para além da sua função prática, em termos de segurança e proteção, e da sua vertente decorativa, podemos observar componentes simbólicos utilizados na decoração, como é o caso das pinhas, que têm vários significados, como por exemplo a vida eterna.


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Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora Tel. 266 750 140 Email geral@registo.com.pt SEMANÁRIO

Cultura & Património

Alentejo debate ecossistemas criativos Nas próximas quarta e quinta feria, dias 7 e 8 de Junho, a criatividade ruma ao Alentejo. O Teatro Garcia de Resende, em Évora, irá receber palestrantes e pessoas interessadas em perceber como se desenvolvem ecossistemas criativos. A conferência “Connecting Creative Ecosystems”, promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), pretende fomentar a troca de experiências em contextos de acção diferentes. A iniciativa destina-se a eleitos do poder local, técnicos da administração pública e das CIM’s, estudantes, professores, agentes culturais, artistas, programadores culturais e agentes turísticos. Hortênsia Menino, presidente da CIMAC, afirma que “com a realização desta conferência, queremos promover o debate e a apresentação de temas que cruzem diversas disciplinas, não só das artes performativas e visuais, mas também do conhecimento, tendo sempre em conta as especificidades dos lugares de baixa densidade como a região do Alentejo”. PUB

Portel Cultura

António Jara expõe na Galeria Inatel A exposição individual de fotografia “Instantes”, de António Jara, é organizada pela Câmara Municipal de Évora e estará patente ao público a partir das 18h00 de 05 de junho (dia da inauguração), no Palácio do Barrocal (INATEL – Rua de Serpa Pinto). A mostra fotográfica deste médico cardiologista – atual presidente da Assembleia Municipal de Évora – retrata a sua paixão por esta arte, que vem desde a juventude. Assumidamente autodidata, António Jara, tem-se dedicado nos últimos anos à fotografia, tendo desenvolvido a sua técnica através de um curso com Pedro Vilhena e a participação em várias exposições, concursos e publicação de fotos, em livros. A exposição poderá ser visitada até ao dia 16 de junho, de terça a domingo, entre as 13h00 e as 19h00.

Campeonato nacional de águas abertas José Carvalho e Angélica André sagraram-se campeões nacionais absolutos dos 5 km na prova da Amieira Marina. O passado fim de semana em Portel foi inteiramente dedicado à modalidade de natação. Sábado, tiveram lugar as provas regionais escolares que decorreram na piscina coberta e que envolveram mais de cem atletas, mas o grande destaque foi mesmo para a prova do campeonato nacional de Natação em Águas Abertas, a qual contou com dois dias de competição e com mais de 200 atletas na Amieira Marina. A prova com organização da Federação Portuguesa de Natação e que contou com o apoio da Câmara Municipal de Portel, realizou-se mais uma vez junto à freguesia de Amieira, mais concretamente na Amiera Marina.

Classificações: Campeonato Nacional AA 10Km, 7,5Km e 5Km – Categorias - Amieira 2017. Pódios 5 KM: Absolutos masculinos: José Carvalho (Soc. Filarm. Uniao Artistica Piedense) Alexandre Coutinho (ASSS Columbofila Cantanhedense) Mário Bonança (Sporting Clube de Portugal). Absolutos femininos: Angélica André (Fluvial Portuense) Vânia Neves (Fluvial Portuense) Eva Carvalho (Soc. Filarm. União Artística Piedense) Juvenis masculinos: Samson Silva (Fluvial Portuense) Ivan Amorim (Fluvial Portuense)

Paulo Frota (Fundação Beatriz Santos-Clube) Juvenis Femininos: Mafalda Rosa (Clube Natação de Rio Maior) Ana Rita Queirós (Fundação Beatriz Santos-Clube) Letícia André (Soc. Filarm. União Artística Piedense). Masters 1,5 km Masculinos Absolutos: 1. Hugo Ribeiro Alberto (Estrelas S. João de Brito), 17:40.12 2. José Carlos Freitas (Fluvial Portuense), 18:55.99 3. Mauro Inácio (Litoral Alentejano), 18:56.48 Femininos Absolutos: 1. Susana Mateus 1989 (Litoral Alentejano), 21:07.37 2. Elena Nikolaevna (Colégio Monte Maior), 22:04.55 3. Maria Helena Carmo (Algés), 22:16.83


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