Manual para jovens guardiões e guardiãs dos manguezais amazônicos

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REALIZAÇÃO

APOIADORES DOADORES

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SUMÁRIO

• CAPÍTULO 1 - O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SER 05

• 1.4 - DESAFIO CUÍRA 09

• CAPÍTULO 2 - O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SABER 10

• 2.2 - CONSERVAÇÃO E AGENDAS GLOBAIS 13

• 2.3 - A IMPORTÂNCIA DOS MANGUEZAIS AMAZÔNICOS 16

• 2.3.4 - DESAFIO CUÍRA 17

• 2.5 – RESERVAS EXTRATIVISTAS – RESEX 18

• 2.5.5 - DESAFIO CUÍRA 22

• 2.6 – CRISE CLIMÁTICA 23

• 3.1 - O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SABER FAZER 26

• ANEXO - DINÂMICAS PARA REUNIÕES 35

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CAPÍTULO 1
LIDERANÇA
Arquivo Rare Brasil Cartilha Cuíra_Final_Revisada.indd 5 26/04/2022 11:13:03
O que uma JOVEM
precisa ser “ Foto:

1 – O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SER

Autora: Hannah Balieiro (Instituto Mapinguari – Rede de Jovens Líderes em Áreas protegidas e Conserva dasdaAméricaLatinaedoCaribe-ReLLAC-J)

1.1) Dando o bizu

Para começo de conversa: o que é liderança ou protagonismo jovem? No dicionário, encontramos os seguintes significados para esses termos:

Liderança

Algo ou alguém que está ocupando. Autoridade; tendência para chefiar ou para demonstrar auto ridade.

Protagonismo

Qualidade da pessoa que se destaca em qualquer situação, acontecimento, exercendo o papel mais importante entre os demais.

Juventude

O estado de uma pessoa jovem.

De acordo com as Nações Unidas, é considerada jovema pessoa que tem idade entre 15 e 29 anos. Claro que a gente entende também que ser jovem é mui tas vezes um estado de espírito, algo sobre como nos sentimos e nos posicionamos em relação ao mundo.

Pelo visto é fácil a gente conseguir se olhar e se

definir jovem, né? Agora, se entender como uma lide rança já é um pouquinho diferente. Engraçado que, algumas vezes, nós até somos líderes de algo e nem percebemos ou temos vergonha de assumir como quando fomos representantes de turma na escola, lí deres de um grupo na igreja ou mesmo quando, em algum momento, fomos responsáveis por ensaiar um grupo de dança, festa junina etc. Para a artista plásti ca brasileira, Arissana Pataxó:

“A luta indígena é um movimento coletivo que começa por alguns e outros vão dando continuidade, de geração a geração. Todos são fundamentais na luta, desde as pessoas que dialogam com governantes a pessoas que raramente saem para a cidade e ficam nas aldeias fazendo seus artesanatos e cuidando da roça”

Todos conseguimos nos reconhecer nesse espa ço comum de idade que é a juventude, mas não so mos iguais, e, por isso, somos únicos, diferentes uns dos outros, somos nós e isso é ótimo!

Somos jovens mulheres, jovens negros, jovens negras, jovens da periferia, jovens indígenas, jovens do campo, jovens extrativistas e mais um bocado de jovens, cada um com suas características, cada um e cada uma com seu próprio brilho.

E por sermos tantos, e estarmos em tantos lu

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Quem nunca se sentiu desacreditado por ser jovem? “Tu és novo demais para falar disso”, “essa conversa não é pra moleque”, “quando tu cresceres vai entender”, “isso é conversa de adulto”.

gares, também nos encontramos em diversos lugares políticos da nossa sociedade, tem jovem na escola, no bairro, na saúde, no transporte, na pesca, na cultura.

A cuíra que a gente está querendo te causar é: se temjovememtodososlugares,porquenãotemnos espaços de decisão? Quem nunca se sentiu desacre ditado por ser jovem? “Tu és novo demais para falar disso”,“essaconversanãoépramoleque”,“quandotu cresceres vai entender”, “isso é conversa de adulto”. Provavelmente todo mundo em algum momen to já ouviu alguma dessas frases ao tentar tomar uma iniciativa ou se pronunciar sobre algum assunto. A ju ventude sempre é vista e lembrada como o futuro da nação, mas comogarantirumfuturodignosenãoco meçarmosanosposicionaragora?

Com toda essa exclusão dos jovens, até mesmo por dificuldade no acesso à educação, o cenário da juventude no Brasil não parece muito animador. No primeiro semestre de 2020, segundo a Pesquisa Na cional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua) feita através do IBGE, demonstrou que a taxa de desemprego entre os jovens se encontrava em mais de 20%, onde 4 a cada 10 jovens relataram terem perdido o emprego ou tido algum tipo de dimi nuição de renda. Em pesquisa feita pelo Levantamen to Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2017, mais da metade dos presos no Brasil tinha idade entre 18 e 29 anos.

É preciso driblar esse cenário e garantir uma outra realidade para os jovens do presente e para os jovens do futuro, agarrando com força as oportuni dades que surgirem no caminho. Por mais difícil que seja imaginar, existem espaços e alternativas para transformar a realidade usando a nossa vivência e das comunidades que crescemos e nos orgulhamos.

Dentro desse cenário de pandemia, a gente viu cada vez mais jovens tomando a frente de mobiliza ções, seja para informar, ajudar outras famílias na dis tribuição de cestas básicas ou naquela correria diária

de colocar comida na mesa, se virando da forma que pôde. Ou seja, o jovem é sim capaz de grandes reali zações.

1.2)

Te apruma aí!

Existem diversos espaços que garantem um lu gar para reunir toda essa juventude cheia de gás e criatividade, potência e juventude. A Rede de Jo vens Líderes em Áreas Protegidas e Conservadas da América Latina e do Caribe - ReLLAC-J , por exemplo, mapeou por volta de 40 coletivos na Pan-Amazônia compostos por jovens em sua maioria e que abordam diversas temáticas: culturais, religiosas, passando por movimentos estudantis e questões relacionadas ao território.

1.3) Mas por que, justamente eu, preciso ser uma jovem liderança?

“A primeira geração que pode acabar com a pobreza é a última que pode salvar o meio ambiente.” (Ban Ki-moon, Ex-Secretário Geral da ONU)

Tu possuis conhecimentos próprios e únicos das experiências que vivenciaste, dos lugares por onde passaste e traz também toda a história que teus pais, avós e bisavós construíram. O teu conhecimento no pescar, no catar caranguejo, no apanhar açaí, no to car e dançar o carimbó, no coletar sementes e outros, são as diversas atividades tradicionais extrativistas, que não são ensinadas nas escolas (ainda). Só quem possui esse conhecimento são os povos que viven ciam essa realidade. Esse conhecimento é repassado de geração para geração no convívio diário de cada família e agora está nas nossas mãos passar esse co nhecimento adiante, para que as futuras gerações também, defendam os direitos das nossas comunida des, da nossa cultura e do nosso mangal.

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“É a certeza de uma história que não vai ser esquecida, mas que pode e tem sido mudada, e com a nossa própria voz, nossos rostos, muitas vezes com a fala da língua que nos pertence.” (Alice Pataxó)

A juventude tem reivindicado espaço não só para falar sobre juventude, mas também para agir e tratar de todos os outros assuntos relacionados aos espa ços em que vivemos, porque a nossa história de vida já nos dá embasamento. Alguns questionamentos podem vir à cabeça de uma mente jovem: estamos curtindo a forma que os adultos lidam com o plane ta? Com o país? Estamos felizes com a nossa comu nidade do jeito que está? Ou existem coisas que po dem melhorar e junto com ela melhorar a nossa vida e a vida de quem está ao nosso redor? Todas essas perguntas levam a uma resposta: é hora de mudar! E é esse espírito de revolução que está no coração de todo jovem que mudará a nossa realidade.

“Você é o único representante do seu sonho na face da terra” (Emicida – trecho da música “Levanta e anda”)

1.4.3) Vamos conhecer nossos direitos?

Conhecer o Estatuto da Juventude é importan te para debater maneiras de cobrar do poder públi co, implementação de ações em seu território. Conheça o estatuto através do link:

https://bit.ly/3Bq8rv8

Acesse o link e ouça: https://youtu.be/ESYs8QxG6ao 1
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1.4) DESAFIO CUÍRA

Debate sobre o Estatuto da Juventude.

TEMA: Debatendo os direitos da Juventude – comportamento participativo: neste primeiro desafio pre tendemos propor aos participantes um debate sobre o Estatuto da Juventude. Apresentamos duas di nâmicas que podem ser feitas na reunião. Não te esqueças que essas dinâmicas podem ser colocadas em prática sempre com as devidas adaptações. Encontre a melhor forma de levá-las ao seu grupo de jovens.

PASSO A PASSO: Crie um ambiente agradável, pois faz toda diferença no resultado esperado e na qua lidade do encontro proposto. Para dinamizar essa atividade é preciso disponibilizar aos jovens os artigos do Estatuto da Juventude. Tempo de duração: 1h30m Materiais: Estatuto da Juventude impresso, pa pel, caneta e cartolina.

INSTRUÇÕES

Os participantes devem ser organizados em grupos de cinco ou mais integrantes; Com o estatuto em mãos, o grupo deve escolher um ou mais artigos que representam o grupo; Escolhido os artigos, pergunte: qual artigo do Estatuto da Juventude é colocado em prática na minha comunidade?

Estipule um tempo de duração do debate (pode ser de 30 minutos). Incentive que eles pensem em exemplos vivenciados em seus territórios e que defendam seus diferentes pontos de vista; Após o final do tempo estipulado, cada grupo deve apresentar a resposta à pergunta feita an teriormente e, com uso de exemplos vivenciados em seus territórios, defender os pontos de vista debatidos. Para expor suas opiniões, os jovens podem usar cartazes, música, teatro e quaisquer ou tros recursos.

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LIDERANÇA
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O que uma JOVEM
precisa saber “ CAPÍTULO 2 Foto:

2.1 – O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SABER

2.1.1) Dando o papo

Uma jovem liderança precisa saber que necessi tamos sempre estar abertos para aprender , seja pela prática , seja pela teoria . A prática , indispensável para firmar um local de fala, com a segurança e proprieda de de quemvive o que fala. É diferente ler sobre fome, amor e dor do que sentir na pele. Por isso, é grandioso o conhecimento acumulado nas beiradas dos rios e dos mangues e em pessoas, como vocês, com experi ências e vivências únicas. Junto com a prática, temos a teoria que serve para a liderança saber o rumo a ser tomado. O conhecimento teórico está presente nos li vros, apostilas, videoaulas, cursos e muitas outras fon tes. De forma simples e objetiva, é isso, maninhos e maninhas, vocês conquistam uma visão mais ampla da vida e do mundo por meio do estudo. Criem o há bito por essa busca do saber.

Lembrem-se que nossas capacidades são infinitas, desde que estejamos dispostos a aprender. Os mais experientes são ótimas fontes de conhecimento, até mesmo quando equivocados, pois podemos apren der com seus erros e, claro, com seus acertos. O ca minho que estamos percorrendo agora eles já passa ram. Vamos ouvi-los.

Pretendemos apoiar vocês, jovens liderança que transitam nos manguezais amazônicos, um ambiente com extrema importância ecológica, interesses inter nacionais importantes, fontes de renda e modos de vida, inspirações para culturas locais e que estão hoje sob proteção do modelo de unidade de conservação Reserva Extrativista (RESEX). Sabemos que os desa fios de vocês, jovens líderes, são enormes, mas só é possível ter esperança em dias melhores por meio da organização e da mobilização social. Espero que esse caminho seja de puro aprendizado e que todo esse conhecimento seja compartilhado para que mais pessoas, como vocês, se inspirem e atuem em suas realidades.

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Uma jovem liderança precisa saber que necessitamos sempre estar abertos para aprender, seja pela prática, seja pela teoria.
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Te ligas nas referências!
Freire
Aprendendo a utilizar metodologias participativas:
capacidades são infinitas, desde que estejamos dispostos a aprender.” Cartilha Cuíra_Final_Revisada.indd 12 26/04/2022 11:13:28
2.1.2)
• Livro Comunicação ou Extensão? de Paulo
(Recomendamos que se sintam desafia dos e insistam em conhecer a obra do maior edu cador brasileiro): https://bit.ly/3agthRI
https://bit.ly/3oJRUyo “Nossas

2.1.3)

Te conectas com...

Pensadores na Educação: Paulo Freire e a edu cação para mudar o mundo Assista em https:// youtu.be/4M69rga5ENo

• Uma pessoa quando fala pela rede nunca fala só por ela, ela fala pelo coletivo: tenham responsabili dade;

• Comunicação evita desconfianças e conflitos;

• Comece com os que já estão, não espere por todos;

• Os erros são uma oportunidade de aprendizagem, não os esconda, os valorize;

• Priorize realizar ações concretas e se organize a partir das necessidades;

• Problemas entre pessoas devem ser resolvidas no privado, com comunicação, sinceridade e muito AMOR;

• Nem sempre é preciso inventar a roda, aprenda com experiências passadas, se vincule em ações que já estejam acontecendo;

2.1.4) Te apruma aí!

Compartilhamos com vocês uma lista de apren dizados e experiências para guiar tua jornada como jovem liderança:

• Se aliar com organizações já estabelecidas é uma ótima estratégia, mas não perca a autonomia e identidade;

• Se assumir um compromisso, é importante ir até o fim; ou sinalizar quando não for possível terminar;

• É importante dar ideias, mas é mais importante colocá-las em prática. Menos é mais, menos ativi dades, mas com maior qualidade é melhor que o contrário; É fundamental que o coletivo esteja atualizado so bre as reuniões, tomadas de decisões e planeja mentos comuns; Todos têm muito que aprender e a ensinar;

• Toda a ajuda é bem-vinda;

• Seja articulado! Busque a união com grupos que somem na sua bandeira;

• Celebre! Comemore! O espírito jovem gosta de ce lebrar vitórias grandes e pequenas! Mantenha esse espírito vivo;

• Aprenda a negociar! Há coisas que temos que ce der e há outras que não; Tenha paciência, estamos começando uma jorna da que é para a vida toda;

• Realize avaliações coletivas de percur so a cada certo intervalo de tempo, não são só os objetivos que devem ser avaliados, mas também como as pessoas se sentem.

2.2 – CONSERVAÇÃO E AGENDAS GLOBAIS

Autores: Luis Fernando Macedo Iglesias (Pesquisador no EmpoderaClima/Care About Climate e membro doYouthClimateLeaders(YCL)&JéssicaWandscheer (RareBrasil).

2.2.1) Dando o papo

Em um mundo tão globalizado, em que os pa íses se relacionam cada vez mais uns com os outros, os marcos e tratados internacionais são ferramentas pai-d’éguas para guiar governos, empresas, organi zações e a própria sociedade civil a superar desafios globais. Na prática, é como se, além de termos as leis

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brasileiras – que valem somente no nosso país – tam bém tivéssemos leis internacionais, válidas para todo o mundo.

Os tratados, acordos e agendas internacionais criam metas e diretrizes que têm o objetivo de guiar a humanidade a um desenvolvimento integrado com a natureza. As convenções internacionais mediadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) são uma das maneiras para se estabelecer diretrizes de prote ção ambiental e dignidade humana em todo o mun do.

Te abicora que atualmente boa parte das agendas globais e locais seguem os Objetivos de Desenvolvi mento Sustentável <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs >, proposto pela ONU. Esses objetivos são um apelo global de ações para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente, o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

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“Os tratados, acordos e agendas internacionais criam metas e diretrizes que têm o objetivo de guiar a humanidade a um desenvolvimento integrado com a natureza.” Cartilha Cuíra_Final_Revisada.indd 14 26/04/2022 11:13:31

A ONU decidiu que entre 2021 e 2030 o mundo viverá a DécadadaCiênciaOceânicaparaoDesenvol vimento Sustentável < https://decada.ciencianomar. mctic.gov.br> ou a Década do Oceano . Serão realiza das diversas ações para chamar atenção global para o cuidado com nossos rios e mares. Te mete!

Para ti saberes mais sobre os principais mar cos e agendas globais de conservação, a Organiza ção das Nações Unidas é só tu acessares esse link: https://bit.ly/2WWH8cQ

• Youth Clima Leaders @youthclimateleaders –

ONG que acelera ações e carreiras no clima, princi palmente para jovens.

• Rellac Joven @rellac_joven – Rede Latino Améri cana de Jovens Líderes em Conservação da Améri ca Latina e do Caribe.

2.2.4) Te apruma aí!

2.2.2) Te ligas nas referências!

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Década dos oceanos: http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br

2.2.3) Te conectas com...

Folhear Amazônia – Ep. 8 Sítio Ramsar (YouTube): https://youtu.be/_4GaQQ9yiQY

Te abicora, maninho e maninha, se conectar nes sas agendas possibilita que tu possas acessar uma rede de pessoas e grupos de diferentes regiões e até países também interessados em construir oportuni dades de trocas de conhecimento, experiências, solu ções e inovações.

Um conceito muito pai-d′égua que pode tra duzir um pouco isso é o pense globalmente, aja lo calmente , pois já que estamos falando de problemas globais, por que não pensarmos juntos nas soluções para essas questões? Por exemplo, dos 17 objetivos, o objetivo 14 (Vida na Água) é o que se relaciona com

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a proteção dos oceanos e é aqui que trabalhamos a pesca artesanal.

Apesar das convenções não terem força de lei, elas com certeza influenciam o debate político, fa zendo com que muitas vezes novas leis sejam não só baseadas nesses documentos, mas também vincula das a eles. Jovem protagonista esperto tem que saber que o próprio movimento da criação das Resex, que é uma política pública, se fortaleceu durante a Con ferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a famosa Eco-92 ou Rio-92.

Outro bizu pai-d’égua: desde 2018 os mangue zais amazônicos foram reconhecidos pela Conven ção sobre Zonas Úmidas ou “Convenção de Ramsar” como SítioRamsardosManguezaisAmazônicos.

2.3 – A IMPORTÂNCIA DO MANGUEZAIS AMAZÔNICOS

2.3.1) Dando o papo

Juventude dos nossos manguezais amazônicos, égua, para início de conversa tu precisas saber que vivemos em um cinturão verde! Isso mesmo, estamos na maior e mais protegida faixa contínua de mangue zais do mundo! O litoral dos estados do Amapá, Pará e Maranhão abrigam 75% das florestas de mangue do Brasil (MMA, 2018). Agora que isso não vai mais sair da tua cabeça, tem outras coisas que é preciso ter na ponta da língua para defesa desse maretório (territó rio de marés) e uma delas é que falar de manguezais é falar de vida! Eles são superimportantes para a pro teção costeira e são considerados a maternidade da vida marinha para as várias espécies de aves, peixes, crustáceos, moluscos e mamíferos. Os manguezais também são classificados como os supermercados das comunidades extrativistas que dependem de seus recursos para sustentar suas famílias. Tá achan do pouco? Além de tudo isso, os manguezais são fon

tes de inspiração para a cultura popular, suas raízes concentram saberes, medicina, histórias, brincadeiras e ritmos que criam a identidade das comunidades re sidentes.

Nas palavras de Mocinha, liderança comunitária de Guajerutia, Resex Cururupu, “os manguezais tam bém purificam nossa alma e nos fazem sentir a co nexão com a natureza. Mangal é proteção, é vida e é segurançaclimática”. Estudos apontam que as flores tas de mangue sequestram mais carbono que outras florestas tropicais e desse modo são essenciais para o combate à crise climática.

Para ficar por dentro é importante não confun dir mangue com mangal . A palavra mangue se refe re às árvores (tinteira, siriúba, mangue vermelho) já mangal ou manguezal envolve todo o ecossistema, ou seja, as árvores, o caranguejo, as aves, os demais bichos e todo ambiente que está nessa enchente e vazante da maré.

2.3.2) Te ligas nas referências!

Artigo Oceano sem mistérios, da Fundação Grupo Boticário: https://bit.ly/3Fv44kU

Atlas dos manguezais do Brasil, do Instituto Chico Mendes de conservação da Biodiversidade: https://bit.ly/3mzs8uj

Websérie Mestres da maré – O manguezal: https://youtu.be/uvkHgkDRS0w 2.3.3) Te conectas com... • Mangues da Amazônia

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@manguesdaamazonia

2.3.4) DESAFIO CUÍRA

Tema: Somos todos um Mangue: mostre o valor das nossas raízes e comunique sobre a importância dos manguezais.

Dinâmica 1: Um passeio no mangue livre Ande pela sua comunidade, converse com os moradores e identifique histórias, fazeres e usos dos manguezais.

Dinâmica 2: Regue suas raízesFaça o registro desses fazeres,histórias e uso dos manguezais,e comunique para o público(pode ser a sua comunidade, asua cidade).

Dinâmica 3: Engaje e proponha Crie um evento ou ação que mostre a importância dos man guezais para a comunidade.

Foto: Enrico Marone/Rare Brasil

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2.3.5) Te apruma aí!

Apesar de toda sua força e proteção, é impor tante mencionar que o manguezal também é um ambiente muito sensível a alterações humanas. A ocupação urbana desordenada , a pesca predatória , a carcinicultura , a exploração de petróleo , o turismo predatório , por exemplo, são atividades humanas que podem prejudicar esse ambiente. Por isso, conhecer e defender os manguezais é defender as raízes so ciais, culturais e econômicas das comunidades. Atu almente os manguezais são considerados APP (Áreas de Proteção Permanente), sendo proibidas alterações com retirada de árvores e demais impactos. Além dis so, as Reservas Extrativistas contribuem para a con servação do mangal.

Além de dar valor aos fazeres extrativistas, como a pesca, a tiração de caranguejo, extração de óleos, coleta de semente, tecer paneiros, participar e se envolver nas atividades da Resex é uma das formas da juventude atuar diretamente e ativamente como guardiões desses territórios . Outra maneira é tu, como guardião ou guardiã desses lugares, organizar eventos, ações e campanhas locais que falem da im portância dos manguezais para as populações locais, além de realizar ações que valorizem o modo de vida da sua comunidade e a vida dos bichos e árvores que fazem parte do mangal. Te apruma nisso! Te organi zas em grupos, procure órgãos governamentais, mo vimentos sociais e ONGs para o apoio das tuas ações. Somosfilhosefilhasdosmangaiseagoraeleprecisa de nós.

da Amazônia desconsideraram as populações tradi cionais que viviam na floresta em nome do ideal de progresso baseado na destruição ambiental. A orga nização dos seringueiros, nesse período, foi de extre ma importância para a resistência dessas comunida des e da Amazônia.

Lá pelos anos 70 e 80, no Acre, Wilson Pinheiro, Chico Mendes e Raimundão Barros organizaram os primeiros sindicatos dos extrativistas, iniciando uma jornada de protagonismo em defesa dos povos e das florestas.

Foi nesse momento histórico, com envolvimen to de muitas outras pessoas e grupos, incluindo os povos indígenas, que foi formada a Aliança dos Po vos da Floresta. Essa aliança gerou muitas conquistas, dentre elas a criação das Reservas Extrativistas.

A Reserva Extrativista , está no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Ela é um mode lo que lida com a conservação da natureza junto com a manutenção dos modos de vida das comunidades tradicionais. Esse modelo que inspirou o mundo in teiro a incluir as populações tradicionais como aliados na defesa da vida foi alcançado com muita luta e in felizmente derramamento de sangue. Chico Mendes, meu avô, sonhou com um modelo de defesa da vida, baseado no cuidado coletivo e na garantia do territó rio para aqueles que vivem em harmonia com a na tureza. Chico foi assassinado em 22 de dezembro de 1988 na cidade de Xapuri, no Acre. A luta de Chico deu vida a esse sonho que hoje é um dos seus legados e é graças a esse esforço que comunidades em todo Bra sil vêm lutando pela garantia de seus territórios.

2.4 – RESERVAS EXTRATIVISTAS – RESEX

Autoras: Angélica Mendes (Comitê Chico Mendes), Bruna Martins.

2.4.1) Dando o papo

Uma jovem liderança deve aprender com a His tória. A ditadura militar e a campanha de ocupação

Atualmente, ano de 2021, o litoral do estado do Pará tem 12 Reservas Extrativistas Marinhas que pro tegem os manguezais e as comunidades extrativistas que dele dependem.

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O QUÊ É A RESEX? As Resex é a nossa casa! Ga rantida por lei com objetivo de proteger os meios de vida e a cultura de populações tradicionais, e assegurar o uso sustentável dos bens naturais comuns.

• QUEM CUIDA DA RESEX? A Resex somos nós! E quem organiza a casa é o Conselho Deliberativo!

• COMO SÃO TOMADAS AS DECISÕES? Por meio do conselho deliberativo, os representantes das comunidades, o Instituto Chico Mendes de Con servação da Biodiversidade (ICMBio) e as Associações de Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas (AUREMs) tomam decisões e estabele cem acordos de cuidado com os bens comuns.

2.4.2) Te ligas nas referências! 1) Para informações sobre as Resex, acesse: • https://bit.ly/2YpeDot

2.4.3) Te conectas com... • Comitê Chico Mendes: @chicomendescomite E tem essa live pai-d′égua sobre as reservas ex trativistas: https://youtu.be/2IkIDMX99Es

2.4.4) Te apruma aí!

É importante que tu tenhas orgulho da tua his tória, da tua comunidade, orgulho de quem és e tome atitudes para participares ativamente desse modelo, como por exemplo:

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Continuar, valorizar e manter o fazer ancestral, a pesca, a coleta, a extração. Nunca esqueça de valorizar as suas raízes e manter vivos os saberes tradicionais;

• Participar do conselho deliberativo da Resex, é possível articular uma representação da juven tude no conselho;

• Mesmo sem cadeira própria o jovem pode parti cipar de reuniões como ouvinte;

• Atuar como voluntário em Associações representativas dos extrativistas;

• Se organizar em grupos!

Chico Mendes deixou uma carta aos jovens do futuro, comemorando a revolução feita por estes, por um mundo mais justo, sem dor, sofrimento e morte. Um testamento por um mundo com justiça socioam biental. Sejamos a revolução que Chico sonhou. Bora!

“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.” (Chico Mendes)

2.5 – PESCA ARTESANAL E OS BENS NATURAIS COMUNS

Autores: Mayra Nascimento e Bruna Martins – Rare Brasil

2.5.1)

Dando o papo

Ei, maninho, ei, maninha, tu sabias que a pesca é uma atividade ancestral ? Uma das primeiras ativi dades realizadas na costa brasileira? Até hoje a pesca é um dos fazeres mais importantes na Amazônia e, é nesse costeiro, que os parentes tiram seu sustento e ainda contribuem com a alimentação de diversas pessoas no mundo inteiro.

Só para ti ficares por dentro dos números, cer ca de 200 milhões de pessoas dependem da pesca

artesanal no mundo para sobreviver. Segundo infor mações do Registro Geral da Pesca (RGP) de 2012, em todo Brasil, há cerca de 1,2 milhões de pescadores, isso quer dizer que a cada 200 brasileiros, 1 é pescador ou pescadora! É muita gente que depende do mar, né?!

Dizem alguns pesquisadores que as popula ções de peixes têm capacidade limitada de repor aquilo que retiramos dos mares e rios todos os dias (capacidade de suporte). Ou seja, o mar não é mina! Temos que estar atentas e atentos de que algo está errado em nossas águas, alguns sinais podem ser:

• O pescado em falta;

• Encontrar cada vez mais peixes miúdos ovados;

• E encontrar cada vez menos aqueles peixes porrudos;

Sabemos que tem vários tipos de pescaria, e que a pesca obedece o relógio da maré, o ritmo das chuvas. Tem muitos tipos de redes e jeitos de pescar, tem gente que joga a tarrafa , outras pessoas usam arrastos, tem gente que usa matapi e por aí vaí. São muitos conhecimentos que só quem sabe mesmo são os pescadores e pescadoras que dedicaram sua vida a esse fazer. É por isso que a participação de pescadores, pescadoras e de toda comunidade é muito importante para que possamos cuidar dos nossos peixes, camarões, ostras, caranguejos e de tantos outros seres vivos que sustentam as famílias. Di rocha mano(a)! 2.5.2) Te ligas nas referências!

Gestão participativa e pesca artesanal (Youtube): https://youtu.be/3VIeM7CXd4k

Pesca sustentável e reserva extrativista (Youtu be): https://youtu.be/rEQJt4Lvfv0

Pesca para Sempre (Youtube): https://youtu.be/QZEiKzjFx0I

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2.5.3) Te conectas com...

Conselho Pastoral dos Pescadores (Site/Insta gram): http://www.cppnacional.org.br/ | @cpp

• Rare Brasil (Instagram): @rare_brasil

• Food and Agriculture Organization - FAO (Insta gram): @fao

2.5.4) Te apruma aí!

Juventude protagonista tem que saber que se gundo o último Registro Geral da Pesca (RGP) o es tado do Pará concentra 224 mil pescadores e possui a maior frota artesanal do Brasil. Também é o estado que tem o maior número de mulheres envolvidas na atividade pesqueira , são 95 mil mulheres pescadoras. Todos os pescadores e pescadoras artesanais con tribuem com o sustento de famílias em suas comu nidades e fora delas. Nossos pais, mães, avôs e avós, aprenderam a tecer suas redes, levantar seus currais, capturar e preparar o pescado, e esse conhecimen to foi passado por gerações. Esse saber faz parte da cultura e identidade das comunidades. Hoje, sabe mos que muitos pais nem querem que seus filhos se envolvam na pescaria, e tem jovem que nem se inte ressa na pesca. Mas, sabemos que a Juventude dos Manguezais Amazônicos é cuíra por um assado, por isso vamos te dar uns caminhos de como tu podes te envolver e contribuir com o fortalecimento dessa ati vidade:

Continue a pescaria! É um orgulho trazer alimen to para a mesa da sua família e de outras tam bém;

• Mesmo sem pescar você pode dar valor a pes ca. Faça registros, como fotos, vídeos, desenhos e aprenda também sobre as práticas ancestrais, tecer redes, paneiros, receitas e preparo de pes cados e mariscos. Tudo isso ajuda a manter a cultura pesqueira viva!

• Participe das discussões das suas comunidades! Seja os ouvidos e a voz de quem está no mar de fendendo o nosso sustento. Então fique por dentro do que é falado sobre a pesca no seu setor!

• Se liga nas atividades que acontecem nas Associações de Usuários das Resex. Existe uma Coordenação de Juventude em cada AUREM, faça parte!

• Dê uma força no monitoramento da produção! A gente protege o quê a gente conhece. Então saber o quanto se pesca é essencial para cuidar da vida marinha. Procure órgãos gestores, universidades e ongs e veja como pode contribuir e desenvolver um monitoramento na sua comunidade.

Foto:
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Arquivo Rare Brasil

2.5.5) DESAFIO CUÍRA

Dinâmica 1: Pesque um pescadorna tua família, na tua comunidade,nos portos de desembarques ou emassociações. Sensibilize as pessoaspara a importância de compreendera pesca a partir do monitoramentopesqueiro. Podemos cuidar melhordaquilo que conhecemos.

Tema: Monitorar para cuidar.

Fortalecimento da pesca artesanal por meio do monitoramento participativo da produção pesqueira.

Dinâmica 2: Solução na palma da mão Usando cadernos de monitoramento ou aplicativos de celular é possível apoiar o monitoramento pesqueiro nas comunidades.

Dinâmica 3: Engaje e proponha Crie uma rotina para apoiar o moni toramento, auxilie pescadores, pes cadoras ou associações nas anota ções e eventos de sensibilização.

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Foto: Arquivo Rare Brasil

2.6 – CRISE CLIMÁTICA

2.6.1)

Dando o papo

Não queremos te assustar, mas, égua, é fato: es tamos vivendo uma crise de dimensões globais e sem precedentes: acriseclimática! A crise climática existe, é real e é provocada pelas atividades econômicas que se desenvolvem sem o respeito à natureza. Esse cres cimento tem raízes no uso insustentável dos bens co muns (água, solo, florestas, minerais), na desigualda de social e no individualismo. Tudo isso misturado é uma panela de pressão que coloca em risco não só as condições ambientais que sustentam a vida no nos so planeta hoje, como também as condições sociais para a garantia de uma vida humana digna no futuro. Sobre o tema há quatro fatos que precisamos considerar:

A crise climática é real e as atividades humanas são a sua principal causa;

• A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera estão diretamente ligados à temperatu ra média da terra;

• Essa concentração está aumentando com a temperatura média global desde a Revolução Indus trial;

• O gás de efeito estufa mais abundante (2/3 dos gases de efeito estufa presentes na atmosfera), o dióxido de carbono (CO₂), é produzido em gran de parte pela queima de combustíveis fósseis.

Os impactos gerados pelas mudanças climáti cas são múltiplos, podem ser ambientais, sociais e/ou econômicos. Alguns exemplos disso são:

• As mudanças no padrão das chuvas;

• O aumento das tempestades tropicais;

• O aumento do nível do mar (com erosão de áreas costeiras);

O aumento das condições que geram queimadas mais frequentes das florestas;

• A extinção de espécies da fauna e flora;

• A perda da produtividade agrícola;

• A diminuição da quantidade de peixes;

• O aumento de doenças tropicais;

• Migrações forçadas;

• Aumento de conflitos sociais por uso de bens co muns.

E tu, jovem? Tuconseguesperceberalgunsdes ses impactos já acontecendo onde tu moras? Exis tem várias soluções para combatermos as mudanças climáticas. Em geral, essas estratégias são divididas em dois caminhos: Mitigação e Adaptação . A Miti gação são ações que têm como objetivo diminuir as emissões de gases de efeito estufa produzidos pelas atividades humanas. Para reduzir o efeito estufa po demos diminuir o uso de energia elétrica e quando possível, investir em energias limpas como a solar e a eólica .

Adaptação é o conjunto de ações para adequar o mundo à realidade da crise climática. Preparar en costas para evitar deslizamentos, plantio de vegeta ção nativa em áreas costeiras e políticas educacionais, são alguns exemplos para informar a população em como lidar com a crise climática. Muitas vezes adap tar também é voltar aos modos ancestrais de produ çãocombaixoimpacto,poucousodeplástico e por aí vai...

Égua, e olha só, os manguezais amazônicos são superimportantes para o controle das mudanças cli máticas. O estudo publicado na revista científica Biolo gyLetters, mostrou que esses ecossistemas guardam uma ampla reserva de carbono e sua conservação é uma ação de mitigação das mudanças climáticas, além de terem um papel importante para proteção contra impactos e tempestades. Para mais informa ções sobre isso, acesse <https://bit.ly/3BpkGbj>.

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Assista em https://youtu.be/Zr5FjVga1Dw

Outro ponto importante é que as comunida des locais, indígenas, quilombolas e extrativistas, têm um grandioso papel na preservação da natureza e na luta contra as mudanças climáticas. No Brasil, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA, 2020), 80% do desmatamento na Amazônia Legal aconte ce fora das áreas protegidas (incluindo os territórios indígenas). Isso acontece porque nas unidades de conservação de uso sustentável os bens naturais são utilizados em harmonia com a natureza, sem colocar em risco os ecossistemas. A integração entre comu nidade e natureza precisa ser cada vez mais valoriza da na agenda climática. Ainda mais tendo em vista que esses locais são ameaçados e muitas vezes lutam contra a pressão de diversos setores como da agrope cuária, pesca industrial, petróleo, mineração e proje tos de infraestrutura. Para mais informações, acesse <https://bit.ly/3lovKQ>.

Um dos fatores que mais impacta a crise climá tica é o modo de vida atual que não respeita nem a natureza e nem as pessoas, onde poucos se benefi ciam enquanto outros padecem. Além disso, a mu dança climática afeta desproporcionalmente certos indivíduos e grupos, por isso precisamos falar de raça e gênero, pois mulheres, pessoas negras, membros e membras da comunidade LGBTQIAP+, indígenas, dentre outros grupos marginalizados socialmente, acabam se tornando mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

2. 6.2) Te ligas nas referências!

• Portal de Educação Climática do Ministério do Meio Ambiente: http://educaclima.mma.gov.br

• O Amanhã Não Está à Venda (livro): https://bit.ly/3j2Xfxt

2. 6.3) Te conectas com...

• O Crime por trás das Mudanças Climáticas na Amazônia: https://youtu.be/ru8iBR2SA6o

• Crise Climática – Greg News:

• O Amanhã é Hoje:

https://www.oamanhaehoje.com.br/

• Vulnerabilidade às Mudanças ClimáticasPortal de dados: https://bit.ly/3ajzfB9

2.6.4) Te apruma aí!

Os territórios extrativistas são grandes exemplos de como é possível viver com respeito à natureza , prosperando e garantindo a manutenção de um cli ma saudável. Para garantir que esses territórios per maneçam protegidos, as lideranças locais são essen ciais e os jovens podem e devem ser os protagonistas! Nós, jovens, somos em geral mais conectados virtualmente, temos mais facilidade em inovar e de sermos mais criativos. Além disso, ainda temos mais facilidade em integrar redes de cooperação, e para selar tudo isso, somamos a maior parcela da popula ção global.

Com base nisso, é muito importante que as lide ranças jovens ocupem os espaços de tomada de de cisão e exijam que sua voz seja escutada, precisamos agir juntos e escutar todas as vozes! É preciso tam bém agir nos territórios e reconhecer a importância do protagonismo das Reservas Extrativistas Marinhas na luta pela justiça climática. Isso pode ser feito de muitas formas e ler esse material já é um passo muito importante! Aqui deixamos algumas ideias para vo cês:

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• Valorize o saber da sua comunidade! Muitas das coisas que nossos avôs e avós, bisas e bisos fa ziam já tem uma sabedoria de cuidar da natureza. Muitos desses hábitos podem ajudar a conter a mudança climática.

• Organize coletivos de jovens para a ação climática em sua comunidade e Resex.

• Ocupe espaços de tomada de decisão. Sua perspectiva é importante e precisa estar representada como liderança jovem;

• Buscar atores do governo e agentes públicos que levante a causa das mudanças climáticas nas prefeituras;

• Unir-se com outras redes de juventude, se conectar com protagonistas da ação climática em cidades e territórios de todo o país. As or ganizações Engajamundo e Fridays for Future Brasil são ótimos lugares para começar.

Indígenas do Xingu fazem protesto em Brasília, du rante coletiva da presidenta do Ibama, Marilene Ra mos, sobre o enchimento do reservatório da Usina Hi drelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu impactando seus territórios (Marcello Casal Jr/Agência Brasil).

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Égua, maninho e maninha, vá além e comece agora! Muita coisa pode e precisa ser feita e só tu e teu grupo entendem as principais necessidades e possibilidades do seu território. Tu és protagonista na construção de um futuro muito melhor do que as previsões indicam, a ação pelo clima é urgente e precisamos começar! Cartilha Cuíra_Final_Revisada.indd 25 26/04/2022 11:14:09
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JOVEM LIDERANÇA precisa saber
CAPÍTULO 3 Foto: Arquivo Rare Brasil Cartilha Cuíra_Final_Revisada.indd 26 26/04/2022 11:14:11
O que uma
fazer “

3.1 - O QUE UMA JOVEM LIDERANÇA PRECISA SABER FAZER

Acreditamos que uma juventude esperta deve dar continuidade aos fazeres tradicionais. A pesca, a feitura de paneiros, o tecer de redes, a extração de óleos, a construção de ranchos, a produção de instru mentos culturais, o preparo de avoado, dentre tantas outras. Esse saber vem cheio de conhecimento que é repassado de geração em geração. Esses conheci mentos trazem usos valiosos da natureza para uma vida simples e digna. Imagina só, poder construir a própria casa, produzir o próprio alimento, ter o pró prio remédio? Estamos com vocês na luta pela defesa desse modo de vida. Nesse capítulo, estamos falando de um outro fazer, o fazer de manter a comunidade unida e próspera! Sabemos que vocês já tem muitas ideias incríveis e aqui queremos te ajudar a dar forma a essas ideias.

3.1.1) Dando o bizu das Reuniões e Encontros Reunir é mais que um ato de juntar um grupo de pessoas, seja de forma espontânea ou organizada, por um motivo específico. É um ato de animação, de permitir que todos os participantes tenhamvoze pos sam debater temas de uma programação pensada e estruturada anteriormente. Refletir e organizar esse momento vai fazer toda diferença na participação do público que se pretende alcançar, por isso, maninho e maninha, solta a imaginação e constrói um espaço seguro, divertido e motivante para todos. Bora juntos nessa?!

a. Conheça o público da sua reunião... É sempre importante saber qual o público com o qual es tou trabalhando, sendo assim, cabe a ti, como or ganizador (ou organizadora) pensar qual a faixa etária das pessoas para quem vocês dirigirão as

atividades. Reúna o maior número de informa ções sobre o grupo que pretende atingir com a sua reunião. Garanto que vai fazer a maior diferen ça no momento de planejar a sua programação.

b. As reuniões podem ser realizadas de forma pre sencial e/ou remota (on-line)? Podem! Mas cada formato, exige uma preparação diferente, segue al gumas dicas:

▶ Reunião presencial: deve contar com uma progra mação própria para o modelo presencial, onde o encontro deve acontecer em um local específico. Use todas as possibilidades de interação: grupos de debate divididos em 5 ou mais participantes, mo mentos de interação entre os jovens, convide par ceiros para contribuir com a formação pretendida, proponha um momento de animação.

▶ Reunião remota (on-line): reuniões remotas podem ser um desafio, levando em conta o acesso à inter net em algumas localidades, entretanto podem ser feitas sem perder a qualidade. Então, organize a programação, assim como na reunião presencial, foque na organização da estrutura tecnológica que envolve a ação (e apoio no local), para que não haja problemas durante a transmissão. Pesquise pla taformas de reuniões on-line, existem várias que podem dar conta das suas necessidades, inclusive gratuitas. Esse formato pode ser um bom momento para trocar com um grupo de jovens de outras regi ões que não poderiam participar da sua formação devido à dificuldade de deslocamento. A reunião remota é uma grande oportunidade pai-d′égua de também alcançar um número elevado de partici pantes, tendo em vista a possibilidade de integração de indivíduos através de um computador ou celular.

c. Devo criar uma programação com os assuntos e temas que pretendo tratar na reunião? Sim! Pode ser feito com a ajuda de todos ou um gru

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po de pessoas se encarrega de estruturar num documento cada momento da ação. O planeja mento faz toda diferença na execução da reunião, contribuindo com o processo formativo, princi palmente o entendimento e clareza dos objetivos que se pretende alcançar. Deixamos nos ane xos um modelo de programação para te inspirar.

e. No processo de organização e implementação do encontro, a comunicação entre todos deve ser sempre colocada em primeiro lugar para que os jovens se sintam incluídos nas decisões que envolvam o coletivo? A comunicação das reuniões pode ser feita através do Whatsapp , por exemplo, onde um grupo pode ser criado para comunicar o dia, local e horário da reunião; com

d. Os temas que vão ser tratados na reunião podem ser debatidos pelos integrantes do grupo ou apontados por uma equipe organizadora com o consentimento de todos os participantes? Com os temas organizados em tópicos é ne cessário pensar numa média de duração da reu nião para que todos os assuntos sejam debatidos com a participação do grupo. É normal que outros temas possam surgir durante a ação, por isso vale estabelecer um tempo para cada demanda, con tando com possíveis prolongamentos de alguns temas.

Título: Te liga!

Sendo assim não esqueça: reserve sempre um tempo a mais na sua programação.

Importante: Deixe claro o motivo da reunião. Pode ser um balão onde é colocado um ponto importante sobre a criação da reunião.

partilhar materiais (vídeos, textos, informações etc.); recolher propostas de assuntos e temas para a reunião e organização de ações futuras.

Título: Tecnologia do bem O uso de aplicativos de comunicação deve servir como uma ferramenta para nos apoiar na organização das nossas reuniões. Lembre-se de usar com responsabilidade!

f. Usar a criatividade para criar uma reunião que debate temas importantes e que seja ao mes mo tempo agradável para os participantes? Sim, sempre! Divida a reunião em momentos de discus são dos temas, sem esquecer de propor atividades artísticas e culturais (dança, teatro, música, artes plásticas, manifestações de cultura da região). Uti lizando atividades lúdicas conseguimos criar um ambiente onde cada jovem pode expressar suas

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origens, manifestações relacionadas ao território que habita, gostos pessoais e por que não conhecer uma nova modalidade artística? As possibilidades são infinitas, solta tua imaginação, mano/mana e busca atividades artísticas que os jovens possuam interesse e inspirem essa juventude.

g. Para tratar de um tema ou assunto específico precisamos de um especialista que pode parti cipar da reunião de jovens através de uma pa lestra? Com certeza! Essa pessoa pode estar na comunidade através da figura de um pescador mais experiente ou mesmo um jovem que já pos sui participação em organizações sociais. Buscar apoio de instituições (universidades, ONGs, prefei tura municipal...) presentes na região também é um caminho para levar ao encontro de jovens de bates técnicos, criando um espaço de trocas, en volvendo atores de diversas esferas da sociedade.

Título: Vamos fazer parcerias? Parcerias com instituições públicas e privadas é um caminho possível para implementação de ações e criação de uma rede de ajuda mútua en tre diversos atores da sociedade. Sendo assim, não deixe de propor ações conjuntas com tais instituições, muitas delas estão abertas para o di álogo. Perceba qual entidade melhor se adequa às suas necessidades e proponha uma conversa.

h. Ao final de cada reunião é pai-d′égua realizar uma avaliação do encontro, onde os jovens pos sam relatar de forma livre suas impressões pes soais desse momento de partilha? Sim, sim e sim! Esse momento é importante para avaliar o anda mento da reunião, assim como a recepção dos te mas e assuntos tratados. Também funciona como momento de buscar ideias para próximas reuniões, sobretudo pontos que precisam ser revistos, me lhorados ou mesmo se a programação contempla

os envolvidos. Lance mão de dinâmicas, jogos e ou çam uns aos outros, pois a escuta é um dos cami nhosparaofortalecimentodogrupo.

3.2 Organizando eventos e campanhas Mariana Guimarães, Ame o Tucunduba

Sabe aquele desejo de transformar aquilo que já não faz sentido? Esse desejo, muitas vezes vem com uma cuíra para botar logo a mão na massa e fazer a mudança acontecer. Alguns nascem com esse dese jo, outros vão despertando devagar, perdendo a ver gonha e assumindo sua identidade. Se tu chegaste até aqui nesse material, é porque provavelmente tens guardado em ti um espírito de guerreira e guerreiro da maré. Um baita sentimento de responsabilidade pela comunidade em que vives e pela natureza que habitas. Por aqui acreditamos nesse protagonismo, o que defende e representa o coletivo.

Com tantos desejos de transformação nos per guntamos: como podemos fazer para as pessoas co nhecerem e compartilharem nossos sonhos? Aqui, os nossos sonhos são os nossos projetos, as nossas causas coletivas. Como podemos organizar eventos e promover campanhas para transmitir os nossos pro jetos-sonhos?

Acreditamos que a realização de eventos e cam panhas trazem aquela animação necessária para dar visibilidade do projeto e/ou causa. Eles podem ser o primeiro contato de uma pessoa com o tema que está sendo trabalhado, por isso, é importante que nosso evento ou campanha seja feito de uma forma que ca tive nosso público-alvo.

1.2) Evento

Um evento é o momento em que várias pessoas, coletivos e organizações se unem, seja de forma pre sencial ou virtual, para divulgar ou discutir um assun to. Eles são interessantes justamente para promover

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um encontro entre o teu projeto e o público, sendo também uma maneira de reforçar uma ideia. Independentemente do formato, proporcionar uma atmosfera durante o evento pode ser uma óti ma forma de cativar as pessoas que se dispuseram a participar daquele momento. Por exemplo, se vamos fazer um evento pela defesa dos mestres de carimbó nas Reservas Marinhas, que tal decorar o ambiente com chita, espalhar cartazes com a imagem dessas e desses mestres e deixar a música tocando no fun do? Nesse momento, a imaginação pode correr solta, o que vai realmente te ajudar a bater o martelo serão duas coisas: tempo e dinheiro . Falando nisso, dá uma olhada nessas orientações e dicas sobre como mon tar o teu próprio evento.

a. COMO BOTAR DE PÉ O MEU EVENTO?

• Tenha em mente a tua motivação

Planejar e realizar um evento dá bastante traba lho, então é importante ter clareza sobre o porquê achamos importante ele ser feito. Se queremos, por exemplo, que mais jovens participem da Resex, como que o nosso evento pode colaborar com esse propósito?

• Faça um planejamento

É normal acontecerem imprevistos, mas quanto melhor nos prepararmos para realizar um even to, menores as chances de estresse no dia em que ele ocorrer. Aqui separamos esse planejamento de duas formas:

• Planejamento estratégico Sabe aquela motivação que falamos acima? Ago ra é a hora de deixá-la mais concreta, dividindo-a em algumas etapas, até que cheguemos no ponto desejável. Nesse ponto, é importante definir qual o objetivodesse evento: fazer as juventudes entende rem melhor sobre como participar da Resex? Pro mover uma conversa entre os representantes do go verno e da comunidade para debaterem a questão?

A partir daí, podemos construir um mapa de ato res sociais (líderes comunitários, governantes, funcionários públicos, associações comunitárias etc.) que tenham a ver com a temática do even to e começar a investigar de que forma eles po deriam se envolver: com falas, apresentações ar tísticas ou mesmo mobilizando outras pessoas. E no embalo desse levantamento de ato res sociais, já podes pensar no público que es tás pensando em convidar para participar do evento (e não vale ser todo mundo (risos). Por fim, é importante escrever um relatório fi nal do evento e depois compartilhar e discu tir com as pessoas que ajudaram a realizá-lo, para identificar o que deu certo, se participaram o número esperado de pessoas e no que pode ser aprimorado para a próxima atividade.

b. PLANEJAMENTO LOGÍSTICO

Esse é o momento mais prático da produção de eventos e que muitas vezes passa despercebido, mas aqui precisamos definir:

• Local

Vai ser presencial ou virtual? Se for presencial, será que algum parceiro poderia ceder o seu espaço para o evento? E ao ar livre, em uma praça, será que funciona?

• Material

Se for físico talvez precise de um computador, pro jetor, microfone e caixa de som, apresentação de slides, cadeiras, lista de presença, alimentação para os convidados e participantes, material de apoio (cartilha, canetinha, papel) e o roteiro do evento. Se for on-line, é importante verificar o link e a platafor ma da transmissão, o roteiro do evento e aparelhos como microfone (pode ser o do fone de ouvido), computador com câmera ou celular, além de um ambiente iluminado com internet minimamente estável.

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• Recursos

Vai precisar desembolsar alguma grana? Se sim, como ela será arrecadada? Será que algumas coi sas não podem ser conseguidas por meio de par ceria?

• Cronograma e responsáveis

É importante fazer uma lista de todas as tarefas que precisam ser realizadas, antes, durante e depois do evento, para posteriormente colocar datas de entrega e as pessoas responsáveis por cada coisa.

c. CAMPANHA

A campanha envolve um conjunto de ações em volta de um tema e frequentemente fazem um chamado para ação. Ainda que seus efeitos pos sam acontecer a longo prazo, as campanhas nor malmente têm um período delimitado para serem executadas. Quanto mais específica e direcionada, mais fácil fica de medir os seus resultados. Por isso, em vez de fazer uma campanha para que a sua comunidade diminua o uso de plástico, podemos criar uma para que em um ano as pessoas só usem sacolas de pano. Posteriormente podemos avançar para outra pauta dentro do mesmo tema.

• Como botar minha campanha na rua?

Imagine o que deseja alcançar e divida em etapas. Tenha em mente que saber onde se quer chegar é muito importante e enxergar os passos que vão nos fazer chegar lá é primordial para que o público se envolva na campanha. Conseguir criar essa at mosfera é animador!

panha. No exemplo que estávamos falando aci ma, podemos colocar como objetivo fazer com que a comunidade só use sacolas de pano para fazer compras e como uma das metas podemos pensar em ter 10 dos 20 mercadinhos locais pa rando de distribuir sacolas plásticas em um ano. Além disso, é importante também analisar o cená rio , tentando entender o que os atores sociais (lí deres comunitários, governantes, funcionários pú blicos, associações comunitárias etc.) acham sobre aquela temática. Nesse momento pode ser interes sante montar um mapa de poder , para ir decifran do quem está mais favorável ou não a se engajar na campanha e qual o seu nível de influência.

• Planejamento de comunicação

Com todas as informações anteriores no papel, agora é a hora de construir a identidade da cam panha.

Narrativa: É a história a ser contada a partir dessa ação. Lá iremos colocar o que nos motiva a fazer essa campanha e como pretendemos alcançar a mudança desejada. E como vamos envolver nosso público, seja mandando uma mensagem pelo ce lular ou apoiando um abaixo assinado, por exem plo.

Organize o processo

Agora que já temos em mente alguns passos mais bem definidos, é hora de decidir algumas coisas para seguir com a campanha e aqui dividimos em duas partes:

• Planejamento estratégico

Com os horizontes e as etapas bem definidas, é mais fácil traçar o objetivo e as metas da cam

Divulgação para o Público da Campanha: como transmitir a mensagem da campanha? Podemos pensar, no Whatsapp , ou em fazer anúncios por bike som , participar de um programa em uma rá dio comunitária ou colocar cartazes em um lugar que tenha muito movimento , por exemplo. Além do bom e velho “boca a boca”, e aí é legal ter uma lista de contato na mão e um convite impresso.

Monitoramento e Avaliação: para garantir o su cesso da campanha é bom ir acompanhando o envolvimento das pessoas nas nossas ações. Já no final teremos uma avaliação mais ampla da nossa campanha.

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ANEXO

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DINÂMICAS PARA REUNIÕES

1) Apresentação dos participantes:

a) Dividir os participantes em duplas ou trios.

b) Deixá-los com perguntas-chave: Como tu chegas para esta reunião? Quais desafios tu vives em relação a (insira o assunto abordado)?

O que tu esperas levar do encontro de hoje?

c) Cada pessoa tem dois minutinhos para responder as perguntas; d) Ao fim do tempo as pessoas devem se embaralhar entre os grupos; e) Podem ser feitas três rodadas com pessoas diferentes.

2) Solucionar problemas

a) Sincronização em reuniões;

b) Dividir os participantes em três papéis diferentes:

Aquele que traz um problema a ser resolvido Um facilitador para conduzir a reunião, cronometrar o tempo Os participantes que farão perguntas

c) Compartilhamento do problema, todos ouvem; d) Os participantes fazem uma rodada de perguntas para quem trouxe o problema; e) As perguntas são respondidas; f) Os participantes agora fazem uma rodada de aconselhamento;

g) Aquele que trouxe o problema diz se o aconselhamento foi útil ou não.

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Foto: Arquivo Rare Brasil

FICHA TÉCNICA

ORGANIZADORES

Bruna Martins, Marcelo Andrade e Hannah Balieiro

RELATORES POR CAPÍTULO

Capítulo 1. Hannah Balieiro - Instituto Mapinguari

Capítulo 2.1 Luciano Régis Cardoso - Instituto Mamirauá/ Rede de Jovens Líderes em Conservação da América Latina e Caribe;

Capítulo 2.2 Luis Fernando Macedo Iglesia (Pesquisador no EmpoderaClima/Care About Climate e mem bro do Youth Climate Leaders (YCL) & Jéssica Wandscheer (Rare Brasil)

Capítulo 2.3 Bruna Martins (Rare Brasil)

Capítulo 2.4 Angélica Mendes ( Comitê Chico Mendes) & Bruna Martins (Rare Brasil)

Capítulo .5 Mayra Nascimento (Rare Brasil)

Capítulo 2.6 Gabs Baesse (Clima de Eleição)

Capítulo 3. Marcelo Andrade (mentor Cuíra)

Capítulo 3.2 Mariana Guimarães (Ame o Tucunduba)

REVISÃO

Ana Costa, Enrico Marone e Eduarca Canuto (Rare Brasil)

ILUSTRAÇÃO DA CAPA, DESIGN E DIAGRAMAÇÃO

Rodrigo Aquiles Santos < www.movemoov.net >

IMAGENS VETORIAIS

Design por lesyaskripak / Freepik, Design por macrovector / Freepik, Design por gohsantosa2 / Freepik

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