60 anos La Salle Botucatu - Minha escola tem história

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LA SALLE BOTUCATU MINHA ESCOLA TEM HISTÓRIA!

Jonas Eder Cerbaro, fsc



Aos Colaboradores do ColĂŠgio La Salle Botucatu de todos os tempos.


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C411s

Cerbaro, Jonas Eder.

60 anos La Salle Botucatu : minha escola tem história! / Jonas Eder Cerbaro. – Botucatu, SP : Ed. do Autor, 2020. 153 p. : il. ; 22 cm. ISBN - 978-65-86635-09-6 1. Educação – Escolas privadas – São Paulo (Estado) – História. 2. Colégio La Salle Botucatu – História. 3. Escolas lassalistas. I. Título. Bibliotecário responsável: Samarone Guedes Silveira - CRB 10/1418


Índice História do Colégio.......................................................................................................11 Serviço Educativo aos Pobres...............................................................................77 Infraestrutura..................................................................................................................87 Ensino de qualidade.....................................................................................................95 Formação de Professores..........................................................................................105 Esportes................................................................................................................................117 Cultura e arte...................................................................................................................125 Inovação...............................................................................................................................133 Posfácio.................................................................................................................................145 Sobre o Autor....................................................................................................................146

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Termos e significados ABEL: Associação Brasileira de Educadores Lassalistas. Esse nome é a designação do empreendimento dos Irmãos Lassalistas. Na linguagem dos Irmãos, Província; PROVÍNCIA: Termo antigo que designa uma certa região e, para nós, é um termo utilizado para se referir à instituição dos Irmãos. PROVÍNCIA DE SÃO PAULO: É a ABEL. Já a Província de Porto Alegre é a Sociedade Porvir Científico. PROVÍNCIA LA SALLE BRASIL-CHILE: Designação oriunda da junção das duas sociedades, ou das duas províncias do Brasil, juntamente com a do Chile – atualmente, a sede fica em Porto Alegre-RS. MANTENEDORA: Nome comumente utilizado no campo empresarial que designa a Província La Salle Brasil-Chile. IRMÃOS: Quando escrito com “I” maiúsculo, se refere aos Irmãos Lassalistas. IRMÃOS LASSALISTAS – IRMÃO DAS ESCOLAS CRISTÃS DE LA SALLE: Quando se refere a Irmãos Lassalistas, se está fazendo menção aos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle. Este último é o nome canônico, e o primeiro é tão somente uma abreviação, uma forma constrita. IRMÃO PROVINCIAL: Presidente da Rede La Salle Brasil-Chile. JUVENATO: Etapa de formação para a vida de Irmão que corresponde ao Ensino Médio. POSTULADO: Etapa de formação posterior ao Ensino Médio – pode durar até 4 anos. NOVICIADO: Etapa de formação posterior ao Postulado – 2 anos. ESCOLASTICADO: Etapa de formação posterior ao Noviciado – pode durar até 8 anos. IRMÃO PROVINCIAL: É o Presidente da sociedade. Em outros países, ele também é chamado de Irmão Visitador. IRMÃO SUPERIOR GERAL: É o Presidente da Rede La Salle Mundial – a sede fica em Roma, Itália. RELAL: Região Lassalista da América Latina. RELAF: Região Lassalista Africana.

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Prefácio Em 2020, o Colégio La Salle celebra 60 anos da presença Lassalista em Botucatu. O Colégio, fundado em 1912, passou a fazer parte da Associação Brasileira de Educadores Lassalistas em 1960, a qual mantém a unidade até os dias correntes. Enquanto Equipe Diretiva do Colégio, havíamos pensado em uma porção de atividades para celebrar tão importante feito. Todavia, a COVID-19 nos pegou de surpresa e não nos permitiu dar seguimento aos planos. Enquanto Diretor do Colégio, tive a preocupação de me inteirar o quanto possível de sua história para melhor o gerir. Este estudo despretensioso, de página em página, remoçando vivências da minha época de Postulante quando eu visitava a obra educativa de Botucatu, acabou virando um livrinho. A intenção não é um estudo pormenorizado da história; eu sequer teria tempo para fazê-lo. Quem sabe, destes recortes poderá um dia nascer uma obra robusta da envergadura deste Colégio. Não nos sendo possível celebrarmos os 60 anos da presença Lassalista com grandes festas nesta terra das boas escolas, este livro caiu bem. Em casa e sem muita aglomeração, cada família ou estudante poderá cotejar um pouco da história do colégio onde eles estudam, onde a família depositou a confiança de conduzir a aprendizagem de seus filhos. Boa leitura! 9


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História do Colégio A história dos Lassalistas iniciou muito antes da fundação do então Colégio Diocesano e Escola Técnica Nossa Senhora de Lurdes. Aliás, antes ainda da fundação do Município de Botucatu. Em 1680, em Reims, região de Champagne, França, foi dado início, pelo Cônego João Batista de La Salle (1651-1719), às Escolas Cristãs1. Este homem, elevado aos altares da santidade2, impressionado com o abandono das crianças e, sobretudo, atento aos desígnios de Deus a seu respeito, passou a dedicar-se à educação das crianças e à formação dos mestres que, futuramente, chamaria de Irmãos, lhes confeccionaria uma regra e um hábito que os diferenciava do Clero. A Irmandade foi registrada inicialmente como “Sociedade das Escolas Cristãs”, depois, “Sociedade dos Irmãos das Escolas Cristãs” e, finalmente, “Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs. Depois do falecimento do fundador, São João Batista de La Salle, em 1719, os Irmãos solicitaram ao Papa o reconhecimento do Instituto como uma nova Congregação religiosa masculina, mas sem que padres fizessem parte. O Papa Bento XIII, em 1725, acatou a solicitação, mas exigiu que todos os Irmãos acrescentassem 1 Ao Irmão Israel José Nery, gratidão pela contribuição acerca dos inícios da história dos Lassalistas. 2 O Cônego João Batista de La Salle foi canonizado em 24 de junho de 1900, pelo Papa Leão XIII, e declarado Patrono dos Professores, em 15 de maio de 1950, por Pio XII. 11


aos votos que já faziam os denominados três Votos Clássicos da Vida Consagrada: Pobreza, Castidade e Obediência – enquanto o fundador, juntamente com os Irmãos, vivia os votos de “Associação para o serviço educativo aos pobres”, “Obediência” e “Fidelidade à vocação”. Tendo São João Batista de La Salle compreendido a moção espiritual que lhe tocara e inspirara, fez de toda a sua existência um progressivo caminho de santificação junto com os Irmãos das Escolas Cristãs. Além de ter se afastado da própria família, também vendera seus bens e tudo entregou aos pobres, doando totalmente a sua vida em favor dos mais necessitados. Tamanha foi a fidelidade deste homem ao chamado de Deus que, juntamente com os Irmãos, começou a atender pedidos e mais pedidos para que nessa, ou naquela Paróquia, na França inicialmente, fosse iniciada uma escola Lassalista. Mas não somente, por inúmeros motivos, – eu diria que, em último, pela graça Divina – com o passar dos anos, cresceu enormemente a Instituição, abrangendo, em 2000, mais de 80 países. Como suavidade e sem forçar a vontade humana3, mediante perseguição religiosa na França, não somente com a Revolução Francesa, mas imediatamente posterior, os Irmãos iniciaram uma expansão a fórceps. Pois bem, o Brasil foi um desses países agraciados pela vinda dos Irmãos. Em 1907, os 12 primeiros Irmãos chegaram ao nosso país desembarcando em Porto Alegre-RS. 3 Referência de São João Batista de La Salle, que falava na suavidade da ação Divina, que não forçava a vontade humana. 12

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No ano seguinte, fundaram a Sociedade Porvir Científico, nome jurídico dos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle, ou Irmãos Lassalistas. Segundo o livro A saga dos pioneiros lassalistas no Brasil (NERY, 2007), o Irmão Néostère-Martyr (Irmão Pedro) foi incumbido pelo Irmão Superior, Irmão Gabriel Marie, de organizar o primeiro grupo de pioneiros para dar início à obra Lassalista no Brasil. Atento ao pedido de seu superior, o Irmão NéostèreMartyr imediatamente reuniu, na cidade de Annappes, perto de Lille, norte da França, alguns Irmãos para começar os preparativos da ousada e necessária obra. São eles: Irmão Santin-Nicolas (Irmão Júlio), Irmão MartyrBernard

(Irmão

Bernardo),

Irmão Florent-Cyrille (Irmão Florêncio), Irmão EngelbertCharles (Irmão Carlos), Irmão Fulgence-Maree

(Irmão

Fulgêncio), Irmão InnocentVital

(Irmão

Inocêncio)

e

Irmão Bernard-Isidore (Irmão Isidório). Pois bem, assim como na França, aqui no Brasil a obra Lassalista

também

a

das

atenção

atraiu

autoridades

São João Batista de La Salle, Fundador do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle.

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eclesiásticas. Estas convidavam os Irmãos para irem trabalhar em suas Paróquias nos mais variados lugares do país. Assim, de uma obra modesta iniciada em Vacaria-RS, os Irmãos começaram sua expansão. Vieram mais Irmãos da Europa, casas de formação foram construídas para formar os novos membros do Instituto e para garantir a continuidade da obra... Enfim, chegando à década de 30, os Irmãos resolveram ir para outros estados do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Pará, Amazonas). Com o crescimento do número de Irmãos e das escolas, em fevereiro de 1959, foram criadas duas Províncias4, uma com sede em Canoas-RS, a Província Lassalista de Porto Alegre, tendo à sua frente, como Provincial, o Irmão Francisco Alberto. A outra, com sede em São Paulo-SP, a Província Lassalista de São Paulo, tendo à sua frente o Irmão Provincial Agostinho Simão (Deolindo Caetano Valiati)5. Dez anos depois da criação da Província Lassalista de São Paulo, a Arquidiocese de Botucatu-SP, em 1959, por iniciativa do Arcebispo Dom Henrique Golland Trindade, ex-aluno lassalista de Caxias do Sul, fez chegar ao Irmão Provincial Agostinho a solicitação de uma Comunidade de Irmãos para assumir o Colégio Arquidiocesano e a Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora 4 Província é o nome utilizado para determinar um conjunto de Estados que engloba a Rede La Salle. Poderíamos substituir por região. Região Lassalista do Sul e Região Lassalista de São Paulo. 5 Em 2011, estas duas Províncias, haveriam de novamente unir-se juntamente com o Chile e Moçambique, África, e formar uma única Província, a Província Lassalista Brasil-Chile. 14

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de Lurdes. O Irmão Provincial foi a Botucatu conversar com o senhor Arcebispo, ver o prédio e os terrenos, o Colégio e a Escola funcionando. Ficou acertado, então, para o ano seguinte, 1960, a chegada dos Irmãos a Botucatu. Tal obra arquidiocesana, porém, já acumulava uma longa história, pois fez parte dos projetos do primeiro bispo de Botucatu, Dom Lúcio Antunes de Souza (1909 a 1923) que visava, em primeiro lugar, prover a cidade de um bom ginásio católico para moças (internato e externado), conseguindo a adesão das Irmãs Marcelinas já em 1912. Apesar de não ter conseguido uma Congregação religiosa masculina para atender a um Ginásio católico destinado a rapazes, ele instalou, em 1913, o Ginásio Diocesano (internato e externato) num dos prédios do Seminário, e o colocou sob a liderança do Padre Izidoro (Reitor do Seminário). Quem, porém, assumiu a obra foi o italiano Monsenhor Paschoal Ferrari (18531919). De grande influência na região, foi ele quem havia liderado um movimento para a criação da Diocese de Botucatu-SP, canonicamente erigida em 1908. Na história de Botucatu, hoje conhecida como a cidade dos bons ares e das boas escolas, o Eminentíssimo Dom Lúcio Antunes de Souza tem um papel especial. Pode-se dizer com acerto que ele “via longe”! Ou seja, tinha tino para o futuro e antevia uma cidade caracterizada por boas escolas. Dom Lúcio nasceu a 13 de abril de 1863 na fazenda de seus pais chamada “Brejo dos Mártires”, freguesia da Cidade de Boa

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Vista do Tremendal, Minas Gerais.

Filho

do

Coronel

Jornal A Cidade, 14 de abril 2002. Especial 147 anos de Botucatu

Antônio Antunes de Souza e da Dona Joana Maria da Soledade. Chamado entrou

no

ao

Sacerdócio,

Seminário

de

Diamantina em 1º de outubro de 1880. Lá cursou o Seminário Menor, Maior e posteriormente os cursos de Filosofia e Teologia

Dom Lúcio Antunes de Souza.

e, a 31 de maio de 1890, recebeu das mãos de Dom João Antônio dos Santos a Sagrada Ordem de

Presbítero, tendo como primeira Paróquia sob sua responsabilidade a mesma que lhe acolheu quando criança em Tremendal-MG. Em 1896, foi nomeado Pároco da Paróquia de Montes Claros, importante Capital, permanecendo por oito anos em seu comando. Passados 17 anos, a 15 de novembro de 1908, é sagrado Bispo da recém-formada Diocese de Botucatu pelo então Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, tendo como consagrantes Dom Francisco do Rego Maia e Dom Joaquim Silvério de Souza. Sua posse ocorreu precisamente no dia 20 de fevereiro de 1909. Consta que Dom Lúcio teria visto apenas as fotos da Velha Matriz e que, quando entrou no templo, disse a Frei Modesto, que

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Jornal A Cidade, 14 de abril 2002

Alicerces da Catedral Santa Ana.

o acompanhava: “Esta é a Catedral?”. Monsenhor Pascoal Ferrari, tendo ouvido e notado o desapontamento do Bispo, respondeu: “Vossa Excelência, trabalhador como é, com seu belo tino administrativo, vai organizar uma Diocese que terá o patrimônio mais rico em pouco tempo”. E, ao que tudo indica, tinha razão. Dom Lúcio conseguiu reunir um vasto patrimônio para a Diocese de Botucatu. Adquiriu o terreno atrás do Seminário (antiga Chácara do Capitão Tito Correa de Melo), fez plantar nessa área 7 mil pés de café, 100 mil eucaliptos, algodão e vinhas. E foi através das vinhas que Dom Lúcio conseguiu capital suficiente para que a Diocese de Botucatu caminhasse. O vinho fabricado abastecia todas as Paróquias da Diocese de Botucatu e também de algumas Dioceses vizinhas. A esse respeito consta que, no ano de sua morte (1923), por suas mãos fabricou o vinho especial mais doce Propter Stomachum para consagrar. A última safra de 1922

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foi de 15 mil garrafas de vinho de missa e cerca de 24 mil garrafas de vinho para a mesa. Fundou o Seminário Diocesano de Botucatu, uma de suas grandes aspirações. A 26 de julho de 1909, benzeu solenemente a pedra fundamental e, dois anos depois, em 25 de março de 1911, inaugurou o prédio do Seminário. Além disso, preocupado com a formação intelectual das moças de Botucatu e região, dom Lúcio fez um pedido a Roma: que viessem para Botucatu as piedosas e zelosas Irmãs Marcelinas. Tendo seu pedido atendido, as Irmãs Marcelinas chegaram a Botucatu no ano de 1912 e fundaram o “Colégio dos Anjos”, hoje Instituto Santa Marcelina. Para ressaltar o espírito arrojado de Dom Lúcio, com a insuficiência de água na cidade, o Bispo canalizou a água de uma nascente no Capão Bonito (Rubião Júnior), no qual vinha por gravidade até o Seminário e dali se distribuía para os prédios diocesanos e até para a Escola Normal. Faleceu aos 19 de outubro de 1923. Seu corpo foi velado no Palácio Episcopal e enterrado na Antiga Catedral. Com a construção da nova catedral, no ano de 1937, a cripta já estava pronta e, no dia 6 de setembro, exumou-se os restos mortais de Dom Lúcio que, logo após, foram transladados para o jazigo número 1 da nova cripta. Os Irmãos Lassalistas assumiram o Colégio Diocesano tempos depois, quando foi nomeado Arcebispo de Botucatu-SP Dom

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Arquivo histórico do Colégio La Salle Arquivo histórico do Colégio La Salle

Início das obras do Seminário Diocesano, hoje Colégio La Salle Botucatu.

Conforme a legenda: Seminário e Ginásio Diocesano, Escola de Comércio e alicerces da Catedral em 1930.

Frei Henrique Golland Trindade6 (ex-aluno lassalista). Este enviou carta, em julho de 1959, ao Superior da então recém-criada Província Lassalista de São Paulo, Irmão Agostinho Simão 6 Fonte: <<https://arquidiocesebotucatu.org.br/bispos-e-arcebispos>>. Acesso em 25/04/2020. 19


(Deolindo Caetano Valiati) convidando os Irmãos para assumirem a direção do “Ginásio Arquidiocesano e Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora de Arquivos da Catedral Metropolitana Santa Ana

Lurdes”. Pouco depois, no dia 4 de novembro de 1959, na sede do Arcebispado de Botucatu, aconteceu a transação pela qual a Mitra de Botucatu vendia à Associação

Dom Frei Henrique Golland Trindade.

Brasileira

de

Educadores

Lassalista (Província Lassalista de São Paulo), com prazo de 15 anos, sem juros, as proprieda-

des e pertences do “Ginásio Arquidiocesano” e da “Casa São Francisco de Sales”, sendo que, nesta, os Irmãos poderiam instalar a Comunidade dos Irmãos e um Noviciado Menor também denominado Juvenato. No dia seguinte, 5 de novembro de 1959, o Irmão Edmundo Ignácio deixava Bauru (onde uma área de 29.000 m2 aguardava uma fundação lassalista), para, juntamente com o Cônego Oswaldo Violante, Diretor do “Arquidiocesano”, como o Colégio era chamada pelo povo, tomar as providências administrativas com vistas à nova fase do educandário, a partir de janeiro de 1960.

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Dom Frei Henrique Golland Trindade nasceu em Porto Alegre, no dia 27 de maio de 1897, e entrou para a Ordem Franciscana em 1920. Foi ordenado sacerdote em 18 de dezembro de 1926, em Petrópolis-RJ, pelo bispo Dom Agostinho. Nomeado bispo pelo Papa Pio XII em 29 de março de 1941, sua sagração ocorreu em 8 de junho do mesmo ano na Catedral do Rio de Janeiro por Dom Sebastião Leme. Tomou posse como Bispo de Bonfim-BA em 15 de agosto de 1941, e foi nomeado bispo de Botucatu em 15 de maio de 1948. Em sua posse, no dia 15 de agosto de 1948, esteve presente o então governador do Estado de São Paulo, Ademar de Barros. Dom Frei Henrique ampliou o Seminário Diocesano e construiu a Capela da Santíssima Trindade (tendo lançado a pedra fundamental em 1951). Fundou a Congregação das Irmãs Servas do Senhor em 15 de setembro de 1952, com a missão de dar uma melhor assistência ao povo da zona rural. Organizou também a Semana Diocesana da Família. Dom Henrique fundou ainda a Casa dos Meninos “Sagrada Família”, para acolher crianças abandonadas. Em seu governo escreveu sete cartas pastorais e dezenas de livros de espiritualidade. Sagrou dois Bispos, filhos da diocese: Dom José Melhado de Campos e Dom Sílvio Maria Dario. É considerado um dos precursores da reforma litúrgica no Brasil. Teve grande atuação no Concílio Vaticano II. Sagrou a Catedral Metropolitana de Botucatu em 30 de agosto de 1964. Renunciou ao governo da Arquidiocese em 19 de abril de 1958.

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Faleceu no Convento das Irmãs Servas do Senhor no dia 16 de novembro de 1974. Está sepultado na Capela da Ressurreição na Catedral Sant’Ana. Em 19 de abril de 1958, Botucatu é elevada a Arquidiocese e Sede Metropolitana. Dom Henrique foi então promovido a primeiro Arcebispo de Botucatu. Para termos uma ideia destes inícios, transcrevo breve relato em que os Irmãos da Província de São Paulo deliberaram sobre a compra do Colégio: “Estava o Conselho do Distrito de São Paulo reunido em Aparecida do Norte, por ocasião do retiro anual, no mês de julho de 1959, quando lhe foi entregue pelo então Diretor do “Preparatório La Salle” de Botucatu, Irmão Edmundo Ignácio, um ofício de S. Excia. Arcebispo de Botucatu, D. Frei Henrique Golland Trindade, no qual pedia que os Irmãos examinassem sua proposta de venda e compra do Ginásio Diocesano e Escola Técnica de Comércio “Nossa Senhora de Lurdes”. O Conselho do Distrito, informado das condições da transação, da situação difícil em que se encontrava o Estabelecimento face do número aviltado de seus professores, funcionários e empregados, respondeu ao Sr. Arcebispo pela negativa. Não desanimou, porém, D. Henrique, antigo aluno dos Irmãos em Canoas-RS. Fez valer este seu privilégio e convidou o Irmão Provincial Agostinho Simão, para que fizesse uma visita a Botucatu a fim de discutir o assunto e afastar as dificuldades. Juntamente com o Irmão Edmundo Ignácio, de Bauru-SP, esteve conversando, no dia 18 de setembro, com o Sr. Arcebispo. Depois de percorrer as dependências do Diocesano, pediu o Sr. Arcebispo nova proposta da Congregação, insistindo que não podia fazer-nos doação do Colégio, por ser parte do patrimônio da Mitra. Ao partir para Bauru foi entregue ao Sr. Arcebispo uma minuta de proposta. Por telefone, fez o Sr. Arcebispo saber que o Cabido rejeitara (havia sido rejeitada a proposta pelo Cabido. A escrita está pelo tempo manchada e de difícil interpretação) esta nova proposta e sugeriam outra, por equivaler, a última, a uma 22

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verdadeira doação. O conselho do Distrito reunido em São Carlos SP, fez outra proposta pagando pelo imóvel e prédios e mais uma indenização do pessoal. Na visita que o Sr. Arcebispo fez ao Irmão Provincial em São Paulo, foi-lhe entregue a proposta. Prevendo objeções do Cabido, pediu o Sr. Arcebispo que o Irmão Provincial fosse com ele novamente a Botucatu. Depois de trocar diversas propostas e contrapropostas com o Cabido, apresentou o Irmão Provincial, delegado pelo Conselho do Distrito, a “última” e irrevogável proposta de compra e venda do Colégio Arquidiocesano, nos seguintes termos7” [...].

Nos relatos dos inícios, apesar que de forma quase imperceptível, aparece o motivo principal que levou os Irmãos a decidirem comprar o Arquidiocesano: eles queriam transferir para Botucatu a etapa do Noviciado da formação de Irmãos. Aqui havia todas, ou as principais, condições para acolher essa etapa. Para que o leitor consiga compreender melhor, a etapa do Noviciado consistia em reclusão do aspirante à Vida Religiosa Consagrada por 1 ano. Nesse período, eram realizados estudos dos documentos da Igreja Católica, estudos em pedagogia, estudos em matérias de espiritualidade e vivências pedagógicas nas obras educativas. Botucatu era – e ainda é – um lugar ideal para tal empreendimento. O intento, todavia, não prosperou e não me possibilita aferir os motivos. Ao passar do tempo, ambas as instituições Lassalistas então existentes no Brasil optaram por fazer a etapa do Noviciado em Porto Alegre e assim estamos organizados até os dias correntes. 7 O arquivo histórico do Colégio La Salle guarda algumas referências aos inícios, mas não me foi possível averiguar o autor. 23


Arquivo histórico do Colégio La Salle Botucatu

Arquivo histórico do Colégio La Salle Botucatu

Irmão Edmundo, Diretor, contemplando as construções em Brasília, 1960.

Vários Irmãos visitando Brasília, 1960.

Nestes idos de 1960, não posso deixar de frisar, os Irmãos, juntamente com todo povo Brasileiro, nossa

celebraram

nova

Capital,

Arquivo histórico do Colégio La Salle Botucatu

Brasília. Para lá foram

Escritura de venda e compra.

alguns Irmãos que estavam residindo em São Paulo a fim de conhecer a nova capital. Entre esses Irmãos, estava o Diretor do

Colégio,

Irmão

Edmundo Ignácio. Em janeiro de 1960, no final do Retiro Anual,

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Publicação em jornal local sobre a negociação.

que aconteceu nas dependências do Ginásio Diocesano La Salle em São Carlos-SP, o Irmão Provincial constituiu a primeira Comunidade religiosa para Botucatu-SP. Era integrada pelos Irmãos Edmundo Inácio (Diretor), Elói Afonso, Adriano Maria, Hilário Luiz, Geraldo Lucas e Lúcio Calisto. Imediatamente esses Irmãos foram para lá. Apresentaram-se ao senhor Arcebispo e ao Cônego Diretor do Arquidiocesano e, no dia 5 de janeiro de 1960, assumiam o “Arquidiocesano”, em solenidade que contou com a presença do Sr. Arcebispo, membros do Clero, o Provincial Lassalista, o novo Diretor, Irmão Edmundo Ignácio e alguns Irmãos da nova Comunidade, professores, autoridades e a imprensa. No final daquela histórica reunião, o Arcebispo expressou, com sua conhecida e elegante oratória, as esperanças nos filhos de La Salle cuja pedagogia admirava, pois dela se beneficiara

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quando jovem em Canoas-RS. Dois dias depois, em 07 de janeiro, foram realizadas adaptações no prédio para um internato com 200 alunos e foi realizado um curso preparatório ao Exame de Admissão (para ingresso no que hoje se denomina Fundamental II). Atraídos pelo bom nome dos novos educadores, 90 candidatos se apresentaram para o curso e um bom grupo de jovens se matricularam para o Internato. Em 03 de março de 1960, iniciava o ano escolar com grande expectativa. As regências das aluas ficaram assim distribuídas: Curso Técnico: Responsável – Irmão Diretor. Curso Ginasial: 4ª série – Irmão Elói; 3ª série A – Irmão Hilário; 3ª série B – Irmão Diretor; 2ª série A – Irmão Geraldo; 1ª série A e B – Irmão Guilherme; 1ª série B – Irmão Florentino. Curso de Admissão: Irmão Lúcio. Curso Primário: 4º e 3º anos primários – Irmão Urbano. Ecônomo (Administração): Irmão Adriano. Ousados, os Irmãos, com aval do Irmão Provincial e de Dom Henrique, foram realizando importantes melhorias no prédio, no processo educativo e também nas atividades extraclasse. Criaram uma Banda Marcial, investiram em artes e deram um reforço ao esporte. A população, que usava a denominação “Ginásio dos Irmãos”, foi passando a chamar de Ginásio La Salle. Com 26

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Botucatu-SP. Em 1962. Na foto acima, os três Irmãos com o Arcebispo e o Irmão Provincial: 1) Dom Henrique Golland Trindade; 2) Irmão Agostinho Simão; 3) Irmão Elói Afonso (José Spohr); 4) Irmão Felipe Eugênio (Sebastião Kappaun); 5) Irmão Florentino Benjamim (Sander).

a introdução do Segundo Grau (hoje Ensino Médio), entrou de vez a denominação Colégio La Salle. Entretanto, somente anos depois que passou a ser assim denominado oficialmente. Como a Província de São Paulo era nova, havia muitas mudanças entre os Irmãos para se poder atender às novas obras. Em 1962, houve troca de alguns Irmãos na Comunidade, ficando ali apenas três: os Irmãos Elói Afonso, Felipe Eugênio e Florentino Se faz mister, no entanto, uma importante distinção: não devemos confundir Irmãos Lassalistas com Padres Lazaristas. A pronúncia é parecida, mas são instituições diferentes.

Arquivo histórico do Colégio

Benjamin.

Gazeta de Botucatu, 1960.

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Como os Padres trabalharam no Colégio, pode haver confusão entre as duas instituições que, apesar de trabalharem na seara da educação, são diferentes nos demais aspectos. Em 1914, Dom Lúcio, no intento de alavancar a diocese, entregou a Direção do Ginásio Diocesano aos Padres Lazaristas, congregação de educadores8. O Pe. Izidoro Monteiro, que pode ser considerado o primeiro Diretor do Ginásio, Superior dos Lazaristas, acumulou a função de Reitor do Seminário e a Direção do Ginásio. Entretanto, quando Dom Duarte assumiu a Diocese de Botucatu, os Lazaristas foram-se da cidade e o Ginásio voltou à gestão direta da Diocese. Ao término dos primeiros 6 meses na Direção do Colégio La Salle Botucatu, o Irmão Edmundo Ignácio concedeu uma entrevista ao Jornal Gazeta de Botucatu na qual relata, dentre outras questões, os planos para o futuro da obra. Como se pode perceber na imagem abaixo, tem-se a perspectiva da abertura do Curso Primário, Ginasial, Comercial e provavelmente o Curso Científico; Internato, externato e escritório modelo. Enfim, as perspectivas eram de crescimento e melhorias na obra. Em 1961, o corpo docente contava com 9 professores religiosos e 20 não religiosos. O Diretor passou a ser o Irmão Elói Afonso no lugar do Irmão Edmundo Inácio. Iniciaram as aulas em todos os cursos. Ainda neste ano, tem-se como eventos dignos de nota a Colação de Grau dos Contadorandos; solene formatura dos alunos da 4ª série ginasial; visita de uma semana do Irmão 8 Jornal Gazeta de Botucatu. 14/04/1999, edição histórica de aniversário. 28

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Arquivo histórico do Colégio La Salle Arquivo histórico do Colégio La Salle

Irmão Provincial (esq.), Agostinho, cumprimenta o primeiro Diretor Irmão Lassalista, Arlindo Mathias Reis (Edmundo), 1960.

Leitura da Ata de transferência da Direção. Da esquerda para a direita: Irmão Edmundo, Secretário Manoel Nery, Cônego Osvaldo Violante, D. Henrique Golland Trindade, ofm. E o Irmão Provincial Agostinho Simão, 1960.

Provincial (Irmão Agostinho Simão) para verificar o andamento geral e o aproveitamento dos alunos e, no dia 21 de março, houve

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homenagens ao aniversário da fundação de Brasília. Antes de prosseguir com o histórico, ou com pinceladas de história, acredito ser interessante nos determos em algumas fotos da época para deixarmos tocar pela época da qual estamos escrevendo. Os

Irmãos

Lassalistas

que aqui chegaram, de acordo com a regra específica da sua ordem, viviam em comunidade, usavam o hábito

Arquivo histórico do Colégio La Salle

melhor compreender e nos

Nesta foto, o Irmão Diretor Elói orando no início das celebrações em homenagem às mães, 1961.

Lassalista (como se pode observar nas fotos dos inícios), não presidiam missas, não atendiam confissões, atendiam exclusivamente a escola... Eram diferentes dos Padres em quase tudo. Nos relatos iniciais, podemos observar que a dinâmica da Comunidade Religiosa era concebida para favorecer a missão dos Irmãos. Dito de outra forma, as vivências em comunidade, os retiros, as celebrações, os momentos informais, enfim, toda a dinâmica da comunidade era voltada para a missão. Pode-se observar

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Oficina de sapateiro.

Esse era o refeitório dos internos.

Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.

Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.

Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.

Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.

Consultório dentário. Provavelmente esta foto foi realizada na década de 50. Esse era o dormitório dos estudantes internos. Havia 4 como esse.

Oficina para cabeleireiros.

Mesas e cadeiras que os estudantes utilizavam.

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Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.

Arquivo histórico do Colégio. Provavelmente foram feitas por volta de 1958.


nas visitas que recebiam dos superiores da Congregação, exortações nesse sentido. Vejamos:

Do arquivo histórico do Colégio La Salle 1962, temos o Irmão Provincial Agostinho Simão ressaltando: “Vossa vida sendo uma dupla consagração a Deus e à juventude, vivei só para as coisas deles, afastando os diversos gêneros de parasitas”.

Apesar de muito tempo ter se passado, a Comunidade Religiosa continua vivendo em função da missão. Os Irmãos dedicam-se exclusivamente à missão que lhes foi confiada pelo corpo do Instituto fazendo tudo que está no alcance para que não se perca nenhum daqueles que nos foram confiados. Sob o comando do Irmão Diretor Paulino Calisto e dos Irmãos em geral, cresce o número de alunos. Em 1964, a unidade já contava com 650 estudantes que, segundo o relato dos primeiros Irmãos, “nos obrigam – o número elevado de estudantes – a desdobrar algumas séries, principalmente no Curso Ginasial”. Também houve, em 1964, a formação do primeiro grupo da Associação de Pais, fato que trouxe maior proximidade entre a escola e as famílias e que contribuiu significativamente para o ensino. Mas nem tudo é boa notícia. Segundo consta no Relatório de Atividades do Ano Letivo de 1964, vou transcrever, “A Semana da Pátria, neste ano que passou, infelizmente não teve o brilho dos anos anteriores, pois nos 32

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limitamos a uma simples comemoração interna. Esta decisão foi tomada em solidariedade com as famílias que tiveram membros vítimas num desastre que ceifou a vida de 12 estudantes na fatídica tarde de 23 de agosto, quando voltavam de uma excursão levada a efeito na cidade de Avaré, onde disputaram uma partida de baseball”. Em 1965, apenas um ano depois e levando em consideração a formatura de 60 jovens no ano de 1964, a unidade contava com 740 estudantes. Em outras palavras, constata-se a entrada de 150 estudantes. Tal ingresso demonstra a qualidade oferecida aos estudantes em todos os aspectos educativos. Nesse período, reformas se faziam necessárias para bem atender. A parte externa do edifício foi pintada; foi construída uma moderna quadra de basquete, vôlei e futebol de salão; foram construídas duas canchas de bocha cobertas; banheiros foram feitos e realizadas novas instalações para que ficassem mais cômodas e facilitassem o cuidado com aqueles que nos foram confiados. Um dado que praticamente passa despercebido, mas que tem relevância, foi a instalação do Escolasticado La Salle nas dependências do Colégio, em 1965. Foram 25 o número de Escolásticos muito bem instalados no Colégio para darem continuidade à formação de Irmão Lassalistas. Quando

da

escolha

por

adquirir

o

então

Colégio

Arquidiocesano, pesou favoravelmente o fato de aqui se instalar a etapa do Noviciado, todavia tal empreendimento não prosperou,

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como salientado anteriormente. Tentaram também implantar o Escolasticado, que é a última etapa na formação para a vida de Irmão, porém, também essa iniciativa não prosperou, apesar das condições favoráveis para tal. Cabe ressaltar que a inclinação de erigir a formação Lassalista em Botucatu pesou tanto à época que os Irmãos acabaram por sair de Bauru, onde estavam desde 1957. Obra iniciada pelo Irmão Bernardino. Além disso, com o desmembramento da Província Brasil em duas, houve uma escassez de Irmãos, ou melhor dizendo, um rearranjo dos Irmãos para dar conta das obras. Como efeito colateral desse acerto, tiveram que deixar algumas obras e dar prioridade a outras. Assim foi que Bauru, infelizmente, não foi contemplada com a presença Lassalista. No dia 19/12/1966 “foram levados as coisas ‘da mudança’ para Botucatu e, no dia 20 de dezembro, encerrou-se e deu-se por suspensa a comunidade”. Assinava esse histórico o Irmão Bento Antônio (Antonio Puhl). Particularmente acredito que, além do já exposto, algo muito triste fez com que os Irmãos optassem definitivamente por Botucatu e deixassem Bauru. Primeiro, eles estavam em busca de novas vocações e de um espaço adequado para empreender as casas de formação para futuros Irmãos. Segundo, havia diminuição do número de Irmãos e aumento das obras e, terceiro, infelizmente em 1963, em Bauru, faleceu o jovem Wanderley Antônio

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Gracioli, que era candidato a entrar na primeira etapa de formação Lassalista, o Juvenato. Pode ter sido essa morte um fator fundamental para os Irmãos optarem definitivamente por Botucatu. Ao chegar em fins de 1966, o Colégio La Salle já contava com Arquivo histórico do Colégio La Salle

834 estudantes. Vejamos o que diz o Relatório desse ano: “Uma análise destes números nos entusiasma, pois isto significa uma melhora nos sistemas educacioFragmento da entrevista para o jornal A verdade de Bauru, concedida pelo Irmão Edmundo, que viria a ser o Diretor do Colégio La Salle de Botucatu.

nais usados na escola, de tal forma, a torná-la mais procurada. Parece ser a resposta ao esforço da diretoria”. Além disso, ao que tudo indica, houve aumento da população em Botucatu. O

Colégio extinguiu o Internato e passou a atender somente externos, mas com maior zelo, fato que trouxe cada vez mais estudantes para a unidade. Nesses primeiros anos sob a administração Lassalista, houve constantes mudanças no dispositivo da Direção. Muito provavelmente devido ao fato de que a congregação estava crescendo e

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abrindo novos colégios e, em alguns colégios já abertos, precisando de auxílio na condução dos processos educativos, como já mencionado. A mudança, todavia, por menor que seja, deve sempre ser cuidadosamente ponderada, dizia o nosso fundador, São João Batista de La Salle, pois a mudança sempre acarreta reorganizações que podem impactar negativamente na comunidade. Em um termo de posse que me chegou ao conhecimento dos idos de 1966, temos o Irmão Provincial Agostinho Simão (Deolindo Caetano Vagliati) transferindo o Irmão Paulino Calisto (Amadeo Menegat), Diretor, e o seu Vice, o Irmão Belarmino Henrique (Aloysio Antoni), e empoçando o Irmão Luiz (Luiz Cesari) como Diretor, e o Irmão Felipe Eugenio (Sebastião Kappaun) como Vice. Entretanto, de 1960 até 1966, tem-se como primeiro Diretor o Irmão Edmundo Ignácio; depois, logo em 1961, averiguamos que o Irmão Elói Afonso, que era Vice do Edmundo, passa a ser o Diretor; posteriormente, o Irmão Paulino Calisto (Amadeo Menegat), assume; depois averigua-se a posse do Irmão Luiz (Luiz Cesari) em 1966. Em outras palavras, em 6 anos de gestão, temos a passagem de 4 Irmãos na diretoria da obra. Com tantas substituições em tão pouco tempo, era de se esperar que a obra estivesse indo de mal a pior. Todavia, ela continuava melhorando ano após ano. Isto se explica pela coesão do ensino Lassalista, por sua estrutura interna. Todos os membros são imbuídos do mesmo espírito e doam-se com todas as suas

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Do arquivo histórico do Colégio La Salle, o Termo de Posse da nova diretoria nos idos de 1966. Assume como Diretor o Irmão Luiz (Luiz Cesari) e, como Vice, o Irmão Felipe Eugênio (Sebastião Kappaun).

energias para que a obra vá bem. Tal posicionamento não poderia ter outro resultado, senão a excelência no processo educacional. Para que tenhamos uma ideia das mudanças na Direção, temos o seguinte histórico: 1. Monsenhor Paschoal Ferrari, de 25-3-1911 a 12-2-1912; 2. Cônego Victorio M. Peyla, de 13-2-1912 a 29-1-1913; 3. Padre L. Kauling, de 30-1-1913 a 8-7-1913; 4. Padre João Heyligers, de 9-7-1913 a 7-12-1913; 5. Padre Isidoro Monteiro, de 8 12-1913 a 26-7-1922; 6. Padre José Maria Penido, de 27-7-1922 a 9-11-1925; 7. Padre Augusto Fonseca, de 10-11-1925 a 26-12-1934; 8. Monsenhor João Felipe, de 27-12-1934 a 13-03-1935; 9. Padre Sallustio Rodrigues Machado, de 14-03-1935 a 09-12-1938;

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10. Professor Affonso Celso Dias, de 10-12-1938 a 30-11-1942; 11. Padre Luis Sanson, de 01-12-1942 a 28-02-1943; 12. Padre João Culturato, de 01-03-1943 a 21-12-1950; 13. Padre Francisco Claudino do Nascimento, de 22-121950 a 21-12-1958; 14. Padre Oswaldo Violante, de 22-12-1958 a 04-01-1960; 15. Irmão Arlindo Mathias Reis(Edmundo), de 05-01-1960 a 04-01-1961; 16. Irmão José Alfeneo Spohr (Eloy), de 05-01-1961 a 04-02-1962; 17. Irmão Sebastião Kappaun (Felipe), de 05-02-1962 a 01-01-1964; 18. Irmão Amadeo Menegat (Paulino), de 02-01-1964 a 02-01-1966; 19. Irmão Luiz Cesari, de 03-01-1966 a 09-02-1968; 20. Irmão Sebastião Kappaun (Felipe), de 10-02-1968 a 09-07-1970; 21. Irmão Amadeo Menegat (Paulino), de 13-02-1970 a 13-02-1972; 22, Irmão Egydio Busanello, de 14-02-1972 a 27-01-1974; 23. Irmão Laurentino José Flach, de 28-01-1974 a 20-01-1982; 24. Irmão Oto Reichert, de 21-01-1982 a 1987; 38

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25. Irmão Olávio Reynaldo Scheneider, de 01-01-1987 a 05-08-1998; 26. Irmão Valdemiro Titton, de 18-08-1997 a 01-01-2005; 27. Irmão Olávio Reynaldo Scheneider, de 01-01-2005 a 01-12-2005; 28. Irmão Marino Angst, de 01-01-2006 a 01-07-2008; 29. Irmão Benildo Flach, de 01-07-2008 a 01-01-2009; 30. Irmão José Vendelino Flach, de 01-01-2009 a 01-01-2016; 31. Irmão Jorge Alexandre Bieluczyk, de 01-01-2017 a 01-01-2019; 32. Irmão Jonas Eder Cerbaro, ingresso em 01-01-2019, atual Diretor e autor desta obra. Em uma edição do Jornal Gazeta de Botucatu9, temos o início dos trabalhos Lassalistas em Botucatu assim definido: “Como todo começo é difícil, não foi fácil, os Lassalistas, vindos do extremo sul, adaptarem-se aos usos e costumes do interior de São Paulo. A pedagogia de La Salle, Gênio da Educação, abriu os caminhos com seus princípios básicos. Educação se faz com amor sem fraqueza, e com dedicação sem limites à educação cristã da juventude. Houve completo entrosamento entre paulistas e gaúchos. Tiveram também alguma parte nesse convívio amigo, os suculentos churrascos à gaúcha, no que os Irmãos Edmundo e Hilário eram mestres exímios”. 9 Jornal Gazeta de Botucatu, 1985. O texto foi copiado igual ao publicado no jornal. 39


O Irmão Laurentino José Flach, que permaneceu no cargo de 1974 a 1982, 8 anos, nos relata um pouco da experiência que aqui vivenciou naqueles idos: Iniciei em 24 de janeiro de 1974 com bastante ansiedade sobre o que iria realizar no ambiente novo do então Colégio Arquidiocesano e Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora de Lurdes. Hoje julgo-me feliz por ter tido um ambiente muito favorável tanto no corpo administrativo como no corpo docente durante os 8 anos que permaneci no Colégio. Um dos trabalhos mais difíceis foi o de pôr em prática a Reforma do Ensino da Lei nº 5692/71. O aumento da carga horária de aulas em todos os níveis e algumas disciplinas a mais foram as dificuldades. O maior problema foi no Noturno. Para cumprir a carga horária, o Colégio foi obrigado a dar aulas nos sábados à tarde. Felizmente durou pouco tempo, porque as autoridades se deram conta de que algo estava errado. A Lei obrigava a profissionalização de todo o Ensino Médio. Como as escolas não tinham instalações apropriadas, a legislação aos poucos foi mudando. Na época, havia falta de professores de Física, Biologia e Química em Botucatu. O Colégio se valeu de estudantes dos últimos anos de graduação da Faculdade de Medicina da UNESP. Autorizados a lecionar, davam as aulas no horário das 7 horas da manhã para terem tempo de ir à Faculdade às 8 horas. O Colégio começava a funcionar às 7 horas e terminava às 12 horas. Outra obra que me coube realizar foi a introdução do Ensino Fundamental I (Ensino Primário de então). Como a autorização dependia da Delegacia de Ensino de Botucatu, a autorização foi bastante fácil. O 1º ano começou a funcionar em 1976, com 20 alunos, 10 meninos e 10 meninas. A professora era uma excelente alfabetizadora e educadora. No ano seguinte, mais que triplicou o número de alunos. No La Salle de Botucatu, ainda faltava uma categoria de alunos: a Pré-escolar. 40

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Em 1979, começou a reforma das dependências da antiga cozinha, refeitório e salas especiais do antigo internato. Tudo ficou pronto antes do fim do

Arquivo histórico do Colégio La Salle

No arquivo histórico do Colégio La Salle, encontramos as atribuições de aulas elaboradas pelo Irmão Laurentino e assinada por ele nos idos de 1974. Temos aqui o Estatuto do Conselho de Professores e o Regimento do então Colégio Arquidiocesano Nossa Senhora de Lurdes nos idos de 1964. O Estatuto do Conselho de Professores caiu em desuso com o passar dos anos. Mas o mesmo não se deu com o Regimento, que atualmente se chama de Projeto Político-Pedagógico. Ambos os documentos, assim como no passado, são submetidos às autoridades educacionais da região para aprovação.

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

ano. Com as diversas vistorias da Delegacia de Ensino, foi aprovada a licença de funcionamento. A pré-escola começou a funcionar em 1980 com duas classes.

Voto de congratulação ao Colégio La Salle pela Câmara de Vereadores de Botucatu, pela passagem de mais um aniversário, 1971.

A Banda Marcial, que já existia e era famosa na região, foi ainda mais valorizada. O Instrutor vinha de Sorocaba nos primeiros anos. Depois passou sob a instrução e direção de um moço de Botucatu muito competente. A Banda foi convidada para se apresentar em Brasília no 7 de setembro. Aliás, os desfiles das escolas de Botucatu no dia 7 de setembro atraíam o povo da cidade. A Banda do La Salle tinha que ser a última a desfilar.

Com o aumento do número de alunos, foram necessárias várias reformas nas salas de aulas como também nos pátios. As formaturas dos alunos finalistas do Ensino Técnico de Contabilidade eram muito valorizadas e solenes. Além da Missa na Catedral e Culto Evangélico, a Formatura era realizada no Clube Atlético de Botucatu. Eis um resumo dos principais (nem todos) fatos acontecidos no meu tempo à frente deste importante Educandário de Botucatu. Evitei citar nomes para não ser indelicado ou até injusto com pessoas às quais devo muita gratidão e reconhecimento por tudo o que fizeram pelo bom andamento e êxito do trabalho educativo realizado: aos Irmãos, aos professores e

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professoras, ao pessoal técnico-administrativo, funcionários, às autoridades da cidade, aos pais de alunos a minha eterna gratidão. “Fomos um elo da corrente que começou em 1911 e continua na História”.

O Irmão Laurentino, com seus longevos 88 anos, encontra-se trabalhando como Vice-Diretor do Colégio La Salle Santo Antônio, em Porto Alegre, e reside no Noviciado La Salle, aos fundos do Colégio. Trata-se de um Irmão que muito me inspira no segmento Lassalista. Sempre gentil, modesto, parcimonioso, inspira paz e tranquilidade a quem dele se achega. Apesar do diminuto número de Religiosos Irmãos, com leigos competentes e dedicados, o Arquidiocesano, ou Colégio La Salle, foi constantemente sendo atualizado. Em 1974, em decorrência da implantação da Lei 5.692, pelo Regime Militar, foram realizadas algumas mudanças nos conteúdos, métodos e nos processos pedagógicos. O Regimento Escolar foi totalmente reformulado para se adequar às novas exigências legais, especialmente no tocante à introdução de Cursos Profissionalizantes no Segundo Grau: Técnico em Química, Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas e Desenhista Mecânico, além do já existente Técnico em Contabilidade. O número de Irmãos Lassalistas não acompanhava o crescente número de crianças e jovens que ingressavam no ensino. Tal constatação foi ressaltada por Roma, centro do Instituto dos Irmãos Lassalistas, em carta enviada ao Brasil em 1972, logo após uma visita das autoridades romanas. Segue um trecho da carta sobre 43


esse aspecto: “[...] Como mui adequadamente disse o Presidente Garrastazu Médici em seu discurso à Nação, ao apreciar o muito já realizado [...] Parece-me que nesses vastíssimos horizontes do Brasil da Transamazônica e de Brasília, com o que significam estas duas empresas gigantes de avance decidido para o centro e para o norte, não cabe de forma alguma cerrar-se em projetos que se limitam exclusivamente a setores reduzidos [...] O panorama das vocações me deixou um sabor agridoce. Doce pela abundância e qualidade observada no Distrito meridional. Um tanto amargo pela atual escassez no de São Paulo [...]. A diminuição na entrada de jovens desejosos em ser Irmãos das Escolas Cristãs, ou Lassalistas, é uma realidade até hoje vivenciada e de difícil equacionamento. Também é visível o aumento do número de estudantes, mesmo com a diminuição dos Irmãos. Tal constatação dá a entender que os Colaboradores Lassalistas tem se imbuído do espírito do Instituto de modo tal a dar continuidade à missão Lassalista que hoje seria impossível se contássemos somente com os Irmãos. Da terra dos bons ares e das boas escolas, para se ter uma ideia, temos apenas um Irmão Lassalista atualmente, o Irmão Alessandro Batista Mendes, que gentilmente nos conta um pouco da sua história vocacional: A imagem que eu tinha do Colégio La Salle Botucatu na minha adolescência, mesmo tendo concluído o Ensino Básico em outro Colégio, era de muito respeito pelo excelente ensino, cujos estudantes eram dedicados à aprendizagem e que encantava a todos com a Banda Marcial.

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Arquivo histórico do Colégio

Divulgação dos cursos do Colégio nos idos de 1974. Eu sabia da importância do Colégio para o Município, mas não sabia que era conduzido pelos Irmãos Lassalistas ou, talvez, nem compreendesse o significado do que era ser Irmão Lassalista. A partir da oitava série, que equivale ao nono ano do EF (1998), recebemos em casa a Revista Família Cristã e, ao folhear, encontrei um anúncio sobre os Irmãos Lassalistas com o brasão que o Colégio utilizava. Dialogando com meu pai sobre o anúncio, ele sugeriu escrever para o endereço que constava na revista. Eu acabei escrevendo e quem me respondeu depois de algum tempo foi o Irmão Paulo Petry, que na época residia em São Paulo. Eu fui orientado por ele, Irmão Paulo, para terminar o Ensino Médio em Botucatu. Também recordo que ele tinha dificuldade de me avaliar vocacionalmente, porque as minhas respostas eram muito curtas e diretas. Na terceira série do EM, ocorreu que o Irmão Paulo Petry pediu para que eu fosse conhecer os Irmãos da Comunidade Religiosa de Botucatu. Este momento foi de muita apreensão, pois estávamos nos comunicando por cartas, e a possibilidade de diálogo presencial me fez ter um sentimento de alegria e medo. 45


O encontro com os Irmãos foi combinado para o período da tarde. Ansioso, eu cheguei antes e lembro de ter dado várias voltas na praça em frente ao Hospital da Misericórdia antes de tocar a campainha na casa dos Irmãos, que era onde hoje funciona a Educação Infantil do Colégio. Foi um momento difícil, pois eu não sabia como os Irmãos iriam me receber. Todavia, logo que me apresentei, fui descontraidamente recebido pelo Irmão Valdemiro Titto, que à época era Diretor do Colégio. O diálogo foi muito bom porque ocorreu de forma tranquila e me esclareceu sobre o trabalho dos Irmãos, a vida, entre outros assuntos. Também estava no dia, na residência, o Irmão Ludovico Celant (falecido) e me impressionou a sua altura e, pelo pouco que conversamos, sua humildade e experiência de vida, que guardo até hoje em meu coração. No final de 2001, recebi a visita do Irmão Nelson Rabuske; ele era a pessoa responsável na época pelo Postulantado em São Paulo. Nesta etapa de formação, jovens adultos realizavam uma experiência de discernimento vocacional sobre a Vida Religiosa Lassalista. O Irmão Nelson é uma pessoa bastante comunicativa e de fácil diálogo. Neste dia, ele aproveitou para acolher informações que necessitava sobre minha família e sobre minhas intenções enquanto postulante à Vida Religiosa. Ao término do dia, parecia que nos conhecíamos há anos. Findou que ele me convidou para ir morar no Postulantado no ano seguinte. Eu não sabia bem o que responder, mas disse que sim. Nos anos de Postulantado e Noviciado10, nós, os formandos, fomos auxiliados a discernir corretamente a nossa vocação. Dia após dia, por intermédio da vivência comunitária, das orações, estudos, leituras e estágios, íamos clarificando nossa opção pela Vida de Irmão Lassalista. Eu continuo procurando fortalecer minha escolha vocacional dia após dia, compreendendo que o chamado à vocação é divino. A vida proporciona caminhos que às vezes nem imaginávamos trilhar!

10 Postulado é o nome da etapa de formação que precede o Noviciado. Ambas preparam o candidato à Vida Religiosa Consagrada. 46

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Além de ter a companhia do Irmão Alessandro nos anos de formação para ser Irmão Lassalista, também convivi com ele durante dois anos(2017-2018) em Lucas do Rio Verde-MT. Lá, trabalhávamos na Direção da unidade educativa e prestávamos algum auxílio à Universidade La Salle. Atualmente, o Irmão Alessandro continua sua missão no Mato Grosso, enquanto eu exerço a minha na terra natal dele. O Colégio contava, em 1974, com 366 alunos, e 294 alunas, num total de 660 estudantes. O índice de aprovação no final do ano foi de 95%. O Corpo Docente estava formado por 4 Irmãos, 28 professores, 9 professoras, num total de 41 pessoas. Cursos em funcionamento naquele ano: 5ª à 8ª séries do 1º Grau; e no 2o Grau, as modalidades profissionalizantes de Técnico de Contabilidade (em 3 anos), Técnico em Química (em 4 anos); Auxiliar de Laboratório (em 3 anos); Desenhista Mecânico (em 3 anos). Em 1979, a comunidade estudantil contava com

Arquivo histórico do Colégio

850 alunos, dos quais 240

Formandos Primeira Eucaristia. Infelizmente não me foi possível descobrir o nome deles.

com gratuidade parcial ou total. O Corpo Docente formado por 3 Irmãos e 39 professores, auxiliados por 10 funcionários. Naquele ano foi criada a etapa de

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Pré-escola. A orientação religiosa foi aprimorada, através do “Convívio de Oração”, com duas celebrações eucarísticas semanais para Professores e Alunos. No Domingo de Páscoa, um grande acontecimento para Botucatu e para o “Arquidiocesano” foi a ordenação sacerdotal do ex-aluno José Fernandes Gonçalves (Paquito). Entre as comemorações, as de Maria, de La Salle, e Dia das Mães, com a colaboração de Pais e Mestres. Nos esportes, a equipe de Natação conquista o troféu de Campeã regional. Numerosas atividades sociais, religiosas, vocacionais, assistenciais, artísticas e desportivas elevaram o nome do “Arquidiocesano” ao longo da sua história. Cursos para Noivos, Ciclos de Conferências, preparação de candidatos para o “Projeto Rondon” (estudantes que, sob orientação e patrocínio governamental, prestam, anualmente, assistência a populações pobres do “hinterland” brasileiro, na Amazônia, no Nordeste, etc.). Em 1982, cabe uma ressalva para compreender a história, o Colégio preparava 94 crianças para a Primeira Eucaristia e 53 adolescentes na Catequese de Crisma. Nestes idos, era comum que algumas escolas confessionais católicas também assumissem a preparação das crianças e dos jovens com vistas à Crisma ou à Primeira Eucaristia. Todavia, com as mudanças realizadas em inúmeras dioceses no Brasil e no mundo, esta preparação foi restringida às paróquias, pois houve um entendimento de que são o local adequado por excelência para administrar tais conteúdos. Desta forma, muitas escolas deixaram de dar catequese.

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Com o crescimento do número de estudantes, de 1.085 para 1.983, e para melhor atendê-los, fez-se necessária a construção de um muro separando a propriedade do Colégio e a do Seminário – atual Casa Paroquial. Imaginem essa quantidade de estudantes e sem um muro para contê-los, para protegê-los. Praticamente seria impossível de bem atendê-los. Todavia, os Irmãos, sempre atentos aos nossos estudantes, ao longo dos anos fizeram inúmeras mudanças e obras para melhor atender a todos. Somente para se ter uma ideia do crescimento nestes idos da década de 80, em 1987, o Colégio contava com 1.390 estudantes, um aumento de 313 estudantes em 4 anos. Já em 1989, o número chegava a 1.674. Foi durante as décadas de 70 e 80, sob os auspícios dos Irmãos Laurentino e Otto, que o Colégio teve o maior número de in-

Arquivo histórico do Colégio

gressos. Salta aos olhos o crescimento no número de estudantes

Jornal Gazeta de Botucatu anuncia novo pastor para Arquidiocese de Botucatu, 1989.

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e colaboradores nestes idos, crescimento este incomparável aos anos anteriores e posteriores até os dias atuais. A Arquidiocese de Botucatu recebe a notícia da renúncia do seu pastor, em 1989, Dom Vicente Marchetti Zioni. Nas palavras de Dom Vicente: “No dia 15 de dezembro, logo após ter completado 75 anos de idade, apresentei ao Santo Padre João Paulo II a minha Renúncia ao governo desta Arquidiocese de Santana de Botucatu. [...] Conhecida a mente da Igreja que é, refazer as suas forças, reformulando o quadro dos seus Ministros, segui os ditames da minha consciência e não tergiversei um instante sequer em pôr em prática o que a Lei canônica sugeria a respeito das Renúncias episcopais, no cânon 401, para os Bispos, bem como para os Cardeais e Párocos”. Para assumir o pastoril em Botucatu, é nomeado Arcebispo Metropolitano Dom Antônio Maria Múcciolo. Natural de San Lorenzo, Itália, veio para o Brasil com apenas 1 ano de idade. Aqui, foi ordenado Sacerdote pelas mãos de Dom José Carlos de Aguirre, na Capela do Seminário São Carlos Borromeu de Sorocabba, no dia 4 de novembro de 1949. Naturalizou-se brasileiro em 1953 e foi sagrado Bispo da Catedral de Sorocaba, pelo Núncio Apostólico Dom Carmine Rocco, a 15 de agosto de 1977. E, em 1989, foi nomeado Arcebispo de Botucatu pelo Papa João Paulo II. A Arquidiocese de Botucatu assim teve o seu Prelado constituído ao longo dos anos:

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1. Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Administrador Apostólico, de 07.06.1908 a 20.02.1909; 2. Dom Lúcio Antunes de Sousa, 1º Bispo Diocesano, de 20.02.1909 a 19.10.1923; 3. Mons. Domingos Magaldi, Vigário Capitular, de 19.10.1923 a 01.02.1925; 4. Dom Carlos Duarte Costa, 2º Bispo Diocesano, de 01.02.1925 a 21.10.1937; 5. Dom José Carlos de Aguirre, Bispo de Sorocaba, de 21.10.1937 a 29.06.1938; 6. Dom Frei Luis Maria de Santana, OM Cap. 3º Bispo, de 29.061938 a 05.05.1956; 7. Mons. José Melhado de Campos, Vigário Capitular, de 05.05.1946 a 15.08.1948 8. Dom Henrique Golland Trindade, OFM. 4º Bispo Diocesano e 1º Arcebispo Metropolitano, de 15.08.1948 a 18.04.1968; 9. Mons. Francisco Claudino do Nascimento, Vigário Capitular, de 21.04.1968 a 20.06.1968;

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10. Dom Romeu Alberti, Bispo de Apucarana e Administrador Apostólico nomeado pela Santa Fé, de 20.06.1968 a 12.04.1969; 11.

Dom

Vicente

Marchetti

Zioni,

Arcebispo

Metropolitano, de 12.04.1969 a 28.06.1989; 12.

Dom Antônio

Maria

Múcciolo,

3º Arcebispo

Metropolitano, de 09.09.1989 a 07.07.2000; 13. Dom Aloysio José Leal Penna, 7º Bispo e 4º Arcebispo, de 07.07.2000 a 19.11.2008; 14. Dom Maurício Grotto de Camargo, 8º Bispo e 5º Arcebispo, é atualmente o pastor da Arquidiocese de Botucatu. Apesar de não ser o intento desta obra a vida do clero local, me sinto na obrigação de, vez por outra, citar um que outro fator referente ao tema. Faço isso por saber que os diversos pastores da nossa querida Arquidiocese sempre estiveram atentos à boa condução dos processos educativos no Colégio La Salle. Um documento exemplar de tal afeição e cuidado é uma carta de Dom Múcciolo, pedindo cuidados com certo material produzido por Frei Betto que continha inadequações com a sã doutrina da Igreja. Vejamos na próxima página:

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

Fragmento de ofício encaminhado ao Colégio de Dom Antônio Maria Muccíolo, 1990.

O cuidado para com a reta instrução de nossas crianças sempre esteve nos planos dos nossos pastores e sempre estarão. O cuidado para que as juventudes sejam bem orientadas é primordial na construção de uma sociedade que possa almejar os bens do alto. A Banda Marcial, uma das glórias do “Arquidiocesano”; as vitórias dos alunos em campeonatos de diversas modalidades desportivas; a constante reciclagem do corpo docente; a Biblioteca, constantemente acrescida de valiosas coleções; concursos literários; a participação do Grêmio Estudantil e da Associação de Pais

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e Mestres... tudo nos mostra um “Arquidiocesano” ativo, atualizado, dinâmico. O Irmão Arno Francisco Lunkes, por dois mandatos, esteve à frente da Província Lassalista de São Paulo. O primeiro de 1º de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 1996, e o segundo, de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 1999. Sobre este período, nos diz o Irmão Arno: De minha parte, enquanto Provincial, não podia haver outra expectativa senão dar continuidade aos projetos já em andamento. Com efeito, eu só havia visto algumas vezes o espaço quando era Noviço11 e visitamos a escola e o sítio. Pelo que posso lembrar o Colégio, já era uma grande referência na cidade. Foi também a época em que se arquitetou a instalação da obra social no Bairro Bandeirantes. Esta foi, sem dúvida, uma obra marcante e significativa por corresponder ao ideal que iniciou o projeto Educativo de João Batista de La Salle, nas origens da Congregação.

O Irmão Arno atualmente trabalha exercendo a função de Diretor do Colégio La Salle Peperi, em São Miguel do Oeste-SC. Imediatamente antes de assumir essa função, todavia, exercia a função de Diretor do Noviciado La Salle em Porto Alegre. Lá, ele contribuiu para a boa formação dos jovens desejosos em ser Irmãos Lassalistas. Em 1993, integravam a Comunidade Religiosa responsável pelo Colégio La Salle de Botucatu os Irmãos Olávio Reinaldo Schneider (Diretor), Valdemiro Titton (Vice-diretor), Ludovico 11 Noviço é o nome dado ao candidato à Vida Religiosa que está no Noviciado. 54

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Celant e Sebatião Kappaun. No ano seguinte, foi transferido o Irmão Valdemiro Titton, e a Comunidade ficou reduzida a três membros. Em 1996, o Irmão Benno Brisch integrou a Comunidade, mas o Irmão Sebastiao Kappaun foi transferido. Naquele mesmo ano, os Irmãos construíram o “Centro de Educação e Promoção La Salle de Botucatu” (CEPLASB), no Jardim Bandeirante. Voltado à população de baixa renda, tal obra foi uma garantia de fidelização a pedagogia e a espiritualidade Lassalista. Um convênio com a Secretaria de Educação da Prefeitura foi muito importante, sobretudo, na garantia da merenda escolar. Mais tarde, tal obra foi oficialmente promovida à Escola Infantil La Salle, com capacidade máxima para cerca de 300 crianças. No Jubileu do nascimento de Jesus Cristo, ano 2000, o Colégio passou a definitivamente ser denominado Colégio La Salle. A mudança foi realizada paulatinamente para não causar preocupação desnecessária às famílias e à comunidade em geral. Assim,

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aquele que já havia sido denominado por vários nomes, recebe

Escola La Salle atende atualmente cerca de 250 estudantes, 2020.

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definitivamente o nome que o faz parte da Rede La Salle; mesmo que já o fizesse desde 1960. Nesse ano, assumiu como Provincial de São Paulo o Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder, que me fez o grande favor de escrever algumas linhas sobre os anos que esteve à frente da Província: Antes de eu assumir o Provincialato, o Ir. Arno Francisco Lunkes era o Provincial. Ele teve dois mandatos: o primeiro de 1º de janeiro de 1994 a 31 de dezembro 1996, e o 2º mandato de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 1999. Antes do Ir. Arno Lunkes, quem exerceu a missão de Provincial foi o Ir. Israel José Nery, também por dois mandatos, de três anos cada. O Estatuto da Província La Salle São Paulo previa três anos para cada mandato, podendo haver reeleição uma vez. Minha gestão de Superior Provincial da Província La Salle São Paulo e de Presidente da Associação Brasileira de Educadores Lassalistas (ABEL12) se estendeu por dois mandatos, cada um de três anos. O primeiro mandato iniciou em 1º de janeiro de 2000 e se estendeu até 31 de dezembro de 2002; o segundo mandato iniciou em 1º de janeiro de 2003 e se estendeu até 31 de dezembro de 2005. A nomeação do primeiro mandato recebi do Superior Geral Ir. John Johnston13 e o segundo mandato recebi do Superior Geral Ir. Álvaro Rodríguez Echeverría. Este colégio, durante vários anos, creio que até hoje, pedagogicamente se manteve como o Colégio da cidade mais bem avaliado nos exames do ENEM. Por isso, minhas principais expectativas quanto à excelência desse educandário sempre se realizaram.

12 Para que o leitor possa melhor compreender: Província Lassalista de São Paulo é um nome que os Irmãos utilizam e que foi herdado de tempos longevos. Agora, a Associação Brasileira de Educadores Lassalistas (ABEL) é o nome jurídico da instituição. 13 Também a título de esclarecimento, quando se fala em Superior Geral, se está referindo a uma espécie de Presidente Mundial da Rede La Salle. Aqui também vemos resquícios da linguagem corriqueira de muito tempo. 56

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Desejo a você, caríssimo Ir. Jonas Cerbaro14, feliz gestão frente ao Colégio La Salle Botucatu, com abundantes graças de Deus e bênção de Santa Ana, Padroeira da Arquidiocese de Botucatu, e de S. João Batista de La Salle. Que este estabelecimento de ensino continue a cumprir sua gloriosa trajetória secular em favor de excelente formação religiosa, intelectual e humana da nova geração de crianças, adolescentes e jovens. Que suas ações solidárias tenham continuidade sempre segura e eficaz em favor da classe mais pobre, principalmente por um apoio real à Escola La Salle Botucatu. A coragem, o bom senso, o protagonismo pedagógico e o diálogo são energias para a solução de conflitos e para o encaminhamento eficiente dos projetos educativos. E ainda, os princípios pedagógicos e humanos que nos legou S. J. B. de La Salle são luz nesse caminho de gestão muitas vezes espinhosa, mas desafiadora e de superação.

Dias difíceis se aproximavam do Colégio La Salle Botucatu. Integravam a Comunidade de Botucatu em 2005, Irmão Olávio (Diretor), os Irmãos Benno Brisch, Ludovico Celant, Ronivaldo Floriano Silva (Irmão Escolástico) e Roque do Carmo Amorim Neto – estes dois últimos deixaram a Congregação um pouco depois do Irmão Olávio tê-la deixado, mas não em virtude da saída deste. Nesta época, o Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder era Provincial, e o Irmão Marino Angst era Ecônomo Provincial.

14 Atual Diretor da obra e autor deste livro. 57


Havendo por parte da Comunidade forte oposição para com a Direção da unidade15, em determinado momento, o Diretor, Olávio, apresentou à Direção Provincial renúncia. Em face de tal acontecimento, o Irmão Marino se deslocou de São Paulo para Botucatu com o intuito de saber o que se passava na comunidade e dar os devidos encaminhamentos. Mui zeloso e dedicado à missão Lassalista, o Irmão Marino logo percebeu que na unidade não se fazia sentir o clima Lassalista costumeiro em nossas obras, caracterizado pela empatia, espontaneidade, relacionamento fraterno, diálogo, união. Ao contrário, parecia haver receio, desconfiança e até mesmo medo. Ao final de uma tarde de visita à obra educativa, o Ecônomo Provincial se dirigiu às dependências da Comunidade Religiosa e, para sua surpresa, encontrou o Irmão Olávio, que lhe comunicou estar com as malas prontas e, no dia seguinte, viajaria para o Rio Grande do Sul, pois decidira sair da Congregação dos Irmãos Lassalistas. Alegou não haver mais ambiente para ele e a obra

15 Pode haver uma causa para tamanha insatisfação. Ao tomar conhecimento do histórico da unidade, verifiquei que em 2006 houve 57 reprovações no colégio e uma forte retomada da disciplina junto aos estudantes. O autor do histórico, que me é desconhecido, indignado, afirma que as mesmas famílias a exigirem maior seriedade nos estudos ao iniciar o ano, agora reclamam da unidade por ter tomado medidas nesse sentido. Resta ressaltar que, segundo o autor, a unidade obteve êxito em todos os processos impetrados na Diretoria Regional de Ensino. 58

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educativa. A conversa foi pesarosa. O Irmão Marino tentou fazê-lo declinar, mas a decisão estava tomada. Sugeriu então ao Irmão Olávio que primeiramente fosse a São Paulo, para um diálogo com o Irmão Provincial Ignácio Weschenfelder e, também, com o Irmão Paulo Petry, que assumiria o Provincialato no dia 1º de janeiro de 2006. Mas de nada adiantou! Uma vez regressando para São Paulo, o Irmão Marino relatou ao Irmão Provincial e ao Irmão Paulo Petry a situação em que a obra se encontrava e, diante do que que ouviram, os Irmãos Ignácio e Paulo Petry não tiveram outra alternativa senão nomear interinamente o próprio Irmão Marino Diretor de Botucatu, acumulando a nova missão com a de Ecônomo Provincial. Mas não somente. Além disso tudo, o Irmão Marino também precisava auxiliar outras obras educativas, elaborar relatórios para a Assembleia Geral dos Irmãos que se avizinhava, a participação do Retiro anual de Irmãos, a preparação para a troca da Direção Provincial... Resiliente, todavia, o Irmão Marino assumiu todas essas atividades, mas teve que encarar as consequências. A saúde do Irmão Marino estava sendo afetada. Dormia pouco, alimentava-se mal, estava preocupado com a situação de Botucatu e fazia constantes viagens para dar conta do Economato Provincial em São Paulo, com diversos problemas e enfrentamentos. E havia ainda a ameaça de instâncias governamentais de extinção da Filantropia, que possibilitava à Província atender diretamente muitas famílias carentes. A lei havia sido modificada e exigia das

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Instituições de Ensino substituir o gasto com a Assistência Social por concessão de bolsas de estudo. O Irmão Marino precisava conhecer essa legislação e tudo o que implicava na gestão administrativa da Província, função que nunca exercera antes. O Irmão Marino escreveu que teve de encarar o decréscimo de alunos e um clima organizacional nada favorável às boas práticas Lassalistas. Era uma situação estressante. Ele via diante de si apenas duas alternativas para o Colégio: a primeira, aumentar, e muito, a quantidade de alunos, o que levaria alguns anos; a segunda, o fim da escola, para o qual já estava caminhando. Mas casmurro e convicto Irmão Lassalista, decidiu lutar com todas as suas forças para reerguer o Colégio. Tudo isso era levado ao Irmão Provincial e ao seu Conselho. Conheci o então Irmão Olávio nos idos de 2002 em São Paulo. Na ocasião, ele me explicava a estrutura administrativa da Rede La Salle em São Paulo. Na segunda oportunidade que tive para conversar com ele, em Araruama-RJ, no mesmo ano, falamos sobre as dificuldades da Pastoral Vocacional em nossa Província. Em ambas as ocasiões, ele me pareceu um Irmão muito empenhado em fazer com que as obras fossem as melhores. Também saliento a meticulosidade deste para com a reta condução dos trabalhos sob sua responsabilidade. No mais, não me atrevo a dizer coisa alguma sobre ele, pois estaria correndo sério risco de cair em difamações.

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O Irmão Marino me deu o prazer de sua companhia em diversos encontros. Durão, sistemático, dedicado, objetivo até demais, zeloso para com a missão Lassalista... Assim era ele e a muitos cativou durante sua vida. Infelizmente veio a falecer em Porto Alegre na Casa Nossa Senhora da Estrela muito “antes do combinado”. Infelizmente, ele descobriu um câncer no intestino e não conseguiu superá-lo. Apesar de ter resistido bravamente a todo o tratamento e ter apresentado melhoras, faleceu em 2016. Os jovens Irmãos que fizeram o Escolasticado em Botucatu nestes idos, acabaram por sair tempos depois. Foram eles: Ronivaldo Floriano Silva, Maurivan Rudi Lovato, Fernando Damasceno Lima e Roque do Carmo Amorim Neto. Quando eu digo que saíram, me refiro à saída definitiva da Congregação dos Irmãos. Todavia, não penso que o clima contraproducente na Comunidade Educativa daqueles tempos tenha sido o fator desencadeante ou preponderante da saída deles. Sem sombra de dúvidas, esse foi um dos períodos mais difíceis pelo qual o Colégio passou. Assim sendo, permito-me cotejar esse momento histórico mais detidamente sem, contudo, exaurir todas as possíveis interpretações. Quando o então Irmão Olávio foi trabalhar alhures, o Irmão Valdemiro Titton assumiu a Direção da unidade. Este último, como todos que o conhecem poderão testemunhar, é um Irmão extremamente carismático e próximo aos estudantes e familiares. Humilde, chegado ao diálogo, reto no agir, coerente, são só mais

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algumas características do Irmão Titton que eu admiro e que me servem de exemplo. Tendo ficado 8 anos distante do Colégio La Salle Botucatu, retornou o Irmão Olávio. Obviamente o Colégio não era mais o mesmo e nem as pessoas que aqui estavam. Sob a batuta do Irmão Titton, durante 8 anos, muitas mudanças foram realizadas. Em especial, as pessoas se acostumaram com o jeito, com a toada da administração de um líder carismático. Tal mudança gerou atritos quando do regresso do Irmão Olávio. Exigente, formado num tempo em que a disciplina era rigorosíssima, extremamente dedicado, focado, combatente... O então Irmão Olávio não conseguiu adequar-se a um movimento que, já há 8 anos, vinha sendo moldado em termos diferentes. Este choque de gestão, a meu ver, foi fator determinante para gerar uma crise nunca antes vista na unidade. Quiçá se naqueles dias tivéssemos empresas de consultoria tão abundantes como temos hoje, a história poderia ter sido diferente. Após a permanência do Irmão Marino como Diretor interino do Colégio, este ficou sob a direção do então Irmão Benildo Flach durante 1 ano. Ao findar 2008, ele também pediu para se retirar da Congregação dos Irmãos. No seu lugar, assumiu o Irmão José Vendelino Flach – irmão de sangue do Benildo –, permanecendo no cargo até 2016. À frente da Província de São Paulo estava o Irmão Paulo Petry, de 2006, primeiro mandato, a 2011, segundo mandato, ano no qual

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houve a junção das Províncias de São Paulo e Porto Alegre. Neste período que engloba os dois mandados, o Irmão Paulo insistiu na condução da educação Lassalista enquanto união de esforços dos agentes na comunidade escolar. Assim, cada colaborador, Irmão ou não, poderia sentir-se realizado, em paz, por fazer parte de uma missão que vai muito além de cada indivíduo. Segue fragmento de uma carta que o Irmão Paulo fazia questão de refletir juntamente com a Comunidade Educativa quando das visitas do Provincial: [...] “Sensações de paz, por saber que juntos podemos vencer barreiras que sozinhos nos parecem demasiado altas. Sensações de paz por sabermos que estamos realmente dando o melhor de nós para dar continuidade à missão lassalista de levar a educação integral a mais e mais gente. Sensações de bem-estar por acolhermos esta oportunidade do crescimento pessoal e comunitário aqui no La Salle como também acontece em mais de quarenta cidades brasileiras, e em mais de oitenta países. Bem-estar por participarmos de um ambiente e de uma filosofia de vida que aprimora nosso conhecimento e que nos dão fundamentos para realizarmos com maior competência a missão que nos é confiada”[...].

O Irmão Paulo Petry, bem sabe quem o conhece, sempre zelou para que as comunidades educativas fossem espaços de encontros e de aprendizagens. Para ele, além das aulas, deveria reinar um clima propício às boas convivências, ao respeito mútuo, à acolhida, à serenidade, à celebração. Tal era sua posição que fica evidente nas cartas e nas ponderações que fazia nas visitas às obras educativas e religiosas.

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Atualmente o Irmão Paulo Petry atua como Presidente da RELAL (Região Lassalista da América Latina) e mora na Colômbia. Em tal cargo, vez por outra ocorre de nos encontrarmos para trocar umas ideias e jogarmos canastra. Como sempre, demonstra vitalidade e vibra com as conquistas dos Lassalistas em toda região. A Província, sob a direção do Irmão Paulo, passou a investir na reforma e pintura interna do prédio, construiu um novo Laboratório de Ciências, deu-se um novo formato à área de Educação Infantil e foram realizadas adequações no pátio interno da escola. Professores, alunos e pais revelavam-se contentes com o que estavam vendo. Por causa da sobrecarga de responsabilidade, crises de varizes, erisipela, inclusive com cirurgia, que o Irmão Marino apresentava, o Provincial Irmão Paulo Petry transferiu de AugustinópolisTO para Botucatu-SP o Irmão José Benildo Flach, nomeando-o Diretor do CEPLASB e vice-diretor do Colégio La Salle, com possibilidade de ser o Diretor a partir de julho e, assim, aliviar a sobrecarga de serviço que tinha o Irmão Marino. No dia 16 de novembro de 2008, o Irmão Marino realizou visita a Botucatu, pois como Ecônomo precisava saber como andavam as reformas e melhorias no prédio. Soube que havia exigências da Prefeitura para algumas alterações no projeto inicial. Isso e o aumento dos preços dos materiais dificultou o cumprimento

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do prazo, mas a obra foi realizada. Voltou para São Paulo e visitou Brasília e, depois, Toledo. Como salientado anteriormente, ainda em 2008, o então Irmão Benildo Flach deixou a Congregação e, consequentemente, a Direção do Colégio La Salle Botucatu. Para assumir o posto de Diretor, o Irmão Paulo Petry, Provincial à época, nomeou o Irmão José Vendelino Flach, irmão do Benildo e Diretor do Colégio La Salle São Carlos-SP, para assumir a Direção do Colégio La Salle Botucatu. O Irmão Vendelino, como é costumeiramente chamado na Congregação, permaneceu na Direção da unidade até 2016. Durante o período, fez grandes obras de infraestrutura, que possibilitaram maior comodidade e segurança às famílias Lassalistas. Dentre elas, destaco a Educação Infantil e os drive de entrada. guiu acomodar a gestão e dar um novo impulso de crescimento ao Colégio. O

Berçário

do

Colégio La Salle foi inaugurado em 2009. Trabalhando

junto

Arquivo histórico do Colégio

Além disso, conse-

Em 1959, quando da fundação das duas Províncias, a de São Paulo e a de Porto Alegre, o Irmão Superior Geral Nicet-Joseph e o seu Assistente, Irmão Fabriciano Luiz, estiveram no Brasil. Nesta foto, o Irmão Fabriciano Luiz, em visita a Botucatu, recebe de um dos estudantes a flâmula do Colégio.

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aos bebês com linguagem oral, matemática, artística e visual, tornou-se centro de referência em berçários de toda a região. Mesmo nos dias correntes de 2020, há visitas ao Berçário de outras unidades educativas do Estado de São Paulo para dali extrair ideias para a construção de outros berçários. Em 2010, estavam em Botucatu os Irmãos José Vendelino (Diretor), Jackson Luiz Nunes Bentes, Maurivan Rudi Lovato e Nelson Sagioratto (Vice-diretor do La Salle e Diretor do CEPLASB). No primeiro semestre de 2011, integrou a Comunidade Religiosa o Irmão Noviço Cláudio André Dierings, para um estágio. Nesse ano, importante mudança ocorreria nas duas Províncias (ou Mantenedoras) das obras Lassalistas no Brasil. Revisando a história, percebe-se que, em 24 de fevereiro de 1959, era fundada a Província de São Paulo com a presença do Irmão Superior Geral, Nicet-Joseph, e de seu Assistente, Irmão Fabriciano Luiz. A jurisdição da nova Província passou a abranger os educandários e outras obras sediadas nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Brasília e Manaus. Em 2011, todavia, os Irmãos Lassalistas decidiram unir as duas Províncias, como era antes de 1959, mas, agora, com o acréscimo do Chile. A nova Província, ou Mantenedora, passou a se denominar Província La Salle Brasil-Chile. Desta forma, nos dias correntes, temos Irmãos aqui do Brasil trabalhando no Chile

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e Irmãos chilenos trabalhando no Brasil. Trata-se da maior expansão já realizada pelos Irmãos do Brasil e do Chile. Nos idos de 2012, o Irmão Provincial era Jardelino Menegat. Agora, com a união da Província de São Paulo com a Província de Porto Alegre juntamente com o Chile, tem-se apenas um Irmão Provincial para gerir todas as obras. Assim sendo, Botucatu recebeu a Visita do Irmão Jardelino em maio daquele ano, do dia 10 ao dia 12. Durante a visita, o Irmão Provincial se reuniu com diversos setores do Colégio e com vários colaboradores e estudantes. Na ocasião, foi ressaltada a importância de todos os Colaboradores Lassalistas sentirem-se parte desta grande obra Lassalista na América Latina16. Segue uma singela contribuição do Irmão Jardelino para esta obra: O Colégio La Salle Botucatu carrega consigo uma bela história a ser recordada e por construir, pois segue sua missão de educar. Ao longo dos anos, muitas pessoas passaram por este Colégio e tornaram-se pessoas diferenciadas na sociedade, pois acreditamos que o La Salle Botucatu marcou e marca as pessoas que de alguma maneira têm sua história ligada a ele. Celebrar 60 anos dedicados à educação de crianças, adolescentes e jovens, seguindo os passos de São João Batista de La Salle, deve encher de orgulho e de motivação as pessoas que atuaram e aquelas que atuam hoje neste Colégio, e as motiva ainda mais a olhar para o futuro com entusiasmo e determinação.

16 Enquanto Provincial e mesmo quando ocupava outros cargos na Província, o Irmão Jardelino sempre insistiu para que houvesse maior sentido de pertença entre todos os membros da grande obra Lassalista. Para ele, tal sentimento dava dinamicidade e vigor à obra. 67


Fazer parte desta história, enche de orgulho meu coração. Dedicação e alegria devem perpassar a história daqueles que podem olhar o passado com gratidão e o futuro com esperança. Esses olhares motivam para realizar com mais amor a missão que nos é confiada ainda hoje. Portanto, celebrar os 60 anos do Colégio La Salle Botucatu, é uma demonstração de que o passado foi importante, que o presente exige dedicação e paixão pelo trabalho educativo, e que ao olhar o futuro com esperança se torna possível transformar vidas pela educação de qualidade. Pessoalmente conheço a caminhada do Colégio La Salle Botucatu a partir das visitas realizadas como Irmão Provincial durante o período de três anos, de 2012 a 2014. Neste tempo, realizei pelo menos duas visitas ao ano, portanto, tive o privilégio de acompanhar a trajetória gloriosa deste Colégio que carrega em si uma linda história, e que tem a possibilidade de continuar a fazer história com as pessoas que nele atuam nos dias de hoje. O Colégio La Salle Botucatu tem um passado glorioso e um futuro promissor, por ter pessoas com potencial empreendedor, estruturas adequadas e uma marca a zelar. Não há como negar que o Colégio La Salle Botucatu é detentor de uma linda história educacional que precisa ser conservada, revitalizada, ativada, qualificada, aprofundada e ampliada todos os dias. Os que atuam hoje neste Colégio também carregam a grande missão de construir e reconstruir o futuro desta obra educativa que possui todas as condições para não parar, mas sim de avançar muito em sua missão educativa. Parabéns a todos os que ajudaram a construir o passado glorioso do Colégio La Salle Botucatu, aos que estão atuando hoje, são convidados a fazer história com sua contribuição. Sabemos que o futuro não nos pertence, mas podemos prepará-lo para que transforme as pessoas pela educação de qualidade e para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Atualmente, o Irmão Jardelino trabalha como Reitor da Universidade La Salle e Diretor Colégio La Salle ABEL de 68

60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


Arquivo histórico do Colégio

Da esquerda para a direita: 1) Vista aérea do Colégio La Salle Botucatu; 2) Detalhe de uma bandeirinha da Obra Vocacional Lassalista.

Niterói-RJ. Durante o período em que esteve trabalhando como Provincial, fez uma gestão acolhedora entre as mais diversas realidades Lassalistas espalhadas pelo Brasil, Chile e também Moçambique, na África. É bom frisar que, nas terras africanas, os Irmãos trabalham em casas de formação, colégios e escolas, assim como no Brasil. Existe, todavia, intenções de transferir a administração dessas obras para a Região Lassalista da África (RELAF). Com essa acoplagem das nossas obras com as da RELAF, intui-se que haverá maior sinergia entre as obras na África e maior disponibilidade de Irmãos para atender o Brasil e o Chile. Em 2013, toda a Comunidade Lassalista de Botucatu festejou o centenário da instituição fundada em 1913. Sem sombra de dúvidas, todos os atores desta história tiveram muito o que celebrar. Em especial os Irmãos pertencentes à Comunidade Religiosa: Irmãos José Vendelino Flach (Diretor), Nelson Saggioratto 69


(Vice-Diretor), e Maurivan Rudi Lovato – este último pediu para se retirar da Congregação ao término de 2013. Irmão José Vendelino Flach continuou como Diretor do La Salle até 2016, realizando, com o Corpo docente e os funcionários, um persistente trabalho de revitalização das obras educativas lassalistas em Botucatu. A Comunidade estava, em 2016, com mais dois membros, os Irmãos Giomar Baggio (Vice-Diretor do Colégio e Diretor do CEPLASB) e José Rovani. Em 2017, o Irmão Provincial Edgar Nicodem transferiu o Irmão José Vendelino para Porto Alegre e nomeou para Diretor, em Botucatu, o Irmão Jorge Alexandre Bieluczyk. Em 2019, porém, o novo Provincial, Irmão Olavo José Dalvit, escolheu o Irmão Jorge para a Coordenação do Setor de Missão, a partir da Sede Provincial La Salle em Porto Alegre e, ao mesmo tempo, transferiu do Colégio La Salle de Lucas do Rio Verde-MT, o Irmão Jonas Eder Cerbaro, para Diretor da Comunidade Religiosa e do Colégio La Salle em Botucatu. Com ele formaram Comunidade os Irmãos Giomar Baggio (Diretor do CEPLASB), Elizando Kaiser (Vice-Diretor do Colégio) e Fábio Kolling (Coordenador de Turno). Passado um ano, o Irmão Giomar foi trabalhar na Direção do Colégio La Salle Esteio-RS e o Irmão Elisandro assumiu a Direção da Escola La Salle. O Irmão Jonas continuou como Diretor do Colégio La Salle e o Irmão Fábio Kolling passou a

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fazer parte da Equipe Diretiva da unidade exercendo o cargo de Vice-diretor, além de Coordenador da Pastoral. O Irmão Jorge conduziu um importante trabalho de renovação da unidade. Além das obras de infraestrutura, também realizou significativas mudanças nos setores para que entre eles houvesse maior sinergia. Esse relevante trabalho colocou nosso Colégio mais uma vez à frente do seu tempo. Com os setores Administrativo e Pedagógico bem estruturados, foi possível dar novo impulso à unidade em outras áreas. Durante a administração do Irmão Jorge, foi realizada uma importante parceria com o Google for Education, outra com a International School e ainda outra com a editora FTD. Em especial, é necessário ressaltar, essa parceria com o Google nos permitiu passar por momentos calamitosos em 2020 com a suspensão das aulas presenciais. Nossos estudantes passaram a ter aulas on-line, e isso só foi possível graças à qualidade conquistada com a tecnologia do Google. Com o Irmão Jorge, eu tive o prazer de conviver em CarazinhoRS durante os anos de 2009 até 2013. Como todos que tiveram o prazer de conhecer o Irmão Jorge poderão afirmar, ele é um sujeito dedicado, carismático, de uma sabedora ímpar e, sobretudo, corajoso o suficiente para levar adiante nossa missão Lassalista. Além disso, ressalto o desvelo com que este Irmão trabalha junto aos mais necessitados. Sem sombra nenhuma de dúvidas, o Colégio La Salle Botucatu continua com o atendimento de excelência aos

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mais desfavorecidos, devido ao brilhante trabalho realizado pelo Irmão Jorge – pena que aqui ele ficou apenas 2 anos! O atual Irmão Provincial, Olavo José Dalvit, quando assumiu o comando da Província La Salle Brasil Chile, convidou o Irmão Jorge para assumir a Direção de Missão; isso em 2018. Em 2019, o Irmão Jorge foi prestar os serviços como Diretor de Missão e ficou residindo em Porto Alegre-RS. Tanto o Irmão Provincial como o Irmão Jorge são responsáveis últimos pela boa condução das obras educativas e, ao menos uma vez ao ano, nos visitam para acompanhá-las. Atendendo ao meu pedido, o Irmão Olavo nos redige algumas palavras sobre o Colégio La Salle Botucatu e a missão Lassalista em geral. Estimado Irmão Jonas, Colaboradores, Famílias Lassalistas, viva Jesus em nossos corações para sempre! É com grande alegria que venho por meio desta modesta contribuição participar uma vez mais da obra Lassalista em Botucatu. Desta vez, todavia, contribuindo para a construção de um livro que, indubitavelmente, vai contribuir para nos imbuirmos ainda mais do espírito institucional que nos pede fé e zelo no trato da educação Lassalista. Em primeiro lugar, meus parabéns ao Clero de Botucatu e a todos os Colaboradores que se empenharam e se empenham na continuidade da obra Lassalista na terra dos bons ares e das boas escolas. Neste ano celebramos de forma especial os 60 anos da presença Lassalista na condução do Colégio La Salle e, não me restam dúvidas, muitas foram as conquistas desta unidade que precisamos celebrar.

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Precisamos celebrar o atendimento aos mais necessitados, a excelência educacional, a formação para o bem viver e, dentre outros tantos aspectos, devemos celebrar o futuro. O Colégio La Salle Botucatu, desde as origens que remontam a 1912, dedica especial atenção àqueles que mais necessitam. Os Irmãos Lassalistas, que assumiram a obra em 1960, deram continuidade a esta dedicação e, hoje, podemos celebrar centenas e mais centenas de jovens que necessitavam e foram atendidos de forma gratuita pelo Colégio. Tal proceder da obra Lassalista nos enche de orgulho, pois nos permite contemplar a centralidade da vida dos Irmãos, a saber, o atendimento aos mais necessitados. Juntamente com o serviço educativo aos pobres, o Colégio tem demonstrado, ao logo desta nobre história, excelência no que lhe é mister. Alegro-me, juntamente com todos os Colaboradores, em especial junto aos Professores, por solidificar boas bases educacionais que permitirão aos nossos estudantes darem continuidade ao Ensino Superior sem maiores percalços. Devemos nos alegrar por verificarmos que, junto ao ensino de qualidade, a unidade Lassalista de Botucatu nunca olvidou do ensino para o bem viver. Em minhas visitas à unidade, pude verificar junto aos estudantes serenidade, solicitude, empatia, criatividade e comprometimento junto aos pares para que a educação Lassalista corresponda aos anseios dos estudantes. Tais características, é bom frisar, são fundamentais para uma sociedade que pretende ser harmônica e democrática. Tais são as características desta obra que me permitem, desde já, celebrar com toda a comunidade o futuro. As bases estão lançadas, e os investimentos foram e continuarão sendo realizados para que tenhamos um porvir, a semelhança da nossa história, cheio de conquistas e realizações junto àqueles que nos são confiados por Deus. Novamente, exorto a todos, apesar das circunstâncias pandêmicas, a alegrarmo-nos ao celebrar 60 anos da presença Lassalista conduzindo esta obra. Também, renovo meus votos de que consigamos permanecer firmes na fé, constantes no trabalho e plenos do Lassalianismo apesar e sobretudo

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nestes dias difíceis que passamos. Dias melhores virão, pois melhores seremos no pós-pandemia. Rogo a Deus para que acolha em sua misericórdia todos aqueles que partiram desta vida por ocasião do contágio com o novo coronavírus. Rogo igualmente para que consigamos nos confortar mutuamente e nos fortalecermos para permanecer firmes frente aos desafios impostos pela pandemia e decorrentes dela num futuro próximo. São João Batista de La Salle, rogai por nós!

Quanto a mim, Irmão Jonas, vejo que o Colégio La Salle Botucatu faz jus à bela história que construiu ao longo desses anos. Vejo uma unidade de ensino exemplar para toda a região, não apenas em espaços, tecnologias, mas em qualidade de ensino e, o que nos dá um sabor especial no exercício do magistério, o lassalianismo que existe em nosso meio. O futuro vai nos exigir ousadia, conhecimento, habilidades emocionais e proficiência em diversos campos do conhecimento. Obviamente que não só. Todavia, são alguns posicionamentos e habilidades indispensáveis para lidarmos com o futuro próximo. Tomando conhecimento da história desta unidade, verifiquei que os Irmãos e, antes deles, os Padres Lazaristas, sempre foram ousados. A própria construção do Colégio foi uma atitude de grande ousadia. Essa postura, entendo eu como uma inclinação a ser propositivo frente aos problemas, oferecendo possíveis respostas, apontando possíveis direções. Essa atitude propositiva enseja uma postura proativa, inquieta, inconformada, que procura novas alternativas. Vejo que o futuro não vai permitir que 74

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tenhamos posições de dependência, conformismo, passividade; aliás, nem o futuro nem o passado nos permitiu! É possível observar que o conhecimento norteou todos os investimentos e foi reorganizando a unidade ao longo da história. Conhecimento esse que crescia no campo da engenharia genética, das novas tecnologias, das relações interpessoais... A posição de permanente renovação frente aos avanços da tecnologia e das ciências de forma geral, deve também continuar sendo nosso guia. Para tal, a capacitação continuada sempre foi e sempre será bem-vinda ao nosso meio. No trato com nossos estudantes e, de maneira geral, com toda a comunidade, verifica-se aqui e alhures a necessidade urgente de nos capacitarmos, nos aprimorarmos, no que tange ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais. A comunidade educativa precisa e dela vai ser exigido cada vez mais essas habilidades, não somente para o trato com os estudantes, mas para fomentar neles essas habilidades também, para capacitá-los nessa área. Tempos idos, o conhecimento profundo de uma área do conhecimento, ou, melhor dizendo, de uma ciência, era tido como o suficiente, o necessário, “tava bom”! Entretanto, com o advento do compartilhamento e armazenamento nunca antes visto de conteúdo on-line, de nós passou também a ser extremamente necessário conhecimento de outras áreas, em especial no que diz respeito às novas tecnologias da comunicação.

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Acredito que, imbuídos como em outras épocas do espírito que é peculiar a esta obra, de fé e zelo, descortinaremos os próximos anos do Colégio La Salle Botucatu e nos orgulharemos do que aqui estará sendo realizado. Mantenhamos a fé, nem que seja pequenina, e sejamos autores nos cenários vindouros, como somos e fomos.

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Serviço Educativo aos Pobres O Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle teve as suas bases e consolidação no ensino preferencialmente aos mais necessitados. Em 1679, quando pela primeira vez João Batista de La Salle encontrou o Senhor Adriano Nyel, membro de uma fraternidade cristã de professores, com recomendações da parte da Madame Maillefer para iniciar uma escola em Reims para meninos pobres, mal sabia o fundador tudo que iria fazer em favor dos mais necessitados. A fim de melhor servir ao Reino de Deus por intermédio da Educação Cristã, João Batista de La Salle renunciou ao que recebia como Cônego e, não o bastante, renunciou a todos os bens que possuía para viver integralmente junto com os primeiros Irmãos a nobre missão de educador. Tal postura radical frente à realidade que o cercava, marcou definitivamente a vida e a obra posterior do Instituto nascente. Com o passar do tempo e a consolidação do Instituto, os Irmãos adotaram para si um hábito, construíram casas de formação para os novos professores e professaram 5 votos, a saber: castidade, pobreza, obediência, serviço educativo aos pobres e fidelidade ao Instituto. Em especial, esses dois últimos, os Irmãos já viviam antes da oficialização do Instituto junto à Igreja Católica. O atendimento educacional aos mais necessitados, não somente na época de La Salle, mas também hoje, representa um grande 77


desafio. Em primeiro lugar, não quer dar a entender atendimento exclusivo, não significa dizer que a cobrança de mensalidade

Jornal Folha de Botucatu 06/02/1957

anuvia a missão e não signas a pobreza em relação ao dinheiro. Como nos inícios do Instituto,

hoje

também

atendemos uma enormidade de pessoas, dentre elas

Arquivo histórico do Colégio

Imagem 1: comunicado disponibilizando bolsa de estudo

nifica dizer que existe ape-

Imagem 2: outra forma de angariar recursos para dar continuidade à obra era o sorteio de prêmios entre as unidades da Rede, ou Associação Brasileira de Educadores Lassalistas.

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temos pobres, ricos e muito ricos. Para darmos conta do atendimento equitativo a todos, existe a cobrança da mensalidade e a concessão de bolsas de estudo e sindicais, essa última destinada apenas aos filhos de colaboradores. Tal proceder tem suas origens desde antes da vinda dos Irmãos Lassalistas para Botucatu, como podemos observar na imagem 1 e 2 na página anterior. Nos relatos que tive acesso da década de 6017, fica evidente a preocupação Lassalista referente aos mais necessitados na região. Além de oferecer bolsas de estudo, o valor da matrícula era fixado no seu teto máximo, mas havia possibilidade de a família pagar de acordo com os seus rendimentos. Além disso, consta que o Colégio, colaborando com a promotoria local, dava subsídio, casa, roupas e comida a dois menores órfãos e oferecia almoço e janta para cinco famílias pobres indicadas pela Conferência Vicentina, além de outras refeições avulsas. Com o passar do tempo, averiguou-se maior rigidez e transparência nos processos de concessão de bolsa de estudo. Novos editais foram organizados e uma enormidade de documentos passou a ser exigida para conceder o benefício. Todavia, os trâmites burocráticos não impediram a unidade de continuar. Os anos foram passando, e com eles muitos, realmente muitos, estudantes bolsistas e pagantes passaram pelo Colégio. Hoje, só para se ter uma ideia, o Colégio investe cerca de R$ 700 mil por ano em atendimento educacional gratuito a 219 estudantes bolsistas. Sem 17 Relatório de atividades da década de 1960. Arquivo histórico do Colégio La Salle. 79


dúvida, uma contribuição significativa para cada bolsista e para o Município como um todo. Obviamente, não é somente no Colégio que temos esse investimento e não é somente a unidade que investe. Na verdade, o investimento em bolsas, em última instância, é a Mantenedora que não somente as oferece para o Colégio, mas também atende hoje, gratuitamente, cerca de 250 crianças na Escola La Salle – obra assistencial que fica no Jardim Bandeirantes, aqui em Botucatu. Assim sendo, somando às duas unidades Lassalistas em Botucatu, temos mais de 400 crianças atendidas, quando não de forma totalmente gratuita, com 50% de gratuidade. Além da concessão de bolsas, o Colégio sempre teve presente a imperiosa necessidade de fazer com que os estudantes compreendessem a importância de auxiliar o próximo. Assim, em muitas ocasiões os estudantes foram chamados a participar de competições, gincanas e eventos solidários. Trata-se basicamente de uma forma de levá-los a contemplar as necessidades dos mais pobres, em um exercício salutar de empatia. Abaixo, o Professor de Educação Física do Colégio, Prof. Gildo (apelido), nos relata um pouco da importância do serviço assistencial do Colégio. Edivaldo Rogério Fumes, casado com Lucilena Lopes Fumes, pai de Lucas Della Coletta Fumes e João Vítor Loés Fumes, estudou no Colégio de 1980 a 1986. Atualmente, é Professor de Educação Física do Colégio La Salle.

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Minha história no Colégio começou no final de 1979, quando um amigo da família, Sr. João Ribeiro (foi durante anos gestor das finanças do Colégio La Salle de Botucatu), em conversa com meu pai, apresentou a possibilidade de eu sair do EECA (Escola Estadual) e ir estudar no La Salle. Meu pai trabalhava de sapateiro pela manhã e de servente de escola (funcionário público) no período da tarde. Minha mãe era cozinheira. Portanto, minha família não tinha condições financeiras para me colocar no Colégio La Salle. O Sr. João Ribeiro, no entanto, conseguiu uma bolsa de estudo integral (100%) para que eu ingressasse na antiga 5ª série do Colégio. Com uma expectativa imensa tanto para mim como para minha família, em 1980, comecei a estudar no La Salle juntamente com muitos amigos que estudavam comigo na Escola Estadual. Naquele momento, começava a se realizar um sonho da família. No início, apesar de muitos amigos e conhecidos, não foi fácil, pois a diferença de ensino entre o Colégio La Salle e uma escola estadual já era muito grande naquela época. Mas, com o decorrer do ano, fui me adaptando e, principalmente pela estrutura física e esportiva do Colégio, logo comecei a me destacar nos esportes, principalmente no futebol, então tudo se tornou mais fácil. Os professores eram excelentes, com alguns professores bastante severos e outros mais tranquilos, mas muito comprometidos com a educação e com as famílias. Muitos desses professores eram “fregueses” da minha mãe, que fazia salgados para festas e, mesmo assim, se mantinham altamente profissionais. Respeito todos (alguns in memoriam) até hoje, pois ajudaram muito na minha educação e como ser humano. Fiz muitos amigos aqui. Confesso que até hoje, com meus 52 anos, muitos conhecidos são dessa época e a minha “turma” de amigos (Irmãos) temos contato e mantemos contato frequentemente. Amizade que nasceu e cresceu dentro do La Salle.

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No centro, Prof. Gildo em reunião festiva com a família. Ressalto que não foi o Colégio que o influenciou a torcer para o Palmeiras (risos)! Em 1987, saí do Colégio e fui para o Objetivo, pois recebi uma proposta de ir trabalhar em um Banco, não podendo conciliar o estudo no La Salle com o trabalho. Mas até o final do Ensino Médio e durante a faculdade, as experiências e os ensinamentos Lassalistas me conduziram a me esforçar, alcançar e trilhar meus caminhos, acredito que de muito sucesso. Muito me marcou estudar aqui. Me lembro dos churrascos e jogos de futebol com os Irmãos e professores, dos campeonatos e das festas juninas. Me recordo também das reuniões de pais; eu tremia quando ocorriam (risos). Um Colégio até os dias de hoje renomado, com uma didática de ensino poderosa e fundamentada nas diretrizes de São João Batista de La Salle. Sem dúvida, um dos melhores colégios do Estado de São Paulo. Uma tradição familiar que passa de geração em geração. Me orgulho em ter estudado, estagiado e de trabalhar nesse Colégio. Além disso, meu filho, Lucas (22 anos), estudou em todos os ciclos no Colégio La Salle e, meu filho João Vitor (13 anos), está estudando no Colégio que sempre representou muito para toda minha família.

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Abaixo segue um pequeno recorte dos idos de 1967 que trata do atendimento gratuito aos estudantes. Vejamos:

Arquivo histórico do Colégio La Salle

Recorte histórico de 1967. Diz: “A escola mantém diversos alunos, completamente gratuitos em regime de internato e grande número com substanciais descontos nas anuidades de externato, que já são das mais módicas do Estado de São Paulo”. Pequeno recorte do Relatório de Atividades dos idos de 1979, quando o Diretor era o Irmão Laurentino.

Além da Gincana Lassalista, existem outras atividades durante o ano em que o Colégio La Salle Botucatu envolve os estudantes e toda a comunidade educativa em campanhas caritativas. Aliás, não é somente a Rede La Salle em Botucatu que assim procede, mas todas as unidades Lassalistas. Dentre as campanhas de caridade, temos o Natal Solidário, arrecadação de chocolate na Páscoa, campanha do agasalho quando se aproxima o inverno. Enfim, havendo ocasião, não nos furtamos em auxiliar o próximo. No ano corrente em específico, nos envolvemos muito na arrecadação de mantimentos e colchões para os desabrigados devido às fortes chuvas que caíram em Botucatu. Foram muitas

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as contribuições, graças à prontidão e à empatia que o povo

Contribuição particular

Botucatuense tem para com aqueles que necessitam.

Jornal de Botucatu, 08 de junho de 1983

Fortes chuvas atingiram Botucatu em 2020.

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Gincanas que pontuam na medida da solidariedade de cada um é uma marca registrada do Colégio La Salle.

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Arquivo do Colégio Arquivo histórico do Colégio, 1992

Gincana 2019. Nesta oportunidade, os estudantes arrecadaram mais de 4 toneladas de alimentos e produtos de limpeza – e se divertiram para valer!

Jogos internos onde pontua quem arrecada alimentos.

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Infraestrutura Ao longo de toda sua nobilíssima história, o Colégio La Salle passou por muitas mudanças. Primeiro devido ao número de alunos, pois crescia substancialmente desde os primeiros anos; segundo, devido às necessidades educativas de cada época e, sobretudo, para melhor atender as famílias e os estudantes. De início, exalto uma vez mais o Eminentíssimo Bispo Dom Lúcio Antunes de Souza, sem dúvida um visionário. Ele, sensibilizado com a necessidade de levar educação aos meninos da região, deu início as tratativas, aos projetos. Novamente, acredito que não é demasiado dizer, este homem de Deus conseguiu enxergar para além da realidade que o cercava e graças também a ele, hoje Botucatu pode se orgulhar do ensino que dispensa aos seus munícipes. A obra em questão, podemos analisar nas primeiras fotos deste livro, dá o entendimento da envergadura do projeto e o que antevia seu projetor. Trata-se de um prédio robusto encravado no centro de Botucatu e próximo ao comando do Clero. Daí conclui-se que, sob os auspícios dos Bispos de Botucatu, deveria ficar a obra iniciada. Além do mais, a imponência do prédio nos dá a entender algo para o futuro, com vistas, acredito eu, aos estudantes que atendemos atualmente e outros tantos que iremos atender.

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

Arquivo histórico do Colégio La Salle. Ofício encaminhado ao Presidente

Sobre as dificuldades dos inícios, vejamos a carta abaixo:

Parte do contrato de locação que entre si fizeram o Colégio La Salle e a Prefeitura Municipal. Nesta época temos como Diretor o Irmão Egydio Busanello, já o Prefeito é o Senhor Luiz Aparecido da Silveira, e o Presidente da Câmara, o Vereador Prof. Oswaldo Minicucci.

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O ofício acima encaminhado ao Presidente Juscelino, nos idos de 1957, não somente nos possibilita compreender um pouco das dificuldades de então em obter recursos, mas também nos faz pensar em uma época em que o nosso idioma era escrito de forma diferente – um pouco diferente – e nos faz imaginar como era o Brasil com a Capital Rio de Janeiro. Todavia, em outros documentos também observamos com qual afinco, ganas, que os primeiros responsáveis pelo Colégio se dispunham a trabalhar para edificar a obra. O prédio foi sendo moldado conforme as necessidades e para além delas. Lá pelos idos da década de 70, além de abrigar algumas turmas do ensino público de nossa cidade, também abrigou a Câmara de Vereadores. As instalações comportavam os trabalhos realizados nesta e, portanto, nos dão a entender que, para além de um ambiente propício, tínhamos um ambiente excelente para o desenvolvimento educacional. Com o progressivo número de estudantes, outras obras foram sendo necessárias. Vemos, por exemplo, a foto abaixo de uma formatura realizada no ginásio esportivo. Aliás, uma foto muito bonita de como se arranjavam à época sem um auditório. Contudo, um auditório foi construído para melhor atender; e que auditório! O Auditório La Salle comporta cerca de 900 pessoas e é utilizado atualmente para eventos do Colégio e para outros, inclusive alguns de porte nacional.

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Estudando detidamente a história do Colégio La Salle, pode-se observar que sempre houve um cuidado especial em oferecer os melhores espaços para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. Todos os anos verificam-se melhorias na estrutura, com acento em alguns específicos, como é o caso de 1990. Nesse ano, tivemos a cobertura da quadra azul, ao longo da rua José Dal Farra, a construção da quadra de areia, a construção da cobertura das duas quadras esportivas paralelas ao Salão de Atos – local destinado ao depósito da unidade atualmente – dentre outras obras que marcaram a década de 90. Uma obra, todavia, merece destaque especial: a Escola La Salle. À época o nome era “Centro de Educação e Promoção La Salle de Botucatu” (CEPLASB). Situada no Bairro Bandeirantes, essa obra de cunho social atende crianças até a Pré-escola II ou até os 5 anos. Atualmente, atende mais de 200 crianças de forma gratuita. Trata-se de uma obra de enorme relevância para a Rede La Salle e para o Município de Botucatu, haja vista sua missão, da qual nunca se descuidou ao longo dos anos. E as obras não pararam por aí. Seis anos depois, vemos novo ânimo construtivo em face do aumento no número de estudantes. Posteriormente, podemos observar um recorte do Jornal Gazeta de Botucatu que indica mais uma obra que vem contribuir para a educação em Botucatu. Sobretudo, o recorte nos mostra como era antes da construção do prédio.

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

As formaturas eram realizadas no ginásio de esportes.

Com o aumento no número de estudantes e para facilitar a vazão na entrada e na saída dos estudantes, novas obras foram realizadas. Além disso, atentos para que a unidade fosse adequa-

Arquivo histórico do Colégio La Salle.

da às pessoas com mobilidade reduzida, muitas reformas foram

Convite para a inauguração do Auditório La Salle, 1993.

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realizadas. Nas fotos abaixo, podemos ver a construção dos dri-

Arquivo histórico do Colégio La Salle.

ves de entrada e de algumas rampas de acesso.

Arquivo histórico do Colégio La Salle.

O Jornal A Gazeta de Botucatu, publica foto mostrando a construção nova, 1994.

Show do Tubinho no Auditório La Salle, 2020. Evento que teve como finalidade arrecadar colchões para auxiliar às famílias que perderam seus bens devido às fortes chuvas neste ano.

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Arquivo histórico do Colégio

Arquivo do Colégio La Salle: notícia boa para a comunidade de Botucatu. Novo prédio para melhor atender nossos estudantes.

Arquivo histórico do Colégio

Como ficou o ambiente com as novas construções.

Construção da entrada do Ensino Médio e Fundamental II.

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Arquivo histórico do Colégio

Quadras de esporte I e II do Ginásio Irmão Felipe. Além dessas duas, tem mais a quadra azul, 2020.

Arquivo histórico do Colégio

Arquivo histórico do Colégio

Rampas de acesso entrada do Ensino Médio e Fundamental II.

A melhor parte é ver a felicidade dos estudantes com as novas obras.

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Ensino de qualidade A qualidade desta instituição educacional vem de longa data. Aliás, a unidade nasceu com vocação para que aqui se tenha elevada qualidade no ensino. É o que se pode depreender da análise histórica desde os inícios. Este Colégio foi o precursor em qualidade de ensino e que, por isso mesmo, inspirou outras cidades a seguir o modelo. Quem conhece a história da Congregação dos Irmãos Lassalistas, quem teve a oportunidade de conhecer a obra de La Salle, não se sentirá no direito de dizer que os colégios Lassalistas querem estar sempre em primeiro lugar nas avaliações internacionais ou nacionais. Parece até uma controvérsia, ao tempo que afirmo ser o Colégio La Salle Botucatu, desde suas origens, o melhor de Botucatu e um dos melhores do Estado, digo também que a obra Lassalista não tem como principal objetivo atingir o primeiro lugar nesta ou naquela competição. Parece uma controvérsia, mas só parece. Desde os princípios da Congregação dos Irmãos Lassalistas, São João Batista de La Salle, o fundador, queria “ganhar as almas” daqueles que nos eram confiados e oferecer ensino que pudesse auxiliar os estudantes a bem viver; que fosse de alguma forma útil aos estudantes. Não percebo, em momento algum ao estudar a história deste colégio ou a história dos Irmãos, mudança nesta orientação de nosso fundador, mesmo que os resultados 95


acadêmicos sejam os melhores. Poderia dizer que os bons resultados acadêmicos são consequência e não objetivo do nosso ensino. Um colégio que pretende receber a todos que dele precisam não pode ter como objetivo apenas boas notas e os primeiros lugares. É fato que nem todos os estudantes que nos procuram têm a mesma vocação. Alguns se dedicarão com afinco para conseguir bons resultados no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), outros, estarão em busca de uma experiência internacional, alguns querem trilhar carreiras que, sequer, as universidades possuem em seu currículo, enfim, existe uma multiplicidade muito grande de expectativas quanto ao futuro dos nossos estudantes e nem sempre coadunam com bons resultados nas avaliações. Ainda, vez por outra a intensão de ingressar nas melhores universidades e lá

Arquivo histórico do Colégio, 1951

se formar em um excelente curso é uma inclinação da família e

Em 1951, a assim chamada Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora de Lurdes conseguiu o primeiro lugar num concurso realizado pelo SENAC que abrangia todo o Estado, deixando para trás: Araraquara, Bauru, Campinas, Santo André, São Caetano, Santos, dentre outras que constituíam o bloco das maiores cidades do Estado de São Paulo. No ano seguinte, novamente a unidade conseguiu o primeiro lugar.

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não do estudante, fato que

não

corrobora

com bons resultados necessariamente. Algo, todavia, imprescindível para todos os estudantes, é a disponibilidade de métodos, experiências, atividades, conteúdos, pessoas... Que ele possa fazer uso e que o qualifique para melhor viver e concretizar seus

A notícia nos vem lá dos idos de 1955. O fato de o Dr. Gêrson Rodrigues Do Lago ter operado uma gestante, portadora de câncer, conseguindo não só salvá-la como também os gêmeos, rendeu-lhe uma indicação a Nobel de Medicina da Academia Nacional de Medicina.

objetivos. Dito de uma outra forma, o Colégio La Salle propõe-se a disponibilizar todas as ferramentas de que o estudante precise para bem viver e realizar seus sonhos. São João Batista de La Salle, quando da

A Gazeta de Botucatu publicou, nos idos de 2000, reportagem em que estudantes Lassalistas obtiveram sucesso na Olimpíada Brasileira de Física.

instrução dos Mestres

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– estamos falando da França do séc. VII – questionava18: “Tendes como fim precípuo o de instruir vossos alunos nas máximas do Santo Evangelho e na prática das virtudes cristãs? Não tendes nada mais a peito do que inspirar-lhes grande amor a elas? ”. E, além disso: “Ensinastes [...] a leitura, a escrita e todo o resto com toda aplicação possível? Se isso não aconteceu durante o ano, dareis grande conta a Deus”. Tanto na época de La Salle como hoje, todos os Colaboradores Lassalistas, imbuídos do espírito peculiar deste Instituto, esforçam-se sobremaneira para bem instruir os estudantes em valores cristãos e para garantir-lhes a sã formação acadêmica. O ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, também nos dá uma mostra da envergadura do Colégio La Salle Botucatu. Mesmo não sendo o fim último desta instituição somente boas colocações neste exame, temos os seguintes resultados desde 2009 e que nos colocam entre as melhores instituições de ensino da região. Classificação geral incluindo a redação: 2009: Colégio La Salle, 641; 2010: Colégio La Salle, 644; 2011: Colégio La Salle, 635; 2012: Colégio La Salle, 643; 2013: Colégio La Salle, 625; 2014: Colégio La Salle, 642; 2015: Colégio La Salle, 629; 18 Fragmentos da Meditação de La Salle nº 91 e 194. 98

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2016: Colégio La Salle, 640; 2017: Colégio La Salle, 637; 2018: Colégio La Salle, 657. A comparação com outras unidades escolares eu deixo por conta de cada família. Todavia, é bom lembrar que estamos falando de um exame de abrangência nacional e que a comparação também assim deve ser realizada. Além do mais, este não deve ser o critério único para aferir a qualidade de ensino, como, acredito eu, já demonstrei anteriormente. Foram muitas as pessoas que estudaram no Colégio La Salle, não saberia dizer quantas. Não seria possível contemplar em um livro todas as conquistas decorrentes do excelente ensino prestado pelo Colégio. Todavia, para não fugir ao comum de toda unidade de ensino, permito-me, de forma aleatória, configurar uma página com recortes de alguns estudantes que por aqui passaram, desde os recentes calouros universitários até aqueles primeiros que nesta instituição se formaram. É uma singela homenagem na

Arquivo do Colégio

qual eu quero que todos se sintam incluídos. Formandos do Curso de Contabilidade de 1962. Homenageado: D. Frei Henrique G. Trindade. Patrono: Sr. J. Amaral A. Barros. Paraninfo: Dir. Irmão Elói Afonso. Inspetora: D Marina Corrêa M. Lobo.

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A Gazeta de Botucatu, 12 de novembro 1999

Classificados para a segunda fase da OlimpĂ­ada Nacional de FĂ­sica, estudantes do La Salle: Constantino Grecco, Michael Asage Asmussem e Enzo Dal Pai, 1999.

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Contribuição da Professora de Inglês Daniela Matos. O La Salle é um lugar de encantamento para mim e para meus filhos. Desde meus 14 anos, vivo esse sonho. Antes como aluna, hoje como mãe e professora. São 60 anos em nossa cidade e sinto-me lisonjeada em fazer parte da história recente do Colégio. Quando minha tia resolveu investir em minha educação, em 1994, percebi que seria uma experiência desafiadora e de transformação em minha vida. Uma escola muito maior que o antigo Pacheco, onde eu poderia fazer novas amizades, conhecer a famosa PAJULA, ter o preparo necessário para passar no vestibular e, além disso tudo, teria a inspiração para a carreira que escolhi. Foi com meus amados professores que tive o exemplo de qual profissão gostaria de seguir, primeiros professores inesquecíveis como: Antonina, Claudete, saudosa Eleni, Marcos, Terezinha, Rosângela, Barbin, Olga, Malu e teacher Mara. Amizades importantes, que o tempo não apagou, com professores e amigas queridas. Terminada a antiga 8ª série, comecei o Ensino Médio, foi um período de consolidação e segurança de que estava no caminho certo, já que estava sendo preparada para os desafios do mundo fora do colégio. Outros mestres brilhantes, alguns com os quais, inclusive, tive a honra de lecionar, me acompanharam nos três anos seguintes. Além de todo aprendizado acadêmico, a vivência lassalista é algo imensurável e inexplicável. Enquanto fazia faculdade em São Carlos, sentia vontade de voltar aos corredores da escola, abraçar meus amados professores, comer o lanche da cantina… Era como se aquela convivência estivesse marcada em mim. Como explicar? Hoje recebo os alunos que estão passando por essa crise de abstinência do Colégio, e as visitas são sempre afetuosas na sala dos professores. Sei que sou afortunada em poder proporcionar as mesmas experiências para os meus filhos, Gabriel e Arthur, que amam tanto o colégio quanto eu. Estar longe, fisicamente, dos amigos e professores tem sido triste e pesado para todos nós. É como se nos alimentássemos da alegria e aprendizado em um convívio leve e seguro. Sim! Nós nos sentimos seguros dentro do Colégio. Sabemos que tudo funciona de maneira perfeita, sempre para que 101


o melhor seja feito para os alunos e para as famílias. Lá dentro vivi momentos memoráveis como mãe: apresentações no auditório, danças nas festas juninas, apresentações na Feira cultural, formaturas, enfim. Muito amor em cada momento de celebração. Professores competentes e carinhosos passaram pela jornada de meus filhos e ensinaram-lhes com todo amor e dedicação! Mas meu coração transborda de alegria quando penso na minha trajetória como Professora Lassalista! É tanta emoção… Quando fui convidada a trabalhar no Colégio, sabia que seria uma experiência desafiadora e enriquecedora, mas não imaginava que pudesse aprender tanto! Ao longo desses 10 anos, vivenciei diferentes situações dentro e fora da sala de aula, entretanto posso dizer com toda convicção que sinto muito carinho por todas elas, pois em cada uma pude, antes de tudo, aprender com os alunos. Acredito na necessidade de ouvir meus alunos, mostrar sua importância na construção do saber, deixar claro que há espaço para o diálogo, para o riso e, às vezes, para o choro também. Dessa forma, eles podem perceber que são protagonistas nesse processo e se veem assim, fora do ambiente escolar, como indivíduos, como seres sociais, como cidadãos do mundo. O Colégio proporciona essa experiência em diferentes atividades desenvolvidas ao longo do ano letivo e, talvez, esse seja o segredo para amarem tanto esse espaço de aprendizado. Eu compartilho desse sentimento como ex-aluna, mãe e professora! Minha história como professora no La Salle é repleta de desafios e aventuras. Já lecionei gramática no Ensino Médio, Língua Portuguesa no 4º, 8º e 9º anos, dei aulas de plantão de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental Anos Finais e Língua Inglesa para os 3ºs, 4ºs, 5ºs e 6ºs anos do Fundamental Anos Iniciais. Nossa!!! Muitos desafios profissionais. Quando soube que trabalharia com crianças, tive muito receio e insegurança, no entanto minha amiga querida, Valcinéia Cassettari, me tranquilizou e disse-me que esta seria minha experiência docente mais marcante. E estava certa! 2016 foi, de fato, um ano de crescimento e, acima de tudo, muito afeto!

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60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


Assim tem sido minha linda jornada! Amizades incríveis, incentivo incondicional da equipe diretiva, confiança dos pais e, sobretudo, carinho e dedicação de meus atuais e ex-alunos. Alguns ainda estão no Colégio, frequentam minha sala, compartilham experiências comigo; outros estão na universidade, formados, no exterior, decidindo suas vidas, voando alto… Tanto quanto gostariam! Saudade imensa daqueles que já não estão entre nós. Levo comigo um pouco de cada um, um sorriso, um bilhete guardado, uma assinatura em uma Gramática antiga, uma lembrança nas redes sociais, um presente em minha casa, um “oi” carinhoso na rua, uma pergunta marcante durante a aula, e outras tantas doces lembranças. Colégio La Salle, muito obrigada por fazer parte de minha vida e me proporcionar essa vivência de aprendizado e amor. Que nos próximos anos sua Obra continue sendo luz na educação das crianças e jovens de nossa cidade.

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Formação de Professores Na história dos Irmãos Lassalistas, a formação dos Mestres (assim eram denominados na França do século XVII) sempre teve primazia. São João Batista de La Salle, nosso fundador, intuiu que as escolas cristãs teriam êxito na medida em que houvesse uma sólida formação intelectual dos professores. Tal foi a convicção do fundador que, inconformado com o despreparo dos professores que a ele se achegavam, reuniu os mesmos para morar junto com ele na esperança de formá-los de modo adequado. Para La Salle, era um crime o Irmão desconhecer o que se propunha a ensinar, ou ensinar de forma leviana aqueles que lhe foram confiados. A missão de educador era tida em tal importância para La Salle que, na Meditação 159 deste Santo, temos: “Quanto não vos deveis sentir honrados por a Igreja vos haver destinado a emprego tão santo e tão elevado com o de instruir as crianças no conhecimento da religião e do espírito do Cristianismo”. E, em outra passagem, o Fundador nos diz que, com o emprego que nos é designado, participamos da função de Apóstolos [...] “Tendes a vantagem de participar nas funções de

Capa do livro Guia das Escolas

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Apóstolos, explicando todos os dias o catecismo aos vossos alunos e ensinando-lhes as máximas do Evangelho19”[...]. Desde 1913, fundação do Colégio, muito antes dos Irmãos Lassalistas adquirirem a obra, em 1960, já havia importante convicção de que a formação dos professores era fundamental para alcançar êxito no ensino. É comum, por exemplo, encontrar nos relatos históricos passagens em que, antes de iniciar o ano letivo, os professores recebiam algum tipo de formação; muitas foram pregadas pelo Bispo. Quando os Irmãos Lassalistas

assumi-

ram o então Colégio Arquidiocesano, 1960, trouxeram junto com eles todo o cabedal de Um fragmento do livro Guia das Escolas Cristãs mostra um aparato que emitia um sinal. Ao som desse sinal, os estudantes eram convidados a fazer determinada correção na leitura que faziam em voz alta.

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conhecimento

oriundo

do Santo Fundador e da experiência na expansão 19 Meditação de La Salle nº 159,2. 60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


dos Irmãos pelo mundo. expansão dos Irmãos pelo mundo. Eles sabiam que a formação dos Professores era capital para o bom andamento da unidade escolar. Assim, não tardaram em promover encontros formativos, palestras, reuniões, enfim, de pessoas e momentos de formação continuada. Os Irmãos que aqui chegaram eram forjados no que havia de melhor na formação dos Irmãos. Eles já haviam cumprido com as etapas de formação para a Vida Religiosa e, indubitavelmente, conheciam a obra de La Salle. Dentre elas, o Guia das Escolas Cristãs; um verdadeiro manual para se ter êxito no ensino. Desde os inícios, sempre houve preocupação com a formação continuada, portanto, em todos os momentos históricos, é possível observar encontros, reuniões, celebrações festivas, celebrações eucarísticas... Que fortaleciam, ampliavam e consolidavam as boas relações entre os colaboradores, além de levar formação para que estes pudessem dar o melhor àqueles que nos são confiados. A formação permanente dos colaboradores Lassalistas passa necessariamente pelo conhecimento de São João Batista de La Salle. Nesse sentido, diversos Irmãos se empenham e se empenharam ao longo da história para fazer com que todos tivéssemos conhecimento da vida e da obra de São João Batista de La Salle: Irmão Edgar Hengmüler, Irmão Henrique Justo, Irmão Albino Afonso, Irmão Albano Constâncio. Dentre eles, o Irmão Israel José Nery, que contribuiu enormemente para a confecção deste

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livro, merece destaque. E não apenas por ter contribuído com esta obra, mas, como ele pertencia à antiga Província de São Paulo, naturalmente a sua produção intelectual favoreceu aqueles que, como nós, faziam parte desta região administrativa; por isso o destaque. Em todas as etapas históricas em que pude ter acesso, verifiquei que existe uma constância na formação dos colaboradores Lassalistas. De um lado se insiste na qualificação profissional e, de outro, na formação humana. A ideia é de que ambas as dimensões caminhem juntas, de forma harmônica, para o benefício do estudante. A formação acadêmica ou profissional é parte integrante da formação dos colaboradores. Assim, além das exigências quanto à capacitação do colaborador, a Rede La Salle fomenta, investe e coloca à disposição diversos meios para que este venha a enriquecer-se e, indiretamente, enriquecer os estudantes. Todavia, a formação acadêmica ficaria claudicante se o colaborador não obtivesse uma sólida formação humana. Pensando na formação humana, o colaborador tem acesso a dinâmicas, conteúdos, momentos e pessoas que podem auxiliá-lo nesse sentido. Em especial no início de todo ano letivo, em todas as unidades Lassalistas, trabalha-se com questões relativas ao desenvolvimento humano. Além disso, quiçá o mais importante, as unidades da Rede La Salle dedicam-se para que exista um clima propício às boas relações humanas. Cultiva-se em nosso meio

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60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


A Gazeta de Botucatu, nº 2.131/2001

Celebração festiva referente ao Dia do Professor.

uma cultura organizacional com enfoque no desenvolvimento humano e cristão. Para que a unidade educativa Lassalista consiga perseverar com um bom clima tura precisa ser conhecida e assimilada. Todo colaborador deve saber que a nossa missão é formar cristã e integralmente aqueles que nos são confiados mediante ações educativas de excelência. Para tal, há que se conhecer os princípios

Arquivo histórico do Colégio

organizacional, a nossa cul-

Um pequeno livro escrito pelo Irmão Israel José Nery que trata da Pedagogia de La Salle, 1976. Assim como outros livros e documentos, ele era utilizado na formação dos professores.

que nos orientam, a saber: 109


• Inspiração e vivência cristã; • Fé, fraternidade e serviço; • Escola em pastoral; • Solidariedade; • Participação e diálogo; • Ética, cuidado e zelo; • Gestão eficaz e eficiente; • Sustentabilidade; • Inovação pedagógica; • Inovação; • Inclusão e respeito à diversidade; • Cidadania; • Serviço educativo a pobres; • Formação continuada; • Excelência; • Família; • Competência; • Subsidiariedade; • Avaliação contínua; • Dimensão vocacional; • Comunidade. Nos idos de 2000, 40 professores participaram do II EPEL (Encontro Provincial de Educadores Lassalistas). O primeiro, todavia, não me foi possível descobrir quando foi realizado. Nesses encontros, os colaboradores se reuniam com outros tantos das 110

60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


diversas obras Lassalistas e trocavam experiências, tinham momentos de formação humana e cristã, eram instruídos por renomados educadores e também se divertiam. Todavia, com a junção das províncias e a concentração das formações, esse espaço de diálogo e formação foi se perdendo e hoje não temos mais. Outras vias foram criadas para que as mantidas pudessem continuar levando o que há de melhor aos colaboradores no que tange à boa formação. Hoje contamos com formação por intermédio da Universidade La Salle, o Google também faz parte da formação de todos, as editoras FTD e COC, a We are La Salle, enfim, trata-se de uma série de parceiros, dinâmicas e conteúdos para que tenhamos o melhor a oferecer para a boa formação dos nossos colaboradores. Como é sabido no campo educacional, a unidade escolar é uma entidade viva. Impossível é a pretensão de visualizar todos os eventos que vão se desenrolar ao longo do ano. Assim, uma vez por mês, os colaboradores se reúnem para formação e para calibrar a educação oferecida. Além disso, momentos como reunião com as famílias, Conselho de Classe, entrega de resultados trimestrais, enfim, são momentos que também agregam e qualificam o serviço prestado. Mantendo a tradição impregnada nos ensinamentos de São João Batista de La Salle, continuamos a levar educação de qualidade sobretudo aos mais necessitados pois, a pensar do tempo ido, não deixou de ser relevante para nós as palavras de La Salle

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Arquivo do Colégio Arquivo histórico do Colégio

Colaboradores em momento de formação antes do início das aulas de 2020.

Momento de formação e descontração antes do início do ano letivo de 2020.

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60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


quando diz: “Vós, a quem Deus chamou a emprego que obriga a trabalhar na salvação das almas, deveis preparar-vos, através de longa prática, a vos tornar dignos de tão santa profissão, e a produzir nele muito fruto”20. Contribuição do Professor de Literatura, Bahige Fadel. Minha vida no La Salle começou quando o La Salle chegou a Botucatu, em 1960. Eu já era aluno da escola. Foi estranho, no começo. Aqueles irmãos vestidos de batina preta e um ‘babador’ branco no pescoço. O primeiro Irmão que entrou em minha sala de aula era o Irmão Geraldo. Apresentouse como professor de matemática. A gente não gostou. Queríamos que continuasse o professor Pedro Torres. E, na minha classe, ele continuou mesmo. O irmão Geraldo ficou na classe dos internos. Sim, naquele tempo, havia internato na escola. Sou da primeira turma do Curso Científico da escola. Mas não terminei o Científico no La Salle. A família teve sérios problemas financeiros. Por isso, fui para a escola pública. Aliás, os problemas financeiros da família fizeram com que eu desistisse do sonho de ser médico. Escolhi, então, ser professor, pois o curso de Letras, que era em meio período apenas, me permitia continuar trabalhando. Já era radialista. Eu não era formado ainda quando comecei a ministrar aulas. Em 1968, fui ser professor na escola SENAC de Botucatu. No ano seguinte, pedi emprego no La Salle. O diretor era o Irmão Filipe, que tinha sido meu professor de história, no ginasial. Aproveitei meus cinco minutos de fama, ao participar de um programa na TV Tupi – CIDADE CONTRA CIDADE – em que as cidades competiam em várias tarefas. Fui como poeta. Eu era jovem ainda, e consegui vencer o poeta de Taubaté. No dia seguinte, fui pedir aula ao Irmão Filipe. Bingo! Fui contratado na hora. Comecei fazendo tudo em minha área. Era professor de inglês e português. Em português, não dividia com ninguém. Ministrava gramática, literatura, redação e interpretação de texto. Alguns anos depois, desisti do inglês. 20 Meditação de La Salle 7,1. 113


Tive consciência de que havia professores melhores que eu para dar aula. Dediquei-me, então, ao português. Apenas nessa última fase de La Salle é que fiquei apenas com literatura. No começo não foi fácil. Fui aprendendo aos poucos. Aprendi com colegas e com os alunos, principalmente. O La Salle tem alunos diferenciados e exigentes. Lembro-me bem de que me avisaram, na época, para tomar cuidado com os alunos do La Salle, pois eles exigiam demais dos professores. Preocupei-me, mas não temi. Isso serviu para que eu me aperfeiçoasse a cada dia. Comecei a perceber melhor as necessidades e as dificuldades dos alunos. Ao mesmo tempo, aperfeiçoei o hábito de estudar e de pesquisar. Hábito que mantenho até hoje. Quando digo aos meus alunos que estudo todos os dias, eles estranham. Por quê? O senhor já não sabe tudo? Boa ocasião para dizer a eles que estudar sempre é uma forma de respeitá-los. Quanto mais eu me preparo, mais estou dizendo que respeito os meus alunos. E há outro aspecto ainda. Ser professor não é apenas ter bom conteúdo e saber passá-lo para os alunos. A educação é dinâmica. Se o professor parar no conhecimento adquirido, correrá o risco de transformar-se em museu. Costumo dizer aos meus alunos que o professor ensina mais pelo exemplo que dá do que pelo conteúdo que transmite. O aluno estranha: então não é preciso ter conteúdo? E eu explico para eles: que exemplo ele estará dando, se não tiver um bom conteúdo? Mas isso não basta. O professor deve ter muito mais do que o conteúdo de sua matéria. E o aluno do La Salle exige esse algo mais do professor. Antes, o Colégio La Salle era um prédio muito menor do que é hoje. Foi modernizando-se aos poucos. Ficou grande, bonito e moderno, mas manteve a sua tradicional fachada. A escola cresceu com a cidade. Adaptou-se às características de Botucatu, para melhor atender à população. É por isso que o La Salle é tão respeitado. Nessa escola, formaram-se grandes cabeças e grandes pessoas. Sim, grandes pessoas, pois para o La Salle não é suficiente lapidar o conhecimento do aluno. É necessário – mais do que necessário – lapidar a sua formação ética, a sua formação como cidadão, como integrante de uma sociedade complexa, que exige de cada um muito 114

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mais do que o conhecimento técnico e científico. E é nesse aspecto que o La Salle se aprimorou. Na formação de um cidadão integral, apto técnica, moral e eticamente para enfrentar a realidade presente e contribuir para a formação de uma sociedade mais solidária. É nessa escola – Colégio La Salle – que eu aprendi a ser educador. Muito mais do que um professor. É que um professor ensina aquilo que sabe, já o educador ensina o que ele é. Para saber algo, basta estudar um tempo; para ser o que é, é necessário muito mais tempo.

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Esportes Vem dos relatos históricos da década de 60, e ainda antes para ser honesto, o comprometimento com o desenvolvimento físico dos estudantes, que perpassa, obviamente, pela sã prática esportiva. Diz-nos um relato de 1963: “A par do trabalho intelectual, também organiza o Estabelecimento campeonatos internos e participação nos campeonatos da cidade, fazendo com que vigore na mais perfeita harmonia o ‘Mente sã em corpo são’”.21 O Irmão Felipe Eugênio (Sebastião Kappaun), Diretor da unidade nos idos da década de 60, nos permite entender um pouco de como ocorriam as atividades esportiva e o valor que elas tinham e tem para a consolidação do processo de ensino. Vejamos

Nesse recorte, o Irmão Felipe nos diz: “Nas atividades esportivas teve o nosso Colégio sempre presença marcante colocando as suas equipes em ótimos lugares nas competições organizadas na cidade, como também em competições internas realizadas nas suas quadras de Basquete, Volibol, futebol de salão e futebol de campo. A piscina do Colégio foi usada constantemente pelos seus alunos”.

o recorte: Ano após ano, desde ainda antes dos Irmãos assumirem a obra, o esporte fez parte fundamental do Colégio. Em praticamente 21 Cf. nota 8. 117


todos os Relatórios de Atividades ou nas atas históricas, se pode observar uma que outra menção à participação do Colégio nos esportes; sempre alcançando boas colocações. Em 1988 ocorreu a primeira Lassalíada, infelizmente não consegui identificar o local onde foi realizada. Em 1989, no entanto, o Colégio participava ativamente da competição esportiva entre as unidades Lassalistas em Brasília-DF. Em 1998, foi a vez de Botucatu sediar os jogos. Nessa ocasião, participaram mais de 500 atletas oriundos das diversas obras educativas da Província de São Paulo (Mantenedora). Também neste ano, a quadra azul, ao longo da rua José Dal Farra, ficou pronta. A Lassalíada, para que todos consigam compreender, era uma espécie de torneio realizado entre as unidades Lassalistas da Província de São Paulo. Os estudantes se dirigiam juntamente com os professores responsáveis para a unidade que sediava os jogos e lá disputavam as mais variadas modalidades esportivas. Ao término, era escolhida a unidade que sediaria os jogos no ano vindouro e assim dava-se continuidade ano após ano. Com o passar do tempo, entretanto, houve uma distorção quanto ao fim último daquela competição. Nada mais era do que um incentivo ao esporte, à saúde. Todavia, passou a se dar ênfase sobretudo à competição. Tal acento causou intrigas, revanchismos, discórdias e acabou por desviar o objetivo daqueles encontros. Tendo claro que a competição já não estava mais a serviço do bom desenvolvimento dos nossos estudantes, os responsáveis por tal

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evento

resolveram

paralisar a atividade. O

esporte

no

Colégio La Salle não tivo, apesar de participar das diversas competições esportivas no Município de Botucatu e fora dele. A ideia é utili-

Arquivo histórico do Colégio

tem o viés competi-

Arquivo histórico do Colégio, Lassalíada 1996

zar o esporte como ferramenta para o desenvolvi-

mento físico. Assim sendo, sempre é fomentado entre os estudantes a prática esportiva. Além disso, a unidade oferece gratuitamente

Arquivo histórico do Colégio

bom

Do arquivo histórico do Colégio, o Irmão Titton entrega troféu para a equipe do Colégio La Salle São Carlos, 1998.

várias modalidades esportivas no contraturno para quem desejar. Essa é uma tradição muito arraigada no La Salle. Para se ter uma ideia, caso somarmos as horas de atividade esportiva na grade curricular, teríamos, no ensino médio, por exemplo, ensino integral. 119


Em consideração também devemos levar o viés aglutinador dos esportes. Não raras as vezes as famílias se reúnem para assistir esta ou aquela competição esportiva; vibram com os filhos, apoiam, gritam, choram... Assim, juntas, as famílias passam momentos significativos em torno da prática esportiva. Nesses momentos também os professores e toda a comunidade educativa vibram com as realizações e se frustram com as derrotas. Fazem o possível para que tudo esteja a contento e para que consigamos os melhores resultados. A prática esportiva, além de ser fundamental para o cultivo adequado da saúde, também torna possível grandes relacionamentos de amizade. Lembremo-nos, por exemplo, de quantos amigos fizemos jogando bola juntos. Sem sombra de dúvidas, vamos recordar nomes e comportamentos singulares desses amigos que jogavam bola conosco. Vamos nos lembrar das vitórias, vamos procurar um monte de desculpas para as derrotas, vamos nos lembrar de uma que outra viagem para jogos fora... Enfim, a atividade esportiva também passa a fazer parte da nossa memória afetiva – e como nos faz bem recordar esses tempos! Outro aspecto importante a ser levado em consideração é o viés da disciplina no esporte. Para que os estudantes consigam competir, se faz necessário seguir determinadas diretrizes fundamentais. Estas também servem para moldar o estudante, para fazê-lo compreender que, sem o mínimo de regras, é impossível competir. Por vezes, a boa prática esportiva influencia no agir do

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estudante e pode auxiliá-lo a melhor se portar em sala e em outros ambientes sociais. Contribuição da Professora de Educação Física Talita: O esporte sempre foi um dos carros-chefe do Colégio La Salle Botucatu. Há muito tempo somos conhecidos como uma das maiores potências esportivas em nível escolar da cidade e da região. Participando de campeonatos municipais, regionais e estaduais, o Colégio La Salle sempre se manteve entre os cinco primeiros colocados, fato que sempre atraiu alunos de outras escolas e de outras cidades, com o sonho de fazer parte das equipes do colégio. Apesar de sairmos, na maioria das vezes, vitoriosos em campeonatos que participávamos, nossa prioridade nunca foi somente vencer. Os maiores destaques em todas as competições que participamos eram os elogios de todos, sobre o bom comportamento, boa educação e respeito ao adversário que nossos alunos possuíam. Sempre priorizamos a educação através do esporte, a formação de cidadãos, que pudessem assim desenvolver e formar um caráter sadio e sólido. Enfatizamos muito o aprender a ganhar e aprender a perder. A criança e o jovem aqui aprendem a ganhar com humildade e a perder com dignidade, respeitar seu adversário, e principalmente, respeitar a si mesmo, que é o início de tudo. Para conseguirmos uma boa participação todos os anos nas mais diversas competições e eventos esportivos que participássemos, contamos com um excelente trabalho de base, que sempre foi levado muito a sério, através das aulas de educação física ministradas desde o Berçário até o 3º ano do Ensino Médio, fato que faz com que nossos alunos sejam diferenciados no quesito psicomotor e em todas as capacidades físicas. O Colégio também sempre contou, além das aulas regulares de educação física, com escolinhas de esportes extracurriculares, ministradas por professores especialistas para tal função. Outro fator importante trabalhado dentro do esporte em nossas aulas e torneios é a cooperação, que, ao nosso ver, é 121


tão importante quanto a competição para a formação do ser humano. A cooperação, mesmo dentro da competição, tem um papel primordial. Uma outra grande importância que o Colégio La Salle ressalta ao escolher apoiar e incentivar o esporte, é pensar no futuro de nossos alunos nas universidades. Hoje vemos grande maioria dos nossos alunos compondo as equipes das universidades que frequentam e, quando essas universidades são privadas, todos ganham bolsas de estudo para colaborarem com os seus dotes esportivos com a equipe da universidade. Alguns deles se reencontram em campeonatos universitários, cada um defendendo a sua universidade, e tem orgulho e prazer em dizer que, quando ainda jovens, faziam parte da mesma equipe, a equipe do La Salle. As equipes formadas no Colégio La Salle, já há algum tempo, compõem toda a base das equipes de competição que representam a cidade de Botucatu em diversas modalidades, em campeonatos regionais, estaduais e nacionais. Além disso, hoje temos alunos e ex-alunos que foram convocados para representar as seleções paulista e brasileira na modalidade de handebol. As competições que participamos dentro do Município são os Jogos Estudantis, realizados há mais de 30 anos, sendo uma competição tradicional em nossa cidade, organizada pela Prefeitura Municipal de Botucatu. Esses jogos são compostos pelas modalidades de basquetebol, handebol, voleibol, futsal, damas, xadrez, tênis de mesa e atletismo, duram cerca de 2 meses, e são realizados no período noturno, havendo uma grande integração entre os próprios alunos e também com alunos de outras escolas. Durante muitos anos, o Colégio La Salle manteve uma hegemonia conquistando a taça de campeão Geral de todas as categorias desta competição. Outra competição relevante que nossas equipes participaram por muitos anos foram os jogos escolares do Estado de São Paulo, o JEESP. Tal competição é formatada em diversas categorias, e também, por muitos anos, principalmente as equipes de handebol, futsal e atletismo conquistaram títulos regionais inéditos para Botucatu no âmbito escolar.

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Todas as competições sempre são muito esperadas por todos os alunos que frequentam nossas escolinhas de esporte, porém sempre a mais esperada por todos, inclusive pelos professores, era a extinta Lassalíada. Embora a Lassalíada tivesse um formato de “não competição”, todos os colégios se preparavam arduamente para ela. A Lassalíada sempre foi um evento especial, de onde nasceram amizades que se mantêm vivas até os dias atuais. Ela nunca foi somente um evento esportivo. Era um momento de confraternização, onde todos podiam se conhecer melhor, conhecer os colégios irmãos e podiam conhecer também um pouco da cultura de outras regiões do Brasil. A Lassalíada integralizava, nos alunos, e fortalecia, nos professores, todos os ensinamentos de São João Batista de La Salle. Hoje, costumamos dizer que, se você foi um esportista lassalista e participou de uma Lassalíada, você foi, sim, muito privilegiado. Com a extinção da Lassalíada, os colégios começaram a organizar jogos amistosos entre eles, levando-se em consideração a localização de cada um, o que também foi e é bastante produtivo para todos os nossos alunos. Outro importante passo que o La Salle Botucatu deu em relação ao esporte foi a criação de uma equipe de corrida de rua, corrida de montanha e mountain bike. Essa equipe, denominada La Salle Team, foi fundada no ano de 2016. No início era composta por apenas cinco jovens do Ensino Médio. O objetivo principal da montagem de tal equipe foi incentivar os jovens a participarem de atividades físicas nos finais de semana, instigando-os a levarem uma vida mais saudável através da competição, mas não somente em competições escolares em ginásios e campos: queríamos apresentar aos nossos alunos um ambiente competitivo diferente, em meio à natureza. Como a maioria das competições eram realizadas aos finais de semana, as famílias também acabavam se envolvendo. Em menos de um ano, a equipe, que contava com 5 alunos em sua fundação, já tinha mais de 70 membros, incluindo alunos e seus familiares. Durante dois anos, o La Salle Team competiu e liderou o Circuito de Corridas de Rua da cidade de Botucatu, composto por mais de 50 equipes de toda a região. Outras modalidades que também merecem destaque no La Salle Team eram as corridas de aventura, 123


corridas de montanha e competições de mountain bike. Tais competições fizeram o Colégio e os alunos se destacarem muito na cidade e na região. Hoje, dois alunos do Colégio, que iniciaram as competições no La Salle Team, fazem parte de um importante projeto nacional de mountain bike para a formação de atletas olímpicos. Participam regularmente de competições nacionais e internacionais, incluindo campeonatos mundiais, e tem orgulho e fazem questão de falar e reforçar que foram incentivados a praticar o mountain bike na escola. Enfim, desde sempre o La Salle Botucatu contribuiu através do Esporte na formação não só de atletas de nome, mas de cidadãos de caráter, que com certeza falam com muito orgulho: eu sou ou fui um esportista lassalista.

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Cultura e arte Relatos que me chegaram à mão de quando os Irmãos Lassalistas assumiram a unidade de ensino, idos de 60, dão a entender que a Banda Marcial La Salle tinha grande renome: “todos os anos, no desfile por ocasião da Semana da Pátria, [...] a imponente Banda Marcial, composta de cento e dez figuras e que no recente concurso patrocinado pela Rádio Record obteve o primeiro lugar

Arquivo histórico do Colégio La Salle

entre bandas marciais de Colégios Particulares do interior do

Arquivo histórico do Colégio La Salle

Exposição do Colégio em diferentes locais da cidade nos idos de 1976.

Atividades artísticas dos idos de 1975.

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Folha de Botucatu, 1951.

Hino do Colégio. Não consegui tomar conhecimento do autor. Muito provavelmente seja obra de um Padre Lazarista.

Estado” [...] brindava com garbo e civismo a celebração em honra à Pátria”.22 Além da Banda Marcial, os

estudantes

Lassalistas

sempre se destacaram no que Folha do Povo, 1966, anuncia a I Semana Cultural.

se refere a mostras de criatividade ou exposições; algumas sendo levadas para aprecia-

ção em outras cidades. Tratando especificamente da Banda Marcial, durante a pesquisa tomei conhecimento de ofícios trocados entre o Colégio, a Banda e o Sr. Amácio Mazzaropi, isso lá pelos idos de 1977. A proposta era de que Mazzaropi cedesse um de seus filmes para 22 Cf. nota 8. 126

60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


exibição nos cinemas de Botucatu. O dinheiro da bilheteria seria revertido para a Banda Marcial do Colégio, que faria compra de instrumentos e adereços, algo que o Sr. Mazzaropi prontamente concedeu. Para a juventude de hoje, que provavelmente desconhece ou conhece muito pouco sobre o nosso querido Mazzaropi, faz-se necessário uma apresentação. Ele foi um dos maiores atores que o Brasil teve. Mas não atuava somente, cantava, compunha, dirigia, enfim, era um artista de “mão cheia”. Dentre os filmes estrelados por Mazzaropi, se encontra Betão Ronca Ferro de 1970; filme requisitado pela Banda Marcial. Ao tomar conhecimento da história do Colégio La Salle, indubitavelmente se verifica o esmero com que os colaboradores realizam as atividades artísticas. Desde as apresentações em honra à pátria nos idos das décadas de 60 e 70, até as apresentações artísticas dos nossos dias, é possível tomar contato com o zelo típico Lassalista na condução das atividades. Em especial, cito, ainda que de passagem, o carinho todo especial que o Irmão Felipe dedicava às atividades artísticas desta unidade. Essa forma toda carinhosa de conduzir a obra educativa que fica patente nas apresentações artísticas, vem de há muito tempo, ainda antes da fundação do Colégio. São João Batista de La Salle, fundador da Rede La Salle, já exortava os primeiros mestres das escolas a tomar posse do espírito peculiar do Instituto nascente, qual seja, o espírito de fé que desabrocha em zelo ardente.

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Contribuição da Professora de Matemática Patrícia Mahilo. Eu estudava numa escola estadual, pois era prático, ia e voltava a pé para a casa. Mas meu sonho sempre foi estudar no La Salle. Participava das datas comemorativas na cidade e ficava deslumbrada ao assistir ao desfile da Banda Marcial do Colégio La Salle, até que aos 11 anos fui matriculada no Colégio e, consequentemente, na banda. No início eu tocava Marimba, rapidamente fui para a linha de frente e, em menos de um ano, já era porta bandeira do Brasil, posição que permaneci por mais ou menos 15 anos. Posso afirmar que o tempo que permaneci na banda foram os melhores da minha vida. Tínhamos o “Bolinha”, como nosso Mestre, pai e amigo. Ele nos ensinava 3 vezes por semana com o maior prazer do mundo. Fazíamos questão de nunca faltar, pois era muito produtivo e saudável. Viajávamos por várias cidades, perto ou longe, sempre fomos muito bem recebidos, com refeições, lanches, sorvete e aplausos. A banda sempre era a última atração de todos os desfiles em qualquer cidade por onde passávamos. Aqui em Botucatu, o povo esperava debaixo de sol escaldante até o final do desfile para nos aplaudir, ninguém arredava o pé das ruas. Ganhamos vários prêmios, trocamos várias vezes de uniforme, para mantermos a tradição e o nome do Colégio. Os integrantes eram amigos de verdade, cuidávamos uns dos outros, tínhamos nossas responsabilidades cada um com seu uniforme, adereços e instrumentos. Nas festas juninas do Colégio, nossa barraca era garantida e sempre foi a da pesca, a de maior alegria para a criançada. Passávamos 1 mês antes arrecadando brindes e muitas vezes chegamos até a viajar para São Paulo em busca de “prendas” mais em conta para que as crianças saíssem felizes com seu prêmio. Brincávamos muito, mas devíamos obediência e também levávamos bronca quando necessário.

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Fonte: Wikipédia Arquivo histórico do Colégio La Salle

A Gazeta de Botucatu, 11 de maio de 1979.

Amácio Mazzaropi

Feira de ciências década de 80. Tenho tantas lembranças dessa turma invadindo a casa da minha mãe para comer coxinha, cantando músicas com batuques após os desfiles nos jardins das cidades por onde viajávamos. Lembro das risadas e bagunças no fundão do ônibus, dos aniversários surpresa, da minha calça que não servia porque eu engordava 1 grama (risos), de colocar esparadrapo no dedo dos meninos da marcial, pois ralava tudo. Lembro igualmente de professores e pais que nos acompanhavam nas viagens, da vez que desmaiei no desfile no Playcenter, acho que era vontade de ir para os brinquedos logo (mais risos), enfim, me vem à lembrança amigos que hoje são pais de alunos meus, que foram e são grandes companheiros de vida e que agora me fez engolir seco e encher os olhos de lágrimas, tempos que não voltam mais, mas que com certeza marcaram minha vida para sempre de uma forma incrível.

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

Fragmento do agradecimento ao Sr. Amácio Mazzaropi.

No aspecto de que trata este capítulo, devo salientar que a criatividade e a desenvoltura artística dos nossos estudantes e professores são de dar inveja. Tal envergadura artística não só fica patente na história como nas ações presentes. Em plena pandemia causada pela COVID-19, os professores organizaram um Sarau (on-line) com vistas a descontrair os estudantes e os colaboradores. Com músicas, poesias e um espírito benfazejo nestes tempos calamitosos, os professores fizeram o maior sucesso e se comprometeram a fazer ao vivo quando do retorno às aulas presenciais.

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Os nossos estudantes parecem fazer coro junto aos professores no que diz respeito à desenvoltura artística. Como Diretor do Colégio, ainda que apenas no cumprimento do segundo ano do meu mandato, tive a oportunidade de observar diversas demonstrações

artísticas/cultu-

rais que dão a devida dimensão do aspecto artístico presente no meio estudantil. Ainda que, quando de forma espontânea, tenhamos a sensação de ser o funk a única via artística de expressão dos estudantes, quando desafiados, demonstram

Do arquivo histórico do Colégio La Salle, temos uma homenagem da Câmara de Vereadores de Botucatu nos idos de 1988

Facebook do Colégio La Salle

grande desenvoltura na dança,

Tarde de ensaio para o Sarau Virtual 2020.

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no canto, na pintura, em instrumentos musicais; nas mais diversas interpretações. A arte, ou as formas artísticas, que encontraram e encontram apoio do Colégio, estão de acordo com a proposta pedagógica da unidade que, por seu turno, encerra uma concepção antropológica, uma concepção de ser humano. De tal forma que, estudando a história desta unidade e presenciando os festivais de arte, as festas, as apresentações de pintura, enfim, sempre se pode averiguar traços típicos da educação Lassalista. Enquanto arte tipicamente voltada para a cultura Lassalista, podemos observar que sempre houve cuidado com as expressões artísticas na unidade. Não podemos ser ingênuos de, uma vez analisando a história desta unidade e conhecendo a história do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle, permitir que formas artísticas desrespeitosas ao corpo da mulher, que menospreze o ancião, que faça ironia com os pobres, que se identifique com políticas genocidas, que façam apologia às drogas (flagelo do nosso país) sejam estimuladas em nosso ambiente de ensino; elas já o são estimuladas suficientemente em outros locais. O cuidado para que a arte sempre cumpra o seu papel de cultivar boas relações, enaltecer o conhecimento, prestigiar os grandes homens e mulheres do passado e de hoje, fazer coro às pessoas que defendem a vida, incentivar o cuidado para com os outros e a natureza... Sempre estará presente na ação educativa Lassalista, em especial no que tange às expressões artísticas.

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Inovação Inovar é outra característica parte do DNA do Colégio La Salle. Eu me arriscaria a dizer que, desde sua fundação, a unidade sempre buscou estar à frente buscando o que há de melhor. Assim, tanto em infraestrutura como em pessoal, pode-se observar ainda hoje um Colégio arrojado que prepara os estudantes com as melhores ferramentas e procedimentos pedagógicos. Posso dizer com segurança que um dos grandes responsáveis pela forma arrojada, dinâmica e inovadora que identifica o Colégio é o iminentíssimo Dom Lúcio Antunes de Souza. Aliás, o título de cidade das boas escolas que Botucatu ostenta, na minha opinião, deve-se muito ao trabalho excepcional deste servo de Deus nos inícios do Colégio La Salle. De uma forma toda especial, eu diria que por inspiração Divina, Dom Lúcio e os Bispos e Arcebispos que o sucederam, identificaram, e ainda identificam, a premente necessidade de bem formar as juventudes. Foi com esse intuito que os esforços para erigir as obras educativas em Botucatu iniciaram. Em primeiro lugar, o Colégio foi pensado para atender os jovens da região que, na impossibilidade de estudar em Botucatu, daqui saíam para morar em outras regiões. Posteriormente, também moças foram aceitas. Tal feito, lembremo-nos, estamos falando de 1952, sem nenhuma dúvida, foi um ato de inovação e ousadia por parte do clero de Botucatu. 133


As novas tecnologias que hoje abundam Folha de Botucatu de 1951 propaga a notícia de que o Colégio passará a admitir moças no Curso Científico.

no

Colégio

estiveram

sempre presentes.

Compreenderemos isso se

tivermos

presente

que, lá pela década de 60, por exemplo, uma boa cadeira ou uma navalha para aprender a A Gazeta de Botucatu nos idos de 1994 salienta inovação no Colégio e ressalta a qualidade do corpo docente.

barbear os clientes, era uma inovação e tanto. Uma boa máquina para digitar ofícios, uma boa

bigorna para reparos em calçados, uma caneta e um tinteiro de boa qualidade... Tudo isso, podemos considerar, eram investimentos em tecnologias novas que garantiam a qualidade do serviço prestado. Hoje as necessidades são outras e, por esse motivo, também outros aparelhos se fazem necessários. Passamos daqueles computadores enormes, por exemplo, para Chromebook. Nesta questão em específico, o Colégio fez uma boa parceria com a Google for Education por intermédio da empresa Nuvem Mestra. Assim, os estudantes, além da sala real/presencial, também contam com salas virtuais. Graças a essa parceria, os nossos alunos estão acompanhando as aulas de suas casas sem precisarem vir 134

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

Arquivo histórico do Colégio La Salle

Jornal Folha Serrana anuncia modernização do Colégio, 2002.

Primeiro computador do Colégio. Em 1999, a informática passou a ser usada e ensinada desde classes do Pré I até a sexta série do Ensino Fundamental.

Laboratório de informática nos idos de 2010.

à unidade de ensino, preservando a saúde de todos neste difícil período de pandemia. Outra parceria de fundamental importância para os nossos estudantes foi firmada em 2020 com a We are La Salle. Essa parceria oferece aos nossos estudantes o que há de melhor em material didático referente à aprendizagem de inglês e presta assessoria à unidade educacional para bem conduzir os trabalhos no que tange

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Arquivo histórico do Colégio La Salle

Estudantes utilizam a Sala Google do Colégio La Salle, 2020.

ao aprendizado. Foi graças a esse material e ao trabalho de acompanhamento desenvolvido que a unidade está concretizando um sonho que vem de há muito tempo, lá da época em que o saudoso Irmão Titton conduzia a Direção da unidade, quando os trabalhos para tornar a unidade bilíngue iniciaram. Com o passar do tempo, também atentos ficaram os dirigendo material didático a ser oferecido aos estudantes. Desde ainda antes dos cursos científicos, o Irmão 136

Contribuição pessoal

tes quanto à qualidade

Catracas permitem maior segurança na entrada e saída dos estudantes.

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Laurentino, o Irmão Felipe e tantos outros, sempre se mantiveram atentos à qualidade desses materiais. Atualmente, a unidade conta com a We are La Salle oferecendo material de inglês, com a FTD oferecendo material didático até o 6º ano e a COC no Ensino Fundamental II e Médio. Com essa dosagem, a unidade pretende continuar oferecendo o que há de melhor aos estudantes e às famílias. Outra questão que sempre esteve presente na reta condução desta unidade de ensino, foi a segurança. Imaginem, por exemplo, quão importante não deveria ser a segurança com 200 internos lá pela década de 50/60 sendo abrigados no Colégio. Hoje, tanto quanto. Para acurar ainda mais os processos de proteção, investimentos vultosos foram realizados em circuito interno de vigilância e na instalação de catracas para controle de entrada. Desafortunadamente, as escolas estão sendo escolhidas por alguns desequilibrados para atentados, tráfico, acerto de contas... Aliás, algumas escolas se parecem mais com um presídio do que com locais de estudo e crescimento intelectual. O Colégio La Salle, de forma especial, tem se precavido quanto a possíveis atos infracionais em suas dependências, sobretudo ao fomentar, entre os estudantes e toda a comunidade educativa, posturas favoráveis ao ambiente de ensino. Com o passar dos anos, o Colégio La Salle foi se reinventando e trazendo para os estudantes os melhores meios para que eles possam aprender. Todavia, em hipótese nenhuma essas inovações

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anuviaram o jeito Lassalista de educar. Há mais de 300 anos, La Salle vem inspirando educadores na condução dos trabalhos pedagógicos. Assim, junto com a tecnologia e instalações das mais arrojadas, a ternura e a firmeza continuam dando o sabor especial a nossa educação. O zelo com que cada professor se esmera para conseguir cativar os alunos para o saber, ainda é nossa melhor ferramenta de ensino. A dedicação para que todo apoio seja dado ao estudante e à família para superar os desafios da maturação, é e sempre será a forma Lassalista de educar.

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Relação dos Irmãos que integraram a Comunidade Religiosa de Bauru23:

No dia 11 de março de 1962, estabeleceu-se em Bauru, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, a comunidade dos Irmãos Lassalistas. 1959 (data aproximada) 1. Irmão Bernardo; 2. Irmão Bruno; 3. Irmão Hilário Luiz (Diretor). 1963 1. Irmão Bernardo; 2. Irmão Bruno; 3. Irmão Benildo Beijamim (Diretor). 1964 1. Irmão Bernardo; 2. Irmão Bruno; 3. Irmão Maximiliano Otávio;

4. Irmão Benildo Beijamim (Diretor). 1965 1. Irmão Arlindo; 2. Irmão Maximiliano Otávio; 3. Afonso Anchau; 4. Irmão José Hennemann; 5. Irmão Benildo Beijamim (Diretor). 1966 1. Irmão Atanásio Luiz; 2. Flávio Sebastião; 3. Irmão Afonso; 4. Irmão Benildo Beijamim (Diretor).

Relação dos Irmãos que integraram a Comunidade Religiosa de Botucatu: 1960 1. Irmão Edmundo Ignácio (Diretor); 2. Irmão Elói Afonso; 3. Irmão Hilário; 4. Irmão Geraldo Lucas; 5. Irmão Guilherme Hilário; 6. Irmão Florentino; 7. Irmão Luciano Paulo; 8. Irmão Urbano; 9. Irmão Adriano. 1961 1. Irmão Elói Afonso (Diretor);

2. Irmão Hilário; 3. Irmão Estanislau Gabriel; 4. Irmão Nicolau de Maria; 5. Irmão Guilherme Hilário; 6. Irmão Florentino; 7. Irmão Celso Henrique; 8. Irmão Waldemar da Cruz; 9. Irmão Luciano Paulo; 10. Irmão Urbano Simão; 11. Irmão Adriano.

23 Tanto a constituição da Comunidade Religiosa de Bauru como a de Botucatu podem não corresponder exatamente ao que eram, devido ao material histórico também ser inexato. 139


1962 1. Irmão Elói Afonso (Diretor); 2. Irmão Hilário; 3. Irmão Felipe Eugênio; 4. Irmão Estanislau Gabriel; 5. Irmão Nicolau de Maria; 6. Irmão Guilherme Hilário; 7. Irmão Florentino; 8. Irmão Celso Henrique; 9. Irmão Waldemar da Cruz; 10. Irmão Luciano Paulo; 11. Irmão Urbano Simão; 12. Irmão Adriano. 1963 1. Irmão Paulino Calisto (Diretor); 2. Irmão Elói Afonso; 3. Irmão Marco Nereu; 4. Irmão Gildo Egeu; 5. Irmão Hilário; 6. Irmão Estanislau Gabriel; 7. Irmão Guilherme Hilário; 8. Irmão Florentino; 9. Irmão Celso Henrique;

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10. Irmão Luciano Paulo; 11. Irmão Adriano. 1964 1. Irmão Paulino Calisto (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz; 3. Irmão Celso Henrique; 4. Irmão Belarmino Henrique; 5. Irmão Balduino Sebastião; 6. Irmão Hilário Irineu; 7. Irmão Luiz Afonso; 8. Irmão Teofânio Ângelo; 9. Irmão Bruno Aloísio. 1965 1. Irmão Paulino Calisto (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz; 3. Irmão Celso Henrique; 4. Irmão Belarmino Henrique; 5. Irmão Hilário Irineu; 6. Irmão Teofânio Ângelo; 7. Irmão Bruno Aloísio. 8. Irmão Valdir Bortoluzzi; 9. Irmão Gildo Egeu.

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Infelizmente, os documentos que embasam este estudo não me permitem aferir quais eram os membros da Comunidade Religiosa de 1966 até 1973. 1974 1. Irmão Laurentino José Flach (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz Alberto Giuseppe Sgarbi; 3. Irmão Felipe Eugênio; 4. Irmão Luiz Rafael Frantz; 5. Irmão Pedro Wagner. 1975 1. Irmão Laurentino José Flach (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz Alberto Giuseppe Sgarbi; 3. Irmão Felipe Eugênio. 1978 1. Irmão Laurentino José Flach (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz Alberto Giuseppe Sgarbi; 3. Irmão Deoclécio Wigineski; 1982 1. Irmão Oto Reichert (Diretor); 2. Irmão Hilário Luiz; 3. Irmão Osmar José Schneider. 1983 1. Irmão Oto Reichert (Diretor); 2. Irmão Felipe Eugênio; 3. Irmão Osmar José Schneider. 1986 1. Irmão Oto Reichert (Diretor); 2. Irmão Felipe Eugênio; 3. Irmão Osmar José Schneider; 4. Irmão Júlio Carlos da Silva. 1987 1. Irmão Olávio Reynaldo Schneider (Diretor);

2. Irmão Osmar José Schneider; 3. Irmão Júlio Carlos da Silva; 4. Irmão Felipe Eugênio. 1988 1. Irmão Olávio Reynaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Osmar José Schneider; 3. Irmão Júlio Carlos da Silva; 4. Irmão Felipe Eugênio; 5. Irmão Romeu Aloísio Muller. 1991 1. Irmão Olávio Reynaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Felipe Eugênio; 3. Irmão Júlio Carlos da Silva; 4. Irmão Ludovico Celant. 1993 1. Irmão Olávio Reinaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Valdemiro Titton; 3. Irmão Felipe Eugênio; 4. Irmão Ludovico Celant. 1994 1. Irmão Olávio Reinaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Ludovico Celant; 3. Irmão Felipe Eugênio. 1995 1. Irmão Olávio Reinaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant; 4. Irmão Felipe Eugênio.

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1997 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Ludovico Celant; 3. Irmão Benno Pedro Brisch. 1998 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant; 4. Irmão Francisco Alberto de Pinho. 1999 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant. 2000 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant; 4. Irmão Francisco Alberto de Pinho. 2001 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant. 2004 1. Irmão Valdemiro Titton (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant; 4. Irmão Ivo Alves Arnold. 2005 1. Irmão Olávio Reinaldo Schneider (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ludovico Celant; 4. Irmão Ivo Alves Arnold; 5. Irmão Roque do Carmo Amorim Neto; 6. Irmão Ronivaldo Floriano Silva. 2006 1. Irmão Marino Angst (Diretor); 142

2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ivo Alves; 4. Irmão Ronivaldo Floriano Silva; 5. Irmão Fernando Damasceno Lima; 6. Irmão Ludovico Celant. 2007 1. Irmão Marino Angst (Diretor); 2. Irmão Benno Pedro Brisch; 3. Irmão Ivo Alves; 4. Irmão Ronivaldo Floriano Silva; 5. Irmão Fernando Damasceno Lima; 6. Irmão Ludovico Celant; 7. Irmão Maurivan Rudi Lovato. 2008 1. Irmão Benildo Flach (Diretor); 2. Irmão Maurivan Rudi Lovato; 3. Irmão Ronivaldo Floriano Silva; 4. Irmão Fernando Damasceno Lima; 5. Irmão Marino Angst. 2009 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Maurivan Rudi Lovato; 4. Irmão Fernando Damasceno Lima 2010 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Maurivan Rudi Lovato; 4. Irmão Jackson Nunes Bentes. 2011 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Maurivan Rudi Lovato; 4. Irmão Jackson Nunes Bentes; 60 ANOS | LA SALLE BOTUCATU


5. Irmão Claudio Dierings. 2012 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Maurivan Rudi Lovato; 4. Irmão Fabrício Miguel Heizmann. 2013 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Maurivan Rudi Lovato. 2014 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Vicente Fialho. 2015 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Nelson Saggioratto; 3. Irmão Silvino Scneider. 2016 1. Irmão José Vendelino Flach (Diretor); 2. Irmão Giomar Baggio; 3. Irmão José Rovani; 4. Irmão Silvino Scneider. 2017 1. Irmão Jorge Alexandre Bieluczyk (Diretor); 2. Irmão Giomar Baggio; 3. Irmão José Rovani; 4. Irmão Fábio Kolling; 5. Irmão Jordan Rodrigo Carvalho Vilar. 2018 1. Irmão Jorge Alexandre Bieluczyk (Diretor);

2. Irmão Giomar Baggio; 3. Irmão Fábio Kolling; 4. Irmão José Rovani. 2019 1. Irmão Jonas Eder Cerbaro (Diretor); 2. Irmão Elisandro Paulo Kaiser; 3. Irmão Giomar Baggio; 4. Irmão Fábio Kolling. 2020 1. Irmão Jonas Eder Cerbaro (Diretor); 2. Irmão Elisandro Paulo Kaiser; 3. Irmão Fábio Kolling.

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Posfácio Quantas histórias ainda haverão de serem contadas? Certamente que muitas. Todas elas, como aquelas que nos precederão, nos darão a entender o progresso da educação, o benefício do Município de Botucatu, o bem-estar da sociedade e o benfazejo futuro da ciência. Para tal, cada qual deverá fazer a sua história. Ao nos deixar levar pelos modismos de época, não conseguimos ser autores da nossa própria história ou, melhor dizendo, deixaremos nossa história ser conduzida ao sabor dos acontecimentos. Tal postura não é conveniente para nós Educadores Lassalistas. Fazer a nossa própria história como protagonistas, como autores e não apenas reatores, é o que nos exorta ainda hoje São João Batista de La Salle. Seguindo os exemplos do passado, os Lassalistas de Botucatu chegaram até aqui; e que história linda construíram! Agora, nós precisamos escrever os próximos capítulos e, sem dúvidas, será com o mesmo entusiasmo, comprometimento e amor que herdamos daqueles que nos precederam. O desafio é tremendo, mas nós somos, modéstia à parte, capazes de grandes coisas. Nossa história é testemunha disso e o futuro testemunhará nossos esforços em darmos continuidade a esta bela história. Sejamos competentes, audaciosos, proativos, em suma, sejamos Lassalistas e tenhamos a certeza de um belo futuro.

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O autor

O Irmão Jonas Eder Cerbaro é Professor de Biologia, Psicólogo, Pedagogo e especialista em Gestão Estratégica de Negócios Corporativos. Tendo trabalhado por 4 anos na direção do Colégio La Salle Lucas do Rio Verde-MT, foi convidado, em 2019, para assumir a direção do Colégio La Salle Botucatu-SP, cargo que ocupa no momento.

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