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1.5 Os elementos da rádio dramaturgia
Os autores Kischinhevsky e Modesto (2014) agrupam os recursos acessíveis ao processo de podcasting sob o termo “parassonoros”, o que inclui:
[...] fotos, vídeos, ícones, infográficos e outras ilustrações de sites de emissoras, toda a arquitetura de interação (botões de compartilhar, etiquetar, curtir, espaços para comentários), textos, hiperlinks, perfis de estações ou de comunicadores em serviços de microblogging e sites de relacionamento, aplicativos para web rádio ou podcasting, serviços de rádio social (KISCHINHEVSKY; MODESTO, 2014, p.19).
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De forma a prender o interesse do internauta ao conteúdo, frente ao escapismo de “um clique” proporcionado pelo ambiente virtual, esses elementos são fruto da convergência com o meio, contribuindo para uma nova abordagem discursiva da narrativa radiofônica. Nesta monografia toma-se as nomenclaturas expressas por rádio drama, áudio drama e podcast como termos sinônimos, a justificativa para essa aproximação se dá pelo objeto de pesquisa a ser analisado se tratar de uma áudio dramaturgia veiculada por meio da internet no formato de podcast, tomando propriedades vindas da rádio, como os elementos da rádio dramaturgia, e vindas da internet, como o processo de podcasting. Para tal, visto que o podcasting tem a capacidade de assumir diversos formatos de programas em áudio, o capítulo seguinte se destina a apresentação dos elementos constituintes do formato pertinente a esta monografia, o formato áudio dramático.
1.5 Os elementos da rádio dramaturgia Ao se falar sobre o gênero drama no rádio, primeiro é necessário estabelecer que: é na mente do ouvinte que as palavras tomam forma, estabelecem sentido, elaboram cenários e criam ambientes. Por ser um veículo de exclusividade sonora, ele incentiva o espectador ao uso da imaginação, como complementa Bachelard:
O rádio possui tudo o que é preciso para falar na solidão. Não necessita de rosto. O ouvinte encontra-se diante de um aparelho. Está numa solidão que não foi ainda constituída. O rádio vem constituí-la, ao redor de uma imagem que não é apenas para ele. que é para todos, imagem que é humana, que está em todos os psiquismos humanos. Nada de pitoresco, nenhum passatempo. Ela chega por trás dos sons. Sons bem feitos. (BACHELARD, 1994, p. 182).
É através da linguagem radiofônica que a mensagem propagada atinge o ouvinte, estimulando o imaginário, dialogando de maneira individual e estabelecendo intimidade. Ela dispõe de diversos recursos para transpor essa esfera de “solidão”, como discorre Balsebre:
[...] a linguagem radiofônica é o conjunto de formas sonoras e não sonoras representadas pelos sistemas expressivos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio, cuja significação vem determinada pelo conjunto de recursos técnicos/expressivos da reprodução sonora e o conjunto de fatores que caracterizam o processo de percepção sonora e imaginativo-visual dos ouvintes. (BALSEBRE, 1994, p. 329)
Por meio de elementos, como: a palavra, aquilo que é dito; a música, caracterizadora da atmosfera; dos efeitos sonoros, que atribuem dinamismo e o silêncio, que destaca o ritmo; a mensagem da obra é manifestada. Ferraretto (2014) utiliza da classificação de Balsebre (1994) sobre os elementos da linguagem radiofônica, porém traz a importância do equilíbrio entre os recursos e da consideração ao nível de apelo da mensagem:
Cada um destes apresenta múltiplas aplicações, papéis e variantes. Podem ser utilizados, conforme o contexto, de diversos modos e em diferentes níveis de apelo ao ouvinte, direcionando-se ao seu intelecto, no que se expressa como algo mais concreto, e à sua sensibilidade, naquilo que pende mais para o abstrato. (FERRARETTO, 2014, p. 27).
Portanto, na ilustração da linguagem radiofônica, faz-se imprescindível o conhecimento dos recursos disponíveis, uma vez que, a depender da direção artística, alguns elementos podem amplificar ou sobrepujar o resultado final. Ao abordar o imaginário, favorecendo a concepção de imagens a partir de referências individuais, o rádio consegue se conectar à audiência e gerar vínculos próximos ao público. Segundo McLeish (1999), ao “contrário das artes visuais, em que o cenário nos é dado diretamente, o ouvinte de rádio é quem supre suas próprias imagens mentais em resposta às informações que lhe são passadas” (MCLEISH, 1999, p. 179). Neste sentido, também, Barbosa Filho caracteriza a sensorialidade: “Por tratar-se de um meio ‘cego’, a sua linguagem estimula a imaginação, envolve o ouvinte, convidando-o a participar da mensagem por meio de um ‘diálogo mental’” (BARBOSA FILHO, 2009, p. 45). O drama radiofônico, segundo Barbosa Filho (2009), é agrupado dentro do gênero entretenimento, que possui a maior capacidade de explorar com