Mal-Dito

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PRODUTORA COSMOS MAL DITO O ÁUDIO DRAMA QUE VAI ARREPIAR TODOS OS SEUS SENTIDOS

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
SÃO
PAULO 2022

PRODUTORA COSMOS

BIANCA PASCUCCI DOS ANJOS RGM: 2086021 8

GABRIEL GONÇALVES LUCENA CAMPOS RGM: 2128211 1

NATALHA NASCIMENTO SANTOS LEONCIO RGM: 2061604 0

PAMELA RODRIGUES DOS SANTOS RGM: 2305594-8

MAL DITO

O ÁUDIO DRAMA QUE VAI ARREPIAR TODOS OS SEUS SENTIDOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Rádio, TV e Internet, da Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social.

SÃO
2022
Orientador: Prof. Me. Luís Carlos Silva Soares
PAULO

PRODUTORA COSMOS

MAL DITO

O ÁUDIO DRAMA QUE VAI ARREPIAR TODOS OS SEUS SENTIDOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Rádio, TV e Internet, da Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social.

São Paulo, __ de ____________ de ____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Luís Carlos Silva Soares Universidade Cruzeiro do Sul

Dedicamos este trabalho aos nossos familiares, amigos e toda a classe artística

AGRADECIMENTOS

Bianca Pascucci: gostaria de agradecer aos familiares, amigos e todos que, de algum modo, contribuíram para a realização do projeto e a conclusão do curso. Aos professores e orientadores da Universidade Cruzeiro do Sul, pelo desempenho, pela paciência e todos os ensinamentos realizados ao longo da graduação.

Gabriel Gonçalves: gostaria de agradecer majoritariamente à minha mãe, Silvana Gonçalves, por sempre ter sido a melhor amiga e companheira que uma pessoa poderia ter. Também à todas as mulheres da minha família: minha vó, minhas tias e primas, especialmente em memória à minha prima Gisele Gonçalves que partiu durante esse último ano. Você sempre foi uma das minhas maiores apoiadoras e confidentese sempre disse que eu conseguiria “chegar lá” e dar orgulho para a família. Inclusive foi a última coisa que me disse em vida, na última vez que nós conversamos, por telefone. Eu não sei onde é o “lá” ao qual você se referia, nem se um dia serei orgulho para o nosso sobrenome, mas prometo tentar honrar suas expectativas para mim. Também agradeço à Gal Costa e Caetano Veloso por serem os meus maiores exemplos de luta, resistência artística e engajamento patriota. Vocês são meus maiores ídolos. Agradeço ao Presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ex ministro da educação Fernando Haddad pela criação do projeto social ProUni, o qual me possibilitou a entrada na universidade com bolsa integral. Também agradeço às colegas de produtora, por tudo que fizemos até aqui, e tudo mais que temos a fazer pela frente.

Natalha Nascimento: Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus pela sua infinita bondade em minha vida e por ter me dado forças até aqui. Agradeço à minha vó e aos meus pais por ter me ajudado durante toda graduação me dando apoio. Quero agradecer, em especial, aos meus amigos da antiga produtora Olimpo, que além de colegas de classe, se tornaram grandes amigos na vida pessoal. Por último, e não menos importante, quero agradecer aos professores que passaram por mim durante toda graduação e todos aqueles que mesmo de longe, contribuíram ajudando de alguma forma.

Pamela Rodrigues: Eu gostaria de agradecer a minha família, sempre me apoiando nas minhas decisões e incentivando a não desistir. Queria agradecer ao

meu grupo de amigos "kpatroas" por que estarem comigo durante mais uma fase da minha vida. Ao Vincent, por sempre apostar no meu potencial e me inspirar de diversas formas. À CL e Miyawaki Sakura por serem exemplos para mim de que nenhum sonho é pequeno para quem está sempre disposto a aceitar novos desafios. Aos meus colegas de produtora que me acolheram e caminharam comigo durante todo esse processo. A produtora Cosmos também gostaria de agradecer a todos que fizeram parte desse projeto, principalmente os atores que se doaram muito para trazer à vida nossas histórias, ao corpo docente que fez parte da trajetória da nossa graduação: Prof. Me. Alexandre Henrique, Profa. Dra. Angela Fernandes, Prof. Dr. Bruno Tavares, Profa. Me. Elisa Marconi, Profa. Ma. Krishna Tavares, Prof. Me. Luís Carlos Silva Soares, Profa. Dra. Maria Aparecida Ruiz, Profa. Dra. Patricia Assuf, Profa. Me. Rita Jimenez e Profa. Me. Silvana Buchini. Aos colegas de todas as produtoras pelas quais passamos e trabalhamos no decorrer do curso. Aos funcionários e colegas do núcleo de comunicação do campus Liberdade e a todos os demais funcionários da Universidade Cruzeiro do Sul. À rádio NovaBrasil FM por ceder o local para gravação dos episódios. Finalmente: a todos que ouvirem e lerem.

"Deus existe e o diabo existe, nosso caminho é saber qual escolher." (Ed Warren)

RESUMO

Nesse corpo de trabalho, a produtora Cosmos detalha o produto transmídia criado originalmente por nós: o podcast de áudio drama “Mal Dito” um compilado de histórias de terror, narradas de forma procedural e independente uma da outra , o website de hospedagem onde o material é apresentado semanalmente, e a versão visual, em estilo de quadrinhos de cada história.

Palavras-chave: Transmídia, podcast; áudio drama; terror; comic book.

ABSTRACT

In this body of work, Cosmos Productions is detailing the transmidea product originally created by us, the audio podcast series “Mal Dito” a compilation of horror stories, narrated in a procedural and independent way , the website, where it is hosted online, where the material is presented weekly, and the visual, comic style version of each story.

Keywords: Transmidea, podcast; audio series; horror; comic book

DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - LOGO DA PRODUTORA COSMOS 18 FIGURA 2 - PRINT DO ARTIGO DO JORNAL THE GUARDIAN............................27 FIGURA 3 E 4 – CENAS DE "O GABINETE DO DOUTOR CALIGARI" 30 FIGURA 5 - PÔSTER DO CLÁSSICO THE EXORCIST 31 FIGURA 6 - CLÁSSICO SOBRENATURAL: POLTERGEIST - O FENÔMENO......32 FIGURA 7 FRAME DO FILME "A MOSCA" 33 FIGURA 8 - MONA MCKINNON COMO PAULA TRENT EM PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL 34 FIGURA 9 - NEVE CAMPBELL COMO SIDNEY PRESCOTT, UMA DAS FINAL GIRLS MAIS FAMOSAS DO CINEMA.....................................................................35 FIGURA 10 OUTRO EXEMPLO DE TERROR PSICOLÓGICO, O ACLAMADO CISNE NEGRO.........................................................................................................36 FIGURA 11 - CENA CLÁSSICA DA FRANQUIA JOGOS MORTAIS, UM DOS MAIORES REPRESENTANTES DOS FILMES GORE ............................................37 FIGURA 12 - FRAME DO FILME ATIVIDADE PARANORMAL...............................38 FIGURA 13 - SUA VIDA ME PERTENCE A PRIMEIRA TELENOVELA 39 FIGURA 14 - UMA DAS PRIMEIRAS EDIÇÕES DA REVISTA EM QUADRINHOS DA TURMA DA MÔNICA. 42 FIGURA 15 E 16 – POSTERS DOS FILMES LIVE ACTIONS DE TURMA DA MÔNICA. 43 FIGURA 17 - CAPA DA COMIC BOOK DE TERROR A GARRA CINZENTA. 45 FIGURA 18 - CAPA DA REIMPRESSÃO DE GARRA CINZENTA DE 2011...........45 FIGURA 19 - ARTE DE DIVULGAÇÃO DE MAL DITO 47 FIGURA 20 - SEPULTURAS DAS TREZE VÍTIMAS ENTERRADAS NO CEMITÉRIO SÃO PEDRO 51 FIGURA 21 - LÁPIDE EM HOMENAGEM ÀS TREZE VÍTIMAS DO JOELMA, CONHECIDAS COMO "AS TREZE ALMAS" ..........................................................51 FIGURA 22 VOLQUIMAR CARVALHO DOS SANTOS, UMA DAS VÍTIMAS MAIS FAMOSAS DO EDIFÍCIO JOELMA..........................................................................52 FIGURA 23 - POSTER DO FILME JOELMA 23° ANDAR 53
LISTA
FIGURA 24 - CASTING PARA A PERSONAGEM 57 FIGURA 25 - CASTING PARA A PERSONAGEM 58 FIGURA 26 - CAPA DO LIVRO CARRIE 61 FIGURA 27 - CASTING PARA A PERSONAGEM 63 FIGURA 28 - CASTING PARA A PERSONAGEM...................................................64 FIGURA 29 CASTING PARA A PERSONAGEM 65 FIGURA 30 - CASTING PARA A PERSONAGEM...................................................66 FIGURA 31 - CASTING PARA A PERSONAGEM 70 FIGURA 32 - CASTING PARA A PERSONAGEM 71 FIGURA 33 - CASTING PARA A PERSONAGEM...................................................72 FIGURA 34 CASTING PARA A PERSONAGEM 76 FIGURA 35 - CASTING PARA A PERSONAGEM...................................................77 FIGURA 36 - CASTING PARA A PERSONAGEM 78 FIGURA 37 - MORTES POR SUICÍDIO POR IDADE NO BRASIL EM 2019 79 FIGURA 38 - FRAME DO FILME INVASÃO ZUMBI. USADO COMO REFERÊNCIA PARA A DESCRIÇÃO DE ROBERTO. 86 FIGURA 39 - PÁGINA PRINCIPAL DO WEBSITE...................................................90 FIGURA 40 - UMA DAS PÁGINAS DO WEBSITE CONTENDO A COMIC DO EPISÓDIO CORRENTES..........................................................................................91 FIGURA 41 - PARTE DO SITE COM O HIPERLINK QUE LEVA O LEITOR AO SPOTIFY 91 FIGURA 42 - PÁGINA INICIAL DO PODCAST MAL - DITO NO SPOTIFY.............92 FIGURAS 43, 44 E 45 PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO CORRENTES 96 FIGURA 46 - PLANTA BAIXA DO EPISÓDIO O CRIME DO PADRE.....................99 FIGURA 47, 48 E 49 - PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO OS DOZE PASSOS 100 FIGURA 50, 51, 52 E 53 - PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO O EDIFÍCIO 103 FIGURA 54 - CASTING PARA O NARRADOR......................................................107 FIGURA 55 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO O EDIFÍCIO 110 FIGURA 56 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO CORRENTES.....................110 FIGURA 57 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO O CRIME DO PADRE 111 FIGURA 58 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO OS DOZE PASSOS 111

FIGURA 59 - ÍNDICE DE QUANTIDADE DE USUÁRIOS NOS SERVIÇOS DE STREAMING DE ÁUDIO NO MUNDO 112

FIGURA 60 - PÚBLICO DE PODCAST CRESCE NA EPIDEMIA. 114

FIGURA 61 - O PÚBLICO AFIRMA QUE ESCUTA PODCAST ENQUANTO: 115

FIGURA 62 - HORÁRIO QUE OS USUÁRIOS COSTUMAM OUVIR ....................117

FIGURA 63 - OCASIÕES QUE OS USUÁRIOS MAIS OUVEM 118

FIGURA 64 - SEGUNDO PESQUISAS, ESSA É A FREQUÊNCIA IDEAL DE PUBLICAÇÃO 119

FIGURA 65 - CRONOGRAMA PREVISTO DAS ATIVIDADES REALIZADAS 122

Musical Instrument Digital Interface
Radio Computing Services
Layer 3
EC Entertainment Comics OMS
Mundial
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS MIDI
RSC
USP Universidade de São Paulo MP3 MPEG 1
UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Organização
de Saúde
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 17 1 A PRODUTORA 18 1.1 MISSÃO 18 1.2 VISÃO .....................................................................................................19 1.3 VALORES ...............................................................................................19 1.4 INTEGRANTES.......................................................................................20 1.5 ORGANOGRAMA 24 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25 2.1 FORMATO PODCAST 25 2.2 DRAMATURGIA 27 2.3 GÊNERO NARRATIVO TERROR...........................................................28 2.3.1 Diferentes Tipos de “Terror” ....................................................................32 2.4 ÁUDIO DRAMA.......................................................................................38 2.5 TERROR NO ÁUDIO DRAMA 40 2.6 COMIC BOOK 41 2.6.1 Terror no Comic Book 44 2.6.2 Web Comics 46 3 O PROJETO MAL – DITO ......................................................................47 3.1 EXPLICAÇÃO DO TÍTULO .....................................................................47 3.2 SINOPSE DO PROJETO 48 3.3 ARGUMENTO DO PROJETO 48 3.4 OBJETIVOS 48 3.5 MECÂNICA DO FORMATO 49 3.6 DESENVOLVIMENTO DOS EPISÓDIOS ...............................................49 3.6.1. EDIFÍCIO.................................................................................................50 3.6.1.1. Contexto..................................................................................................50 3.6.1.2. O Episódio 54 3.6.1.3. Argumento 54 3.6.1.4. Sinopse 56 3.6.1.5 Personagens 57 3.6.2 CORRENTES..........................................................................................59 3.6.2.1 Contexto..................................................................................................59 3.6.2.2 O Episódio...............................................................................................60 3.6.2.3 Argumento 62 3.6.2.4 Sinopse 62 3.6.2.5 Personagens 63 3.6.3 O CRIME DO PADRE 67 3.6.3.1 Contexto..................................................................................................67 3.6.3.2 O Episódio...............................................................................................68
3.6.3.3 Argumento 68 3.6.3.4 Sinopse 69 3.6.3.5 Personagens 70 3.6.4 OS DOZE PASSOS.................................................................................73 3.6.4.1 Contexto..................................................................................................73 3.6.4.2 O Episódio...............................................................................................74 3.6.4.3 Argumento 75 3.6.4.4 Sinopse 75 3.6.4.5 Personagens 76 3.6.5 CADERNO DE DESENHOS 79 3.6.5.1 Contexto..................................................................................................79 3.6.5.2 O Episódio...............................................................................................81 3.6.5.3 Argumento...............................................................................................82 3.6.5.4 Sinopse 83 3.6.5.5 Personagens 83 3.6.6 FELIZES PARA SEMPRE 85 3.6.6.1 Contexto..................................................................................................85 3.6.6.2 O Episódio...............................................................................................85 3.6.6.3 Argumento...............................................................................................86 3.6.6.4 Sinopse 87 3.6.6.5 Personagens 88 3.7 WEBSITE 90 3.8 PLANEJAMENTO SONORO 92 3.8.1 Vinheta....................................................................................................93 3.8.2 Paisagem Sonora....................................................................................93 3.8.3 Efeitos Sonoros.......................................................................................94 3.8.4 LOCUÇÃO.............................................................................................107 3.9 PLANEJAMENTO ARTÍSTICO PARA OS QUADRINHOS 107 3.9.1 Estilo de Desenho 108 3.10 EDIÇÃO / MONTAGEM / FINALIZAÇÃO 109 3.11 VEICULAÇÃO .......................................................................................112 3.12 PÚBLICO ALVO....................................................................................112 3.13 CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA.............................................................113 3.14 JUSTIFICATIVA 113 3.14.1 Justificativa do formato Podcast 113 3.14.2 Justificativa dos quadrinhos 116 3.14.3 Justificativa do site 116 3.15 ESTUDO DE MERCADO ......................................................................116 3.16 CRONOGRAMA PREVISTO DAS ATIVIDADES REALIZADAS...........122 3.17 ORÇAMENTO PREVISTO....................................................................123 CONSIDERAÇÕES FINAIS 125 REFERÊNCIAS 128

GLOSSÁRIO 144

ANEXO A ROTEIRO DO EPISÓDIO “O CRIME DO PADRE” 145

ANEXO B ROTEIRO DO EPISÓDIO “OS DOZE PASSOS” 153

ANEXO C ROTEIRO DO EPISÓDIO “CADERNO DE DESENHOS” ................164

ANEXO D ROTEIRO DO EPISÓDIO “CORRENTES”.......................................177

ANEXO E ROTEIRO DO EPISÓDIO “FELIZES PARA SEMPRE” ....................188

ANEXO F ROTEIRO DO EPISÓDIO “O EDIFÍCIO” 203

ANEXO G WEBCOMIC DO EPISÓDIO “O CRIME DO PADRE” 215

ANEXO H WEBCOMIC DO EPISÓDIO “OS DOZE PASSOS” 221

ANEXO I WEBCOMIC DO EPISÓDIO “CORRENTES” 225

ANEXO J WEBCOMIC DO EPISÓDIO “O EDIFÍCIO”.......................................227

APÊNDICE A — AUTORIZAÇÕES DE USO DE VOZ...........................................231

INTRODUÇÃO

Nesse corpo de trabalho a produtora Cosmos apresenta um projeto transmídia chamado MAL DITO, composto por um áudio drama de contos de terror, e web comics que ilustram as histórias.

A produtora Cosmos surgiu no ano de 2022, com o propósito de ter um grupo menor de pessoas, evitando ruídos de comunicação e melhor trabalho entre os membros do grupo. Com isso, acordamos em produzir algo que fosse confortável para todos nós, e que trouxesse as melhores habilidades de cada um. O projeto escolhido foi o apresentado a seguir.

O MAL DITO é um áudio drama de terror, cujo os episódios são totalmente independentes, ou seja, sem necessidade de escutar algum episódio anterior para entender a narrativa. A primeira temporada conta com seis episódios, com duração de 10 a 12 minutos, que serão disponibilizados em todas as plataformas digitais e no site da própria produção, onde também são disponibilizadas simultaneamente as histórias em formato de quadrinhos as web comics

Com a alta demanda atual dos podcasts, a produtora Cosmos buscou entrar nesse ramo com algo não tão comum: as histórias de terror para as plataformas sonoras. A escolha do formato partiu com o propósito de explorar os efeitos sonoros dentro de uma narrativa aterrorizante e assim, ter a oportunidade de trabalhar com a perspectiva sonora dos ouvintes utilizando efeitos sonoros em 3D Buscando uma originalidade no projeto, produzimos também as histórias apresentadas não só de forma sonora, mas também de forma visual, com o uso das chamadas HQs (histórias em quadrinhos), desenvolvidas a partir dos roteiros originais produzidos para o podcast.

Todas as histórias, personagens e quadrinhos são originais e criados pela produtora Cosmos, especialmente pelo roteirista Gabriel Lucena e pela ilustradora Pamela Rodrigues.

Com base nas pesquisas e informações adquiridas e expostas nas próximas páginas a produtora Cosmos espera render entretenimento e o desempenho almejado com nossos contos.

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1 A PRODUTORA

A Produtora Cosmos, fundada em 2022, é formada pelos integrantes Bianca Pascucci dos Anjos, Gabriel Gonçalves Lucena Campos, Natalha Nascimento Santos Leoncio e Pamela Rodrigues dos Santos. O grupo decidiu juntar se por afinidade e vontade de fazer um projeto similar, mas, principalmente, pela vontade que tínhamos de, dessa vez, trabalhar em menor número, visando maior possibilidade de contato e convergência entre os membros, em prol de um projeto mais coeso e que conversasse com nossos desejos pessoais.

FIGURA 1 - LOGO DA PRODUTORA COSMOS

Arte feita por H. L. da Silva especialmente para a produtora.

1.1 MISSÃO

• Entreter nosso público, trazendo conteúdos de qualidade, mas também buscando conscientização e diversidade social para os nossos projetos, afim de dialogar com o maior número possível de pessoas e abordar, sempre que possível, pautas atuais e relevantes.

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1.2 VISÃO

• Ser uma produtora inovadora na hora de buscar formas de produzir os conteúdos, focando mais na qualidade e desenvolvimento de todos os projetos, a fim de dar voz para todos os membros e suas respectivas vontades e origens.

1.3 VALORES

• Valorizar a diversidade e a bagagem de todos os que estiverem envolvidos em cada projeto;

• Respeitar todas as diferenças, para que todos tenham voz a ser ouvida;

• Entregar conteúdos com o maior grau de qualidade que estiver ao nosso alcance

19
1.4
INTEGRANTES
24
1.5 ORGANOGRAMA

2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O projeto MAL DITO têm como base o formato podcast e o gênero narrativo terror, dois ramos extremamente populares, mas que não usualmente se encontram Devido à escassez de produtos brasileiros populares e específicos nesse segmento, buscamos apresentar uma nova opção de conteúdo, com o uso de uma linguagem transmídia, unindo as histórias narradas em áudio com o visual, inspirado em produções de comic books, trazendo a imersão do terror no formato auditivo e visual para o consumidor.

2.1 FORMATO PODCAST

O formato podcast é uma forma de transmissão mais prática e de rápido alcance que os comunicadores encontraram para atingir a grande massa, visto que, há uma maior velocidade e ansiedade social nos dias atuais. Hoje, existem inúmeros gêneros do mesmo formato, sendo eles, produtos jornalísticos, entretenimento, entrevistas e, recentemente, narrativas, que lembram o formato originado no rádio a radionovela, que por muitos anos foi um grande sucesso.

O princípio do formato, pode se dizer que, foi iniciado em 1980, nos Estados Unidos, onde foi criado um software que fornecia música e conversação para estações de Rádio, o RCS1, utilizando o formato MIDI2. O seu conteúdo era passado de computador para computador, mas ainda era um serviço muito restrito nem todos podiam criar e distribuir seus produtos de áudio.

Mais tarde, em 1993, Carl Malamud3 produziu o que podemos considerar o primeiro podcast: seu programa de talk show Geek of The Week, que era gravado em disquetes e baixados nos computadores dos próprios usuários para que pudessem consumir o produto. Mas, ainda era um produto de áudio pouco acessível para a maior

1 O RCS é uma fornecedora privada de programação e transmissão para rádio, televisão e internet fundada em 1979, em Nova Iorque, Estados Unidos, por Dr. Andrews Economos, quando ele trabalhava com computação na rede NBC

2 MIDI: acrônimo do inglês Musical Instrument Digital Interface Interface Digital de Instrumentos Musicais, é um formato para enviar informação musical entre plataformas e aparelhos musicais, desenvolvido em 1982 por Ikutaro Kakehashi, no Japão

3 Carl Malamud, nascido em 2 de julho de 1959, é um autor e tecnólogo estadunidense, mais conhecido pela sua fundação public.resource.org, dedicada a postar e compartilhar conteúdos de domínio público.

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parte da sociedade. No Brasil, por exemplo, os computadores que reproduziam áudios, só foram se popularizar nos anos 90.4

Já nos anos 2000, segundo os dados do Internet World Stats5, o acesso à internet alcançava aproximadamente cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo (hoje, esse número ultrapassa na casa dos 5,5 bilhões de pessoas). Nesta mesma época, a plataforma iGO que funcionava apenas em computadores, lançou o programa MyAudio2Go que realizava as mesmas funções de plataformas de áudio, mas para conexões lentas6 .

Posteriormente, em 2001, a Applian Technologies7, lançou um gravador de áudio para computadores, o Replay Radio, que além de ter a função de gravação, também permitia que os usuários tivessem acesso a outros servidores que permitissem baixar outros conteúdos de áudio, possibilitando as primeiras produções dos “áudios blogs”, como era chamado na época8 .

Foi logo depois, em 2004, que o jornalista Ben Hammersley criou o termo “podcast9” (FIGURA 2) Por fim, em 2018, o Google criou o Google Podcast e o Spotify começou a agregar o formato no seu catálogo de conteúdo.

4 Segundo a dissertação “EVOLUÇÃO DA COMPUTAÇÃO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM FATOS INTERNACIONAIS” de Me. Marilza de Lourdes Cardi, o primeiro computador originalmente brasileiro foi o chamado “Patinho Feio”, produzido na USP, mas a popularização do computador pessoal, só viria acontecer quando, em 1992, quando passamos a ter representantes nacionais de empresas responsáveis pela tecnologia requerida.

5 Dados atualizados e adquiridos em 31 de março de 2022. Copyright © 2022, Miniwatts Marketing Group. All rights reserved worldwide

6 O MyAudio2GO foi um sistema de download de áudio, onde era possível baixar notícias de esportes, entretenimento, cultura, clima, entre outros.

7 Empresa de software, fundada em 1997, especialista em fornecimento de gravações e streaming

8 O primeiro programa a ser considerado um áudio blog foi o Web Talk Guys, que ficou no ar até 2006

9 A palavra “podcast” vem da junção de “iPod” (dispositivo mp3 da Apple) com “broadcast” (transmissão via internet).

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FIGURA 2 - PRINT DO ARTIGO DO JORNAL THE GUARDIAN10

FONTE: HAMMERSLEY, Ben. The Guardian. 12 de fevereiro de 2004.

De lá para os dias atuais, o formato vem se desenvolvendo de forma rápida Profissionais da área acreditam que estes números tendem a crescer ainda mais ao longo do tempo, com a chegada de novos gêneros, como o áudio drama e o audiobook, que começaram a fazer parte dos inúmeros temas abordados e que atinge diferentes públicos, utilizando muito a forma narrativa ao contar novas histórias.

2.2 DRAMATURGIA

O ato de contar histórias faz parte da vivência humana desde a época da Grécia Antiga. Do grego, a palavra “dramaturgia” significa “fazer/escrever drama” e associa se inicialmente ao teatro, com sua origem relacionada, à Poética11 de Aristóteles, por volta de 335 a.C., por ter sido um dos primeiros trabalhos sobre a teoria dramática. Na obra, o filósofo cria uma relação, talvez pela primeira vez, entre personagem, diálogo e ação, apresentando ideias que compõem uma narrativa.

10 O termo Podcast foi citado pela primeira vez em 12 de fevereiro de 2004 num artigo de autoria do jornalista Ben Hammersley, no jornal britânico The Guardian.

11 Um dos mais antigos trabalhos conhecidos do filósofo grego Aristóteles, é um conjunto que busca categorizar as estéticas dos gêneros literários.

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Mas, foi somente no século XVlll que o termo ganhou significado, quando o teórico e dramaturgo Gotthold Ephraim Lessing12 (1729 1781) começou a estabelecer reflexões específicas sobre o ofício da dramaturgia, inspirando inúmeros outros autores.

Então, seja no teatro grego ou na moderna e contemporânea era do cinema, rádio ou televisão, temos como definição de dramaturgia, uma forma de narrativa, dividida em começo, meio e fim, com um conflito e uma solução do mesmo. Em Teoria do Drama Moderno o filósofo literário Peter Szondi13 diz que:

o drama da época moderna surgiu no Renascimento14 quando a forma dramática, após a supressão do prólogo, do coro e do epílogo, concentrou se exclusivamente na reprodução das relações inter humanas, ou seja, encontrou no diálogo sua mediação universal. O drama que surge daí é "absoluto", no sentido de que só se representa a si mesmo - estando fora dele, enquanto realidade que não conhece nada além de si, tanto o autor quanto o espectador, o passado enquanto tal ou a própria convizinhança dos espaços. Tornado inteiramente presença e presente, e animado por uma dinâmica interna de que o diálogo é o motor exclusivo, o drama constitui se como forma fechada e completa em si mesma ele se absolutiza (SZONDI, Peter. “Teoria do drama moderno”. 1965. p. 14).

A dramaturgia, em sua forma narrativa, pode apresentar muitas modalidades de gênero. Alguns dosmais populares são: comédia, ação, romance e terror. O gênero terror, ganhando mais popularidade nos dias atuais devido à novos estúdios que estão investindo em novas formas desse gênero narrativo

2.3 GÊNERO NARRATIVO TERROR

Fisicamente falando, o terror é a emoção que causa a reação mais forte em nossos corpos. Em casos extremos, o cérebro libera dopamina15, um neurotransmissor que pode produzir sensações agradáveis em algumas pessoas e sensações muito desagradáveis em outras.

12 Gotthold Ephraim Lessin (Kamenz, Saxônia, 22 de janeiro de 1729 Braunschweig, 15 de fevereiro de 1781) foi um filósofo, dramaturgo e crítico de arte alemão, considerado fundador da literatura alemã moderna e um dos maiores representantes do iluminismo. Suas principais obras são: “Miss Sara Sampson”, “Nathan, o sábio”, “Emilia Galotti” e “Minna Von Barnhelm”.

13 Péter Szondi (Budapeste, 27 de maio de 1929 - Berlim, 18 de outubro de 1971) foi um filósofo literário húngaro. Entre seus trabalhos, podemos citar: “Teoria do drama moderno” e “Ensaio sobre o trágico”.

14 Renascimento foi um movimento cultural, político e econômico, surgido na Itália no século XlV até o XVII.

15 A dopamina é um importante neurotransmissor envolvido em processos como o controle motor, cognição, compensação, humor, prazer, e algumas funções endócrinas, além de ser precursora de outros neurotransmissores como a epinefrina, responsável pela adrenalina.

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O gênero narrativo, que tem origem folclórica na literatura, geralmente aborda assuntos como demônios, bruxas e fantasmas. Suas inspirações partiram de escrituras bíblicas, que até hoje continuam inspirando autores e roteiristas nos seus grandes sucessos na literatura, peças teatrais e nos cinemas.

Na literatura, O Castelo de Otranto16, escrito por Horace Walpole, em 1764, no século XVIII, foi o que pode ser considerado o primeiro romance gótico, por trazer paixões, conflitos, visões fantasmagóricas, acontecimentos inexplicáveis e presença espiritual. A obra teve grande importância, pois inspirou outros autores a criar novas grandes obras do gênero. O terror, foi inicialmente utilizado para doutrinar a religião, transformando o inferno e personagens infernais em um cenário abominável e medonho, causando pânico e manipulando a mente dos cristãos, um cenário que se estabelece ainda nos dias atuais.

Depois da literatura, o gênero narrativo se transpôs em demasiada demanda no cinema, o que serviu de grande referência para produções em outras mídias posteriores, como o caso dos programas de consumo sonoro por exemplo, o MAL DITO. Em 1896, a primeira obra considerada de terror no cinema foi A Mansão do Diabo17 , dirigido por Georges Méliès, produzido pela Star Film Company. O curta de dois minutos apresenta um morcego transformado em um demônio conhecido como Mefistófeles. Méliès era um mágico e, como especialista, abusou dos efeitos especiais da época, considerados revolucionários, para tornar historicamente possível a composição da obra.

Mais tarde, em 1920 o alemão Robert Wiene produziu o primeiro longa de terror, O Gabinete do Doutor Caligari18 . A obra apresenta a aparência de ruas estreitas e quebradas, telhados góticos e objetos deformados, metáfora de uma aparência retorcida que ainda serve de referência.

16 “The Castle Of Otranto” WALPOLE, Horace. 1764. Considerado o primeiro romance da literatura gótica, tendo inspirado muitos autores posteriores, como Ann Radcliffe, Bram Stoker, Daphne du Maurier e Stephen King.

17 “Le Manoir du Diable”. MÉLIÈS, Georges. 1896. O curta metragem francês, considerado o primeiro filme de terror da história, contém muitos elementos tradicionais de pantomima e tinha a intenção de entreter as pessoas, mais do que assustá las.

18 DAS KABINETT DES DOKTOR CALIGARI. WIENE, Robert. 1920. Filme mudo de terror, extremamente influente e considerado como a grande obra do movimento expressionista alemão no cinema.

29

FIGURA 3 E 4 – CENAS DE "O GABINETE DO DOUTOR CALIGARI"

Outro produto direto do movimento é o clássico Nosferatu19 (1922), repleto de fotografia gótica e personagens que fazem história com orelhas pontudas e dedos longos. Outros títulos também marcaram o início do horror, notadamente A Morte Cansada20 (1921) e Estudantes em Praga21 (1926). A Universal Studios decidiu apostar em produções adaptadas das grandes obras góticas, produzidos por Carl Laemmle Jr (1908 1979) e influenciado pelo expressionismo alemão22, suas primeiras obras cinematográficas foram adaptações de livros: Frankenstein23 (1931), dirigido por James Whale e inspirado no livro de Mary Shelley e Drácula24 de Bram Stoker (1931), mais tarde sendo considerada a casa dos monstros e do terror de Hollywood, disparando produções de filmes como A Múmia25 (1932), O Homem Invisível26 (1933) e inúmeros outros sucessos.

19 NOSFERATU, EINE SYMPHONIE DES GRAUENS. MURNAU. F. W. 1922. O filme alemão é uma adaptação do romance “Drácula” de Bram Stoker. É considerado um dos primeiros representantes do gênero de terror no cinema, além de sua concepção visual ter exercido forte influência no gênero

20 DER MÜDE TOD LANG, Fritz. 1921. Filme alemão mudo, rico em efeitos especiais. O estilo narrativo do filme influenciou diversos diretores, incluindo Alfred Hitchcock e Luis Buñuel

21

DER STUDENT VON PRAG. GALEEN, Henrik. 1926. Filme alemão mudo, remake do filme de mesmo nome lançado em 1913. Vagamente inspirado em obras literárias de terror.

22

O Expressionismo Alemão foi um movimento que influenciou diversas modalidades de arte, dentre elas o cinema, no início do século XX. Com cenários, maquiagens e figurinos exagerados, o estilo abordava temas densos, com uma visão deturpada e subjetiva da realidade e serviu como base para futuros gêneros cinematográficos como, por exemplo, o terror. 23

FRANKENSTEIN. WHALE, James. 1931. Inspirada numa peça teatral dos anos de 1920 de Peggy Webling, inspirada no livro de mesmo nome de Mary Shelley. 24

DRACULA. BROWING, Tod. 1931. Inspirada numa peça teatral atribuída de Hamilton Deane, inspirada no livro de mesmo nome de Bram Stoker. 25

THE MUMMY FREUND, Karl. 1932. Primeiro dos inúmeros filmes de múmias nos cinemas. 26

THE INVISIBLE MAN. WHALE, James. 1933. Baseado no livro de mesmo nome escrito por H. G. Wells.

30
DAS KABINETT DES DOKTOR CALIGARI. WIENE, Robert. 1920

Na década de 70, os filmes de terror começaram a abordar diferentes temas, os temidos baseados em fatos reais, contando casos de assassinatos, como o caso da Família Manson27 , que pode ter inspirado alguns filmes de massacres que se tornaram populares como Aniversário Macabro28 (1972) e Massacre da Serra Elétrica29 (1974). Nesse mesmo período os filmes sobrenaturais também começaram a fazer sucesso, alguns deles também abordando casos reais como o clássico O Exorcista30 de 1973. Esses exemplos, sendo apenas alguns dentre os vários subgêneros que definem o terror.

FIGURA 5 - PÔSTER DO CLÁSSICO THE EXORCIST

THE EXORCIST. FRIEDKIN, William. 1973.

27

A intitulada “Família Manson” era uma seita, liderada por Charles Manson (1934 2017), que cometeu diversos assassinatos hediondos, chocando Hollywood no final da década de 60. O primeiro dos ataques, à atriz Sharon Tate, então grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski.

28

29

THE LAST HOUSE ON THE LEFT. CRAVEN, Wes. 1972.

THE TEXAS CHAIN SAW MASSACRE HOOPER, Tobe. 1974. O primeiro da franquia, foi lançado com a alegação de que a história era verdadeira, quando na verdade havia apenas sido inspirado em outros massacres dos EUA, como o da Família Manson, atos de violência em San Antonio e o assassino em série Ed Gein (1906 1984).

30 THE EXORCIST. FRIEDKIN, William. 1973. Um dos maiores e mais influentes filmes de terror de todos os tempos. Foi a primeira produção do gênero narrativo a concorrer ao Oscar de Melhor Filme.

31

2.3.1

Diferentes Tipos de “Terror”

Os temas abordados em uma narrativa definem como a trama vai se desenvolver ao longo da história e a construção de cada uma é desenvolvida de acordo com as características dos subgêneros que existe dentro do gênero narrativo terror. Segue as particularidades de cada um:

Sobrenaturais: como o nome sugere, são fatos inexplicáveis pela ciência, que possui elementos além do conhecimento natural, como exorcismo, demônios, atividades paranormais entre outros acontecimentos que não somos acostumados a ver no nosso cotidiano. Como exemplos podemos citar: Poltergeist O Fenômeno31 (1982) e Invocação do Mal32 (2013).

FIGURA 6 CLÁSSICO SOBRENATURAL: POLTERGEIST - O FENÔMENO

Body Horror: o subgênero apresenta violações gráficas e perturbadoras no corpo humano como: sexo explícito, mutações, mutilações, zumbis, movimentos e doenças não naturais do corpo. Explora, também, a vulnerabilidade e os limites da carne do corpo humano, sua única regra é trabalhar a deformação do corpo. Exemplos

31

POLTERGEIST. HOOPER, Tobe. 1982. Indicado a três prêmios da Academia, desde seu lançamento foi considerado um dos maiores filmes do gênero narrativo.

32 THE CONJURING WAN, James. 2013. Primeiro filme do universo cinematográfico de terror, criado por Wan, sucesso de crítica e público.

32
POLTERGEIST. HOOPER, Tobe. 1982

claros desse subgênero são os filmes: A Bolha Assassina33 (1958) e A Mosca34 (1986).

FIGURA 7 - FRAME DO FILME "A MOSCA"

THE FLY. CRONENBERG, David. 1986. Trash (em português, “Lixo”): é conhecido por suas narrativas sem sentido, atuações ruins, considerado toscos e acontecimentos exagerados. Muitas vezes não recebem o orçamento adequado, resultando em efeitos especiais péssimos. Porém, tudo isso é o conceito do subgênero, que tem um pé em comédia, fazendo muitas vezes o telespectador rir ao invés de sentir medo. Filmes como Plano 9 do Espaço Sideral35 (1959) e O Ataque dos Tomates Assassinos36 (1978) são exemplos clássicos do trash

33

THE BLOB. YEAWORTH, Irvin. 1958. Produção independente, conhecida por ser colorida, enquanto muitas produções da época ainda eram preto e branco.

34 THE FLY CRONENBERG, David. 1986. Ganhador da categoria de Melhor Maquiagem e Penteados no Oscar.

35 PLAN 9 FROM OUTER SPACE WOOD, Ed. 1959. Considerado por muitos como o pior filme de terror já feito, ganhou renome de clássico cult no subgênero trash.

36 ATTACK OF THE KILLER TOMATOES. BELLO, John De. 1978.

33

FIGURA 8 - MONA MCKINNON COMO PAULA TRENT EM PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL

Slasher: provavelmente é o mais assistido entre os filmes de terror, suas narrativas sempre vão conter um grupo de pessoas que foge de um assassino em série e é conhecido por conter em sua maioria a clichê conhecida como final girl37 Este subgênero surgiu inspirado em casos como o da Família Manson e em sua maioria são obras com baixo orçamento, mas ainda sim são clássicos do cinema, como Halloween38 (1978), A Hora do Pesadelo39 (1984) e Pânico40 (1996).

37 Em português “a última garota”, clichê do gênero, onde a personagem principal, geralmente uma menina, é a última sobrevivente ao final do filme.

38 HALLOWEEN CARPENTER, John. 1978. O primeiro de uma das maiores franquias do cinema, composta por (até então) onze filmes, que contam a história do universo do serial killer Michael Myers.

39 THE NIGHTMARE ON ELM STREET CRAVEN, Wes. 1984. O clássico gerou uma franquia de inúmeras sequências, séries de televisão e crossovers com o vilão Freddy Krueger.

40 SCREAM. CRAVEN, Wes. 1996. O filme utiliza uma metalinguagem para tratar algumas situações clássicas do terror, talvez com a “final girl” mais famosa do cinema: Sidney Prescott. Ganhando status de cult, o filme gerou uma franquia de muito sucesso.

34
PLAN 9 FROM OUTER SPACE. WOOD, Ed. 1959.

FIGURA 9 - NEVE CAMPBELL COMO SIDNEY PRESCOTT, UMA DAS FINAL GIRLS MAIS FAMOSAS DO CINEMA.

SCREAM.

Psicológico: composto por perseguições mentais, paranoias, medo e muito desconforto, explorando seu emocional. Neste subgênero, as informações das narrativas costumam ser entregues gradativamente, pois seu objetivo é deixar seus telespectadores inseguros com a sua perspectiva ao longo dos filmes, fazendo que os personagens sofram conflitos mentais em situações sobrenaturais, assassinatos e conspirações, usualmente utilizando a técnica dos plot twists41 Esses filmes vêm ganhando mais notoriedade no terror contemporâneo como, por exemplo: O Babadook42 (2014) e A Bruxa43 (2015)

41 Reviravolta radical e inesperada na construção narrativa, que surpreenda o espectador.

42

THE BABADOOK. KENT, Jennifer. 2014. Baseado no curta metragem MONSTER (2005) da mesma diretora.

43 THE VVITCH. EGGERS, Robert. 2015. O filme causou muita polêmica com a comunidade religiosa, tanto católica, quanto não teísta.

35
CRAVEN, Wes. 1996.

FIGURA 10 - OUTRO EXEMPLO DE TERROR PSICOLÓGICO, O ACLAMADO CISNE NEGRO

Gore: conhecida também como Splatter, indicado para pessoas frias, que não enjoam com cenas fortes de violências explícitas. Focando em dor, tortura, violência explicita e muito sangue, os filmes com essa classificação têm como objetivo causar incômodo e mal estar em seu público. Muitos de seus filmes sofrem censura e proibição em alguns países. Houve relatos de pessoas que passaram mal assistindo alguns filmes como Banquete de Sangue44 (1963), Holocausto Canibal45 (1980) e Centopeia Humana46 (2009).

44 BLOOD FEAST. LEWIS, Herschell, Gordon. 1963. Considerado o primeiro filme do subgênero gore.

45 CANNIBAL HOLOCAUST DEODATO, Ruggero. 1980. O filme é conhecido pela controvérsia e polêmica que causou logo após sua estreia, quando o diretor foi preso por acusações de obscenidade e rumores de que atores morreram de verdade durante as gravações. O longa foi banido de diversos países.

46 THE HUMAN CENTIPEDE (FIRST SEQUENCE). SIX, Tom. 2009.

36
BLACK SWAN. ARONOFSKY, Darren. 2010

FIGURA 11 - CENA CLÁSSICA DA FRANQUIA JOGOS MORTAIS, UM DOS MAIORES REPRESENTANTES DOS FILMES GORE

SAW ll. BOUSMAN, Darren Lynn. 2005.

Found Footage (em português “Filmagem encontrada”): filmes com características documentais. São produzidos, geralmente, com uma câmera na mão, sem estabilizador, pelos próprios atores, semelhantes a vídeos caseiros. O filme Holocausto Canibal (1980) foi o primeiro filme considerado found footage, mas esse modelo só se popularizou com o filme A Bruxa de Blair47 (1999), seguindo com Atividade Paranormal48 (2007) e REC49 (2007).

47 THE BLAIR WITCH PROJECT MYRICK, Daniel; SÁNCHEZ, Eduardo. 1999. É um dos 100 filmes americanos de maior faturamento de todos os tempos

48

PARANORMAL ACTIVITY. PELI, Oren. 2007. Grande sucesso do gênero, original uma franquia de inúmeros filmes, se tornando um dos filmes mais rentáveis do cinema, com base no retorno de investimento.

49 [REC]. BALAGUERÓ, Jaume; PLAZA, Paco. 2007.

37

FIGURA 12 - FRAME DO FILME ATIVIDADE PARANORMAL

PARANORMAL ACTIVITY. PELI, Oren. 2007.

Ainda hoje, o terror se populariza a cada dia, atingindo diferentes públicos e faixas etárias. De fatos, muitos acontecimentos históricos inspiram filmes e produções diversas de diferentes gêneros e formatos, seja sendo fiel ao fato ocorrido ou apenas características semelhantes.

Por esse motivo, a dramaturgia é algo tão popular e faz parte do imaginário e dia a dia de tantas pessoas, que a consomem na TV, no rádio, no celular, no computador ou em qualquer outro objeto eletrônico que possibilite o consumo.

2.4 ÁUDIO DRAMA

Com a evolução social em constante avanço, o público começa a precisar de novas formas de consumir a tal dramaturgia, de forma rápida, prática e acessível e uma das formas mais antigas, mas ainda populares é a sonora, pois permite que o usuário consuma o produto em qualquer lugar.

A dramaturgia sonora já foi batizada com diversos nomes como áudio série, áudio drama, podnovela, podcast de ficção, entre outros, mas todos possuem o mesmo objetivo: contar histórias. Com ou sem personagens, com ou sem efeitos sonoros e trilhas, o que importa é a narrativa e a sensação que há de ser transmitida.

A primeira vez que esse formato de áudio foi produzido foi com a radionovela, que nada mais é, do que uma narrativa sonora dramatizada com interpretação de

38

personagem, podendo obter, ou não, efeitos e trilhas sonoras, mas geralmente utilizando esses dois elementos para que seja melhor interpretada pelos ouvintes. Inicialmente, devido ao grande público feminino que passou a acompanhar e mandar muitas correspondências positivas para as emissoras, o mercado da rádio no Brasil começou a produzir inúmeras dramaturgias sonoras, em sua maioria de origem Cubanas. A primeira delas foi Em Busca Da Felicidade50 , em 1941, transmitida pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, às 10h30 da manhã às segundas, quartas e sextas.

Entre os anos de 1943 a 1945 a Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitiu cerca de 116 novelas sonoras, grande parte do gênero romance, já que seu público principal eram mulheres.

Com o sucesso estrondoso do formato, logo ele foi adaptado para a televisão. Foi assim, que no dia 21 de dezembro de 1951, era transmitida na TV Tupi Sua Vida Me Pertence51 a primeira telenovela do Brasil. Isso fez com que a radionovela começasse a entrar em falência, pois o público, patrocinadores e profissionais da área migraram para a televisão. Por esse motivo, até a década de 70, o formato praticamente desapareceu na grade das rádios do Brasil.

50 De origem cubana, Em Busca da Felicidade é considerada a primeira radionovela do Brasil. Com texto original de Leandro Blanco e adaptação por Gilberto Martins, a narrativa seguia o formato das soap operas estadunidenses, com exibição periódica. O programa teve 248 episódios e ficou no ar até maio de 1943.

51 Sua Vida Me Pertence foi a primeira telenovela brasileira, escrita e dirigida por Wálter Forster, transmitida ao vivo em quinze capítulos, duas vezes por semana, na rede Tupi, em São Paulo, sob a direção artística de Cassiano Gabus Mendes.

39
FIGURA 13 - SUA VIDA ME PERTENCE A PRIMEIRA TELENOVELA SUA VIDA ME PERTENCE. FORSTER, Wálter. São Paulo: TV Tupi. 1951.

Após aproximadamente 50 anos, a dramaturgia sonora voltou a ser produzida, porém para a internet, veículo que vem se desenvolvendo em alta velocidade ao longo dos anos, com o grande crescimento nas produções de podcast

Hoje, diferente da época em que as radionovelas eram produzidas, existem vários recursos sonoros, que possibilitam quem consome aproveitar e se sentir ainda mais dentro da história. A tecnologia atual nos permite trabalhar com o áudio 3D52 , onde quem o ouve tem a impressão que está ouvindo, por exemplo, os passos na vida real. Essas tecnologias, e uma grande bagagem de efeitos sonoros e trilhas, faz com que a experiência de quem consome esses conteúdos fique mais realistas e acessíveis para quem os produz

Atualmente, já existe uma gama de diversos sites, aplicativos e softwares, que foram desenvolvidos focando na produção de podcasts e que não precisa de nenhum estudo avançado sobre produção e edição de áudios.

2.5 TERROR NO ÁUDIO DRAMA

A era dos podcasts e do Spotify foi responsável por revigorar o formato sonoro de consumir dramaturgia, e um dos gêneros narrativos que estão ganhando cada vez mais espaço entre o público é, também, o terror.

Pode se dizer que o primeiro programa do seguimento, no formato radiofônico, tenha sido em 1947, quando foi ao ar o programa Incrível, fantástico, extraordinário, criado por Henrique Fôreis Domingues (1908-1980)53 . O programa foi um grande sucesso no rádio, elevando o status do já renomado cantor e radialista, também conhecido como Almirante ou “a mais alta patente do rádio”, como era seu codinome na Era de Ouro do Rádio54, era essa, onde rapidamente o formato se popularizou no território do país, com as ondas de rádio utilizando os mais diversos elementos tecnológicos e sonoros radiofônicos que podiam alcançar.

O programa era semanal. Eram três a quatro histórias por programa transmitido pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, que contava as maravilhosas histórias de terror e

52

Efeitos de áudio 3D são um grupo de efeitos sonoros que manipulam o som produzido por alto falantes estéreo, alto falantes de som surround, matrizes de alto falantes ou fones de ouvido.

53 Iniciado em 21 de outubro de 1947, o programa foi um grande sucesso nas noites de terça feira. As histórias, narradas pelo próprio Henrique Domingues, iam desde o horror até folclores brasileiros.

54 Por volta de 1930, o rádio atingiu seu apogeu como maior meio de comunicação em massa, iniciando a chamada Era de Ouro, devido a sua popularização e ascensão como meio de entretenimento.

40

mistério enviadas pelos ouvintes. O primeiro episódio foi ao ar em 21 de outubro de 1947, com as seguintes histórias: A Aranha, O Comandante, Saci Pererê e O Baile. O Almirante jurava que essas histórias eram verdadeiras. Na época, a autenticidade era tema de debate na mídia. O programa todo era feito ao vivo.

Posteriormente, o programa foi adaptado para a TV com a intenção de recuperar a teledramaturgia na Rede Manchete.

Além do programa citado, atualmente existem outros programas com a mesma narrativa independente e contos enviados por outros autores, tais como: Os Diários Esquecidos Histórias de Terror, Mundo Freak Confidencial, Sábado 14, onde são analisados alguns filmes de terror semanalmente e Horrorlândia, todos em formato podcast postados no Spotify com duração entre 15 a 22 min.

O áudio drama atual tem algumas peculiaridades das antigas novelas de rádio. Isso inclui a conveniência do nosso tempo, a capacidade de gravar áudio com qualidade profissional sem sair de casa, inserindo efeitos, modulando sons e muito mais. Podcasts são um dos grandes elementos de atualização das transmissões, então ele agora retorna com maior força na ficção.

2.6 COMIC BOOK

Enquanto o formato do rádio se tornava popular, outra forma de entretenimento, baseada na ficção, também ganhava espaço no Brasil: as histórias em quadrinhos. Não se sabe ao certo qual a data exata do surgimento das comic books55. Há teóricos que afirmam que as pinturas rupestres podem ser encaixadas nos elementos que compõem uma HQ. Outros afirmam que o surgimento da mesma se deu em 1895 na história de Yellow Kid de Richard F. Outcault56 , já que a história ilustrada do norte americano se encontrava disposta em quadros sequenciais, com personagem fixo e espaço para as falas.

Após o sucesso de Yellow Kid, pode se acompanhar o aparecimento de demais autores que seguiam o mesmo padrão e a conquista de leitores em todo os Estados Unidos para suas HQ com o passar das décadas, assim também como os ambientes feito apenas para a comercialização desse tipo de produtos, nomeadas como Comic Book Shop57 .

55

Em português: revista em quadrinhos.

56 MOYA, 1986: 22 23

57

Em português: loja de histórias em quadrinhos.

41

Já no Brasil, apenas no início da década de 1930 que o mercado editorial tomou conhecimento da existência das comics58 como gênero59 , sendo assim muitos dos primeiros quadrinhos nacionais eram apenas adaptações de obras literárias já existentes e de gosto do público.

Apenas depois de muitos anos surgiram quadrinhos de cunho nacional e que conseguiram manter seus lançamentos sendo publicados por anos a fio, dar-se de exemplo os quadrinhos da Turma da Mônica60, lançado em 1960 por Maurício de Souza que ainda vai às bancas até os dias atuais.

FIGURA 14 - UMA DAS PRIMEIRAS EDIÇÕES DA REVISTA EM QUADRINHOS DA TURMA DA MÔNICA.

Sendo também uma das primeiras HQ nacionais a saírem do

elas Turma da Mônica

originalmente

quadrinhos em inglês, devido a essência cômica das

gênero. 59 Segundo Francisco Nascimento, PHD em educação, por mais que o formato dos quadrinhos já existissem no Brasil desde o final do século XIX, o mercado editorial brasileiro só reconheceu como gênero posteriormente. 60 História em quadrinhos infantil, criada pelo cartunista Maurício de Sousa (1935), originada em 1959. Hoje, uma franquia de inúmeros produtos transmídia nos cinemas, teatros, livros, jogos eletrônicos, CD ROM, brinquedos, parques, entre outros.

publicações

42
SOUSA, Maurício de. MÔNICA E SUA TURMA. Português. Brasil: Editora Abril. 1° edição. p. 68. 1970.
papel diretamente para as telas com duas adaptações de sucesso,
sendo
58 Nome
atribuído aos
primeiras
no

Laços61 (2019) e Turma da Mônica Lições62 (2022), que, segundo o site O Globo, levou mais de 500 mil pessoas aos cinemas63

FIGURA 15 E 16 POSTERS DOS FILMES LIVE ACTIONS DE TURMA DA MÔNICA.

À esquerda TURMA DA MÔNICA: LAÇOS (2019), à direita TURMA DA MÔNICA: LIÇÕES (2021). Dirigidos por Daniel Rezende.

Já nos EUA, podemos ver adaptações de comics nas telas desde 1940 como seriados e filmes e que, hoje, se tornou um dos maiores mercados em questão de bilheteria levando bilhões de pessoas a salas de cinema com adaptações das comic, além de séries em streamings.

HQs foram, e são, de muita importância para a indústria audiovisual, estabelecendo marcas e gerando uma nova forma de se fazer filmes e despertar interesse do público em ver suas amadas obras adaptadas em mais de uma forma. No artigo Histórias em Quadrinhos e Cinema: Um caso de tradução intersemiótica, o Mestre em Comunicação Bruno Fernandes Alves diz que:

61

TURMA DA MÔNICA: LAÇOS REZENDE, Daniel. 2019. Primeiro filme live action da franquia “Turma da Mônica”.

62 TURMA DA MÔNICA: LIÇÕES. REZENDE, Daniel. 2021.

63

EMOCIONANTE, FILME LEVA MAIS DE 500 MIL ESPECTADORES AOS CINEMAS E SE TORNA SUCESSO DE CRÍTICA E PÚBLICO. Notícias O GLOBO. Disponível em: < https://globofilmes.globo.com/noticia/turma da monica licoes e sucesso de critica e publico/ >

43

Por fim, podemos afirmar que a linguagem dos quadrinhos trouxe uma renovação para a produção cinematográfica dos últimos dez anos ao apresentar todo um universo de possibilidades conceituais, narrativas e estéticas a serem exploradas e traduzidas para outras linguagens. (ALVES, Bruno Fernandes. Histórias Em Quadrinhos E Cinema: Um Caso De Tradução Intersemiótica. 2011. p 12).

2.6.1 Terror no Comic Book

Assim como o surgimento dos quadrinhos, as HQ’s de terror não têm um autor fixo ou data específica, porém podemos afirmar que a década de 50 é onde foi inserido este gênero em comics tendo publicações da EC (Entertainment Comics).

Inspirados em programas como as radionovelas, as histórias de horror ganharam espaço e investimento no mercado editorial trazendo consigo características únicas de traço e cor, tentando passar ao leitor sentimentos de angústia e paranoia.

A prolífica geração de artistas agremiada pelas comics da EC se destacava não apenas pelo estilo artístico inovador, como também pela versatilidade e criatividade em elaborar argumentos e roteiros, principalmente nas personalidades de Feldstein e Kurtzman (CRAWFORD, 1978) e apesar das controvérsias políticas em torno do gênero, o mesmo, com o passar dos anos, conquistou seu público e continuou em ascensão até se estabelecer no mercado.

No Brasil, temos traços de terror nas histórias em quadrinhos desde a década de 30, onde há a mescla de características de temáticas como policiais, fantasmas e ficção científica. Podemos citar a obra Garra Cinzenta64 publicada pela editora A Gazetinha em 1937. A tirinha trazia essas temáticas de forma híbrida, juntamente com as características na construção da HQ. Porém, o mercado dos quadrinhos de terror teve sua queda no Brasil com o início da ditadura militar e a implantação de leis de censura

64

44
História em quadrinhos brasileira, publicada no jornal A Gazeta entre 1937 e 1939, com roteiro de Francisco Armond e arte de Renato Silva.

17 - CAPA DA COMIC BOOK DE TERROR A GARRA CINZENTA.

Não há dados isolados sobre venda de comics com o gênero terror no brasil atualmente, mas as histórias como Garra Cinzenta ainda possuem muita relevância no mercado editorial. A mesma ganhou uma reimpressão em 2011 pela editora Super Prumo.

18 - CAPA DA REIMPRESSÃO DE GARRA CINZENTA DE 2011

45
FIGURA A GARRA CINZENTA. ARMOND, Francisco; SILVA, Renato. A Gazeta. 1937 1939 FIGURA A GARRA CINZENTA. ARMOND, Francisco; SILVA, Renato. Editora Super Prumo. 2011

2.6.2 Web Comics

E assim como aconteceu com o áudio drama, que começou nas radionovelas e foi se adaptando conforme os avanços tecnológicos e sociais se davam em seu público, as comics também se metamorfosearam e encontraram lugar no mundo digital, ganhando o título de web comics.

As webs comics são as HQs produzidas e veiculadas diretamente na internet, por meio de blogs e sites, e que ganharam muito destaque, não só pela qualidade das novas produções, mas também pela capacidade de inovação da linguagem dos quadrinhos.

Mais do que contar uma história em capítulos, essa nova plataforma tem conseguido fazer novas propostas, obtendo um sucesso de público e até editorial , mesclando a arte sequencial com recursos de animação, áudio e vídeo.

Uma das maiores referências atuais no ramo é Alice Osman, autora do bestseller Heartstopper65. Osman começou sua jornada como criadora de web comics, postando seus quadrinhos de forma gratuita em sites e blogs pessoais e que até a confecção deste trabalho suas histórias passam de 390 mil assinantes, o que prova que essa nova forma de distribuição de quadrinhos abre portas para novos artistas e públicos, além de contribuir para que esses projetos se tornem cada vez mais transmidiáticos.

65 Romance gráfico escrito e ilustrado por Alice Oseman (1994), publicado originalmente em sua conta pessoal na rede Tumblr em 2016. Posteriormente a série, que possui cinco volumes, foi publicada fisicamente pela Hachette Children’s Group, em 2018. No Brasil, foi lançado pela Editora Seguinte em 2021

46

3 O PROJETO MAL – DITO

FIGURA 19 - ARTE DE DIVULGAÇÃO DE MAL – DITO

3.1 EXPLICAÇÃO DO TÍTULO

O nome do seriado MAL DITO foi criado para fazer uma intersecção entre o adjetivo “mal”, o verbo “dizer” e o adjetivo “maldito”, para descrever a sensação de horror, transmitida nas histórias.

Por ser um trabalho radiofônico, realizado, primordialmente com o sonoro, através de palavras narradas ditas fazemos uma alusão com o a palavra “maldito”, destrinchando a em duas: “mal” e “dito”, este último, podendo significar também, o particípio passado do verbo “dizer”, enquanto o adjetivo “mal” remete à própria maldade, tema dos episódios que são inspirados pelo gênero narrativo terror.

47
Arte feita por H. L. da Silva especialmente para o projeto.

Por esse motivo, e para ficar explícito a separação de “maldito” entre dois termos separados, a estilização terá o uso de travessão ( ): MAL DITO.

3.2 SINOPSE DO PROJETO

MAL DITO: Áudio drama de terror, que traz toda semana uma história horripilante. Apague as luzes, coloque o fone de ouvido e sinta o arrepio tomar conta de sua imaginação

3.3 ARGUMENTO DO PROJETO

MAL DITO é um áudio drama de terror composto por episódios independentes com uma média de duração entre 10 e 12 minutos Na primeira temporada do programa, todos os episódios serão do subgênero sobrenatural. As temporadas, inicialmente, possuem 6 episódios, que estão disponíveis nos streamings de áudio, e no site da produtora. Junto com os episódios de áudio, os espectadores também contam com a história em versão web comic Todas as histórias contadas no decorrer da temporada, assim como as situações e personagens apresentadas, são originais e criadas pelo roteirista Gabriel Lucena, com exceção do episódio O Crime do Padre que foi levemente inspirado na obra de Eça de Queirós, cujo acervo faz parte de domínio público, devido à morte do autor em 1900, visto que, legalmente, o acervo de qualquer artista é liberado após 70 anos de sua morte.

3.4 OBJETIVOS

O objetivo principal do projeto é produzir um áudio drama de terror com episódios independentes acompanhado de uma comic em formato digital disponível em um site desenvolvido pelos integrantes do projeto.

Com isso, o projeto explora a perspectiva auditiva do ouvinte, despertando os sentimentos relacionados ao medo, pelo meio do som, utilizando diversas facetas e subgêneros do gênero narrativo terror. Além disso, com o uso da linguagem transmídia e interativa, da web comic disponibilizado no site, conduziremos o público, também, para essas outras plataformas digitais, buscando uma fidelização do espectador, para que ele consuma as histórias de todas as formas disponibilizadas.

48

3.5 MECÂNICA DO FORMATO

O MAL - DITO é um áudio drama de terror com episódios independentes e média de duração de 10 12 minutos. Junto aos episódios em formato de áudio, também são publicados no website as histórias estilizadas em web comics. Durante a semana, os mesmos serão disponibilizados na plataforma de streaming Spotify

Estrutura padrão definida para cada episódio:

• Vinheta de abertura;

• Orientação para ouvir o episódio com fones de ouvidos;

• História;

• Créditos.

O ouvinte pode, também, escolher por si só como prefere consumir o produto: primeiro em áudio e depois visualmente com a web comic; primeiro com o livreto de quadrinhos e depois ouvindo, ou consumindo os dois ao mesmo tempo, tendo uma experiência conjunta auditiva e visual, pois as histórias, embora em formatos e mídias diferentes, serão apresentadas com a mesma narrativa, não interferindo nem dependendo uma da outra, apenas servindo como complemento transmídia.

A ordem de transmissão dos episódios na primeira temporada é a seguinte: Edifício, Correntes, O Crime do Padre, Os Doze Passos, Caderno de Desenhos e Felizes Para Sempre.

3.6 DESENVOLVIMENTO DOS EPISÓDIOS

Cada episódio do áudio drama foi desenvolvido com realização de pesquisas de acordo com seus respectivos temas. Segue abaixo o embasamento utilizado para cada tema abordado. Todas as histórias, personagens, diálogos e situações narradas são originais e criadas especialmente para o projeto MAL DITO.

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3.6.1. EDIFÍCIO

3.6.1.1. Contexto

O episódio EDIFÍCIO é inspirado livremente em relatos pessoais de indivíduos que tiveram supostas experiências sobrenaturais no local onde, antes, residia o extinto Edifício Joelma hoje Edifício Praça da Bandeira66 .

A história do prédio é trágica. Inaugurado em 1972, na cidade de São Paulo, o prédio sempre funcionou de forma comercial, sendo alugado pelo Banco Crefisul de Investimentos, logo após a abertura.

Na manhã do dia 1° de fevereiro de 1974, um incêndio iniciado por conta de um curto-circuito em um dos aparelhos de ar condicionado, no décimo segundo andar, tomou conta de quase todo o prédio todos os andares ocupados pelo Banco foram tomados pelas chamas. Em poucos minutos o pânico se alastrou junto com o fogo, impedindo os funcionários do local de evacuarem. Tentando se salvar, muitos subiram para o terraço do prédio, na esperança de encontrar um heliporto, que não existia. Alguns, contra as recomendações, entraram nos elevadores, como foi o caso das treze pessoas encontradas dentro de uma das máquinas. Seus corpos foram carbonizados de tal forma, que só restou cinzas e ossos queimados, tornando impossível o reconhecimento. Como forma de homenagem às vítimas, as treze foram sepultadas juntas, no cemitério São Pedro, em São Paulo, onde estão até hoje.67

66 O edifício Praça da Bandeira, anteriormente chamado de Edifício Joelma, é um prédio comercial situado no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, inaugurado em 1972, no número 225 da Avenida Nove de Julho, e reinaugurado em setembro de 1978. O prédio foi rebatizado em meados dos anos 2000.

67 Localizado no bairro da Vila Alpina, em São Paulo, o cemitério São Pedro até hoje recebe a visita de curiosos e fiéis das “Treze Almas”, que alegam receberem graças e desejos concedidos.

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51 FIGURA 20 - SEPULTURAS DAS TREZE VÍTIMAS ENTERRADAS NO CEMITÉRIO
Os restos mortais das 13 vítimas sepultados lado a lado em SP. / Reprodução/Redes Sociais. Leia mais em: https://www.diariodolitoral.com.br/brasil/elas fugiram para o elevador se abracaram e foram carbonizadas/154238/ FIGURA 21 - LÁPIDE EM HOMENAGEM ÀS TREZE VÍTIMAS DO JOELMA, CONHECIDAS COMO "AS TREZE ALMAS" A lápide das Treze Almas / Crédito: Divulgação. Leia mais em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia edificio joelma terrivel incendio treze almas e acontecimentos sobrenaturais.phtml
SÃO PEDRO

No final do dia, os socorristas contaram quase duzentas pessoas mortas e mais de trezentas feridas.

Essa tragédia marcou para sempre a história e a memória da cidade de São Paulo, e muitos que visitam o local até hoje relatam experiências sobrenaturais, ou, no mínimo, inexplicáveis.

Denúncias de gritos durante a noite, aparições fantasmagóricas, vultos nos cantos. Não são poucos os relatos de pessoas que dizem ter testemunhado algum vestígio da tragédia do Joelma. Uma das “aparições” mais famosas, seria da vítima Volquimar Carvalho Dos Santos (1952 1974).

FIGURA 22 - VOLQUIMAR CARVALHO DOS SANTOS, UMA DAS VÍTIMAS MAIS FAMOSAS DO EDIFÍCIO JOELMA

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conheca volquimar santos
da
do
livro
Seis escrito pelo
supostamente teria descrito seus últimos momentos de vida por
de uma carta psicografada69. Segundo a carta, na manhã da tragédia,
personalidades
expoentes
Volquimar Carvalho dos Santos Divulgação / Foto de arquivo pessoal. Leia mais em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/um dos
casos mais famosos de chico xavier
vitima
tragedia
edificio joelma.phtml No
Somos
médium Chico Xavier68, Volquimar,
meio
Volquimar foi para o edifício, 68 Francisco Cândido Xavier (1910 2002) foi um médium, filantropo, escritor e uma das
mais
do Espiritismo. 69 A psicografia, segundo o vocabulário espírita, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos.

onde trabalhava, e por isso foi uma das inúmeras vítimas do incêndio. Mas, o que difere sua história, é o que aconteceu depois.

Ao encontrar o corpo da jovem depois de horas procurando em necrotérios e hospitais, Álvaro, o irmão de Volquimar, fica horrorizado ao ver o estado em que ela se encontrava. Não querendo deixar a mãe nervosa, o rapaz omite que a encontrou, e os dois partem em direção a outro hospital. Porém, na metade do caminho, a senhora relata ter recebido uma mensagem da própria filha desencarnada, avisando que ela havia sim sido encontrada pelo irmão, e que a mãe poderia ficar despreocupada pois ela “havia sido bem recebida no outro plano”70. Além disso, no texto psicografado, a moça diz que a morte aconteceu de repente. "Foi como se devêssemos todos naquela manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo", teria escrito o espírito de Volquimar.

O caso tomou proporções tão grandes que, após a publicação de Somos Seis, a história da moça ainda foi retratada no filme Joelma, 23° Andar71 , cujo roteiro foi baseado nas cartas psicografadas e conta com a atriz Beth Goulart interpretando Volquimar.

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FIGURA 23 - POSTER DO FILME JOELMA 23° ANDAR JOELMA 23° ANDAR. CUNHA, Clery. 1980 70 Informação extraída do capítulo 2 de Somos Seis, escrito por Chico Xavier. 71 JOELMA 23° ANDAR. CUNHA, Clery. BR: Produções Cinematográficas Souza Lima. 1980. 1 DVD (1h20min).

3.6.1.2.

O Episódio

Inúmeros são os relatos de pessoas que experienciaram alguma situação logicamente inexplicável no local da tragédia. Até os dias atuais, ainda muitos dizem ver vultos, escutar vozes e sentir cheiro de queimado em alguns pontos do prédio. De fato, o incêndio do Edifício Joelma traumatizou a sociedade paulistana de tal forma, que o lugar ficou marcado no imaginário popular como sendo “mal assombrado”, o que pode ajudar a propagar a má fama do local, talvez até “pregando peças” mentais em pessoas que o visitam, que já chegam com medo, ou algum tipo de receio de presenciar algo sobrenatural.

Inspirado nesses vários relatos, o episódio Edifício utiliza do estilo found footage, popular entre os filmes do gênero narrativo terror, para narrar a visitação de dois amigos jornalistas, que estão preparando uma matéria especial sobre a reinauguração de um prédio comercial fictício, que havia sido queimado alguns anos antes, tal qual o Edifício Joelma, em 1974.

O episódio inteiro é estilizado como se fosse um áudio gravado pelos próprios personagens. O personagem Diego anda durante todo o tempo com uma câmera gravadora e um microfone, que captaria os áudios por todos os lugares onde os personagens andam. Supostamente, essa fita de gravação teria sido encontrada e divulgada depois dos acontecimentos narrados, por profissionais que buscavam os corpos dos dois jovens, sucumbidos pelo incêndio que acometeu o prédio. Tanto Diego, quanto a jornalista Luana continuam desaparecidos no final do episódio, pois não se sabe que ambos morreram por influências sobrenaturais que os atormentaram enquanto desbravavam os andares do edifício. Um aviso no começo do episódio avisa: aos que forem mais sensíveis, não é recomendado se ouvir, pois os horrores “reais” gravados em primeira pessoa podem chocar o ouvinte.

3.6.1.3. Argumento

No dia 13 de maio de 2011, numa sexta feira, aconteceu uma das maiores tragédias registradas no país. Um edifício comercial de 25 andares foi incendiado após um curto circuito em um de seus aparelhos de ar condicionado. Quase duzentas pessoas morreram, e outras mais de trezentas ficaram feridas. 11 anos depois, o edifício foi restaurado e está pronto para uma reinauguração. Um arquivo de áudio foi

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extraído com a ajuda de especialistas de uma gravação encontrada nos arquivos policiais do dia 14 de outubro de 2022. As imagens foram queimadas permanentemente.

O áudio mostra Luana e Diego chegando no Edifício Joana para registrar as primeiras imagens da reinauguração do prédio, depois de anos fechados para reforma. Diego está claramente com muito medo, pois ouviu rumores de que o local poderia ser mal assombrado, mas Luana está determinada a ser a primeira jornalista a conhecê-lo. Ela acaba convencendo o parceiro, que parece ser um tanto apaixonado por ela, e que faria de tudo para agradá la.

Ao entrar no local, Luana apresenta os avanços tecnológicos do novo prédio, como câmeras inteligentes e elevadores mais rápidos. Diego teme entrar no elevador, visto que anteriormente ali tinha sido o local onde várias pessoas haviam sido carbonizadas até a morte, mas Luana o convence, já que eles precisariam ir até a cobertura e não poderiam subir 25 andares de escadas, enquanto levavam as câmeras e equipamentos de áudio. Alguns segundos depois, o elevador para bruscamente e uma voz robótica anuncia que, invés de subir até o vigésimo quinto andar, ele parou no décimo terceiro, sem motivo aparente. Ao descerem do elevador, Diego sente um cheiro estranho e a energia elétrica do lugar cai instantaneamente. Convencida pela falta de luz de que eles não conseguiram mesmo fazer a matéria, Luana concorda em ir embora, mas desse momento em diante coisas estranhas começam a acontecer. Vozes vindas de lugar algum, até que Luana vê a imagem de uma mulher correndo em direção aos dois, enquanto um vento forte começa a soprar. Os dois saem correndo, assustados, e conseguem alcançar uma porta para a escadaria, onde se escondem. Luana começa a ficar com medo, e confessa à Diego que achava que a mulher que ela vira parecia estar morta. No mesmo instante, batidas fortes e insistentes começam na porta onde eles se escondiam. Eles saem correndo escada abaixo, mas em dado momento Diego para. Ele desconfia de que Luana estava de brincadeira com ele, pois o achava medroso, mas ela confirma que aquilo era real, e ela também estava assustada. Como que, confirmando as palavras dela, o elevador reaparece no andar em que eles estavam e, sozinho, abre as portas. Diego corre para entrar, com esperanças de descer até a portaria, mas Luana estanca. Como poderia o elevador funcionar, sem energia elétrica? Antes que ela tivesse tempo de avisar o amigo, as portas do elevador se abrem e chamas incandescentes tomam conta do andar, arrastando Diego para o

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inferno do fogo. Em poucos minutos, e em meio a gritos desesperados, Diego é totalmente carbonizado, deixando Luana sozinha, desesperada. Ela sai correndo, arfando, sem conseguir respirar direito. Ela começa a perder os sentidos e numa alucinação ouve uma voz chamando a para uma janela. Desesperada para conseguir respirar, ela obedece a voz e caminha em sua direção. A voz desconhecida começa a se mesclar com a voz de Diego, o que deixa Luana ainda mais em transe, seguindo em direção à janela. Ela deixa o microfone e a câmera caírem no chão, sem se importar com mais nada, apenas querendo acabar com aquele tormento e desespero. Ao chegar na janela, ela quebra o vidro e sobe no parapeito. Ao longe, ouve se o som de seu corpo caindo no vão, assim como vários que se jogaram durante o incêndio no mesmo edifício, anos atrás. O último som que o microfone registra é o do corpo de Luana batendo no chão, tantos andares abaixo.

3.6.1.4. Sinopse

Uma das maiores tragédias já registradas causou a morte de quase duzentas pessoas e deixou mais de 300 feridas. Um incêndio que carbonizou completamente um edifício, deixando o às cinzas. Uma história que vive no imaginário de uma cidade, mesmo anos após o acontecido, por inúmeros relatos de pessoas que confirmam terem tido experiências sobrenaturais naquele lugar, que se tornara “mal assombrado”.

10 anos depois do incêndio do Edifício Joana, Luana e Diego, dois jornalistas iniciantes, tem a tarefa de registrar as primeiras imagens da reinauguração do prédio, que promete ser a nova referência de tecnologia e aptidão para salas comerciais. Com suas próprias câmeras e equipamentos de áudio, a dupla passa pelos portões, mas acabam captando muito mais do que provas de que ali seria um ambiente seguro e bem reformado. Os traumas do passado ainda residem dentre aquelas paredes, e o mal existente grita para propagar seu passado lavando com chamas tudo que encontrar pela frente. Não importa quantas vezes você reconstrua, um solo amaldiçoado será sempre amaldiçoado.

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3.6.1.5 Personagens

LUANA

Uma mulher jovem, por volta de 25 anos, recém formada em jornalismo e com sede de provar ser uma ótima profissional. Muito determinada, sonha em ser referência em sua área de profissão. Está disposta a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Determinada;

• Profissional;

• Direta;

• Sem muita paciência;

• Inescrupulosa;

• Não tem medo de quase nada;

• Curiosa.

FIGURA 24 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Raquel Pazin

22 anos. Gosta de teatro, fotografia e cinema. O que achou de participar do projeto: “Participar do projeto foi importante já que eu nunca havia tido uma experiência de atuação somente em áudio antes, foi uma outra perspectiva da atuação.”

Foto de arquivo pessoal.

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DIEGO

Homem jovem, 24 anos, recém formado em comunicação. Gosta e tem facilidade com as partes técnicas de produção, por isso tem diversos equipamentos de gravação de imagem e áudio. É sabidamente apaixonado por Luana, mas essa nunca o deu uma chance. Apesar disso, ele nunca desiste de, um dia, conseguir ter uma chance com ela, e faz todos os gostos da menina, com a esperança de ser notado. Muito querido por todos, engraçado, o palhaço da turma. Extremamente medroso, só foi até o edifício pois Luana prometera finalmente dar uma chance ao rapaz como pagamento.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Medroso;

• Engraçado;

• Extrovertido;

• Meio nerd;

• Fala demais;

• Alívio cômico.

FIGURA 25 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Jackson Cabral 28 anos. É formado em gestão comercial pela Fatec SP, e aspirante a escritor. Trabalha e frequenta academia.

O que achou de participar do projeto: “Eu adorei, tanto pela experiência quanto pela oportunidade de trabalhar ao lado de pessoas queridas como Gabriel, Miguel e, claro, minha amiga Natalha Leôncio.”

Foto de arquivo pessoal

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3.6.2 CORRENTES

3.6.2.1 Contexto

O episódio CORRENTES aborda temas como homofobia e fanatismo religioso e foi inspirado em uma reportagem vista no canal de notícias G1, que noticiava a prisão de uma mulher e de seu marido que mantinham o filho encarcerado e acorrentado em cárcere privado em Campinas, SP.72 Segundo a reportagem, o menino, de 11 anos, era mantido preso nu, dentro de um tambor de metal fechado por uma telha e uma pia de mármore, além das correntes que o amarravam. A Polícia Civil acredita que essa situação durou por volta de um mês, onde o menino era alimentado apenas por cascas de frutas, até que foi socorrido e levado para o hospital. Até a data da publicação, o menino se encontrava sobre tutela da tia, e a mãe e o padrasto haviam sido condenados a oito anos de prisão em regime fechado. No caso notificado, a suposta motivação da mãe era, segundo ela, para “educar o filho”. Já no caso da mãe de Correntes, a motivação seria o fanatismo religioso. Ao ver o filho trajando roupas consideradas “femininas” numa brincadeira infantil, a homofobia incrustrada na religião fez com que a mulher considerasse aquilo um ultraje e algo demoníaco. De acordo com os dogmas e preceitos de algumas religiões cristãs, a homossexualidade seria considerada um pecado, apesar de ter apenas uma única passagem na Bíblia, livro considerado “sagrado”, que aborda o tema. Em Levítico73 a homossexualidade é descrita como “o único ato abominável”: “Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” (Levítico 20:13). Essa passagem é tida como justificativa para algumas pessoas usarem suas próprias crenças religiosas para atacar a comunidade LGBTQIA+, dizendo que suas práticas sexuais são “abomináveis aos olhos de Deus”. Apesar do mesmo livro bíblico também citar alguns pecados como usar roupas de tecidos diferentes: “Obedeçam às minhas leis. Não cruzem diferentes espécies de animais. Não plantem duas espécies de sementes

72 JUSTIÇA CONDENA A 8 ANOS DE PRISÃO TRIO QUE MANTINHA MENINO ACORRENTADO EM BARRIL EM CAMPINAS Disponível em < https://g1.globo.com/sp/campinas regiao/noticia/2022/02/02/justica condena a 8 anos de prisao trio que mantinha menino acorrentado em barril em campinas.ghtml >

73 Terceiro livro da Bíblia hebraica e do Antigo Testamento Cristão. Supostamente escrito por Moisés, o livro traria discursos e instruções de Deus para o povo de Israel, visando a purificação do mundo.

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na sua lavoura. Não usem roupas feitas com dois tipos de tecido." (Levítico 19:19); se alimentar de carne de porco: "Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não remói; este vos será imundo; da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver. Estes vos serão imundos." (Levítico 11:7 8); comer frutos do mar: "Mas tudo o que não tem barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo o réptil das águas, e todo o ser vivente que há nas águas, estes serão para vós abominação." (Levítico 11:10); ou cortar os cabelos e a barba: "Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba." (Levítico 19:27), coisas que são parte do cotidiano de quase todas as pessoas, o que evidencia a ampla interpretação da abordagem e a falta de atualidade das palavras citadas, visto que foram escritas há mais de dois mil anos, além de traduzidas e reinterpretadas inúmeras vezes e por inúmeros povos. 3.6.2.2

O Episódio

A história do episódio, inicialmente pensada apenas no tempo presente, precisava de alguma motivação para “justificar” a morte (e posterior assombração) da criança, personagem chave para o desfecho e a trama sobrenatural da história. Pensando sobre o que poderia levar um trauma tão intenso, foi encontrado a matéria citada acima, que inspirou a morte da criança. Assim, faltava o motivo que levaria uma mulher cometer um ato tão violento contra o próprio filho. Depois de muitas ideias, a inspiração veio do livro de estreia do mestre do terror Stephen King74 , Carrie. Publicado em 1974, o livro narra a história de Carrie White, uma adolescente solitária, que sofre bullying dos colegas no ensino médio e abusos recorrentes de sua mãe fanática religiosa. Após ser reprimida durante muito tempo e por todos a sua volta, a jovem, chegando em seu limite mental, descobre que possui poderes telecinéticos, e os usa para se vingar de todos os seus malfeitores.

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74 Stephen Edwin King (Portland, 21 de setembro de 1947) é um escritor estadounidense, conhecido por seus mais de 50 romances publicados, em sua maioria de terror ou ficção científica.

FIGURA 26 - CAPA DO LIVRO CARRIE

No clássico de King, a personagem Carrie consegue sobreviver em detrimento a todos os abusos que sofrera, porém em Correntes, Lucas, a criança que sofre abusos semelhantes por conta da religião da mãe, não tem o mesmo destino. O fanatismo religioso de Vânia, a mãe de Lucas, cega a mulher quando ela vê o filho brincando com roupas e maquiagens consideradas femininas. Acreditando que Lucas estaria possuído por algum tipo de “demônio”com tendências homossexuais, a mulher tortura o filho, tentando exorcizar quaisquer influências espirituais que estivessem no corpo do menino. Por não poder se defender e ser submetido a diversos tipos de abusos, tais como ser acorrentado e preso dentro de um guarda roupa, a criança não resiste e encontra a morte em um momento de desespero, o que faz com que seu espírito atormentado continue preso àquele lugar.

Anos depois, quando Emilly, a personagem principal, aparece para alugar a casa onde tudo isso aconteceu, a alma de Lucas acaba perseguindo a moça, acreditando que ela fosse sua mãe em busca de redenção.

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KING, Stephen. CARRIE. Classic Collection, 2019

Argumento

A campainha da nova casa de Emilly toca. Ela abre a porta e se depara com Ana, sua amiga, que veio ajudá la com a mudança. Ela reclama um pouco com Ana pois a casa parece ser muito antiga, além de ter portas rangendo e assoalhos velhos. Ana diz para ela não reclamar, pois fora muito difícil encontrar aquele lugar em tão pouco tempo. As duas começam a carregar as caixas para o andar de cima e param no quarto que Emilly tomou para ela. Dentro do quarto tem um guarda-roupa macabro, que Ana manda Emilly se livrar. Ao questionar o motivo disso, a amiga conta a verdadeira história daquela casa. Anos atrás, uma mulher fanática religiosa torturara e assassinara o próprio filho, depois de ver o menino brincando com roupas femininas. Apesar das súplicas de piedade da criança, a mãe o acorrentara com ferros e o prendera dentro do guarda roupa, onde ele perdeu a vida.

Arrepiada com a história, mas sem acreditar muito, Emilly diz que vai descansar antes de encontrar Ana mais tarde, quando elas iriam sair para aproveitar a noite na cidade nova. Ao cair no sono, Emilly tem um pesadelo com a exata cena do assassinado de Lucas, e acorda assustada com barulhos vindo do guarda roupa. Ela se aproxima, enquanto o barulho aumenta gradativamente. Logo, a porta se abre e ela vê o espírito de Lucas, ainda preso em correntes e suplicando pelo amor e piedade da própria mãe. Tentando alcançar a moça, o espírito de Lucas acaba sufocando-a, acarretando na morte de Emilly.

3.6.2.4 Sinopse

Enquanto arrumam as inúmeras caixas com os artigos pessoais de Emilly, em sua nova casa, a amiga Ana conta para ela a história sombria que acontecera ali. Anos atrás, a casa foi palco de uma tragédia: uma criança, Lucas, havia sido assassinado pela própria mãe, depois de ter sido torturado e acorrentado em seu próprio guarda-roupa. Agora o espírito atormentado de Lucas parece ter retornado para ter sua vingança

62
3.6.2.3

3.6.2.5 Personagens

EMILLY

Uma moça jovem, com 23 anos, recém chegada à cidade. Formada em jornalismo, encontra um estágio numa empresa nova e precisa se mudar com urgência. Sonha em se tornar jornalista investigativa, por isso tem uma curiosidade nata e instintiva, apesar de ter medo de poucas coisas, dentre elas insetos. É muito focada em seus objetivos e muito responsável. Não tem costume de sair nas noites, por isso não se anima tanto com as saídas propostas pela amiga.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Responsável;

• Sonhadora;

• Não tem medo de quase nada;

• Focada;

• Curiosa;

• Intuitiva.

FIGURA 27 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Raquel Pazin

22 anos. Gosta de teatro, fotografia e cinema. O que achou de participar do projeto: “Participar do projeto foi importante já que eu nunca havia tido uma experiência de atuação somente em áudio antes, foi uma outra perspectiva da atuação.”

Foto de arquivo pessoal.

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ANA

Menina de 22 anos, estagiária, vizinha e uma das melhores amigas de Emilly. Conhece quase tudo na cidade, pois adora sair à noite. É bem festeira, divertida, gosta de beber e de namorar. Se formou em jornalismo, na mesma turma de Emilly, mas passou raspando nas notas. Arrumou o estágio pois namorava o filho do dono da empresa.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Extrovertida;

• Gosta de sair;

• Namoradeira;

• Meio avoada;

• Só pensa em se divertir.

FIGURA 28 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Bianca Pascucci dos Anjos

25 anos. Produtora audiovisual e assessora de imprensa

Representar a Ana foi incrível, pois como faço parte da produtora e estou por trás de toda a produção pude sentir a total importância de toda aquela produção, além de poder experimentar algo do qual eu não sou muito habituada a fazer. Foto de arquivo pessoal.

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LUCAS

Menino, criança de anos, vive recluso dentro de casa pois tem uma mãe muito conservadora. Tem trejeitos considerados femininos, e por isso a mãe tem medo de ele ser homossexual. Sensível e carinhoso, apesar de não ter com quem demonstrar. Gosta de brincar com as maquiagens e roupas da mãe escondido. Possui problemas emocionais e psicológicos devido à falta de atenção amorosa e abusos constantes vindo da mãe.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Sensível;

• Afeminado; • Carente;

• Reprimido;

• Sente falta de se sentir amado.

FIGURA 29 – CASTING PARA A PERSONAGEM

Guel Bullino

Foto de arquivo pessoal.

“O Lucas foi mais difícil do que o Pedro, pois exigiu mais técnica de atuação, o que não é algo que estou acostumado. Acho que o fato de ele ter sido morto pela própria mãe, o torna um personagem bem desafiador. Ainda mais sendo ele uma criança, então precisei encontrar a sua voz dentro de mim e colocar toda a emoção necessária para extravasar a dor do personagem.”

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VÂNIA

Mulher, por volta de 50 anos, mas aparenta bem mais. Pouco vaidosa, pois é muito conservadora. Acredita que quase tudo é um pecado e uma ofensa à Deus. Passa a vida quase toda na igreja, ou rezando dentro de casa. Impõe as próprias crenças e religião ao filho, que ela teve muito tarde. Durante a gravidez de risco, foi abandonada pelo pai da criança e isso fez com que ela perdesse a confiança em qualquer outra pessoa, isolando a si e ao filho de todo mundo. Prometeu à Deus que se o bebê sobrevivesse, ela viveria para sempre dedicando sua vida à Ele, e assim ela o fez, tornando se obcecada e um tanto psicótica em relação a isso

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Psicótica;

• Fanática religiosa;

• Extremamente temente à Deus;

• Rigorosa;

• Homofóbica;

FIGURA 30 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Mayara Guzzi

22 anos. Mora em Santo André, cursou alguns semestres no curso de Rádio, TV e Internet, mas acabou trancando. Atualmente faz Marketing na FAM e trabalha como assistente de RH.

Foto de arquivo pessoal.

O que achou de participar do projeto: “dar voz a Vânia foimuito emocionante, pois eu estava ofendendo meu próprio clã, além de ser uma personagem antiga, eu fiquei até meio maligna"

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3.6.3

O CRIME DO PADRE

3.6.3.1 Contexto

O episódio O CRIME DO PADRE é, como o próprio título sugere, inspirado no romance português O Crime Do Padre Amaro, publicado em 1875, por Eça de Queiroz (1845 1900), sendo uma obra de domínio público desde 1970.

A obra, revolucionária para a época, por inaugurar na prosa a estética do realismo naturalismo em Portugal, caracteriza se pelo rompimento do idealismo romântico que era mais popular, em busca de realizar uma crítica à sociedade à qual estava inserido. Inspirado pelos franceses Gustave Flaubert75 e Émile Zola76, Queiroz começa a se destacar por trazer abordagens ácidas sobre várias das instituições de bons costumes que comandavam a sociedade português, a família e, principalmente, a Igreja Católica. Nesse período destaca se o romance O Primo Basílio77 e, claro, O Crime Do Padre Amaro.

Com uma narrativa em terceira pessoa, o romance citado narra a história de Amaro, um jovem padre, melancólico e com pouca vocação, que abomina a vida eclesiástica à qual foi incumbido. Em certo ponto, Amaro vê se mudando para a cidade de Leiria, onde aluga um quarto na casa de Joaneira, pagando com ajuda nas despesas e afazeres da casa. Lá, ele conhece a jovem Amélia, com quem, rapidamente, cria uma atração mútua. No decorrer dos acontecimentos do romance, Amaro se vê perdendo, com certa rapidez, o pudor, deixando-se levar pela índole libidinosa que o acometia desde a juventude. Nesse ponto, o autor claramente entra em uma crítica ferrenha ao tabu da sexualidade, principalmente quando envolvida no clero.

No clímax do livro, os dois jovens abrem mão da sanidade e partem para o ato sexual na própria pensão, o que faz com que Amélia engravide do padre. Aos poucos, a moça perde se para a histeria devido às crises de consciência por ter traído o noivo, João Eduardo, e por ter se deitado com um homem resignado à Igreja. No final da

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Gustave Flaubert (1821 1880) foi um escritor e prosador e considerado um dos principais nomes do realismo francês. Suas obras trazem temáticas antirromânticas e apresentam grande análise psicológica dos personagens. Seu trabalho mais conhecido é o romance Madame Bovary.

76 Émile Zola (1840 1902) foi um consagrado escritor e um dos principais autores do naturalismo francês. Suas principais obras são: Germinal, O Romance Experimental e A Besta Humana.

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O Primo Basílio foi um romance de grande sucesso, publicado por Eça de Queiroz em 1878. Aborda temas como: casamento, adultério e a influência da família burguesa em Portugal.

67

história, Amélia é enviada aos subúrbios para dar à luz em um local afastado, longe dos olhos da sociedade onde vive, e Amaro é aconselhado a entregar o bebê à uma “tecedeira de anjos”78. Na hora do nascimento, a criança é levada pelo pai e entregue à uma camareira, que o levaria ao seu destino final. Amélia, por fim, não resiste ao parto.

3.6.3.2

O Episódio

Inspirado nesse romance, a versão inicia se no ato do nascimento do bebê indesejado. Mas, diferente do final escrito por Queiroz, aqui se usa uma abordagem mais folclórica e macabra, inspirado também, em lendas como A Mula Sem Cabeça79 e a imagem do “anticristo”80 .

Na narrativa abordada, Amélia liga para Amaro ampará la na hora do parto, que aparenta estar bem fora do normal. Isso se dá pois Amélia está dando à luz ao próprio anticristo, como castigo por ter cometido o pecado de se deitar com um “servo de Deus”. Assim como na história original, Amaro tinha planos de entregar a criança para uma camareira, mas essa foge da cena ao entender o que se passa, com medo de ser considerada “cúmplice” do nascimento macabro. Ainda em paralelo com a versão de Queiroz, aqui Amélia também morre no parto, mas por circunstâncias diferentes. Enquanto na versão portuguesa ela morre por conta de convulsões, no áudio drama a morte ocorre devido aos ataques que o próprio bebê faz no corpo da mãe para poder nascer, dilacerando a barriga da mulher com os próprios dentes.

3.6.3.3 Argumento

Já era tarde da noite quando Amélia começou a sentir as dores do parto. Ao se ver sozinha, em uma casa longínqua, ela resolve ligar para Amaro, o padre e pai da criança que estava para nascer. Desesperado, o homem parte para o local, rezando pela alma dos dois.

78 no livro, é qualificada como uma mulher que mataria recém nascidos indesejados.

79 Segundo lendas do folclore brasileiro, a personagem da Mula sem cabeça seria uma mulher que deitou se com um padre ou homem do clero. Ao cometer esse, que seria o maior dos pecados, a mulher é amaldiçoada a transformar se nessa criatura, que “solta fogo pelas ventas”.

80 O “anticristo” seria uma força que, segundo o livro do Apocalipse, na Bíblia, tentará um triunfo contra Cristo e a Igreja Católica.

68

Ao chegar no local, a parteira já havia começado os trabalhos para conceber o bebê, mesmo discordando de toda aquela situação, e achando todos os envolvidos pecaminosos.

Logo, todos na cena ficam nervosos e o parto segue muito fora do que seria considerado normal. Do lado de fora do casebre, uma tempestade cai, com a chuva e o vento batendo nas janelas. Amaro rezava com afinco, vendo o desespero e a dor que se acometia sobre Amélia. E então, o bebê nasceu.

Rasgando a mãe de dentro para fora, com os próprios dentes, a criança abria espaço para o mundo externo, jorrando sangue para todo lado. A parteira, assustada, sai da cena rezando em latim pela alma de Amélia, que jazia dilacerada na cama. Com seu último suspiro, todas as luzes da casa estouram, deixando todos em um breu total. Amaro, assustado, estava paralisado, vendo a criança quase levitar por sobre o corpo da mãe. Uma figura já crescida, como se tivesse alguns meses, até anos, de vida. Demorou apenas um segundo, e a criança avançou sobre a parteira, como se fosse um caçador pulando sobre sua caça, arrancando a pele da mulher com os dentes. Horrorizado, e sentindo se culpado por tudo isso, Amaro, em um ato de desespero, pula da janela, suicidando se. Nunca mais se ouviu falar da criança.

3.6.3.4 Sinopse

Baseado no romance O Crime Do Padre Amaro de Eça de Queiroz, o episódio narra o nascimento macabro do bebê gerado em um ato de pecaminosa libidinosidade entre o sacerdote Amaro e uma jovem seduzida e apaixonada, chamada Amélia. Do pecado do ato, a penitência para o casal, por tamanha ofensa à Deus e sua igreja, é dar a vida ao filho do Diabo e sofrer as consequências que esse nascimento maldito há de trazer.

69

3.6.3.5 Personagens

AMÉLIA

Jovem moça de 24 anos, influenciável, deixa se seduzir por Amaro em sua própria casa, traindo o noivo. Acredita que Amaro poderia realmente amá la e sente se traída e rejeitada pelo afastamento causado pelo rapaz. Perde um pouco da sanidade quando engravida do padre e é retirada de casa, para que possa dar à luz longe da cidade. Tem uma personalidade fraca e vive tentando chamar a atenção do padre, na esperança de que ele volte para ela.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Ingênua;

• Influenciável;

• Acredita facilmente nas pessoas;

• Apaixona se fácil;

• Libido retraída;

• Fala mansa;

• Beata.

FIGURA 31 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Mayara Guzzi

O que achou de participar do projeto: “Fazer a Amélia foi um desafio. Se imagine numa situação em que você deu à luz ao anticristo. Não é fácil, mas eu amei. Nunca achei que poderia dar tantos gritos em um período tão curto de tempo.”

Foto de arquivo pessoal.

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AMARO

Jovem padre, 28 anos, sem vocação. Entrou para o orfanato por desejo de sua protetora, depois de ter ficado órfão ainda criança. Entra para o clero como sacerdote, mas possui fortes tendências libidinosas e desejos sexuais. Acaba seduzindo e engravidando Amélia. Deseja acabar com a vida da criança, que para ele, seria um problema. Não tem sentimentos amorosos pela jovem, apenas sexuais, o que alimenta certo remorso, por ter quebrado o voto de celibato, feito quando se ordenou sacerdote. O “crime” prescrito no título se dá tanto por essa quebra de voto citada, quanto pela tentativa e desejo de assassinar a criança após o parto.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Manipulador;

• Possui fortes desejos sexuais;

• Apesar de temente à deus, possui falta de vocação para o clero;

• Possessivo;

• Ciumento;

• Irresponsável;

• Sedutor;

• Eliminaria qualquer um que fosse problema para ele.

FIGURA 32 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Thiago Veras 35 anos. Trabalha na área jurídica, mas atualmente estuda Teatro pelo Macunaíma. Já fez montagens baseadas em Bruxas de Salem, Bonitinha, mas Ordinária e Homem do Início ao Fim

O que gosta de fazer: ir em shows, teatro, cinema, oficinas culturais.

O que achou de participar do projeto: “achei demais! Super divertido, uma oportunidade de desenvolver um outro aspecto da atuação com uma equipe que me deixou super à vontade”.

Foto de arquivo pessoal.

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PARTEIRA

Mulher entre 60 a 65 anos, robusta, está na cena ajudando Amélia a dar à luz. Não gosta do padre e nem concorda com a sua conduta de entregar o filho para a morte. Conhece Amélia desde o nascimento, por ter auxiliado, também, no parto de sua mãe, por isso compadece da moça que está ali em sofrimento, mas também acha que ela é responsável por ter se deixado seduzir.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Muito religiosa e temente à Deus;

• Rigorosa;

• Voz forte e altiva;

• Opiniões fortes;

• Aprendeu latim de tanto frequentar a Igreja.

FIGURA 33 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Nicole Kharsa

34 anos. Formada em Comunicação Social Radialismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Fez especialização em sonoplastia e locução pelo SENAC São Paulo. Atualmente trabalho com produção de áudio, produção cultural, programação musical, locução, roteirização e criação de pautas e entrevistas.

Foto de arquivo pessoal.

O que gosta de fazer: Ouvir música, criar novas vozes e atuar.

O que achou de participar do projeto: “Achei interessante, pois foi uma forma de me desafiar a criar vozes completamente diferentes das que estou acostumada. Desejo uma ótima sorte para vocês neste projeto.”

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3.6.4

OS DOZE PASSOS

3.6.4.1 Contexto

O episódio OS DOZE PASSOS é, superficialmente, uma história de vingança em forma de maldição, mas também possui uma narrativa que é parte da memória escravagista brasileira, mais especificamente o sofrimento da mulher negra, que além de escravizada, ainda, muitas vezes, era abusada sexualmente por seus patrões, que as tratavam como objeto sexual. Na obra Escravidão Do primeiro leilão de ativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares o escritor e jornalista paranaense Laurentino Gomes, 66 anos (até a publicação deste), diz que o Brasil é, e sempre foi, um país racista e em 1888, quando a escravidão legal desapareceu, foi apenas na formalidade, pois após a Lei Áurea81 os negros e descendentes de escravos foram apenas abandonados à própria sorte. O primeiro volume de sua trilogia de livros, aborda toda a história do sofrimento da época da escravidão negra, incluindo muitas abordagens em relação às mulheres, especificamente. Ele conta, que durante as viagens dos navios negreiros pelo Atlântico, “as mulheres eram o alvo mais vulnerável da tripulação”:

O tormento era particularmente grande para as mulheres escravas, que ficavam separadas dos homens em porões mais próximos dos alojamentos da tripulação. Ali, elas estavam vulneráveis ao assédio e ao estupro por parte dos oficiais e marinheiros, sem ninguém que pudesse defendê las. O assalto sexual começava ainda antes da partida do navio. Um traficante francês escreveu em suas memórias que, ainda no porto africano, cada oficial tinha a prerrogativa de escolher à vontade uma escrava, que, durante a viagem, lhe serviria 'na mesa e na cama'. O capitão negreiro John Newton escreveu que os oficiais tinham o hábito de dividir as mulheres entre si de acordo com a beleza delas e a preferência de cada um ainda no início da viagem. (GOMES, 2019, p. 244)

Até hoje a mulher continua sofrendo com o assédio moral e sexual,mas quando elas eram “legalmente” propriedade de seus abusadores, o assunto era ainda pior. No caso da escrava personagem da lenda apresentada em Os Doze Passos, vemos que o abuso sexual se transformou em algo ainda mais grave, uma gravidez fruto do abuso patrão criada. Sobre o assunto, o historiador português Arlindo Manuel Caldeira, que

81 Sancionada por Princesa Isabel, que na época exercia a função de Princesa Regente, no dia 11 de maio de 1888, a Lei Áurea, ou “Lei Imperial” número 3.353, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil.

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dedicou alguns anos de sua carreira ao estudo da escravatura em Portugal, disse em entrevista ao site Nascer Do Sol, que, segundo suas pesquisas:

Num número provavelmente mais elevado do que os pensamos, o escravo, e sobretudo a escrava, é um bem sexual. Muitas vezes, além das tarefas domésticas, é lhe exigido esse serviço sexual prestado aos senhores e aos filhos, também. Se nos lembrarmos de aqui há 50, 60 ou 100 anos, as criadas acabaram por manter um pouco essa situação de dependência que é aproveitada pelos senhores sem limites. Isto é uma violência enorme em relação à escrava, que tinha muitas poucas hipóteses de recusar. (CALDEIRA, 2017)82 .

Quanto à gravidez, ele diz que “Há senhores que vão fazer todos os possíveis para que o filho não nasça. Pode acontecer ainda pior, que é o senhor vender os seus próprios filhos.” (CALDEIRA, 2017). No caso da história narrada em Os Doze Passos, ao descobrir que a relação sexual com sua escrava gerou uma gravidez, o senhor causa, ele mesmo, o aborto do bebê, espancando a moça.

3.6.4.2 O Episódio

A história de vingança e maldição da jovem escrava é contada em forma de lenda, nos tempos atuais, pela adolescente Nina, com o objetivo de assustar o jovem Pedro, que está sob seus cuidados de babá. Com o uso de duas linhas temporais diferentes (presente, na casa de Pedro e passado, na época da escravidão), a história se entrelaça, causando uma atmosfera de tensão, colocando o ouvinte no lugar do próprio Pedro, que ouve a lenda contada por Nina, sob a voz do locutor narrador.

A lenda apresentada na história conta que uma escrava havia se deixado seduzir pelo seu senhor, filho dos donos da casa, e, rendendo se ao sentimento que possuía pelo rapaz, sucumbiu aos desejos e entregou lhe sua virgindade. Algum tempo depois, ao descobrir sua gravidez, o senhor força a jovem a cometer um aborto, pois não queria seu sangue misturado com o de sua escrava, considerando isso algo nojento. Humilhada, a moça busca vingança, e, utilizando o sangue do patrão, coloca uma maldição naquele porão e em todos os homens que tentassem fazer com alguma mulher, o que haviam feito com ela.

82 Trecho da entrevista de Arlindo Caldeira para o jornalista José Cabrita Saraiva, publicado no site Nascer do Sol em 2 de abril de 2017

74

Argumento

No aniversário de vinte anos de casamento dos pais de Pedro, o casal resolve sair para comemorar e deixa o filho sob os cuidados da vizinha Nina, uma adolescente que mal suporta crianças, mas aceita o serviço em troca de uma recompensa em dinheiro.

Para passar logo o tempo, Nina inventa formas de distrair o menino, até que resolve contar-lhe uma história de terror. Uma lenda, que diz, segundo ela, que muitos anos atrás uma jovem escrava foi seduzida pelo patrão no porão do casarão onde moravam e logo descobriu se grávida. Enojado ao descobrir que teria um filho com uma criada, o rapaz levou a jovem novamente até o porão e a espancou, até a moça perder o feto de sua barriga. Logo, a moça arquitetou um plano de vingança sobre seu patrão. Armou uma armadilha para levá lo até o mesmo porão, onde antes havia sido amada e espancada por ele. Ali, ela realizou um ritual de magia, amaldiçoando o local e todos as pessoas do sexo masculino que, no futuro, pisasse os pés em algum porão, pois, para ela, nenhum homem jamais seria digno de perdão, e todos pagariam pelo que havia sido feito com ela.

Ao fim da história de Nina, uma lâmpada estoura, causando um curto que apaga todas as luzes da casa, assustando as crianças. Ela liga para os adultos, que lhe dizem haver uma caixa de força no porão da casa, bastava ela descer com cuidado os dozes degraus que levavam até ele. Pedro, querendo mostrar que não havia ficado com medo da história, se oferece para ir. Ele desce os degraus, contando um a um, até chegar no décimo segundo degrau Porém, Pedro, sendo do sexo masculino, continua descendo os degraus do porão, outrora inexistentes, para seguir em direção ao inferno, como havia profetizado a maldição da jovem escrava.

3.6.4.4

Sinopse

Numa noite de babá, Nina conta uma lenda de terror para o jovem Pedro, sobre um amor proibido, uma gravidez indesejada e um porão amaldiçoado. Mas quando Pedro precisa descer no porão da própria casa, após uma falha de energia elétrica, eles vão perceber que essa lenda pode ter sido baseada em fatos reais

75
3.6.4.3

3.6.4.5 Personagens

PEDRO

Um menino de doze anos, filho único e muito mimado pelos pais. Sente se muito sozinho por não ter com quem brincar e gosta de chamar atenção de quem puder. Um pouco mimado e birrento, gosta das coisas do jeito dele. Não gosta de ouvir “não” e nem de sentir se desafiado.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Imperativo;

• Solitário;

• Gosta de atenção;

FIGURA 34 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Guel Bullino 24 anos. Fez teatro durante 6 meses, atualmente terminando a faculdade de comunicação social e se preparando pra pós graduação em fotografia. Trabalhou com algumas coisas da área, a grande maioria, na faculdade como: dublagem, atuação, produção e direção.

Foto de arquivo pessoal.

O que gosta de fazer: ouvir música, andar pela paulista, ver desenho e beber com os amigos.

O que achou de participar do projeto: “Achei incrível, parabéns a toda equipe e principalmente ao roteirista pela criatividade de criar histórias e personagens maravilhosos. Apesar de não consumir nada de podcast gosto de ver o processo e ter feito parte foi muito especial, ainda mais com pessoas que já havia trabalhado junto antes, foi bem nostálgico. Obrigado pelo convite e boa sorte na banca!” .

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NINA

Adolescente de 17 anos, revoltada com a vida, não gosta de quase nada além de ouvir música e maquiagem. Tem poucos amigos, e pais mais conservadores, por isso precisa do emprego de babá para comprar (escondida) as coisas que gosta. Ignora quase todo mundo à sua volta e finge obediência na frente dos adultos. Provavelmente usa drogas escondida.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• “Aborrecente”;

• Impaciente;

• Fase emo;

• Odeia crianças;

• Costuma ser bruta com as palavras;

• Monossilábica;

• Quer tudo do jeito dela.

FIGURA 35 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Nicole Kharsa

34 anos. Tem experiência comprovada pelas rádios Eldorado FM, Rádio Globo AM e atualmente trabalha na Rádio NovaBrasil FM. Fez estágio de produção por um ano na TV Cultura, e trabalhou na produção de documentários e vídeo clipes.

Foto de arquivo pessoal.

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BIANCA

Mãe de Pedro, 43 anos, superprotetora com o filho, acabou mimando demais a criança por medo de não ser boa o suficiente. Não tem costume de deixá lo sozinho, por isso contrata a babá mesmo Pedro já tendo 12 anos. É apaixonada pelo marido, mas não investe muito tempo no casamento, por isso sente se na obrigação de sair para celebrar aquela noite.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Superprotetora;

• Meio paranoica;

• Séria, mas carinhosa com o filho;

• Viciada em trabalho;

• Pouco romântica, muito prática;

• Desconfiada;

• Tenta dar de tudo para o filho.

FIGURA 36 - CASTING PARA A PERSONAGEM

Bianca Souza 23 anos. Formada em Comunicação Social, com habilitação em Rádio, TV e Internet pela Universidade Cruzeiro do Sul e Pós Graduada em Competências Socioemocionais pela mesma. Apresentadora, narradora e produtora de conteúdo.

Foto de arquivo pessoal.

78

3.6.5

CADERNO DE DESENHOS

3.6.5.1 Contexto

O episódio CADERNO DE DESENHOS aborda temas como suicídio e pedofilia. O suicídio é, hoje, a segunda maior causa de morte na adolescência e juventude no mundo, aumentando cada vez mais seu índice nos últimos dez anos83 . Dos casos registrados, 98% das vítimas já apresentavam algum quadro de transtorno emocional, como depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outros. O tema vem sendo cada vez mais discutido e abordado, principalmente depois da pandemia do corona vírus que acometeu o mundo desde 2019, quando a curva estatística se manteve de forma perturbadoramente ascendente no Brasil. O IBGE registrou apontamentos de que, durante os últimos cinco anos, o número de jovens que cometeram suicídio dobrou no país, sendo esse acrescimento mais notado pós início da quarentena provocada pelo Covid-19 em 2020, quando o cenário se tornou ainda mais grave.

FIGURA 37 - MORTES POR SUICÍDIO POR IDADE NO BRASIL EM 2019

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Fontes: Azos, IBGE, Governo Federal 83 Segundo dados de pesquisa da OMS.

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Cláudio Meneghello Martins, o governo deveria olhar para esses números como questão de saúde pública. Ele diz que: “No Brasil, há cerca de 13 mil mortes por ano de casos notificados. É uma taxa muito alta. A OMS já diz que no mundo há um suicídio a cada 40 segundos” (MARTINS, Cláudio Meneghello. 2014).

O problema deve ser diagnosticado com antecedência para evitar criar mais vítimas, por isso, é necessário buscar evidências ou sinais de que a pessoa acometida por tendências suicidas, precisa de ajuda. "Transtornos mentais se desenvolvem a partir de um conjunto de fatores, como predisposição genética, vivências infantis, e outros fatores estressores precoces", explica Martins.

Um dos principais fatores que pode causar o suicídio, é o trauma acometido durante o crescimento, como é o caso do personagem principal de Caderno de Desenhos. O fato de ser abusado sexualmente pela mãe durante toda a infância e adolescência impregnou o rapaz com tendências de automutilação, levando ao ato de tirar a própria vida.

Segundo a OMS, temos como definição o abuso sexual infantil como:

todo envolvimento de uma criança em uma atividade sexual na qual não compreende completamente, já que não está preparada em termos de seu desenvolvimento. Não entendendo a situação, a criança, por conseguinte, torna se incapaz de informar seu consentimento. São também aqueles atos que violam leis ou tabus sociais em uma determinada sociedade. O abuso sexual infantil é evidenciado pela atividade entre uma criança com um adulto ou entre uma criança com outra criança ou adolescente que pela idade ou nível de desenvolvimento está em uma relação de responsabilidade, confiança ou poder com a criança abusada. É qualquer ato que pretende gratificar ou satisfazer as necessidades sexuais de outra pessoa, incluindo indução ou coerção de uma criança para engajar se em qualquer atividade sexual ilegal. Pode incluir também práticas com caráter de exploração, como uso de crianças em prostituição, o uso de crianças em atividades e materiais pornográficos, assim como quaisquer outras práticas sexuais. (WORLD HEALTH ORGANIZATION WHO, 1999)

Sendo crime prescrito por lei84, o abuso sexual contra menores é um ato hediondo, mas que, infelizmente, não é cometido apenas por psicopatas, assassinos e outros tipos de criminosos. Muitas das vezes, o abusador está dentro da própria

84 Art. 213 Constranger à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça; Art. 214 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal; Art. 216 Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal; Art. 218 Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo a a praticá lo ou presenciá lo.

80

casa da vítima. Dados do Disque 10085 mostram que mais de 70% dos casos desse tipo de violência são cometidos por pais, padrastos, ou outros parentes próximos da vítima. A mesma pesquisa diz que na mesma porcentagem, os casos acontecem dentro da própria residência.

Quando o abuso acontece fora do lar, a vítima pode tendenciar a procurar algum tipo de apoio, tomando providências para denunciar o agressor aos pais ou responsáveis, devido ao grau de confiança estabelecida. Porém, quando a agressão acontece por algum responsável, a reação da criança, muitas das vezes, é acometida por vergonha, ou por nem ao menos entender inteiramente o que está acontecendo, e por isso, em grande parte dos casos, o abuso nunca é denunciado. A psicologia chama esse fenômeno de “Síndrome do Segredo”, quando a vítima teme acabar com a convivência familiar, desmascarando o ato, o que faz com que, muitas dessas crianças e jovens, cresçam com o trauma, sem poder ao menos compartilhar esse fardo, o que causa inúmeros graus de problemas emocionais, psicológicos e psiquiátricos, conhecidas causas das tendências suicidas.

3.6.5.2 O Episódio

Pensando sobre a temática do abuso sexual e o trauma que isso conduz, o episódio Caderno de Desenhos aborda a consequência mais pesada que se pode chegar: o suicídio.

Na história, uma mulher procura uma médium para entrar em contato com alguém que já faleceu, mas só no decorrer da história descobrimos que o falecido é seu próprio filho, que havia cometido suicídio ao se enforcar alguns meses antes. O ato desesperado do menino, chamado João Carlos, o Joca, é resultado do abuso que sofreu pela mãe durante toda a adolescência.

Segundo algumas crenças religiosas, o suicídio é um dos atos mais pecaminosos que se pode cometer, condenando o suicida ao “inferno”, lugar onde os pecadores sofrerão tormento eterno. A teoria se dá devido ao fato de Deus, supostamente, ter “dado vida” ao homem, o que faz com que o ato de tirar a própria vida, seria uma renúncia à “graça divina” concedida por Ele. Em doutrinas espirituais,

85 Meio de denúncia contra crimes ferindo os direitos humanos relacionados a crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, discriminação racial, pessoas em situação de rua, entre outros.

81

principalmente as que seguem os ensinamentos de Allan Kardec86, os suicidas tendem a passar a pós vida no “Vale dos Suicidas”, uma região escura e cheia de trevas do umbral87, onde ficam até se arrepender verdadeiramente do que fizeram enquanto vivos na terra.

Seja do “inferno”, do “vale dos suicidas”, ou de algum outro lugar como esses, o personagem de João volta, em forma de espírito incorporado no corpo da médium Fátima, para se vingar da mãe, querendo que ela também cometa o “pecado mortal” e sofra as mesmas consequências que ele.

3.6.5.3 Argumento

Marta é uma mulher enlutada por uma perda recente, e por isso tem a recomendação de uma amiga para buscar Fátima, uma suposta “médium”. Ao chegar lá, as duas tentam entrar em contato com o mundo espiritual utilizando uma espécie de souvenir88 da pessoa falecida, no caso, um caderno de desenhos. O caderno em questão já tinha alguns rabiscos de um jovem desenhista.

Marta estava um tanto desconfiada dos poderes reais de Fátima até que um vento forte começou a soprar, e o caderno folhear até uma página em branco, onde rabiscos começaram a se formar. Alguns desenhos se formaram e Marta reconheceu os traços de Joca, seu filho. Mas os desenhos foram se tornando cada vez mais sombrios e reveladores, até que começaram a assustar a mulher, que tentou fechar o caderno, mas foi impedida por Fátima. Foi quando o desenho mais horrível se formou no papel que Marta conseguiu fechar o caderno e arremessá lo ao chão.

Nesse momento o vento aumenta sua intensidade, e a cena torna se assustadora com a risada horrível de Fátima. Marta tenta se levantar, arrependida de tudo aquilo e querendo ir embora, mas é impedida pela voz do filho, Joca, saindo da boca de Fátima. Ele cumprimenta a mãe, que, chocada, fica fora de si. Ela tenta abraça lo, mas ele o afasta, jogando a de volta à cadeira. Se aproximando da mulher, Joca diz que se sentia nojo da mãe, e que havia se matado apenas para ficar longe

86 Allan Kardec era o pseudônimo do autor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (3 de outubro de 1804 31 de março de 1969). Ficou conhecido por ter sido um dos maiores nomes dos estudos do Espiritismo.

87 O umbral é, segundo a doutrina Espírita e o livro Nosso Lar, de Chico Xavier (2 de abril de 1910 30 de junho de 2002), o local transitório entre a dimensão física e a espiritual, para aqueles que não evoluíram espiritualmente em seu tempo de vida na Terra. Espécie de “porta de entrada” para o plano espiritual depois da desencarnação.

88 Do francês “lembrança”.

82

dela, mas que o inferno onde ele agora morava, deveria ser feito para monstros como ela. Os dedos de Fátima, controlados por Joca, se fecham ao redor do pescoço de Marta, que logo começa a sufocar. Pouco antes de ela perder os sentidos, ele solta as mãos e dá um forte tapa no rosto de Marta, que faz com que ela caia no chão. Enquanto ela chorava, horrorizada e tentava se encolher nas paredes, Joca ria e cuspia, mostrando todo o nojo que sentia. Então, como um flashback, Marta se recorda de todas as vezes que abusara sexualmente do filho, que ela interpretava como demonstração de amor. Joca, então, quebra um pedaço de vidro e coloca sobre a mesa, induzindo a mulher à sua penitência. Enquanto em sua cabeça voltava lhe a imagem do filho pendurado pelo pescoço no ato suicida, ela avança hipnotizada para cometer o mesmo pecado. Quando o vidro corta sua pele, ela percebe criaturas demoníacas vindo lhe buscar. Finalmente, Joca tivera sua vingança contra a própria mãe, mandando a para o inferno.

3.6.5.4 Sinopse

Desesperada pelo luto de um ente amado, Marta vai atrás da médium Fátima, uma poderosa mulher que promete conseguir se comunicar com os mortos Mas, quando um segredo obscuro e familiar revela se ser o motivo do suicídio de Joca, Marta é obrigada a se questionar sobre as consequências da vida no pós morte e descobre que o ódio e o rancor não acabam quando o coração para de bater.

3.6.5.5 Personagens

MARTA

Uma mulher de meia idade, por volta dos 48 anos, neurótica e obcecada pelo próprio filho. Pedófila que abusou sexualmente de Joca durante sua adolescência, apesar de achar que o ato hediondo que fazia era o resultado do “amor” maternal que sentia por ele. Depois do suicídio do filho, entrou num estado de depressão severa, sem falar com ninguém por meses. Busca alguma forma de se reconectar com Joca, mesmo que seja apenas de forma espiritual.

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TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Depressiva;

• Obcecada pelo filho;

• Tem inúmeros transtornos mentais;

FÁTIMA

Uma mulher de 56 anos, com poderes mediúnicos. Quando jovem recebeu um chamado de que deveria usar seu dom para ajudar os outros e, desde então, ela atende todos os tipos de pessoas desesperadas, desde mulheres traídas, homens atormentados por “fantasmas” e mães enlutadas depois de perder seus filhos, desde que paguem bem.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Médium;

• Corrompida pelo dinheiro e poder;

• Pouco empática;

• Embusteira;

• Má índole.

JOCA

Um rapaz jovem, de vinte e poucos anos, mas que não conheceu quase nada da vida. Cometeu suicídio como ato desesperado, tentando escapar dos horrores dos abusos sexuais que sofria de sua própria mãe. A única válvula de escape de sua vida tenebrosa eram os desenhos que fazia, mas que a mãe podava seus talentos por ter medo de ele acabar revelando algum dos segredos que eles guardavam. Participou de um concurso de desenhos quando criança e ficou arrasado quando perdeu o primeiro lugar. Nunca mais quis participar de nenhum evento artístico.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Traumatizado;

• Suicida;

• Depressivo;

• Problemas de nervos.

84

3.6.6 FELIZES PARA SEMPRE

3.6.6.1

Contexto

Nesse episódio de MAL – DITO é uma história de amor que deu errado. Ele narra a história de uma moça, no desespero para recuperar o noivo, que terminou o relacionamento depois de uma crise de ciúmes dela. Podemos notar, na personagem uma clara obsessão e dependência emocional, gerando um relacionamento até abusivo. A Associação de Saúde Mental da América define a dependência emocional como “uma condição emocional e comportamental que afeta a capacidade de um indivíduo de ter um relacionamento mutualmente saudável e satisfatório”, uma vez que isso incapacita a pessoa de sentir-se bem consigo mesma, depositando a autoestima e possibilidade de ser feliz em outra pessoa. Apesar de não ser considerado um distúrbio mental, aqueles que possuem essa condição costumam sofrer de depressão, ansiedade ou alguma outra desordem emocional.

3.6.6.2

O Episódio

Inicialmente, a história seria sobre um boneco de vodu89 assassino, porém ao desenrolar da concepção do roteiro, o boneco perdeu a importância, sendo substituído por Epaminondas, uma estátua, parecido com uma imagem de santo, mas maligna e que concede desejos em troca de um acordo de sangue. O acordo em questão, feito por Catarina, a personagem principal, era de que Epaminondas deveria trazer de volta seu ex noivo, custe o que custasse, pois ele deveria pertencer somente a ela. Depois da morte de Roberto, ele retorna numa “subvida”, como se fosse um morto vivo, ou um zumbi. A descrição para o personagem foi inspirada em diversos filmes e seriados que abordam o tema dos zumbis, monstros muito conhecidos na cultura pop.

89 Boneco ou estátua usados para fins cerimoniais ou ritualísticos.

85

FIGURA 38 - FRAME DO FILME INVASÃO ZUMBI. USADO COMO REFERÊNCIA PARA A DESCRIÇÃO DE ROBERTO.

3.6.6.3 Argumento

Bruna consola Catarina, que chora arrasada depois do término de seu noivado com o irmão de Bruna. Ao tentar ajudar a amiga, Bruna menciona uma espécie de cartomante com poderes de “trazer o amado de volta”, o que faz Catarina se interessar imediatamente.

Alguns dias depois, a moça chega à porta de Sulis, uma mulher que parecia uma charlatã, mas trouxe arrepios à Catarina. Sulis alerta Catarina de que o acordo que ela deseja fazer, deve se pagar com a alma e pega uma estátua ao armário ao lado. Essa estátua consegue se comunicar mentalmente com Catarina, e a informa de que seu nome é Epaminondas e o acordo entre eles deve ser selado com um trato de sangue. Quando Catarina corta a mão e entrega seu sangue, a sala gira ao redor dela mesma, que perde a consciência.

Ao acordar, no dia seguinte, Catarina está em casa e acha que tudo que acontecera foi um sonho. Ela se levanta para preparar um café enquanto assiste ao

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BUSANHAENG. SANG HO, Yeon. 2016

noticiário, que notifica um acidente de carro grave e que as vítimas eram uma moça, que falecera no acidente, e Roberto Garcia, que havia sido levado ao hospital. Catarina se assusta e derruba a xícara, pois esse era o seu ex noivo. Desesperada, ela liga para Bruna, que informa estar no hospital atrás de notícias do irmão. Catarina pergunta quem era a mulher que estava com ele, e fica chateada ao descobrir que era uma nova namorada, da qual ela não sabia da existência. Sentindo-se traída pelo exnoivo e pela amiga, que não lhe avisara sobre a moça, ela desliga o telefone. Depois de horas, que ela passou apenas chorando na cama, Catarina recebe uma mensagem de texto, avisando que Roberto não resistira ao acidente. Arrasada, ela vai até o hospital, depois de horas, para poder se despedir do amado, a sós. Quando chegou ao local, sentiu um frio tomar conta de seu corpo ao ver uma maca solitária no meio do quarto, mas esta estava vazia. Do lado oposto do cômodo, Roberto chama pelo nome de Catarina. Com um passo lento, ele foi saindo do meio das sombras em direção à Catarina. A moça, ainda assustada, deu um passo em sua direção, mas estancou ao sentir o mal cheiro que vinha do rapaz. Catarina se calou quando, finalmente, Roberto chegou à luz e se fez ser visto. A imagem era horrenda e a assustara. Com medo, Catarina praticamente correu de costas e tropeçou na maca, derrubando o lençol que ainda estava ali. Roberto, ainda naquele ritmo trôpego, foi se aproximando. Ele estendeu a mão e Catarina viu seus dedos inchados e ensanguentados apontar para ela, enquanto chamava seu nome. Correndo, ela atravessou até a parede ao lado, abriu a janela e subiu no parapeito. Com um pedido de desculpas, Catarina se joga pela janela.

3.6.6.4 Sinopse

Um relacionamento que deu errado, um coração que não aceita o fim e um pacto de sangue. Até onde uma mulher desesperada pode ir para recuperar um amor perdido? Em Felizes Para Sempre vemos que você pode sim “ter o seu amor de volta”, mas vale a pena pagar o preço? Cuidado com o que deseja, você pode conseguir.

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3.6.6.5 Personagens

CATARINA

Uma mulher jovem, por volta de 26 anos, com transtornos de dependência emocional, e ciúmes possessivo. Era noiva há cinco anos, mas vivia num relacionamento abusivo por parte dela, que tentava controlar o rapaz. Sempre sofrendo por seus namorados, mas foi apaixonada a vida toda por Roberto, que era irmão de Bruna, sua melhor amiga. Quando ele finalmente deu chance a ela, ela tinha medo de perdê lo e se tornou obcecada, com medo de alguém acabar com o relacionamento deles. No final das contas, o pivô do fim do relacionamento, foi ela mesma.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Ciumenta; • Possessiva; • Obcecada pelo noivo; • Ansiosa; • Depressiva;

• Baixa autoestima.

BRUNA

Uma mulher jovem, por volta de 25 anos, amiga de infância de Catarina, e é a única que tem paciência para lidar com as crises da amiga, principalmente por que já aprendeu a não a levar muito a sério. Filha caçula, gosta de sair para beber e se dá muito bem com o irmão.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Extrovertida;

• Gosta de beber;

• Se dá bem com todo mundo;

• Filha caçula;

• Grudada com a família.

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SULIS

Uma mulher mais velha, aparentando uns 50 anos, mística e com a aparência estereotipada de uma bruxa de filmes de terror. Trabalha fazendo magias e feitiçarias boas e ruins, famosa por fazer amarração de casais e trazer a pessoa amada de volta. Faz qualquer tipo de trabalho, desde que seja bem paga. Diverte se vendo o sofrimento das pessoas que chegam até ela. Seu nome vem de uma deusa da mitologia celta e significa olho/visão.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Poderosa;

• Feiticeira;

• Não se importa muito com o bem ou mal; • Índole duvidosa;

• Energia ruim.

ROBERTO

Um homem jovem, por volta de 27 anos, recém separado da ex noiva Catarina. Gosta de se sentir livre e por isso terminou o noivado, depois de uma crise de ciúmes da noiva. Nunca havia traído ela, por mais que ela sempre desconfiasse. Antes de namora-la tinha fama de mulherengo, e assim que ficou solteiro já voltou a sair como fazia antes, conhecendo várias meninas novas. É o filho mais velho, descolado e bonito.

TRAÇOS DE PERSONALIDADE:

• Divertido;

• Alta auto estima; • Descolado; • Garanhão; • Pegador; • Tem vários amigos;

• Desejado por todos, mas é fiel;

• Gosta de sair, beber e beijar na boca.

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3.7 WEBSITE

O website feito exclusivamente para o MAL DITO foi montado com a ajuda do programador Yuri Santos, e está no ar com o domínio próprio no endereço virtual https://malditopodcast.online/. A utilização do site consiste exclusivamente em armazenar as web comics que ilustram os episódios do podcast, transformando a audição do ouvinte em uma experiência transmídia.

O conceito do design é simples, seguindo a paleta de cores utilizadas na confecção das próprias comics, com um fundo preto e caixas de diálogo brancas. No cabeçalho do site tem o logo oficial do MAL DITO, em evidência no centro. Abaixo, uma caixa de pesquisa, como mostra a imagem abaixo:

FIGURA 39 - PÁGINA PRINCIPAL DO WEBSITE

Na timeline principal do site encontra se os títulos de cada uma das comics armazenadas, com hiperlinks90 que redirecionam o usuário para a página específica de cada um dos episódios. Abaixo, a página contendo a webcomic do episódio “Correntes”: 90 Normalmente consiste em um pedaço de texto ou imagem que podem ligar/transferir o leitor para outra página, link ou documento.

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PRINT DO WEBSITE, CRIADO POR YURI SANTOS, PARA A PRODUTORA COSMOS

FIGURA 40 - UMA DAS PÁGINAS DO WEBSITE CONTENDO A COMIC DO EPISÓDIO CORRENTES

Além das comics, o website também possui um hiperlink que direciona o leitor para a página principal do podcast armazenado na plataforma de streaming Spotify, onde o usuário poderá ouvir as histórias semanalmente, enquanto acompanha as ilustrações:

FIGURA 41 - PARTE DO SITE COM O HIPERLINK QUE LEVA O LEITOR AO SPOTIFY

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PRINT DO WEBSITE, CRIADO POR YURI SANTOS, PARA A PRODUTORA COSMOS. PRINT DO WEBSITE, CRIADO POR YURI SANTOS, PARA A PRODUTORA COSMOS.

FIGURA 42 - PÁGINA INICIAL DO PODCAST MAL - DITO NO SPOTIFY

3.8 PLANEJAMENTO SONORO

Para que o usuário tivesse a melhor experiência possível ouvindo os contos do MAL DITO, foi realizado um planejamento sonoro de cada episódio individualmente, através de pesquisas e inspirações de outros trabalhos do gênero narrativo que foram citados ao longo da construção deste projeto. Cada episódio possui um planejamento sonoro único com o objetivo de criar uma ambientação específica e exclusiva. Em cada história o espectador ouvirá o áudio drama pela perspectiva de um único personagem, sendo ele o principal, tendo a sensação de estar mais presente na história e conseguir de fato sentir os sentimentos propostos.

A gravação dos episódios produzidos, foram realizados em um estúdio de rádio disponibilizado pela empresa Nova Brasil. O estúdio conta com uma acústica e microfones dinâmicos bidirecionais e utilizamos o software Sound Forge Studio 10. As gravações foram feitas com dois microfones disponíveis no estúdio e foram salvos em dois formatos: MP3 e WAV.

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PRINT DA PÁGINA INICIAL DO MAL DITO NA PLATAFORMA DE STREAMING

3.8.1 Vinheta

A vinheta tem a duração de 15 segundos, seguindo a estética das narrativas usando trilhas e o efeito sonoro de uma mulher gritando para criar um impacto, dará abertura para o início dos episódios. A vinheta foi editada pela Pamela Rodrigues.

3.8.2 Paisagem Sonora

Os episódios do MAL - DITO tem como proposta criar uma paisagem sonora meticulosa e com uma estética sombria. Cada episódio possui cenários e profundidades diferentes Abaixo segue a relação e detalhamento do trabalho realizado em cada um deles:

CORRENTES

A história se passa dentro de uma casa velha de dois andares, que possui um passado sombrio, onde uma mãe mata um filho acorrentado e a criança volta dos mortos para matar a nova moradora. A paisagem sonora foi criada através de efeitos que remetessem aos movimentos que eram descritos no roteiro. Para isso, foi usado mais sons do que originalmente propostos, na busca de uma ambientação adequada para aquelas cenas e alternando os lados direto/esquerdo para dar a movimentação necessária.

OS DOZES PASSOS

O episódio se passa em uma residência onde mora uma criança de 12 anos e seus pais. Os adultos saem para jantar e deixam seu filho aos cuidados da jovem vizinha. O único cenário da história é o interior da casa, especificamente na sala de estar e no porão. Para ambientar a cena descrita no roteiro, foi utilizado efeitos sonoros como botões de eletrônicos (rádios e DVDs), trilhas de filmes com efeitos RádioAM, sons de passos, portas, interruptores e vidro estourando, pensados e remixados para determinada situação como, por exemplo, o momento em a criança desce as escadas do porão, onde foi utilizado um efeito de eco VioliHarpsiHornHall para despertar no ouvinte a sensação de que a criança está realmente descendo ao porão.

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EDIFÍCIO

O episódio Edifício conta a história de uma repórter e um cineasta que vão ao edifício Joana, que está sendo reinaugurado após um terrível incêndio ocorrido anos atrás. Durante a gravação, eles presenciam diversas atividades paranormais e decidem ir embora, porém são impedidos por inúmeras almas de pessoas que morreram no incêndio, que matam o cineasta queimado e persegue a repórter até ela desistir de fugir e pular da janela.

A criação da paisagem sonora desse episódio foi composta por efeitos de fogo, elevador, passos lentos e rápidos, vozes, gritos, manuseio de equipamento cinematográfico e portas. Assim como nos outros episódios, cada efeito foi tratado, com o objetivo de chegar o mais próximo possível do som que conhecemos, tanto perto quanto distante, utilizando efeitos de eco e reverberação do próprio Adobe.

O CRIME DO PADRE

A narrativa conta a história de um padre que engravidou uma mulher No parto, nasce uma criança deformada e representando o anticristo, que mata todos aqueles que estavam na casa. A ambientação dessa história foi produzida seguindo os acontecimentos do roteiro: sons de carros, portas, maresia, pingos, entre outros efeitos que foram usados para criar a ambientação que o episódio pedia. Foi criado, também, um revezamento na altura das saídas de som esquerda/direita de acordo com os efeitos utilizados, com o objetivo de criar episódios imersivos.

3.8.3 Efeitos Sonoros

O áudio drama faz uso de arquivos de áudio em sua produção a fim de criar ambientação necessária para cada roteiro, como por exemplo: sons de trovão, barulhos de lâmpada quebrando, chuva e outros sons que não são produzidos humanamente pelos atores. Para isso, foi utilizado banco de dados sonoros para a produção. A principal plataforma utilizada foi o banco de dados Envato Elements, assinado pelo valor de US$16,50 mensais. Neste site, foi baixado os efeitos necessários e próximos dos que foram propostos no roteiro e adaptados, modulando no software de edição de áudio. Também foi utilizado a ferramenta do Youtube, o YouTube Audio Library. Os arquivos utilizados estão disponíveis para o uso livre em

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projetos, entretanto os direitos autorais de cada arquivo possuem diferentes licenças, por isso, em alguns arquivos é necessário adicionar a atribuição de créditos aos artistas originais

Além dos efeitos sonoros buscados no banco de dados, a produtora gravou alguns outros, com o objetivo de tornar cada som exclusivo para o respectivo personagem, como por exemplo: passos, respiro, suspiro, choro, respiração ofegante entre outros sons humanos. Com os efeitos produzidos, classificados e tratados, foi utilizado o software Adobe Audition para fazer a edição do episódio e inclusão de todas as trilhas de áudio. A tecnologia também possibilita o tratamento do episódio com sons imersivos, como era o planejado desde o início. Para entender a direção de cada som, e poder criar o efeito tridimensional, foi feito uma planta baixa de cada cenário descrito nos roteiros e adicionado pontos numerados em todos os lugares que teriam um efeito sonoro. Os pontos são numerados de acordo com a sequência que os efeitos acontecem no roteiro. As imagens a seguir, foram produzidas pela própria produtora e têm como objetivo auxiliar na edição indicando o sentido que cada efeito está sendo gerado para assim conseguir criar um efeito imersivo:

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FIGURAS 43, 44 E 45 – PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO CORRENTES

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FIGURA 46 - PLANTA BAIXA DO EPISÓDIO O CRIME DO PADRE

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FIGURA 47, 48 E 49 - PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO OS DOZE PASSOS

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FIGURA 50, 51, 52 E 53 - PLANTAS BAIXAS DO EPISÓDIO O EDIFÍCIO
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3.8.4 LOCUÇÃO

Cada episódio conta com atores interpretando personagens diferentes entre si. O narrador será o único personagem que se repetirá em diversos episódios.

Narrador

• Voz grave;

• Firme;

• Sem interpretações

FIGURA 54 CASTING PARA O NARRADOR

Konstantino Atanazio

23 anos. Ultimamente está gostando bastante de assistir peças de teatro.

O que achou de participar do projeto: “Eu curti fazer parte do projeto. Particularmente, sou um fã do gênero terror/suspense e estudo pra poder trabalhar com a minha voz um dia, então juntou o útil ao agradável.”

3.9 PLANEJAMENTO ARTÍSTICO PARA OS QUADRINHOS

A produção das webs comics é iniciada assim que o roteiro feito é entregue, a mesma se consiste em quatro etapas de organização.

A primeira etapa é um sketch91 feito da forma de desenho tradicional (desenho feito à mão), onde vemos qual as posições dos quadros, distribuição dos elementos em cena e quantas páginas serão necessárias para cobrir toda a história. Nessa etapa também é possível ter a prévia de como ficará o resultado final, porém sem acrescentar muitos detalhes, sendo apenas um guia para as próximas fases.

91 Termo em inglês que se refere à rascunhos.

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A segunda etapa é a coleta de referências visuais em sites como Pinterest, Google Imagens, Tumblr entre outros bancos de imagens. Essas referências de objetos, pessoas ou posições servem para ajudar no desenvolvimento dos desenhos originais, com objetivo de trazer um pouco de realismo ao traço, porém as mesmas não são usadas para tracing92. Após esse processo de coleta ser concluído tudo isso é unido na pasta referente a história que está sendo produzida no momento.

Para as duas últimas etapas, que são a digitalização do desenho, é usado o aplicativo IbisPaint X que está disponível gratuitamente para download. Os esboços feitos a mão são passados para o aplicativo no formato 1200x1824 pixels e qualidade HD onde é feito a limpeza no traço e é usado os brushes93 WeirdCray, Lineart e Sketch Bleed Pen, sendo, em ordem, um para as linhas, um para detalhes e outro para a pintura dos desenhos. Nesse processo também é feito a adição dos balões de conversa e onomatopeias, onde a arte antes de ser finalizada é enviada a para o roteirista para a alteração no texto de forma que ele fique harmônico.

Após a devolução por parte do roteirista é feito os ajustes finais em luz e sombra, adição das marcas d’agua com logo da produtora e assinatura da artista. O projeto é salvo no formato PDF e enviado para que o mesmo seja upado no site.

3.9.1 Estilo de Desenho

Para as webs comics é utilizado um estilo de desenho semi realista, que consiste em construir o desenho com bases, formatos e dimensões que cheguem perto da realidade, porém alterando alguns detalhes como: tamanho do olho, pescoço, distribuição dos itens trabalhados em cena de forma mais artística, assim dando liberdade para que o artista consiga trazer a sua originalidade de traço para o tipo de desenho que propõe. Esse estilo pode ser observado nas ilustrações da artista brasileira Nath Araújo94, que serviu de inspiração para o desenvolvimento do traço de desenho da ilustradora do MAL DITO.

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Termo em inglês que se refere ao processo de fazer um desenho por cima de uma imagem base.

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Termo em inglês que se refere aos pincéis usados para os desenhos.

Nascida em Minas Gerais, em 14 de outubro de 1990, Nath Araújo é uma ilustradora, publicitária, escritora e Youtuber, que ficou conhecida depois de publicar no Tumblr uma websérie chamada “PQOGSPN?” (Por Que Os Garotos Só Pensam Naquilo?), que acabou sendo adaptada para uma série de livros. Além disso, ela criou a Nath Araújo Art, sua própria marca, onde possui diversos produtos inspirados em seu estilo próprio de desenho.

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Apesar de muitos artistas usarem o “semi realismo” para nomear suas ilustrações, existe uma discussão na comunidade artística sobre essa nomenclatura, visto que ainda não foi reconhecida por estudos suficientes para obter renome científico, porém, analisando os quadrinhos desenvolvidos para ilustrar as histórias contidas no projeto, acreditamos que o termo abrange suficientemente o estilo adotado.

Para o projeto MAL DITO e sua coletânea de histórias desenvolvemos ilustrações utilizando o estilo citado acima, sem perder a totalidade do traço original da ilustradora (Effy Rodrigues) e para trazer o clima de terror optamos por todo projeto nos tons de preto, branco, cinza e vermelho pouco saturado para compor todas as obras, muito presentes em outras comics e mangás de terror como Tomie de Junji Ito e The Conjuring: The Lover de David L. Johnson McGoldrick, que são referências no mundo das Comics de Terror.

3.10 EDIÇÃO / MONTAGEM / FINALIZAÇÃO

A edição de todos os episódios foi realizada da mesma forma e em etapas. Primeiro passo em cada um deles foi cortar todo o áudio, pois a gravação foi realizada em apenas uma track95. Então, foi separado as falas das personagens por várias outras tracks, nomeando as com o nome do respectivo personagem. Posteriormente foram inseridos os efeitos, ainda sem se preocupar com volumes e direção de cada um.

Após o episódio ter sido remontado cronologicamente, arrumou se os volumes, com cautela, para que os áudios mais importantes ficassem por cima dos efeitos especiais. Depois da mixagem, a próxima etapa foi preciso o máximo de atenção, o que daria vida e deixaria o projeto com o efeito imersivo: direcionar cada efeito e cada fala dos personagens, a planta baixa foi fundamental para esse projeto, foi ele quem nos guiou para qual lado é distância o som deveria surgir, consequentemente os volumes foram alterados novamente.

Todo esse processo demorou, em média, um mês, porém por complicações tecnológicas, alguns episódios demoraram mais que o previsto pelo nosso cronograma, durando em média de 2 meses para ser concluído.

95 Se refere à quantidade de linhas de áudio na gravação.

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A seguir imagens mostram como foi o processo de produção de cada episódio utilizando o software de edição de áudio Adobe Audition:

FIGURA 55 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO O EDIFÍCIO

Print da mesa de edição utilizando o software Adobe Audition

FIGURA 56 TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO CORRENTES

Print da mesa de edição utilizando o software Adobe Audition

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FIGURA 57 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO O CRIME DO PADRE

Print da mesa de edição utilizando o software Adobe Audition

FIGURA 58 - TIMELINE DE EDIÇÃO DO EPISÓDIO OS DOZE PASSOS

Print da mesa de edição utilizando o software Adobe Audition

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3.11 VEICULAÇÃO

MAL DITO está distribuído especialmente no Spotify, que hoje é um dos maiores serviços de streamings de áudio do mercado e segue investindo em peso do formato podcast dos mais diferentes formatos. Segundo uma pesquisa realizada pelo site “Mundo Conectado” em 2021, o Spotify lidera o primeiro lugar no ranking dos streamings de áudio no Brasil.

FIGURA 59 ÍNDICE DE QUANTIDADE DE USUÁRIOS NOS SERVIÇOS DE STREAMING DE ÁUDIO NO MUNDO

3.12 PÚBLICO ALVO

O público alvo definido é de homens e mulheres de 20 a 25 anos. Após uma análise, identificamos que o consumo de podcast no Brasil aumenta gradativamente, especialmente na faixa etária entre 16 a 34 anos, incluindo os formatos audio books, áudio dramas, áudio series e podcast de diferentes temas. Segundo uma pesquisa

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MIDIA Research Music Subscriber Market Share Model 11/21

feita pela Agência Javali96, os ouvintes de podcasts são distribuídos entre 51% homens e 49% mulheres, já por idade, 52% dos ouvintes têm entre 16 a 34 anos e 48% com mais de 35 anos.

Homens e mulheres possuem geralmente gostos audiovisuais diferentes, porém em uma pesquisa realizada pela UESB em 2017, que das 181 entrevistas, em sua maioria pessoas entre 20 a 25 anos, 7,19% dos homens tem como seu gênero cinematográfico favorito o terror, enquanto com o as mulheres, o índice é de 6,99% Então, baseado nos dados colhidos nesses índices de ambas as pesquisas e a classificação indicativa do projeto, foi concluído assim o público alvo de jovens entre 20 a 25 anos.

3.13 CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA

Segundo o Ministério da Justiça Pública, A Classificação Indicativa ClassInd é uma informação prestada às famílias sobre a faixa etária para a qual obras audiovisuais não se recomendam. São classificados produtos para televisão, mercado de cinema e vídeo, jogos eletrônicos, aplicativos e jogos de interpretação (RPG). Tendo como base os conteúdos oferecidos no projeto áudio drama MAL DITO, a linguagem e possíveis conteúdos de abusos sexuais, a produtora Cosmos considera o projeto não recomendado para menores de 18 anos.

3.14

JUSTIFICATIVA

O projeto MAL DITO foi pensado e orquestrado utilizando pesquisa baseado no argumento de que ainda existem poucos produtos auditivos, principalmente em formato podcast, no gênero narrativo terror.

3.14.1

Justificativa do formato Podcast

De acordo com uma pesquisa realizada por Luiza Vilela, para a revista Consumidor Moderno, o Brasil está em 5º lugar no ranking de crescimento mundial na produção de podcast. Na época de produção deste projeto, a alta demanda de produção do formato dá se ao alto consumo durante a pandemia do corona vírus

96 Pesquisa realizada pelo jornalista Rodrigo Neves para a Agência de marketing jurídico Javali, publicado no dia 7 de dezembro de 2021.

113

Segundo a Folha de São Paulo, cerca de 56,7 milhões de brasileiros entre a idade de 16 a 65 anos consomem o formato.

FIGURA 60 - PÚBLICO DE PODCAST CRESCE NA EPIDEMIA.

O aumento do consumo de podcast, está relacionada, também, à praticidade do ouvinte de poder consumir o conteúdo enquanto estuda, dirigi, utiliza o transporte público, realiza tarefas domésticas e uma série de outras coisas, isso sem nenhuma interferência de sinal, pois hoje é possível baixar o episódio desejado e ouvir onde e quantas vezes quiser.

Na tabela a seguir, é possível analisar dados de uma pesquisa realizada pela Agência Vision, de ouvintes que costumam consumir podcast realizando outras tarefas.

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Fontes: Itaú Cultural e Datafolha; Associação Brasileira de Podcasters.2021.

FIGURA 61 - O PÚBLICO AFIRMA QUE ESCUTA PODCAST ENQUANTO:

Atualmente, o podcast consegue alcançar seu público facilmente utilizando o seu próprio meio de comunicação, a internet, com o crescimento do engajamento das redes sociais como: Instagram, Tiktok, Twitter e Facebook. Alguns podcasters97 também começaram a transmitir ao vivo, em tempo real, as gravações de seus conteúdos em plataformas como o Youtube, ou suas próprias redes sociais pessoais, para o público que gosta de assistir os bastidores. Costume, este, que até mesmo algumas estações de rádio passaram a utilizar, como forma de atrair um público mais interativo e diversificar sua plataforma, com um produto transmídia.

97 Aquele que faz um podcast.

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Fonte: Agência Vision Comunicação. Cresce o consumo de podcast no Brasil durante a Pandemia. Pesquisa do consumo de podcast no Brasil. 2021.

3.14.2

Justificativa dos quadrinhos

Querendo trazer um diferencial à forma de consumir podcast de terror, e fugir do conceito de videocast, o MAL DITO busca atrair o público para um website onde o usuário poderá ter acesso a conteúdo exclusivo do podcast, que são as histórias ilustradas dos episódios, integrando ao projeto uma forma de consumo transmidiático.

As webcomics estão atraindo bastante atenção do público devido a criatividade dos artistas em criar histórias originais que fujam do padrão do mercado editorial, e essa crescente relevância desse tipo de produto chama a atenção. Já que é possível que o caminho reverso seja feito, ou seja, pessoas que encontraram o MAL DITO através das comics, escute o podcast, e não apenas nosso público alvo, assim, abrindo as possibilidades de atrair o interesse das pessoas.

3.14.3 Justificativa do site

Inicialmente, a proposta era desenvolver um aplicativo e um site onde seria armazenado os episódios sonoros e web comics de cada episódio, porém depois de uma análise foi decidido desenvolver apenas um site totalmente pensado para mobile, sendo um arquivo leve para manter a qualidade do áudio e das webs comics em todos aparelhos. Entende se que o aplicativo não teria muito retorno financeiro esperado, pois os usuários acham mais rápido e fácil acessar o site, mesmo que pelo celular, uma vez que será utilizado para consumir um único tipo de produto, no caso todas as versões de MAL – DITO (visual e sonora).

O site possui estética sombria ornando com as paletas de cores do projeto (preto e branco), com um template simples e de fácil acesso para as webs comics.

3.15 ESTUDO DE MERCADO

HORÁRIO

Segundo uma pesquisa realizado no CreaPublicidad os horários mais populares para download de podcast é às terças feiras entre 1h à 5h da manhã, isso porque muito ouvintes aproveitam seus trajetos até o trabalho para ouvi los. Enquanto o consumo destes produtos se inicia, usualmente, entre 6h a 7h da manhã, horários de pico nos transportes e ruas.

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Segundo o gráfico a seguir, podemos analisar que os horários que possuem maior índice de consumo são os horários próximos aos trajetos de ida e volta do trabalho e durante o almoço, ao longo do dia o gráfico varia sua porcentagem.

62 - HORÁRIO QUE OS USUÁRIOS COSTUMAM OUVIR

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FIGURA MATOS, Greice. PODPESQUISA, 2018

FIGURA 63 - OCASIÕES QUE OS USUÁRIOS MAIS OUVEM

MATOS, Greice. PODPESQUISA, 2018

FREQUÊNCIA

A maioria dos ouvintes de podcast ouvem semanalmente, ou seja, um episódio por semana. Uma pesquisa realizada pelo PodPesquisa98 aponta que 85,5% dos ouvintes tem preferência por programas semanais, 5,7% diários, 4% quinzenal, 0,3% mensal e 9,5% é indiferente, de acordo com o formato e mecânica de cada podcast.

Os programas semanais, conforme várias pesquisas apontam, possuem uma grande demanda de downloads realizados entre terças feiras e quintas feiras, sendo a quarta feira o dia com maior número.

Baseando se nesses dados, os produtos relacionados ao projeto MAL DITO (o áudio drama e as webs comics) são lançados, primeiramente, no website aos domingos. Já nas plataformas digitais, os lançamentos ocorrem nas quartas feiras. Ambos serão publicados às 22h da noite. Em nosso plano de divulgação será recomendado ouvi los durante a noite, de fones e de olhos fechados para melhor experiência.

98 A PodPesquisa é um estudo que busca entender o perfil dos ouvintes de podcast no Brasil. Essa é a 4ª edição da pesquisa, realizada em 2018 pela ABPod em parceria com a CBN.

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FIGURA 64 - SEGUNDO PESQUISAS, ESSA É A FREQUÊNCIA IDEAL DE PUBLICAÇÃO

MATOS, Greice. PODPESQUISA, 2018 PRINCIPAIS CONCORRENTES DO FORMATO ÁUDIO DRAMA:

1. Paciente 63 Spotify

Sinopse: Ano de 2022. A psiquiatra Elisa Amaral grava sessões de um enigmático paciente registrado como Paciente 63 que diz ser um viajante no tempo. Aquilo que começa com sessões terapêuticas de rotina se transforma rapidamente num relato que ameaça as fronteiras do possível e do real. Uma história que transita entre o futuro e o passado de dois personagens que podem ter nas mãos o futuro da humanidade. Protagonizada por Mel Lisboa e Seu Jorge, Paciente 63 é um podcast original do Spotify.

2. Sofia Spotify

Sinopse: Helena sempre sonhou em sair de sua cidade natal, então quando consegue um emprego na empresa responsável por SOFIA, o programa de inteligência artificial favorito do momento, ela sente que essa é sua chance. Estrelado por Monica Iozzi, Cris Vianna, Otaviano Costa e Hugo Bonemer. Direção de Mabel Cezar.

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3. Bronzeville Spotify

Sinopse: Estrelado por Laurence Fishburne, Larenz Tate e Tika Sumpter, e escrito pelo indicado ao Oscar e ao BAFTA Josh Olson99 , “BRONZEVILLE” narrará a vida dos jogadores nos jogos de loteria enquanto ilumina a autossustentabilidade dos residentes afro americanos da comunidade. Direção de Laurence Fishburne, Larenz Tate e KC Wayland.

4. Relatório Secreto Spotify

Sinopse: História investigação em formato de áudio drama. Direção de Matheus Amaral.

5. Contador de Histórias Spotify

Sinopse: “O Contador de Histórias” é um projeto de áudio drama. Storytelling criado por Danilo Battistini. A proposta desse projeto é trazer produções de qualidade e apresentar essa forma incrível de contar e ouvir história.

PRINCIPAIS CONCORRENTES DA MÍDIA PODCAST

1. Horóscopo Hoje Spotify

Sinopse: Bem-vindos ao Horóscopo Hoje, um programa que vai te dar diariamente a previsão da sua própria vida! Aqui vamos te guiar sobre crescimento pessoal, carreira profissional, amor e tudo que os astros têm para te oferecer.

2. Mano a Mano Spotify

Sinopse: Salve rapa! Mano Brown vem para ampliar a visão e debate trazendo diversidade de ideias e pensamentos com profundidade e respeito. Se prepare para ouvir assuntos importantes, interessantes, relatos inéditos e controversos com convidados amados ou odiados você decide! Todas as quintas feiras já estão reservadas para esse papo do melhor estilo Mano a Mano, um original Spotify.

3. Flow Spotify

Sinopse: Flow Podcast acontece todo dia de segunda à sexta, normalmente às 20h, ao vivo, simultaneamente no Youtube, Twitch e Facebook!

4. Nerd Cast Spotify

Sinopse: O mundo vira piada no Jovem Nerd.

99 Olson (1971) foi indicado ao OSCAR e ao BAFTA de 2006 como melhor roteiro adaptado pelo filme “Marcas da Violência” (original: A History Of Violence, inglês, 2005), baseado na história em quadrinhos de mesmo nome da DC Comics de John Wagner e Vince Locke.

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5.

Café da Manhã Spotify

Sinopse: Levante da cama com notícias e análises quietinhas no Café da Manhã, o podcast mais importante do seu dia. Em uma parceria entre Folha de S. Paulo e Spotify, os jornalistas Magê Flores, Maurício Meireles e Bruno Boghossian trazem nas manhãs de segunda a sexta, de forma leve e simples, o fundamental sobre os assuntos do momento no Brasil e no Mundo.

PRINCIPAIS CONCORRENTES DO ÁUDIO DRAMA DE TERROR

1.

Horrolândia Spotify

Sinopse: Seja bem-vindo a HORROLÂNDIA, um podcast de filmes de terror. Toda segunda sexta feira do mês, uma apresentação sincera e divertida sobre filmes de terror e gêneros, desde os clássicos aos mais recentes. Direção de Paulo Biscaia Filho

2.

Fogueira Assombrada Spotify

Sinopse: Uma jovem perdida na floresta acha um grupo de amigos sentado a uma fogueira contando histórias de terror. Quem são essas pessoas? Quem é essa jovem? Embarque nesse áudio drama de terror e viva com os personagens todas as histórias e contos de terror.

3. Sábado 14 Spotify

Sinopse: O podcast “Sábado 14” foi criado por Rômulo Konzen, Marcel Pfütz e Patricia Giovanetti para bater papo sobre uma paixão em comum, filmes de terror e suspense. Semanalmente um filme é escolhido e analisado, com a intenção de tirar o melhor e o pior de nossas cabeças.

4. Mundo Freak Confidencial Spotify

Sinopse: O Mundo Freak Confidencial é o maior podcast de casos insólitos e paranormalidade da podosfera brasileira. Procuram balancear o papo leve e divertido entre céticos, crédulos (believers) e o meio termo.

5. Os Diários Esquecidos Spotify

Sinopse: Olá! Eu sou a Lennore e se você gosta de ouvir histórias de terror, espíritos, visagens e outros mistérios, esse é o seu lugar. Aqui, narro histórias próprias e de outros autores.

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3.16 FIGURA 65 - CRONOGRAMA PREVISTO DAS ATIVIDADES REALIZADAS

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Imagem feita pela produtora do projeto Natalha
123 3.17 ORÇAMENTO PREVISTO O orçamento foi baseado nos sites sindicais das respectivas áreas de trabalho. MAL - DITO Orçamento Item Descrição das atividades Unit. Quant. Valor unit. Valor total 1 Desenvolvimento 1.1 Roteiro Episódio 6 7.800,00 46.800,00 1.2 Comics Verba 6 1.300,00 7.800,00 2 Pré_produção 2.1 Diretor Verba 1 6.500,00 6.500,00 2.2 Prod. Executivo Verba 1 3.700,00 3.700,00 2.3 Diretor de locução Verba 1 3.500,00 3.500,00 3 Elenco 3.1 Atores Verba 30 150,00 4.500,00 4 Transporte 4.1 Despesas transporte Diária 30 13,20 396,00 5 Alimentação 5.1 Despesas Diária 30 25,00 750,00
124 6 Pós_produção 6.1 Editor Mensal 1 2.913,00 2.913,00 6.2 Mixador Verba 1 1.818,00 1.818,00 6.3 Marketing Verba 1 1.273,00 1.273,00 6.4 Design de som Verba 1 1.532,00 1.532,00 6.5 Sonoplasta Verba 1 4.490,00 4.490,00 6.6 Web master Verba 1 3.612,00 3.612,00 6.7 Domínio Verba 1 39,00 39,00 6.8 Banco sonoro Verba 1 44,00 44,00 Total geral 94.167,00

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bianca Pascucci: Realizar esse projeto não foi uma tarefa fácil, ao longo de todo o processo aconteceu várias coisas das quais me fez questionar muito se eu conseguiria dar conta de tudo, trabalhando na rádio das 5h00 às 11h00 muitas vezes ficamos mais do que o horário de trabalho para conseguir entregar toda a demanda e muitas vezes levando trabalho pra casa, depois 12h00 às 18h00 em outro trabalho como assessora de imprensa, e a noite fazendo o TCC. Além de ter uma agenda super apertada, meu notebook queimou durante o período mais tenso do projeto: a edição. Posso dizer que durante esses quatro anos eu tivemos muitos altos e baixos ao todo foram 4 estágios, dos quais eu aprendi muito. Não foram momentos fáceis. Pensei várias vezes em desistir por medo de não conseguir entrar na área e não conseguir construir a minha carreira, momentos que me perguntei várias vezes se estava no caminho certo, se estava na área certa, mas não me via fazendo outra coisa, e hoje por toda essa insistência e ter passado mesmo com muitos surtos e lágrimas , estou entregando meu Trabalho de Conclusão de Curso, ainda em dois empregos na área que estou cursando, pode parecer pouco pra algumas pessoas, mas para mim é uma vitória, pois ouvi muitas vezes que eu não teria condições de fazer uma faculdade, ou pessoas ficarem surpresas por ter entrado em uma. Mas, é claro que eu tive muita ajuda, então quero encerrar esse ciclo agradecendo algumas pessoas que fizeram parte dessa trajetória, que me ajudaram e me deram forças para concluir esse passo, obrigada a todos os professores e ao coordenador do curso, por todas as orientações e puxões de orelha, obrigada a alguns colegas de classe que ouviram meus desabafos e me ajudaram, aos meus amigos que levo para vida por todos o apoio e terem acreditado em mim quando nem eu mesma acreditava, obrigada aos meus pais que me ajudaram nos momentos mais difíceis e ao meu namorado que teve muita paciência e me ajudou tanto financeiramente quanto emocionalmente a lidar com cada momento difícil desses últimos quatro anos.

Gabriel Gonçalves: Eu não sou muito fã de projetos sonoros, mas em prol de uma escolha democrática com o grupo, optamos por esse trabalho, que nos estágios iniciais conseguiu me empolgar muito! Foi a primeira vez que escrevi roteiros dramáticos radiofônicos, e acho que me saí até que muito bem modéstia à parte. Também estou orgulhoso da bíblia que confeccionei e agradeço às colegas do grupo

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por terem confiado tanta responsabilidade em mim, foram muitas páginas escritas para conseguir condensar todas as ideias que tínhamos para o MAL DITO, e espero que tudo tenha ficado claro por aqui.

Eu entrei no curso de Rádio, TV e Internet com as expectativas de me encontrar no audiovisual, pois escrever sempre foi algo que gostei de fazer, e ainda sonho em trabalhar com isso, mas algumas experiências durante a graduação, principalmente durante a confecção do TCC, me fizeram repensar um pouco. Mas sei que nunca vou deixar de escrever, de criar, essa é minha paixão e o que sei fazer, apesar de todas as adversidades.

Essa produção foi extremamente desgastante, de fato. Muitas falhas de comunicação, noites em claro, gastos financeiros, não foi fácil! Mas, não vou focar minhas últimas palavras aqui nessas partes, e sim no aprendizado gigantesco que levo comigo, junto com o orgulho de ter conseguido entregar o melhor que pude, e o amor de pessoas mais do que especiais que conheci durante esse curso.

Natalha Nascimento: Durante esses 4 anos de graduação, com certeza, a parte mais difícil foi realizar o TCC. Faltando 1 ano para terminar o curso, optamos por nos separamos da antiga produtora, pois os projetos não estavam alinhados junto das expectativas de todos para entregar um produto que agradassem a todos. Fora o produto, queríamos também melhorar a comunicação do grupo, já que com maior quantidade de pessoas, isso não estava sendo possível. Foram muitos altos e baixos, e no decorrer do projeto fomos tendo conflitos entre os integrantes e isso fez com que o projeto fosse ficando bastante desgastante. Diante disso, agradeço ao meu colega de classe e amigo da vida, Gabriel, por ter segurado as pontas junto comigo nesse período e a todos meus amigos da antiga produtora Olimpo.

Pamela Rodrigues: Entrei no curso por querer trabalhar com áudio e acho que esse projeto acabou por unir duas coisas que eu gosto de fazer. No começo, me senti um pouco pressionada, já que todo o projeto é autoral e tenho uma responsabilidade enorme no desenvolvimento de todas as comics, sendo essa a primeira vez que faço um trabalho de ilustração desse tipo, mesmo fazendo arte digital há anos. Não sinto orgulho do que foi entreguei em questão de arte, já que o prazo apertado do projeto não me deixou fazer algo com a qualidade que eu gostaria, porém me sinto aliviada de ter conseguido terminar.

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Desafiei a mim mesma a sair da zona de conforto e tentar outras formas de edição sonora que não havia tentado antes e ver finalizado até mesmo antes do prazo é algo que me deixou bastante orgulhosa de mim mesma.

A maior adversidade de executar esse TCC foi a comunicação em grupo, já que lidar com pessoas é algo que estressa, mesmo que não haja grandes conflitos no nervosismo e ansiedade para a entrega atritos podem acontecer, mas saber que conseguimos finalizar o projeto, mesmo que com alterações da ideia inicial, é o que importa.

Espero olhar para trás em um futuro próximo e me orgulhar de ter feito um projeto que uniu duas paixões minhas e que me ajudou a ter novos conhecimentos e práticas que creio que levarei de ensinamento por muito tempo.

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32.REZENDE, Daniel. TURMA DA MÔNICA: LAÇOS. Brasil: Maurício de Souza Produções, Paris Filmes, Downtown Filmes. 2019. 1 DVD (1h37min).

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112. ANDRADE, Ana Luíza Mello Santiago de LEI ÁUREA. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/lei-aurea/ (acessado em 24 de março de 2022).

113. SARAIVA, José Cabrito. ARLINDO CALDEIRA: “HAVIA SENHORES QUE ENGRAVIDAVAM AS ESCRAVAS E VENDIAM SEUS PRÓPRIOS FILHOS”. Publicado em 2 de abril de 2017. Disponível em: https://sol.sapo.pt/artigo/556450/arlindo caldeira havia senhores que engravidavam as escravas e vendiam os seus proprios filhos (acessado em 24 de março de 2022).

114. POLITI, Cassio. CONHEÇA A HISTÓRIA DO PODCAST NO MUNDO. Publicado em 27 de março de 2019. Disponível em: https://www.comuniquese.com.br/blog/conheca a historia do podcast no mundo/ (acessado em 26 de março de 2022).

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116. GARCIA, Pedro. A HORA DO PODCAST. Cásper ed. 28. Disponível em: https://revistacasper.casperlibero.edu.br/edicao 28/a hora do podcast/ (acessado em 26 de março de 2022).

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118. SANTIANO, Emerson. POÉTICA (OBRA DE ARISTÓTELES) Disponível em: https://www.infoescola.com/literatura/poetica obra de aristoteles/ (acessado em 28 de março de 2022).

119.EQUIPE EDITORIAL DE CONCEITO.DE. CONCEITO DE DRAMATURGIA Publicado em 13 de agosto de 2012. Disponível em: https://conceito.de/dramaturgia. (acessado em 28 de março de 2022).

120.KREUTZ, Katia. O QUE É DRAMATURGIA. Equipe Internacional De Cinema Publicado em 05 de março de 2018. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/o-que-e-dramaturgia/ (acessado em 28 de março de 2022).

121.NUNES, Ronayre.

PODCASTS DE FICÇÃO SÃO TENDÊNCIA NOS

STREAMINGS. Correio Braziliense. Publicado em 07 de janeiro de 2019. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao e arte/2019/01/07/interna_diversao_arte,729316/podcasts de ficcao sao tendencia nos streamings de audio por demanda.shtml (acessado em 28 de março de 2022).

122.SANCHEZ, Leonardo.

SÉRIES

DE FICÇÃO EM ÁUDIO

REVIVEM ERA

DAS RADIONOVELAS. Folha de São Paulo. Publicado em 29 de julho de 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/07/series de ficcao em audio revivem era das radionovelas.shtml (acessado em 28 de março de 2022).

123.DEMARTINI, Felipe. EM ALTA DESDE 2019, PODCASTS MULTIPLICAM GÊNEROS E DINHEIRO NO BRASIL. Canaltech. Publicado em 03 de dezembro de 2020. Disponível em: https://canaltech.com.br/entretenimento/especial-em-alta-desde-2019podcasts multiplicam generos e dinheiro no brasil 175681/ (acessado em 28 de março de 2022).

124.INSIDE

RADIO. ESTUDO DA KANTAR IBOPE MEDIA INDICA QUE CONSUMO DE RÁDIO AUMENTOU E ALCANÇA 80%

DOS BRASILEIROS. Publicado em 20 de setembro de 2021. Disponível em: https://www.kantaribopemedia.com/estudo da kantar ibope media indica que consumo-de-radio-aumentou-e-alcanca-80-dos-brasileiros/ (acessado em 28 de março de 2022).

125.INSIDE

RADIO. NOVA SOLUÇÃO DA KANTAR IBOPE MEDIA MONITORA

AUDIÊNCIA

DE RÁDIOS ONLINE E OFFLINE.

Publicado em 20 de julho de 2021. Disponível em: https://www.kantaribopemedia.com/nova solucao da kantar ibope media monitora audiencia de radios online e offline/ (acessado em 28 de março de 2022).

136

126.BORGES, Luciana. PODCASTS PODEM VIRAR SÉRIES DE STREAMING E ATÉ FILMES; ENTENDA. Consumidor Moderno. Publicado em 16 de outubro de 2020. Disponível em: https://www.consumidormoderno.com.br/2020/10/16/podcasts podem virar series de streaming e ate filmes/ (acessado em 28 de março de 2022).

127.FELIZARDO, Rafael. GOSTA DE TRUE CRIME? OUÇA 10 EPISÓDIOS DOS PODCASTS

MAIS IMPORTANTES DO

ANO,

COM HISTÓRIAS

ARREPIANTES. Adorocinema. Publicado em 09 de dezembro de 2021. Disponível em: https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia 161665/ (acessado em 28 de março de 2022).

128.MANSQUE, William; VIEIRA, Siliane. SAIBA O QUE É ÁUDIO DRAMA, FORMATO QUE TEM INVADIDO O MUNDO DOS PODCASTS. Pioneiro Publicado em 15 de março de 2019. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/cultura e lazer/noticia/2019/03/saiba o-que-e-audio-drama-formato-que-tem-invadido-o-mundo-dos-podcasts10822421.html (acessado em 28 de março de 2022).

129.VILELA, Luiza. BRASIL É O

MUNDIAL DE CRESCIMENTO NA PRODUÇÃO DE PODCASTS. Publicado em 23 de julho de 2021. Disponível em: https://www.consumidormoderno.com.br/2021/07/23/podcastsmodelo pandemia brasil/ (acessado em 29 de março de 2022).

5º NO RANKING

130.LOVISI, Pedro. POPULARIDADE DO PODCAST SOBE NO ISOLAMENTO SOCIAL. São Paulo: Folha de São Paulo. 2° edição. Publicado em 19 de agosto de 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2021/08/popularidade do podcast sobe no isolamento social.shtml (acessado em 29 de março de 2022).

131.BRANDÃO, Monique. O QUE É MIDI? O GUIA DO INICIANTE PARA A FERRAMENTA MAIS PODEROSA DA MÚSICA. Blog Landr. Publicado em 08 de março de 2017. Disponível em: https://blog.landr.com/pt-br/o-que-e-midi-o-

137
guia iniciante para ferramenta mais poderosa da musica/#:~:text=MIDI%20%C3%A9%20a%20abrevia%C3%A7%C3%A3o%20 de,para%20se%20comunicar%20entre%20hardwares.
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QUAL FOI A PRIMEIRA NOVELA DO BRASIL?
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137.CÁNEPA, Laura. COMO PENSAR O HORROR NO CINEMA BRASILEIRO? Portal Brasileiro de Cinema. © 2012 HECO PRODUÇÕES. Todos os direitos reservados. Disponível em: http://www.portalbrasileirodecinema.com.br/horror/ensaio-como-pensar-ohorror no cinema brasileiro laura canepa.php?indice=ensaios (acessado em 31 de março de 2022).

138.FLUTURE, Samanta. LE MANOIR DU DIABLE, O PRIMEIRO CURTA DE TERROR JÁ CRIADO. Medologia. Publicado em 14 de julho de 2016. Disponível em: https://medologia.com/post/le-manoir-du-diable-o-primeirocurta de terror ja criado (acessado em 31 de março de 2022).

139.DA REDAÇÃO. A HISTÓRIA DO TERROR NO CINEMA: TUDO SOBRE FILMES DE TERROR. Cineclick. Publicado em 16 de dezembro de 2020. Disponível em: https://cineclick.uol.com.br/noticias/historia-terror-cinema-tudosobre filmes de terror (acessado em 31 de março de 2022).

140.DA REDAÇÃO. TRASH, PSICOLÓGICO, SLASHER: CONHEÇA OS SUBGÊNEROS DO TERROR. Cineclick. Publicado em 17 de dezembro de 2020. Disponível em: https://cineclick.uol.com.br/noticias/os subgeneros do terror (acessado em 31 de março de 2022).

141.MEIRA, Bárbara. SUBGÊNEROS DO TERROR. Nerd Week. Publicado em 27 de outubro de 2021. Disponível em: https://nerdweek.com.br/subgeneros do terror/ (acessado em 31 de março de 2022). 142.SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “DOPAMINA”. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/dopamina.htm (acessado em 01 de abril de 2022). 143.BEZERRA, Juliana. RENASCIMENTO:

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138
CARACTERÍSTICAS
caracteristicas
contexto historico/#:~:text=O%20Renascimento%20foi%20um%20movimento,deu%20i n%C3%ADcio%20%C3%A0%20Idade%20Moderna
E CONTEXTO HISTÓRICO. TodaMatéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/renascimento
e

145.COSTA, Andriolli. PROGRAMA DE TERROR NA RÁDIO TUPI DOS ANOS 40 ESTREOU COM HISTÓRIA DE SACI. Colecionador de Sacis. Publicado em 02 de junho de 2018. Disponível em: https://colecionadordesacis.com.br/2018/06/02/programa de terror na radio tupi nos anos 40 estreou com historia de saci/#:~:text=para%20o%20conte%C3%BAdo,Programa%20de%20terror%20na%20R%C3%A1dio%20Tupi%20dos,estreo u%20com%20hist%C3%B3ria%20de%20saci&text=%E2%80%9CVoc%C3% AA%20n%C3%A3o%20acredita%20no%20sobrenatural,pela%20Tamoio%20 em%20ondas%20curtas. (acessado em 04 de abril de 2022).

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148.LINDSAY, André. RANKING: VEJA QUAIS SÃO OS SERVIÇOS DE STREAMING DE ÁUDIO MAIS POPULARES NO MUNDO. Mundo Conectado. Publicado em 20 de janeiro de 2022. Disponível em https://mundoconectado.com.br/noticias/v/22719/ranking-veja-quais-sao-osservicos de streaming de audio mais populares no mundo (acessado em 06 de abril de 2022).

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163.AUTOR DESCONHECIDO. PÓS-ALMOÇO É O HORÁRIO DE PICO DO RÁDIO EM CELULAR E COMPUTADOR. Omega Sistemas. Publicado em 15 de julho de 2021. Disponível em https://www.omegasistemas.com.br/Noticia?id=223&item=Pos-almoco-e-ohorario de pico do radio em celular e computador. (acessado em 26 de abril de 2022).

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166.DOLIVEIRA, Matheus. RANKING: OS PODCASTS MAIS OUVIDOS (E AMADOS) PELOS BRASILEIROS. Exame. Publicado em 29 de março de 2022. Disponível em https://exame.com/casual/ranking-os-podcasts-maisouvidos e amados pelos brasileiros/. (acessado em 30 de abril de 2022).

167.AUTOR DESCONHECIDO. 10 GRANDES PODCASTS DE FICÇÃO PARA OUVIR AGORA. Rádio Cartaxo. Disponível em https://radiocartaxo.com/10 great fiction podcasts listen right now (acessado em 30 de março de 2022).

168.AUTOR DESCONHECIDO. QUE HORA Y DIA ES MEJOR PARA PUBLICAR UM PODCAST. Crea Publicidad. Publicado em 18 de agosto de 2020. Disponível em https://www.creapublicidadonline.com/pt/que hora y dia es mejor para publicar un podcast/ (acessado em 30 de março de 2022).

169.AUTOR DESCONHECIDO. OUVINTES DE PODCASTS TROCAM O RÁDIO PELO CONSUMO ON-DEMAND DOS EPISÓDIOS. ZYDigital. Publicado em 16 de maio de 2019. Disponível em http://zydigital.com.br/radar/ouvintes-depodcasts trocam o radio pelo consumo on demand dos episodios/ (acessado em 30 de março de 2022).

170.MISTURA, Rebecca. O QUE VOCÊ SABE SOBRE A PODOSFERA?. Diário da Manhã. Publicado em 11 de janeiro de 2019. Disponível em https://diariodamanha.com/noticias/o que voce sabe sobre a podosfera/ (acessado em 08 de abril de 2022).

171.EPTV. JUSTIÇA CONDENA A 8 ANOS DE PRISÃO TRIO QUE MANTINHA MENINO ACORRENTADO EM BARRIL EM CAMPINAS. G1. Publicado em 02 de fevereiro de 2022. Disponível em https://g1.globo.com/sp/campinasregiao/noticia/2022/02/02/justica condena a 8 anos de prisao trio que

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172.FERNANDES, Vitor. EDIFÍCIO JOELMA: COMO O TRÁGICO INCÊNDIO ABALOU A POPULAÇÃO PAULISTA E MOSTROU A INEFICÁCIA DAS LEIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS. OFOS. Publicado em 11 de janeiro de 2021. Disponível em https://ofos.com.br/incendio no edificio joelma/ (acessado em 13 de maio de 2022).

173.MENDES, Gabriel da Silveira. A HOMOFOBIA COVARDE E SUA BLINDAGEM PSEUDO-RELIGIOSA. Justificando. Publicado em 30 de maio de 2016. Disponível em http://www.justificando.com/2016/05/30/a-homofobiacovarde e sua blindagem pseudo religiosa/ (acessado em 15 de maio de 2022).

174.AUTOR DESCONHECIDO. INTRODUÇÃO AO LIVRO DE LEVÍTICO. A Igreja De Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias. Publicado em 19 de abril de 2021. Disponível em https://www.churchofjesuschrist.org/study/manual/old testament seminary teacher manual/introduction to the book of leviticus?lang=por (acessado em 15 de maio de 2022).

175.AUTOR DESCONHECIDO. 13 COISAS PROIBIDAS PELA BÍBLIA E QUE VOCÊ FAZ TODO DIA. Diário Reservense. Publicado em 25 de março de 2018. Disponível em https://diarioreservense.com.br/noticia/3284/13 coisas proibidas-pela-b-blia-e-que-voc-faz-todo-dia (acessado em 15 de maio de 2022).

176.LEITHART, Peter. LEVÍTICO E A HOMOSSEXUALIDADE. Voltemos Ao Evangelho. Publicado em 23 de agosto de 2016. Disponível em https://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/08/levitico e homossexualidade/ (acessado em 15 de maio de 2022).

177.AUTOR DESCONHECIDO. STEPHEN KING. Canal Tech. Disponível em https://canaltech.com.br/celebridade/stephen king/ (acessado em 16 de maio de 2022).

178.CORDEIRO, Tiago. COMO É UM BONECO VODU?. Super Interessante. Publicado em 04 de julho de 2018. Disponível em https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-um-boneco-vodu/ (acessado em 18 de maio de 2022).

179.AUTOR DESCONHECIDO. ESTILO SEMI REALISTA DE DESENHO EXISTE MESMO?. GD Artes. Publicado em 06 de julho de 2021. Disponível em https://gdartes.com.br/estilo-semi-realista-de-desenho-existe-mesmo/ (acessado em 21 de maio de 2022).

180.BROTTO, Thaiana F. DEPENDÊNCIA EMOCIONAL: O QUE É E COMO TRATÁ-LA. Psicólogo e Terapia. Publicado em 11 de novembro de 2014. Disponível em https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/dependencia emocional/#:~:text=Depend%C3%AAncia%20emocional%20%C3%A9%20qu ando%20um,forma%C3%A7%C3%A3o%20dela%20depende%20de%20terce iros. (acessado em 22 de maio de 2022).

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181.FERNANDES, Vítor. EDIFÍCIO JOELMA: COMO O TRÁGICO INCÊNDIO ABALOU A POPULAÇÃO PAULISTA E MOSTROU A INEFICÁCIA DAS LEIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS. OFOS. Disponível em https://ofos.com.br/incendio no edificio joelma/#:~:text=O%20Edif%C3%ADcio%20Joelma%20come%C3%A7ou%20 a,famosa%20Avenida%20Nove%20de%20Julho. (acessado em 11 de julho de 2022).

182.REDAÇÃO. LENDAS URBANAS: EDIFÍCIO JOELMA. SP City. Publicado em 10 de fevereiro de 2022. Disponível em https://spcity.com.br/lendas urbanas edificio joelma/. (acessado em 11 de julho de 2022).

183.DA REPORTAGEM. ELAS FUGIRAM PARA O ELEVADOR, SE ABRAÇARAM E FORAM CARBONIZADAS JUNTAS: RELEMBRE O MISTÉRIO DAS 13 ALMAS DO JOELMA. Diário do Litoral. Publicado em 27 de fevereiro de 2022. Disponível em https://www.diariodolitoral.com.br/brasil/elas-fugiram-para-o-elevador-seabracaram e foram carbonizadas/154238/ (acessado em 12 de julho de 2022).

184.BARREIROS, Isabela. EDIFÍCIO JOELMA: O INCÊNDIO, TREZE ALMAS E INÚMERAS LENDAS. Aventuras na História. Publicado em 01 de fevereiro de 2020. Disponível em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia edificio joelma-terrivel-incendio-treze-almas-e-acontecimentos-sobrenaturais.phtml (acessado em 12 de julho de 2022).

185.MENEGHETTI, Diego. LUGARES ASSOMBRADOS DO BRASIL, PARTE 1: EDIFÍCIO JOELMA. Super Interessante. Publicado em 19 de dezembro de 2017. Disponível em https://super.abril.com.br/mundo-estranho/lugaresassombrados do brasil parte 1 edificio joelma/. (acessado em 15 de julho de 2022).

186.CENTAMORI, Vanessa. UM DOS CASOS MAIS FAMOSOS DE CHICO XAVIER: CONHEÇA VOLQUIMAR SANTOS, VÍTIMA DA TRAGÉDIA DO EDIFÍCIO JOELMA. Aventuras na História. Publicado em 05 de maio de 2020. Disponível em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/um dos-casos-mais-famosos-de-chico-xavier-conheca-volquimar-santos-vitimada tragedia do edificio joelma.phtml. (acessado em 16 de julho de 2022).

187.RAMACCIOTI, Caio. SOMOS SEIS – FAMILIARES DIVERSOS. Bíblia do Caminho. Disponível em http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Ss/Ss01.htm (acessado em 16 de julho de 2022).

143

GLOSSÁRIO

Podcaster Aquele que faz um podcast. Workaholic Aquele que é viciado em trabalhar Souvenir Objeto que carrega memórias de alguém, ou algum lugar Podosfera Nome da noosfera composta por dois ou mais podcasts Sketch Rascunhos.

Tracing Desenhar por cima de um desenho já pronto, usando como referência. Brush Pincéis digitais.

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ANEXO A ROTEIRO DO EPISÓDIO “O CRIME DO PADRE”

O CRIME DO PADRE

PRODUTORA COSMOS

AUDIOSÉRIE

DURAÇÃO: 12 MINUTOS

ROTEIRO: GABRIEL LUCENA

TEC: SOM DE VENTANIA, TEMPESTADE. (BG)

LOC: NARRADOR - Era tarde da noite quando Amélia começou a sentir as primeiras contrações do parto. Ela estava sozinha naquela casa, onde Padre Amaro, o pai da criança, havia a deixado. Ao perceber os sinais de que a hora do nascimento estava chegando, ela decide ligar para ele, pedindo ajuda.

TEC: UM GRITO DE MULHER.

TEC: SOM DE TROVÃO (BG).

TEC: SOM DE TELEFONE TOCANDO.

LOC: PADRE AMARO - Padre Amaro, boa noite. Com quem eu falo?

LOC: AMÉLIA CHORANDO, DESESPERADA.

LOC: AMÉLIA - Amaro, a criança! Pelo amor de deus!

LOC: PADRE AMARO - Amélia?! Eu já lhe pedi, não ligue em meu número! Eu que devo pedir que tenha amor à Deus, e piedade de mim. E se alguém vê seu número chamando em meu celular? O que seria de mim? O que seria da Igreja?

LOC: AMÉLIA - Amaro, você não está entendendo! Chegou a hora! O bebê está vindo! AAAHH!!

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LOC: AMÉLIA GRITA, SENTINDO DOR.

LOC: AMARO – Oh, meu senhor! Você tem certeza? Agora?!

LOC: AMÉLIA GRITA NOVAMENTE.

LOC: AMÉLIA - Amarooo!!!

LOC: AMARO - Está bem! Está bem. Aguente firme, eu logo estarei aí. Pai nosso que estás no céu…

TEC: SOM DO TELEFONE DESLIGANDO.

TEC: VENTANIA E TEMPESTADE. SONS DE CHUVA MUITO FORTE (BG).

LOC: NARRADOR - Enquanto dirigia em direção à casa de Amélia, o jovem padre rezava pela alma dos dois, por terem cometido o maior pecado e sacrilégio de todos.

TEC: SOM DE CARRO EM ALTA VELOCIDADE.

LOC: PADRE AMARO - Pai nosso que estás no céu, santificado seja vosso nome…

TEC: SOM DE TROVÃO.

LOC: NARRADOR - Quando Amaro chegou na casa de Amélia, a menina estava deitada na cama, desolada, com o rosto inchado de tanto chorar e a expressão de total desespero. A parteira já havia chegado no aposento, mas Amélia havia se recusado a começar antes do jovem padre estar presente para acompanhá-la.

LOC: NARRADOR - Quando viu Amaro chegando, Amélia tentou se levantar para ir para seus braços, mas a parteira a segurou na cama, pois a menina estava fraca demais para ficar em pé.

LOC: AMÉLIA - Meu amor! Você chegou! Finalmente…

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LOC: NARRADOR - O padre a ignora completamente, dirigindo-se apenas à parteira.

LOC: PADRE AMARO - Boa noite senhora, como está? Como estão?

LOC: PARTEIRA - Padre, “vô” ser muito da direta com o senhor. Eu “num tô” aqui para julgar “ocês”, acho que tem coisa muito “maior” por aí do que eu “pra fazê” isso, mas não gosto do senhor. O que “ocês” dois fizeram “tá” acima de qualquer lei. Dos “homem”, e dos céus. Eu conheço Amélia desde pequena, ajudei no parto de sua mãe e agora “vô” ajudá no dela, mas não aprovo o que aconteceu e o que há de acontecer nessa casa!

LOC: PADRE AMARO Minha senhora, por favor! Não sei o que acha que aconteceu aqui, mas não é o que parece! Eu lhe imploro, em nome de Deus!

LOC: AMÉLIA GRITA DE DOR, DESESPERADA.

LOC: NARRADOR Todos na casa estavam tensos. Nada naquele parto parecia normal. Aliás, nada naquela gravidez, desde o seu começo, parecia normal. Era errado, era sujo, era pecaminoso. Agora ela estava pagando pelos pecados da carne, com certeza. Aqueles gritos eram a resposta de Deus pelo que ela fez. Pelo que eles fizeram juntos.

LOC: AMÉLIA GRITA NOVAMENTE.

LOC: NARRADOR - Toda a cena gritava caos descontrolado. Era tudo uma confusão em vermelho com panos indo brancos e voltando tingidos pelo jorro de sangue que saia de Amélia.

TEC: SOM DE ÁGUA CAINDO EM UM BALDE.

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TEC: SOM DE TROVÃO (BG). TEC: SOM DE CHUVA BATENDO NAS JANELAS (BG).

LOC: NARRADOR - Mal se sabia como Amélia ainda vivia, mas vivia. Naquele ponto a relação dos dois já não era mais de amor, não era nenhum tipo de afeiçoamento, era necessidade, Amélia precisava de Amaro ali, e por isso ele ficou, mesmo contra suas vontades, mesmo à beira da histeria de ver a cena que se passava.

LOC: NARRADOR - Não se podia chamar de milagre o que foi feito no pecado, mas se pudesse, ali estaria um exemplo vivo disso. Com todo aquele alvoroço, ainda se via a força e o amor daquela menina, que, mesmo sabendo ser em vão, queria dar a vida a seu filho.

LOC: AMÉLIA GRITANDO DE DOR.

LOC: AMÉLIA (EM AGONIA) - Meu senhor, me ajuda, meu senhor!

LOC: NARRADOR - Amaro só não estava mais afoito por não sofrer as dores do parto, mas sua oração acompanhava os gritos de Amélia em afinco e vontade.

LOC: PADRE AMARO - ... Ave Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte…

LOC: NARRADOR - Foi ali que Deus abandonou os dois. Abandonou a todos que participavam da cena.

TEC: SOM DE TROVÃO.

TEC: SOM ABAFADO DE GRITO DE MULHER (BG).

LOC: NARRADOR - O grito seguinte de Amélia abriu os portões do Inferno, e por ter cometido o crime de se deitar com um servo de Deus, o demônio lhe deu as caras. Sua agonia foi acompanhada por um som de rasgo que todos perceberam vir direto de seu ventre.

TEC: SOM DE PELE RASGANDO (BG).

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LOC: NARRADOR - O bebê, se é que se pode chamar aquela aberração de bebê, rasgava a menina por dentro, faminto pela carne e sangue da mãe.

LOC: PADRE AMARO (DESESPERADO, COM MEDO) - O que está acontecendo? Pelo amor de Deus, nosso Salvador! Isso é normal? Senhora, eu nunca presenciei um parto na vida, mas isso não pode ser normal! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

LOC: PARTEIRA - Eu acho que o senhor sabe muito bem o que está acontecendo, “seu” padre. Não tem mais nada que eu possa “fazê” “procês”. O Senhor “tá” cobrando o preço do que “cês” fizeram. Ou, então, o outro veio buscar o presente que “cês” fizeram por ele.

LOC: NARRADOR - Foi tudo que a parteira tinha a dizer, e assim ela se afastou da cena, jogando as mãos para o alto e rezando em latim pela cena que presenciava.

LOC: PARTEIRA - Dominus salvabit animam puella, qui dat genuit filium Diaboli. Dominus salvabit animam puella, qui dat genuit filium Diaboli. Dominus salvabit animam puella, qui dat genuit filium Diaboli.

LOC: NARRADOR (TOM SOMBRIO) - Deus salve a menina que dá a luz ao filho do diabo.

TEC: SOM DE CHUVA MUITO FORTE, BATENDO NA JANELA (BG).

TEC: ÁUDIO LENTO DE MULHER SUSPIRANDO FUNDO (BG).

TEC: SOM DE BEBÊ CHORANDO. (BG)

LOC: NARRADOR - Com o suspiro final de Amélia, as luzes da casa estouram, deixando Amaro e a parteira no escuro total.

TEC: SOM DE VIDRO ESTOURANDO.

LOC: PARTEIRA - Dominus salvabit animam puella, qui dat genuit filium Diaboli. Dominus salvabit animam puella, qui dat genuit filium Diaboli.

149

LOC: NARRADOR - Do lado de fora uma tempestade uivava e as ondas do mar batiam forte nas rochas que davam vista à janela do quarto.

TEC: SOM DE TEMPESTADE. VENTO FORTE BATENDO NAS JANELAS. SOM DE ÁGUA DO MAR BATENDO NAS ROCHAS AO LONGE (BG).

LOC: NARRADOR - Era como se a própria natureza rejeitasse o nascimento daquilo e quisesse expulsar o mau que acabara de nascer.

TEC: SOM DE CORUJAS, LOBOS UIVANDO, MUITOS PÁSSAROS VOLTANDO. SOM DE AGITAÇÃO NAS MATAS AO LONGE (BG).

TEC: SOM DE PORTA BATENDO.

LOC: NARRADOR - A porta do quarto bateu contra o batente, assustando a parteira que tentava fugir, tentando salvar sua alma enquanto havia tempo.

LOC: PARTEIRA GRITANDO ASSUSTADA.

TEC: SOM DE PASSOS CORRENDO.

LOC: NARRADOR - O padre permanecia paralisado diante daquele horror que saia de dentro de sua ex-amante. Pensou nas noites que acariciou aquele corpo que padecia dilacerado e arrebentado em sua frente.

TEC: SOM

DE

JANELAS BATENDO, VENTO UIVANDO MUITO PRÓXIMO. (BG)

LOC: NARRADOR - O anticristo pairava acima de Amélia, parecendo flutuar e com a aparência de uma criança já crescida, que já tinha presenciado a malícia do mundo.

LOC: NARRADOR - Tudo isso demorou um segundo apenas, pois no outro o recémnascido já estava com os dentes no pescoço da parteira…

TEC: SOM DE MORDIDA EM PELE HUMANA

150

LOC: PARTEIRA DÁ UM GRITO ABAFADO, DE SUSTO.

LOC: NARRADOR - … que morreu mais de susto do que do ataque em si.

LOC: NARRADOR - Ele olhou para o pai, como que esperando uma recompensa pelo seu ato e sorriu buscando aprovação.

TEC: SOM DE RISO DE CRIANÇA.

LOC: NARRADOR - Olhando em seus olhos, Amaro viu todo o mal que existia nas pessoas, toda a ganância e o pecado que se derrama sobre as almas boas. Viu como destruiu a vida de Amélia e de sua família. Viu como seus atos iriam afetar a vida de tantos outros.

TEC: SOM DE PASSOS LENTOS.

LOC: NARRADOR E foi quando, sabendo que esse pecado não seria maior do que o que já cometera, o jovem padre pula da janela direto ao mar, acabando com a própria vida.

TEC: SOM DE CORPO SUBINDO EM BATENTE.

TEC: SOM DE CORPO CAINDO PELA JANELA, DIRETO NA ÁGUA (MAR).

TEC: SOM DE MAR AGITADO.

TEC: TRILHA SONORA DE TERROR (BG).

LOC: NARRADOR - Todos comentaram sobre a cena ocorrida entre os dois jovens ali, e sobre o desaparecimento da criança que Amélia esperava. Os poucos que sabiam da origem da gravidez, imaginaram que, na verdade Amaro teria fugido com a criança, outros, os mais antigos, desconfiavam da verdadeira razão pelo sumiço. Sabiam que a única penitência para quem se deitava com um servo de Deus, era dar à luz ao filho do Diabo.

151

TEC: AUSÊNCIA DE SOM; SILÊNCIO

LOC: NARRADOR - Quanto à criança, nunca mais se ouviu falar dela.

152

ANEXO B ROTEIRO DO EPISÓDIO “OS DOZE PASSOS”

OS DOZE PASSOS

PRODUTORA COSMOS AUDIOSÉRIE

DURAÇÃO: 12 MINUTOS

ROTEIRO: GABRIEL LUCENA

TEC: SOM DE PASSOS, UMA PESSOA COM SALTO ALTO E UMA PESSOA DE SAPATO BAIXO.

LOC: NARRADOR - Os pais de Pedro comemoram vinte anos de casamento e estavam saindo para comemorar em um jantar. Eles deixaram o menino, de doze anos, sob os cuidados de Nina, uma adolescente que morava na casa ao lado.

TEC: SOM DE CAMPAINHA.

TEC: SOM DE PORTA ABRINDO.

LOC: NARRADOR - Bianca, a mãe de Pedro, abre a porta para receber Nina

LOC: BIANCA - Entre, Nina. Seja bem-vinda.

LOC: NARRADOR - A jovem parecia já estar de saco cheio, mas a mulher estava tão animada que nem reparou no mal humor da adolescente. Nina entra na casa sem dizer uma palavra, apenas mascando o chiclete que estava na boca.

TEC: SOM DE BOLA DE CHICLETE ESTOURANDO.

LOC: BIANCA - Crianças, estamos saindo. Juízo, hein? Não façam nada de errado, mas divirtam se. Ah, já ia me esquecendo…não desçam ao porão, de forma alguma! Ontem à noite ouvimos barulhos de ratos vindo lá de baixo e hoje eu pedi para

153

colocarem algumas iscas. Por segurança, é melhor mantê-lo lacrado por alguns dias. Entendido?

LOC: NARRADOR - Com esse aviso, eles beijam a testa do filho e partem para seu encontro.

TEC: SOM DE BEIJO. (DUAS VEZES).

TEC: SOM DE PASSOS. SALTO ALTO E SAPATO BAIXO.

TEC: SOM DE PORTA FECHANDO À CHAVE.

LOC: NARRADOR - Na mesma hora que os adultos saem de casa, Nina coloca os fones de ouvido, e vai sentar se ao sofá, planejando apenas ignorar Pedro a noite inteira.

TEC: SOM DE BOTÃO SENDO APERTADO.

TEC: SOM DE MÚSICA POP ROCK TOCANDO (BG).

TEC: SOM INAUDÍVEL DE CRIANÇA FALANDO. (BG)

LOC: NARRADOR - Nina nunca gostara de crianças e, para ela, ainda faltavam, no mínimo, uns quatro anos para Pedro ser considerado suportável. Ela só aceitara aquela situação pois queria comprar um kit de maquiagem, que achava incrível, mas que os pais não queriam dar o dinheiro para ela comprar. Então, ela decidira que conseguiria sozinha, mesmo que, para isso, precisasse passar por aquela situação.

LOC: NINA BUFANDO, IRRITADA.

TEC: SOM DE BOTÃO SENDO APERTADO.

TEC: SOM DE MÚSICA PARA DE TOCAR.

154

LOC: NINA - O que você quer, pelo amor de Deus? Não ta vendo que eu estou ocupada?

LOC: PEDRO - Eu “tô” entediado! Vamos jogar alguma coisa?

LOC: NINA - Agora não, tá?! Mais tarde, talvez! Que tal a gente ver um filminho?

LOC: NARRADOR - É claro que ela não iria ver filme nenhum, ela só queria ficar em paz, e distrair Pedro por pelo menos mais duas horas.

TEC: SOM DE CAIXA DE DVD ABRINDO.

TEC: SOM DE APARELHO DE TV CHIANDO, INTERFERÊNCIA.

TEC: SOM DE ABERTURA DOS FILMES DISNEY. (BG)

TEC: SOM DE RELÓGIO.

TEC: TRILHA SONORA “MOANA” - HOW FAR I’LL GO (00:41 - 00:51).

TEC: SILÊNCIO. FILME PAUSADO.

LOC: PEDRO - Eu não quero mais assistir esse filme. Ele é de menininhas! Vamos fazer outra coisa.

LOC: NARRADOR - Revirando os olhos, Nina se levanta e pergunta:

LOC: NINA - Beleza, então o que você quer fazer?

LOC: PEDRO - Me conta uma história! Uma história de terror!

LOC: NINA - Você quer ouvir uma história de terror? Ha ha ha. Então tá, foi você quem pediu. Depois não quero ver criancinha fazendo xixi na cama, hein?

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LOC: PEDRO - Eu não faço xixi na cama, idiota. E nem sou mais criancinha. Vai logo, conta.

LOC: NINA - Então tá. Você sabia que os porões são amaldiçoados? É por isso que seus pais não querem que a gente desça lá.

LOC: PEDRO - Isso não é verdade. Eles não querem que a gente desça por causa dos ratos.

LOC: NINA - Eles querem que você acredite nisso “pra” não te assustar. Na realidade, isso aconteceu há muitos e muitos anos atrás…

TEC: TRILHA SOMBRIA.

LOC: NARRADOR… quando uma jovem escrava, de uma família muito abastada, se apaixonou pelo filho do patrão. O rapaz era um jovem muito bonito, robusto, desejado por muitas moças da cidade, e conhecido por galantear todas elas. Um dia, ele viu a empregada com outros olhos, e decidiu que a conquistaria. Não foi nada difícil, afinal, a moça também sempre o olhara com outros olhos.

LOC: NARRADOR - O rapaz convencera a moça a encontrá lo no porão da casa e a desvirginou lá mesmo, no meio dos trapos rasgados que forravam o chão e ratos que andavam por lá. Quando se satisfez, deixou a moça largada ali, sangrando, chorando, sentindo se suja e usada.

LOC: NARRADOR - Não demorou muito para a moça começar sentir os enjoos e as náuseas matinais que anunciavam a sua desgraça. Quando percebeu que estava esperando um filho do jovem, encheu-se de medo, mas de graça pela criança, que passara a amar imediatamente. Resolveu contar a notícia para o jovem, mas não por querer que ele assumisse a criança. Ela estava decidida a jamais contar quem era o pai biológico e criar seu filho sozinha, como mãe solteira. Mas achava justo que ele soubesse que seria pai.

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TEC: SOM DE CHORO DE MULHER (BG).

TEC: SOM DE GRITO DE DOR DE MULHER (BG).

TEC: SOM DE TAPA (BG).

LOC: NARRADOR - O rapaz ouviu a notícia e reagiu com extrema agressividade. Jogou a moça escada abaixo, onde ela caiu no chão do porão, e a espancou, chamando a de vagabunda, aproveitadora. Disse que sentia nojo dela e que nunca seu sangue seria misturado com o da ralé, de uma “empregadinha” como o dela. Ele jogou a moça no chão e começou a chutá la…

TEC: SOM DE CHUTES (BG).

TEC: SOM DE GRITOS DE DOR (BG).

LOC: NARRADOR - Ele bateu na moça até que ela perdesse a consciência, e, posteriormente, o bebê que estava em seu ventre. Durante dias ela ficou trancada em seu quarto, com a desculpa que estava doente, mas, logo, seus patrões chegaram com a intimação para que ela saísse da casa deles, pois não continuariam pagando uma empregada que vivia doente. A moça perdera tudo. Seu emprego, sua virgindade, seu filho. Só restou o ódio que ela passou a sentir por aquele homem que tirara tudo dela.

LOC: NARRADOR - Ela montou seu plano de vingança e engoliu todo seu nojo para convencer o rapaz de que, antes de ir embora, ela queria ser dele mais uma única vez, naquele mesmo porão onde eles haviam se encontrado. Ela preparou todo o lugar antes da chegada dele. Espalhou velas acesas sobre todo o lugar, fez desenhos de pentagramas no chão e nas paredes, espalhou sangue de galinha morta e ervas no lugar onde, antes, o sangue dela fora derramado.

TEC: SOM DE RISCOS NA PAREDE (BG).

TEC: SOM DE PALAVRAS EM LÍNGUA ESTRANHA (BG).

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LOC: NARRADOR - Quando o rapaz chegou à cena, ela o puxou para um beijo, antes que ele notasse algo de diferente. Ao chegarem ao centro, onde ela prepara sua cena, ela mordeu e arrancou a língua do rapaz, que antes mesmo de poder gritar, engasgou com o próprio sangue. Ela mergulhou o pedaço arrancado num balde cheio de sangue de galinha e fez o rapaz engolir.

TEC: SOM DE ENGASGO (BG).

LOC: NARRADOR - O rapaz tentava falar, mas só saia grunhidos. Ela começou seu ritual, jogando o rapaz deitado sobre o pentagrama desenhado. Rasgou suas roupas e começou a jogar as ervas e o sangue de galinha por todo seu corpo, jurando que nunca mais, homem algum levaria jovens, como ela fora, ao porão, achando que podiam usar seus corpos e jogar fora. A partir de agora, aquele seria um lugar amaldiçoado por ela, e qualquer homem que descesse ali, desceria ao inferno.

TEC: SOM DE LÂMPADA ESTOURANDO.

LOC: PEDRO - O QUE FOI ISSO? POR QUE FICOU TUDO ESCURO?

LOC: NARRADOR - As crianças se assustaram com o apagar de todas as luzes da casa. Nina tentou apertar todos os interruptores, mas nenhum acendia.

TEC: SOM DE INTERRUPTOR.

LOC: NARRADOR - A menina, racionalmente, percebe que as luzes estão falhando e liga para os pais de Pedro.

TEC: SOM DE TELEFONE CHAMANDO

LOC: BIANCA - Alô, Nina? Aconteceu alguma coisa? Eu tive um pressentimento ruim e já estava para te ligar, quando ouvi o telefone tocando. Onde está o Pedro?

LOC: NINA - Oi! Não, não, tá tudo bem. Ele tá aqui comigo. Na verdade, o que aconteceu foi que as luzes apagaram aqui do nada, não sei se foi um curto.

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LOC: BIANCA - Ah! Fico mais tranquila, esse pressentimento ruim deve ter sido uma impressão da minha cabeça. Bom, provavelmente deve ter sido o disjuntor que caiu. É bem simples de arrumar, vamos pedir a conta e em alguns minutos chegamos aí, ta bem?

LOC: NINA - Não, dona Bianca, não precisa voltar…

LOC: NARRADOR - Nervosa, Nina tenta convencer Bianca, pois não queria perder o dinheiro daquela noite. Faltava muito pouco para ela conseguir comprar aquelas maquiagens, e não ia ser um escurinho que ia fazê la perder isso.

LOC: BIANCA Ah, não gosto da ideia de deixar vocês dois aí no escuro.

LOC: NINA - Se a senhora disse que era simples de arrumar, então me diz como é que eu mesma faço.

LOC: BIANCA Tem certeza, Nina? Teria que ir até o porão, mas como eu te disse, havia ratos por lá…

LOC: NINA - Tenho sim, eu nem tenho medo de ratos

LOC: BIANCA - Bom, então, tá legal. É realmente bem fácil, você desce as escadas do porão e logo ao lado direito está a caixa de força. É só abrir e apertar os botões para cima. Mas tome cuidado, lembre se das iscas no chão. Ah, a escada até o porão tem doze degraus, desça contando para não perder nenhum e nem tropeçar por causa do escuro

LOC: NINA - Tá legal, dona Bianca. Obrigada.

LOC: BIANCA - Eu que agradeço, Nina. Lembre-se: doze degraus. Desça contando para não tropeçar.

TEC: SOM DE FIM DE CHAMADA.

159

LOC: NARRADOR - A menina, que na verdade não estava nem um pouco afim de descer lá e encontrar algum rato, manda Pedro em seu lugar, usando como desculpa um desafio.

LOC: NINA - Eu duvido você descer ao porão, mesmo depois de ouvir essa historinha de terror. Ou você é mesmo uma criancinha? Olha só, são só doze degraus, igual a sua idade de bebê.

LOC: PEDRO - Eu não sou um bebê! Eu vou lá e vou arrumar, você vai ver.

LOC: NARRADOR - Os dois vão até a porta do porão e Nina fala para Pedro descer contando os degraus em voz alta, para que ele não se machucasse.

TEC: SOM DE PORTA ABRINDO (BG).

TEC:

SOM DE PASSOS DESCENDO A ESCADA. O PRIMEIRO.

LOC: PEDRO - Um.

LOC: NINA - Isso mesmo, quero ver se você não é mesmo uma criancinha. Vai lá.

TEC: SOM DE BOTÃO APERTADO.

TEC: SOM DE MÚSICA POP ROCK. (BG)

LOC: NARRADOR - Enquanto a menina voltava a ouvir sua música, pronta para ignorar o garoto, ele continuou sua descida.

TEC: SOM DE PASSOS DESCENDO. O SEGUNDO.

LOC: PEDRO - Dois.

LOC: PEDRO SUSPIRANDO, COM MEDO.

160

TEC: SOM DE PASSOS. O TERCEIRO.

LOC: PEDRO - Três.

TEC: SOM DE PASSOS. O QUARTO E O QUINTO.

LOC: PEDRO - Quatro. Cinco. Nina, ainda está aí? Nina!!

LOC: NINA - Uhum, continua aí.

LOC: PEDRO - “Tá” legal. Seis.

LOC: NINA - Isso mesmo, já está na metade. Faltam só mais seis.

TEC: SOM DE PASSOS. O SÉTIMO.

TEC: SOM DE RATOS (BG).

LOC: PEDRO - Oito. O QUE É ISSO? VOCÊ OUVIU?

LOC: NINA - O quê? Não é nada, foi impressão sua, continua.

TEC: SOM DE PASSOS. O NONO.

LOC: PEDRO - Nove.

LOC: PEDRO SUSPIRANDO, DENTES TREMENDO DE FRIO.

TEC: SOM DE PASSOS. O DÉCIMO.

LOC: PEDRO - Dez. Nina?

LOC: NINA - Muito bem, falta pouco, vai lá.

161

LOC: PEDRO - Onze. Nina, aqui embaixo “tá” um cheiro estranho, acho que algum rato morreu por aqui.

LOC: NINA - Então toma cuidado “pra” não pisar nele, vai que só falta mais um.”

TEC: SOM DE PASSOS. O DÉCIMO-SEGUNDO.

LOC: PEDRO - Doze.

LOC: NINA - Muito bem! Agora, na sua frente, já “tá” a caixa de luz, só apertar “pra” cima que vai acender tudo.

TEC: SOM DE PASSOS. O DÉCIMO-TERCEIRO.

LOC: PEDRO - Treze.

LOC: NINA Quê? Pedro? Já encontrou a caixa de luz?

TEC: SOM DA MÚSICA PARANDO. SILÊNCIO.

TEC: SOM DE PASSOS. O DÉCIMO-QUARTO E O DÉCIMO-QUINTO.

LOC: PEDRO - Catorze. Quinze.

LOC: NINA - Pedro? Pedro?? Você ta me ouvindo?

TEC: SOM DE PASSOS. O DÉCIMO-SEXTO E O DÉCIMO-SÉTIMO.

LOC: PEDRO - Dezesseis. Dezessete...

LOC: NARRADOR - Créditos de locução e produção

TEC: SOM DE PASSOS. (BG)

162

LOC: PEDRO CONTINUA CONTANDO ATÉ O FIM DA TRANSMISSÃO (BG).Dezoito, dezenove, vinte….

163

ANEXO C ROTEIRO DO EPISÓDIO “CADERNO DE DESENHOS”

CADERNO DE DESENHOS

PRODUTORA COSMOS AUDIOSÉRIE

DURAÇÃO: 12 MINUTOS

ROTEIRO: GABRIEL LUCENA

TEC: SOM DE FÓSFORO RISCANDO. VELA ACENDENDO.

LOC: FÁTIMA - Como era o nome dele?

LOC: MARTA - João Carlos. Joca… Era assim que ele gostava de ser chamado… Joca.

LOC: FÁTIMA - Joca. Certo. Agora, me dê suas mãos.

LOC: NARRADOR - As duas estavam se aprontando para o que iria acontecer dali há pouco. Marta havia acabado de chegar na casa de Fátima. Aquele ambiente não era nada parecido com o que ela já havia visto na vida. Ou sentido. Era fevereiro, o clima no país nunca havia estado mais quente, atingindo diariamente quase quarenta graus durante o dia e beirando os trinta durante a noite. Mas ali, o ar era gélido e ela sentiu um calafrio correr por sua espinha quando tocou nas mãos da outra mulher.

LOC: MARTA - O que foi isso? Pelo amor de deus.

LOC: FÁTIMA - Isso o que? Eu não senti nada.

LOC: MARTA - Deve ter sido impressão… não está muito frio aqui? Hoje à tarde estava tão quente.

LOC: FÁTIMA - Você acha? Eu não acho.

164

LOC: NARRADOR - Uma amiga de Marta havia recomendado aquela suposta vidente para ela algumas semanas depois do que havia acontecido, mas Marta, ainda muito abalada e com a fé abalada, não tinha vontade e nem coragem de sequer cogitar aquele contato.

LOC: NARRADOR - Mas agora, com tanto tempo passado, ela achava que precisava tentar. Era a única esperança para ela. E para conseguir o que ela queria, ela faria qualquer coisa.

LOC: FÁTIMA - Você trouxe o que eu te pedi? Um objeto que pertencia a ele, ou que tenha algum tipo de ligação.

LOC: MARTA - Ah, sim, sim. Eu trouxe esse caderno. Ele gostava de desenhar, sabe? Nunca foi tão bom com as palavras, era muito tímido. Tinha poucos amigos. Mas ele desenhava como ninguém. Uma vez ele chegou a inscrever alguns desenhos em um curso da cidade e conseguiu o segundo lugar!

LOC: FÁTIMA - Segundo, é? Hum… me dê aqui, deixe-me ver.

TEC: SOM DE PÁGINAS FOLHEANDO.

LOC: MARTA - Sim, foi um grande orgulho. Ele ficou um pouco decepcionado por não ter ganhado. Se cobrava muito, sabe? Mas até foi bom… pelo menos ele não precisou subir ao palco e discursar para agradecer. Você sabe, ele não era muito bom com palavras…, mas desenhava como ninguém.

LOC: NARRADOR - Fátima folheava o caderno, vendo alguns poucos desenhos que estavam ali. Eram, realmente, muito bem feitos e dava para notar um talento nato, mas com pouca técnica. Parecia algo que uma criança prodigia faria. Ou um adolescente que gostava de rabiscar. Um rapaz adulto, talvez, se ele não tivesse se empenhado em se aprimorar durante o crescimento. Provavelmente não tinha apoio suficiente dos pais para investir no talento bruto… é, com certeza, era esse o caso.

165

LOC: FÁTIMA - Entendo, entendo… Ele era jovem, certo? Por volta de vinte e um, vinte e dois anos?

LOC: MARTA - Vinte. Ele fez vinte anos doze dias antes de… Bem, do que aconteceu.

LOC: NARRADOR - As duas mulheres estavam sentadas ao redor de uma mesa, cheia de objetos, que Marta julgava como artigos de feitiçaria. Na sala, incenso e velas acesas para todos os lados, para iluminar o ambiente, já que as luzes estavam apagadas. Já era quase de madrugada e Marta já havia se arrependido de ter ido àquele lugar desde o momento em que batera na porta e um gato, que estava na janela ao lado, se ouriçou e fugiu. Ela sentiu o corpo todo arrepiar e chegou a virar os pés para voltar por onde tinha vindo, quando a porta se abriu.

TEC: SOM DE RANGER DE PORTAS

LOC: NARRADOR - Se não estivesse tão nervosa, Marta teria caído na gargalhada ao se deparar com a figura que abria a porta. Ela usava algo que parecia saído de um filme clichê sobre bruxas, como se fosse o maior dos estereótipos, ali, ao vivo e a cores. Com um conjunto de macacão azul marinho e um robe estampado com luas e estrelas, a mulher só precisava do nariz grande e enrugado para ser uma fantasia de halloween. Mas sua expressão não era nada engraçada, e talvez tenha sido isso que fez Marta engolir em seco.

LOC: MARTA: E então!? Consegue ver alguma coisa? Ouvir? Sentir, sei lá.

LOC: NARRADOR - Marta pergunta, inquieta, depois de Fatima ficar um bom tempo analisando aquele livro de desenhos. A verdade era que ela não sabia se queria muito que a mulher visse algo, ou se temia muito que a mulher visse algo.

LOC: FÁTIMA - Você não parece acreditar muito nisso aqui, então, por que veio, Marta?

LOC: MARTA - Eu não sei, pra ser sincera. E você tem razão, eu não sei mesmo se acredito. Mas chega uma hora que a gente usa todas as cartas que tem na mão, e aí,

166

o que se faz? Abre um novo baralho e pega um coringa, né? Isso aqui é meu coringa. Eu estou desesperada, pombas! Eu não aguento mais essa dor, eu não aguento mais sentir tudo isso, está me corroendo por dentro. Eu faço qualquer coisa pra isso passar…, mas, o pior é saber que nunca vai. Independentemente do que se faça.

LOC: FÁTIMA - E o que te faz crer que isso aqui vai aliviar a sua dor?

LOC: MARTA - Eu só queria falar com ele de novo. Ouvir a voz dele. Se é que é possível.

LOC: NARRADOR - Marta diz com a voz embasbacada. Ela se emociona e as lágrimas começam a cair por seu rosto.

LOC: FÁTIMA - Bom, vamos ver o que conseguimos. Concentre se. Tente lembrar da voz dele. Tente imaginar ele desenhando nesse caderno. Sinta seu cheiro. Concentre se nisso

LOC: NARRADOR - As duas mulheres fecharam os olhos por algum tempo, tentando sentir alguma coisa, mas nada mudava. Marta, logo, começou a ficar inquieta.

LOC: MARTA - Eu não estou sentindo nem ouvindo nada… Isso é norm…

LOC: FÁTIMA (INTERROMPE) - Olhe!

TEC: SOM DE CADERNO SENDO FOLHEADO.

TEC: SOM DE LÁPIS RISCANDO PAPEL.

LOC: FÁTIMA - Estão tentando estabelecer uma comunicação com o lado de cá.

LOC: MARTA - Estão? Quem “estão”?

167

LOC: FÁTIMA - As forças do lado de lá, oras. Os espíritos escutaram o nosso chamado e estão se manifestando. Você pediu o contato. Eles estão tentando trazê lo.

TEC: SOM DE VOZES INDISTINTAS FICANDO CADA VEZ MAIS ALTO.

TEC: SOM DE VENTO UIVANDO.

TEC: SOM DE OBJETOS CAINDO.

TEC: SOM DE VIDRO QUEBRANDO.

LOC: NARRADOR - A esse ponto o vento estava tão forte que quebrou as janelas e fez as coisas que estavam sobre a mesa começarem a voar. Um candelabro cai sobre o tapete, que logo começa a pegar fogo.

TEC: SOM DE FOGO ALASTRANDO.

LOC: MARTA - Oh meu Deus! O que está acontecendo, meu Deus! Pare com isso, mulher, PARE COM ISSO!

LOC: FÁTIMA - Vamos, pegue aquele jarro e me ajude a apagar esse fogo, vamos, ande.

TEC: SOM DE ÁGUA JORRANDO.

TEC: SOM DE FOGO APAGANDO.

LOC: NARRADOR - As mulheres apagaram o fogo antes que ele se alastrasse por todo o cômodo. Logo, Fátima voltou a se sentar, como se nada tivesse acontecido. Ela faz sinal para Marta também se sentar, o que ela faz, receosa. O salão escureceu ainda mais por conta da fumaça que surgiu e agora as velas que resistiram sobre a mesa faziam sombras escuras e distorcidas no rosto de Fátima.

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LOC: FÁTIMA - Volte a se concentrar, foco. A conexão não pode ser perdida. Está sentindo, não é? Está começando. Ha ha ha.

LOC: NARRADOR - Fátima começa a rir com tanta força que seu corpo começa a ter espasmos até que finalmente, o caderno voltou a abrir sozinho e parar em uma folha em branco. Riscos começaram a surgir no papel…

TEC: SOM DE GRAFITE PASSANDO RAPIDAMENTE SOBRE PAPEL.

LOC: NARRADOR - …para formar imagens, como desenhos infantis. Um girassol, uma cabana, uma nave espacial.

LOC: MARTA - É ELE! Joca! Você está aqui, é você, não é? Eu reconheceria seus traços lindos em qualquer lugar. Oh, Joca!!

LOC: NARRADOR - Marta começou a chorar ao reconhecer os desenhos de João Carlos nas páginas do caderno, mas logo as imagens começaram a se transformar em linhas tortas e grotescas. Uma bola de futebol, uma boca, uma cama, um colar com pingente em formato de cruz.

LOC: MARTA - O que é isso? Não estou entendendo o que você quer dizer, querido.

LOC: NARRADOR - As páginas passaram correndo até o final do caderno, onde rabiscos começaram a riscar as páginas inteiras freneticamente. Marta ficou ainda mais assustada do que já estava, enquanto Fátima abriu um sorriso, encarando a outra por cima da mesa.

LOC: MARTA - O que está acontecendo? Pare! PARE.

LOC: NARRADOR - Marta tentou fechar o caderno, mas recebeu um forte tapa de Fátima.

LOC: FÁTIMA - NÃO INTERROMPA!

169

LOC: MARTA - Então mande isso parar!!

LOC: FÁTIMA - Você o chamou Marta. Foi você quem pediu isso. Eu não chamei você aqui. Ele não chamou você aqui. Foi tudo você.

LOC: MARTA - Certo. Você está certa. Isso foi definitivamente um erro. Faça isso tudo parar. Isso não é o Joca, é apenas uma ilusão, uma piada.

LOC: NARRADOR - Fátima, com um sorriso no rosto, aponta para o novo desenho que se formava no caderno.

LOC: FÁTIMA Isso parece uma ilusão para você, Marta?

LOC: NARRADOR - Marta olhou para baixo e viu um desenho se formando rapidamente na página em branco. Ela demorou alguns segundos para compreender o que via, mas quando viu sentiu todo o sangue esvair de seu rosto, que ficou completamente branco.

LOC: MARTA - BASTA! Pare agora com isso!

LOC: NARRADOR - Marta pegou o caderno e o jogou longe, onde o chão ainda estava molhado da água que elas usaram para apagar o fogo minutos atrás. Ela, então, começa a se levantar para ir embora

LOC: MARTA - Eu realmente não sei o que vim fazer aqui. Foi um erro. Ele se foi e nada vai trazê lo de volta. Eu sei disso, é que…

LOC: FÁTIMA - SENTE-SE MULHER.

LOC: NARRADOR - Surpresa, Marta voltou a se sentar onde estava. Seus olhos se arregalaram de susto e medo. O rosto de Fátima parecia alterado, assim como sua voz. Parecia que todo o ambiente mudou no ato do grito da mulher. As velas que iluminavam o lugar, se apagaram, deixando as duas no completo breu, até que um vento muito forte…

170

TEC: SOM DE VENTO FORTE.

TEC: SOM DE JANELAS BATENDO.

TEC: SOM DE CORTINAS VOANDO COM O VENTO.

LOC: NARRADOR - …abriu as janelas e ascortinas, iluminando o rosto das mulheres. Foi aí que Marta viu que, onde antes estava o rosto analista de Fátima, agora se encontrava uma expressão que ela nunca tinha visto antes. Ainda era Fátima, mas ao mesmo tempo era outra coisa. Uma versão feia, grosseira e grotesca do rosto de Fátima. Os olhos, quase pretos, olhavam para Marta, que abria a boca, horrorizada, sem conseguir gritar.

LOC: MARTA - O que…?! Mas… FÁTIMA!! Não!! O que... Por que está me olhando assim?

LOC: NARRADOR Fátima, ou o que quer que estivesse naquele lugar, abriu o sorriso mais feio e horroroso que já se viu, debochando do medo de Marta. Daquela boca saiu uma risada que congelaria todos os nervos e ossos que o escutassem.

LOC: FÁTIMA - HA HA HA HA HA HA HA.

LOC: MARTA - PARE COM ISSO! O QUE ESTÁ FAZENDO? QUEM... O QUE É VOCÊ? MULHER ENDEMONIADA!!! EU VOU EMBORA DAQUI.

LOC: NARRADOR - Novamente, Marta se levantou para sair e novamente uma voz diferente, saindo de Fátima, a fez se sentar.

LOC: FÁTIMA (JOCA) - Olá, mamãe.

LOC: MARTA - João Carlos? Meu filho?? JOCA?? É.. é você mesmo? Meu filho?!

LOC: FÁTIMA (JOCA) - Sim, sou eu. Não estava me chamando? Aqui estou, mamãe.

171

LOC: NARRADOR - O corpo de Fátima tremia da cabeça aos pés e a voz de Joca saia por sua boca, misturada com a voz de Fátima e como se estivesse sendo transmitida por uma estação de rádio com muitas interferências. Era como se a conexão entre os dois estivesse por um fio de ser rompida, mas resistindo para se manter.

LOC: MARTA - Meu filho, ah, meu filho!

LOC: NARRADOR - Marta estava quase completamente fora de si. Os olhos arregalados e chorando enquanto jogava as mãos para o alto e para baixo em um movimento sincronizado. Ela parecia alucinada e tentou chegar perto de Fátima, que a empurrou de volta à cadeira, levantando se pela primeira vez desde que aquela cena havia começado.

LOC: FÁTIMA (JOCA (OU O QUE QUER QUE SEJA AQUILO) - NÃO ENCOSTE NESSE CORPO SUA PUTA IMUNDA. AFASTE ESSAS MÃOS NOJENTAS DE MIM. EU SINTO NOJO DE VOCÊ, NOJO!

LOC: NARRADOR - Aquilo gritava, cuspindo no rosto de Marta, que estava estupefata, quase tentando se encolher na cadeira.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Eu sempre soube que você nunca me deixaria em paz. Mas pensei que uma corda no meu pescoço teria sido suficiente para me afastar de você. Pelo visto não foi. Você queria saber como eu estava, mamãe? Dizem que os suicidas vão para o inferno, não é mesmo? Bom, eu nunca acreditei muito no inferno, mas com certeza aqui não é nenhum paraíso.

LOC: MARTA (COM A VOZ TREMENDO) - Filho, por que está falando assim?

LOC: FÁTIMA/JOCA - POR QUE? Porque quem deveria estar aqui, nesse lugar imundo, podre e malcheiroso, é você, mamãe. Mas quer saber de uma coisa? Eu prefiro mil vezes apodrecer aqui do que passar mais um dia vivendo do teu lado. Se eu pudesse voltar no tempo…

172

LOC: NARRADOR - João Carlos foi se aproximando, usando o corpo de Fátima, até alcançar o pescoço de Marta com as mãos, onde ele começou a apertar lentamente.

LOC: FÁTIMA/JOCA - …eu teria apertado aquela corda no meu pescoço quantas vezes fosse preciso, porque sentir ele roçando minha pele foi menos degradante do que todas as vezes que você me tocou, mamãe.

LOC: NARRADOR - O rosto de Marta, antes pálido, começou a roxear conforme ela ia perdendo o ar. Quando seus olhos começaram a ficar vermelhos, o filho soltou as mãos de seu pescoço e ela sofregou para recuperar o fôlego.

LOC: FÁTIMA/JOCA Era o seu jeito de me amar, você dizia. Porca desgraçada. Esse agora é meu jeito de te amar.

TEC: SOM DE TAPA NO ROSTO.

LOC: NARRADOR O tapa no rosto de Marta foi tão forte que a mulher caiu da cadeira, o que fez João gargalhar. Ele passou uma das pernas por cima do corpo dela, que continuava paralisado no chão, e a olhou de cima.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Engraçado te ver deitada embaixo de mim. Era assim que você me via? Era assim que você se sentia? Sua desgraçada.

TEC: SOM DE CUSPIDA

LOC: NARRADOR - João cuspiu no rosto da mulher com todo o desprezo que sentia.

LOC: MARTA - Joca, pelo amor de Deus…

LOC: FÁTIMA/JOCA - Sabe, eu não tive a oportunidade conhecer esse tal Deus, acho que ele não existe onde eu tô, mas eu tenho certeza que ele ficaria enjoado de ver o nome dele saindo dessa sua boca imunda. Eu sei que eu fico. Mas, falando em Deus, tenho um conhecido do lado de cá que tá muito ansioso para cuidar de você, mamãe.

173

TEC: SOM DE FOGO.

TEC: SOM DE RISADAS DEMONÍACAS E GRITOS DESESPERADOS.

LOC: MARTA - O que é isso?!

LOC: NARRADOR - Desesperada, Marta teve sua primeira reação desde que João aparecera ali. Ela foi rastejando no chão até encostar na parede atrás de onde tinha caído. Um cheiro horrível de carne apodrecida exalava no lugar.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Gostou do aroma? Das músicas? É assim que eu vivo agora, mamãe, graças a você. Mas o cheiro de podre não me deixa nem um pouco enojado como o do seu suor deixava… Que cena patética, você encolhida nessa parede… Eu não sei se acho graça ou se sinto pena… na verdade, eu só não desejo que você morra agora porque, se eu estiver no inferno, e eu tenho certeza que é pra onde você vai, eu não quero ter que te encontrar lá.

TEC: SOM DE CHORO.

LOC: FÁTIMA/JOCA - PARE DE CHORAR. NÃO ADIANTA! Quantas vezes eu não chorei, implorei para você parar? Para não me tocar? Para não tirar minhas roupas? LÁGRIMAS NUNCA TE IMPEDIRAM, MAMÃE.

LOC: NARRADOR - Cenas distorcidas do passado começam a passar na frente dos olhos de Marta, causadas pela força que emanava dos demônios que se apossavam daquele lugar. Joca, por volta de nove ou dez anos, chorava, enquanto Marta passava a mão em sua perna.

TEC: CHORO DE CRIANÇA.

LOC: NARRADOR - João, no corpo de Fátima, ajoelhou se na frente de Marta, pegou suas mãos com violência e apertou contra os peitos.

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LOC: FÁTIMA/JOCA - Ainda te dá tesão pegar no meu corpo? Ou esse corpo é muito envelhecido para você? Tem muitas rugas para você? Acho que você prefere alguém mais novo, não é? Eu não te excito mais, mamãe?

LOC: MARTA (CHORANDO, EXAUSTA) - Pare, por favor, pare.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Você quem me chamou aqui, mamãe. Eu não vou a lugar algum. Mas você pode ir, se quiser.

LOC: NARRADOR - João pegou um pedaço grande do vidro da janela quebrada que estava no chão, levantou-se e colocou sobre a mesa, onde antesasmulheres estavam reunidas. O caderno ainda estava ali, aberto com aquele desenho grotesco exposto. Foi em cima dele que o vidro ficou pousado.

LOC: NARRADOR Marta acompanhou todos os movimentos com os olhos, como se estivesse hipnotizada, e lentamente começou a se levantar. Seus olhos viam sem parar a lembrança de entrar no quarto do filho, procurando carinho, e encontrá lo pendurado pelo pescoço, numa corda presa a um ventilador de teto que ele havia instalado pouco tempo atrás. Seu grito de desespero ainda ecoava…

GRITANDO (BG).

LOC: NARRADOR - … ainda ali. Ela achava que iria enlouquecer com a imagem do filho pendurado. Todos a consolavam, dizendo quão boa mãe ela havia sido e que aquilo não era culpa dela. Ela acreditava. Para ela, não havia dado nada além de amor para o filho.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Você nunca chorou por ter perdido um filho. Você chorou por ter perdido seu brinquedinho. Por não ter mais alguém para usar. Sua mente é tão doentia, que você realmente acredita que isso era amor… Os meus colegas tinham medo de monstros e filmes de terror durante a infância. De monstros atrás do armário

175
TEC: SOM DE OBJETO SENDO COLOCADO SOBRE PAPEL. TEC: SOM DE MULHER

ou embaixo da cama. O meu monstro era real. E me buscava na escola. Me levava nas festinhas. Quer saber, mamãe? Você foi o pior monstro de filme de terror de todos.

LOC: NARRADOR - Ainda atônita, Marta chega à mesa e pega aquele pedaço de vidro. Ela olha para o rosto de Fátima e vê o filho, com a cabeça torta, caída, pendurada. Finalmente, ela encosta o vidro no pulso, onde sua veia pulsava, parecendo querer fugir ou pedir socorro antes da perfuração.

LOC: FÁTIMA/JOCA - E aqui, de novo, alguma pessoa normal faria isso por remorso, mas eu acho que você não é humana o suficiente para sentir isso. Você vai fazer isso porque acha que vai poder me encontrar aqui onde eu estou. Acredite, mamãe, nem os demônios que me torturam querem lidar com você. O lugar que te espera é muito pior do que o que me encontrou. Tem um lugar especial no inferno para monstros como você.

LOC: NARRADOR - Quando o vidro começou a rasgar a pele do pulso, Marta viu seu sangue escorrer, quente, assim como suas lágrimas. Sentiu se sufocada e percebeu que estava cercada de criaturas horrendas, sem rosto e com correntes pesadas atrás de si. Elas sorriam ao vir buscá la.

LOC: FÁTIMA/JOCA - Vai pro inferno.

LOC: NARRADOR - O corpo de Marta caiu no chão, onde antes estivera sob o corpo de Fátima, tomado pelo filho, e o pulso, aberto e pulsante jazia sobre o desenho de uma criança chorando sobre a cama, com uma mulher nua sobre ele. Abaixo deste, o órgão genital distorcido de uma mulher, com a palavra “PORCA IMUNDA” em caixa alta escrita por cima. Agora, as letras e os desenhos estavam pintados de vermelho escuro.

176

ANEXO D ROTEIRO DO EPISÓDIO “CORRENTES”

CORRENTES

PRODUTORA COSMOS AUDIOSÉRIE

DURAÇÃO: 12 MINUTOS

ROTEIRO: GABRIEL LUCENA

TEC: SOM DE CAMPAINHA.

TEC: SOM DE PORTA SE ABRINDO RANGENDO.

LOC: ANA - E aí, minha nova vizinha, o que está achando da casa? É um luxo, fala sério.

LOC: EMILLY - Eu acho que “luxo” é uma palavra muito forte para uma casa com as portas rangendo, Ana. Mas estou me acomodando. Entre. Não repara na bagunça, eu ainda estou desempacotando minhas coisas e conhecendo todo esse “luxo”.

TEC: SOM DE PORTA SE FECHANDO.

TEC: SOM DE PASSOS ECOANDO.

TEC: SOM DE VENTO (BG).

LOC: EMILLY - Eu sei que você me arrumou esse lugar, e eu realmente não quero soar ingrata, nem nada. Mas pelas fotos ele parecia bem mais… “arrumadinho”. Tá que não dava pra ouvir os ecos, nem as portas rangendo, nem esse vento que faz um barulho horroroso pelas fotos. Mas ainda assim… Você podia ter me preparado melhor.

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LOC: ANA - Para! Vai dizer que está com medo da casa? Ha ha ha. Isso aqui não é um filme de terror, Emilly. Não tem mortos escondidos no porão, nem histórias horríveis de assassinato de uma família inteira no quarto do casal. Pelo menos eu acho que não.

LOC: EMILLY - Isso não tem a mínima graça. Anda, pega aquela caixa ali e me ajuda a subir pro quarto.

LOC: ANA - Você vai se vingar de mim fazendo eu carregar peso, é isso mesmo?

TEC: SOM DE CAIXAS PESADAS SENDO PEGADAS.

TEC: SOM DE PASSOS ARRASTADOS.

TEC: SOM DE PASSOS NA ESCADA.

TEC: SOM DE MULHERES ARQUEJANDO.

TEC: SOM DE PORTA SE ABRINDO RANGENDO.

LOC: EMILLY - Aqui, pode deixar aqui. Eu vou usar esse quarto mesmo.

LOC: ANA - Justo esse, Em? Tem tantos quartos nessa casa… tem certeza?

LOC: EMILLY - Qual o problema com este quarto? Ana…

LOC: ANA - Ué… problema nenhum! Quer dizer… ãhn… que guarda roupa é esse? Não me diga que isso já estava aqui antes.

LOC: EMILLY - Já sim, aliás ele é horrível. Eu tentei mover para tirá-lo mas não consegui. Não sei se é pesado demais, ou se está grudado no chão de tão velho… mas, no fim, pode até ser útil por enquanto. Ele está caindo aos pedaços, mas enquanto eu não compro um novo, posso usar para guardar algumas coisas. Só espero que não tenha insetos.

178

LOC: ANA - Em, tira esse negócio daqui. Sério.

LOC: EMILLY - Ana, o que você está me escondendo? O que tem esse guarda roupa? Esse quarto? Fala logo!

LOC: ANA - Não é nada demais Em, sério. Tá legal, eu vou te contar, não fica brava comigo, tá?! É que você estava tão desesperada para encontrar um lugar aqui na cidade, sabe? Seu estágio começa amanhã e já estávamos procurando há tanto tempo… Esse era o único lugar disponível com tanta urgência…

LOC: EMILLY - Ana… Você acabou de dizer que não tinha nenhuma história de mortos no porão nem família assassinada aqui. Era mentira né?! Eu sabia, eu estava sentindo.

LOC: ANA - Não era mentira! Quer dizer, não exatamente… não teve nenhuma família assassinada, foi uma pessoa só. E também não teve nenhum morto no porão. Bom… na verdade, foi aqui nesse quarto.

TEC: SOM DE FERRO BATENDO EM MADEIRA.

LOC: ANA - O que foi isso?

LOC: EMILLY - Você também ouviu? Parece que veio de dentro do guarda-roupa.

LOC: ANA - Em, pelo amor de Deus. Não abre isso aí. Liga para algum marceneiro vir tirar isso do seu quarto, sei lá. Mas não mexe nisso.

TEC: SOM DE PASSOS.

LOC: ANA - EM, PARA, NÃO ABRE ISSO.

TEC: SOM DE FERRO ARRASTANDO.

LOC: ANA - EM, NÃO!!

179

TEC: SOM DE PORTA ABRINDO RANGENDO.

TEC: SOM DE MULHER SUSPIRANDO, ASSUSTADA.

LOC: EMILLY - Tá vazio. Olha, não tem nada.

TEC: SOM DE MULHER SUSPIRANDO, ALIVIADA.

LOC: ANA - Ufff. Bom, acho que eu vou nessa, chega de emoção por hoje.

LOC: EMILLY - Emoção? Você realmente achou que teria alguém… alguma coisa dentro desse guarda roupa? Tipo, um fantasma? Um corpo apodrecido? Cai na real, Anne. Você devia ter me contado essas histórias, mas não porque eu ache que vai ter alguma coisa aqui, né? Esse lugar é meio sombrio, mas por ser velho demais, ter coisas rangendo demais, vento demais. Não por ter espíritos aqui. Essas coisas não existem.

LOC: ANA - Sim, sim. Certo. Eu devia ter contado mesmo, mas isso já foi há muito tempo. É que essas coisas me dão arrepios, sabe? Mas enfim, de qualquer forma, eu preciso ir me arrumar. Nosso barzinho ainda está de pé mais tarde, né? Eu vou te apresentar os melhores lugares dessa cidade. Tirar essa impressão ruim, né?

LOC: EMILLY - Ah, eu não sei não. Ainda tem um monte de caixa para eu desembalar. A casa está uma bagunça, e eu estou cansada. Não sei não, Anne.

LOC: ANA - Você sabe sim, nós vamos! Nem inventa, Emi. Mais tarde eu passo aqui pra te buscar. Beijos.

180
TEC: SOM DE PASSOS. TEC: SOM DE PASSOS NA ESCADA. TEC: SOM DE PORTA RANGENDO AO LONGE.

TEC: SOM DE PORTA BATENDO AO LONGE.

LOC: EMILLY - Ai, ai viu. Que bagunça. Sem condição nenhuma de eu sair hoje… olha essa casa, de cabeça para baixo…

TEC: SOM DE CAIXAS ARRASTANDO.

LOC: EMILLY - Será que eu tiro mesmo esse guarda-roupas daqui? Ele realmente é bem estranho…

TEC: SOM DE FERRO BATENDO EM MADEIRA.

LOC: EMILLY - De novo esse barulho…

TEC: SOM DE PASSOS.

LOC: EMILLY Tem alguma coisa aí?

TEC: SOM DE BATIDA EM MADEIRA, MAIS FORTE.

TEC: SOM DE MÓVEL TREMENDO NO CHÃO.

TEC: SOM DE PORTA RANGENDO DE SUPETÃO

TEC: SOM DE INSETO CORRENDO.

LOC: EMILLY - AH! Meu Deus… Era só um inseto… nossa. Acho que fiquei impressionada com a história da Anne… Meu Deus, meu coração está saindo pela boca, que boba ha ha ha.

TEC: SOM DE CAMA DE MOLAS RANGENDO.

LOC: EMILLY - Acho que preciso me deitar um pouco… estou cansada demais, parece que o quarto está rodando…

181

TEC: ECOS, SONS DISTORCIDOS.

LOC: EMILLY (VOZ DISTANTE) - Talvez eu deva fechar os olhos um pouco…

TEC: SOM DE TIC-TAC DE RELÓGIO.

TEC: SOM DE VENTO (PASSAGEM DE TEMPO).

TEC: SOM DE VOZES ININTELIGÍVEIS AO LONGE.

TEC: SOM DE CHORO DE CRIANÇA.

TEC: TRILHA SOMBRIA E DESFOCADA, COM ECOS. (BG)

LOC: LUCAS - Não, mamãe, por favor, não!!

LOC: VÂNIA SILÊNCIO, GAROTO! Jesus vai curar você, em nome do sangue do Cordeiro! Eu acredito! Ele vai limpar o seu espírito sujo de toda essa imundice que o mundo impõe. EM NOME DO SANGUE DO CORDEIRO!

LOC: LUCAS - Tá me machucando, mamãe!

LOC: VÂNIA - E você acha que não machuca os sentimentos de Deus com esses trejeitos? Usando maquiagem como uma mulher, uma meretriz! Isso é o demônio se apossando do seu corpo, isso sim deve machucar. Mas eu vou salvar a sua alma meu filho!

LOC: LUCAS - Eu só estava brincando mamãe. Era só uma brincadeira. Eu juro. Me desculpa!! AAAHHH!

LOC: SOM DE CORPO BATENDO NO CHÃO.

LOC: SONS DE CINTADA. (BG)

182

LOC: VÂNIA - SAIA DEMÔNIO! LIBERTE O CORPO DO FILHO DE DEUS! SAIA. SAIA!!!

LOC: SOM DE CRIANÇA CHORANDO DE DOR.

LOC: VÂNIA - SE NÃO SAIR POR BEM, VAI FICAR PRESO NO ARMÁRIO ATÉ LIBERTAR O MENINO, DEMÔNIO IMUNDO!

LOC: LUCAS - MAMÃE ME DESCULPE! SOU EU, SOU EU! O LUCAS, SOU EU! EU JURO QUE NÃO FAÇO DE NOVO.

LOC: VÂNIA SILÊNCIO DEMÔNIO! NÃO TENTE ME ENGANAR! SUAS PALAVRAS NÃO LUDIBRIAM UM OUVIDO PROTEGIDO POR DEUS! CALE SE.

TEC: SOM DE CORPO SENDO ARRASTADO NO CHÃO.

TEC: SOM DE PORTA SE ABRINDO.

TEC: SOM DE CORPO SENDO JOGADO E BATENDO EM MADEIRA.

LOC: VÂNIA - Vai ficar aqui sem comer ou beber até purificar o corpo com o jejum!

TEC: SOM DE CORRENTES SENDO ARRASTADAS.

LOC: LUCAS - MAMÃE, NÃO! ESSAS CORRENTES MACHUCAM!

LOC: VÂNIA - Eu preciso garantir que as mãos pecadoras não cometam mais nenhuma blasfêmia! Deve ficar preso para não se tentar! As forças malignas são fortes demais. DEMAIS.

TEC: SOM DE CADEADO FECHANDO.

LOC: LUCAS (JÁ CANSADO DE TANTO CHORAR E PEDIR) - Mamãe, por favor…

183

LOC: VÂNIA - E nem adianta gritar, pois Deus não ouve a voz do Imundo! E NEM EU!

TEC: SOM DE TIC-TAC DE RELÓGIO ACELERANDO (BG).

TEC: SOM DE BATIDA FORTE DE PORTA.

LOC: LUCAS - SOCORROOOOOOO!!

TEC: SOM DE DESPERTADOR (BG)

LOC: EMILLY (ACORDANDO ASSUSTADA; MISTURANDO-SE COM A VOZ DE LUCAS) AAAHHHHH!

TEC: SOM DE BOTÃO APERTADO. DESLIGANDO DESPERTADOR.

LOC: EMILLY - Meu Deus, que pesadelo horrível!

TEC: SOM DE BATIDA NA PORTA DO GUARDA-ROUPA.

LOC: EMILLY - AHH! (grito de susto). Meu Deus… Calma, deve ser outro inseto.

TEC: SOM DE DUAS BATIDAS NA PORTA DO GUARDA-ROUPA.

LOC: EMILLY (NERVOSA) - TÁ LEGAL!! CALMA!! É SÓ UM INSETO. Eu vou matar e isso vai parar.

TEC: SOM DE CAMA RANGENDO, EMILLY LEVANTANDO.

TEC: SOM DE PASSOS LENTOS, HESITANTES.

TEC: SOM DE TRÊS BATIDAS NA PORTA DO GUARDA-ROUPA.

LOC: EMILLY (NERVOSA) - É só um inseto… um inseto bem grande, forte e insistente…

184

LOC: LUCAS (SUSSURRANDO, CHORANDO) (BG) - Mamãeeee…

LOC: EMILLY - O que é isso? Parece uma voz…

LOC: LUCAS (UM POUCO MAIS ALTO, CHORANDO) - Você está me machucando mamãe…

TEC: SOM DE VENTO. AS PASSADAS PARAM.

LOC: EMILLY - O que…?

LOC: LUCAS (GRITANDO) NÃO FAÇA ISSO MAMÃE.

TEC: SOM DE PORTA SENDO ESCANCARADA.

TEC: SOM DE VENTO FORTE.

TEC: SOM DE PESSOA CAINDO.

LOC: EMILLY - AI! QUEM É VOCÊ?

LOC: LUCAS (VOZ VIBRANDO) - Você me prendeu aqui há tempo tempo que já não me reconhece mamãe? Você me machucou, mamãe!

LOC: EMILLY - EU NÃO SOU A SUA MÃE!! VÁ EMBORA, ME DEIXE EM PAZ. O QUE É ISSO PINGANDO EMBAIXO DE VOCÊ?

TEC: SOM DE PINGOS NO CHÃO (BG)

LOC: LUCAS - Não sente o cheiro, mamãe? É o meu sangue pingando. O sangue que você causou. Olhe minhas mãos. Olhe meus pulsos. Essas correntes apertaram tanto que agora eu vivo em carne viva. Ou morta. Mas você me preferiu morto, do que vivo como eu era, não é, mamãe?

185

LOC: EMILLY (CHORANDO) - Eu não sou a sua mãe, por favor! Me deixe em paz! Socorro. SOCORRO.

TEC: SOM DE CORRENTES ARRASTANDO NO CHÃO, SE APROXIMANDO.

LOC: LUCAS - Se tem algo que eu aprendi com você me prendendo aqui por tanto tempo, é que não importa o quanto você grite por socorro, mamãe. (sussurrando) Ele nunca vem.

TEC: SOM DE CORRENTE SE APROXIMANDO.

LOC: LUCAS Me dá um abraço, mamãe. Você não sentiu minha falta?

TEC: SOM DE CORRENTE BATENDO EM PESSOA.

TEC: SOM DE PESSOA APERTANDO A OUTRA.

LOC: EMILLY (ARFANDO) - Me solta… Você está me sufocando… não… consigo… respirar…

TEC: SOM DE BATIDAS DO CORAÇÃO SE ACELERANDO.

LOC: LUCAS - Está ouvindo, mamãe? Finalmente eu consigo sentirvocê me amando. Olhe, seu coração está batendo por mim. Me ame, mamãe. (SUSSURANDO) Me ame.

LOC: EMILLY (ARFANDO) - So… co…rro.

TEC: SOM DE BATIDAS DO CORAÇÃO MUITO RÁPIDA.

TEC: SOM DE RESPIRAÇÃO FRAQUEJANDO.

TEC: SOM DE CORAÇÃO PARANDO.

LOC: LUCAS (SUSSURRANDO) - Me ame, mamãe.

186

TEC: SOM DE UMA ÚLTIMA INSPIRAÇÃO PROFUNDA.

TEC: SOM DA ÚLTIMA BATIDA DE CORAÇÃO.

TEC: SOM DE CORRENTES CAINDO NO CHÃO.

TEC: SILÊNCIO.

187

ANEXO E ROTEIRO DO EPISÓDIO “FELIZES PARA SEMPRE”

FELIZES PARA SEMPRE

PRODUTORA COSMOS

AUDIOSÉRIE

DURAÇÃO: 12 MINUTOS

ROTEIRO: GABRIEL LUCENA

TEC: SOM DE MULHER CHORANDO.

LOC: BRUNA - Chora amiga, pode chorar. Bota tudo “pra” fora… Você sabe que ele não te merecia né?... Mas, aproveita esses dias pra sentir tudo isso e depois bola “pra” frente!

LOC: CATARINA (CHORANDO) - Eu sei, eu sei. Mas ele era o amor da minha vida, Bruna! Eu não sei como vou fazer para viver sem ele.

LOC: BRUNA - Ei! Pode parar com esse papo. Você não precisa de macho nenhum “pra” viver sua vida, não. Que conversa é essa?

LOC: CATARINA - Você entendeu! Eu posso até não precisar, mas eu quero, amiga! Não quero ficar sem ele, não sei mais viver sem ele. O que eu faço?

LOC: BRUNA - Você sabe que eu não gosto de te ver assim, né?! Olha, eu conheço uma amiga que vai numa cartomante lá no centro, ela diz que tem aqueles truques de “trago seu amor de volta em não sei quantos dias”, sabe? Eu não acredito muito nessas coisas, e nem acho que você precise! Olha pra você, Cat! Uma mulher maravilhosa. Nem combina ficar chorando por causa daquele bundão. Ele é meu irmão e eu amava ser cunhada da minha melhor amiga, mas justamente por isso eu digo que você merece coisa melhor. A gente devia era ir naquele barzinho novo que inaugurou perto do trabalho, encher a cara e arrumar uns gatinhos. “Cê” vai ver que vai esquecer dele rapidinho.

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TEC: SOM DE ASSOAR O NARIZ.

LOC: CATARINA - E você acha que daria certo? Que funciona mesmo?

LOC: BRUNA - Claro! Não existe nada que uma noitada com as amigas e uns drinks não resolva!

LOC: CATARINA - Ãhn? Não, não. A cartomante. Você acha que ela consegue mesmo trazer a pessoa de volta?

LOC: BRUNA - Você focou na parte errada da conversa. Eu sei lá dessa cartomante. Essas coisas são tudo enganação.

LOC: CATARINA - Você tem o contato dela? Me passa, Bruna.

LOC: BRUNA - Cat, é sério?

LOC: CATARINA - Anda, me passa!

LOC: BRUNA - Meu deus, você deve estar ficando doida… mas vou pedir o contato dela pra minha amiga… cada uma viu…

LOC: NARRADOR - Catarina havia visto seu noivado de cinco anos acabar depois de uma briga por ciúmes. Ela sempre havia sido bem ciumenta, mas percebeu que havia extrapolado dessa última vez, quando viu o noivo arrumando as coisas e indo embora de casa. Isso acontecera já fazia pouco mais de um mês quando ela percebeu que era definitivo, pois ele não respondia mais suas mensagens e sua ex sogra, que sempre a tratara tão bem, a aconselhara a parar de procurar pelo rapaz. Ela estava relendo as últimas mensagens de desculpas que havia mandado pelo celular, quando, dias depois, chegou à porta da cartomante que sua amiga, irmã de seu ex-noivo, Bruna, lhe passara o contato.

TEC: SOM DE CAMPAINHA.

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LOC: NARRADOR - Um gato preto apareceu do meio dos arbustos e assustou Catarina, que já estava nervosa.

TEC: MIADO DE GATO.

LOC: CATARINA - Shh, sai gato!

TEC: SOM DE FECHADURA.

TEC: SOM DE PORTA SE ABRINDO.

LOC: SULIS Olá. Entre, eu sou Sulis. Já estava à sua espera.

TEC: SOM DE PASSOS.

LOC: CATARINA - Obrigada. Com licença.

LOC: NARRADOR - Catarina entra na casa da mulher e se arrepia ao passar ao seu lado. Mas pensa que, para ter de volta o amor de seu noivo, ela faria qualquer coisa, até entrar naquele lugar estranho. A casa estava cheia de incensos que encobriram o mal cheiro, provavelmente dos inúmeros gatos que moravam ali. O ambiente parecia improvisado. Tinha roupas jogadas a todos os lados, como se ela tivesse acabado de se trocar para atender a porta. Louças sujas sobre os armários e tocos de velas apagadas. A mulher parecia uma charlatona, assim como Bruna havia lhe avisado.

LOC: SULIS - Sente se.

TEC: SOM DE CADEIRA ARRASTANDO.

LOC: NARRADOR - Catarina se sentou numa cadeira à frente de Sulis. A médium tentava fazer uma cara etérea para demonstrar seriedade.

LOC: SULIS - Bom, e o que te trás aqui, na madame Sulis, meu bem?

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LOC: CATARINA - Érr… Como eu tinha te dito, “madame Sulis”, eu peguei seu contato com uma amiga. Ela me disse que você tinha alguma simpatia para trazer a pessoa amada, ou algo assim.

LOC: NARRADOR - Catarina estava bem apreensiva. Se aquela mulher era uma vidente, com certeza não era das boas. Não só porque, se ela previa alguma coisa, então já deveria sentir o motivo de sua presença ali, mas, pombas, ela havia falado o motivo por telefone!

LOC: SULIS - Sim, sim… um rapaz, eu vejo… eram noivos, certo?

LOC: CATARINA Sim… eu tinha te dito por mensagem, lembra?

LOC: SULIS - Claro, claro… Você está disposta a trazê lo de volta, a qualquer custo?

LOC: CATARINA - Sim, é só me dizer o valor que eu já te transfi…

TEC: SOM DE ZÍPER.

LOC: NARRADOR - Catarina ia mexendo na bolsa para pegar o celular e fazer a transferência bancária para Sulis.

LOC: SULIS - NÃO! Não é esse tipo de custo a qual me refiro. São os custos da alma! Pois quem se atreve a mexer com o destino prescrito, deve sofrer as consequências Tenho dito e avisado!

LOC: NARRADOR - Por um breve momento Catarina sentiu se impactada pelas palavras de Sulis, mas, em seguida, quase caiu na risada. Aquela mulher parecia cada vez mais louca. Definitivamente não parecia alguém que poderia mexer “com o destino prescrito” e muito menos custear a alma de alguém.

LOC: CATARINA - Aham. Eu vou arriscar, sim.

TEC: SOM DE CADEIRA ARRASTANDO.

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LOC: NARRADOR - Sulis se levantou da cadeira lentamente e foi até a cômoda ao lado, onde retirou algo que parecia um boneco de criança. Em seguida, caminhou até o outro lado e lá pegou algumas agulhas. Voltando para a mesa, ela sentou se e Catarina pôde ver que aquele boneco de criança era, na verdade, uma pequena estátua, como se fosse a imagem de algum santo.

TEC: SOM DE OBJETO POSTO SOBRE UMA MESA.

LOC: NARRADOR - Porém, aquilo era o oposto de um santo. O boneco era a coisa mais horrenda que a menina já tinha visto na vida. Parecia a imagem saída de alguma igreja satânica. Ele não possuía rosto, apenasuma cabeça vazia, coberta pela sombra feita por um véu preto que o cobria até os pés. O véu era velho, carcomido e parecia ter sido desenterrado de algum túmulo muito antigo. Olhando pra ele, ela sentiu se arrepiar inteira pela segunda vez desde que chegara ali.

TEC: SOM DE VENTO.

LOC: EPAMINONDAS (SUSSURRANDO) - Epaminondas.

LOC: CATARINA - Epaminondas?

LOC: SULIS - Sim, esse é o Epaminondas. Ele é o segredo e a solução para todos os seus problemas. Ele é a resposta obscura para qualquer pergunta. Ele é o poder que você precisa ter para conquistar qualquer coisa.

LOC: CATARINA - Como? O que é isso? Ele falou comigo…?

TEC: SOM DE RISADA SOMBRIA SUSSURRANDO.

LOC: SULIS - Perguntas, perguntas… inútil, minha cara. O que você deveria se perguntar é: está mesmo disposta? Você disse que sim, mas, se for reconsiderar, esse é o momento. A partir daqui, entramos em um caminho sem retorno.

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LOC: NARRADOR - Como se para confirmar a sobriedade das palavras de Sulis, uma tempestade começou a cair do lado de fora.

TEC: SOM DE CHUVA.

TEC: SOM DE TROVÃO.

LOC: NARRADOR - As chamas das velas tremeram ao vento gelado e, pela terceira vez naquela noite, Catarina se arrepiou. Como que hipnotizada pelo boneco, ela assentiu com a cabeça, concordando que estava, sim, disposta.

LOC: SULIS Preciso de sua confirmação, primeiro com palavras, minha cara.

LOC: EPAMINONDAS (SUSSURRANDO) - Palavras…

LOC: CATARINA - Sim. Eu estou disposta.

TEC: SOM DE TROVÃO.

LOC: SULIS - Bem… muito bem... Agora, me dê a sua mão.

LOC: NARRADOR - Catarina, ainda hipnotizada, estendeu a mão, que Sulis tomou rapidamente. A menina mal piscava até sentir uma faca abrindo um corte na palma de sua mão.

LOC: CATARINA - AI!

LOC: SULIS - Um pacto de sangue sela o acordo mais sagrado… ou mais profano.

LOC: EPAMINONDAS (SUSSURRANDO) - Sangue…

LOC: NARRADOR - A mulher virou a mão ensanguentada da menina para baixo e a depositou sobre o boneco, que se manchou de vermelho.

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TEC: SOM DE RISADA SOMBRIA SUSSURRANDO.

TEC: SOM DE TROVÃO (BG).

LOC: SULIS - Peça o que seu coração deseja, minha cara. Ande, diga.

LOC: CATARINA - Eu… eu quero meu noivo de volta! Ele tem que ser meu, só meu. De qualquer jeito, de qualquer forma, quero ele de volta para mim. Se não for meu, não deve ser de mais ninguém.

TEC: SOM DE VENTO FORTE.

TEC: SOM DE JANELAS BATENDO NAS PAREDES.

LOC: NARRADOR - O vento pareceu se curvar ao pedido de Catarina, e o pacto selado com sangue estabeleceu se entre mulher e natureza. Ela poderia jurar que viu o boneco, que nem possuía um rosto, sorrir com suas palavras

LOC: SULIS (FALANDO BEM ALTO)“Jesus pois lhes disse: Na verdade, vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.”

TEC: SOM DE TROVÃO.

TEC: SOM DE RISADA SOMBRIA.

LOC: NARRADOR - Tudo parecia desfocado aos olhos de Catarina, que começou a sentir-se zonza. Era como se todo o quarto girasse na velocidade do vento. Ela sentiase dançando num ritmo desordenado e fora de órbita ou tom. Como se os seus sentidos fizessem os movimentos, mas seu corpo continuasse parado. Um cheio forte e acre tomou conta de sua narina e a cor de sangue tomou conta de sua visão. Seu

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corpo perdeu a sensibilidade e logo parecia que estava flutuando. Sua audição tornouse turva, como se estivesse embaixo d’água e sua boca sentiu um gosto amargo.

TEC: SOM DE VENTO FORTE.

TEC: SOM DE CHUVA.

LOC: CATARINA (ZONZA) - O que está acontecendo…?

LOC: NARRADOR - Numa fração de segundo, o que já estava confuso foi piorando, e logo parecia que o ambiente inteiro tinha se transformado em um pandemônio de fogo e vultos horrendos. Vozes indistintas sussurravam coisas que ela não conseguia entender.

TEC: SOM DE SUSSURROS INTANGÍVEIS.

LOC: NARRADOR Catarina, então, sentiu o corte de sua mão arder, e viu que o sangue escorria sem parar, como se fosse sugado por aquele boneco. Logo, sentiu que ia desmaiar. A última coisa que ouviu, antes de perder os sentidos, foi a voz de Sulis.

LOC: SULIS (SUSSURRANDO): “Portanto, qualquer um que comer este pão, ou beber o cálix do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.”

TEC: AUSÊNCIA DE SOM. SILÊNCIO DE 3 SEGUNDOS.

LOC: NARRADOR - Catarina acordou em sua cama. A luz do sol escapava pelas frestas da cortina. Ela olhou para o relógio e se assustou. Já passava do meio-dia.

LOC: CATARINA - Nossa, que sonho bizarro. Parecia tudo tão real… me deixou tão cansada que olha a hora que acordei!

TEC: SOM DE LENÇÓIS SENDO JOGADOS.

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LOC: CATARINA - E agora estou falando sozinha. Devo estar ficando louca…

LOC: NARRADOR - Catarina se levantou e foi até o banheiro lavar o rosto e fazer sua rotina matinal. Ela, então, foi até a sala e ligou a televisão para ver o noticiário enquanto se perguntava se preparava um café ou se já pulava direto para o almoço.

TEC: SOM DE TELEVISÃO LIGANDO.

TEC: SOM DE CANAIS MUDANDO.

LOC: NARRADOR - Resolveu-se pelo café, afinal estava com o estômago um pouco revirado. Provavelmente ainda abalada pelo sonho estranho.

TEC: SOM DE FOGÃO ACENDENDO.

TEC: SOM DE PANELA SENDO POSTA NO FOGÃO.

TEC: SOM DE ÁGUA FERVENDO.

TEC: SONS DE CAFÉ SENDO PREPARADO.

LOC: NARRADOR - Na televisão, o noticiário volta do intervalo comercial com uma repórter ao vivo, no meio de um tumulto em uma rodovia da cidade. Catarina pára para ouvir o acontecido, enquanto toma seu café.

LOC: REPÓRTER - E agora uma notícia trágica. Há instantes, um acidente de carro deixa casal gravemente ferido na Rodovia Principal. O carro vinha dentro do limite de velocidade, quando foi atingido por um caminhão, que, aparentemente vinha em contramão. Testemunhas dizem que “parece que ele surgiu do nada”. Os dois foram levados para o Hospital Municipal.

LOC: CATARINA - Meu Deus, que horror… Só tem louco no trânsito hoje em dia…

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LOC: REPÓRTER - Acabamos de receber informações dos bombeiros. Aparentemente a moça não resistiu antes de chegar ao hospital. Ainda não foi identificada. O rapaz encontra se em estado grave, mas já deu entrada no pronto socorro. A vítima foi identificada como Roberto Garcia, e está em cirurgia neste exato momento.

TEC: SOM DE VIDRO QUEBRANDO.

LOC: NARRADOR - Em choque, Catarina deixa a xícara cair e quebra se no chão. Roberto Garcia era o nome de seu noivo.

LOC: EPAMINONDAS (SUSSURANDO) “Se não for meu, não deve ser de mais ninguém”.

TEC: SOM DE MULHER GRITANDO.

LOC: NARRADOR Desesperada, Catarina ligou para a amiga Bruna, querendo saber mais detalhes do que acontecera. Como ela era irmã de Roberto, com certeza teria notícias mais concretas.

TEC: SOM DE CHAMADA DE TELEFONE.

LOC: BRUNA (COM VOZ CHOROSA) - Alô?!

LOC: CATARINA - Alô, Bruna? Pelo amor de Deus, Bruna! O que aconteceu? Eu acabei de ver no jornal! Cadê o Roberto?! Como ele está?

LOC: BRUNA - Ah, Cat! Eu já ia te ligar para avisar. Foi tudo tão corrido, acabamos de chegar ao hospital. Cat, ele não tá nada bem. (CHORANDO)

LOC: CATARINA - Qual hospital vocês estão? Eu tô indo pra aí agora!

LOC: BRUNA - Cat, eu não sei se você deveria vir, eles só estão permitindo a família aqui por enquanto…

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LOC: CATARINA - Mas eu sou praticamente da família! Somos amigas desde crianças, sua mãe sempre me tratou como filha. Além disso eu sou noiva dele há 5 anos, porra!

LOC: BRUNA - Cat, vocês não eram mais noivos, você sabe disso… E outra... ah, deixa pra lá.

LOC: CATARINA - Fala Bruna, termina o que ia dizer.

TEC: SILÊNCIO.

LOC: CATARINA Bruna… quem era aquela mulher no carro junto com ele?

LOC: BRUNA - Ah Cat… Eu ia te contar! Eu sei que devia ter contado, mas ele me pediu…

LOC: CATARINA Eu não acredito…

LOC: BRUNA - Eu ia te falar, eu juro! Ele só pediu um tempo, você sabe, você sempre foi meio ciumenta… Ele tinha medo de que você fosse surtar ou algo assim. Porque você meio que não aceitou até hoje que vocês tinham terminado… Eles se conheceram faz algumas semanas e ele tinha trazido ela aqui em casa pra apresentar pra mamãe. E aí aconteceu isso… (CHORANDO)

LOC: CATARINA - Você tem razão. É melhor eu não ir. Pelo visto eu não significo nada pra você mesmo. Muito menos pra ele. Ele não iria querer me ver quando acordar.

LOC: BRUNA - Cat, não fala ass…

TEC: SOM DE LIGAÇÃO DESCONECTADA.

LOC: NARRADOR - Catarina desligou o telefone e jogou-se na cama, chorando o dia inteiro.

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TEC: SOM DE MULHER CHORANDO (BG).

LOC: NARRADOR - Horas se passaram e ela não conseguia fazer nada além de chorar e pensar naquele boneco e em Roberto. “Não vai ser de mais ninguém” ele repetira suas palavras. Aquilo não havia sido um sonho, então?

LOC: CATARINA - Oh meu Deus! O que foi que eu fiz?

TEC: SOM DE MENSAGEM

CHEGANDO NO CELULAR.

LOC: NARRADOR - Como se fosse uma resposta, uma mensagem chegou em seu celular. Era Bruna. De início ela não quis visualizar, ainda estava muito chateada com a amiga que escondera tudo isso dela. Mas algo fez com que ela olhasse, e ao olhar, Catarina sentiu o sangue gelar e seu mundo inteiro sair de foco. “Ele não resistiu” dizia a mensagem.

LOC: CATARINA (GRITANDO DESESPERADA) NÃOOOO!! MEU DEUS, NÃO!!

LOC: NARRADOR - Mais algumas horas se passaram até Catarina conseguir ter algum tipo de reação e levantar de sua cama. Arrasada, ela decidiu que precisava ver Roberto pela última vez e pedir desculpas por tudo. Mas, aquele momento deveria ser apenas entre os dois, então esperou ficar tarde o suficiente para ter certeza de que a mãe e a irmã já não estariam no necrotério. Aquela despedida deveria ser particular.

TEC: SOM DE CARRO EM ALTA VELOCIDADE.

LOC: NARRADOR - Durante todo o caminho até o necrotério, Catarina chorou, rezou e implorou por perdão divino.

LOC: CATARINA (CHORANDO) - É tudo culpa minha. Meu Deus!

TEC: SOM DE CARRO PARANDO.

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LOC: NARRADOR - Quando chegou ao local, tudo estava escuro. Provavelmente já haviam fechado. Ela entrou por uma das portas que ainda não haviam sido lacradas e andou em silêncio, seguindo as placas que indicavam o caminho para onde os corpos recém falecidos estavam.

TEC: SOM DE PORTA PESADA SE ABRINDO.

LOC: NARRADOR - Ao abrir a porta, um frio instalou-se em seu corpo. Uma maca, solitária, estava no meio do cômodo, como se a esperasse. Porém, a maca estava vazia, exceto por um lençol desarrumado sobre ela.

LOC: CATARINA (CHORANDO) Oh não! Cheguei tarde demais.

LOC: ROBERTO - Catarina.

LOC: NARRADOR - Do lado oposto do cômodo, sob as sombras, a voz de Roberto ecoou até a menina, que, com um susto, se virou para ver.

LOC: CATARINA - Ro Roberto?

LOC: NARRADOR - Com um passo lento e arrastado, Roberto foi saindo do meio das sombras em direção à Catarina. A moça, ainda assustada, deu um passo em sua direção, mas estancou ao sentir o mal cheiro que vinha do rapaz.

LOC: ROBERTO - Catarina.

LOC: CATARINA - Eu n não entendo. A sua irmã me disse que…

LOC: NARRADOR - Catarina se calou quando, finalmente, Roberto chegou à luz e se fez ser visto. A imagem era horrenda. Seu cabelo estava raspado pela metade, onde os médicos abriram para tentar desinchar o cérebro. A metade que sobreviveu estava desgrenhada, parecendo palha. Ele usava uma camisola de hospital que, há esse ponto, estava cheia de manchas de sangue seco, escurecendo. Os braços estavam roxos e, em vários pontos, era possível ver vestígios de seus ossos, tão fundo eram

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os ferimentos. Ele mancava, pois um dos pés havia sido amputado, e na parte que ainda restara e era visível por cima do curativo, estava preta, gangrenando. Era possível jurar que estava cheia de moscas e outros insetos comendo a carne apodrecida que estava aberta. Mas, Catarina não pôde olhar tempo suficiente para conferir se os insetos eram reais. Ela estava mais chocada com a visão do rosto à sua frente.

LOC: CATARINA - Oh meu Deus! OH MEU DEUS!

TEC: SOM ESBARRANDO EM ALGO.

TEC: SOM DE RODINHAS DESLIZANDO.

LOC: NARRADOR - Catarina praticamente correu de costas e tropeçou na maca, derrubando o lençol que ainda estava ali. Roberto, ainda naquele ritmo trôpego, foi se aproximando. Ele estendeu a mão e Catarina viu seus dedos inchados e ensanguentados apontar para ela.

LOC: ROBERTO - Catarina.

TEC: GRITO DE MULHER APAVORADA.

LOC: NARRADOR - Ao falar o nome de Catarina, a boca de Roberto se abriu mostrando a língua recortada e ausência quase completa de dentes. Um dos olhos estava enfaixado, mas o olho visível a encarava, o glóbulo tão inchado que parecia saltar de seu rosto. Envolta dos curativos a pele era tão escura que chegava quase ao preto, e no restante do rosto se misturava uma mistura de roxo e vermelho sangue que fez o estômago dela se revirar. Uma das orelhas havia sido arrancada e no lugar, restava apenas um buraco de carne podre, como se os médicos tivessem desistido de tentar tampar todos os ferimentos. Novamente ele disse o nome dela e a língua ficou caída para fora, numa expressão aterrorizante.

LOC: ROBERTO - Catarina.

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LOC: NARRADOR - E então, mais uma vez, Catarina ouviu suas próprias palavras reproduzidas pela voz daquele boneco que tomara seu sangue e cumprira sua promessa.

LOC: EPAMINONDAS“De qualquer jeito, de qualquer forma, quero ele de volta para mim.”

LOC: ROBERTO - Eu voltei por você, Catarina.

LOC: NARRADOR - Horrorizada, Catarina se deu conta do que estava acontecendo. Roberto havia morrido por causa do seu pedido. Roberto voltara do reino dos mortos por causa do seu pedido. Ele estava ali, podre por fora, morto por dentro, apenas a sombra do que fora um dia. E estava chamando por ela.

LOC: CATARINA - O que f foi que eu fiz?

LOC: NARRADOR Com o tempo que ela ficou paralisada, Roberto havia avançado até quase conseguir encostar os dedos estendidos nela. Foi então que ela conseguiu se mover. Correndo, ela atravessou até a parede ao lado, abriu a janela e subiu no parapeito.

LOC: CATARINA - Me perdoe, meu amor. Me perdoe.

TEC: SOM DE CORPO CAINDO AO CHÃO.

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203 ANEXO F ROTEIRO DO EPISÓDIO “O EDIFÍCIO” O EDIFÍCIO PRODUTORA COSMOS AUDIOSÉRIE DURAÇÃO: 12 MINUTOS ROTEIRO: GABRIEL LUCENA LOC: NO DIA 13 DE MAIO DE 2011, NUMA SEXTA-FEIRA, ACONTECEU UMA DAS MAIORES TRAGÉDIAS REGISTRADAS NO PAÍS. UM EDIFÍCIO COMERCIAL DE 25 ANDARES FOI INCENDIADO APÓS UM CURTO CIRCUITO EM UM DE SEUS APARELHOS DE AR CONDICIONADO. QUASE DUZENTAS PESSOAS MORRERAM, E OUTRAS MAIS DE TREZENTAS FICARAM FERIDAS. TEC: SILÊNCIO. 2s LOC: 11 ANOS DEPOIS, O EDIFÍCIO FOI RESTAURADO E ESTÁ PRONTO PARA UMA REINAUGURAÇÃO. TEC: SOM DE FREQUÊNCIA DE RÁDIO. LOC: LUANA - Alô?! Teste. Teste. Acho que não está funcionando, olha aqui pra mim. TEC: SILÊNCIO. 2s LOC: O ÁUDIO QUE SERÁ REPRODUZIDO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO COM A AJUDA DE ESPECIALISTAS DE UMA GRAVAÇÃO EM VÍDEO ENCONTRADA NOS ARQUIVOS POLICIAIS DO DIA 14 DE OUTUBRO DE 2022. AS IMAGENS FORAM CORROMPIDAS DEVIDO AO INCÊNDIO. TEC: SOM DE GRITOS. (BG).

TEC: SOM DE PESSOAS CORRENDO. (BG).

LOC: PEDIMOS QUE PESSOAS SENSÍVEIS NÃO ESCUTEM, POIS PODEM SE SENTIR ABALADAS. INFELIZMENTE, AS PESSOAS RESPONSÁVEIS PELAS GRAVAÇÕES E DONAS DAS VOZES PERMANECEM DESAPARECIDAS ATÉ O DIA DE HOJE.

TEC: SOM DE GRITOS. (BG).

TEC: SOM DE FREQUÊNCIA DE RÁDIO.

LOC: LUANA Ok. Teste. Foi? Dá pra ouvir direito? Hoje é dia 13 de maio de 2022. Eu sou Luana Teixeira e est…

LOC: DIEGO - E Diego Pascoal.

LOC: LUANA Que?

LOC: DIEGO - Você disse que é Luana Teixeira mas não falou meu nome, então eu falei. Eu sou o Diego Pascoal.

LOC: LUANA - É sério isso?! Tá, Tá. Enfim. Hoje é dia 13 de maio de 2022. Eu sou Luana Teixeira e estou com Diego Pascoal. Estamos aqui para registrar um acontecimento histórico. Está para acontecer a reinauguração do antigo edifício Joana, que havia sido incendiado há exatos onze anos. A comemoração acontece amanhã, mas hoje, com exclusividade, iremos conhecer o novo prédio, todo reestruturado e novinho em folha!

LOC: DIEGO - Luana, mas a gente não vai precisar entrar aí não, né? Você não me falou nada disso.

LOC: LUANA (SUSSURRANDO, NÃO QUERENDO TER A VOZ VAZADA NO MICROFONE) - Mas é claro que vamos entrar, idiota. Como você achou que a gente

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ia registrar alguma coisa? Mandando um drone lá em cima? Ou esperando outra pessoa roubar a matéria?

LOC: DIEGO - Você tá maluca? Nunca ouviu falar das histórias que acontecem aí dentro, não? Eu não entro aí nem morto.

LOC: LUANA - Deixa de ser covarde, garoto. Isso é história que a “crentalhada” conta. Ou os proprietários vizinhos para manter o aluguel baixo. Sei lá. Fato é que é só crendice e caô.

LOC: DIEGO - Ai, eu não sei não… e outra… hoje é sexta feira treze, meu. Exatamente igual a data que aconteceu o incêndio daquela vez. Mesmo dia, mesmo mês, mesma sexta treze. É apostar demais na sorte.

LOC: LUANA (SUSSURRANDO, SEM PACIÊNCIA) - Se você não entrar, não vai ganhar aquilo.

LOC: DIEGO - Ah, não! Você tinha prometido Luana.

LOC: LUANA - A promessa era: você iria me ajudar a gravar e aí sim você ia ganhar o combinado. “Pra” gravar, precisamos entrar. Entra e aí sim, aquilo.

LOC: DIEGO - Tá legal, você venceu. Mas depois aquilo!

TEC: SOM DE BOTÃO DE GRAVAÇÃO.

LOC: LUANA - Por aqui, vamos.

TEC: SOM DE PORTÃO SE ABRINDO.

LOC: LUANA - Logo na entrada podemos ver as novas tecnologias que o edifício possui. As catracas eletrônicas só permitem a entrada de pessoas autorizadas pela segurança, e temos câmeras apontadas para todos os lados. Aliás, tirando a nossa, essas serão as únicas câmeras com permissão para gravar qualquer coisa aqui

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dentro. (SUSSURRANDO) Cá entre nós, acho que eles não querem curiosos, vindo aqui atrás de histórias sobre o incêndio que aconteceu.

TEC: SOM DE CATRACA GIRANDO.

LOC: LUANA - Por aqui, vem.

TEC: SOM DE CATRACA GIRANDO DE NOVO.

LOC: DIEGO - Se não é nem permitido gravar eu acho melhor voltarmos daqui mesmo…

LOC: LUANA - Eu vou fingir que não ouvi isso. Continuando…

TEC: SOM DE PORTA BATENDO AO LONGE.

LOC: DIEGO Você ouviu isso?

LOC: LUANA - Foi só o vento, garoto. Fica quieto, você vai estragar a gravação, que saco. Vem por aqui. Isso. (TOSSE, LIMPANDO A GARGANTA) Então, pessoal, aqui temos o novo elevador, muito mais moderno e veloz do que o que tinha aqui antes. Vocês sabem, aquele elevador que foi carbonizado com treze pessoas dentro. Uma tristeza…, mas tenho certeza que esse também é muito mais seguro!

LOC: LUANA - E para provar isso para os nossos espectadores, vamos subir até o topo do prédio usando ele.

TEC: SOM DE INTERFERÊNCIA NA GRAVAÇÃO.

LOC: DIEGO - Nem fodendo, Luana. As pessoas foram carbonizadas aí dentro e você quer entrar? Vamos de escada.

LOC: LUANA - São 25 andares. Eu vou de elevador.

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TEC: SOM DE ELEVADOR ABRINDO A PORTA.

LOC: VOZ MECÂNICA - TÉRREO.

TEC: SOM DE PASSOS.

TEC: SOM DE PORTA DE ELEVADOR FECHANDO.

TEC: MÚSICA JAZZ AMBIENTE TOCANDO. (BG)

LOC: LUANA - Pensando na maior segurança, o novo elevador traz tudo que as novas tecnologias poderiam proporcion…

TEC: SOM DE ELEVADOR PARANDO BRUSCAMENTE.

TEC: A MÚSICA JAZZ PARA DE TOCAR (/BG).

LOC: DIEGO - Mas que porra!

LOC: LUANA - Calma, Diego. Você tá me deixando nervosa, eu hein.

TEC: PORTA DE ELEVADOR ABRINDO.

LOC: VOZ MECÂNICA - Décimo terceiro andar.

LOC: LUANA - Que estranho. Eu poderia jurar que tinha apertado para o último andar…

LOC: DIEGO - E nós paramos justo no treze. Cê sabe que foi aqui que...? Estranho até demais... Vamos embora.

LOC: LUANA – (GRITANDO)Não! (FALANDO NORMALMENTE) Vamos descer aqui. Vem.

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TEC: SOM DE PASSOS.

LOC: DIEGO - Que cheiro é esse aqui? Você está sentindo?

TEC: SOM DE LUZES CAINDO NO QUADRO DE FORÇA.

LOC: DIEGO - Luana?? (GRITANDO) Luana??

LOC: LUANA - Calma, Diego. Eu tô aqui. Para de ser bundão…. (SUSPIRA) Você venceu, vamos embora. Esse filme já tá todo estragado mesmo, e agora no escuro não vai dar pra gravar mais nada.... Pra ser sincera, eu também já perdi o interesse, isso aqui é só um prédio. Tá chato demais.

LOC: DIEGO - Graças a Deus! Então vamos embora. E de escada. O elevador parou.

TEC: SUSSURROS INTANGÍVEIS.

LOC: LUANA - O que você disse? …Diego?

LOC: DIEGO [SUSSURRANDO] - Você também ouviu, não foi?

TEC: GRITOS DESESPERADOS AO LONGE.

LOC: LUANA - Acho que não estamos sozinhos aqui.

LOC: DIEGO - E eu acho que está na hora de corrermos para sair daqui. Me ajuda com esse gravador que eu levo a câmera. Vamos dar o fora.

TEC: SOM DE ESTÁTICA.

LOC: LUANA - Err… Diego, olha discretamente para trás. Acho que foi aquela moça que disse alguma coisa. Será que ela trabalha aqui?

LOC: DIEGO - Moça? Que moça, Luana? Não tem ninguém ali.

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LOC: LUANA - Eu já disse que você tá me deixando nervosa. Ela tá vindo pra cá, ai meu deus…

LOC: DIEGO - Pelo amor de deus, como é essa moça? Eu não estou vendo ninguém, onde ela tá?

TEC: SOM DE VENTO FICANDO FORTE.

TEC: SOM DE VOZ ABAFADA PELO VENTO. FICANDO CADA VEZ MAIS ALTA (BG).

LOC: LUANA Ai meu Deus, Diego!! (GRITANDO) Corre, corre!!!!!

TEC: SOM DE PESSOAS CORRENDO.

TEC: SOM DE EQUIPAMENTO ELETRÔNICO BATENDO NO CORPO ENQUANTO CORRE.

LOC: DIEGO [OFEGANTE] - Luana eu não to vendo ninguém, estamos correndo de que???

LOC: LUANA - Aqui tem uma porta, deve ser a escada. Vem, entra!!

TEC: SOM DE PORTA PESADA ABRINDO E FECHANDO.

TEC: SOM DE RESPIRAÇÕES OFEGANTES.

LOC: DIEGO [OFEGANTE] - Que diabos foi isso?

TEC: SOM DE VOZ DISTANTE, ABAFADA, GEMENDO, DESESPERADA.

LOC: LUANA - Ela ainda tá lá fora, fica quieto.

LOC: DIEGO - Ela quem?? Quem é ela? Mas que porr..

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LOC: LUANA – (GRITANDO) Eu não sei! (FALANDO NORMALMENTE) Tá legal?? Você tava certo, a gente não deveria ter entrado aqui. Esse lugar é estranho, eu tô vendo coisas estranhas desde que entramos… Essa mulher… Eu não sei explicar… Ela parece… morta.

TEC: SILÊNCIO DE 3s.

LOC: DIEGO - Peraí… mort…?

TEC: BARULHO DE BATIDA EM PORTA PESADA INTERROMPE A FALA DE DIEGO.

TEC: SOM DE GRITO ABAFADO, RAIVOSO, ATRÁS DA PORTA.

LOC: LUANA (GRITANDO) Vem! (FALANDO NORMALMENTE) Corre, vamos descer!

TEC: SOM DE PASSOS CORRENDO ESCADA ABAIXO. (BG)

TEC: SOM DE LUFADA DE AR SUBINDO PELA ESCADA.

LOC: LUANA (GRITANDO) Aarrhhh!!!! Vira aqui, vai entra

TEC: SOM DE PORTA PESADA ABRINDO E DEPOIS FECHANDO.

TEC: SOM DE PASSOS CORRENDO (BG).

LOC: DIEGO (ARFANDO) - Luana eu não to gostando nada dessa palhaçada. Que porra é essa? Você tá me zoando pra eu não querer mais nada com você? Você quer me tirar de bundão? Beleza, você conseguiu. (GRITANDO) Eu vou embora!

TEC: SOM DE CORPO BATENDO NA PAREDE. (LUANA EMPURROU DIEGO PARA QUE ELE PARASSE DE CORRER).

210

TEC: SOM DE PASSOS PARANDO DE CORRER (/BG).

LOC: LUANA - Diego, me escuta. Isso não é uma brincadeira. Eu também to com medo, porra! Escuta… sabe o cheiro que você tava sentindo? De queimado né?! Então, eu também senti. Os barulhos que você ouviu? Eu também ouvi. Eu não sei o que ta rolando, mas ta rolando alguma coisa, e a gente precisa sair daqui. Liga o flash dessa câmera pra iluminar o caminho e faz silêncio.

TEC: SOM DE PASSOS CAMINHANDO RAPIDAMENTE (BG).

LOC: VOZ MECÂNICA - Décimo segundo andar.

LOC: DIEGO – (GRITANDO) O elevador!! Estamos salvos. Corre.

LOC: LUANA - Mas como, sem energi…?

TEC: SOM DE PORTA DE ELEVADOR SE ABRINDO.

TEC: SOM DE CHAMAS ARDENDO.

TEC: SOM DE PESSOAS GRITANDO EM AGONIA.

TEC: SOM DE FOGO SE ESPALHANDO E SE APROXIMANDO.

TEC: SOM DO DIEGO GRITANDO EM AGONIA.

LOC: DIEGO (GRITANDO) Ahhhhhh!!!!! Socorro

TEC: SOM DE ESTÁTICA MUITO FORTE (BG).

LOC: LUANA (GRITANDO) Diego!!! O fogo!

LOC: DIEGO – (GRITANDO) Ahhhhrrrrhhh Luana me ajuda!!!.

211

TEC: SOM DE VOZES CLAMANDO POR ALGO, MAS NÃO DÁ PRA ENTENDER.

TEC: SOM DE CORPO SENDO ARRASTADO.

LOC: DIEGO (GRITANDO) Luana!!!!!!!!!

LOC: LUANA [CHORANDO] - Diegoooo!!!! Me perdoe, eu não posso…. eu preciso sair daqui… Diego, me perdoe!!!

LOC: DIEGO (GRITANDO) Luana nããããããoooo .!!!!!!!! Socorrrr

TEC: SOM DE CHAMAS QUEIMANDO CARNE.

TEC: SOM DE GRITOS DE AGONIA.

TEC: SOM DE CARNE SENDO DEVORADA EM BRASA.

TEC: SOM DE PASSOS CORRENDO.

LOC: LUANA [ARFANDO, CORRENDO, CHORANDO] - Meu deus!!! Diego, me perdoe, me perdoe, por favor, me perdoe…

TEC: SOM DE PORTA SENDO EMPURRADA.

TEC: SOM DE PORTA SE FECHANDO ATRÁS.

TEC: SOM DE PASSOS RÁPIDOS DESCENDO A ESCADA.

LOC: LUANA - Eu preciso sair daqui! Me ajuda meu Deus, eu preciso sair!!!

TEC: SOM DE RESPIRAÇÃO ENTRECORTADA. PESSOA ARFANDO.

LOC: LUANA - Não consigo respirar... Esse cheiro de queimado, de fumaça. (TOSSE). Estou sufocando!!!! Preciso de ar!!!!

212

TEC: SOM DE PASSOS DESACELERANDO, TROPEÇANDO.

LOC: LUANA - Janela! Uma janela… obrigado… preciso de ar…. AAAAAAAHHHHHRRRR.

TEC: SOM DE GRITOS HORRORIZADOS.

TEC: SOM DE CORPOS CAINDO DE ALTO.

TEC: SOM DE CORPOS ATINGINDO O CHÃO.

LOC: VOZ DESCONHECIDA, TENTADORA Venha, Luana. Chegue mais perto, venha ver.

LOC: LUANA [CHORANDO] Não! Eu não quero ver nada, eu quero sair daqui, me deixem sair!

LOC: VOZ DESCONHECIDA/VOZ DE DIEGO [MESCLADAS] - Venha comigo Luana, estamos esperando por você.

TEC: SOM DE MICROFONE SENDO DEIXADO CAIR NO CHÃO.

TEC: SOM DE ESTÁTICA.

TEC: SOM DE PASSOS SE AFASTANDO.

LOC: LUANA [VOZ DISTANTE] - Sair… respirar… estou indo…

TEC: SOM DE VIDRO SENDO QUEBRADO.

TEC: SOM DE VOZES IRRECONHECÍVEIS SE ACUMULANDO.

TEC: SOM DE CORPO SUBINDO NO PARAPEITO.

213

TEC: SOM DE CORPO CAINDO AO LONGE.

TEC: SOM DE CHAMAS SE APROXIMANDO.

TEC: SOM DE INTERFERÊNCIA.

TEC: BIPE DE 5s.

214

ANEXO G WEBCOMIC DO EPISÓDIO “O CRIME DO PADRE”

215
216
217
218
219
220

ANEXO H WEBCOMIC DO EPISÓDIO “OS DOZE PASSOS”

221
222
223
224

ANEXO I WEBCOMIC DO EPISÓDIO “CORRENTES”

225
226

ANEXO J WEBCOMIC DO EPISÓDIO “O EDIFÍCIO”

227
228
229
230

APÊNDICE A AUTORIZAÇÕES DE USO DE VOZ

231
232
233
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239

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ANEXO E — ROTEIRO DO EPISÓDIO “FELIZES PARA SEMPRE”

17min
pages 189-203

ANEXO F — ROTEIRO DO EPISÓDIO “O EDIFÍCIO”

9min
pages 204-215

ANEXO C — ROTEIRO DO EPISÓDIO “CADERNO DE DESENHOS”

17min
pages 165-177

ANEXO D — ROTEIRO DO EPISÓDIO “CORRENTES”

9min
pages 178-188

ANEXO A — ROTEIRO DO EPISÓDIO “O CRIME DO PADRE”

8min
pages 146-153

ANEXO B — ROTEIRO DO EPISÓDIO “OS DOZE PASSOS”

10min
pages 154-164

GLOSSÁRIO

1min
page 145

PUBLICAÇÃO

3min
pages 120-122

FIGURA 63 - OCASIÕES QUE OS USUÁRIOS MAIS OUVEM

1min
page 119

FIGURA 60 - PÚBLICO DE PODCAST CRESCE NA EPIDEMIA

1min
page 115

FIGURA 62 - HORÁRIO QUE OS USUÁRIOS COSTUMAM OUVIR

1min
page 118

FIGURA 61 - O PÚBLICO AFIRMA QUE ESCUTA PODCAST ENQUANTO

2min
pages 116-117

STREAMING DE ÁUDIO NO MUNDO

2min
pages 113-114

FIGURA 54 - CASTING PARA O NARRADOR

4min
pages 108-110

FIGURA 42 - PÁGINA INICIAL DO PODCAST MAL - DITO NO SPOTIFY

5min
pages 93-96

FIGURA 37 - MORTES POR SUICÍDIO POR IDADE NO BRASIL EM 2019

11min
pages 80-86

FIGURA 36 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 79

FIGURA 35 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 78

PARA A DESCRIÇÃO DE ROBERTO

4min
pages 87-90

FIGURA 39 - PÁGINA PRINCIPAL DO WEBSITE

1min
page 91

FIGURA 33 - CASTING PARA A PERSONAGEM

6min
pages 73-76

FIGURA 32 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 72

FIGURA 31 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 71

FIGURA 28 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 65

FIGURA 30 - CASTING PARA A PERSONAGEM

6min
pages 67-70

FIGURA 29 – CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 66

FIGURA 26 - CAPA DO LIVRO CARRIE

2min
pages 62-63

FIGURA 27 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 64

FIGURA 25 - CASTING PARA A PERSONAGEM

4min
pages 59-61

FIGURA 24 - CASTING PARA A PERSONAGEM

1min
page 58

FIGURA 23 - POSTER DO FILME JOELMA 23° ANDAR

6min
pages 54-57

FIGURA 13 - SUA VIDA ME PERTENCE A PRIMEIRA TELENOVELA

5min
pages 40-42

FAMOSAS DO EDIFÍCIO JOELMA

1min
page 53

TURMA DA MÔNICA

1min
page 43

MÔNICA

2min
pages 44-45

FIGURA 19 - ARTE DE DIVULGAÇÃO DE MAL – DITO

4min
pages 48-51

FIGURA 12 - FRAME DO FILME ATIVIDADE PARANORMAL

1min
page 39

MAIORES REPRESENTANTES DOS FILMES GORE

1min
page 38

GIRLS MAIS FAMOSAS DO CINEMA

1min
page 36

FIGURA 3 E 4 – CENAS DE "O GABINETE DO DOUTOR CALIGARI"

2min
page 31

FIGURA 5 - PÔSTER DO CLÁSSICO THE EXORCIST

1min
page 32

FIGURA 6 - CLÁSSICO SOBRENATURAL: POLTERGEIST - O FENÔMENO

1min
page 33

FIGURA 2 - PRINT DO ARTIGO DO JORNAL THE GUARDIAN

5min
pages 28-30

FIGURA 1 - LOGO DA PRODUTORA COSMOS

4min
pages 19-27

FIGURA 7 - FRAME DO FILME "A MOSCA"

1min
page 34

SIDERAL

1min
page 35
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