A INFLUÊNCIA DO JORNALISMO SENSACIONALISTA
HELOISA FREITAS DOS SANTOS ROCHA
DURANTE A COBERTURA DE CRIMES
São2021Paulo
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
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Relatório de Fundamentação Teórica e Metodológica apresentada ao Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para obtenção do título de bacharel em Jornalismo.
HELOISA FREITAS DOS SANTOS ROCHA
São
CURSO DE JORNALISMO
2021Paulo
A INFLUÊNCIA DO JORNALISMO SENSACIONALISTA DURANTE A COBERTURA DE CRIMES
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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
Orientador: Prof. Me. Antonio Lucio Rodrigues de Assiz
RESUMO
Um grande exemplo da influência da mídia sob o público são as coberturas jornalísticas de crimes, como a do caso Isabella Nardoni, menina que foi morta pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, no dia 29 de março de 2008. Mesmo após 13 anos da cobertura sobre a morte de Isabella, esse caso continua sendo lembrado, já que gerou uma grande repercussão e tomou proporções assustadoras devido ao valor que foi atribuído à esse caso pela mídia. As equipes
Heloisa Freitas dos Santos ROCHA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Televisiva.
A influência do jornalismo sensacionalista durante a cobertura de crimes1
Muitas vezes nos deparamos com grandes acontecimentos, que chamam a atenção do público e geram uma comoção enorme, fazendo, dessa forma, com que o público crie uma expectativa de que a mídia esclareça os fatos desse evento. Atualmente, a mídia é considerada como o quarto poder, o que significa que ela é responsável por regularizar comportamentos, fiscalizar, disseminar os fatos e formar opiniões Ela também pode ser entendida como um instrumento de integração, de diálogo social, construindo o sentido de sociedade em que vivemos, já que através dela o público se sente estimulado e envolvido com os fatos.
2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: heloisafsrocha@outlook.com.
PALAVRAS-CHAVE: sensacionalismo; televisão; Isabella Nardoni; telejornalismo
INTRODUÇÃO
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O presente trabalho tem como objetivo identificar as características do jornalismo sensacionalista e discutir o impacto do mesmo no público. O sensacionalismo está presente na tentativa dos veículos de aproximar o público da notícia, utilizando de uma linguagem exagerada e que causa comoção. Um grande exemplo disso é o caso Isabella Nardoni, cobertura que marcou a história do jornalismo brasileiro. Sabendo da influência que o jornalismo tem na sociedade, a mídia pode ter o papel de atribuir valores durante as coberturas? Nesta pesquisa, buscamos responder o questionamento, mostrando que o uso do sensacionalismo influencia diretamente na formação de opinião do público.
De acordo estudo sobre consumo de mídias no Brasil realizado pela Nielsen, empresa de dados sobre audiência, em meados de 2020, cerca de 75% dos entrevistados afirmaram que estavam dedicando mais tempo a programas de TV.
É fato que a televisão, ao longo da história, se tornou um dos veículos de comunicação mais importantes do país. Essa afirmação se dá justamente pelo consumo do veículo pela sociedade, que mesmo depois da popularização da Internet, não perdeu sua relevância. Hoje, a televisão, com a ajuda da tecnologia, está presente na casa de milhões de brasileiros, que recebem diariamente uma infinidade de conteúdos.
Não é à toa que o caso Isabella é lembrado até hoje. O acontecimento, por si só, é algo que choca, por conta da forma brutal em que a menina Isabella foi morta pelo próprio pai e madrasta. Mas o destaque que ele tomou na mídia acabou sim influenciando à todos, e a mídia soube exatamente como explorar o caso e manipular os fatos para fazer isso.
APRESENTAÇÃO
Os conteúdos consumidos não somente servem para o lazer; para consumir um conteúdo que nos divirta, como também nos mantém informados. A televisão é um
A cobertura jornalística de crimes, que geralmente abordam assuntos delicados, como a violência, é frequentemente exagerada, ou seja, excessiva em sensacionalismo, o que coloca em dúvida a qualidade dessa cobertura. Quando falamos de sensacionalismo, estamos falando de um grande espetáculo midiático em volta de um fato e/ou acontecimento, onde se perde o compromisso de levar informação para o público, e é focado apenas em gerar um apelo emocional diante do que é mostrado.
A motivação para a escolha desse tema se deu devido ao interesse de identificar e esclarecer as características do jornalismo sensacionalista durante a cobertura de crimes que chamam a atenção de todo o país, e qual o impacto do sensacionalismo e como ele influencia na formação de opinião do público. Por conta de atingir um número maior de pessoas, a televisão foi escolhida como veículo para este estudo.
Também é objetivo deste trabalho descobrir quais fatores são relevantes na construção da linguagem de um jornal. Em um outro estudo pretendo ir além, estudando o impacto no comportamento do leitor/público.
4 jornalísticas cobriram promotoria, defesa, polícia, os suspeitos e a comoção nacional diante do caso.
Esses ‘telejornais populares’ mostram as mazelas do cotidiano: as dificuldades, a violência, os crimes. Isso faz com que o público gere uma expectativa de que esses jornais fiscalizem os fatos e disseminem as informações, e, em grande parte, isso é feito de forma escrachada.
Com a crescente disseminação do sensacional e com a tendência de tornar as peculiaridades da vida humana privada relevantes ao conhecimento social, o entretenimento e os shows espetaculares têm espaço cada vez mais garantido nos meios de comunicação, na literatura, galerias de arte, em igrejas e na vida humana como um todo. (TONDO E NEGRINI, 2009, p. 3)
O sensacionalismo é responsável por misturar a informação com o espetáculo, tornando todos os acontecimentos em entretenimento. Cada elemento que é mostrado ao telespectador, sejam imagens, vídeos, sons, ou até mesmo a fala do apresentador, são responsáveis por uma construção narrativa que gera uma dramatização e especulação dos fatos, o que torna os telejornais um verdadeiro show. Dessa forma, o caráter informativo é deixado de lado, dando lugar apenas ao escândalo.
Desde a inauguração da televisão no Brasil, em 1950, o telejornalismo brasileiro passou por diversas transformações e foi se adaptando a diferentes estilos e interesse de quem consome Sendo assim, o que muda é forma como cada emissora leva a notícia ao seu telespectador, de uma forma que agrade ao público, assim gerando audiência. Hoje, temos diversos jornais segmentados e focados em produzir um conteúdo voltado ao jornalismo popular, abordando todo e qualquer fato que possa chamar a atenção do público, que compreende e se identifica com o que é mostrado.
veículo importantíssimo para o jornalismo, já que, hoje, os telejornais nos mostram diariamente uma variedade de notícias, construindo, para muitos, o sentido de realidade.
Subestimar as produções midiáticas destinadas às classes populares, atribuindo lhes um valor negativo como cultura vulgar e fútil, tem sido uma prática recorrente em muitos veículos da mídia. Especificamente no gênero informativo popular, predomina a noção da linguagem chula, a ênfase em manchetes irreverentes e em matérias que reportam à animalidade e às aberrações humanas. (AMARAL, 2006, p. 141)
Quando falamos da cobertura da violência mostrada nesses jornais, logo compreendemos que ela vai desde um roubo de um carro até a violência de crimes que chocam o país inteiro. Sabendo disso, alguns telejornais usam desses acontecimentos para despertar o interesse dos telespectadores, usando de uma linguagem sensacionalista para despertar emoções.
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Se, em um primeiro momento, o que envolve o público é o luto pela morte da menina, em segundo, passa a ser a forma brutal como tudo isso aconteceu. Muitos fatos fizeram com que o caso Isabella ficasse marcado na história; o valor notícia atribuído ao acontecimento foi um deles.
O que determina que um caso acabe virando uma grande cobertura é o público. Talvez o caso Isabella não teria tomado grandes proporções se isso não tivesse gerado comoção no público. Mas a forma como tudo foi noticiado, fez com que o fato se torne algo muito maior.
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Se o sensacionalismo, o explorar dos fatos, o espetáculo diante da cobertura de grandes acontecimentos desperta o interesse do público, é necessário entender qual o impacto desse tipo de linguagem. A utilização do sensacional e do pitoresco tem
Todas as emissoras brasileiras fizeram parte da cobertura do caso Isabella. A história do crime foi como um prato cheio para a mídia, que soube como explorar o acontecimento.Asprimeiras informações obtidas pelos jornais eram de que Isabella, uma menina de 5 anos, teria sido jogada pela janela do apartamento onde morava o pai, a madrasta e seus dois irmãos, assim causando sua morte. Diante dessas informações iniciais, duas coisas já chamavam atenção, não somente da mídia, como também do público, para o caso: trata se da morte de uma criança e os últimos a terem um contato com ela foi o próprio pai e a madrasta.
A mídia sempre esteve presente ao longo dos desdobramentos do caso, envolvendo o público cada vez mais na história. Na Rede Globo, por exemplo, a cobertura do caso Isabella durou mais de um mês, sendo feita diariamente em todos os jornais da emissora. As equipes cobriram promotoria, defesa, polícia, os suspeitos e a comoção nacional diante do caso. Além disso, foram realizadas entrevistas exclusivas com os principais envolvidos no caso, como a mãe de Isabella, Anna Carolina, e os suspeitos, o pai Alexandre, e a madrasta Anna Carolina Jatobá.
Um exemplo do sensacionalismo durante uma grande cobertura jornalística é caso Isabella Nardoni, menina que foi morta pelo pai, Alexandre Nardoni, e madrasta, Anna Carolina Jatobá, no dia 29 de março de 2008. Casos como o de Isabella têm uma repercussão enorme, causando um impacto tão grande, que mesmo há mais de 10 anos do acontecimento, ele ainda é lembrado tamanha relevância da cobertura midiática.
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impacto direto no telespectador? Ainda, como o sensacionalismo influencia na formação de opinião do público durante cobertura de crimes?
Dessa forma, a justificativa do trabalho se dá por entender que a linguagem sensacionalista é responsável por despertar um senso crítico e de justiça no público, causando um impacto, que por muitas vezes, é negativo. Falar deste tema é alertar o público que consome os diversos telejornais desse segmento, que utilizam de elementos insignificantes para instigar um lado apelativo durante a construção da notícia.
Para ser o primeiro a ver e fazer alguma coisa, está se disposto a quase tudo, e como tudo se copia mutuamente visando a deixar os outros para trás, a fazer antes dos outros, ou fazer diferente dos outros, acaba se a fazerem a mesma coisa, e a busca da exclusividade, que, em outros campos, produz a originalidade, a singularidade, resulta aqui na uniformização e banalização. (BOURDIEU, 1997, p. 27)
O objetivo é identificar as características dos telejornais sensacionalistas e qual o impacto no público, explorando a influência do jornalismo e descobrindo quais fatores são relevantes na construção da linguagem de um jornal. Também compreender o comportamento de quem consome o conteúdo.
Dessa forma, tentando aproximar o público da notícia, ou tentando chamar a atenção, os jornais sensacionalistas despertam comoção no público, assim, o manipulando, gerando conflitos e sendo responsável por definir o “certo” e o “errado”.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Hoje, podemos dizer que a televisão brasileira é segmentada. Cada emissora é reconhecida por suas produções e conteúdos, assim como seus jornais e respectivas editorias. Mas, o que o jornalismo de cada emissora tem em comum é a busca pelo o que chama a atenção do público, o que, consequentemente, vai gerar maior audiência. Porém, nem sempre o que gera maior audiência significa um conteúdo de qualidade. Muitas vezes, na busca pela melhor cobertura de um acontecimento, e isso significa dar a notícia em primeira mão, as emissoras banalizam alguns fatos.
Acredito na relevância do tema, pois a informação parece, cada vez mais, ter menor espaço nos telejornais, que focam mais em narrativas repetitivas, geralmente de baixa informação, apenas para reforçar imagens e o contexto emocional, mas que mantém uma boa audiência.
Alguns fatores são apontados por Arbex Jr. (2001) como imprescindíveis para a transformação da informação em mercadoria. São eles a informação abundante, a concorrência e a busca incessante por ‘furos’.
Uma série de mecanismos que fazem com que a televisão exerça uma forma particularmente perniciosa de violência simbólica. A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, com frequência, dos que a exercem. [...] Tomemos o mais fácil: as notícias de variedades, que sempre foram o alimento predileto da imprensa sensacionalista; o sangue e o sexo, o drama e o crime sempre fizeram vender. [...] (BOURDIEU, 1997, p. 23)
Está inserido numa lógica empresarial, como um elemento importante de uma estratégia mercadológica que transforma a notícia num produto
As emissoras costumam buscar o que é de interesse do público, realizando um jornalismo dito ‘popular’, mas que também afasta o público de informações pertinentes e realmente necessárias.
A cobertura midiática de certos casos buscam, intencionalmente, induzir o engajamento do público. Assim utilizando das construções narrativas, desde fotos, vídeos até títulos e vocabulários, para causar uma comoção no público. O conceito de sensacionalismo tem relação direta com a construção de um jornalismo popular que interesse o público, portanto as empresas e/ou veículos usam esse conceito para conectar seus produtos ao público. Segundo Góes, o sensacionalismo:
Parasensacionalista”.Angrimani(1995, p.16), o sensacionalismo é “tornar sensacional um fato jornalístico que, em outras circunstâncias editoriais, não mereceria este tratamento”.
Na busca contínua por algo que vá chamar a atenção do telespectador, as emissoras utilizam de uma linguagem exagerada, o que pode ser conhecido como sensacionalismo. O sensacionalismo pode ser definido quando uma notícia ou informação é transmitida de forma exagerada, capaz de emocionar o público diante da escandalização dos fatos. Segundo Góes (2013, p. 3, apud MARTÍN BARBERO, 2009, p. 151), no artigo “Marcos na história do jornalismo sensacionalista”: “a imprensa tem suas origens ainda no século XVI [...] Desde lá, a escolha do que noticiar, da formar como narrar e do formato empregado têm forte interseção com as características da produção
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Para Amaral (2006, p. 21), podemos entender o sensacionalismo como “à valorização da emoção; à exploração do extraordinário, à valorização de conteúdos descontextualizados; à troca do essencial pelo supérfluo ou pitoresco e inversão de conteúdo pela forma”.
Mauro Wolf (p. 161) define o newsmaking como uma abordagem “constituída pelos estudos que analisam a lógica dos processos pelos quais a comunicação de massa é produzida e o tipo de organização do trabalho dentro da qual se afectua a ‘construção’ das mensagens”.
A teoria também aborda sobre a prática profissional do jornalista, o que, segundo Felipe Pena:
espetacular, barato, rápido e de fácil consumo por um público que, supostamente pertence às camadas populares. (GÓES, 2013, p. 2)
Dessa forma, podemos considerar que o uso uma linguagem apelativa coloca em dúvida a credibilidade do produto jornalístico, e até mesmo, do profissional.
Segundo o autor Guy Debord, a inserção da espetacularização das notícias nos meios de comunicação desperta o interesse, pois faz parte da forma de consumo e das
Ainda segundo o autor (p. 2), as empresas levam os próprios profissionais envolvidos nas produções a extrair cargas emocionais com o intuito de obter maior audiência.
A organização jornalística, para atender objetivos econômicos, levaria o jornalista envolvido na produção sensacionalista a compreender que ele precisa descobrir os pormenores das histórias humanas e extrair cargas apelativas capazes de chocar a audiência, consequentemente aumentando a circulação do jornal. (GÓES, 2013, p. 2)
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“Embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo. As normas ocupacionais teriam maior importância do que as preferências pessoais na seleção das notícias”. (PENA, 2005, p. 128)
do newsmaking indica que as notícias veiculadas nos meios de comunicação seguem uma linha editorial rigorosa. Por conta da quantidade de fatos e acontecimentos diariamente, as produções passam por uma seleção, de acordo com determinados critérios, o que define a produção informativa de um veículo. Esses critérios podem envolver escolhas editoriais, mas também pessoais e ideológicas.
Hoje, o público que consome o conteúdo de determinado veículo, seja por meio virtual, impresso ou televisivo, participa de forma ativa. Esse mesmo público, muitas vezes, acaba se tornando aquele que opina, propõe pautas e replica a notícia. Dessa forma, entende se que os veículos focam em uma linha editorial que vá interessar quem consome, o que dialoga diretamente com as lógicas de mercado e a teoria do newsmaking.Ateoria
Logo, a espetacularização das notícias está relacionada com o busca da audiência e, consequentemente, com o lucro.
Como forma de pesquisa para o meu Projeto Experimental, analisei três reportagens exibidas na Rede Globo, durante a cobertura do caso Isabella Nardoni, que é a delimitação do meu tema.
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou se uma representação. (DEBORD, 1997, p. 13).
relações pós modernas, onde o homem faz parte de um espetáculo humano, do entretenimento, da aparência.
Segundo Amaral (2006), o crescimento dos programas populares se deu devido: [...] a implementação das redes de televisão a cabo e a incorporação de alguns setores ao mercado consumidor, a televisão aberta passou a veicular novos programas populares. Há muitos programas que se apoiam em depoimentos de cidadãos comuns sobre dramas particulares, em que povo não aparece em sua realidade cultural, mas em seu lado grotesco, feio, deformado, miserável, vitimas, sem destino. Outros baseiam se na observação do cotidiano de pessoas comuns [...] Há ainda programas de auditórios dos domingos, que misturam vários estilos, e os que se auto intitulam jornalísticos e priorizam as pautas policiais.
conhecer os limites éticos da dramatização, já que atualmente, a mídia exerce a função de noticiar os fatos. Segundo Souza (2009):
[...] na cobertura de crimes bárbaros, os exageros e apelo às emoções sensibilizam telespectadores, levando os a se mobilizar, seja em manifestações, seja em correntes de opinião, pode se pensar o sensacionalismo como capaz de ampliar a participação popular nas questões sócio políticas, além de reforçar valores humanos e culturais [...] no jornalismo policial, a abordagem chamada sensacionalista está, de certa forma, atrelada à função social das mídias como formadora de opinião. (SOUZA, 2009, p. 2)
(AMARAL, 2006, p. 44)
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RESULTADOS
Entendemos que o jornalismo sensacionalista conta com formas para chamar a atenção do público, sendo raros os casos de não banalização e manipulação das informações. Segundo Lana (2009, p. 17), “os desastres e acidentes, as emoções e intimidades espalharam se por diferentes programas”, transformando não apenas as grandes coberturas em espetáculo, mas também os pequenos acontecimentos do cotidiano.Énecessário
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PRÉDIO
OFF REPÓRTER IMAGENS VIATURA DA POLÍCIA
DECUPAGEMresultados. 1
OFF REPÓRTER IMAGENS ISABELLA NARDONI
00'14'' - O pai contou aos policiais que a morte aconteceu depois que voltou da casa da sogra.
00'00'' Isabella Nardoni tinha 5 anos de idade e passava o fim de semana na casa do pai…
a decupagem das três reportagens exibidas e disponibilizadas no site Memória Globo. Após a decupagem, analisei o conteúdo de cada uma para obter os
00'07'' (...) o consultor jurídico, Alexandre Nardoni. Ele mora com a mulher e os dois filhos do segundo casamento neste prédio de classe média na zona norte de São Paulo.
ANÁLISERealizei
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As matérias foram exibidas, respectivamente, nos dias 30/03/2008, 31/03/2008 e 21/04/2008. Todas elas foram acessadas pelo site Memória Globo, e a escolha das reportagens se deu por terem sido realizadas por uma emissora de maior alcance no público, pelo grande número de jornalistas diante dessa cobertura, pelo tempo de reportagem e pelo dia em que foram exibidas dia posterior à morte de Isabella, dia do velório e dia em que foi divulgado o laudo do Instituto Médico Legal.
A primeira reportagem foi exibida no Fantástico, no dia 30/03/2008, com tempo total de 1 minuto e 49 segundos. É a menor entre as matérias escolhidas, justamente por ter sido exibida no dia posterior à morte da menina Isabella, logo, ainda não se tinha muitas informações sobre o caso. A reportagem contém apenas uma passagem da repórter, uma simulação feita por computador, para mostrar como a morte teria acontecido, e uma sonora de uma fonte oficial, o delegado. Logo nessa primeira matéria, mesmo sendo um caso recente, já vemos indícios de como a mídia trataria o caso, já que, na sonora, o delegado afirma que Isabella foi jogada da janela do apartamento, não sendo uma queda acidental, e a hipótese levantada pelo pai, de que poderia ter ocorrido uma tentativa de roubo ou invasão, não teria “o convencido”.
00'49'' Para o delegado, a versão de tentativa de roubo, ou invasão do apartamento, não esclarece o caso.
SONORA DELEGADO
01'17'' “Alguém, que eu não sei quem é ainda, possivelmente, (ênfase) possivelmente, deve ter ferido essa criança, lesionado, batido nessa criança, e depois, arremessado”.
00'19'' Ele disse que primeiro levou Isabella para um quarto, onde a menina ficou dormindo. Depois, trancou a porta de casa e voltou à garagem do prédio para ajudar a mulher a subir com os outros dois filhos pequenos. Quando chegou ao apartamento…
SONORA DELEGADO
OFF REPÓRTER IMAGENS IML
00'55'' “Essa versão não me convenceu muito, não.”
OFF REPÓRTER IMAGENS ANNA CAROLINA JATOBÁ
01'10'' - De acordo com os médicos, a criança apresentava ferimentos, que podem ter ocorrido antes da queda.
OFF REPÓRTER IMAGENS DELEGADO
SONORA DELEGADO
00'34'' (...) viu a tela de proteção da janela cortada e o corpo da filha lá embaixo. A polícia diz, ainda, que havia sangue no quarto.
OFF REPÓRTER IMAGENS JANELA DO APARTAMENTO
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OFF REPÓRTER ENTRA ARTE DE SIMULAÇÃO
00'41'' “Ela não sofreu uma queda acidental, alguém rompeu a tela protetora da janela e jogou essa criança.”
00'57'' Durante a madrugada e o dia inteiro, a madrasta Anna Carolina Peixoto e o pai de Isabella prestaram depoimento à polícia. Fizeram também um exame toxicológico. O corpo da menina foi para o Instituto Médico Legal.
00'01'' - Boa noite. Foi enterrado hoje o corpo da menina Isabella, de 5 anos, que caiu de um prédio em São Paulo, neste fim de semana. Segundo a Polícia, ela teria sido jogada por alguém. O pai da criança, a mulher dele, e alguns vizinhos prestaram depoimentos. REPORTAGEM)
DECUPAGEMamanhã.2Asegunda reportagem foi exibida no Jornal Nacional, no dia 31/03/2008, com tempo total de 2 minutos e 28 segundos. A reportagem foi exibida no dia em que o corpo de Isabella foi enterrado. Diferente da primeira matéria, essa contém uma sonora do avô de Isabella, que deu entrevista aos jornalistas logo após o enterro, sonoras do delegado do caso, e a versão de um vizinho do prédio, que disse que teria visto o pai de Isabella desesperado tentando socorrer a filha. Nessa reportagem, pude perceber que, ao apresentar uma versão da defesa do pai e da madrasta da menina, logo essa versão é descartada. Isso é feito através do uso das sonoras do delegado, que afirma que o pai Alexandre e a madrasta Anna Carolina estão sendo averiguados por estarem próximos da vítima, e também que a hipótese levantada pelo próprio Alexandre, é uma hipótese difícil de ser acreditada. Além disso, a reportagem afirma que no andar onde Isabella foi jogada, apenas o apartamento do casal estava ocupado, e que um vizinho disse à Polícia ter ouvido gritos pouco depois que a família chegou, levando o público a interpretar os fatos e colocando o casal como os verdadeiros culpados.
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(ENTRA
PASSAGEM REPÓRTER
CABEÇA APRESENTADOR
01'33'' O pai e a madrasta serão liberados depois de terminar os depoimentos. A polícia diz que a investigação está apenas começando, vai fazer uma reconstituição do crime, e pedir rapidez na divulgação dos laudos da perícia. O corpo de Isabella será enterrado
SONORA DELEGADO
01'28'' “Houve um crime onde alguém jogou uma criança… de um apartamento”.
OFF REPÓRTER IMAGEM ISABELLA NARDONI
OFF REPÓRTER IMAGENS AVÔ DE ISABELLA
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PRÉDIO
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00'23'' (...) quebrou o silêncio da família.
00'20'' Hoje, depois do enterro, o avô da menina…
00'39'' A menina passava o fim de semana com o pai, Alexandre Nardoni, com a mulher do segundo…
OFF REPÓRTER IMAGEM ISABELLA NARDONI
00'24'' “Parou a família inteira. Tenho quatro netos, vivia com a gente, então a gente tinha mais carinho por ela.”
OFF REPÓRTER IMAGENS INVESTIGAÇÃO
OFF REPÓRTER IMAGENS ENTERRO
00'30'' A Polícia não tem dúvidas de que Isabella foi jogada do 6º andar deste prédio, no sábado à noite.
00'18'' ( ) a morte de Isabella.
OFF REPÓRTER IMAGENS JANELA DO APARTAMENTO
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PRÉDIO
SONORA AVÔ
00'44'' (...) casamento, e dois filhos do casal. Alexandre contou à Polícia que voltou para casa com a família depois de visitar a sogra.
00'16'' Investigadores buscam pistas que possam ajudar a esclarecer…
00 '35'' A tela de proteção da janela foi cortada e o retalho ficou no apartamento.
OFF REPÓRTER IMAGENS VIZINHO
01'35'' “Ele ia da criança, no jardim, até o parapeito do prédio para a rua desesperado. Eu percebi o desespero.”
01'27'' Policiais encontraram vestígio de sangue entre os quartos e a porta da sala.
01'31'' Um vizinho viu a reação do pai ao encontrar a menina caída.
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PRÉDIO
01'53'' Alexandre levantou a possibilidade de algum desafeto ter entrado no apartamento e ter jogado Isabella.
01'43'' Alexandre e a mulher, Anna Carolina Peixoto, passaram todo o domingo na SONORAdelegacia.
01'48'' “Eles são averiguados, estão sendo averiguados. Por que? Porque eles estavam próximos da vítima”.
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00'51'' Disse que primeiro subiu com Isabella, acendeu a luz do abajur do quarto dela, e deixou a menina dormindo. Depois trancou a porta do apartamento e voltou à garagem para ajudar a mulher, que estava no carro com os dois filhos pequenos. Contou que ao entrar em casa, a luz do quarto estava acesa. Chegou a pensar que a menina tivesse caído da cama. Disse que, em seguida, notou a rede de proteção da janela cortada, aí viu o corpo de Isabella no jardim do prédio. Só quando os peritos entraram no apartamento, perceberam que era tela do outro quarto que estava cortada. Isabella caiu do quarto dos OFFirmãos.REPÓRTER
OFF REPÓRTER IMAGENS ALEXANDRE NARDONI E ANNA CAROLINA
IMAGENS VIATURA POLÍCIA
SOBE SOM VIZINHO
DELEGADO
OFF REPÓRTER ENTRA ARTE DE SIMULAÇÃO
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02'02'' Um operário que trabalhou no prédio se apresentou à Polícia. Disse que discutiu com Alexandre por causa de uma antena de TV, mas negou o envolvimento com o PASSAGEMcrime.
DECUPAGEM 3
CABEÇA APRESENTADOR
01'58'' “É um pouquinho difícil de acreditar nisso, mas não descarto a hipótese, tá?”
REPÓRTER
OFF REPÓRTER IMAGENS OPERÁRIO (COM BLUR)
A terceira reportagem foi exibida no Jornal da Globo, no dia 21/04/2008, com tempo total de 3 minutos e 31 segundos. A reportagem foi exibida no dia em o laudo do Instituto Médico Legal (IML) foi apresentado à Polícia, afirmando que a causa da morte de Isabella foi a asfixia, a queda apenas agravou o quadro. Essa reportagem, como as outras duas, também contém apenas uma passagem do repórter e simulações feitas por computador, mas dessa vez, as simulações são mais duradouras, sendo utilizadas para facilitar o entendimento do público. Nessa matéria, também é mostrado a revolta do público diante do caso, já que o pai e a madrasta já eram vistos como os verdadeiros culpados pela morte de Isabella. Pela primeira vez, entre as reportagens analisadas, é mostrada a versão dos advogados de Defesa.
02'10'' O prédio é novo e tem poucos moradores. No 6º andar, só o apartamento de onde a menina caiu está ocupado. Mesmo assim, o vizinho disse à Polícia ter ouvido gritos pouco depois que a família chegou. O depoimento desta testemunha, que pode ajudar a esclarecer o crime, está sendo mantido em sigilo pela Polícia.
SONORA DELEGADO
00'01'' Isabella Nardoni morreu porque foi asfixiada, e a queda só agravou o quadro. É o que mostra o laudo do Instituto Médico Legal de São Paulo entregue à Polícia e à
(ENTRAPromotoria.REPORTAGEM)
00'39'' Hoje, nós tivemos acesso ao conteúdo do laudo do IML sobre a morte da menina. Os legistas concluíram que a causa da morte foi asfixia seguida de politraumatismo. Ou seja, Isabella morreu em consequência da esganadura. A queda só agravou o quadro.
00'31'' E a primeira ligação para o resgate, foi registrada às 23 horas, 49 minutos e 59
00'27'' ( ) desligou o carro às 23 horas e 36 minutos.
00'11'' Agora já se sabe. Somando os segundos, passaram se cerca de 14 minutos entre a chegada dos Nardoni à garagem do prédio e o primeiro telefonema na busca de socorro…
00'22'' (...) na noite do crime.
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PRÉDIO
00'24'' Segundo a empresa de bloqueio por satélite, Alexandre Nardoni…
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PASSAGEMsegundos. REPÓRTER
OFF REPÓRTER IMAGENS ALEXANDRE NARDONI
OFF REPÓRTER IMAGENS JANELA/PRÉDIO/INFORMA HORÁRIO
OFF REPÓRTER ENTRA ARTE
OFF REPÓRTER IMAGENS POLÍCIA
00'57'' Segundo os legistas, o processo de asfixia de Isabella durou cerca de sete minutos. Ela estava viva quando chegou ao chão, o que indica que foi esganada dentro do apartamento. Nos primeiros três minutos, o agressor apertou o pescoço da menina, ela desmaiou. A criança poderia ter se recuperado se fosse socorrida. Sem oxigênio, a pressão e os batimentos cardíacos caíram vertiginosamente. A quantidade de sangue encontrada perto do sofá mostra que a menina foi esganada na sala. O sangue é de um ferimento que ela tinha na testa. O rastro de sangue fica menor no caminho entre a sala e o quarto. É mais um indício de que, quando foi levada para a janela, Isabella estava
OFF REPÓRTER IMAGENS CARRO DE ALEXANDRE/INFORMA HORÁRIO
OFF REPÓRTER IMAGENS POLÍCIA CHEGA AO LOCAL
02'10'' Hoje, três pessoas foram detidas tentando invadir o prédio onde moram os pais de Anna Carolina Jatobá, a madrasta, e onde o casal está hospedado.
02'22'' Pouco depois, um grupo rezou.
OFF REPÓRTER ENTRA ARTE
SOBE SOM POLICIAL
02'30'' Os advogados de Defesa do casal anunciaram que vão entrar com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil. Eles consideram equivocados os procedimentos adotados pelos delegados nas investigações, e alegam que…
OFF REPÓRTER IMAGENS REAÇÃO POPULAÇÃO
18 desmaiada. Nessa situação, a circulação sanguínea diminui. A menina também tinha ferimentos internos na boca e um corte na língua, provocados pela pressão dos lábios contra os dentes. Possivelmente, uma tentativa de calar a criança. O impacto do corpo contra o solo provocou hemorragia interna e fratura no pulso. Os médicos não conseguiram descobrir se a fratura na bacia foi consequência da queda ou de uma agressão anterior.
02'25'' SOBE SOM ORAÇÃO
OFF REPÓRTER IMAGENS DOS ADVOGADOS
02'19'' “Não é com a própria mão que você vai fazer isso, ‘parceiro’. ‘Tá na Justiça”.
02'07'' A brutalidade da morte vem provocando reações.
OFF REPÓRTER IMAGENS REAÇÃO POPULAÇÃO (gritando justiça)
02'43'' (...) a Polícia usa de informações de laudos que ainda não estão no inquérito. Não há consenso entre os peritos sobre a existência ou não de sangue no carro. A Polícia pressionou uma testemunha a negar informações sobre um arrombamento numa casa nos fundos do prédio do casal. A Polícia considerou o depoimento de testemunhas
03'22'' “Eu estou absolutamente, é… Ciente e tranquilo de que o melhor foi produzido, e será apresentado no momento oportuno à sociedade brasileira”.
03'07'' “Nós vamos pedir que essas situações sejam esclarecidas, não é? E que as investigações tomem, de fato, um rumo adequado”.
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que disseram ter visto Cristiane, a irmã de Alexandre, num bar, quando ela estava em SONORAoutro. ADVOGADO
03'16'' Para o promotor que acompanha o caso, esta é apenas uma estratégia da Defesa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OFF REPÓRTER IMAGENS DO PROMOTOR
Através da análise, pude perceber que nas três reportagens há uma interpretação dos fatos, levando o público a levantar suspeitas de quem é o real culpado pela morte de Isabella. Isso pode ser identificado de várias formas, como no uso das sonoras do delegado. Essas sonoras foram usadas em dois pontos: para negar uma hipótese levantada pelo pai de Isabella, que disse que uma pessoa poderia ter invadido o apartamento e jogado a menina pela janela, e para deixar claro que tanto o pai quanto a madrasta estavam sendo averiguados por estarem próximos da vítima. Dessa forma, a reportagem usou das sonoras de uma fonte oficial para, implicitamente, colocar o pai e a madrasta como os criminosos.
Em entrevista, o delegado diz que aceita avaliar outros suspeitos e outra possibilidade de como a morte de Isabella teria acontecido, mas parece que não terá interesse em considerar outras linhas de investigação. Isso mostra um esforço para mostrar certeza e eficiência da polícia durante o caso, mesmo sem explorar mais hipóteses antes de declarar afirmações ou o real culpado, o que, pode ser considerado um efeito ruim por parte da imprensa, que sempre quer certezas.
Outra forma de identificar a interpretação dos fatos é durante a passagem do repórter na segunda reportagem. Nessa passagem, o repórter afirma que: o prédio onde o crime aconteceu é novo e tem poucos moradores, o andar onde o pai e a madrasta de
SONORA PROMOTOR
Dessa forma, analisando a amostragem dessas três reportagens, concluo que o sensacionalismo na cobertura feita pela Rede Globo do caso Isabella Nardoni, não foi
O apelo emotivo também pode ser identificado nas sonoras do delegado, onde ele afirma que Isabella não foi morta de forma acidental e que possivelmente ela teria sido lesionada antes da queda, e também ao mostrar a reação do público pedindo justiça ou rezando.Ouso do off, quando há apenas a narração do repórter coberta por imagens, é algo muito presente nas reportagens, o que considero abusivo. As matérias utilizam muito do recurso de imagem, seja da cena do crime, da investigação, do pai e da madrasta, entre outros, e poucas passagens dos repórteres. O uso abusivo da imagem também é considerado uma característica do sensacionalismo, utilizado para maior comoção do público.
Isabella moravam só era ocupado por eles, e que um vizinho teria escutado gritos depois que a família chegou. Mesmo de uma forma não explícita, a própria reportagem descarta a possibilidade de o crime ter acontecido de outra maneira, já que dessa forma entendemos que, com poucos moradores e o andar sendo ocupado apenas pelo casal, como alguém teria entrado no apartamento e jogado Isabella?
Além de nos levar a interpretar os fatos, as três reportagens têm um apelo emotivo muito forte, o que é considerado uma das características do sensacionalismo. Podemos dizer que o apelo emotivo já está presente apenas por se tratar da morte não acidental de uma criança, mas as reportagens utilizam de alguns formatos de linguagem para deixar isso ainda mais forte e presente. Conseguimos identificar isso através do uso de simulações feitas pelo computador. Quando esse recurso é usado, conseguimos imaginar melhor os acontecimentos, já que o crime é explicado detalhadamente. Nesse caso, podemos imaginar melhor como a morte da menina Isabella pode ter ocorrido. Digo que há um apelo emotivo no uso dessas simulações porque isso é uma forma de aproximar o telespectador do crime e também de despertar um sentimento. Visualizando melhor como a morte de uma menina de apenas 5 anos teria acontecido, é muito difícil do telespectador não ficar horrorizado.
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No texto ainda há a repetição exagerada de detalhes sobre a morte da menina, afirmando que ela teria sido jogada, que a tela da janela do quarto estava cortada e havia sangue no apartamento. No texto da última reportagem, há detalhes sobre a esganadura, que teria sido a causa da morte, e descrição de quantos minutos a criança morre.
PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
TONDO, R.; NEGRINI, M. Espetacularização e Sensacionalismo: Reflexões Sobre o Jornalismo.
GÓES, José Cristian. Marcos na história do jornalismo sensacionalista: a construção de uma estratégia mercadológica na imprensa. Minas Gerais, junho, 2013. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/alcar/encontros nacionais 1/9o encontro 2013/artigos/gt historia do jornalismo/marcos na historia do jornalismo sensacionalista a construcao de uma estrategia mercadologica na imprensa>. Acesso em: 6 de junho de 2021.
ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa. São Paulo: Summus, 1995.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.
O sensacionalismo também está presente na forma como suspeitas são levantadas. As reportagens foram construídas de forma que o público só consegue acreditar que existem dois culpados pela morte de Isabella: o próprio pai e madrasta da menina.
XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação Intercom, 2009, Paraná. Espetacularização e Sensacionalismo: Reflexões Sobre o Jornalismo. Paraná: 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4 0604 1.pdf>. Acesso em: 5 de junho de 2021.
LANA, Lígia. Para além do sensacionalismo: uma análise do telejornal Brasil Urgente. Rio de Janeiro: E papers, 2009.
ARBEX JR., José. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. 2ª ed. São Paulo: Casa Amarela, 2001.
AMARAL, Márcia. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006.
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feito de uma forma escancarada, já que foi algo muito mais visual do que verbal. Entendo isso, pois nas reportagens foram utilizadas mais imagens do ponto de vista da acusação, com simulações e imagens de peritos e da investigação, do que da defesa do casal, que entre essas três matérias, só foi ouvida apenas uma vez. Quando digo é algo muito mais visual, não deixo de lado o ‘verbal’, já que ele está presente e, em casos como o da simulação, potencializa ainda mais o recurso utilizado.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença, 1999.
3. Sinopse
4. Duração
As mães de duas crianças fazem uma denúncia na Rede Globo, e os donos de uma escola são acusados injustamente. Uma adolescente é mantida em cárcere privado pelo ex namorado, junto de uma amiga com a qual estudava, evento que acaba levando à sua morte. Uma menina de cinco anos de idade morre ao cair do sexto andar de um prédio no estado de São Paulo, e a população se choca quando é revelado que ela foi atirada da janela pelo pai e a madrasta. Todos esses crimes, e muitos mais, possuem uma coisa em comum: a cobertura deles realizada pela mídia foi brutal. Todos os dias, se via no jornal menções aos acontecimentos sem uma pausa sequer, e a cobertura incansável da mídia causou, em alguns casos, mais mal do que bem. Desde a destruição da vida dos donos da Escola Base, até a morte de Eloá, a mídia têm sido apontada como responsável por uma mais comuns críticas da cobertura jornalística: o sensacionalismo. Este documentário busca descobrir os danos causados pela mídia e a forma irresponsável com que ela cobriu esses casos, e busca saber também se ela não só fez as coberturas de forma insensível, mas se ela é também responsável por algumas das tragédias que se sucederam.
APÊNDICE
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A) Ficha técnica
2. Formato Documentário.
Efeito dominó do sensacionalismo
27 minutos e 22 segundos.
1. Área Televisão.
Documentário mostrando consequências que coberturas sensacionalistas causam na sociedade, como pode se observar nos casos Eloá e Escola Base, e no tipo de cobertura que foi feita dos casos em questão.
1. Consideramos nosso público alvo aqueles que consomem jornais que atualmente são conhecidos pelo sensacionalismo. Buscamos gerar o alerta esse público, portanto, conversamos com alguns telespectadores e notamos pontos nas falas dos mesmos que deveriam ser esclarecidos, como qual o impacto que uma fala exagerada pode ter. Para isso, fizemos entrevistas com especialistas, jornalistas experientes e pessoas que já se sentiram afetadas com o sensacionalismo exposto nos jornais.
6. Linha editorial
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C) Público a ser atingido
1. Durante a elaboração do documentário, fui repórter em três entrevistas, e também realizaei a decupagem das mesmas, fiquei responsável pelo roteiro e também produção, conseguindo o contato de entrevistados. Wallas Novais foi repórter, ficou responsável pelo roteiro juntamente comigo, bem como direção e produção. Luiz Gustavo e Karina Martins exerceram as funções de repórter e produtor.
B) Plano estratégico
D) Função individual
Documentário jornalístico com um alerta do que o jornalismo sensacionalista pode causar à população, com base no estudo dos casos Escola Base e Eloá.
5. Linguagem
1. Documentário de 27 minutos e 22 segudos elaborado com o intuito de gerar um alerta para o público sobre o sensacionalismo e suas consequências, no formato informativo e utilizando fotos e vídeos dos casos que mais tiveram repercussão no país e que são associados ao tema em discussão. A estratégia utilizada no layout foi no uso de cores fortes e contrastantes, o amarelo e preto, que invocam um sinal de alerta, remetendo à uma faixa de cena de crime.
Valor total
SOBE ÁUDIO DO VÍDEO
G) 1.DocumentaçãoRoteiro
Transporte
Total R$ 404,20
24 E) Cronograma
Revisão profissional R$ 130,00

Alimentação R$ 45,00
VÍDEO ÁUDIO
R$ 19,20
teóricos
F) OrçamentoItem
VINHETA ABERTURA ÁUDIO VINHETA IMAGEM CASO ISABELLA OFF: “CASO ISABELLA...”
Materiais R$ 135,00
Equipamentos R$ 75,00
ABERTURA: COBERTURA CASO MARCELA NO CIDADE ALERTA (DURANTE COBERTURA AO VIVO, A MÃE DE MARCELA É INFORMADA SOBRE A MORTE DA FILHA E PASSA MAL)
OFF: “O SENSACIONALISMO PODE SER DEFINIDO COMO UMA LINHA EDITORIAL DA MÍDIA ONDE SE BUSCAM TEMAS OU FORMAS DE CAUSAR UM IMPACTO NO PÚBLICO, E, DESSA FORMA, GERAR MAIOR AUDIÊNCIA.”
OFF: “TODOS ESSES CASOS MARCARAM A HISTÓRIA DO TELEJORNALISMO BRASILEIRO. MAS, VOCÊ SABE O QUE ESSES TRÊS CASOS TÊM EM COMUM?
NÃO SOMENTE A HISTÓRIA POR TRÁS DESSES CASOS FAZ COM QUE ELES SEJAM LEMBRADOS ATÉ HOJE. O DURANTESENSACIONALISMOACOBERTURADOS MESMOS TAMBÉM FAZ.”
VÍDEO COBERTURA CASOS ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE
ENTREVISTA GOTTINO SONORA: “A MINHA OPINIÃO É, SE VOCÊ NÃO ESTÁ GOSTANDO DA COBERTURA, VOCÊ MUDA DE CANAL. ESSA HISTÓRIA DE SENSACIONALISMO CRIARAM PARA DIFERENCIAR UMA EMISSORA DAS DEMAIS EMISSORAS. UMA EMISSORA NÃO SENSACIONALISTA,É TODAS AS OUTRAS SÃO. ISSO É RIDÍCULO.
OFF: “CASO ELOÁ...”
ENTREVISTA COUTINHO
IMAGEMNARDONICASO ELOÁ
SONORA: “EXISTEM VÁRIOS ESTUDOS A RESPEITO DO QUE ATRAI AS PESSOAS BASICAMENTESENSACIONALISMO,NOMASOSERHUMANO É
ATRAÍDO PELO SENSACIONALISMO, ATÉ MESMO PELA PARTE MAIS BAIXA NÉ, DO SER HUMANO, A PARTE MAIS ANIMAL, QUE É O SANGUE, É O... O PRÓPRIO NOME DIZ, SÃO AS SENSAÇÕES NÉ. ENTÃO AS PESSOAS QUEREM SABER A RESPEITO DE TUDO QUE ENVOLVE VIOLÊNCIA, MORTE, SANGUE. ISSO ATRAI AS PESSOAS, NÉ?”
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OFF: “CASO ESCOLA BASE...” VÍDEO COBERTURA CASOS ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE
IMAGEM CASO ESCOLA BASE
OFF: “CRIAÇÃO DE POLÊMICAS DIANTE DOS FATOS,”
OFF: “ABORDAGENS INSENSÍVEIS,”
VÍDEO COBERTURA ESCOLA SUZANO NO SBT
VÍDEO BACCI ACUSA HOMEM SEM PROVAS E DESPERA FILHA
SOBE SOM VÍDEO
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SOBE SOM VÍDEO
VÍDEO SIKERA JUNIOR SE IRRITA COM ENTREVISTA DE BANDIDO
ALGUMAS EMISSORAS FAZEM UM JORNALISMO MAIS POPULAR, MAIS LIGADO À POPULAÇÃO, AO POVO. VOU PEGAR UM OUTRO EXEMPLO AQUI, O CASO LÁZARO. QUEM DETERMINA SE O CASO VAI SER UMA GRANDE COBERTURA OU NÃO, NÃO É O JORNALISTA, NÃO É A EMISSORA, É TELESPECTADOR.O SE EU COLOCO NO AR E O TELESPECTADOR NÃO TEM INTERESSE... ENTÃO, O INTERESSE DO TELESPECTADOR É O QUE AUMENTA O TEMPO DE COBERTURA. A GENTE TEM QUE FALAR A REAL, A REAL É ESSA. A GENTE COLOCA UM ASSUNTO NO AR, AS PESSOAS PASSAM A TER INTERESSE POR AQUELE TEMA, AS PESSOAS PASSAM A QUERER ASSISTIR AQUILO, E AÍ, ALGUÉM PEGA E FALA: “O JORNALISMO QUE ELES FAZEM É SENSACIONALISTA”, SENSACIONALISTA NADA. É GRANDE COBERTURA, COM ESTRUTURA, COM REPÓRTERES QUE SABEM FAZER AO VIVO, E POUCOS SABEM FAZER DESSA MANEIRA. MAS SE CRIA ESSA HISTÓRIA DE QUE UM É SENSACIONALISTA E O OUTRO NÃO É, ISSO É UMA TREMENDA BESTEIRA.” OFF: “ALGUNS MÉTODOS JÁ SÃO CONHECIDOS POR FAZEREM PARTE DE UMA ABORDAGEM SENSACIONALISTA. SÃO ELES...”
OFF: “E INTENCIONALMENTE.TENDENCIOSAAPRESENTAÇÃOFEITA ”
SONORA: “SIM, VOCÊ TEM QUE ENTENDER O QUE O SEU TELESPECTADOR QUER ASSISTIR TAMBÉM. O SEU TELESPECTADOR QUER VER O QUE? TEM UMA EMISSORA QUE FEZ UMA COBERTURA AGORA SOBRE COVID, QUE ELA PRIORIZOUSIMPLESMENTEACOBERTURA DE COVID. EU PODERIA PEGAR E FALAR ASSIM: “OLHA, EU ACHO QUE ISSO É SENSACIONALISMO”. PODERIA, MAS NÃO FAÇO, PORQUE EU RESPEITO A LINHA EDITORIAL. CADA UM ESCOLHE A FORMA COMO QUER TRABALHAR E AONDE QUER CHEGAR.”
ENTREVISTA GOTTINO
SOBE SOM VÍDEO
ENTREVISTA BEATRIZ SONORA: “EU ACHO QUE UM BOM EXEMPLO DISSO É QUANDO EU TRABALHAVA DENTRO DE UMA EMISSORA. ENTÃO EU TRABALHAVA COM CONTEÚDOS DE CRIME E FEMINICÍDIO O DIA TODO. EU NÃO PODERIA ESCOLHER, ‘AH, EU QUERO SÓ VER ISSO HOJE, QUERO SÓ VER COISAS FOFAS HOJE NO JORNAL’, NÃO, NÃO É ASSIM QUE FUNCIONA, E A GENTE SABE MUITO BEM DISSO. ENTÃO EU ACREDITO QUE ISSO ME GEROU MUITOS TRAUMAS, PORQUE É UMA COISA ABSURDA, DE EU SAIR NA RUA, JÁ ESCURO, E EU PENSAR: ‘NOSSA, EU VI ISSO, ISSO E ISSO, TINHA UMA MOÇA, ELA ESTAVA SOZINHA, ELA FOI ASSALTADA, ISSO PODE ACONTECER COMIGO’. ENTÃO ERA UMA COISA BEM DIFÍCIL DE LIDAR, PORQUE ERA TODO O DIA O MESMO MEDO, O MESMO PENSAMENTO. FORAM COISAS QUE EU FIQUEI UM POUCO ASSUSTADA.”
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”
VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI
IMAGENS CASO ISABELLA NARDONI
OFF: “O CASO ELOÁ REFERE SE AO SEQUESTRO E MORTE DA JOVEM ELOÁ CRISTINA NO DIA 13 DE OUTUBRO DE 2008. ELOÁ FOI MORTA PELO SEU EX-NAMORADO, LINDEMBERG ALVES, QUE INVADIU A CASA DA GAROTA E A FEZ REFÉM POR MAIS DE 100 HORAS. A COBERTURA DO CASO FOI BASTANTE QUESTIONADA E É CRITICADA ATÉ HOJE. MUITOS CONSIDERAM A MÍDIA COMO A PRINCIPAL CULPADA, JÁ QUE AGIU DE FORMA IRRESPONSÁVEL E CRIMINOSA. A JORNALISTA SÔNIA ABRÃO E A REDE TV FORAM ALVOS DE UMA AÇÃO MOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL POR UMA ENTREVISTA FEITA COM ELOÁ E LINDEMBERG. O ÓRGÃO AFIRMOU QUE AS ENTREVISTAS
VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI SOBE SOM VÍDEO
IMAGENS CASO ELOÁ
OFF: “ANALISANDO CASOS QUE JÁ SÃO CONHECIDOS E BUSCANDO DEPOIMENTOS DE QUEM CONSOME ESSE TIPO DE CONTEÚDO, CONSEQUÊNCIASSENSACIONALISMORESPONDERBUSCAMOSSEOTEMREAIS.
VÍDEO CASO ISABELLA NARDONI SOBE SOM VÍDEO
OFF: “O CASO ISABELLA NARDONI REFERE SE À MORTE DA MENINA DE CINCO ANOS, JOGADA DO 6º ANDAR DO EDIFÍCIO LONDON, LOCALIZADO NA VILA GUILHERME, ZONA NORTE DE SÃO PAULO. O CASO ACONTECEU NA NOITE DO DIA 29 DE MARÇO DE 2008 E LOGO TOMOU UMA REPERCUSSÃOGRANDEEMTODO O PAÍS, DEVIDO A GRANDE COBERTURA MIDIATICA DIANTE DO CASO.”
SONORA: “O CASO ELOÁ EU CLASSIFICO COMO UM DOS MAIORES ERROS DA POLÍCIA, NÃO DA IMPRENSA, NÃO DOS JORNALISTAS. UM DOS MAIORES ERROS QUE A POLÍCIA COMETEU. E AÍ EU POSSO DESCREVER PARA VOCÊ ALGUNS DESSES ERROS, E VOCÊS PODEM OPINAR SE FORAM ERROS DA POLÍCIA OU SE FORAM ERROS DA IMPRENSA. VAMOS LÁ... LINDERBERG INVADE O APARTAMENTO E FAZ A EXNAMORADA E A AMIGA REFÉM, ELES ESTÃO TRANCADOS DENTRO DO APARTAMENTO, COMEÇA ALI UMA NEGOCIAÇÃO DA POLÍCIA E A IMPRENSA SE APROXIMA DO LOCAL PARA FAZER A COBERTURA E ELES FICAM ALI POR ALGUMAS HORAS. A IMPRENSA ESTÁ FAZENDO O PAPEL DELA, A POLÍCIA ESTÁ FAZENDO O PAPEL DELA. NEGOCIAÇÃOAQUELECONTINUA, SE ESTENDE, E EM NENHUM MOMENTO ELES CONSEGUEM COLOCAR UM PONTO FINAL NISSO, ATÉ QUE VIRA O PRIMEIRO DIA, E AÍ O CASO COMEÇA A DESDOBRAMENTOS.TERJÁTEM UMA COBERTURA NACIONAL, ELES NÃO CONSEGUEM COLOCAR UM PONTO FINAL NISSO, E AÍ A IMPRENSA COMEÇA A CRESCER A HISTÓRIA. O LINDERBERG, EM UM DETERMINADO MOMENTO, ELE SOLTA A AMIGA. A AMIGA NAYARA, SE NÃO ME ENGANO, É LIBERTADA, ELA SAI. VOCÊ TINHA DUAS REFÉNS, VOCÊ SOLTOU UMA, VOCÊ TEM METADE DO SEU PROBLEMA AGORA. VOCÊ TINHA DUAS
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INTERFERIRAM NA ATIVIDADE POLICIAL E COLOCARAM A VIDA DA ADOLESCENTE E DOS ENVOLVIDOS NA OPERAÇÃO EM RISCO.” VÍDEO COBERTURA CASO ELOÁ ÁUDIO REPÓRTER
ENTREVISTA GOTTINO
VÍDEO POLICIAL JOÃO FELIX SOBE SOM FALA POLICIAL COUTINHO “
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SONORA:
MENINAS, AGORA VOCÊ TEM SÓ A METADE, 50% DO SEU PROBLEMA JÁ FOI RESOLVIDO. A MENINA FOI LIBERTADA, ESTAVA BEM... ELES FAZEM A MENINA VOLTAR PARA O CATIVEIRO, PARA O APARTAMENTO. QUEM FEZ A MENINA VOLTAR PARA O LOCAL FOI A IMPRENSA OU FOI A POLÍCIA? QUANDO ELA É FEITA REFÉM NOVAMENTE, AÍ O NEGÓCIO CRESCEU PORQUE TODO MUNDO VIU QUE FOI UM GRANDE ERRO. SÓ QUE, O QUE ACONTECE, QUANDO ELA VOLTA E ELE NÃO SOLTA A MENINA, ELE FICA EM SILÊNCIO, NINGUÉM SABIA O QUE TINHA ACONTECIDO, FOI AÍ QUE EU LIGUEI, PEGUEI O TELEFONE NA LISTA TELEFÔNICA, PEGUEI O TELEFONE DA CASA E LIGUEI NO TELEFONE FIXO E ELE ATENDEU. A GENTE QUERIA SABER SE A MENINA ESTAVA VIVA, SE A MENINA ESTAVA BEM. ELE ATENDE E DÁ UMA ENTREVISTA RÁPIDA DIZENDO QUE ESTAVA TUDO BEM. QUEM COMETEU ESSE ERRO FOI A IMPRENSA OU FOI A POLÍCIA QUE DEIXOU A MENINA VOLTAR?”
O SERAPROFUNDARESSEACOMPANHARSIMPLESDESABERGOSTAEUPORQUEJORNALISMO,PRODUZINDODEFENSORES,SEMPRESENSACIONALISTA,JORNALISMOELETERÁOSSEUSTERÁALGUÉMESSETIPODETEMAUDIÊNCIA.COMOFALEI,OSERHUMANO,ELEDISSO;ELEGOSTADEDESSESCASOS,DECASOSSANGUE.EÉMUITOMAISVOCÊNUMCASOCOMODOQUEVOCÊSEMESMO.CHEGAACANSATIVOÀSVEZESATÉ
ENTREVISTA
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“HOUVE UMA FALHA MUITA GRANDE TAMBÉM DA IMPRENSA AÍ, O NOSSO FOCO, NÓS DA IMPRENSA SEMPRE QUESTIONAMOS ISSO NÉ, NORMALMENTE O JORNALISTA, ELE GOSTA MUITO DE FAZER CRÍTICA. O NOSSO TRABALHO É UM TRABALHO DE COBRAR O PODER PÚBLICO, COBRAR AS AUTORIDADES, MAS EXISTEM
VÍDEO COBERTURA CASO ESCOLA BASE SOBE SOM VÍDEO
OFF: “O CASO ESCOLA BASE REFERE SE À ACUSAÇÃO INJUSTA DE ABUSO SEXUAL CONTRA ALUNOS QUE TERIAM SIDO COMETIDOS PROPRIETÁRIOSPELOSDA ESCOLA, O CASAL ICUSHIRO SHIMADA E MARIA APARECIDA SHIMADA, A PROFESSORA PAULA MILHIM ALVARENGA E O SEU ESPOSO E MOTORISTA MAURÍCIO MONTEIRO DE ALVARENGA. O CASO, QUE ACONTECEU EM 1994, É LEMBRADO ATÉ HOJE DEVIDO À COBERTURA PARCIAL DA IMPRENSA. OS ACUSADOS, ALÉM DE SE ISOLAREM E PERDEREM SEUS EMPREGOS, DESENVOLVERAM ESTRESSE E FOBIA, DIANTE DOS DANOS MORAIS QUE SOFRERAM. POR CONTA DA COBERTURA, A REDE GLOBO FOI CONDENADA A PAGAR R$ 1,35 MILHÃO PARA REPARAR OS DANOS CAUSADOS AOS ACUSADOS.”
PARA O PÚBLICO SE APROFUNDAR, NÃO FICAR SÓ SUPERFICIALIDADE.NA NÓS VEMOS ATÉ NAS REDES SOCIAIS, MUITA GENTE NOTÍCIASCOMPARTILHAAPENASPELO TÍTULO, APENAS PELA PARTE MAIS SUPERFICIAL DA NOTÍCIA QUE É O TÍTULO, AS COMPARTILHAMPESSOASAQUILO SEM LER O CONTEÚDO DA MATÉRIA.”
IMAGENS CASO ESCOLA BASE
ENTREVISTA COUTINHO
OFF: “OUTRO CASO RECENTE E QUE TAMBÉM PODE SER CITADO É O CASO LÁZARO, HOMEM QUE FICOU CONHECIDO COMO O ‘SERIAL KILLER DE BRASÍLIA’.”
IMAGENS CASO ISABELLA
SOBE SOM VÍDEO
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POUCOS JORNALISTAS, NO JORNALISMO EXISTE MUITO POUCO ESSA QUESTÃO DA COBRANÇA, DA AUTO COBRANÇA. OU SEJA, O JORNALISTA ESTÁ ALI, VIGIANDO TAMBÉM O SEU TRABALHO, VIGIANDO O QUE, SERÁ QUE ESTÁ SENDO BEM FEITO NÉ, ESSE TRABALHONÉ,ESSE...OUEXISTIRAMFALTAJORNALÍSTICO?TRABALHOINFELIZMENTEMUITOAAUTO-CRÍTICA.ALGUNS,EXISTEMUMOUTROVEÍCULOAÍQUETEMOPRÓPRIOOMBUDSMANÉUMAFORMADEVIGIARODAIMPRENSANÉ. ”
OFF: “DE ACORDO COM DADOS DIVULGADOS PELO INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, O IBOPE, MOSTRAM QUE, DE FATO, O EXAGERO DURANTE A COBERTURA DESSES CASOS GERA MAIOR AUDIÊNCIA.”
VÍDEO CASO LÁZARO
IMAGENS CASO ISABELLA
VÍDEO CASO LÁZARO
OFF: “O CASO FEZ A RECORD TV TER A MELHOR AUDIÊNCIA DO ANO. AS EDIÇÕES VESPERTINAS DOS JORNAIS ‘CIDADE ALERTA’ E ‘BALANÇO GERAL’ REGISTRARAM 9,5 PONTOS DE MÉDIA SEMANAL, UMA CRESCIMENTO DE 23% NA COMPARAÇÃO COM AS QUATRO
IMAGEM CASO LÁZARO
OFF: “DURANTE A COBERTURA DO CASO ISABELLA, O ‘FANTÁSTICO’, EXIBIDO PELA REDE GLOBO, REGISTROU 33 PONTOS DE MÉDIA, COM PICO DE 43, DURANTE A EXIBIÇÃO DA ENTREVISTA COM ANNA CAROLINA OLIVEIRA, MÃE DA MENINA ISABELLA.”
ENTREVISTA GOTTINO SONORA: “NÃO SOU EU QUE ESTOU DETERMINANDO QUE ESSE ASSUNTO VÁ GOELA ABAIXO DAS PESSOAS. NÃO, AS PESSOAS QUE
SONORA: “MUITAS PESSOAS ACHAM QUE, NÃO QUEREM ASSISTIR ELE PORQUE ACHAM QUE AS PESSOAS VÃO FICAR COM MAIS MEDO. EU ACHO QUE NÃO, QUE ELE ESTÁ ALERTANDO AS PESSOAS, NÉ, ESTÁ DIVULGANDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO, NÉ. [...] PORQUE SE VOCÊ FOR TER MEDO, VOCÊ ENTRA NUMA DEPRESSÃO, NÉ. IGUAL MUITAS PESSOAS ESTÃO, EM DEPRESSÃO, TRANCADA DENTRO DE CASA PORQUE FICA COM MEDO DE TUDO.”
SONORA TIAGO ALMEIDA
SONORA: “ESSE PRINCIPALMENTEJORNALISMO,DARECORD, O GOTTINO, EU GOSTO MUITO DELE, ELE INFLUENCIA BASTANTE AS PESSOAS A VER A VERDADE, A TRANSPARÊNCIA. NÃO TEM ESSE NEGÓCIO DE MEIA VERDADE, OU É OU NÃO É, ENTENDEU? [...] EU ACHO QUE ASSIM, ÀS VEZES PESA NÉ? ELES QUEREM FAZER UM TRABALHO, NÃO SEI SE É ESSE FURO DE REPORTAGEM RÁPIDO, NÉ? ATRAPALHA A INVESTIGAÇÃO POR ISSO NÉ. [...] SE EU QUISER VER PARAÍSO EU VOU VER PARAÍSO. SE EU QUISER VER, NÉ... TAMBÉM DIZEM QUE O NOSSO PAÍS É UMA TAXA ALTA DE CRIMINALIDADE, NÉ? VOCÊ VÊ AS PESQUISAS DIVULGANDO AÍ, NÉ? E TODA HORA, VOCÊ LIGA NUM JORNAL E NO OUTRO, TODA HORA... MAS O NOSSO BRASIL É GRANDE. [...] ENTÃO, EU ACHO ASSIM: É MUITA NOTÍCIA RUIM, NÃO PRECISAVA DISSO.”
SEMANAS ANTERIORES, SENDO A EDIÇÃO DE SEXTA FEIRA, DIA 18 DE JUNHO, A MAIS VISTA DO ANO, COM 10,5 PONTOS.”
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ENTREVISTA MARIA APARECIDA
ESTÃO FALANDO: “OLHA, NÓS QUEREMOS ASSISTIR ISSO, NÓS QUEREMOS SABER SE ELE VAI SER PEGO OU NÃO”. TEM UMA COMOÇÃO NACIONAL, TODO MUNDO QUERENDO SABER AONDE ELE ESTÁ, ELE ESTÁ ENGANANDO A POLÍCIA, ELE ESTÁ FAZENDO REFÉNS, COMO QUE ESTÁ A SITUAÇÃO, A NOITE ELE FOI VISTO... ENTÃO, É UMA HIPOCRISIA MUITO GRANDE QUANDO AS PESSOAS CLASSIFICAM DESSA MANEIRA, PRINCIPALMENTE SITES NOTICIOSOS, QUE PUBLICAM ISSO, MAS AO MESMO TEMPO, COLOCAM LÁ EM DESTAQUE NA PRIMEIRA CAPA, NA PRIMEIRA PÁGINA, NA CAPA DE SEUS SITES, AS MESMAS NOTÍCIAS QUE ELES RECLAMAM QUE, NA TELEVISÃO, SÃO SENSACIONALISTAS, PORQUE É A NOTÍCIA QUE VAI DAR CLIQUE.”
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ENTREVISTA GOLDENBERGJACOB SONORA: “A TELEVISÃO, E EU JÁ COMENTEI ISSO EM UM DOS MEUS ÚLTIMOS LIVROS, QUE ERA SOBRE MAGÉTICA, ELA TEM UM IMPACTO DE TODOS OS MOVIMENTOS, QUER DIZER, O TELESPECTADOR QUANDO ASSISTE O PROGRAMA, ELE TENDE A DIMINUIR A SUAS RESERVAS CRITICAS, É DIFERENTE DA LEITURA, POR EXEMPLO DE UM LIVRO, QUE NORMALMENTE DEMANDA UMA REFLEXÃO. NA TELEVISÃO A MENSAGEM É DIRETA, POR TANTO A PERSUASÃO É MUITO MAIS SIGNIFICATIVA. É UM PROCESSO PARECIDO COM O QUE ACONTECEU NOS INÍCIOS DA INSERÇÃO DO RÁDIO NO MEIO MIDIÁTICO. [...] SEM DÚVIDA NENHUMA! UMA GRANDE PARTE DA PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA URBANA CONTEMPORÂNEA É RESULTADO DA EXPLORAÇÃO SENSACIONALISTA, DAQUILO QUE JÁ SE TRADICIONALMENTE,CHAMAVA DE IMPRENSA MARROM, AOS INSTINTOS MAIS
35 CRUÉIS, BÁRBAROS E SELVAGENS DA CONTINGÊNCIA HUMANA. [...] É MUITO GRAVE QUANDO A TELEVISÃO, OU QUALQUER ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO TRANSFORMA O BANDIDO EM UMA ESPÉCIE DE HERÓI, UMA ESPÉCIE DE ROBIN HOOD. NÃO TEM ROBIN HOOD! BANDIDO É BANDIDO E HERÓI É HERÓI. QUANDO VOCÊ ROMANTIZA ESSE PERSONAGEM, VOCÊ PODE ESTAR EDUCANDO NO SENTIDO DO CRIME, ENSINANDO O INDIVIDUO, E MAIS DO QUE ISTO, APLAUDINDO ESSA ORDEM COMPORTAMENTODE QUE É CRIMINOSA.” VÍDEO COBERTURA CASO ELOÁ PROGRAMA SONIA ABRÃO SOBE SOM VÍDEO
SONORA: “SE HOUVER ESSA INFORMAÇÃO EM EXCESSO, SIM, PODE SIM CAUSAR PREJUÍZOS PSICOLÓGICOS. VOLTANDO ALI NAQUELA MESMA SITUAÇÃO, SE PARA UM ADULTO É DIFÍCIL RECEBER TANTA INFORMAÇÃO E AINDA SIM GERENCIAR, IMAGINA PARA UMA CRIANÇA, IMAGINA PARA UM ADOLESCENTE. PORÉM, ESSA INFORMAÇÃO É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A EVOLUÇÃO DA CRIANÇA. ENTÃO POR ISSO É IMPORTANTE QUE OS RESPONSÁVEIS FAÇAM BEM ESSA GESTÃO, SAIBA BEM QUAL É O TELEJORNAL DE QUALIDADE, E QUANTO TEMPO QUE A CRIANÇA VAI SE EXPOR AQUELA REALIDADE PARA QUE ELA CONSIGA SABER COMO E PORQUÊ AS COISAS ACONTECE, PORQUE FAZ PARTE DA FORMAÇÃO, ELES ESTÃO ALI, CONHECENDO O MUNDO E ELES PRECISAM CONHECER MAIS, ALÉM DO QUE É SE VIVIDO DENTRO DE CASA.”
ENTREVISTA LAIS
ENTREVISTA COUTINHO
SONORA: “O PROBLEMA ESTÁ NO TEMPO QUE A GENTE ABSORVE, NA QUANTIDADE DE TEMPO QUE A GENTE ABSORVE ESSA INFORMAÇÃO, E NA GESTÃO DE
”
ENTREVISTA LAIS
O SUJEITO HAVIA SIGO PEGO, INDICAR TODA A TORTURA QUE AS VÍTIMAS PASSAVAM. ME SENTI COM MEDO, MUITO ASSUSTADA, E FRUSTRADA. MAS AO MESMO TEMPO, É CONHECERMOSIMPORTANTEALINGUAGEM E AS ESTRATÉGIAS QUE ESSE TIPO DE JORNAL ABORDA, PARA TOMARMOS CUIDADO E NOS PREVENIR, PRINCIPALMENTE CONTRA AS FAKE NEWS.”
SONORA: “ESSE TIPO DE JORNAL CAUSA FORTES EMOÇÕES PARA PRENDER A ATENÇÃO DO PÚBLICO. EU, POR EXEMPLO, ME SINTO FRUSTRADA, COMO ACONTECEU NO CASO DO LÁZARO, DA COBERTURA, EM QUE HOUVERAM JORNAIS SENSACIONALISTAS,MUITO QUE UTILIZAVAM EXAGERADASEXPRESSÕESPARAINDICAR QUE
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SONORA: “UM APRESENTADOR. ELA NÃO FALOU QUEM QUE ERA O APRESENTADOR NEM QUAL ERA A EMISSORA, MAS NAQUELA ÉPOCA PRATICAMENTE TODAS AS EMISSORAS ESTAVAM DANDO ESSA NOTÍCIA, E O JORNALISTA FALOU QUE ERAM CULPADOS, E ELA ACREDITA PORQUE ELA VIU NA TELEVISÃO, ENTÃO AÍ QUE A GENTE VÊ A FORÇA, POR ISSO QUE NOS SOMOS CHAMADOS "O QUARTO PODER", A FORÇA QUE NOS TEMOS, NÓS DA IMPRENSA, DE ESPALHAR INCLUSIVE UMA NOTÍCIA FALSA. E MESMO DEPOIS, OS DONOS DA ESCOLA SENDO ABSOLVIDOS, E A PESSOA FICA COM AQUELA PEDÓFILOSOSINFORMAÇÃO:PRIMEIRADEQUEDONOSDAESCOLAERAM
ENTREVISTA VANESSA
ENTREVISTA GOTTINO SONORA: “DEPOIS DE UM TEMPO QUE VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO NESSA ÁREA VOCÊ CONSEGUE SEPARAR MELHOR ISSO. NO COMEÇO A GENTE SENTE MUITO, A GENTE SE ABALA COM AS NOTÍCIAS. DEPOIS, VOCÊ CONSEGUE DIVIDIR MELHOR. NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ SE TORNOU UMA PESSOA DE PEDRA, UMA PESSOA FRIA, NÃO É ISSO... MAS, O QUE ENVOLVE A COBERTURA JORNALÍSTICA, ELA FAZ COM QUE VOCÊ NÃO SE ENVOLVA TANTO, EMBORA EU TENHA UM PROBLEMA DE ME ENVOLVER. EU ME EMOCIONO, EU ENTRO NAS HISTÓRIAS, MAS É LEGAL A SUA PERGUNTA PORQUE DÁ PRA EXPLICAR UM POUCO DO CENÁRIO QUE ENVOLVE A COBERTURA, QUE ASSIM, EU ESTOU CONVERSANDO COM O TELESPECTADOR, ESTAMOS AQUI, SÓ QUE TEM PESSOAS DO MEU LADO, TEM UMA CÂMERA, TEM LUZ, TEM GENTE, TEM PESSOAS FALANDO NO MEU OUVIDO: “OLHA, TEM INTERVALO AGORA, TEM QUE FAZER INTERVALO...”, ISSO VAI CORTANDO O SEU EMOCIONAL, PORQUE VOCÊ TEM ALI UMA ESTRUTURA, E O CARA FALA: “CHAMA O REPÓRTER, SURGIU AGORA, TAL”, ENTÃO, VOCÊ NÃO ESTÁ EMOCIONALCOMPENETRADOMENTENESSE CASO. VOCÊ ESTÁ FALANDO PENSANDO
QUALIDADE DESSA INFORMAÇÃO. OU SEJA, A GENTE PRECISA DETERMINAR QUANTO TEMPO DO MEU DIA EU DEVO ASSISTIR O TELEJORNAL PARA ME MANTER INFORMADA DO QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO, MAS TENDO ESSA VISÃO, TENDO ESSA SELETIVIDADE, OLHANDO UM POUQUINHO DO QUE AQUILO PODE ME TRAZER, O QUE AQUILO PODE ME ACRESCENTAR.”
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NO QUE VAI FALAR NA SEQUÊNCIA, ESTÁ OUVINDO UMA ORIENTAÇÃO DO QUE VOCÊ DEVE FAZER, TEM GENTE SINALIZANDO AQUI, O TP, O REPÓRTER, O HELICÓPTERO, QUATRO IMAGENS NO AR... ENTÃO, O SEU ENVOLVIMENTO ELE NÃO É TOTAL, PORQUE VOCÊ ESTÁ COM A SUA CABEÇA A MIL E VOCÊ VAI COMPONDO ISSO PARA VOCÊ FAZER UMA GRANDE COBERTURA. ENTÃO, ISSO TE DISTANCIA UM POUCO... PODE SER BOM, PODE SER RUIM. EU, QUANDO ME PEGO, EU ESTOU DENTRO DA HISTÓRIA, MAS DEPOIS QUE EU SAIO DO TRABALHO, EU TENTO DEIXAR ELE DE LADO PORQUE EU TENHO UMA FAMÍLIA, TENHO FILHOS, TENHO ESPOSA, TENHO QUE CHEGAR AQUI E HONRAR OS MEUS COMPROMISSOS COMO PAI, COMO MARIDO, E EU NÃO POSSO CHEGAR AQUI E FICAR EM UMA SITUAÇÃO QUE A MINHA FAMÍLIA NÃO CONSEGUE TER CONTATO COMIGO PORQUE EU FIQUEI MUITO MAL. ENTÃO ASSIM, A GENTE SENTE OBVIAMENTE, A GENTE SOFRE, MAS A GENTE TEM QUE SABER SEPARAR BEM, E ESSE AMBIENTE DA COBERTURA JORNALÍSTICA TAMBÉM TE AJUDA A TE DISTANCIAR.”
IMAGENS VÍDEO COBERTURA CASOS ISABELLA, ELOÁ E ESCOLA BASE OFF: “O OBJETIVO DESSE DOCUMENTÁRIO ERA MOSTRAR QUAL IMPACTO QUE O SENSACIONALISMO TEM NA VIDA DAS PESSOAS. SEM PERCEBER, NÓS NOS SENTIMOS COM INFLUENCIADOSMEDO,PORCOISAS QUE VEMOS NA TELEVISÃO. TAMBÉM É MUITO DISCUTIDO SOBRE A ÉTICA PROFISSIONAL DO JORNALISTA QUANDO ESSE TEMA É ABORDADO. ATÉ ONDE VAI A BUSCA POR AUDIÊNCIA? DEVEMOS MESMO ABUSAR E APELAR PARA O EMOTIVO, MESMO SABENDO QUE
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1. Motivos para o tema
ISSO PODE TER CONSEQUÊNCIAS?
SONORA: “NÓS JORNALISTAS NÃO PODEMOS APONTAR DEDO, PORQUE NÓS TEMOS ALGUMAS VERSÕES DE UMA HISTÓRIA, MAS NÓS NÃO TEMOS O PODER DE FAZER UMA INVESTIGAÇÃO TÃO APROFUNDADA QUANTO A POLÍCIA. NA VERDADE ATÉ PODEMOS, NÉ. POR UM CERTO ASPECTO, PODEMOS. MAS NÓS NÃO PODEMOS JULGAR, REALMENTE NÉ. NÓS TEMOS QUE APRESENTAR OS DADOS, APRESENTAR OS FATOS, MAS QUEM VAI CONDENAR A PESSOA OU NÃO, QUEM VAI DIZER SE AQUELA PESSOA ESTÁ ERRADA OU NÃO; REALMENTE É A JUSTIÇA. É A JUSTIÇA CONDENANDO OU ABSOLVENDO AQUELA PESSOA.”
H) Diário de campo
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Decidimos cobrir esse tema por causa de uma motivação pessoal compartilhada por todos nós: de que o jornalismo deve ser profissional e ter responsabilidade. Uma cobertura ruim pode causar uma crise de desinformação, e uma cobertura sem responsabilidade pode prejudicar gravemente todos os envolvidos naquela matéria, como se pode observar no caso Escola Base, onde uma cobertura irresponsável, que visava a audiência ao invés da informação, publicou uma matéria com poucas informações e fez com que as pessoas que eram o foco dela, que eram inocentes, fossem injustamente taxadas de abusadoras. Isso fez com que recebessem ameaças de morte e tivessem que se esconder, enquanto a escola foi depredada. As vítimas da acusação nunca conseguiram as indenizações que pediram pela ato de terrorismo jornalístico ao qual foram submetidas, e os donos morreram sem ver um centavo do dinheiro.
Por esse motivo, decidimos cobrir este tema, que nunca foi tão relevante quanto hoje, na era da informação, ou desinformação, dependendo do ângulo pelo qual se olha.
ENTREVISTA COUTINHO
Nossas principais dificuldades se deram em encontrar algumas fontes, principalmente quando se dizia respeito ao meio de psicólogos. Tivemos muitos problemas para conseguir falar com alguns psicólogos. Ironicamente, as pessoas mais notórias do nosso trabalho, como Gottino, Coutinho e o psicólogo mais famoso.
Depois de entrevistarmos os dois lados do jornalismo, fomos atrás das pessoas que o consumiam e que trabalhavam com foco na mente e no emocional humano, como psicólogos, para saber se a forma como o jornalismo é feito pode prejudicar a sociedade.
3. Dificuldades
Após conseguirmos terminar a entrevista, o foco foi em alguém que tivesse uma postura oposta à do Gottino. Conseguimos o contato do jornalista Emílio Coutinho, Autor de um livro sobre a escola base, e conseguimos entrevistá lo. Coutinho assumiu uma postura muito crítica do sensacionalismo, e usou da sua experiência cobrindo o caso Escola Base para justificar seu ponto de vista. No final da entrevista, Coutinho Nos disse o que julgava ser o principal elemento de um bom jornalista: a vontade de ir atrás. De pesquisar, verificar e comprovar, para entregar uma cobertura ética e de qualidade.
Uma dificuldade muito grande que tivemos foi na área da edição. Como nenhum de nós possuía equipamento adequado para editar um documentário, e devido à pandemia e trabalho não conseguimos usar o da faculdade. A saída que encontramos foi pagar um editor para que editasse o documentário, já que foi a nossa melhor alternativa.
Nunca foi tão fácil espalhar uma informação quanto é hoje, e uma informação errada pode sair do controle de formas catastróficas.
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O processo de pesquisa começou com uma delimitação de quais aspectos queríamos que tivessem foco no documentário. Olhando os nossos temas pessoais para o projeto experimental, notamos que todos eles possuíam uma coisa em comum: o foco nos danos causados pelo sensacionalismo. À partir daí, estabelecemos um caminho para percorrer, com a ajuda do nosso orientador. Primeiro, tentamos encontrar pessoas que faziam o jornalismo considerado sensacionalista, e por meio de nossos contatos, e um pouco de sorte, conseguimos encontrar o Gottino. Ele foi gentil o suficiente para nos dar uma entrevista, onde nos explicou o seu ponto de vista, e porque não considerava o jornalismo que fazia sensacionalista.
2. Processo
Após a nossa pesquisa, descobrimos que o sensacionalismo possui danos muito reais para as pessoas. Uma cobertura jornalística mal feita pode causar perseguição, violência e destruição da vida pessoal. O jornalista possui uma responsabilidade enorme, não só nos temas que pretende cobrir, como também na forma como os cobre. No entanto, nem todas as pessoas são afetadas pela cobertura feita por programas como o Cidade Alerta. E muitas delas acham que eles prestam um valioso serviço para a sociedade. Embora haja grande violência nesses programas, algumas pessoas querem saber o que está acontecendo, e apreciam um jornal que fale a língua delas. Se tem uma coisa que os programas jornalísticos de fim de tarde conseguiram entender, é a forma de falar com a Emborapopulação.informação
4. Conclusões
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seja um bem valiosíssimo, não devemos deixar de lado a nossa ética e profissionalismo para chegar até ela. Como jornalistas, é sempre importante ter muita responsabilidade na forma como realizamos a cobertura dos casos, e como transmitimos essas informações para o público. Apesar disso, talvez seja uma boa ideia alterarmos um pouco, ou modernizarmos, a forma como nos comunicamos com a população. Muitas pessoas não gostam da maneira como os jornalistas geralmente se comunicam com o público, e acabam buscando um espaço onde se sentem representados. Se o jornalismo mais responsável não alterar um pouco sua forma de abordagem, é possível que seu público busque um jornal que use a sua linguagem, independentemente de ele fazer isso com ética ou não.