O SÃO PAULO: O JORNAL DA ARQUIDIOCESE

Page 1

O SÃO PAULO: O JORNAL DAARQUIDIOCESE

DEDICATÓRIA

Para todos os jornalistas que sofreram e ainda sofrem qualquer tipo de violência no exercício de sua função.

Sou extremamente grato a Deus, por ter possibilitado a conclusão desta importante etapa de minha vida.Agradeço,

ao professor mestre Antônio Assiz, pela forma que acolheu e conduziu a orientação de meus estudos, que originou a presente publicação.

Sou grato pelo amor e o apoio de minha família que, ciente de minha ausência ressentida, soube imprimir compreensão, generosidade e afeto ao meu cotidiano. Aos meus pais, Sr. Florisvaldo D. Bezerra e Srª. Iara Mª S. de Souza Bezerra, meus irmãos Tatiane e Ivan Willian, meus cunhados Marcos e Karine, minha sobrinha Julia, todos vocês merecem menção de destaque.

Agradeço, de forma muito carinhosa à Vitória Farias, primeira pessoa que conheci na faculdade e tão logo percebi as afinidades e, que tem contribuído na realização do sonho de publicar um livro, meu eterno respeito e admiração.

Aos diversos amigos, professores e profissionais do jornal “O São Paulo”, meus sinceros agradecimentos.

AGRADECIMENTOS

Jefferson de Souza Bezerra

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus pelo dom da vida!

Ao meu orientador Me. Antônio Assiz e aos demais professores que contribuíram para minha formação, tanto profissional quanto pessoal.

Por fim, aos meus amigos, que nunca permitiram que eu desistisse e me ofereceram o suporte necessário para finalizar essa caminhada. Em especial, Emilly Batista dos Santos e Maria Eduarda Nunes Meira, por serem as maiores e melhores apoiadoras que eu poderia ter.

Ao meu parceiro, Jefferson de Souza Bezerra, pela paciência e por me auxiliar na realização desse sonho que é publicar um livro.

Vitória Farias.

Aos meus pais, Marlete Fernandes de Lima Cardoso e Ademir Cardoso da Silva, que foram a base que eu precisava para enfrentar todas as dificuldades até tornar-me jornalista.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................12 CAPÍTULO 1 O JORNAL……............................................................13 1.1 Sessenta anos de informação e religião............................13 1.2 O jornalismo e a ditadura..................................................16 1.3 O São Paulo censurado e a falsa edição............................22 1.4 O papel que o jornal cumpriu............................................29 CAPÍTULO 2 PROFISSIONAIS.........................................................40 2.1 Os jornalistas do “O São Paulo”.......................................40 2.2 Critérios de noticiabilidades.............................................42 2.3 A redação na pandemia.....................................................45 CAPÍTULO 3 TEMAS DA SOCIEDADE…………….............…….49 3.1 Eu pedia pelo milagre e pelo consolo...............................49 3.2 Os desafios de ser homossexual em uma comunidade 3.43.3católica....................................................................................56Ahomossexualidadeeoabortosegundoocatolicismo...63OjornalsobreabortoeacomunidadeLGBTQIA+.........67 CAPÍTULO 4 A RESISTÊNCIA DOS LEITORES…….......……...74 4.1 A comunicação na catequese............................................75 4.2 A comunicação na liturgia................................................78 4.3 A comunicação na música................................................83

11

O jornal O São Paulo, é um jornal católico fundado pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, no ano de 1956, com o propósito de estar a serviço da comunhão e da participação de todos na Igreja que está na cidade.

Ao longo dos anos, o jornal cumpriu a missão prescrita por Dom Carlos em sua primeira edição: ser boa imprensa a serviço do apostolado, da evangelização, anunciando Jesus Cristo com o mesmo vigor e criatividade do apóstolo de quem o jornal emprestou o nome.

Admirando o importante papel que o jornal cumpriu e ainda cumpre à sociedade, o presente livro tem como principal objetivo contar sua história, daqueles que passaram pela redação e os que ainda trabalham para seguir com a missão proposta lá em 1956 e, também, como o jornal relata alguns temas importantes para a sociedade em geral, como o aborto e a inclusão do movimento LGTQIA+.

12

Introdução

Trazer informação, dar voz às minorias e provocar reflexões são alguns dos principais objetivos de um veículo de comunicação. Quando se trata de um veículo religioso, tais objetivos são ainda mais nobres e apreciados.

13

Nesse sentido, vale destacar que o jornal foi defensor das ideias do chamado “grupo moderado”, dos liberais, durante o Primeiro Reinado e o início do PeríodoAntiabsolutista,Regencial.

Capítulo I - O Jornal

o periódico era defensor radical dos princípios monárquico-constitucionais contra o despotismo, fazendo, assim, oposição à Dom Pedro I.

Sessenta anos de informação e religião

Antes de tudo, é importante voltar alguns séculos na história da imprensa na cidade de São Paulo para que possamos compreender a importância de um jornal e suas informações para toda a sociedade.Deacordo com a biblioteca nacional digital do Brasil, em 7 de fevereiro de 1827 foi lançado o jornal O Farol Paulistano, que foi referência inicial da imprensa periódica paulistana. Como seu próprio nome indicava um “farol”, que ilumina e esclarece, o jornal foi e é lembrado como um importante instrumento de mobilização e debate político.

Atualmente, podemos encontrar no acervo da redação a foto do cardeal Dom Carmelo assinando e escrevendo sob a primeira edição do jornal, onde o

14

Com a saída do imperador, em 17 de junho de 1831, quando Costa Carvalho tornou se membro da Regência Trina Permanente, algo que, embora não confirmado, justifica o fim repentino do jornal e, assim, O Farol Paulistano encerrou sua circulação.

Em linhas gerais, o jornal esteve alinhado mesmo com a oposição parlamentar ao monarca, algo comum na imprensa liberal da época.

Dando um salto na história, chegamos aos anos de 1956, ano este onde o país tinha como presidente o Juscelino Kubitschek (PSD) e aqui começa também a história do jornal da Arquidiocese de São Paulo, mais conhecido como O São Paulo.

A mudança do nome O Legionário para O São Paulo, foi um pedido do cardeal Dom Carmelo, pois achava que o jornal seria muito mais guerreiro, mais lutador, se tivesse o nome do apóstolo Paulo.

Em 25 de janeiro de 1956, substituindo o jornal O Legionário que já existia desde a década de 40, nascia um dos mais importantes jornais da cidade, fundado pelo cardeal Dom Carmelo de Vasconcelos Mota.

15

jornal assume que a responsabilidade de concretizar os objetivos para os quais foi criado é muito grande. Porém, querem estar a serviço da comunhão e da participação de todos na igreja que está na cidade e contar os fatos ligados à missão evangelizadora da mesma Igreja que se propõe anunciar Jesus Cristo à cidade de São Paulo.

De acordo com informações retiradas do site do próprio jornal e confirmadas através de entrevistas com profissionais lá atuantes, sua missão é produzir e entregar o semanário arquidiocesano a todas as comunidades e paróquias da Arquidiocese. Toda quinta-feira o jornal sai repleto de fatos e fotos, com as reflexões e mensagens que fazem a vida e a caminhada da Igreja na cidade, no Brasil e no mundo.O

Além de ser porta voz das pastorais, movimentos e associações; ler os acontecimentos que afetam a vida do povo sob a ótica do evangelho de Jesus; formar mentes e corações para que Jesus Cristo seja experimentado, seguido e amado por todos que vivem na cidade; fazer chegar a todos os fiéis a voz dos pastores da Igreja, o Papa, o arcebispo, os bispos auxiliares, os sacerdotes.

editorial falava: “queremos um jornal que lute pela verdade da fé e vá por aí a fora”.

Em uma sexta-feira, 13 de março de 1964, mais de 200 mil pessoas participaram do ato político realizado na Central do Brasil e presenciou o discurso de João Goulart, em defesa à reforma de base, proposta por seu governo. Posteriormente, esse mesmo discurso agravaria toda a tensão política que o Brasil já Dentresofria.todo

Desde o começo de sua trajetória em 1956, o jornal teve muito apoio financeiro de grandes empresas cujos donos eram católicos praticantes e, assim, foi se mantendo firme com seus objetivos, até que a ditadura militar iniciou se no Brasil.

16

O jornalismo e a ditadura

o discurso, algumas palavras serviram para inflamar nos militares o sentimento de que o país seria tomado por uma onda comunista:

“[...] Não receio ser chamado de subversivo pelo fato de proclamar, e tenho proclamado e continuarei a proclamando em todos os recantos da Pátria a necessidade da revisão da Constituição, que não atende mais aos anseios do povo e aos anseios do desenvolvimento desta Nação [...] Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros.”

17

Encurralado, Jango saiu do país e com isso, os militares nomearam Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, como substituto de Jango, mas Mazzilli não ficou muito tempo no poder. Pouco tempo depois, Castelo Branco era eleito o primeiro presidente do Brasil na era do regime militar.

Ao longo dos anos e com a justificativa de serem fundamentais contra a corrupção e avanço do comunismo no país, diversos Atos Institucionais foram instaurados no Brasil.

Em março de 1964, o golpe militar seria iminente, mas ainda não tinha data ou horário marcado para acontecer.

As tropas dos generais Carlos Luiz Guedes e Olímpio Mourão Filho partiram de Minas Gerais sentido Rio de Janeiro para depor presidente eleito democraticamente.Nanoitede

Esses atos se colocavam acima da constituição vigente e tinha o intuito de impor decisões que garantiam a permanência dos militares

31 de março, rádios e redações foram tomadas por militares. Jornais e revistas como Semanário, Última Hora, A Classe Operária e Novos Rumos, consideradas comunistas, deixaram de circular no país, dando início a um conturbado período para o país e para o jornalismo.

Com o objetivo de protestar, os jornais da época passaram a deixar páginas em branco, lacunas, receitas ou até mesmo poemas para indicar que haviam sofrido com a censura.

AI-5 deu início também à censura aos veículos de comunicação. Vários jornais eram vigiados com agentes do governo dentro das redações e qualquer matéria que fosse contra o governo era censurada, sendo proibida de circular.

Essa censura serviu para a consolidação do regime militar no país, pois silenciava alguns e beneficiava outros, nesse caso, o governo. Apesar de muitos jornais serem censurados naquela época, outros foram a favor da ditadura e exaltavam

18

no poder. Ao todo foram 17 decretos instaurados, sendo o mais famoso deles o Ato Institucional nº5 (AI-5), que marcou os anos de chumbo do governo brasileiro, na época comandada por Costa e Silva.

Instaurado em uma sexta feira, 13 de dezembro de 1968, o AI-5 endureceu ainda mais a violência que já existia desde o início da ditadura, permitindo que a polícia e o exército brasileiro não precisassem mais de um mandato judicial para prender qualquer pessoa, mesmo sem motivo aparente, extinguindo o habeas corpus e o direito à defesa.O

19

Na época diretor de jornalismo do jornal Hora Da Notícia pela TV Cultura, Vladimir Herzog compareceu espontaneamente à sede do DOI CODI, onde foi compelido a depor, quando procurado um dia antes na redação do jornal. Além da tortura e violência, os militares forjaram uma versão de suicídio, que não se sustentou.

Em 25 de outubro de 1975, um símbolo da perseguição jornalística foi torturado e morto por agentes do DOI-CODI, sigla utilizada para se referir aos Destacamentos de Operação Interna (DOI) e aos Centros de Operações e Defesa Interna (CODI).

grandes feitos e conquistas econômicas do governo militar.Por outro lado, a imprensa alternativa como O Pasquim, Movimento e Opinião lutavam contra as imposições e exigências do regime, os tornando cada vez mais símbolos de resistência. Com matérias que iam do humor a análises mais aprofundadas sobre o governo, esses jornais independentes foram essenciais para a veiculação de denúncias, críticas e debates das organizações da esquerda brasileira.

A morte de Vlado levou mais de 8 mil pessoas à Catedral da Sé e seu entorno para a missa de 7º dia do jornalista, celebrada por Dom Paulo Evaristo Arns, dando início à queda da ditadura e tornando o um marco na luta pela democracia.

Foto do jornalista Vladimir Herzog divulgada pelos militares (Acervo O Globo).

Jango discursando na Central do Brasil (Divulgação / Dossiê Jango).

20

Tanques do exército brasileiro na Rua Gago Coutinho Rio de Janeiro (Acervo O Globo).

Poema "Os Lusíadas" sinalizando a censura nas páginas de "O Estado de S. Paulo" (Memorial da Democracia).

21

Esse controle da imprensa pegou todos os veículos de comunicação do Brasil, e é claro que o jornal da Arquidiocese de São Paulo, não ficou de fora dessa ditadura militar que teve uma censura política muito rigorosa.

É importante dizer que o jornal O São Paulo sempre foi uma imprensa alternativa, enquanto a grande imprensa anunciava a partir do ponto de vista das classes dominantes, o jornal dava as notícias a partir da classe trabalhadora, do povo, das classes populares e, isso que fez a beleza do jornal e deu autoridade à Todasele.as

É bom que tenhamos sempre em mente que, em qualquer regime de força, a primeira coisa que esse regime quer é o consenso da população. Possuindo esse consenso, ele se firma, se não o tem, faz de tudo para tê lo.

“O São Paulo” censurado e a falsa edição

redações dos jornais recebiam um bilhete dos militares escrito: "Proibido falar do encontro com Dom Helder com a classe trabalhadora e proibido divulgar celebrações, sob a morte de trabalhadores”.

22

23

Padre Cido, por muitos chamados dessa forma, passou por diversas funções dentro do jornal como repórter, editor e revisor durante 32 anos. Atualmente, é âncora em dois programas na rádio 9 de julho.Foi à Roma a pedido do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns para estudar comunicação, a qual

Em entrevista, com o ex-diretor do jornal O São Paulo, padre Antônio Aparecido Pereira, formado em teologia e filosofia, além de jornalismo pela Cásper Líbero, o mesmo relata um pouco sobre sua experiência com o jornal na época da ditadura militar: “A igreja católica apoiou um movimento de 1964. Tinha aquele medo terrível do comunismo, então apoiou o governo da época, foi aí que começaram as violações dos direitos humanos, a igreja que tinha apoiado passou a ser uma voz contra o regime, era preciso silenciar a igreja, e foi então que a igreja em São Paulo teve a rádio 9 de julho caçada. Caçou se a concessão e, o jornal o São Paulo em que escrevia Dom Paulo Evaristo Arns passou sob censura de 1968 até 1980, Neste tempo, enquanto a grande imprensa publicava versos poemas de Camões ou receitas de comida, o jornal O São Paulo, deixou em branco na folha o espaço que foi censurado, então os católicos sabiam que aquele espaço na folha do jornal era um artigo que o governo havia cortado” .

já não bastasse toda a censura que o jornal sofria, na semana dos dias 20 a 26 de agosto de 1982, circulou em diversas paróquias da cidade de São Paulo uma falsa edição especial do jornal, no qual levava a manchete principal “Mea culpa”, que fazia referência a uma mensagem de Dom Paulo Evaristo Arns teria escrito posicionando se contra o movimento que a igreja liderava em prol dos direitos humanos.

24

produziu sua tese: “A igreja e a censura política: a imprensa com particular atenção ao jornal O São Paulo”, onde conta em detalhes como foi à censura do jornal.Se

E não parou por aí, a mensagem continuava: "Sinto que uma parcela da igreja procura fazer-se passar pelo todo e cada dia avança mais na contestação à própria essência do catolicismo. O marxismo é um sistema de ideias que, por abarcar toda uma concepção da vida e do mundo, mereceu

A falsa mensagem alertava: “Não poderia continuar interpretando as palavras do Papa, a orientação tão nítida que João Paulo II tem oferecido para os mais diversos problemas e, para o próprio problema da igreja de acordo com visões anormais, parciais, individuais, próprias de estranhas teologias que pretendem acobertar desde a desobediência silenciosa até a discordância explícita”.

Ao final do texto, segundo a falsa edição, o então Cardeal teria dito: “Há momentos que um balanço de nossa vida deve ser feito. Não apenas estou em falta com os meus, com Cristo de quem me afastei como estou em falta comigo mesmo. O processo de recuperação poderá ser longo ou curto, mas tenho certeza completa que não será pelo caminho que venho percorrendo que construirei minha vida. O Divino Espírito Santo iluminou-me para fazer meu exame de consciência. Que cada um faça o seu”.

25

Além da suposta mensagem de Dom Paulo, as demais matérias da edição falsa apresentava um sentimento de arrependimento em relação ao que supostamente o Vaticano preconizava.

da igreja a condenação como filosofia. Seus fundamentos são estritamente materialistas: o homem nada vale e Deus não existe perante o marxismo. Não posso aceitar mais que os meus irmãos de fé, os batizados nas pias das igrejinhas suburbanas ou dos templos suntuosos juntem se aos inimigos da democracia, por assim agindo, se auto excomungam, excluem-se deliberadamente do rebanho, levados por nossos erros e omissões”.

26

Capa da falsa edição publicada em 1982 (Arquivo UOL).

27

Espaços em branco indicando a censura ao jornal O São Paulo, em maio de 1975 (Acervo do jornal).

Espaços em branco indicando a censura ao jornal O São Paulo, em maio de 1974 (Memorial da Democracia).

28

29

Como já foi citado, o jornal O São Paulo sempre foi uma imprensa alternativa, que sempre estava de olho pelas causas dos menos favorecidos, noticiando a partir das classes populares, trabalhadoras, do povo.

Mas o que de fato é uma imprensa alternativa? A imprensa alternativa foi um espaço importante de crítica ao regime militar, de divulgação de denúncias, e de debate das organizações de esquerda. Por meio do humor, da análise política e da informação, esses jornais e revistas alternativos cumpriram um papel fundamental de oposição e resistência à ditadura no Brasil.Durante

O papel que o jornal cumpriu

os quinze anos de ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1980, nasceram e morreram cerca de 150 periódicos que tinham como traço comum a oposição intransigente ao regime militar. Ficaram conhecidos como imprensa alternativa ou imprensa nanica. A palavra nanica, inspirada no formato tablóide adotado pela maioria dos jornais alternativos, foi disseminada principalmente por publicitários num curto período em que eles se deixaram cativar por esses jornais. Enfatizava uma pequenez atribuída pelo sistema a partir de sua escala de valores e não dos valores

Em uma entrevista concedida numa manhã de sexta-feira de 2021, após um de seus programas ao vivo pela rádio 9 de Julho, emocionado, padre Cido declara: “Eu tenho um grande orgulho de ter trabalhado exatamente nesse tempo dentro do jornal,

30

lembrar que todas as preocupações sociais da igreja aconteceram nos tempos de Dom Paulo Evaristo Arns e o jornal registra o nascimento de todas essas pastorais.

intrínsecos à imprensa alternativa. Ainda sugeria imaturidade e promessas de tratamento paternal. Já o radical de alternativa contém quatro dos significados essenciais dessa imprensa: o de algo que não está ligado a políticas dominantes; o de uma opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; o de única saída para uma situação difícil e, finalmente, o do desejo das gerações dos anos de 1960 e 1970, de protagonizar as transformações sociais que pregavam.Oaparelho

militar distinguia os jornais alternativos dos demais, perseguindo os e submetendo os que julgavam mais importantes a um regime especial, draconiano, de censura prévia. Em conformidade com a Doutrina de Segurança Nacional, instituída pela ideologia da guerra-fria, eram considerados pelos serviços de segurança como inimigos.Vale

.É fundamental destacar que em suas matérias publicadas, o jornal jamais chamou a ocupação de invasão, até porque invasão é quando a entrada se dá em um local que está sendo utilizado, ao contrário da ocupação que é quando o local não está atendendo a função social de propriedade prevista na Constituição, ou seja, encontra se sem uso, abandonado.

ele conta a história de todas as pastorais sociais e todas iniciadas por Dom Paulo Evaristo Arns. Temos a pastoral da moradia, pastoral do menor, pastoral afro, pastoral da ecologia, pastoral da arte. Dom Paulo fez as casas sem preconceitos algum para receber os doentes de AIDS, pastoral da saúde, a pastoral do trabalho que sempre foi muito forte, inclusive um operário foi assassinado pela ditadura militar.”

É claro que nesta época o jornal era perseguido, pois não agradava as classes dominantes, mas ele cumpriu o compromisso de dar vez e voz a quem não tinha. Podemos dizer diante de tudo que já tivemos acesso, essa é a grande riqueza do O São Paulo

“ONDE FORAM MORAR OS FAVELADOSDEVERGUEIRO?” Essa era a manchete do jornal no domingo, 29 de junho de 1969, reportagem de Alberto Zambiani. Após o

31

32

os comentários feitos sobre essa comunidade, construiu se quase completa a sua história e pode-se dizer que quase completa, porque há um aspecto que não foi suficientemente esclarecido na época. Trata-se de uma pergunta que todos faziam, mas que ninguém sabia ou queria responder: “Para onde foram as 7.000 mil pessoas despejadas do Vergueiro?”.

Dentre tantas causas que o jornal esteve presente com a classe trabalhista, podemos dar um salto dos anos 1969 para os anos de 1984, quando na semana de 13 a 19 de julho o jornal publicou a manchete: "DESEMPREGADOS COBRAM

não falar sobre o papel que o jornal cumpriu na luta com a classe trabalhadora?

O jornal acompanhou de perto esse caso e lutou ao lado das famílias. Aproximadamente setenta famílias retornaram às suas terras de origem, cinquenta tiveram a chance de adquirir casas populares no conjunto BNH em Sapopemba, outros formaram novas favelas nas regiões do Eldorado, Itaim Paulista, Diadema, São Bernardo, Itaquera e apenas cinquenta famílias permaneceram na favela do Vergueiro.Ecomo

despejo na favela do Vergueiro, televisão, rádios, jornais, todos querendo tecer um juízo sobre o acontecimento.Comtodos

De acordo com Gilcéria de Oliveira, advogada representante na época do Centro Oscar Romero de Defesa dos Direitos Humanos, a reivindicação dos desempregados não consistia tanto na solução de um problema econômico, pois a quantia na época era irrisória, mas que se tratava de uma luta política, no sentido de chamar a atenção sobre o grave problema do desemprego.

33

03 de novembro de 1968, levou na capa do jornal a manchete das eleições dos EUA, com a chamada “QUEMSERÁOPRESIDENTE?''.

diversas matérias, destacamos aqui uma que foi publicada em 10 de novembro de 1968

AUXÍLIO-DESEMPREGO: Todos unidos contra o desemprego” .

Nesta eleição, Richard Nixon, Humbert Humphrey e George Wallace, disputavam as preferências do povo para uma eleição que era acompanhada com o máximo de interesse pela população mundial, o que não é muito diferente nos dias atuais.Entre

O jornal embora seja do Brasil, especificamente da Arquidiocese de São Paulo ou para melhor localizá-lo da cidade de São Paulo, também tinha o papel de noticiar o que acontecia no mundo.Em

. A matéria falava sobre a importância de se interessar por uma reforma universitária. Há trinta anos, Getúlio Vargas afirmava em um discurso que a educação era a matéria de salvação pública, porém somente no governo de Costa e Silva é que se compreendeu que a educação é fator essencial para o desenvolvimento.

34

DESENVOLVIMENTO”“EDUCAÇÃO“PORQUEPROTESTAMOSESTUDANTES”,FATORDE

com Flavio, auxiliar de redação do jornal O São Paulo, o mesmo fala sobre a importância de um jornal católico: “Bom, eu acredito que seja muito importante, porque a gente tá falando de um jornal que tem 60 anos em uma das maiores arquidioceses do mundo. É um jornal muito bem veiculado nas mais de 300 paróquias que tem na cidade de São Paulo e, principalmente, neste período de redes sociais, que a gente vive num mundo com muita Fake News, desinformação, é muito importante que a sociedade tenha um veículo onde ela possa ver as notícias da igreja reais mesmo. Eu acredito que seja muito importante ter um jornal católico, não só pros católicos, mas também para

Após 53 anos, essa matéria ainda é atual, ainda é possível perceber o não entendimento sobre a importância de se pensar em uma reforma universitária.Ementrevista

Depois de uma breve viagem pelo acervo do jornal com a ajuda empolgante do ex diretor, o conhecido padre Cido, folheando, folha por folha, não pôde deixar de levantar uma questão: “Não quero opinar o jeito da nova linha ou do novo diretor porque eu acho que não é o caso, mas o jornal O São Paulo sempre foi um jornal ao lado das classes populares, ao lado das lutas sociais, ao lado de políticas públicas. Eu acho que isso diminuiu um pouco, mas ele também deixou de ser uma tribuna, veio à democracia e isso precisa ser considerado”.

sociedade ter um meio de informação seguro e confiável sobre a igreja” .

35

Capa do jornal O São Paulo, em 29 de junho de 1969 (Acervo do jornal).

36

Capa do jornal O São Paulo, de 13 a 19 de julho de 1984 (Acervo do jornal).

37

Capa do jornal O São Paulo, em 3 de novembro de 1968 (Acervo do jornal).

38

Capa do jornal O São Paulo, em 10 de novembro de 1968 (Acervo do jornal).

39

40

A redação de um jornal é uma espécie de auditório onde os repórteres, fotógrafos, pauteiros, editores e revisores se reúnem para dar vida às notícias que vão ao ar diariamente. É pra lá que todos levam suas ideias, as debatem, difundem e transformam em matérias. Não importa qual segmento ou plataforma o jornal é veiculado, a redação do jornal é sempre um dos lugares mais importantes no processo de produção de um veículo de comunicação.Hojeojornal

Capítulo II – Profissionais

Os profissionais do Jornal

O São Paulo divide a redação com a Rádio 9 de Julho e conta com uma equipe relativamente enxuta: Pe. Michelino Roberto como diretor e editor; Daniel Gomes como redator chefe; Pe. Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo como repórteres; Flavio Rogério Lopes como auxiliar de redação; Pe. José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo como revisores; Luciney Martins como fotógrafo e Julia Cabral como responsável pelas mídias sociais do jornal. Além deles, Maria das Graças como administradora e Jovenal Alves Pereira como diagramador completam o time.

“Os dias mais corridos são segunda e terça, que são os dias de fechamento. Ás quartas pela manhã têm as reuniões de pauta e os outros dias são dedicados às confecções das matérias”, diz Flávio sobre o dia a dia da redação do jornal.

Ao fim de sua formação em Jornalismo Esportivo e Multimídias, conseguiu um contrato para estagiar por 3 meses no jornal. O estágio se transformou em uma promoção e Flavio já faz parte da equipe há mais de 4 anos: “Pra mim, é uma honra fazer parte dessa história. Em 4 anos eu, com certeza, sei que contribuí para a história do jornal, mas a história do jornal também contribuiu pra minha vida e minha carreira. Com certeza o Flavio que chegou ao jornal não é o mesmo de hoje”.

Flavio, auxiliar de redação do jornal, iniciou na área da comunicação como apresentador do programa Camisa 9 na, também católica, rádio 9 de Julho. Além de tocar um programa esportivo na rádio, Flavio era voluntário na Pastoral da Comunicação (PASCOM) da região da Brasilândia, zona norte do estado de São Paulo.

41

Nem sempre as coisas caminham conforme o esperado em uma redação. As notícias estão cada vez mais perecíveis e cada dia mais, os acontecimentos precisam ser publicados com mais rapidez.

Critérios de noticiabilidades

O jornalismo é a construção de uma realidade, mas como os jornalistas e editores de um veículo de comunicação decidem o que transformar em matérias?

42

Já para Fernando Geronazzo, colaborador do jornal desde 2009, o jornal foi uma verdadeira escola onde pôde aprender na prática a fazer jornalismo: “Como nossa equipe é pequena, participei de todo processo de elaboração de um jornal: reunião de pauta, apuração, redação, edição, revisão e finalização. Sinto me privilegiado por fazer parte dessa equipe”

Daniel.Gomes, redator chefe do O São Paulo desde 2013, diz que pertencer ao jornal é ter um grande compromisso missionário, primeiro com Deus, que merece respostas verdadeiras e, depois, com os fiéis, pois se o jornal existe até os dias de hoje é porque se mantém também com cada moedinha que é ofertada nas missas e com os dizimistas fiéis da igreja: “Lembro-me do último encontro com Dom Paulo Evaristo Arns, em dezembro de 2016 ao qual o mesmo fez um pedido aos jornalistas do jornal O São Paulo: ‘mantenham o compromisso de não envergonhar a história do jornal’, e esse é meu compromisso com o jornal” comenta Daniel Gomes.

As notícias têm uma lógica interna de constituição e um processo de construção, ou seja, um conjunto de critérios para escolher os fatos mais interessantes que se transformarão em notícias, sem esquecer se de relatar os acontecimentos de forma clara, evitando refletir valores pessoais. Em outras palavras, a imparcialidade.

Em entrevista, quando questionado sobre os critérios de noticiabilidade adotados pelo jornal, Fernando afirmou: “Sempre quando vamos refletir sobre a missão do O São Paulo, nos perguntamos: ‘Somos um jornal de notícias católicas ou um jornal católico de notícias? ’ Nossa meta é a segunda opção, pois jornal é sempre jornal, temos que falar de certa forma, sobre tudo”. Mais tarde, o repórter completou: “Valorizamos todos os assuntos da sociedade que também são de interesse da vida dos católicos, que não vivem isolados do mundo, mas são chamados a testemunhar a fé nas realidades sociais. No entanto, nosso maior objetivo é contribuir com uma reflexão sobre essas questões que a grande mídia já aborda, porém buscamos oferecer um olhar a partir da perspectiva cristã da centralidade da pessoa humana e sua dignidade, do respeito, da justiça e da solidariedade”.

A afirmação do jornalista se confirma, visto que o veículo tem um histórico político fortíssimo. O jornal O São Paulo é reconhecido nacionalmente por

43

o passar do tempo, o jornal passou por modificações, a fim de corresponder à realidade de cada período, tanto da sociedade quanto da Igreja. No entanto, não perdeu sua essência e, ao longo dos anos, o jornal permaneceu com o objetivo claro de ser uma voz da Igreja Católica na cidade: “No período em que a Igreja vivia a expectativa do Concílio Vaticano II, o jornal assumiu o papel de ser uma ponte entre o clero e o povo de São Paulo com as reflexões e novidades que vinham do Vaticano. No período do regime militar, o jornal manteve-se como voz dessa mesma Igreja que, então, enfrentava os excessos e violações de direitos fundamentais e da liberdade de expressão, sendo o próprio jornal, inclusive, alvo da censura”, disse Geronazzo sobre a trajetória do jornal.

44

A especialização temática nas mídias é uma tendência que tem crescido nas últimas décadas, por este motivo, tornou se comum acessarmos a página online de um jornal, ou até mesmo sua versão impressa, e encontrar as matérias separadas por editorias. Essa prática de organização tem o objetivo de segmentar as matérias para determinados grupos de leitores.

sua luta a favor das minorias desde sua fundação, esteve ao lado do povo e contra a ditadura militar, defendendo a classe trabalhadora, os estudantes e a democracia.Com

A redação na pandemia

Em meio às dificuldades, os veículos de comunicação, independente do segmento, tiveram que se reinventar para seguir informando a população com Apuração,responsabilidade.entrevistasecoberturas tiveram que se adequar conforme à nova realidade: “Os

O jornal também segue essa prática e, atualmente, se divide da seguinte forma: a editoria ‘Ponto de Vista’ que engloba o artigo semanal do arcebispo e os artigos opinativos; a ‘Geral’ aborda temas diversos da atualidade tanto da sociedade como da Igreja, geralmente por meio de reportagens; ‘Fé e Vida’ reúne artigos formativos que relacionam a vivência da fé com os diversos âmbitos da vida, como política, comportamento, espiritualidade; a ‘Institucional’ é mais relacionada com os atos institucionais da igreja e do arcebispo; e para completar, a ‘Região Episcopais’ traz o conteúdo colaborativo enviado pelas paróquias das comunidades.

A chegada do Coronavírus (COVID-19) obrigou toda sociedade a repensar seus hábitos e modos de viver. As mudanças que a pandemia causou fez com que cada um criasse uma necessidade de adaptação e reestruturação.

45

46

eventos públicos que são realizados presencialmente seguem com a cobertura presencial realizada pela equipe do jornal. Porém, os que são remotos, e esses se multiplicaram conforme o isolamento social, passaram a ser acompanhados remotamente”, disse Fernando.Para o jornal, em meio às mudanças geradas pelo Coronavírus, estava também a de tornar-se um jornal digital. Segundo Fernando, a nova realidade possibilitou que O São Paulo investisse mais nas plataformas digitais, site e redes sociais, mudando a lógica anterior de ser apenas um site do jornal e tornar se um site que também tem uma versão impressa: “Temos enfrentado o desafio de todos os meios jornalísticos. Por um lado, há um público habituado com o impresso e outro que só acessa o digital. Devemos levar em conta essa diversidade de público se quisermos corresponder à missão do nosso jornal que não tem uma finalidade lucrativa, mas de ser um canal eficaz de informação”.

Acervo do jornal “O São Paulo”

Redação do jornal “O São Paulo” (Arquivo Pessoal)

47

48

Acervo do jornal “O São Paulo”

Capítulo III – Temas da Sociedade

Eu pedia pelo milagre e pelo consolo

Vanessa Lucia da Silva Roesler é uma cantora católica, esposa, mãe de três filhos e avó, nascida na Zona Leste de São Paulo em São Miguel Paulista em 06 de dezembro de 1979.

Tudo começou com o teste de sangue que precisou fazer numa clínica particular, ao qual foi comprovado que estava grávida pela terceira vez, após a descoberta foi em busca da realização dos demais exames, porém, como o exame de sangue havia sido coletado no particular, não conseguiu agendamento pelo SUS, fazendo com que sua primeira consulta demorasse muito.

“Você está realizando acompanhamento?” Essa foi à primeira pergunta do médico no momento da ultrassonografia juntamente com questionamentos

49

Meses se passaram e quando estava já no quarto mês pagou pela realização do exame de ultrassonografia que fora realizada numa segundafeira, pois queria apresentar ao médico na próxima consulta que aconteceria na quarta feira da mesma semana e também é claro saber como a criança estava dentro de seu ventre.

Vanessa lembra que sua primeira pergunta ao médico após esse possível diagnóstico, era se ela teria que tirar a criança e a resposta foi que somente se ela quisesse e me orientou a tomar o quanto antes o ácido fólico. O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina. O objetivo é prevenir defeitos no tubo neural do feto, formado no momento inicial da gravidez.

Diante das perguntas e respostas entre o médico e ela, eis que surge um silêncio, mal sabia ela que esse silêncio serviria para um dia ela ajudar outras mães, conforme o aparelho de ultrassonografia era passado em sua barriga o médico ia assustando com seu silêncio, foi quando Vanessa o questionou sobre a existência de algum problema com a criança. Ele olhando em teus olhos disse: “Como ainda está no início da gestação e nesse momento o bebe ainda está em processo de formação, possa ser que eu esteja errado, mais o que me parece é que é uma criança ao qual o cérebro não está se desenvolvendo.”.

sobre uso de medicamentos como ácido fólico, sendo que o único que era usado por ela era o sulfato ferroso por já saber que eu tinha anemia.

50

Quando perguntada como era tratada nos atendimentos de consultas hospitalares, Vanessa informa que alguns profissionais da saúde agiam de forma grosseira mesmo sendo orientada em todas as consultas a procurar hospital em qualquer situação como uma simples dor de barriga ou até uma unha encravada: “Eu tinha que chegar e logo dizer ‘minha bebe é anencéfala’, pois nesse momento da gestação, eu sabia que estava gerando uma menina, que teria o nome de Sophia, e assim eu o fazia, mesmo diante de

“Eu rezava a Deus pedindo por um parto sem sofrimento tanto para mim quanto para a bebe, eu dizia que aceitava o milagre dele e também que eu aceitaria a vontade dele caso o milagre não existisse consolando meu coração” relatava Vanessa em sua intimidade com Deus todas as noites antes de dormir.

51

Saindo da sala do médico em silêncio e não acreditando que isso estava acontecendo com ela, Vanessa se depara com sua filha mais velha que estava ali acompanhando e em silêncio permaneceu, foi quando o médico que a atendeu saindo de sua sala entrega o ácido fólico recomendando o uso imediatamente.Sim,oresultado saiu e em meio aos prantos, choros e soluços que acredito que toda mãe teria o exame comprovou que meu bebe não estava com o cérebro sendo formado, ou seja, anencéfalo.

seguir sua vida, trabalhando e servindo em sua paróquia Nossa Senhora do Caminho, onde aos poucos, seus amigos e outros membros da igreja ficavam sabendo do momento em que ela vivia e, quando perguntavam sobre o que a motivava a levar adiante uma gestação de uma criança sem o cérebro à resposta sempre era a

O que diz a Lei 9.434/97?

Lei Nº 9.434, DE 4 DE FEVEREIRO DE 1997, diz que, a qual está disposta que a vida cessa com a morte encefálica ou morte cerebral. Se não há vida no feto anencéfalo, sob o prisma jurídico, não há sentido em prolongar a gravidez e acarretar riscos e prejuízos psicológicos e à saúde da gestante.

Vanessa Roesler sabia que estava amparada pela Lei 9.434/97 e, que poderia, caso assim quisesse realizar o processo de interrupção da gestação.

52

questionamentos de médicos sobre o por que não interromper”.

“Meu coração pedi para eu não fazer, o meu ser mãe grita para eu não fazer, então eu não fiz. Minha filha está viva, coloque o aparelho em minha barriga e vocês vão ouvir o coração bater, e o coração batia tutu tutu tutu, enchia meu coração de amor.” comenta Vanessa em uma das tantas consultas que Vanessarealizava.precisou

Vale ressaltar que as mulheres que abortaram ou abortam sempre foram e são vistas pela igreja como as grandes pecadoras a quem só um bispo podia perdoar. O papa Francisco fala com amor e dor sobre elas, porque carregam como afirma o Santo Padre, “uma cicatriz em seu coração”.

mesma, “embora ela não tenha o cérebro, ela tem coração, e o coração bate, ela mexe dentro de mim, isso é vida”.

53

Isso mostra muito o seu espírito de solidariedade, mas certamente será ainda insuficiente para as mulheres, assim como Vanessa que enxerga os discursos da Igreja são muito mais impostos do que sentidos.Aigreja

na pessoa do Padre Nivaldo de Jesus Santos, amigo da família, foi até a casa de sua mãe, ouviu a voz do coração da Vanessa, e concordou com a escolha dela, não sabemos é claro por falta de oportunidade de entrevistá lo como seria o posicionamento dele, caso a mesma tivesse decidido interromper a gestação.

Em contrapartida, o pároco da igreja ao qual a Vanessa frequentava chamado Fabio Lira, soube de toda a história de sua paroquiana somente na missa de sétimo dia, o mesmo deu a Extrema unção, também um sacramento cristão, assim denominado por ser recebido pelos cristãos que estão em risco

iminente de perder a vida juntamente com os parabéns pela decisão escolhida, dizendo que, quando Vanessa se sentisse à vontade de testemunhar sua história numa missa, a igreja estaria de portasImportanteabertas.

Quantas são as mulheres, que talvez estejam sentadas nos bancos das paróquias se sentindo esquecidas pela igreja por terem algum dia abortado ou até mesmo pensando em interromper uma gestação pela falta de atenção, acolhimento da igreja e suas pastorais.Nocaso

da Vanessa, nossa entrevistada, a Igreja esteve ao seu lado através de pessoas ao seu redor, seu testemunho pode ser visto por mulheres através dos canais de comunicação da Canção Nova, Cachoeira Paulista SP, onde teve uma missionária chamada Mayara que a procurou acolheu com respeito e amor e com o mesmo gesto de amor e

54

ressaltar que, segundo a nossa entrevistada Vanessa, o assunto aborto não é falado dentro da igreja, pelo menos pela perspectiva do olhar dela, mais que quando a igreja talvez opte em ficar em silencio para esse assunto, ela como filha dessa própria igreja Católica Apostólica Romana a qual pertence há cerca de 30 anos, entende que existe uma necessidade da igreja falar sobre as mulheres que passam por situações semelhantes á dela.

novembro de 2021, cantando em sua paróquia ao final da missa, Vanessa pediu que seus amigos músicos pudessem tocar uma música para homenagear sua filha, Sophia, que é um anjo no céu.

respeito, Vanessa Roesler também acolheu mulheres que a procuraram pela internet e de forma presencial para pedir ajuda ou conselhos, pois passavam pela mesma situação vivida por ela.

Vanessa sempre teve o apoio de todos da sua família em qualquer escolha que ela fizesse, inclusive de seu marido Claudiomar, que sempre esteve ao seu lado em todos os momentos principalmente quando precisou que ele, na figura agora não somente de marido, mas agora também como pai, que precisou carregar um pequeno caixão branco nos braços para que Sophia pudesse ser enterrada como uma criança que foi gerada, amada e não abortada.Em2de

55

A música, titulada como lindo céu foi cantada também na missa de sétimo dia da criança, diante de todos os familiares e amigos que ali se faziam presentes.

56

Por sobre as nuvens, existe um lindo céu, maravilhoso céu, morada dos anjos. Por sobre as nuvens, existe um trono, Cujo rei, está assentado à direita de Deus. Céu, lindo céu, é o lugar, onde eu quero viver Pra sempre, céu, lindo céu, é o lugar Que o meu Deus preparou, pra mim Céu, lindo céu, onde com os anjos Eu cantarei, adorando ao Senhor.

Ao fim da música, emocionada, Vanessa diz: Obrigada!

Aos 16 anos, Jefferson Rostand Alves da Silva experimentou a sensação de ser afastado de sua comunidade por sua orientação sexual.

Música: Lindo Céu

Os desafios de ser homossexual em uma comunidade católica

Após se confessar com o pároco de sua antiga comunidade em Minas Gerais, Jefferson foi excluído da Igreja e afastado do grupo de jovens que coordenava. A exclusão trouxe ao homem o medo de voltar à paróquia e ser isolado novamente, por isso, Jefferson decidiu manter-se afastado e, durante 5 anos, não frequentou a Igreja novamente.

A missão “Jovens Sarados”, que Jefferson cita, nasceu a partir de uma ideia do Pe. Edmilson Lopes, sacerdote e missionário da Canção Nova, de levar o evangelho aos jovens da cidade de São Paulo. Aos poucos, o grupo se popularizou, o que ocasionou no surgimento de novas missões ao redor do Brasil.Quando

perguntado sobre a principal dificuldade em ser gay e católico, Jefferson afirmou que frequentemente se questionava sobre como seguir em sua caminhada sendo LGBT, mas que passou a entender e demonstrar para as pessoas que sermos homossexuais não interfere em seu amor e temor aJeffersonDeus. conta que é comum pessoa LGBTQIA+ o procurarem para pedir conselhos, porém na maioria das vezes essas pessoas dizem não se sentirem confortáveis na Igreja.

57

Anos depois, Jefferson se mudou para São Paulo e deu uma nova chance ao catolicismo: “Eu conheci os Jovens Sarados e eles me mostraram uma forma totalmente diferente de ser acolhido. A forma que fui abraçado nos Jovens Sarados tirou a visão que eu tinha da Igreja, comecei a pensar que eu posso ser gay e estar dentro da Igreja. Não necessariamente tendo um cargo ‘alto’, mas frequentando e conversando com Deus”.

Para Isabella Vasconcelos Dias, 23 anos, o principal desafio é enfrentar os rumores e os olhares dos que frequentam a paróquia, sempre julgando por ter uma orientação sexual diferente.

Se assumir para a família é uma sensação que faz muitos LGBTQIA+ suarem frio, mas o medo da rejeição é ainda maior quando esses familiares são religiosos. Porém, se por um lado Isabella sofreu

Isabella é retrato de um acontecimento muito comum entre jovens católicos homossexuais. Por se sentir constantemente invalidada por sua própria religião, Isabella se afastou do catolicismo: “As pessoas que sentiam por mim um carinho como se fosse ‘família’ acabaram virando a cara e dando uma afastada”.

A mulher conta que essa decisão abalou muito seus pais, especialmente sua mãe, Daniela. Porém, a decisão de manter se afastada, no momento, é irrevogável: “É uma coisa que eu sempre tenho na minha cabeça: onde eu não sou aceita do jeito que eu sou, não me cabe. [...] Não julgo, porque eu sei que alguns padres tentam e pensam em acolher, mas a religião não permite que eles sejam da forma que querem. Queremos ser tratados como todo mundo, a gente também tem o sonho de casar, de batizar o filho. Por que a gente não pode? Só porque amamos uma pessoa do mesmo sexo?”

58

Ao falar sobre o dia que contou ao pai o fato de ser lésbica, Isabella relembrou como teve a sorte de ser aceita sem brigas ou maiores dificuldades: “Estávamos no carro, então tinha duas opções: ou ele me aceitava ou me jogava na estrada. Eu lembro que o chamei e ele tomou um susto porque eu gritei. Falei assim: ‘posso te perguntar uma coisa?’ e ele acenou. Perguntei se ele ainda me amaria se eu gostasse de meninas e os 5 segundos de silêncio que pareciam uma eternidade foram finalizados com ‘você nunca vai deixar de ser minha filha, não vou deixar de te amar por causa disso’”.

Em sua comunidade, a novidade também não foi bem recebida: “Meus amigos não aceitaram muito bem, se afastaram e foi um choque pra mim. Eram pessoas que eu considerava muito e nem olhavam mais na minha cara. Eles me julgavam, diziam que a Igreja não aceitava”.

Infelizmente, Mayara Alves do Nascimento não teve a mesma sorte ao se assumir para família e amigos. Na tentativa de impedir o relacionamento homossexual em que Mayara estava naquela época, sua mãe a proibiu de sair de casa, de mexer no celular e até mesmo de frequentar a Igreja.

59

com olhares maldosos dos fiéis da sua comunidade, no quesito família, como a mesma afirma com alívio: “fui o 1% que deu certo”.

Hoje, Mayara se encontrou na mesma missão em que Jefferson faz parte. Ela participa do ministério de música do grupo e se sente acolhida pelos jovens que fazem parte do movimento.

Além disso, Mayara conta com o apoio de seu pároco, Pe. Adriano, que sempre se coloca à disposição para ajudá-la e acolhê-la na comunidade, sem deixar que a mesma seja excluída.

60

“Família religiosa, mãe dominadora, pai ausente que acha que colocar arroz e feijão na mesa já é o suficiente. Quando eu tive a necessidade de me assumir, minha mãe teve aquele surto de ‘Meu Deus, o que foi que eu fiz de errado?’ No começo foi bem difícil, mas eu não precisava da aceitação deles. Parecia que eles estavam lutando para aceitar algo que não dizia respeito a eles. Não era um fardo deles, era meu”, é assim que Davi Souza Santos descreve sua família e o processo de aceitação dos pais. Ele conta que ficaram muitos anos sem falar com sua família, mesmo morando na mesma casa, mas que hoje a relação melhorou muito.

Davi afirma que também deixou de frequentar a Igreja, mas que enquanto participava, podia identificar diversos homossexuais que demonstravam a necessidade de receber o afeto que não conseguiam alcançar em suas casas.

61

Vale ressaltar que, segundo a atual doutrina católica, as relações homossexuais são consideradas “comportamentos desviantes” e, apesar da declaração, o próprio Papa e a Igreja Católica não aprovam o comportamento homossexual, mas sim a proteção legal dessas pessoas.

Para ele, o fato de Deus ter nos concedido o livre arbítrio faz com que a opressão aos LGBTQIA+ seja o verdadeiro problema e não a homossexualidade: “Eu acho que o maior problema são eles (a religião), o que acreditam, estruturaram como ideologia e crença. Nós não somos o problema. Especialmente quando você para pra pensar que a vida é baseada no livre arbítrio, que Deus tem consciência do que te dá e o que tira. Ele não interfere na sua vida de forma direta ou indireta”.

Recentemente, o Papa Francisco deu declarações consideradas polêmicas pela instituição religiosa. Segundo Francisco, casais homossexuais devem ter o direito de firmar uniões civis: “Eles são filhos de Deus e têm direito de formar uma família. Ninguém deve ser excluído ou forçado a ser infeliz por isso”. Além disso, Francisco sugeriu que criássemos uma legislação para que dessa forma, essas pessoas sejam legalmente cobertas.

Para Isabella, a Instituição está progredindo, mas em uma velocidade muito menor do que deveria. E mesmo quando conseguem uma vitória, por menor que seja, são obrigados a dar alguns passos para trás novamente.

62

Para Julio, negro e morador de periferia, o fato de ser gay é ainda mais delicado. Aos 17 anos o garoto é assumidamente homossexual e acólito de uma igreja na zona leste de São Paulo.

O jovem conta que mesmo antes de se declarar homossexual, já gostava de utilizar cabelos grandes e cacheados, além de tranças, sejam elas nagô ou raiz, Júlio confessa sofrer com homofobia em sua própria comunidade: “Uma vez eu fui pra igreja e um dos paroquianos chegou em mim e falou assim ‘nossa, vou cortar o seu cabelo’. Meu cabelo não estava curto, era um corte maior. Aí eu perguntei o motivo dele querer cortar o meu cabelo e ele disse que não combinava comigo. As pessoas não atacam diretamente, elas possuem uma forma pacífica de atacar. Foi um ataque em relação a mim, só porque eu gosto de um estilo de roupas e cabelos diferentes. Também tem muitas brincadeiras homofóbicas de paroquianos, uns dizem que eu sou o rapaz mais ‘macho’ daqui, outros dizem que não sabem se sou homem ou mulher, mas eu sempre tive essa luta dentro da Igreja, mesmo antes de me assumir.”.

"Na Igreja, ninguém deve se sentir estranho nem marginalizado. E não se trata apenas dum modo de dizer, mas é o modo de ser da Igreja. Pois ser Igreja é viver como convocado por Deus, sentirse eleito na vida, fazer parte da mesma equipe".

63

Para ele, a teologia e a Bíblia são estudos complexos interpretados de diversas maneiras e que as pessoas não podem levá-las ao pé da letra. Júlio entende que o segredo para melhorar o acolhimento dentro das comunidades é o estímulo do respeito, assim tudo começa a se ajeitar.

A homossexualidade e o aborto segundo o catolicismo

Papa Francisco

Há séculos, a homossexualidade já existia no mundo. Os romanos, por exemplo, não criminalizavam as relações homossexuais, tampouco existia uma concepção de heterossexualidade ou homossexualidade. Em Roma, a homossexualidade era praticada no dia a dia e considerada normal, já

Mesmo com as ofensas e brincadeiras de mau gosto, Júlio revela que não se sente desmotivado e que amar e servir a Deus é o que o incentiva a continuar na caminhada.

que as mulheres, naquela época, eram vistas apenas para procriar.Apartir da Idade Média, o catolicismo passou a condenar tal ato como pecado, mas, aos poucos, homens e mulheres homossexuais, antes intimidados, foram aparecendo e crescendo na sociedade. Com isso, o catolicismo foi obrigado a debater sobre o assunto.Em

Com o objetivo de esclarecer dúvidas e conceitos que eram debatidos na sociedade, a Igreja expediu duas cartas: Humunae Vitae (1968) e Persona Humana (1975).

No primeiro documento, o Papa Paulo VI condena o aborto, a esterilização, a anticoncepção, os atos sexuais fora do relacionamento conjugal, a masturbação e o coito interrompido. Essa carta foi como um divisor de águas na comunidade católica, pois o povo católico pode relacionar o pronunciamento com suas próprias experiências,

64

conflito, a Igreja Católica optou pela manutenção da tradição já instaurada a partir de alguns versículos encontrados nas escrituras sobre homossexualidade e os documentos oficiais seguem firmando os ensinamentos sobre a moralidade. Até os dias de hoje, a homossexualidade é vista e tratada como patologia e perversão.

o documento condena os atos sexuais praticados pelos homossexuais por não conduzirem à procriação e, pela Bíblia, constituem “graves depravações”. Por consequência, as pessoas homossexuais são rejeitadas por Deus.

65

despertando desconfianças com relação à Igreja Católica.Já

a segunda carta considera a sexualidade um fator que afeta diretamente o ser humano, sendo esta a primeira carta que aborda claramente a questão homossexual. Essa encíclica atribui à sexualidade fatores biológicos, psicológicos e espirituais e se refere à homossexualidade como uma “corrupção dos costumes”. Além de exaltar a distinção entre os que já nascem com essa orientação sexual e os de caráter provisório, sempre estimulando e recomendando o apoio, sem que sejam justificados ou aprovados.Noentanto,

Pouco tempo depois, no ano de 1986, Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a doutrina da fé, escreveu uma carta pastoral aos bispos da Igreja Católica sobre os cuidados que deveriam ser tomados com as pessoas homossexuais. Nessa carta, há a reafirmação de que a homossexualidade continua fora dos princípios morais da Igreja Católica.

Catecismo da Igreja Católica sempre zelou pela vida humana, e com isso explica que, “Desde o século I, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou, continua invariável. O aborto direto, quer dizer, querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral” (CIC §2271).

carta estimulava que os bispos realizassem a criação de pastorais para homossexuais, para que entendam e aceitem a doutrina da AnosIgreja.sepassaram,

66

Segundo a carta, é recomendado ao homossexual que viva à castidade e se “converta do mal”, já que persistir na homossexualidade é uma ameaça de Apesardestruição.disso,a

e esse debate segue sendo muito pertinente. Dia após dia, mais pessoas LGBTQIA+ são reveladas na sociedade, entre elas, diversas são católicas e possuem o interesse de seguir no Muitoscatolicismo.dediscutem

quando o assunto é aborto, mas o que de fato a igreja fala? Para tentar responder essa pergunta, utilizaremos o CIC “Catecismo da Igreja Católica”, o “Código de Direito Canônico”, além de algumas passagens bíblicas.O

67

Vós conheceis já a minha alma e nada do meu ser vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra. (Sl 139, 15).

Também o Código de Direito Canônico, quando trata sobre a temática do aborto, faz as seguintes afirmações: “Os fetos abortivos, se tiverem vivos, sejam batizados, enquanto possível” (Cân. 871). E continua: “Quem provocar aborto, seguindo se o efeito, incorre em excomunhão “latae sententiae’” (Cân. 1398)”.

Os católicos precisam comungar de três fundamentos de fé, na Sagrada Tradição, no Sagrado Magistério e nas Sagradas Escrituras.

Por fim, é importante lembrar que para alguns católicos, “cristão católico de verdade” só pode ser aquele que aceita ser católico por inteiro. Com isso, entra em contradição aquela pessoa que se diz católica, mas não concorda com algumas determinações, alguns pareceres da Igreja.

Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei. (Jr 1, 5).

68

O jornal sobre aborto e a comunidade

Segundo Fernando Geronazzo, jornalista atuante no O São Paulo, o papel do jornal é relatar os acontecimentos da atualidade que impactam diretamente ou indiretamente na vida do seu público. No veículo, temas como esses são abordados de formas diferentes. Sobre o aborto, Geronazzo explicou: “A Igreja Católica tem um posicionamento claro sobre o aborto, por exemplo, que não é fundamentado apenas em princípios religiosos ou morais, mas em bases científicas antropológicas e, inclusive jurídicas. Logo entendemos que a contribuição do jornal para o amplo debate público sobre esse tema é oferecer os argumentos e reflexões que outras esferas da sociedade e outros veículos não oferecem”.

LGBTQIA+

Quando se trata sobre a comunidade LGBTQIA+, o jornalista afirma que o jornal aborda sempre que o assunto toca diretamente algum aspecto da fé, da doutrina ou dos princípios vividos pelos católicos a respeito do comportamento humano e da família: “O jornal não entra na esfera dos direitos civis individuais das pessoas, mas quando esse debate afeta a compreensão da Igreja sobre os sacramentos e ou relativiza valores essenciais da vida cristã, abordamos nessa perspectiva, sempre a partir dos pronunciamentos, documentos e

declarações oficiais, com o objetivo de esclarecer o leitor a respeito dos fundamentos e implicações desse tema na vida eclesial. Em outras palavras, oferecendo lhes subsídios para que tenham condições de ponderar questões e avaliar o tema sem ‘colonizações ideológicas’, como o Papa Francisco costuma dizer”.

Como auxiliar de redação, Flavio Rogério Lopes comenta que o aborto é um assunto bastante tratado e debatido no jornal e diz que já participou de matérias em defesa da vida. Porém, quando questionado sobre a presença do tema “LGBTQIA+” nas pautas do jornal, Flavio afirma que O São Paulo busca abranger e debater todos os assuntos. No entanto, assume que o tópico é mais delicado e difícil de abordar: “Temos consciência que, independente da minha opinião pessoal sobre esse assunto que você citou, eu trabalho em um jornal institucional. Então tem coisas e assuntos que não podem ser publicados no jornal da igreja. São assuntos realmente mais delicados. Eles são debatidos nas reuniões, mas nem sempre se transformam em notícia porque é um jornal institucional. A gente não pode publicar algo que vá na contramão que a linha editorial defende ou a Igreja defenda. Esses assuntos são tratados sim, mas quase sempre não em pauta.”.

69

As “Católicas pelo Direito de Decidir” é uma ONG fundada no Dia Internacional da Mulher de 1993. A Organização, de acordo com informações retiradas de seu próprio site, coloca se na prática e teoria feministas a fim de promover mudanças em nossa sociedade, especialmente nos padrões culturais e religiosos.Asreligiões

Coletivos pela luta das minorias

A principal fonte para as matérias veiculadas no jornal O São Paulo é o Magistério da Igreja Católica, ou seja, em sua maioria, as afirmações virão a partir de bispos, cardeais ou o próprio Papa. Porém, de acordo com Flávio e Fernando, a fonte de informações de notícias relacionadas ao Papa Francisco vêm do site oficial do Vaticano.

70

são profundamente importantes na história, cultura e imaginário social, portanto influenciam nosso cotidiano, comportamento e decisões. Elas devem ajudar as pessoas a terem uma

O portal Vatican News conta com uma redação que produz conteúdos em pelo menos 30 idiomas, além do audiovisual, fotográfico e de streaming. O jornal da Arquidiocese trabalha em parceria com Vatican News, tendo, inclusive, algumas de suas matérias reproduzidas pelo próprio portal.

71

vida digna e saudável, e não dificultar sua autonomia e liberdade, especialmente em relação à sexualidade e reprodução. Por isso, as “Católicas Pelo Direito de Decidir” lutam pela laicidade do Estado que deve ser livre da interferência religiosa na criação e condução das políticas públicas.

O desenvolvimento humano depende do respeito aos direitos humanos e civis da população, em toda sua diversidade. É uma luta pela igualdade nas relações de gênero na sociedade, na Igreja Católica e em outras religiões. Vale ressaltar que a ONG adota a corrente de pensamento ético religioso feminista pelo direito de decidir, que reconhece a autoridade moral e capacidade das mulheres de tomar decisões livremente em todos os campos de suas vidas.

Outro coletivo que luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ na Igreja Católica é a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT.

As “Católicas Pelo Direito de Decidir”, direcionam suas atividades para as mulheres, jovens, LGBTs, negras, pois acreditam ser essencial o fortalecimento destes grupos sociais, sejam eles organizados ou não, para que possam construir uma sociedade plena de direitos e livre de preconceitos e violências físicas ou morais.

Criada em julho de 2014, no I Encontro Nacional de Católicos LGBTs, a Rede tem como objetivo criar um espaço seguro de acolhimento, além de debates e testemunhos de experiências na fé cristã entre pessoas que são LGBTs e, também, católicas.Assumindo

72

“Acreditamos que Deus nos criou e nos ama a todos e todas com Amor Incondicional, que Cristo nos abraça e nos chama de amigos e amigas, e que Sua Igreja é para todos e todas nós. Acreditamos no Espírito que sopra em nossas vozes e nossas vidas, e que é nossa missão profética contribuir com nossas dádivas e nossos testemunhos para a construção do Reino. Que a paz de Cristo e a proteção amorosa de Maria, nossa mãe, esteja sempre com todos e todas nós, e com todos e todas vocês.”, diz a equipe da Rede em site oficial.

o compromisso de possibilitar e transmitir a Boa Nova de Cristo, a Rede defende e partilha a experiência do Amor, da Liberdade, da Justiça e da Vida com aqueles que são excluídos da Igreja Católica e da Sociedade por suas orientações sexuais e/ou identidades de gênero. Busca, também, contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com o espaço necessário para que a diversidade cresça, sem que essas pessoas deixem de ser quem são.

Por acreditar em sua influência e relevância entre os jovens e adultos católicos LGBTQIA+ e pessoas que são a favor do aborto, procuramos a equipe da Rede e da ONG para a realização de uma entrevista. Entretanto, infelizmente, não recebemos a autorização da ONG Católica Pelo Direito de Decidir, para a publicação da entrevista e, em relação à Rede, não obtivemos retorno para prosseguir com a conversa.

73

No jornal impresso, o conteúdo é produzido exclusivamente pelos redatores, restringindo aos leitores apenas o direito á leitura. Já no meio digital, o jornalismo é mais participativo, permitindo que o público colabore com a criação das matérias jornalísticas.Noentanto, nem sempre todas as informações enviadas são relevantes ou verdadeiras. Por isso, é importante que o conteúdo compartilhado seja analisado constantemente.

74

Para a equipe do jornal da Arquidiocese, eles vivem dois sentimentos simultaneamente o de alegria por chegar a mais e mais pessoas e a preocupação por serem desafiados a crescer na qualidade de suas comunicações.

Capítulo IV –Aresistência dos leitores

O jornal O São Paulo, embora tenha suas edições até hoje no impresso, agora o Brasil e o mundo têm acesso aos seus conteúdos via internet.

Mesmo com impresso e digital, é possível notar que ainda existem, no caso do jornal O São

Existem algumas diferenças no engajamento em um meio impresso para o do meio digital.

Posteriormente, na adolescência, se pede que os adolescentes façam a catequese para serem crismados. Nesta etapa, são recordados todos os fundamentos da fé católica, aprendidos na catequese de primeira comunhão.

a Igreja propõe é que se faça uma determinada caminhada. Ainda quando criança o curso de catequese para Primeira Eucaristia, que prepara os pequenos para receber o corpo de Cristo e entender com mais profundidade a religião católica, os sacramentos, enfim, a doutrina como um todo.

A catequese é a educação da fé católica e ao contrário do que muitos pensam, ela não se limita a “dar catecismo” para a Primeira Eucaristia das crianças. A catequese pode ser feita a qualquer momento da vida, e por pessoas em qualquer faixa etária, cada qual se encaixando numa proposta diferente.Oque

“Escola e Igreja são parecidas por lidar pessoas”.com

Paulo, leitores que buscam informações ainda em outros veículos de comunicação da igreja Católica.

Acomunicação na catequese

Irmã consagrada Edenise.

75

De acordo com os dados do DataSus, no primeiro semestre do 2020, o número de mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em rezam de abortos mal sucedidos tenham sido provocados ou espontâneos foi 79 vezes maior do que interrupções de gravidez prevista pela lei, além do que, o Ministério da Saúde informa que a terceira e maior causa de morte materna no Brasil é o aborto inseguro, apresentado esses números para nossa entrevistada a consagrada Edenise é objetiva ao dizer: “É preciso falar mais de castidade, inserir nas pessoas o desejo de santidade. Abre-se as portas das igrejas onde tudo pode, tudo é permitido e se esquecem de falar da castidade, santidade, para que

76

Quando questionada sobre a visão da igreja em relação à legalização do aborto, como é tratado esse assunto com os jovens, Edenise declara: “Como catequista, estou muito mais interessada em anunciar Jesus, fazer com que as pessoas experimentem Ele e não vejo a necessidade de falar sobre aborto com crianças de 10 anos de idade. Porém, quando identifico que elas já estão namorando, eu como catequista falo sim”.

Em entrevista com Edenise Pereira dos Santos, irmã consagrada, celibata, catequista e diretora de creche, é possível entender como a igreja vem catequizando seus fiéis desde o início da educação da fé cristã.

77

as pessoas tenham o desejo de viver essa loucura que eu vivo”.“Eu

O São Paulo, seja conhecido pela nossa entrevistada e reconhece sua importância para os leitores e também para Arquidiocese de São Paulo, Edenise ainda assim prefere ter acesso às informações do jornal Voz Diocesano, jornal este publicado pela diocese de São Miguel Paulista, de forma gratuita e interna.

Para a Igreja, a catequese deveria começar dentro de casa e, posteriormente, a Igreja daria continuidade daquilo que os pais ensinaram para seus filhos sobre a fé cristã. Edenise entende que quando se fala de amor, respeito ao próximo e a si mesmo, as crianças e jovens já começam a entender que o amor não é somente sexo, que existem outras coisas boas Emboratambém.ojornal

sempre serei a favor da vida, não mutile seu filho, nem que pra isso eu precise ajudar a cuidar o filho do outro” comenta Edenise.

78

A comunicação na liturgia.

“Da mesma forma que se prepara na igreja as missas os encontros com carinho, também aquilo que será transmitido também precisa ser preparado com carinho”.

Irmã consagrada Solange.

Muitas vezes o cristão católico fala a palavra liturgia, mas não tem o devido entendimento do que seja. A primeira ideia é que a liturgia é o conjunto de rituais no qual a determinada celebração se desenvolve. Imagina se que os gestos e a simbologia estão ali colocados apenas para embelezar o templo ou o evento que se está celebrando.

Observa-se claramente este fato nas solenidades matrimoniais, onde se dá valor excessivo à música, decoração, traje da noiva e fotografias, deixando minimizados os atos mais relevantes da celebração.Mas, antes de tudo, você pode se perguntar: “O que é Liturgia?”

Buscando o sentido etimológico, liturgia (leit, de léos-láos = povo e érgon, do verbo ergázomai = agir) é uma ação para o povo, um agir para o povo, ou seja, uma ação pública. As Sagradas Escrituras trazem este termo de forma gradual, mostrando uma evolução até chegar ao ponto alto que é a chamada

começa nossa entrevista enfatizando a importância dos meios de comunicação para a Igreja: “É muito importante para o ensinamento. Jesus chega aonde eu não consigo chegar e até aqueles que um dia não pensou em adentrar na Igreja, a Igreja entra na casa de todos através das TVs, rádios e jornais”.

Tanto para a consagrada Edenise quanto para a também consagrada Solange, os veículos de comunicação têm feito um importantíssimo papel na evangelização, ainda mais no período em que escrevemos este livro, onde permanecemos com restrições por conta da pandemia do coronavírus e as Igrejas precisaram por várias vezes fechar suas portas, fazendo que as famílias fizessem de suas casas aParaIgreja.Solange, a comunicação seja ela do jornal O São Paulo ou qualquer outro veiculo de

79

liturgia cristã. Nesta liturgia, todos são os celebrantes, portanto, os licurgos, têm como objetivo atualizar o mistério pascal de Cristo em cada celebração.Coordenadora de liturgia, catequista e irmã consagrada, Solange de Abreu Sanches procura viver o que, segundo ela, é a opção radical por Jesus, além de suas atribuições na Igreja é secretária de uma equipeSolangemédica.

Importante deixar claro que ninguém pode falar em nome da Igreja. O que se vê muito por aí, são lideres, freiras, padres, religiosos e consagrados falando em nome da instituição, porém, somente bispos e o Papa podem falar em nome da Igreja Católica, outros apenas com autorização do Bispo Diocesano da sua região.

“Espero que o jornal da Arquidiocese de São Paulo noticie de tudo e não somente conteúdos voltados para o público católico, porque se for para anunciar o que os católicos querem, não precisa de jornal, um folheto já basta”, comenta Solange sobre

80

comunicação, embora seja muito importante, precisa ter um respeito para com aquele que irá receber a informação: “Da mesma forma que a Igreja na pessoa de seus membros preparam as missas e os encontros com carinho, aquilo que será transmitido e noticiado também precisa ser preparado com carinho e responsabilidade. Além de identificar se, de fato, é o olhar da igreja ou o olhar pessoal de quem transmite”.

Para Solange, é muito importante que todos saibam o que de fato é um jornal e para que serve. Segundo nossa entrevistada, um jornal não é uma bíblia ou um folheto da missa. Jornal é documento de informação sobre acontecimentos diários.

“As mães falavam com suas filhas sobre menstruação, os pais falavam com seus filhos sobre hormônios. Hoje não se tem mais isso, não há uma preparação pra vida sexual na família”, esclarece Solange.Da

é uma das pessoas que, embora tenha conhecimento sobre o jornal O São Paulo, prefere ser informada pelo jornal de sua própriaParadiocese.nossa

mesma forma que Edenise identifica a importância dos pais no processo de aprendizado de seus filhos, tanto na escola como na igreja, para Solange não é diferente. Ambas concordam que educação sexual, ler e escrever não são uma obrigação da Igreja. Para elas, não são os catequistas que devem fazem isso, mas sim os pais dentro de

a importância de o jornal abordar assuntos sobre aborto e SolangeLGBTQIA+.também

81

entrevistada, um dos motivos que leva pessoas a recorrerem à um aborto, por muitas vezes, é por conta de uma gravidez não planejada ou a falta de planejamento familiar. Se antes a igreja não falava de aborto é porque não existia a necessidade, as famílias falavam sobre educação sexual. Hoje em dia, muitas famílias não falam sobre sexo com os filhos, deixando que a escola e a igreja façam o que caberia os pais fazerem.

82

Sobre o aborto, ciente de que todos são livres e que podem fazer de suas vidas o que desejarem, Solange deixa uma reflexão para todos que estão tendo acesso a esse livro, principalmente para as mulheres que estão grávidas e pensam em abortar: “Vale a pena sujar suas mãos de sangue para se sentir livre?”.

suas casas. Porém, se preciso for, a Igreja na pessoa de seus catequistas fazem.

Importante ressaltar que tanto Solange quanto a Edenise, ambas tem o mesmo pensamento em relação ao acolhimento de todas as pessoas, que todos são livres para fazerem o que querem de suas vidas, mas alertam que para tudo é necessário prudência, coerência, pois tudo lhe é permitido, mas nem tudo lhe convém.

De acordo com Solange, é preciso que a Igreja acolha todas as pessoas, independente de quem sejam ou de como têm vivido sua vida. Mas alerta que o fato da igreja precisar acolher todas as pessoas, que praticam o aborto, que fazem parte do movimento LGBTQIA+, não quer dizer que tudo pode ser feito dentro dela.

As consagradas Edenise Pereira dos Santos e Solange de Abreu Sanches pertencem à diocese de São Miguel Paulista, são celibatárias, atualmente prestam serviços de catequese e liturgia na

A comunicação na música

música na Igreja é uma música funcional. Não é arte pela arte, é arte com uma função. Assim, os músicos católicos acreditam. Música na Igreja são para a Missa, Adoração, Glorificação e Louvor ao Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

83

A música sensibiliza e atrai. Trabalha na emoção, mas música na Igreja é um meio e não um fim nela mesmo. É para o louvor a Deus e também para chegar até as pessoas promovendo alívio, cura e prazer.A

“Quando a gente fala de comunicação, a gente fala de informação.” Walmir Alencar

Música na Igreja é para ensino, edificação e crescimento cristão. É para consolo, conforto, testemunho, evangelização e proclamação da Palavra de Deus.

Para que serve a música? Sim, para que serve a música na Igreja? Como encaixar esta música nos serviços da Igreja?

comunidade Santa Inês sobre a administração do atual pároco padre Paulo Roberto, da paróquia Nossa Senhora do Caminho.

84

é um cantor e compositor de música católica no Brasil. Nascido na cidade de Registro, São Paulo, em 29 de julho de 1967, onde passou sua infância com sua família que era espírita e chegou a iniciar em 1982 sua caminhada como católico na cidade de São José dos Campos, também em SãoAPaulo.banda

Ao deixar a carreira solo, fundou seu segundo grupo musical em 2005: Ministério Adoração e Vida, cuja missão é transformar o palco em altar, onde o amor de Deus seja experimentado por todo e qualquer ser humano que desejar ter um encontro pessoal com o Senhor que é o centro e razão deste Ministério existir. Desafiando promover essa experiência na Igreja Católica Apostólica Romana que é sua casa e lugar de missão ao qual o Senhor primeiro os chamou e além de seus muros.

Para falar sobre a música, em especial na Igreja Católica, entrevistamos o compositor e cantor WalmirWalmirAlencar.Alencar

Vida Reluz, fundada pelo mesmo em 1985, foi seu primeiro grupo musical, com a qual gravou 2 CDs: Vida Reluz e Celebra a Vitória. Numa transição para seu segundo grupo musical, gravou 4 CDs em carreira solo: Imagem e Semelhança, Lo Mejor En Español, Misericórdia Infinita e Onde Está o Teu Irmão?

entrevista com Walmir Alencar, numa apresentação de show em Pirituba SP, o mesmo faz um alerta sobre a importância que todos nós temos ao falar, dando como exemplo o padre Zezinho, que não tem o mesmo conhecimento que ele e, nem o próprio Walmir tem o mesmo conhecimento que o padre Zezinho, mas que cada um tem sua própria experiência e que demonstram ao seu modo, os seus talentos e suas virtudes.

85

Algumas das mais conhecidas composições foram gravadas por diversos cantores católicos, como "Abraço de Pai" interpretada por Adriana, "Perfeito é Quem te Criou", "Celebra a Vitória" e "Gratidão" gravadas pelo grupo Vida Reluz, "Em Tua Presença", de cuja composição participou o Padre Fábio de Melo e que faz parte do repertório do primeiro CD por este gravado, De Deus um cantador.Em

“Padre Zezinho é incrível no que escreve e, não somente no sentido teológico, sobre Deus ou às coisas relacionadas à Deus, mas no cotidiano, no dia a dia. Enquanto eu já me considero mais simples, o que escrevo é muito simples não é nada poético, mas é como se fosse uma poesia pro povão, que chega muito fácil. Então de qualquer forma a gente chega, a gente se comunica e a gente chega às pessoas certas, essa é a beleza da vida” relata Walmir Alencar.

86

com o entrevistado, o evangelho na realidade é o coração de cada um, porque Deus em seu grande coração revela sua palavra na sagrada escritura: “Deus colocou em nosso interior e nós espalhamos essas informações que Ele nos deu. Isso nos traz vida, traz paz, traz tranquilidade para as pessoas, olha como a informação pode chegar e transformar a vida”.

Walmir Alencar critica alguns profissionais de comunicação quando diz que “muita gente se perdeu na comunicação por causa de uma palavrinha: militância: “O que eu aprendi sobre comunicação é imparcialidade. Independente daquilo que eu penso ou não, qual é a notícia? O que eu devo

Vale ressaltar que por muitos anos Walmir Alencar tardava um tratamento em sua arcada dentária, movido por medos e até mesmo pela falta de informação.Deacordo

Quando questionado sobre a importância da comunicação dentro da Igreja Católica através dos discursos dos padres ou até mesmo de quem trabalha na comunicação com a música, Walmir é claro quando diz: “Quando a gente fala de comunicação, a gente fala de informação, olha como a informação é essencial na vida de todo mundo, até quem pensa que não precisa de comunicação, informação precisa”.

87

De acordo com Walmir Alencar, o primeiro passo seria o respeito: “O que eu tenho a ver com a sua vida íntima? Nada. Não tenho nada haver com a vida íntima de ninguém, então a sexualidade, a afetividade da pessoa é algo muito precioso, é algo muito particular, então não seria correto eu dizer aceitar, porque a pessoa não exige de ninguém que eu o aceite, mas que a respeite. Melhor, respeitar seria amar, porque Jesus entrava na casa de todo mundo e Jesus hoje entra na casa de todos nós, Ele sim nos aceita, porque a palavra diz: ‘venha como você estiver. Agora trilhando um caminho com Deus, você vai se encontrando dentro desse novo que Deus te dá’. Até o apóstolo Paulo e o próprio Senhor Jesus disseram que é melhor que o homem não se case. E aí? Como ficam aqueles que defendem o

anunciar? A mesma coisa do evangelho, o que é que eu tenho que anunciar?”.

Lembrando que militante é a pessoa que milita, defende uma causa ou busca transformar a sociedade através da ação e não da especulação. Pessoa que luta que sai em defesa de uma causa, um partido ou uma Minutosideologia.antesde

Walmir Alencar subir ao palco no show Mensagem de Paz, em Pirituba, ele responde sobre como enxerga o acolhimento da Igreja ao grupo LGBT.

88

casamento? Vou falar entre aspas aqui para que você me entenda bem, “do que era normal” a princípio o próprio apóstolo dizia que não se case, agora se você não aguenta não se casar, então que se case. Olha aí a liberdade que você tem e você pode fazer dentro da sua vivência no dia a dia o melhor para Deus. Então rebusca aí no seu interior, no seu coração e veja como você pode ser melhor servindo a Deus, mas dentro daquilo que você é.” comentou Walmir

Alencar.Quando perguntado sobre sua visão em relação ao aborto, Walmir Alencar reforça sua fala sobre direitos e deveres: “Eu vejo que sempre que a gente fala de direito, muitos se levantam batendo no peito dizendo: ‘eu tenho direito’ e a gente se esquece de que cidadania é para todos. Nós vivemos como cidadãos e quando a gente se esquece de que cidadania se faz com direitos e deveres então não existe direito sem dever. ‘Eu tenho as minhas regras e ponto final’, existe o dever também e principalmente quando se trata do outro, porque é um ser, é outra pessoa. Ninguém tem o direito sobre ninguém, até mesmo os pais. Eles na figura e responsabilidade de pais, têm um certo direito até uma certa idade para com os filhos. Como diz a própria Bíblia, o homem foi criado para sair do ninho, sair da casa, então a vida tem uma sequência tão normal, tão ordinária na ordem que às vezes a gente se esquece disso. Para ver os deveres basta ver

os seus direitos porque quando você vê os seus direitos, os direitos que você tem, a cidadania é um espelho e o direito que eu tenho a vida o outro também tem. Então é o que eu penso. A pessoa se abre pra ter os direitos e com toda certeza e deve cobrar os seus próprios direitos, mas ela precisa lembrar que numa sociedade nós precisamos respeitar, aí entra o dever, o direito do próximo”.

Por fim, Walmir Alencar fala sobre a comunicação dentro da igreja católica: "eu acredito que hoje em dia, aliás, muito tem invertido essa comunicação”.

Quando perguntado sobre o que a Igreja e seus membros poderiam fazer para melhor acolher as pessoas sendo elas pertencentes ou não ao movimento LGBT ou aquelas que aprovam a legalização do aborto, Walmir diz: “Tudo tem um caminho e hoje em dia as pessoas já querem que se aceite tudo. A pessoa nem foi bem acolhida na Igreja e o que a gente podia fazer? Eu sou músico, então eu acolho através da música. Se hoje nós temos um show num palco, as pessoas veem e elas vão ouvir música é porque a música a atraiu, isso é lindo. Ela chora, é conquistada, aí depois ela vai trilhar um caminho para aprender mais”.

89

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
O SÃO PAULO: O JORNAL DA ARQUIDIOCESE by Rede Código - Issuu