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DESENCADEAMENTO DE TRAUMAS NA INFÂNCIA
Nosso personagem, Nicolas em questão, irá personificar o seu medo na criação da ilustração em um boneco, no qual intitulamos como Kardama, e a partir deste ato a trama se desenvolve.
O medo que normalmente tem a função de sinalizar o perigo, passa a ser vivenciado como o próprio perigo. Paradoxalmente à vontade de se afastar das próprias sensações físicas, torna a pessoa hiper vigilante em relação às suas sensações internas. Qualquer alteração se torna uma ameaça. Nosso cérebro não funciona no negativo. Não existe um símbolo que especifica um não algo. Por exemplo, se eu pedir ao leitor para não pensar numa piscina azul, automaticamente o leitor pensará na piscina azul. Para tentar fugir do medo a pessoa tem que representar o medo, isto é sentir o medo. Este é um aspecto fundamental da reação em cadeia que é a crise de pânico em si. (PINHEIRO, 2004, p. 3)
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Ao analisar o estudo de caso aqui apresentado, buscando como estratégia ressaltar os efeitos negativos surgidos a partir dos traumas vivenciados ao longo de sua construção pessoal e social, temos como foco explorar essas áreas e destacar a importância sobre um tratamento adequado junto ao um médico, psicólogo que auxilie para o melhor desenvolvimento interpessoal e superação de suas angústias
É inegável que o desenvolvimento de crianças que possuem uma estrutura familiar sadia, está menos propício a danos físicos e psicológicos.
Em contraste com filhos que crescem envolto a um ambiente agressivo e inadequado, reflete em todo direcionamento das fases da vida daquela criança, proporcionando traumas e acarretando a danos psicológicos e que sem acompanhamento médico apropriado perpetua por toda vida. Embora um convívio
diário em ambientes adversos, configure como fácil identificação ao olhar externo, os membros familiares dificilmente percebem os efeitos negativos das interrelações.
A psicoterapeuta Gia Carneiro Chaves em seu artigo “Traumas: Obstáculos é arte de viver” de 2018, faz um comentário pertinente sobre os acontecimentos de traumas na infância.
Uma consequência dum fato acompanhado de uma emoção violenta, que vai modificar de uma maneira permanente a personalidade de um indivíduo, sensibilizando-o duma forma especial para emoções análogas posteriores. Isto é, um acontecimento violentamente emotivo desenrola-se em determinada época dum indivíduo, mesmo na primeira infância (até aproximadamente aos 4 ou 5 anos); com o decorrer do tempo vai lentamente passando do consciente ao inconsciente e é mais um conteúdo desagradável armazenado na intensidade da Pantomnésia do inconsciente (memória de tudo).
Quanto mais tardio o reconhecimento do indivíduo sobre sua saúde mental e psíquica, causado pelos traumas de sua infância maior será o agravamento do transtorno, podendo se manifestar de diversas formas. A complexidade rege o ser humano, valores interpessoais é fundamentada, a influência sobre o meio é examinada, a ansiedade é a doença que ocorre com mais frequência entre jovens e adolescentes, se qualifica com a sensação de incapacidade e insegurança, corresponde a reação do organismo como forma de proteção sobre a possibilidade de uma ameaça, a ansiedade antecipa, há uma preocupação, mas não sabemos por qual razão, causando o bloqueio do cérebro, impedindo a realização das atividades consideradas simples do cotidiano.
Segundo dados publicados no ano de 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil é o país com o maior número de pessoas com ansiedade da América latina, os efeitos que compõe esta estatística são identificados como fobia,
transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático e ataques de pânico. Cerca de 9,3 % da população convive com a doença, equivalente a 8,6 milhões de brasileiros.
Além desta questão, o isolamento social é um dos fatores abordados neste projeto de pesquisa no qual fará parte na construção do personagem principal, será representado em alguns flashes de cenas os traumas vividos pelo protagonista.
Crianças que vivem só, retraídas correm risco de adquirir problemas sociocognitivos e o personagem em questão convive com os pais no quais frequentemente brigam, a relação entre os membros torna-se complexas e com pouca efetividade, fazendo com que o protagonista assista frequentemente um desenho como uma válvula de escape durante sua infância e adolescência.
Segundo Rubin, Bukowski & Parker (2006, apud FERREIRA 2012, pg.8):
A adolescência é uma fase caracterizada por grandes mudanças, que ocorrem a vários níveis. Os três principais acontecimentos que caracterizam esta fase são: a transformação do corpo; adaptação e aceitação do mesmo e o distanciamento dos pais. Relativamente a este último aspecto, ele não significa que os pais deixem de ser figuras importantes e tem como consequência a aproximação ao grupo de pares, um movimento fundamental para o processo de identificação do adolescente
Como consequência desta característica, sabe-se que esses atributos contribuem para ataques categorizados como bullying, palavra de origem inglesa que designa a atos de intimidação repetitivos podendo ser verbais, físicos e psicológicos contra o indivíduo.
Sabe-se que as pessoas com sintomas fóbicos encontram obstáculos em quase todas as situações e vivências sociais, pois são mal compreendidas e interpretadas pelas pessoas de sua convivência e isso faz com que se sintam inseguras, discriminadas,
desrespeitadas e desenvolvem fobia social. Quando uma criança vem de um ambiente com uma estrutura neurótica, onde só há menosprezo, hostilidade e desrespeito, ela não se enquadra no contexto social e isto repercute no seu desejo de estima, no desejo de ser querido no grupo e pode gerar transtornos de aprendizagem. Ela deixa transparecer a insegurança, o medo, o não pertencimento e a baixa autoestima. (FLORES, 2008, p. 31/32)
Em nossa produção, o protagonista Nicolas possui traumas decorrentes de bullying e uma família instável, e tenta superar estas dificuldades que levou consigo até mesmo depois de crescer.