Futebol do Espetáculo - Carlos Alberto Pinto

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL GRADUAÇÃO EM JORNALISMO

JORNALISMO ESPORTIVO E ENTRETENIMENTO: O PAPEL SOCIAL DOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NA COBERTURA DO FUTEBOL BRASILEIRO

SÃO PAULO 2020 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL GRADUAÇÃO EM JORNALISMO

JORNALISMO ESPORTIVO E ENTRETENIMENTO: O PAPEL SOCIAL DOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NA COBERTURA DO FUTEBOL BRASILEIRO

CARLOS ALBERTO PINTO SOARES JÚNIOR

Relatório de Fundamentação Teórica e Metodológica apresentado ao Curso de Jornalismo, da Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Jornalismo

SÃO PAULO 2020

Ficha Técnica

Título: Futebol do Espetáculo Gênero: Documentário Formato: Full HD Duração: 30 minutos Direção: Carlos Soares Cor Som Estéreo São Paulo / SP / Brasil 2020

Resumo Esta pesquisa tem o objetivo de estudar alguns dos principais veículos de comunicação do país, em relação a forma como organizam e distribuem a sua programação sobre futebol e as publicações nas mídias sociais relacionadas ao esporte e o seu aspecto social. O ponto central é abordar as perspectivas da utilização do jornalismo esportivo como ferramenta de entretenimento. Além de analisar o comportamento do público diante do excesso de brincadeiras e discussões repetitivas veiculadas pelas emissoras de TV e as páginas na internet. Ao mesmo tempo em que questões sociais, de interesse público, relevantes para o desenvolvimento da população, acaba perdendo espaço no debate esportivo. São aplicadas, como base principal para este estudo, diversas obras e ideias apresentadas por jornalistas e estudiosos do assunto.

Palavras-chave: Jornalismo esportivo, entretenimento, futebol, importância social, sociedade do espetáculo.

Sumário Introdução ................................................................................................................... 6 Descrição dos objetivos............................................................................................... 7 Objetivo Geral .......................................................................................................... 7 Objetivo Específico .................................................................................................. 7 Problematização .......................................................................................................... 7 Hipóteses .................................................................................................................... 8 Justificativa .................................................................................................................. 9 Plano Estratégico ...................................................................................................... 10 Descrição do produto ............................................................................................. 10 Estratégia para definição de planejamento visual ou técnico ................................. 11 Público a ser atingido ............................................................................................. 11 Técnicas utilizadas para atingir o objetivo .............................................................. 11 Fotos ................................................................................................................... 12 Referencial Teórico ................................................................................................... 14 Aspectos metodológicos ........................................................................................ 16 Análise do programa Esporte Espetacular ............................................................. 19 Referências ............................................................................................................... 23 Cronograma .............................................................................................................. 24 Orçamento................................................................................................................. 25 Apêndices.................................................................................................................. 25 Pautas .................................................................................................................... 26 Decupagem ............................................................................................................ 30 Renata Mendonça .............................................................................................. 30 Thiago Crespo .................................................................................................... 38 Marília Galvão..................................................................................................... 45 Marina de Mattos Dantas .................................................................................... 52 Roteiro ................................................................................................................... 60 Diário de Campo ....................................................................................................... 80 Anexos ...................................................................................................................... 83 Ficha de Inscrição .................................................................................................. 83 Autorização de uso de imagem e voz .................................................................... 84

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Introdução É muito comum para os fãs do esporte mais popular praticado no mundo, acompanhar e assistir diversos programas sobre futebol ao longo do dia, semana e mês. Ver os comentários, as análises, críticas e informações sobre o clube do coração é um dos momentos mais aguardados e, muitas vezes, “sagrado” para os mais fanáticos.

No entanto, é compreensivo que os veículos de comunicação, se tratando de empresas com fins lucrativos, além de proporcionar aos torcedores e amantes do bom futebol as principais notícias dos times e do esporte em geral, também se preocupem com a audiência dos telespectadores, interação dos internautas e, claro, o retorno financeiro.

Com a finalidade de estudar, identificar e interpretar alguns dos principais veículos de comunicação do país, em relação a forma como organizam e oferecem ao público seus programas esportivos e conteúdo nas mídias sociais, esta pesquisa abordou aspectos da utilização do jornalismo esportivo como ferramenta de entretenimento. Tendo como base principal para esse estudo, diversas obras e concepções realizadas por jornalistas e profissionais estudiosos sobre o assunto.

Buscando uma avaliação mais precisa, a pesquisa também caminhou para um viés de caráter social a fim de explorar assuntos que são pouco abordados dentro do jornalismo esportivo, pautas que muitas vezes poderiam reforçar a principal essência e objetivo do futebol, que é unir as pessoas. Além de analisar o comportamento do público que consome jornalismo esportivo e entretenimento, para entender o quanto a própria sociedade é responsável pelo que consome e o quanto ela influencia em como esporte se desenvolve no Brasil. Para tal, foram utilizados conceitos encontrados nas obras de importantes autores como “A Sociedade do Espetáculo”, de Guy Debord e uma breve relação com o conceito da teoria crítica Indústria Cultural.

Até onde o entretenimento pode fazer parte do jornalismo esportivo? Qual o principal fator que influencia um veículo de comunicação ao decidir o que deve ser transmitido ou publicado? É possível interpretar a sociedade brasileira analisando o futebol consumido e praticado no nosso país? O público é o principal responsável pelo que a mídia oferece a ele? São alguns dos mais frequentes questionamentos que

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essa pesquisa e, subsequentemente, a produção de um documentário em vídeo responderam. Pois, o esporte não vive à margem da sociedade, ele faz parte dela.

Descrição dos objetivos

Objetivo Geral A ideia principal é entender a que ponto veículos de comunicação podem divulgar “brincadeiras” e instigar discussões desnecessárias, para conseguir, cada vez mais, audiência e interação, sem perder a credibilidade da informação e da notícia, além do compromisso com o interesse público.

Objetivo Específico Produzir um documentário, com uma narrativa que possua entrevistas, conceito, crítica e artifícios audiovisuais que consigam elucidar o problema identificado nesse projeto de pesquisa. É fundamental analisar a forma de atuação dos veículos de comunicação em seus programas e redes sociais, além de estudar o comportamento do público diante da propagação do entretenimento no lugar de informações relevantes sobre o futebol, para chegar a uma conclusão do porquê propagandas, piadas e discussões repetitivas possuem tanto espaço no universo futebolístico.

Um dos objetivos é também, levar a discussão para um viés social, ao buscar compreender se é possível interpretar a sociedade brasileira a partir do futebol praticado, transmitido e discutido no país. Em diversas situações, o fanatismo ou a falta de afinidade com problemas e debates sociais em geral, podem influenciar para que o público trate assuntos que acontecem dentro e fora de campo, no universo futebolístico, como um simples “mimimi”. Só que isso não contribui para o desenvolvimento do esporte e, muito menos, da sociedade.

Problematização Alguns veículos de comunicação utilizam o espaço que possuem na mídia, para entreter o público, com piadas, incentivando reclamações e "brigas" que não levam a

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lugar nenhum, ao invés de propagar e estimular discussões que favoreçam e disseminem os valores e os conceitos do futebol.

Em contrapartida, é possível reconhecer um público consumidor do futebol brasileiro, que se vê alheio, ou não enxerga necessidade em estar por dentro de questões sociais, muitas vezes presentes dentro do esporte.

A união desses fatores proporciona um distanciamento em relação ao que o futebol, e os esportes em geral, têm como objetivo além da competitividade, a responsabilidade social de aproximar as pessoas e estimular o desenvolvimento humano.

O esporte e, especialmente, o esporte de competição, faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Além de criar ídolos e de envolver os torcedores e espectadores em torno de um objetivo comum – a vitória –, ele é pauta de debates entre amigos em mesas de bares e, ao mesmo tempo, instrumento de socialização. (OSELAME, 2013, p. 1)

Hipóteses Diante do problema apresentado, a pesquisa estudou ao menos duas hipóteses na tentativa de compreender e explicar o porquê de o entretenimento possuir tanto espaço dentro dos programas e publicações relacionados ao futebol.

Uma delas é o fato de os veículos de comunicação priorizarem a personificação, a dramatização e a espetacularização da informação, para manter e atrair mais audiência. Desde a surgimento do futebol profissional no início da década de 30, também começaram as primeiras transmissões das partidas, via rádio. E desde então, os responsáveis por intermediar os acontecimentos dos jogos ao público, utilizam de artifícios que valorizam muito mais os acontecimentos que realmente ocorrem dentro e fora das 4 linhas, pois é assim que se consegue conquistar maior atenção do público. Esta hipótese é corroborada no estudo feito por Carlos Padeiro sobre o predomínio do entretenimento no jornalismo esportivo para promoção de grandes eventos: A produção de notícias e o debate de ideias abordam assuntos de interesse geral a partir de recortes prévios, priorizando a personificação, a dramatização e a espetacularização da informação. As fronteiras entre os domínios da informação de interesse público e do entretenimento se diluem, e o prejuízo aparece na ausência de uma visão do esporte em todas as suas dimensões - política, social, educacional e como prática saudável (PADEIRO, 2015, p. 14)

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A outra hipótese que pode justificar ou esclarecer a problemática desta pesquisa é a ideia de que a grande maioria do público interessado em futebol sofre uma falta politização, que faz com que não tenha interesse, ou veja necessidade, em consumir informações que sejam além do que aquilo que a entretém. Ou seja, o futebol, assim como todos os esportes, é um instrumento de socialização, então logo possui dentro da sua prática cotidiana, questões e dilemas diretamente ligados ao interesse público, situações que precisam ser debatidas e tratadas com seriedade conforme acontece (ou deveria acontecer) fora do ambiente esportivo. Mas o público deste seguimento, já saturado de entretenimento, não deseja mais discutir, ou sequer debater, sobre as situações, muitas vezes esnobando o acontecimento ou tratando como um “mimimi”. Automaticamente, os veículos de comunicação adotam uma programação mais voltada para o entretenimento, pois é isso que a sociedade deseja consumir. Como explicou Guy Debord (1997, p. 21), quando se referia a um dos conceitos de Sociedade do Espetáculo, ao dizer que ela é a formulação, que escolhe o seu próprio conteúdo técnico.

Justificativa Estudar o comportamento dos veículos de comunicação sobre futebol, e a forma como o público consome informação futebolística, é fundamental para entender o processo de inserção do entretenimento, em excesso, nos programas televisivos e nas publicações em redes sociais.

O que muitas vezes é esquecido se dirige ao fato de que o futebol é uma prática esportiva que movimenta diversas áreas da sociedade. Como registrado no livro O Futebol Explica o Brasil: uma história da maior expressão popular do país, “o futebol é o maior fenômeno social do Brasil. Representa a identidade nacional e também consegue dar significado aos desejos de potência da maioria absoluta dos brasileiros."

(GUTERMAN, 2009, p. 9) Cada partida é um evento à parte, que exige muito dos bastidores para que aconteça, além de toda a programação que é estabelecida em torno do espetáculo apresentado. Ou seja, como em todas as ações da sociedade, o futebol também promove discussões de interesse público que devem ser debatidas e despertar reflexões no modo como são conduzidas.

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A jornalista Patrícia Rangel (2008, p. 23) defende, em sua dissertação, a ideia de que “é relevante entendermos o significado do futebol na cultura do nosso país e a importância desse esporte na vida nacional. Quando há certa compreensão sociológica do futebol praticado no Brasil, aumentam as possibilidades de interpretar a sociedade brasileira.”

Nesse sentido, faz parte da justificativa para a elaboração deste projeto a identificação das situações em que o jornalismo esportivo - que, teoricamente, possui o dever de informar e proporcionar oportunidade para que todos possam obter uma análise crítica e reflexiva sobre o papel do futebol na sociedade - deixa de cumprir a sua função e passa a oferecer ao público apenas conteúdo de entretenimento, tornando-o alguém passivo e incapaz de compreender situações que normalmente despertariam incômodo e indignação ou, até mesmo, retirando do torcedor a curiosidade em obter informações que realmente valham a pena no universo do futebol.

Plano Estratégico

Descrição do produto O objetivo da pesquisa é a produção do documentário, que possui 30 minutos de duração, e fala sobre jornalismo esportivo, a sua relação com o entretenimento e o papel social que o futebol possui na vida das pessoas que o consomem diariamente.

Para conseguir realizar a execução do documentário, em meio a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), medidas importantes foram tomadas, como a gravação entrevistas por meio da plataforma digital Zoom, a captação de imagens de apoio diretamente de canais confiáveis na internet, mantendo a preocupação em afirmar os créditos dos veículos de comunicação e dos profissionais responsáveis por cada trabalho.

“Futebol do Espetáculo” também possui uma trilha sonora que conversa muito bem que o tema apresentado, ao transitar por canções tranquilas, emocionantes, alegres, e mais pesadas, sempre de acordo o assunto debatido naquele momento.

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Estratégia para definição de planejamento visual ou técnico Como recurso gráfico, são utilizadas cores que rementem ao esporte estudado, como verde, preto e branco. Uma combinação que conversa muito bem entre si ao serem distribuídas de forma visualmente agradável ao longo do filme. Os VTs possuem pouca opacidade para melhor leitura do texto apresentado e melhor adaptação com a imagem transmitida.

A capa e a etiqueta do DVD foram pensadas para serem o mais simples possível, também utilizando o verde, preto e branco para reforçar uma identidade com o que já é apresentado no filme, evitando uma poluição visual que seria extremamente desconfortável. Esse fator também facilita a leitura dos textos escritos nesses locais.

Público a ser atingido O principal público que o documentário “Futebol do Espetáculo” pretende atingir são os profissionais da comunicação, mais precisamente os jornalistas esportivos que vivem o dia a dia da profissão, tão focados em suas obrigações, que muitas vezes não conseguem perceber oportunidades de trabalhar os mais variados temas relacionados tanto ao futebol, como também a questões sociais de extrema relevância. Sendo assim, a ideia central é proporcionar uma reflexão a respeito do entretenimento atualmente presente no jornalismo esportivo, o quanto de tempo é gasto com ele e se isso é benéfico para a credibilidade dos veículos de comunicação.

Da mesma forma que o documentário busca os profissionais da comunicação esportiva, a produção também pretende atingir o público. Torcedores e pessoas que consomem o esporte diariamente devem se questionar sobre o tipo de conteúdo que assistem, o quão ele influencia no seu comportamento como fã de futebol e o tanto em que cada um se preocupa com questões sociais que dizem respeito à terceiros.

Uma reflexão interessante não só para a sociedade, como também para o desenvolvimento do futebol no Brasil.

Técnicas utilizadas para atingir o objetivo

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A ideia principal é disponibilizar este documentário no YouTube e nas principais redes sociais, em seus respectivos canais para exibição de vídeos longos, como o IGTV no Instagram e o Facebook Watch. Além de exibir o filme em emissoras de televisão que possuam um viés educacional. Deste modo, os veículos de comunicação e o público que estão diariamente ligados ao futebol, poderão ter acesso a este conteúdo e desfrutar do conhecimento e das reflexões que ele proporciona para o esporte e para a sociedade em um âmbito geral.

Fotos

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Referencial Teórico O projeto buscou analisar o cenário do jornalismo esportivo brasileiro em relação a utilização dele, em muitos casos, como entretenimento. Baseado no conceito de sociedade do espetáculo manifestado pelo filósofo, agitador social, diretor de cinema e conhecido pensador radial Guy Debord (1997, p. 14) em que diz “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas a relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”, explicando que somente as imagens, por si só, não são o suficiente para se tornar espetáculo.

O espetáculo surge do conhecimento das pessoas responsáveis pela divulgação das imagens, da relação social que elas atribuem a forma como fazem essa divulgação e da experiência e contexto social em que o público, que no caso se torna o espectador, está inserido. Em outras palavras, uma simples partida ou informações a respeito de um determinado clube, é algo comum, que não possui nada de espetacular, além do que ele realmente é, um jogo. Mas quando se apropria dessa partida e dessas informações, e acrescenta a elas uma narração enriquecida em detalhes, com longos gritos de emoção, uma voz conhecida expressando diversos sentimentos em cada lance, a repetição por diversos ângulos em alta definição, em 4K, Full HD, com uma edição primorosa, em câmera lenta, o lance da falta, da bola na trave, do gol. Além, de contar com a empolgação do público, do telespectador que fica ansioso, que vibra, torce, se imagina na pele do atacante comemorando com a torcida presente no estádio. É nessa situação, de selecionar um evento, concentrar as imagens, dar um significado especial a situação e ter um público vivenciando aquele momento glorioso inalcançável, que surge o espetáculo.

15 O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. Sua única mensagem é: “O que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que ele exige por princípio, é aquela aceitação passiva que, na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, pelo seu monopólio da aparência. (DEBORD, 1997, p. 17)

Debord ainda esclarece a sua crítica sobre a sociedade que se estabelece em torno de ideias que nada mais são do que uma incessante falsificação da vida comum.

Este conceito pode ser relacionado ao do futebol apresentado e representado pela mídia, quase sempre, evidencia o sucesso, as conquistas, o dinheiro de grandes transações e a vida exuberante dos atletas mais famosos, quando na verdade isso equivale a uma porcentagem muito baixa do que acontece no universo do futebol. A grande maioria dos jogadores vivem uma situação financeira totalmente diferente, quando comparada a essa pequena parcela. E a situação fica ainda mais preocupante quando se voltam os olhares para a modalidade feminina. Mas essa realidade não possui espaço na mídia, exceto em casos raros em que as histórias de superação mostram a difícil luta travada por alguém no início da carreira, mas somente, para que o sucesso tenha um valor ainda maior no fim da narrativa.

Nessas histórias, há apenas, espaço para a espetacularização da vida daqueles já são constantemente idealizados, e logo, o público se encontra obrigado a consumir e admirar de forma passiva as imagens de tudo que lhe faz falta no mundo real: A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados acumulados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o parecer, do qual todo “ter” efetivo deve extrair seu prestígio imediato e a sua função última. (DEBORD, 1997, p. 18)

Para complementar a análise teórica desta pesquisa, vale ressaltar alguns aspectos mencionados por Adorno e Horkheimer. Quando se está assistindo programas esportivos no horário do almoço ou após uma rodada de campeonato em um domingo à tarde, a sensação que o telespectador tem é de que todos os programas são iguais, os assuntos são os mesmos, os debates e até as críticas muito parecidas. Além das publicações no Instagram, Twitter, Facebook, por parte das páginas esportivas. É como se o produto oferecido pelos veículos de comunicação esteja estagnado em uma constante mediocridade e a audiência correspondendo. Ou seja, não há motivos para mudar a fórmula que tem dado tão certo. Para os autores da Escola de Frankfurt, “a obra medíocre sempre se ateve à semelhança com outras,

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isto é, ao sucedâneo da identidade. A indústria cultural acaba por colocar a imitação como algo de absoluto.” (ADORNO, HORKHEIMER, 1985, p. 63).

Ainda de acordo com os autores, a Indústria Cultural é a principal responsável por moldar a forma como as massas percebem a realidade, disponibilizando e divulgando o conteúdo de seu próprio interesse, criando uma ilusão em que a consciência do espectador não se dá conta, mas que é fundamental para o desenvolvimento do sistema econômico. Em outras palavras, o público tem a sua percepção de mundo alterada pela indústria cultural: O que não se diz é que o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o carácter compulsivo da sociedade alienada de si mesma.

(ADORNO, HORKHEIMER, 1985, p. 58)

Aspectos metodológicos O processo de análise metodológica desta pesquisa se iniciou com um levantamento bibliográfico e a apuração de matérias jornalísticas a respeito do assunto. Primeiramente foram pesquisados artigos e produções midiáticas sobre o jornalismo esportivo e o seu constante vínculo associado ao entretenimento, para verificar a importância de elaborar um estudo sobre o tema delimitado.

Na sequência, a pesquisa seguiu em portais e servidores de artigos, teses e dissertações, para embasar e auxiliar no processo de construção do projeto de pesquisa. Com isso, iniciou-se a procura por livros em bibliotecas online e PDFs disponibilizados na internet, a fim de identificar os principais teóricos para a realização do projeto, Guy Debord, Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.

Iniciada a leitura analítica, com o intuito de absorver as informações necessárias apara a criação e o desenvolvimento de um conhecimento geral, possibilitando fazer a relação entre o conteúdo estudo e os autores teóricos.

Outro fator determinante para colaborar com os aspectos metodológicos, foi a elaboração de uma pesquisa participante, caracterizada pela ideia de o pesquisador estar inserido no grupo micro social no qual ele está abordando. Como admirador, entusiasta e consumidor, o futebol faz parte do meu cotidiano e, naturalmente, faço

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parte do público que assiste aos diversos programas esportivos diariamente, além de estar literalmente seguindo os principais veículos de comunicação sobre futebol nas redes sociais. Logo, se tornou muito perceptível e incômodo o excesso de entretenimento presente no jornalismo esportivo atual.

Não que seja algo desagradável o futebol proporcionar risadas e brincadeiras, muito pelo contrário. O esporte é um instrumento de socialização, como dito antes, seguido do seu principal objetivo, de unir e criar laços entre os povos. Então é um assunto que necessita ser tratado com leveza. Porém, quando essa leveza ultrapassa os limites da descontração ou se desenvolve para um assunto relevante para o interesse público, e mesmo assim, acaba sendo abordado com indiferença, piadas ou agressividade, a natureza do esporte se perde, sua essência se desfaz e todo o conteúdo produzido se torna um mero espetáculo.

Alguns dos programas de debate mais conhecidos, Fox Sports Rádio (Canais Fox Sports), Jogo Aberto (Band), Os Donos da Bola (Band), são exemplos de onde o entretenimento está fortemente presente, muitas vezes deixando o caráter informativo em segundo plano. Além do Globo Esporte (Globo), que desde a entrada de Tiago Leifert em 2009, revolucionou o seu formato para uma proposta de abordagem muito mais descontraída do que era de costume no jornalismo esportivo no país.

O Desimpedidos, um dos maiores canais esportivos via streaming do Brasil, com mais de oito milhões de inscritos no Youtube, também aborda o futebol com entretenimento, porém essa é a premissa do canal que deixa claro o seu viés ao definir a si mesmo como “o lar da ousadia e alegria”. Então estudar e analisar o formato de desenvolvimento e divulgação deste veículo é tão necessário quanto daqueles que se autointitulam como “sérios”, para compreender onde, e o quê, o Desimpedidos pretende alcançar com determinado comportamento.

Em contrapartida, avaliar e pontuar quais os veículos de comunicação que falam sobre futebol sem negligenciar o seu aspecto social, colocando em pauta as principais informações de interesse público sobre o assunto, pode revelar ou demonstrar um modelo de programa benéfico para esporte, sem deixar de tratar determinados temas com a leveza necessária . Dentre alguns exemplos é possível encontrar o Esporte Espetacular (Globo), que apesar de ser da mesma emissora que o Globo Esporte, possui uma estrutura distinta do periódico vespertino, apresentando

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extensas reportagens jornalísticas, se aprofundando em temas específicos e também com a função de denúncia em relação a notícias que dizem respeito a sociedade. Um programa no gênero debate que pode ser usado como referência, para contrapor os apresentados anteriormente, é o Linha de Passe (ESPN Brasil), ainda que se encaixe como uma atração do domingo pós-rodada, diferente dos outros, os participantes discutem os assuntos com mais seriedade introduzindo problemas extracampo relevantes para a conversa, demonstrando assim, uma preocupação com fatores sociais.

Um fato curioso sobre a audiência desses é programas, foi apresentado em uma matéria do jornal LANCE!1 (publicada em novembro de 2019), em que aponta que o SporTV fechou o mês de outubro do ano passado como o canal de TV paga mais assistido do Brasil, acompanhado pelo crescimento do Fox Sports, emissoras que introduzem, cada vez mais, o entretenimento na sua programação. Em contrapartida, no mesmo período, a ESPN Brasil sofreu um declínio em sua audiência, exatamente o canal que ainda aposta em jornalistas mais experientes, que preferem fazer análises mais sérias e precisas. E não foi a primeira vez que os números da emissora desagradaram seus dirigentes, que chegaram a ordenar uma série de mudanças na grade. Desde então, figurões como Juca Kfouri e Arnaldo Ribeiro já não compõem mais o grupo de jornalismo da ESPN Brasil que, por outro lado, vem proporcionando mais espaço para programas de caráter interativo. É também, objetivo desta pesquisa e da produção do documentário, olhar para os perfis desses veículos de comunicação nas redes sociais, como Facebook e Instagram, para compreender qual a influência que a divulgação de determinadas informações sobre futebol exerce no público e seus seguidores. O Esporte Interativo, um dos perfis de gênero informativo/esportivo mais relevante do Instagram, com mais de 8 milhões de seguidores, é um ótimo caso de produção de conteúdo constante sobre esporte, mas que poucas vezes publica um post com seriedade, relacionado a uma notícia de característica social e fundamental para o desenvolvimento e significado do esporte. Muitas das publicações são debates repetitivos sobre assuntos não tão importantes como “Quem é o melhor jogador?”, “Tal atleta falou determinada

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LANCE!. Ibope: SporTV lidera e Fox Sports tem o dobro de audiência da ESPN Brasil. Disponível em: <https://www.lance.com.br/fora-de-campo/ibope-sportv-lidera-fox-sports-tem-dobro-audiencia-espnbrasil.html>. Acesso em: 03/06/2020.

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coisa sobre o outro”, “Esse jogador? Ele é bom mesmo?”, ou seja, discussões genéricas, que automaticamente geram comentários polarizados, agressivos, sem a possibilidade de um meio-termo, onde ou você concorda ou não sua opinião não vale.

E a impressão que dá, é de que a página não se preocupa com o quê essas polêmicas desnecessárias podem acarretar, desde que as pessoas comentem e gerem interação da página.

Algumas das poucas vezes em que um assunto importante, de interesse público, denúncia ou relevância para a sociedade é apresentado pela página, grande parte dos seguidores nos comentários menosprezam a situação ou tratam como “mimimi”. Então, o questionamento que se deve fazer é: será que essa reação é um reflexo do conteúdo produzido pela página diariamente ou é o público, alheio as questões morais, éticas e políticas socias, que procura e deseja posts com os mesmos debates desnecessários de sempre?”.

Análise do programa Esporte Espetacular O Esporte Espetacular, revista eletrônica semanal que vai ao ar todo domingo de manhã na Rede Globo, é um exemplo de um programa que consegue balancear a descontração e a leveza encontrada no esporte com a seriedade exigida em relação as questões importantes e de grande relevância para a sociedade, por meio de reportagens extensas a respeito de casos que envolvem o futebol e outras modalidades muito além dos campos, quadras e ginásios.

No ar desde 1973, o programa apresenta entrevistas, reportagens sobre a ciência esportiva, quadros com personagens históricos, a relação social do esporte, além dos principais assuntos que foram notícia ao longo da semana, a preparação das equipes que vão disputar partidas no dia e os gols da rodada. Um compilado completo de praticamente tudo que envolve o universo esportivo.

Para compreender melhor a distribuição do tempo determinado para cada tipo de assunto, foi realizada uma análise das quatro edições que foram ao ar entre os dias 9 e 30 de agosto de 2020. Período em que o esporte brasileiro inicia sua retomada após meses de paralização devido a pandemia no novo coronavírus (Covid-19).

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Diante dos programas analisados2 foi possível constatar que o Esporte Espetacular mescla muito o tempo de tela e permeia dentre variados tipos de conteúdo, passando por assuntos factuais, entretenimento, reportagens especiais e pautas de caráter social. Essa variação possibilita que as matérias e produções abordem os temas discutidos por alguns olhares diferentes, construindo narrativas interessantes e que estimulam a curiosidade do público em relação ao que está sendo apresentado na tela.

A edição analisada em 9 de agosto exibe uma distribuição equilibrada dos seus 55 minutos de duração. A maioria do tempo foi ocupado por informações factuais sobre placares de jogos, gols, preparação para as próximos as partidas e as principais informações do mundo esporte que ocorreram ao longo da semana, com cerca de 16 minutos. Logo em seguida, com cerca de 15 minutos, ficaram as reportagens especiais, que possuem maior extensão e aprofundamento do assunto abordado, conduzindo o relato para um ar emocional, de acordo com a proposta da pauta.

O entretenimento também marca presença na edição, mas não em discussões assíduas, debates calorosos e piadas, como acostumou-se ver na maioria dos programas. No Esporte Espetacular, em cerca de 11 minutos, o entretenimento é composto por enquetes, votações, quadros que contam com a participação do público, de atletas e que, por mais que seja uma brincadeira ou uma disputa, existe sempre um intuito positivo como proposta, seja a análise de desempenho de um clube, jogador ou, até mesmo, incentivar a prática esportiva e a interação das pessoas com o futebol e outras modalidades.

Por fim, ainda na mesma edição, 11 minutos foram dedicados para discutir pautas sociais. No caso, o assunto abordado em reportagem foi a questão dos técnicos estrangeiros ganhando cada vez mais espaço no futebol brasileiro, o estilo de jogo que eles estão implementando no campeonato nacional e a forma como muitos brasileiros, treinadores e outros profissionais, estão demonstrando aversão a essa ideia e custam a valorizar o trabalho desempenhado pelo gringos. De certa forma, um preconceito. O programa ainda foi finalizado com a história de vida e os desafios enfrentados pelo jogador eleito o “craque do brasileirão”.

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Esporte Espetacular. As edições analisadas nesta pesquisa correspondem aos dias 9, 16, 23 e 30 de agosto de 2020. Disponível em: https://globoplay.globo.com/esporte-espetacular/t/Jm2mfGZHfq/. Acesso em: 31/08/2020

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Em 16 de agosto o programa foi um pouco mais curto, com apenas 46 minutos.

A maior parte do tempo foi ocupada com pautas factuais sobre os acontecimentos da semana no mundo do esporte brasileiro e internacional. Cerca de 27 minutos foram destinados à essas notícias. Em seguida, cerca de 13 minutos foram utilizados para apresentar pautas sociais, primeiro com uma reportagem de 7 minutos sobre o grande número de casos do novo coronavírus nos clubes de futebol no Brasil, e como isso tem afetado a disputa do Brasileirão e colocado em risco a vida de atletas, treinadores, comissão técnica e outros profissionais envolvidos com o campeonato. A última matéria da edição foi sobre a reciclagem de uniformes utilizados pela equipe do Palmeiras, transformando o material em cobertores que são distribuídos para pessoas que necessitam, como moradores de rua. Uma iniciativa do clube, que mostra como é possível reaproveitar alguns gastos com o futebol ajudando quem precisa. Por fim, o Esporte Espetacular separou 6 minutos para a exibição de uma reportagem especial sobre o lutador Anderson Silva e a relação com seu filho. Esta edição não contou com quadros e matérias que possuem em sua proposta principal o entretenimento.

Na edição do dia 23 de agosto, o programa contou com 1 hora e 28 minutos de duração (sem contar os 51 minutos da transmissão da corrida da Stock Car, que aconteceu ao vivo dentro do programa). Com maior tempo para apresentar suas matérias e quadros, o Esporte Espetacular deu mais atenção para as reportagens especiais e as pautas sociais. As grandes reportagens, como sobre o surfista que desafia ondas gigantes, a trajetória do jogador do Palmeiras Patrick de Paula, o momento atual da carreira de José Aldo, os 70 anos da Fórmula 1, dentre outras, ocuparam cerca de 37 minutos do programa.

Já as pautas sociais, que parecem ter ganhando maior destaque nesta edição devido a quantidade de tempo disponível, foram responsáveis por 30 minutos desta edição. Quase um terço da atração matinal da Rede Globo foi destinada a discutir assuntos que infligem questões sociais. Primeiro com a reportagem sobre o retorno do futebol feminino no Brasil após 5 meses, mostrando as dificuldades enfrentadas por diversas atletas durante este período, além do descaso de clubes brasileiros com a modalidade. Mais adiante, o foi apresentada uma matéria sobre a final da Champions League e como movimentos nas redes sociais influenciaram a forma como a competição foi disputada e assistida pelo público. Por fim, no último bloco, uma reportagem extensa e aprofundada, com cerca de 18 minutos, sobre casos de

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racismo, agressões, difamação e danos morais contra atletas do clube Pinheiros, por parte dos técnicos da equipe.

A edição ainda contou com a divulgação de informações de caráter factual, sobre a semana, com 16 minutos e um pequeno espaço de 3 minutos para quadros com a participação dos telespectadores e atletas, com brincadeiras e debates, que pode ser classificado como entretenimento.

A última edição analisada nesta pesquisa teve 51 minutos de duração, priorizando a exibição das principais notícias sobre o esporte, caracterizadas em pautas factuais, com 26 minutos destinados a essa finalidade. Em seguida, as reportagens especiais ganharam mais destaque que outras categorias, ao consumir 17 minutos do tempo do programa. Porém, a pauta social apresentada pelo Esporte Espetacular nesse dia abordou um dos assuntos discutidos não só pela mídia, mas pelo público em geral nos últimos meses, os protestos contra o racismo. A matéria de 7 minutos relata os movimentos dos jogadores da Liga Americana de Basquete, a NBA, que organizaram manifestações e boicotes para demonstrar a insatisfação com o cenário atual do país, onde pessoas negras sofrem constantemente com racismo e violência policial. Esta edição também não contou com quadros e matérias que possuem em sua proposta principal o entretenimento.

Com esta análise sobre a atração matinal que compõe os domingos da Rede Globo, é concluir que o Esporte Espetacular é um programa que equilibra muito bem o seu tempo de duração para abordar o máximo de assuntos possíveis sobre o mundo do esporte, tanto nacional, quanto internacional. Os quadros que vão ar possuem determinada diversidade que favorece o debate sobre os mais variados temas e questões, dentre eles, os de caráter social, que se relacionam com a sociedade em que vivemos.

O entretenimento, como em muitos outros programas, também se faz presente no Esporte Espetacular. A diferença é a forma como ele é introduzido nas matérias e reportagens. Alguns quadros são claramente destinados a essa finalidade, como votações para saber quem é o melhor jogador de determinado campeonato, enquetes para saber qual o melhor time, além de campanhas para fomentar a interação do público com o programa por meio das redes sociais. Porém, tudo isso, por mais que seja entretenimento, também possui relação com outras categorias. Quando são

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apresentadas as enquetes, elas possuem a visão de comentaristas e especialistas que fazem um estudo sobre como está o desempenho dos clubes e atletas. Quando são criadas campanhas para interação do público, é uma ótima oportunidade para incentivar a prática esportiva e ajudar na relação das pessoas, unindo-as, o que é um dos principais objetivos do futebol.

Da mesma forma as discussões e debates sobre as questões que movimentam a sociedade estão presentes em todas as categorias. Em uma entrevista de caráter factual com o jogador Gabriel Jesus, sobre o momento dele no Manchester City, foi perguntado também o que ele pensa a respeito dos protestos contra o racismo que estão tomando as capas dos jornais pelo mundo. Assim como os protestos do piloto de Fórmula 1, Lewis Hamilton, são presença constante nas notícias sobre automobilismo.

Com isso, o Esporte Espetacular é um dos programas que melhor trabalha essa relação do entretenimento com o futebol e o esporte. Ele introduz a leveza, a descontração e a brincadeira em suas matérias, da mesma maneira que apresenta reflexões, questionamentos e denúncias em pautas que reforçam que o esporte, a política e todos os outros problemas sociais fazem parte do mesmo universo.

Referências ADORNO, T. W. & HORKHEIMER, M.. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1985.

BARBEIRO, Heródoto & RANGEL, Patrícia. Manual do jornalismo esportivo. 1ª Edição. São Paulo: Contexto, 2006.

COELHO, Paulo Vinícius. Jornalismo esportivo. 4ª Edição. São Paulo: Contexto, 2018.

DEBORD, Guy. Sociedade do espetáculo – comentários sobre a sociedade do espetáculo. 1ª Edição. Rio Janeiro: Contraponto, 1997.

DORTA, Lucas. Entre a notícia e o entretenimento. Observatório da Imprensa. 2016.

Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-emquestao/entre-a-noticia-e-o-entretenimento/>. Acesso em: 03 de jun. de 2020.

GUTERMAN, Marcos. O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular do país. 1ª Edição. São Paulo: Contexto, 2009.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

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IBOPE: SporTV lidera e Fox Sports tem o dobro de audiência da ESPN Brasil.

LANCE!, 2016. Disponível em: <https://www.lance.com.br/fora-de-campo/ibopesportv-lidera-fox-sports-tem-dobro-audiencia-espn-brasil.html>. Acesso em: 31 de mai. De 2020.

JUCA KFOURI: “sofremos da ‘leifertização’ do jornalismo esportivo”. El País, 2018.

Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/27/deportes/1519749247_316900.html>.

Acesso em: 03 de jun. de 2020.

OSELAME, Mariana Corsetti. Fim da notícia: o engraçadismo no campo do jornalismo esportivo de televisão. 14/03/2013 153 f. Mestrado em COMUNICAÇÃO SOCIAL Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: IRMAO JOSE OTÃO PADEIRO, Carlos. O predomínio do entretenimento no jornalismo esportivo para a promoção de grandes eventos: o Globo Esporte – SP e o Caderno de Esportes.

17/09/2015 127 f. Mestrado em CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: ECA/USP RANGEL, Patrícia. O futebol midiático: uma reflexão crítica sobre o jornalismo esportivo nos meios eletrônicos.' 01/02/2008 150 f. Mestrado em COMUNICAÇÃO Instituição de Ensino: FACULDADE CÁSPER LÍBERO, São Paulo Biblioteca Depositária: Faculdade Cásper Líbero.

RHENIUS, Fernando. O entretenimento está matando o jornalismo esportivo?. Vavel, 2017. Disponível em: <https://vavel.media/br/2017/05/01/jornalismo/784469-oentretenimento-esta-matando-o-jornalismo-esportivo.html>. Acesso em: 03 de jun. de 2020.

Cronograma CRONOGRAMA GERAL – PROJETO DE PESQUISA E EXPERIMENTAL Atividade

Escolha do tema + Pesquisa Delimitação do tema.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ X

X X

X

Objetivos + Problemas + Hipóteses.

X

X

Introdução; Justificativa;

X

X

X

Aspectos Teóricos e Metodológicos.

X

Pesquisa de fontes

X

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Entrega da Etapa I do TCC Gravação de entrevistas Esboço do Documentário

X X

X

X

X

X

Identidade visual

X

Edição do Vídeo

X

Edição das sonoras

X

Início da edição do videodocumentário

X

Finalização da edição

X X

Finalização da capa, menu e acabamentos Entrega do Trabalho de Conclusão de Curso

X X

Orçamento ORÇAMENTO GERAL Quantidade Valor Unitário (em média) 01 R$ 2.300,00

Valor total

Movavi (editor de vídeo)

01

R$ 120,00

R$ 120,00

Pen-drive

01

R$ 54,00

R$ 54,00

Capa DVD

02

R$ 3,00

R$ 6,00

Impressão capa

02

R$ 1,50

R$ 3,00

CD

02

R$ 3,00

R$ 6,00

Impressão etiqueta

02

R$ 1,50

R$ 3,00

Total:

11

Item Notebook

Apêndices

R$ 2.483,00

R$ 2.300,00

R$ 2.492,00

X

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Pautas

PAUTA EDITORIA

Esportes

DOCUMENTÁRIO “FUTEBOL DO ESPETÁCULO” TEMA/ASSUNTO ENTREVISTA – Renata Mendonça

EDIÇÃO

Carlos Soares

HISTÓRICO Renata Mendonça, jornalista esportiva e cofundadora do blog Dibradoras.

Anos de experiência na área, trabalhando em alguns dos principais veículos de comunicação, como: ESPN, BBC e mais recentemente no programa Redação SporTV (Grupo Globo).

Especialidades: Jornalismo Esportivo, Jornalismo Online e Comunicação Corporativa em Mídias.

FONTE: Renata Mendonça Perguntas: 1 – Como é a rotina de trabalho de um jornalista esportivo?

2 – Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

3 – O jornalismo esportivo é afetado por uma “lógica capitalista”, onde o desejo pela audiência e interação do público são os fatores predominantes para decidir o que vai ser produzido e publicado pelos veículos de comunicação?

4 – Você considera o futebol como entretenimento?

5 – Como você lida com a questão do entretenimento no seu dia a dia como jornalista esportiva?

Ele está, de alguma forma, inserido no seu blog, nas entrevistas que realiza ou nos programas em que participa?

6 – Você considera correto o comportamento dos veículos de comunicação nas redes sociais, deixando as informações um pouco de lado e priorizando piadas e debates, pelo fato de ser um ambiente onde as pessoas buscam se descontrair? Qual a importância das redes sociais no jornalismo esportivo?

7 – O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida? Existe uma fórmula para resolver isso?

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

Avaliar como um jornalista esportivo se porta no seu dia a dia em relação a profissão e o fato de lidar com o entretenimento.

Compreender como é estar do lado de quem propaga as informações e busca divulgá-las de acordo com o interesse público.

OBSERVAÇÃO

Gravação online realizada pela plataforma Zoom.

Data: 03/09/2020 Horário: 11h

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PAUTEIRA (O)

REPÓRTER

Carlos Soares

Carlos Soares

PAUTA EDITORIA

Esportes

DOCUMENTÁRIO “FUTEBOL DO ESPETÁCULO” TEMA/ASSUNTO ENTREVISTA – Thiago Crespo

EDIÇÃO

Carlos Soares

HISTÓRICO

Jornalista e repórter da Rede Globo e canais SporTV desde 2012.

Participa de diversas coberturas jornalísticas e está sempre presente em um dos principais programas esportivos do país, o Globo Esporte.

FONTES Thiago Crespo Perguntas: 1 – Como é a rotina de trabalho de um jornalista esportivo?

2 – Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

3 – O jornalismo esportivo é afetado por uma “lógica capitalista”, onde o desejo pela audiência e interação do público são os fatores predominantes para decidir o que vai ser produzido e publicado pelos veículos de comunicação?

4 – Você considera o futebol como entretenimento?

5 – Como você lida com a questão do entretenimento no seu dia a dia como jornalista esportivo?

Ele está, de alguma forma, inserido nas suas matérias e coberturas jornalísticas?

6 – Em 2009, com a entrada de Thiago Leifert, o Globo Esporte passou por uma grande reformulação. Você considera esse “novo” formato do programa o melhor para se apresentar notícias sobre esportes?

7 – O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida? Existe uma fórmula para resolver isso?

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

Avaliar como um jornalista esportivo se porta no seu dia a dia em relação a profissão e o fato de lidar com o entretenimento.

Compreender como é estar do lado de quem propaga as informações e busca divulgá-las de acordo com o interesse público.

OBSERVAÇÃO

Gravação online realizada pela plataforma Zoom Data: 30/09/2020 Horário: 20h PAUTEIRA (O)

REPÓRTER

Carlos Soares

Carlos Soares

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DOCUMENTÁRIO “FUTEBOL DO ESPETÁCULO”

PAUTA EDITORIA

Esportes

TEMA/ASSUNTO ENTREVISTA – Marília Galvão - Desimpedidos

EDIÇÃO

Carlos Soares

HISTÓRICO

Entrevistado – Marília Galvão (Desimpedidos) Jornalista e apresentadora do canal Desimpedidos, que trabalha com entretenimento sobre futebol possuindo mais 8,38 milhões de inscritos e quase 2 bilhões de visualizações no Youtube nos seus vídeos publicados diariamente. Além de mais de 4 milhões de seguidores no Instagram.

FONTES Marília Galvão (Desimpedidos) Perguntas: 1 – Como é a rotina de trabalho no Desimpedidos?

2 – Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

3 – O Desimpedidos tem uma noção da importância deles no meio do entretenimento esportivo e ele acredita que seja possível essa influência determinar como o público passa a pensar e agir sobre determinado assunto ou situação?

4 – Você considera o futebol como entretenimento?

5 – Apesar de ser um canal de entretenimento e possuir essa visão a respeito do futebol, o Desimpedidos, em determinadas situações, decide se posicionar de maneira séria e assumir a responsabilidade de influenciador que tem. Como ocorre essa decisão de “sobre o que se posicionar”, “qual posição tomar”, “como transmitir isso para o nosso público”?

6 – O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida? Existe uma fórmula para resolver isso?

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

Avaliar um veículo de comunicação que possui um viés abertamente voltado para o entretenimento e tem, divertir as pessoas, como seu principal objetivo através do futebol. É relevante estudar o posicionamento do canal diante o seu público, para melhor compreender como o entretenimento pode ser utilizado quando se fala do esporte.

OBSERVAÇÃO

Gravação online realizada pela plataforma Zoom.

Data: 29/09/2020 Horário: 13h PAUTEIRA (O)

REPÓRTER

Carlos Soares

Carlos Soares

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DOCUMENTÁRIO “FUTEBOL DO ESPETÁCULO”

PAUTA EDITORIA

TEMA/ASSUNTO

EDIÇÃO

Esportes

ENTREVISTA – Marina de Mattos Dantas

Carlos Soares

HISTÓRICO

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008), mestrado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2017). É pesquisadora no Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFuT/UFMG) desde 2009 onde se dedica a estudos sobre o futebol profissional, relações de poder e produção de subjetividades. Participa da produção do Programa Óbvio Ululante na Rádio UFMG Educativa desde 2013. Participa também do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Social do Esporte (GEPSE/UFMG) desde 2019.

FONTE: Marina de Mattos Dantas 1 - Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou

identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

2 - O jornalismo esportivo é afetado por uma “lógica capitalista”, onde o desejo pela audiência e interação do público são os fatores predominantes para decidir o que vai ser produzido e publicado pelos veículos de comunicação?

3 - Você considera o futebol como entretenimento? Por quê?

4 – Observando partidas de futebol, que são verdadeiros eventos, é possível perceber um comportamento diferente dos envolvidos, tanto por parte de jogadores e técnicos, quanto por parte da torcida. É como se a regras existentes dentro de uma sociedade simplesmente desaparecessem quando se entra em um estádio de futebol. As pessoas acreditam que por estarem nesse ambiente, elas automaticamente estão imunes e que podem fazer o que bem entender, como brigar, xingar, hostilizar e tudo isso sem sofrer consequências. Como você avalia esse comportamento?

5 - O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida? Existe uma fórmula para resolver isso?

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

Avaliar o comportamento da sociedade quanto ao futebol. A maneira como as torcidas se organizam, os eventos esportivos como um todo, o que o futebol representa para o país e se é possível explicá-lo a partir desse esporte.

Importância social do futebol e a importância social de como se divulga informações sobre ele.

OBSERVAÇÃO Gravação online realizada pela plataforma Zoom.

Data: 09/09/2020 Horário: 19h PAUTEIRA (O)

REPÓRTER

Carlos Soares

Carlos Soares

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Decupagem Renata Mendonça Quem é a Renata e como ela chegou no jornalismo esportivo?

“Desde que eu decidi fazer jornalismo, eu sempre quis fazer jornalismo esportivo.

Talvez porque a minha relação com o esporte sempre tenha sido muito forte, desde a infância. Então sempre pratiquei esporte, gostava de assistir. O esporte é uma paixão e nada mais legal do que você trabalhar com uma paixão na sua vida. Então quando eu decidi fazer jornalismo, no primeiro dia de faculdade (Unesp) eu já fui atrás da rádio universitária, dos programas esportivos lá para fazer parte. Então já no primeiro ano de faculdade eu já era da editoria de esportes da rádio universitária, eu sempre procurei isso na minha carreira. Tanto é que eu transferi a minha faculdade. A Unesp é em Bauru, no interior, faculdade pública e depois do meu segundo ano eu fiquei penando ‘Poxa, mas eu quero trabalhar com jornalismo, se eu quero trabalhar com esporte, seria importante estar em uma cidade grande, para já poder fazer um estágio relacionado na área’. Porque o meio do jornalismo, e isso você vai aprendendo ao longo da faculdade, ele é muito fechadinho, é muito de quem conhece quem, sabe? É difícil você entrar no Vagas.com.br e ver lá ‘VAGA DE REPORTER NA ESPN/SPORTV’. Essas vagas são preenchidas pelo ‘quem conhece quem’. Então eu pedi transferência da faculdade, fui para São Paulo, para estar uma grande cidade. E aí consegui entrar nesse mercado. Tudo isso pensando no jornalismo esportivo.

Aconteceu em 2009, no meu terceiro ano da faculdade e eu já fui atrás de estágio na área. Eu lembro que eu fiz um processo seletivo até para o LANCE!, onde eu estava querendo muito que desse certo. Cheguei na última fase, eu tinha conseguido um outro estágio nesse meio tempo, que era com mídias sociais, e aconteceu que eu não passei, cheguei na última fase e não passei. E aí eu trabalhei com isso, com redes sociais, depois fui fazer intercâmbio e voltei. Aí eu consegui na ESPN e começou a minha vida oficialmente no jornalismo esportivo em 2011.

Como é sua rotina de trabalho?

“A rotina hoje é diferente. A do repórter esportivo é mais agitada, porque é o tempo inteiro atrás da notícia. Já como comentarista, é muito mais de estudo, é de você acompanhar o que está acontecendo, porque é importante você estar muito bem informado, do que ir atrás das matérias. Só que como Dibradoras/Comentarista, no Dibradoras eu ainda exerço um trabalho de reportagem.

Por exemplo ontem, foi um dia muito maluco porque eu tinha muita coisa importante acontecendo no futebol feminino, na CBF, e a gente estava acompanhando aqui.

Realmente é uma conquista muito importante, porque a gente acompanhou a trajetória da Aline desde os gramados, desde o início. Ela participou do nosso 2º podcast, em 2015, então é a concretização daquele plano mirabolante de ‘quando vamos conseguir isso aqui?’. E cara, ver isso acontecendo é incrível.

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E a gente estava indo atrás da notícia, estava ligando para confirmar se ela já tinha aceitado ou não, estava ‘Putz, vai começar a coletiva’, tudo isso e ao mesmo tempo eu estava me preparando para comentar o jogo Ceará x Fortaleza (Brasileirão masculino) que eu fiz ontem no SporTV. É muito louco! Mas eu, particularmente, gosto de uma rotina bastante agitada, acho que a vida de ficar nas burocracias, no computador o dia inteiro nunca foi para mim. Por isso que talvez eu tenha escolhido o jornalismo, é uma coisa que sempre tem algo diferente acontecendo, o seu dia a dia sempre tem algo novo. Apesar de ser cansativo eu acho muito mãos animado.

Costuma assistir programas esportivos no seu tempo livre?

Eu assisto programa de esporte. Eu não saberia te dizer se é no meu tempo livre, porque eu ainda não consigo dividir o tempo livre e o não livre. Vamos pensar em dias de semana e fins de semana. Dias de semana eu assisto programa esportivo todos dias, assisto o Redação SporTV todos dias, porque eu gosto das discussões que eles promovem, assisto o Seleção SporTV quase todo dia, então de manhã e à tarde a minha televisão está sempre ligando, Eu estou trabalhando, mas a TV está sempre ligada nos programas esportivos. É o que eu consumo na televisão. Nada mais do que isso, a minha TV existe para os canais de esporte. (Risos) Nos dias de folga eu assisto muito jogo, programas mais ou menos, depende. Às vezes eu termino de ver um jogo, vai começar o Troca de Passes eu assisto. Porque eu entendo quem fala ‘Poxa, quando eu estou de folga eu quero esquecer’, tem dias que você quer simplesmente se desligar. Só que o futebol para a gente não é só diversão, é trabalho também. Se eu estou assistindo à um programa esportivo ou um jogo de futebol, certa forma eu vou acabar me envolvendo com aquilo e vai virar um pouco de trabalho para a minha mente. Então eu acho importante também vez ou outra se desligar e tentar deixar fluir, nem ver nada, nem saber o que este acontecendo. Mas por outro lado, para o nosso trabalho, se eu me desligo por 2 dias, sábado e domingo não vejo jogo e nem programa nenhum, não consumo nada, vai ser pior para mim. Porque na semana seguinte eu tenho que saber as coisas.

O PVC (comentarista Paulo Vinícius Coelho) uma vez me falou uma coisa que cada dia mais eu percebo o quanto é verdade, ‘Não importa se você é comentarista ou se você é repórter, a informação é uma coisa que se renova sempre e você precisa estar sempre muito bem munido’. Se você vai comentar um jogo, o jogo vai dizer o que vai acontecer, mas se você não tem as informações básicas sobre os dois times envolvidos, dos últimos acontecimentos, você tem grandes riscos de falar uma besteira, porque você não está acompanhando o que está acontecendo naqueles dois clubes.

Para mim é uma rotina muito naturalizada de saber o que está acontecendo. Ontem a noite meu namorado perguntou ‘Você viu que o (Maurício) Barbiere está no Bragantino?’ Eu vi porque aparece nas notícias, não olhei a fundo, mas vi, eu sei que está. Então assim, eu não me desliguei por completo. Acho que 1: é porque eu não

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consigo, e 2: porque é prejudicial. Ao não ser que seja férias, aí eu vou fazer o que eu quiser. Vou assistir jogo uma vez ou outra, só que os que eu quiser assistir e se estiver chato eu vou desligar a TV e fazer outra coisa, que não é algo que eu faço normalmente (Risos). Mas fim de semana de semana ou dia de folga eu não me desligo por completo porque eu, sinceramente, acho que para o jornalista isso é impossível. Não só do esporte, se você cobre política, por exemplo, é a mesma coisa.

Imagina cai um presidente no fim de semana e você chega (no trabalho) na segunda e não está sabendo o que aconteceu. Não dá, na profissão do jornalismo é impossível você se desligar.

Teve uma vez que eu me desliguei muito, que foi quando e fui pra Cuba e não tinha internet. Passei 10 dias lá e tinha um clássico São Paulo x Corinthians nesse meio tempo e eu só fiquei sabendo o resultado dias depois. Só consegui quando fui para uma praça que tinha internet e a primeira foi ver o resultado do jogo.

Você considera o futebol como entretenimento?

Também. Acho que é inevitável considerar o futebol como entretenimento. O que as pessoas normais fazem? Elas assistem à um jogo no final de semana para relaxar, tem um monte de gente que, inclusive, nem acompanha mas assiste. Porque tem gente que enxerga que é um momento de relaxar. O torcedor se envolve mas também é um entretenimento, que nem sempre é bom para o torcedor, coitado (Risos), muitas vezes ele sofre. Mas eu vejo como um entretenimento também. Agora, eu não vejo que pelo fato de ele ser entretenimento, ele não tenha outras funções a cumprir. Tipo um filme, ele é entretenimento, mas não é só entretenimento. Na comunicação a gente lida muito com isso, não dá para chamar o jornal de entretenimento, mas tem vários programas na televisão que você vai falar que são. Na para mim é puramente entretenimento como se fosse uma alienação, é difícil. Até tem uma ou outra coisa que é, mas tudo pode ter uma função e o futebol, pelo fato dele agregar e conectar tanta gente seria muito minimalista a gente tratar ele como ‘ah! Vamos ver um negocinho aqui’. Olha a quantidade de pessoas que para tudo para ver esse ‘negocinho aqui’. Então não é só para gastar uma hora e meia do seu dia.

Como você lida com a questão do entretenimento no seu dia a dia como jornalista esportiva? Ele está, de alguma forma, inserido no seu blog, nas entrevistas que realiza ou nos programas em que participa?

Eu acho que não existe uma regra. No futebol ou em qualquer profissão que envolva você aparecer para o público, é muito mais legal quando você é você mesmo. E tem pessoas que são mais sérias e pessoas que são mais divertidas, e é isso aí. Eu não acho que você tem que ser engraçado para falar de futebol, você tem que ser engraçado para ser humorista, senão não vai dar muito certo. Mas o futebol também não precisa ser engessado nas formalidades como se você estivesse na frente do

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congresso falando de política. Acho que depende da questão, a política também pode ser divertida, você olha,, por exemplo, os tutoriais que o (Marcelo) Adnet fez em 2018: é um assunto sério com candidatos de uma eleição presidencial, mas também é divertido. Por isso que eu acho que não tem regra em nenhum tipo de jornalismo, depende muito do conteúdo que você está fazendo naquele momento, de você sentir qual que é o momento de você fazer uma graça ou não.

Estamos vivendo um campeonato brasileiro em meio a uma pandemia mundial, você vai fazer gracinha com Covid em uma transmissão de futebol? Eu acho que não. Não é a situação de se fazer. Mas dá para fazer uma transmissão leve também, não precisa ficar uma hora e meia em seriedade e pura sem sair um pouco do script, sabe?

Eu brinco que o futebol é a metáfora da vida, ele tem seus momentos sérios, tem seus momentos leves e ele pode ser a mistura de tudo.

Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

Totalmente! Quando você assiste a série a criada pela Netflix ‘The English Game’, você vê o quanto o futebol traz da nossa vida social. Então você os caras ricos de um nicho com muita influência política, com influência de dinheiro se reunindo para jogar bola, o jogo de futebol para eles tem um significado. Já os caras que são da fábrica que trabalham um milhão de horas por dia, para eles aquela horinha de futebol tem outro significado. Então quando eles se enfrentam você vê o que é o significado de um time de operários, que não tempo e estrutura para treinar ganhar do outro que tem todo o uniforme bonitinho, a bola, o local de treinamento, que não precisam trabalhar um zilhão de horas por dia, que tem seu tempo tranquilinho, que faz todas as refeições por dia... Então o que significa a vitória de um sobre o outro? E eu acho que é nesse sentido a metáfora da vida, para você que está assistindo traz a mensagem: eu estar numa situação difícil e poder superar. O esporte mostra um pouco disso.

Então eu acho que o futebol, esporte mais popular do planeta, reúne todas as características e elementos da sociedade. O futebol tem política, o futebol tem economia, o futebol tem questões sociais, o futebol tem rico e tem pobre, tem desigualdade, tem tudo isso no mundinho dele. Por isso que eu sou favorável a utilizar o futebol que é essa expressão cultural e um instrumento tão poderoso, porque ele tem influência e milhões, bilhões de pessoas que consomem isso, e passar uma mensagem. ‘Por que ser só um jogo aqui, se tem milhões de pessoas me assistindo e eu posso passar uma mensagem, pegar as minhas relações sociais aqui e mostrar que elas podem ser melhores, podem ser iguais?’. O futebol é só um pedaço da sociedade, mas é um pedaço muito importante, é um mundinho dentro da sociedade, mas é um mundinho muito relevante porque ele é acompanhando por muita gente.

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Então se você mudar uma coisinha no futebol, por exemplo uma coisa que aconteceu recentemente, a igualdade de pagamento das diárias para jogadores e jogadoras, isso tem um impacto muito grande. Tanto que até hoje estão discutindo sobre isso dizendo que a jogadoras não tem a mesma visibilidade, só que essas pessoas não param pra pensar que primeiro, na sociedade isso acontece direto, essa desigualdade, o homem ganhar 30% a mais para desempenhar a mesma função e cara acha isso normal; e segundo, que quando você um exemplo no futebol, as empresas possam para pra pensar ‘Poxa, será que eu faço isso aqui?’. Os caras vão parar pra pensar que diária é um dia de trabalho, sabe? Se você trabalha ao lado do seu colega de baia, fazendo a mesma coisa que ele, não faz sentido você ganhar menos do que o cara, não faz sentido. É igual piso salarial para jornalista, vai trabalhar essas horas, esses dias e esse é o piso, não faz sentido um jornalista ganhar menos do que isso, porque isso é o básico. Então eu acho que o futebol pode ser utilizado para lançar todas essas questões.

Falta debater mais as questões sociais nos programas esportivos?

Eu acho que convencionou-se achar que o esporte é um universo paralelo. Isso é relevante para os poderosos, para a parte alta da pirâmide, que não quer que não quer que esse tipo de discussão aconteça no futebol. Se defende ‘futebol e política não se misturam’, ‘isso aqui é futebol, hora de relaxar’, ‘não tem problema xingar, gritar gay no estádio’, ‘não problema ofender mulher, porque esse é meu momento’... Por muito tempo convencionou-se aceitar tudo isso, como se o esporte, especificamente o futebol, fosse um mundo à parte. E eu brinco que o futebol é um ambiente orgulhosamente machista, porque ele é concebido para ser do homem, o macho, o cara forte, o homem que não chora, o macho alfa mesmo. E aí qualquer coisa que remeta à mulher é extremamente rejeitado, inclusive o homens gays sofrem muito mais preconceito no futebol dos que as mulheres lésbicas, exatamente por causa dessa ideia de que você não pode ser mulher ou ter qualquer característica feminina, nesse ambiente que foi criado para ser exclusivamente masculino.

Então eu acho que por muito tempo a gente aceitou dessa maneira, depois começamos a questionar, daí algumas pessoas falam que é ‘mimimi’ e não se aprofundam, ‘não vale a pena, vamos falar só sobre o jogo’, eu acho que falar só sobre o jogo é limitar o esporte, o futebol de uma maneira até injusta, ignorando o potencial que ele tem, porque o futebol é aquela coisa que a gente diz ‘não é só um jogo’. Então é muito minimalista falar só sobre o que acontece dentro das quatro linhas, e até o que acontece dentro delas já dá para explorar.

E eu acho também, que às vezes falta vontade e preparo dos jornalistas em se aprofundar nessas coisas. É muito mais fácil você falar ‘o Dudu foi acusado pela mulher de agressão, mas ele nega e está indo jogar no Catar. Qual a falta que ele faz para o Palmeiras?’ e ficar só nessa discussão, e daqui a um mês você vai ter outro jogador, como teve o Jean, goleiro, que em janeiro espancou a mulher, hoje está no

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Atlético-GO, inclusive jogando, na primeira divisão... e a gente não debate! A gente fala só do campo ‘Ah! O Jean foi comprado pelo Atlético-GO.’... Só, acabou aí o assunto. E aí surge ‘a gente não tá aqui para julgar’. Não, mas a gente está aqui para falar e isso é um problema recorrente, vários jogadores são acusados de agressão. E por que isso acontece? Quantos casos aconteceram? Qual é o problema de violência doméstica na sociedade? Como isso se aplica? Por que no futebol também é recorrente? Quais são os elementos dentro do futebol que envolvem esse conceito de macho favorecem a acontecer uma coisa dessa? Porque a base do ‘por que um homem agride uma mulher?’ é porque ele se sente superior. E no futebol existe essa ideia de que é só para homem, porque o homem está acima.

Outra coisa, no ano passado teve a transmissão de Vasco x São Paulo e pela primeira vez o jogo foi paralisado pela arbitragem por causa dos gritos homofóbicos. Mas na transmissão eles não falam disso. Falam que ‘O jogo parou? Ah, é por causa dos gritos’ e eles continuam falando ‘então, o que São Paulo e o Vasco tem de fazer para ganhar o jogo?’ e não se fala disso (os gritos). Isso, para mim, corrobora com alienação, a ideia alienada do esporte, porque você está se comportando como um alienado, você que está fazendo essa transmissão. Então é importante aproveitar esse momento e falar o porquê isso está acontecendo, que é por causa dos gritos homofóbicos, que isso é errado, que já passou da hora de acabar com isso, estabelecer um debate.

Aí agora estamos tendo vários protestos com manifestações antirracistas e no fim de semana tivemos várias comemorações de Pantera Negra, em homenagem ao Chadwick Boseman que morreu, e em nenhuma delas você via alguém trazendo um contexto ‘ah, é uma homenagem ao Pantera Negra, esse filme que trouxe tanta importância para a população negra, que falava da diáspora africana...’ algum contexto, entendeu? Por que não aproveitar esse momento para trazer uma questão tão importante para os negros? Por que na transmissão não que estão com o punho cerrado para cima, que é uma manifestação antirracista? Por que não aproveitar e trazer mais contexto disso? Então eu acho que às vezes a gente é superficial, porque não se acostumou a não prestar atenção nas coisas... Porque às vezes no jornalismo é tudo muito automático, é muito coisa que você que entregar e às vezes você entra nessa rotina e não enxerga o que está acontecendo.

Então outro exemplo, coletiva do Roger Machado, teve o jogo Fluminense x Bahia, os dois técnicos negros e aí alguém perguntou para ele sobre a camisa do observatório racial ‘vocês dois usaram as camisas do observatório racial no futebol, o que significa essa campanha?’, e aí ele deu aquela aula sobre racismo, sobre desigualdade racial...

E a pergunta em seguida dessa foi qualquer coisa sobre o esquema tático do Bahia.

Então o cara te dá uma resposta desse nível, sobre um assunto tão urgente e você está tão (focado) no que você tem que fazer que não percebe a oportunidade de dar continuidade a esse assunto. Então eu acho que às vezes a gente é muito superficial, nós os jornalistas. A gente não percebe o potencial que o futebol tem para falar de coisas importantes. As coisas importantes passam e a gente não fala sobre elas.

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A falta de espaço para esses debates tem relação com o medo de perder audiência, ocasionando perda de lucro?

Não. Eu acho que até pode ser que as pessoas deem essa desculpa, mas na prática não há comprovação de que se você começar a falar sobre isso vai começar a cair a audiência ou enfim. Existem muitas máximas dadas que ninguém questiona. Como era antes que a gente falava sobre futebol feminino, falavam que não dá audiência, aí a globo transmite e o negócio bomba de audiência. Então qual é a explicação para isso? Às vezes a gente procura motivos para justificar a nossa falta de ação sobre as coisas. Lógico que tem influência de patrocinadores, mas o patrocinador não manda você falar sobre isso ou aquilo. Você pode ousar mais, você pode tentar fazer mais.

Por exemplo, programas de culinária, quem percebeu que havia uma demanda para reality show de culinária? Alguém um dia teve essa ideia e falou ‘vamos tentar fazer isso’ e o bagulho bombou. Então o lance de ‘as pessoas não querem ver’ é um achismo, pois como você sabe que elas não querem ver? Eu acho que as redes sociais mostram como as pessoas estavam sedentas por conteúdo e por poder se manifestar, inclusive, por poder participar dessa produção de conteúdo. ‘ninguém quer ver negro na TV’, olha quanto canal de youtuber negro que está bombando. Vamos parar de dar desculpa para as coisas e começar a fazer. Às vezes eu acho que a TV e o jornalismo não percebem o potencial que tem.

Cara, você jornalista, você define o que as pessoas vão ficar sabendo, o que relevante o suficiente para elas ficarem sabendo, isso é muito importante. Olha o tamanho da bomba que está na sua mão. Então você tem o poder imenso de fazer mudança na sociedade, porque se você quiser lançar um debate, ele será lançado. E as redes sociais vieram suprir essa necessidade que as pessoas tinham de gritar coisas que não estevam na TV, não estavam no rádio, não estavam no jornal. Pode parar para pensar, questões dos negros, LGBT, das mulheres, isso reverberou muito mais depois das redes sociais. E por quê? Porque as pessoas começaram a ter voz. E tem um público grande que consome isso, então essa coisa de dar desculpa do patrocinador ou de que não dá audiência é muleta para justificar a sua falta de ação.

Você considera correto o comportamento dos veículos de comunicação nas redes sociais, deixando as informações um pouco de lado e priorizando piadas e debates, pelo fato de ser um ambiente onde as pessoas buscam se descontrair? Qual a importância das redes sociais no jornalismo esportivo?

Depende. Primeiro que demorou muito para que os veículos tradicionais de comunicação perceberem que as redes sociais eram importantes. Eu acho que você precisa pensar numa linguagem para falar em cada espaço que você tem, na TV você tem uma linguagem, no Youtube você tem outra, no jornal (impresso) você vai ter outra, no Twitter... Cada tipo de mídia pede a sua linguagem. Assim como aconteceu

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com o advento de sites de notícias as pessoas falavam ‘nossa, vai acabar o jornal’, e eu acho que o jornal demorou muito para enxergar o seu papel dentro dessa nova comunicação. Porque, é óbvio. Se você publicasse hoje as notícias de ontem, por que as pessoas leriam se elas não viram nos sites ontem mesmo? Tem espaço para atuar, mas não fazendo isso. E demorou um pouco para ter essa percepção de como seria a cobertura do jornal impresso com o advento dos sites.

A mesma coisa acontece com redes sociais e os veículos tradicionais também.

Tiveram dificuldade de enxergar as redes sociais como parceiras, como agregadoras e não como concorrentes. O fato de o cara consumir site, não significa que ele não vai consumir jornal impresso, o fato de o cara consumir um programa de televisão, não o impede de consumir um vídeo no Youtube. Tudo está aí para ser consumido, e as pessoas nunca consumiram tanta informação, como elas consomem hoje. É necessário entender a maneira de estar nesses lugares. Eu acho que existem alguns veículos só para isso, lançar enquete boba. Os outros veículos eu acho que já começam a enxergar um papel da rede social nas interações e nas coberturas. Mas é um processo, e como veículos grandes envolvem mais gente, demora mais para acontecer.

Mas eu acho que é um potencial muito grande das redes sociais de comunicar de uma forma diferente, de talvez trazer mais participação, estimular discussões. Tem seus pontos negativos também, porque atrai um monte de gente babaca, mas todas as coisas têm seus pontos positivos e negativos. Agora, grandes veículos podem aproveitar muito mais do que aproveitam o potencial das redes.

O posicionamento agressivo de parte do público contra matérias e posts sobre questões sociais influencia no que os veículos de comunicação publicam?

Sinceramente, eu acho que não. Se fosse por isso, ninguém publicaria nada. Se você pegar as matérias do globoesporte.com você vai ver que as pessoas criticam tudo.

Nenhum veículo trabalha para conseguir comentários legais nas publicações, até porque as pessoas que vão comentar são as que querem destilar sua raiva, seu ódio, enfim. Não são elas que pautam.

Existe uma mistura de achar desculpas para a sua falta de ação, mesmo. Você inventa um monte de desculpa, porque no fundo você não quer fazer. É muito mais por esse caminho, não vejo veículos influenciados pelo que o público diz. Existem alguns cuidados que você toma, às vezes que ser mais claro na sua comunicação para justamente evitar que os imbecis comentem algo que não tem nada a ver, tipo ‘como eu posso deixar bem claro para que o cara preconceituoso, pelo menos com esse argumento, ele não vai vir?’. Eu acho tem esse tipo de percepção, mas ninguém se pauta pelo as pessoas acham ou deixam de achar. É muito mais um sistema que já existe a muito tempo, em que você entra nesse sistema e não consegue sair dele.

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(Deve-se) perceber que dá para fazer diferente algumas coisas. Às vezes eu acho que nós do jornalismo, de vez em quando, precisamos sair do nosso mundo para olhar de fora, parece que a gente está vivendo só aquilo ali e não consegue enxergar aquilo de fora. Então você está cometendo os mesmos erros, todo mundo no mesmo sistema, sem perceber que poderia ser diferente. Se você passar uma horinha tentando olhar de fora ‘Qual percepção a pessoa lê isso aqui tem, que consome o produto que eu criei tem?’, ‘Como eu posso melhorar nesse sentido?’. Falta a gente olhar de fora, a gente fica sem muita autocrítica.

Como resolver esse problema e fazer com que as questões sociais tenham mais espaço no jornalismo esportivo?

A primeira coisa já tem acontecido que é o movimento de ‘fora para dentro’, que é das pessoas pedindo isso. Muitas mudanças que eu vejo na cobertura esportiva aconteceram por pressão de fora. Se você vem com uma capa que tem mulheres seminuas falando das musas de tal modalidade, as pessoas vão reagir e falar ‘Cara, o que você tá fazendo?’. Aí você vai ser forçado a mudar a sua percepção de cobertura. Eu lembro de uma matéria (que dizia) ‘A namorada do piloto tal’ e a menina era atleta olímpica e o piloto nem era relevante, e você se pergunta ‘porque namorada do piloto tal’, sabe? E é isso. É um pouco do que vem de fora te fazer pensar. Falta mais nós, jornalistas, sairmos do nosso mundinho e tentar olhar o nosso trabalho do lado de fora, qual a percepção que as pessoas podem estar tendo do que estamos fazendo, para ver se a gente realmente está sendo efetivo nessa comunicação. E o que tem feito a gente mudar é a maneira como as pessoas questionam.

E o que falta acontecer para mudar um pouco é termos vozes mais diversas tomando conta da coisa, porque quando você vai olhar, não só no jornalismo esportivo, mas em todas as áreas, os chefes têm a mesma cara, são homens e brancos. Ou seja, eles têm experiências muito parecidas na vida. Então eu acho que falta a gente ter espaço para vozes diversas, experiências diversas falarem. E vozes de comando.

Porque não é só a pessoa que tá lá executando, essa pessoa tem que ter voz de comando, é assim que você consegue ampliar seus olhares e perceber que o mundo não é só aquilo que você enxerga.

O mundo tem inúmeras formas de ser visto e você enxerga de uma forma, porque é na maneira como você foi moldado, nas circunstâncias nas quais você cresceu. Então o que falta mesmo é essa diversidade chegar nos cargos mais altos.

Thiago Crespo Por que você estudou jornalismo? Como chegou na Rede Globo/SporTV? Na Globo eu comecei em 2006, como estagiário. No meu quarto ano de faculdade prestei o processo seletivo e fui aprovado. Depois, acabei saindo em 2008, para fazer

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intercâmbio. Voltei em 2010, ainda para geral, como produtor. E depois ingressei no passaporte SporTV, que é um projeto que se propõe a mandar jovens repórteres para o exterior. Então aí eu migrei da geral, como a gente chama, para o esporte.

Por que eu fiz jornalismo? Cara, acho que ninguém que escolhe fazer jornalismo escolhe por um único motivo. Mas os meus principais são, claro, a escrita e a leitura.

Desde muito pequeno, sempre gostei muito de ler, de escrever e de ouvir histórias.

Minha avó, minha mãe, meu pai, todo mundo em casa, sempre estimularam muito esse hábito e desde pequeno eu peguei gosto por isso. E acho que o jornalismo, de alguma forma, é antes de qualquer coisa, ouvir histórias, antes de contá-las. Isso me encanta até hoje, tem muita gente que me diz "Pô, é muito impressionante como você gosta do que você faz." E eu acho que esse é o melhor elogio que eu posso receber.

Porque eu, de fato, sou apaixonado por isso e, como falei, advém desse gosto por histórias. Primeiro ouvir e depois poder contar, pois também desde muito cedo aprendi a ter o hábito de escrever, sempre gostei muito de escrever, desde os 5 ou 6 anos, pelos menos. Então eu acho que ouvir histórias e depois poder contá-las com as minhas palavras é um privilégio imenso.

Além, claro, de outros motivos que se tem, porque eu falei que não é um só, nunca.

Acho que a ideia de mudar alguma coisa na vida de alguém, esse romantismo do qual o jornalista está impregnado até hoje, e tem que estar mesmo, também um dos motivos muito claros para mim. Eu sempre quis, de alguma forma, poder mudar qualquer coisa que fosse e além de contar histórias e ouvir histórias dos outros. A gente faz isso. Fora do esporte, dentro do esporte, enfim... Em qualquer âmbito do jornalismo.

Como é a rotina de trabalho de um jornalista esportivo?

Eu até dei risada quando eu vi essa pergunta, porque, na verdade, a rotina do jornalista esportivo é a não rotina (Risos). As pessoas, às vezes, desacreditam quando eu conto, porque a gente depende muito do calendário dos clubes, do calendário do esporte. Por exemplo, agora são 19:50 e ainda não chegou a minha escala de amanhã. Por acaso, amanhã eu já sei o que vou fazer porque estamos gravando uma reportagem especial e essas entrevistas já estão marcadas previamente. Mas, em geral, a gente recebe a escala entre 8 e 9 horas da noite, mais ou menos, com os horários do dia seguinte e por aí vai.

Mas é óbvio, um dia a gente entra de manhã para cobrir um treino, no outro dia entra à noite para fazer a transmissão de um jogo, no outro dia à tarde. Então é uma não rotina, no sentido de horário, mas no exercício da profissão a gente se habitua a cobrir treinos, gravar matérias especiais, cobrir os jogos em loco ou a transmissão do evento ao vivo, ou também gravar uma reportagem sobre esse jogo para contar essa história no Globo Esporte, no Esporte Espetacular, no Bom Dia São Paulo, enfim... Em toda a grade de programação. É basicamente isso. Uma não rotina mesmo. Porque um dia eu estou no futebol, outro dia estou no vôlei, outro dia estou fazendo uma matéria de denúncia. E agora nesses

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tempos de pandemia tem sido muito saudável o intercâmbio, eu tenho trabalhado também na geral. Semana passada, por exemplo, eu fiz matéria sobre capacitação de cozinheiras, cursos online, o aumento no preço do óleo e do arroz, então é muito positivo, muito saudável esse intercâmbio entre a geral e o jornalismo. Para que um abasteça o outro. Acho muito inspirador, inclusive. Mas é isso. uma não rotina. No esporte existe essa rotina mais flutuante, por assim dizer.

Você assiste programas esportivos no seu tempo livre? É um dilema, porque eu já vivi momentos em que eu não queria nem ligar a televisão.

E acho que isso é saudável em algum momento, é importante, de vez em quando, dar uma oxigenada, eu gosto muito de ler, como eu falei. Eu costumo brincar que se eu passo um dia inteiro na TV, chegar em casa e ligá-la, aí eu vou estar passando o meu dia inteiro com a televisão. E apesar de amá-la e amar também a minha profissão eu preciso de outras referências, de outros horizontes, de outros exercícios. Então eu gosto de consumir esporte, mas, de vez em quando, eu me permito uns respiros, pois acho que a gente se dedica muito a feitura do nosso trabalho. Muitas e muitas vezes eu chego em casa, se não for um jogaço na TV, uma final de NBA, se não for um clássico na televisão... Muitas vezes eu não assisto nem o jogo do meu time, mas apesar de não assistir eventualmente ao vivo, eu acho muito importante que eu saiba o que está acontecendo. Então se eu não vi o jogo, obviamente eu vou me inteirar em um portal, vou entrar no globoesporte.com. Até porque amanhã eu posso estar no jogo do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras, do Santos, então é fundamental que eu consuma até pelo trabalho, mas eu acho que algum momento eu preciso me permitir um respiro.

Sou um apaixonado por esporte, não atoa acabei indo trabalhar no esporte, desde pequeno sempre gostei muito de consumir esportes. Hoje eu me vejo nesse dilema "chegar em casa e ligar em um jogo, mesmo passando o dia inteiro falando sobre futebol?". Às vezes me permito um respiro, até para ler outras coisas, assistir outras coisas, filmes, séries, porque, infelizmente, o dia ainda só tem 24 horas.

Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

Com certeza! Eu acho que é uma expressão cultural e é uma expressão de N questões da sociedade, da natureza humana. Te dou dois exemplos recentes: O da NBA, os jogadores que se negaram a entrar em quadra para promover um protesto contra o racismo e contra a onde de morte de negros por policiais norte-americanos; e também, na última copa do mundo feminina, ano passado, o time dos Estados Unidos, que acabou sendo campeão, as meninas levaram a cabo um protesto em relação a

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igualdade de salários entre homens e mulheres no futebol. Então esse tipo de expressão, que não deixa de ser cultural, porque, afinal de contas, o racismo, o machismo, a misoginia tudo faz parte da nossa expressão cultural atualmente. Acho importante que isso se desconstrua e o esporte é uma ferramenta para isso. O esporte é um agente transformador a para muitas coisas, é um agente transformador para a vida de uma pessoa, para a vida de uma criança na periferia, mas é também, mas uma sociedade de forma geral.

Eu me lembro até hoje dos gritos das jogadoras da seleção feminina americana, elas entravam em campo e o grito era assim "USA, EQUAL PAY", pedindo a igualdade de salários. Elas levaram essa bandeira a diante e foram campeãs depois, conseguiram muito mais do que um título com esse tipo de expressão.

Então sim, o esporte é uma expressão cultural e acho que ela denota vários traços da sociedade particulares, de determinadas sociedades de países. É possível dissociar o Brasil, a história brasileira e o que é a nossa sociedade do futebol? É impossível.

Estou falando do Brasil porque é o nosso país, mas ao redor de todo o mundo existe uma relação muito intensa, não só com o futebol, mas com o esporte em geral.

O projeto Passaporte SporTV, do qual eu fiz parte, se propunha a isso, a mostrar a relação do esporte com o país. Porque eu acho que é uma expressão cultural, uma expressão econômica, uma expressão social de várias naturezas. Então eu repito, o universo do esporte é muito rico para que as pessoas acabem usando essa plataforma, usando a sua voz, como atletas para focalizar ali questões importantes fora das quatro linhas.

Você considera o futebol como entretenimento?

Sim, acho que o esporte também é entretenimento. O esporte é uma série de coisas, mas entre elas ele é entretenimento, sim. Na medida em que você vê as pessoas na mesa de um bar conversando sobre futebol. Eu sou um entusiasta do transporte público, eu uso transporte público por opção já há 10 anos em São Paulo e uma das coisas que eu mais gosto de ver, que eu sempre conto para as pessoas, é ouvir o papo entre o cobrador e o motorista, que em 99% das vezes é o papo sobre a rodada da noite passada ou sobre o jogo que vai acontecer dali algumas horas. Então é entretenimento sim, na medida que as pessoas vão se distraindo. Acho que o esporte tem algumas tantas funções e umas bem sérias, tem essa questão do entretenimento que é igualmente séria. A gente fala entretenimento, mas isso não exclui a seriedade do assunto. O futebol é um respiro para a sociedade. Você vê como as pessoas se relacionam com isso, os torcedores se relacionam com isso, o quanto o torcedor é passional... Acho que é impossível ignorar que o futebol é entretenimento e repito, não só o futebol, os outros esportes todos.

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O entretenimento tomou um espaço maior do que deveria dentro do jornalismo esportivo?

Eu acho que existe um tabu muito grande em associar o jornalismo esportivo ao entretenimento. Essa é uma discussão que eu tenho com colegas de profissão há anos e vejo que a pessoas veem como se fosse uma vergonha, como se associar o esporte ou o jornalismo esportivo ao entretenimento fosse uma coisa, de alguma forma, menor. E não é.

Sim, esse tipo de comunicação nos últimos anos ele se acentuou bastante, é nítido isso se você olhar a cobertura do esporte de forma geral. Mas eu não acho que mais do que deveria. Se eu disser isso eu vou pressupor que, de alguma forma, não deveria ter tanto espaço. É um tabu desnecessário, quase infantil, porque a gente pode assumir o jornalismo esportivo como entretenimento, mas também como informação, não precisamos dissociar ou polarizar essas questões. Acho que o esporte e, portanto, o jornalismo esportivo, abraçam as duas coisas. Eu posso informar, eu posso denunciar, inclusive, e eu posso entreter, posso contar isso de uma forma leve. E cada notícia pede um tipo de voz, um tipo de cobertura. A gente tem esse exercício, esse desafio diário na feitura do jornalismo esportivo, a gente sempre que saber qual é o tom exato. Eu não vou contar sobre o dopping de alguém de uma forma engraçadinha, mas eu também não posso falar de uma forma sisuda sobre uma goleada ou sobre um grande clássico que teve um monte de elementos extra campo ou muito gols dentro do campo. Acho que as pessoas querem ver aquela história contada de uma forma diferente. Até porque hoje nós temos várias plataformas. Já se foi o tempo em que as pessoas ligavam a televisão para ver os melhores momentos e para saber quanto que foi o jogo, isso as pessoas já sabem. Se elas não assistem imediatamente, ao vivo, elas veem no tablet, no celular, no computador, em qualquer canto, no elevador, no metrô, está em todo lugar.

Então quando você se propõe a contar a história de um jogo, o entretenimento é muito bem-vindo. Por entretenimento entenda uma comunicação mais informal, um jeito mais informal de contar uma história. Então eu acho que é muito saudável, muito positiva essa relação e, de novo, não é excludente. Acho que você pode fazer uma coisa e fazer outra, o jornalismo esportivo abraça tudo isso de uma forma muito heterogênea.

Como você lida com a questão do entretenimento no seu dia a dia como jornalista esportivo? Ele está, de alguma forma, inserido nas suas matérias e coberturas jornalísticas? Você tenta buscar um equilíbrio?

Com certeza! E para isso eu recorro ao mestre dos mestres, Tino Marcos, um dos maiores ídolos de qualquer jornalista esportivo, e também meu. Quando a gente estava no processo do Passaporte SporTV, lá no Rio (de Janeiro), o Tino veio bater

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um papo com a gente, sempre muito generoso, muito atencioso, e ali ele me deu uma aula que só de lembrar me arrepia, mas que é uma verdade máxima que eu tento levar comigo e passar adiante com os devidos créditos. O Tino diz o seguinte: "Quando eu escrevo uma reportagem eu penso no meu pai, que sabe tudo de futebol, que sabe todos os jogos, conhece todos os times, já viu todos os lances, sabe tudo.

Mas eu também penso na minha mãe que não consome esportes, que não entende nada de futebol." E eu acho que isso é lindo porque, de alguma forma, cristaliza essa diversidade. Se eu conseguir escrever uma reportagem que o meu pai e a minha mãe vão compreender, vão assistir, vão gostar, eu acho que eu cumpro o meu papel.

Me refiro a essa diversidade do público, mesmo. Você tem que pensar sempre na pessoa que está ali, ligada. O Globo Esporte, por exemplo, vem na sequência do SP1, então tem que pensar em quem está ligado no SP1, a dona de casa que não é um fã do esporte, que não é uma pessoa super ligada no mundo esportivo, que não sabe o que exatamente está acontecendo no campeonato, então se de alguma forma eu conseguir dialogar com ela, se eu trouxer essa moça ou esse rapaz que não consome tanto esporte, acho que é uma missão cumprida.

Então eu tento misturar sempre, com essa interação das redes sociais também, que nos é permitida hoje. Eu fico muito satisfeito quando vejo pessoas que não assiste esportes, que nunca consumiram esporte e me mandam mensagem dizendo "Só você para me fazer assistir uma matéria do Corinthians". Se as pessoas assistem e se sentem abraçadas e se interessam pela matéria, aí é uma vitória, porque a gente tenta sempre buscar esse equilíbrio. Se eu fizer uma reportagem só pensando no cara que já viu várias e várias vezes o mesmo jogo, não vai fazer sentido, vou excluir uma parte importante e considerável do público e também não vou trazer nada de novo nem para esse cara que eu estou tentando atingir.

Em 2009, o Globo Esporte passou por uma grande reformulação. Você considera esse “novo” formato do programa o melhor para se apresentar notícias sobre esportes?

(Thiago conta como descobriu sobre a entrada do Tiago Leifert no Globo Esporte por causa da mãe) Até minha mãe começou a se interessar pelo Globo Esporte. Justamente porque o Tiago (Leifert) promoveu essa ruptura na forma de se comunicar com o público e na forma de passar a mensagem, passar o esporte adiante.

Sobre ser melhor, eu não acho que existe uma forma que seja a melhor. Existe público para tudo. Existe o público que quer consumir o esporte de uma maneira mais séria, existe o cara que quer assistir o programa Mesa-Redonda que vai discutir a tática, que vai discutir estratégia, posicionamento, números, tem esse cara. Mas também tem o cara que quer ver a história do jogo ou a reportagem esportiva de uma forma mais leve, com outras referências. Então não acho que exista uma forma melhor de fazer, acho que essa pluralidade, pelo contrário, ela é extremamente saudável e interessante, porque existe público para tudo isso.

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Falta espaço para as questões sociais nos programas esportivos?

Eu acho que historicamente talvez tenha faltado lá atrás. Mas hoje, sinceramente, eu acho que não acontece, porque está partindo dos próprios atletas. Então quando vários times da NBA se propõem a não entrar em quadra, a cancelar uma rodada, para discutir para mostrar a importância disso, não resta opção, a gente tem que discutir, tem que conversar, tem que falar, tem que debater. A mesma coisa vale para as meninas norte-americanas com a questão do salário. Essa Copa do Mundo de 2019, foi a primeira vez que uma Copa feminina foi transmitida na TV aberta. A Globo passou com ampla cobertura e não só os jogos ao vivo, mas também nos programas.

Então isso foi amplamente discutido e essas questões vão vindo à tona. Se a gente parar para pensar, o mundo tem se proposto a novas discussões nos últimos anos. E claro, o jornalismo acompanha esse tipo de movimento, o que é fundamental e inevitável.

Então, de uma perspectiva histórica, isso sempre foi muito pouco debatido. mas também porque os próprios clubes, jogadores e etc., nunca quiseram falar muito sobre isso. Agora quando a gente vê o Marinho, participando do Bem Amigos e fazendo questão de manifestar o respeito dele e pedir o respeito da sociedade para com os negros, os gays e todo mundo que sofre preconceito, eu acho que de alguma forma essa discussão vem à tona, no horário do SporTV. Outras emissoras fazem a mesma coisa.

Então são discussões muito atuais, muito pertinentes, que inevitavelmente o jornalismo tem que se propor a discutir. Acho que tem discutido mais, à medida que essas questões ganham mais importância. E acho fundamental que ganha cada vez mais e mais, porque, de fato, sempre foi muito pouco debatido e agora que esse calor e essa efervescência estão trazendo isso à tona.

Como avalia o comportamento dos veículos de comunicação esportivos nas redes sociais? Qual a importância delas no debate esportivo?

Na sua pergunta já tem uma palavra-chave, engajamento. E acho que, talvez, o papel das redes sociais seja muito mais esse do que de reprisar aquilo que está sendo dito na TV. Na rede social é tudo muito rápido, você quer passar para o próximo e aquilo tem que te prender de alguma forma. Objetivo hoje, não só dos veículos de comunicação, mas das pessoas também, que se propõem a interagir nas redes sociais é esse contato com o público. De repente, a rede social não permita o mesmo espaço que um programa para determinado tipo de discussão, então ali seja, de fato, mais o "Messi x Cristiano Ronaldo", mesmo. Se eu gosto ou não dessa discussão eu acho que é uma outra coisa, mas me parece muito natural, muito orgânico porque a natureza da rede social é essa, a interação com o público, o engajamento. Então é quase inevitável você não propor esse tipo de interação mais rápida.

E sobre a polêmica vazia, ela acontece na rede social, no programa. Eu acho que a polêmica é uma questão que ainda tem que ser muito discutida. Mas, de alguma

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forma, nas redes sociais isso é bem mais caloroso porque está todo mundo respondendo ali. Então quando você um post sobre determinada polêmica, você acaba se interessando pelo o que as pessoas estão dizendo, é um termômetro. E que a gente não pode ignorar, diga-se de passagem. Quando um clube faz um post e aquilo tem uma repercussão é importante você entender o que está acontecendo, como os torcedores estão reagindo aquilo, então é um novo mundo. Esses tipos de comunicação são novos e estão presentes, são inevitáveis. É impossível fugir disso.

O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que ele não quer debater essas questões sociais, pois uma boa parcela dele trata elas como um “mimimi”?

A gente sempre vê esse tipo de comentário, se você fizer um post agora sobre racismo, eventualmente um racista vai comentar, dizendo o que ele pensa. E isso vale para outros tipos de preconceito também.

Mas eles são uma fração do público, muita gente está aproveitando a vozes das redes sociais para levantar esse tipo de bandeira. Você vai encontrar pessoas que refutam o preconceito, pessoas que não estão dispostas a se desconstruir, mas eu acho que você também vai encontrar pessoas que vão propor o debate. Se você fizer uma enquete agora no seu perfil no Instagram, vai ter gente que vai responder para um lado, vai ter gente que vai responder para o outro, e democracia é isso também.

Existe uma forma de dar mais destaque para as questões sociais no esporte?

A forma de fazer as pessoas se interessarem por isso é continuar falando sobre isso, é dar informação. Pois não adianta a gente levantar bandeiras sem sustentação, sem argumentação. Então a partir do momento que a gente oferece ao público fatos, números, questões pertinentes, discussões embasadas, vai fazer o público se interessar também. Tem que ser orgânico, você não pode simplesmente pegar a pessoa pela mão ou pelo pescoço e dizer "Interesse-se por isso." As pessoas têm que se interessar de uma forma muito natural, muito espontânea, muito orgânica, pois são questões pertinentes. E ela só vai perceber a importância disso, talvez, quando ascender dentro dela essa questão.

Para que se ascenda, nosso papel é informar, destrinchar o assunto também, é importante nessa hora você falar de uma forma palatável. Porque, do contrário, vão falar que o mundo está chato. Você tem formas e formas de abordar essas questões, mas você tem que dar importância para elas. Quando você der importância para elas as pessoas vão perceber que, de fato, isso tenha relevância para si próprias e aí vão se sentir instigadas a debater, a pensar e a refletir sobre isso.

Marília Galvão

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Quem é a Marília Galvão? Como chegou onde está?

Durante toda a minha infância, eu queria ser atriz, sempre foi meu sonho fazer novela, fazer filme. Eu sempre gostei muito disso. Aí eu entrei no teatro, aos 11 ou 12 anos, me formei no Wolf Maya, aqui de São Paulo. Fiz o curso, me formei, tirei o DRT, que é o documento do ator que permite exercer a profissão. Aí eu falei "Nossa, que ótimo.

Agora eu vou seguir minha carreira de atriz.", e isso foi no final da escola, no terceiro colegial, em 2012. Pensei em ir para o Rio de Janeiro, porque lá tem o PROJAC que é super legal, fazer testes apara as novelas, enfim.

E aí, eu estava conversando com meu pai um dia sobre isso, e ele falou "Marília, eu super te apoio, você tem que fazer o que você quiser mesmo. Mas por que você não faz uma faculdade? Só para você ter um plano B. Se, por algum motivo, o teatro não der certo você já tem alguma outra coisa para fazer." E eu queria também ter essa experiência de fazer uma faculdade. Porque o Wolf Maya é um curso, você tira o DRT mas não tem a vivência de faculdade. E aí eu falei: "De todos os cursos, o único que eu me interesso é o jornalismo." Mas eu não queria ser jornalista, só fazer a faculdade, pegar o diploma e ter tido essa experiência e depois seguir a carreira de atriz.

Só que quando eu entrei, tudo mudou. Eu achei incrível essa profissão do jornalista.

O ofício de você ir atrás da informação, você contar as histórias, você checar as informações, transmitir a informação, achei incrível. Então eu me apaixonei e decidi que é isso que eu quero. Aí eu vi que poderia ir para a TV, e achei incrível, porque eu sempre gostei de falar, de me expressar e me comunicar com as pessoas e o teatro me ajudou muito. Porque já me deu desenvoltura, essa coisa de falar com a câmera, perder o medo, dicção. O teatro ajuda muito. Por isso que acho muito bom o curso de teatro a para quem quer seguir qualquer área na TV ou na vida, mesmo. É muito bom o teatro, para tudo.

Então decidi pelo jornalismo e fui para o esporte, porque é a área em que eu mais me identifico, que tem essa questão da leveza, do entretenimento, que tem um lado sério também, mas tem esse lado de ser uma coisa mais leve, e isso eu me identifico muito, acho que é a minha cara. Então eu falei "É o jornalismo esportivo que eu vou seguir."

E quando decidida, não quis mais mudar.

Durante a faculdade eu estagiei em alguns lugares, estagiei primeiro na TV PUC, que me deu uma bagagem muito boa para a TV. Porque lá, por ser uma TV universitária, os próprios alunos que produzem o conteúdo, que vão atrás da informação, que grava o programa, reportagem. Então eu aprendi muita coisa lá, na TV PUC. Aí eu saí de lá, fui para a Record, estagiei seis meses no R7, no setor de esportes do R7. Depois eu fui para o Esporte Fantástico que é o programa de TV da Record, fiquei mais seis meses estagiando lá, fiz produção e tudo. E a cada vez eu tinha mais certeza que era o que eu queria, jornalismo esportivo, estava muito satisfeita. É minha paixão, é realmente que eu gosto. Eu amo futebol, sempre assisti, então eu estava muito feliz.

E aí quando eu me formei, faz uns dois anos, eu saí da Record,, eles estavam sem vaga para efetivar, então comecei a fazer Freelancer para a Federação Paulista de Futebol. Eles começaram a transmitir jogos no YouTube e precisavam de repórter.

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Então me contrataram para fazer jogos, só eu nunca tinha trabalhado como repórter na vida. Mas eu falei: "Se vocês me derem essa oportunidade, eu vou agarrar e vou aproveitar.", e foi muito bom.

Eu comecei a ter experiência como repórter, me apaixonei, e poucos meses depois de começar a fazer esses jogos para Federação, a ESPN me contratou para ser repórter na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2019, ano passado. Aí eu falei para eles "Nossa, eu fiz 5 ou 6 jogos até hoje na minha vida, vou fazer para vocês já? Que legal!" e eles disseram "Sim, Marília. A gente assistiu, a gente gostou".

Então eu aceitei a proposta deles, era Freelancer também, porque eles não estavam podendo contratar, mas eu aceitei. Fui cobrir a Copa São Paulo de Futebol Júnior inteira, viajei para várias cidades no Brasil, interior, foi super legal, entrando ao vivo durante a programação. Quando acabou a Copa São Paulo eu continuei participando de alguns programas da ESPN, como comentarista. Só que eles não podiam contratar porque estava com aquela fusão com a Fox Sports.

E aí, nesse tempo, surgiu o Desimpedidos na minha vida. Eles me convidaram um dia para participar de um programa como convidada, o Debate & Assopra, para falar de futebol e da rodada. Eu fui, gravei e eles gostaram muito. Passou uma semana, me chamaram de novo para participar, fui de novo, mesmo programa. Daí passou uma semana, o Bolívia ia entrar de férias e eles me chamaram para apresentar o programa no lugar ele. Então eu fui, apresentei o programa e nesse dia eles me contrataram. Eu achei uma maravilha, porque eu não estava em nenhum lugar, só fazendo Freenlancer. Aí eu entrei de cabeça, topei na hora e estou até hoje. Fez um ano agora em agosto.

Como é a rotina de trabalho no Desimpedidos? É bem corrido, agora estamos vivendo uma época totalmente diferente, por causa da pandemia, estamos trabalhando de casa. Eu entrei como apresentadora, mas eu faço de tudo lá e eu gosto disso. Eu faço produção, ajudou nos outros programas que eu participo, então tudo que eu poder fazer ali, eu ajudo, porque eu aprendo. Aprendo demais no Desimpedidos. Essa correria do dia a dia tem lado positivo porque não são programas ao vivo, como é na TV, que tem que entrar o programa e é o dia inteiro, tem o jornal às 7h, tem um programa meio-dia, então deve ser uma correria maior ainda, porque é todo dia ali, ao vivo. Já no Desimpedidos não, é um vídeo por dia que a gente solta no canal, gravado. Então a gente não tem aquela coisa de chegar super cedo.

Eu chego umas 11 horas da manhã, dá tempo de começar a fazer meu trabalho, de ver o que a gente tem para gravar para os próximos dias. A gente faz uma planilha, por exemplo, o Debate & Assopra toda segunda-feira, então a gente grava segunda e quando chega na terça, na quarta, a gente começa a pensar no próximo que a gente vai gravar na outra segunda. Aí tem um outro programa, o Fred + 10 que vão gravar terça-feira, então a gente já faz uma reunião, já vê o que precisa produzir, se precisa convidar alguém. Todo dia tem uma reuniãozinha entre a gente para ver quais são as funções do dia, o que a gente precisa fazer, quais são as gravações. Tem semana

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que tem muita gravação, aí é mais corrido porque para cada gravação tem o "pré", a gente tem que ver o que tem que produzir, ir atrás e tal. E tem semana que é mais tranquila, não tem tanta coisa e tudo bem. Tem dias que são mais tranquilos também.

Então depende muito da semana, se vai ter gravação ou se não vai. Às vezes a gente grava vários programas em uma semana e aí já gente tem uma gaveta maior para as outras, aí nas outras fica mais tranquilo. Então é bem assim.

Mas eu faço de tudo lá, não só apresento, não. Vou atrás, faço produção e edição também, mando material para edição cobrir com imagens, enfim. Eu faço várias coisas e é muito bom, está sendo bem legal para mim.

(gravação durante a pandemia) Você considera o futebol como entretenimento?

Eu acho que sim. porque é só a gente pensar, você na sua casa, chega na quartafeira cansado do trabalho, você ligar a TV para ver seu jogo, é para você relaxar, se divertir ou ficar puto, às vezes (Risos). No final de semana é praticamente um programa de família com seu filho, sua esposa, seu marido. É meio que um espetáculo mesmo. Você está lá no estádio, é super legal acompanhar o pré-jogo ali, você vê o aquecimento, aí começa e tem a torcida e tal. Então eu acho que é muito por esse lado do entretenimento mesmo. Como eu já disse, tem a parte séria, claro. Tem alguns assuntos sérios que envolvem o futebol, beleza. Mas eu vejo como um entretenimento, não tem como fugir disso. É um show. Copa do Mundo, o maior exemplo disso. A pessoas viajam, querem se divertir, querem torcer. Aí você vai no estádio, conhece gente, você vê, torce, grita, chora. Então eu vejo muito mais por esse lado do entretenimento mesmo, do que uma coisa totalmente séria.

O Desimpedidos tem uma noção da importância deles no meio do entretenimento esportivo e ele acredita que seja possível essa influência determinar como o público passa a pensar e agir sobre determinado assunto ou situação?

Um bom exemplo disso é o Bolívia Talk Show, o programa do Bolívia de quinta-feira, um programa de entrevistas e que quase todos os programas dele repercutem internacionalmente. Por exemplo, recentemente ele fez uma entrevista com Richarlison no BTS e repercutiu mundo a fora, em vários jornais, na Inglaterra, Espanha, no mundo inteiro. Então a gente vê como é grande. Inclusive, esse mesmo programa foi indica ao Meus Prêmios Nick como conteúdo digital do ano. Aqui no Brasil nos programas esportivos vira e mexe citam alguma coisa dessa entrevista, então é muito legal.

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Geralmente, os programas do Desimpedidos são divididos entre os que são mais claros que são games, brincadeiras, sempre com o futebol como pano de fundo, mas é muito mais a zuera, e outros programas que são mais de futebol mesmo, e aí comenta, entrevista, que também tem o lado da descontração.

Eu brinco que o BTS, as coisas que os convidados do Bolívia falam para ele nesse programa, jamais falariam em um programa de TV, que é aquela coisa mais quadrada, um pouco mais séria. Então eles se soltam tanto, porque o Bolívia deixa eles mais à vontade, faz piada, para justamente ter o lado do entretenimento que faz o jogador se soltar e quando vê está chamando de "mano".

A gente tenta em todos os programas colocar entretenimento, que é isso que o nosso público quer consumir, futebol com entretenimento. E eu tenho bastante noção do quão longe a gente pode atingir e o quão longe a gente atinge com o nosso conteúdo, porque tem bastante gente interessada no Desimpedidos e que acompanha o canal.

Você considera o futebol uma expressão cultural? E que quando se consegue compreender ou identificar essa expressão dentro do esporte, se torna possível interpretar a sociedade?

Eu acho que sim, o futebol reflete o que é a nossa sociedade. Não tem como você separar uma coisa da outra. Quando a gente vê casos de racismo, por exemplo, a gente vê como a sociedade é, porque é uma coisa que acontece ali, mas acontece no barzinho, acontece na rua, acontece na sua casa, na casa do seu amigo, com o seu amigo. Está tudo ali, o futebol é um ponto dentro da sociedade, como muitos outros.

E o que acontece lá é reflexo da nossa sociedade, do que nós somos como pessoas.

Nesses casos (racismo) eu fico inconformada, eu acho um absurdo ainda existir casos de racismo no futebol, é muito triste a gente ainda ver isso, em pleno século XXI, com tudo que a gente está batalhando para conquistar e ainda ter pessoas que pensam dessa forma é muito triste.

E no geral, muitas coisas que a gente vê acontecendo no futebol, acontecem em vários lugares. Então eu acho que está muito entrelaçado mesmo, é um reflexo da sociedade que a gente vive.

Apesar de ser um canal de entretenimento e possuir essa visão a respeito do futebol, o Desimpedidos, em determinadas situações, decide se posicionar de maneira séria e assumir a responsabilidade de influenciador que tem. Como ocorre essa decisão de “sobre o que se posicionar”, “qual posição tomar”, “como transmitir isso para o nosso público”?

Depende muito da situação, do momento que a gente vive. Realmente não é uma coisa que a gente faz com muita frequência, mas quando a gente percebe que é necessário e que é uma coisa que seria muito bom, até para a gente mesmo, de dizer

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"Nossa, eu estou numa empresa que se posicionou em relação a isso", na maioria das vezes é o que todo mundo acredita na empresa. E a empresa colocar a voz lá, quando é necessário, quando realmente a gente está vivendo uma situação muito complicada, muito delicada e que se a gente se abster de falar, eu acho eu acho que pega mal, na minha opinião, como Marília. Tipo, "não vai falar nada sobre isso que tá acontecendo no Brasil?"

Então eu acho que quando realmente acontece alguma coisa, que a gente fala "não agora a gente precisa e é bom a gente se posicionar", aí sim. Então a gente entra num consenso, todo mundo ali, naturalmente a gente fala "nossa, seria bom a gente colocar um post no Twitter, no Instagram sobre isso e aquilo" e aí a gente faz isso. Mas realmente não é sempre, são em alguns casos específicos que a gente faz isso.

Você assiste programas esportivos? Acredita que o tempo dos programas é bem aproveitado, os temas debatidos são importantes? Ou falta espaço para discutir questões de caráter social que envolvem o esporte?

Eu assisto bastante, porque eu gosto. Então eu sempre deixo o SporTV ligado, a ESPN, esses canais. Eu gosto muito de TV, tanto que eu comecei com televisão, estava na ESPN. Eu nunca me imaginei trabalhando no Youtube, assim como estou hoje. Enquanto eu estava na faculdade só pensava em TV, quando vi, estava no Desimpedidos. E estou amando, é muito bom mesmo. Mas eu amo televisão também.

Hoje eles são muito mais descontraídos. Antigamente era muito mais sério, postado.

Hoje em dia não, eles estão brincando muito mais. Parece que estão pegando um pouco disso do YouTube e levando para a TV porque é o que as pessoas querem. Eu acho que as coisas estão mudando, inclusive na televisão.

Eu assisto geralmente para ver as opiniões, quando você quer uma análise mais técnica do jogo, tática. Eu coloco lá para ver eles falando e geralmente eu quero ver o jornalista que eu curto, que eu gosto, respeito e admiro o trabalho. Então eu vou lá e coloco na TV porque eu sei que ele vai falar, e aí eu quero ver, ouvir ele falando. Eu faço isso mais porque eu gosto, é uma mania que eu tenho. Mesmo antes de entrar no Desimpedidos eu sempre assistia. Acabou o jogo eu sempre vou lá no Troca de Passes, por exemplo. É uma coisa minha, eu curto.

Mas realmente, eu acho que os programas estão ficando mais leves e ainda bem.

Mas falando do jornalismo esportivo, que é onde eu estou inserida, eu acho que é uma coisa positiva você tentar levar para uma coisa mais leve e descontraída.

Antigamente era uma cosa mais postada, hoje em dia eles estão muito mais leves, mostrando quem a gente realmente é.

Como você avalia o comportamento dos veículos de comunicação esportivo nas redes sociais?

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Eu acho que é muito necessário, porque está todo mundo com o celular na mão hoje, a rede social é tudo, qualquer informação que você quer, você vai no Twitter, Instagram e já tem esse contato direto, muito mais do que televisão ou vídeo de youtube, você tem que ir lá abrir. Eu, por exemplo, estou sempre com meu Instagram aberto, WhatsApp, Twitter, então eu acho que é essencial que os veículos de comunicação usem muito as redes sociais.

A gente tenta sempre publicar posts de engajamento, coisas atrativas. Posts que a pessoa quer comentar, quer curtir, quer dar opinião. Temos uma equipe de redes sociais no Desimpedidos e eles fazem reunião de pauta, o que vai fazer, pensa em estratégias. Então tem o pessoal para isso, de social media e eles dominam mesmo.

Eu acompanho as redes do Desimpedidos e a forma com eles lidam com o canal e acho incrível as formas como eles lidam, com coisas engraçadas que tem o perfil do canal. Porque é diferente o post do Esporte Interativo e o post do Desimpedidos, cada um tem um perfil e a gente tem que pensar muito nisso.

Como vocês do Desimpedidos lidam com os haters?

Você tem que pensar que sempre vai ter gente que não vai gostar, nunca você vai agradar a todos. Então quando você percebe isso já é meio caminho andado. Se você quiser agradar todo mundo o tempo todo, você vai ficar frustrado, porque você não vai conseguir agradar todo mundo. Sempre tem nos vídeos que a gente posta pessoas que não gostam disso, daquilo, que xingam. Eu abstraio esse tipo de comentário, porque você tem que saber filtrar. Pois tem gente que vai nas redes sociais só para destilar o ódio e para xingar. Não necessariamente ela não gostou, mas ela quer xingar. Então você tem que saber disso também, não pode pegar tudo para você ou para o canal. Às vezes tem alguns comentários negativos que a gente usa para melhorar, isso acontece. Então a gente tenta ter esse filtro na hora de ler os comentários.

O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida?

Eu acho que sim, porque a gente sempre tem que pensar no que o público quer. Então no que o público do Desimpedidos quer consumir e não no que eu quero fazer. Por exemplo, quando eu entrei eu falava para o meu chefe: "Nossa, eu queria muito fazer um programa assim, assado." E ele "Legal, Marília. Mas será que o público vai ter interesse nisso? Será que é o perfil do canal? Será que vai ter visualização ou é uma coisa que só você quer fazer porque você gosta sem pensar se o público vai querer

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consumir?" Então eu parei de pensar só no que eu quero fazer. A minha visão é de que a gente sempre tem que pensar no perfil do nosso público, o perfil do canal que eu trabalho. E, a partir disso, você pensa no que é melhor ou não. Do que a gente já fez e funcionou, que dá pra fazer de novo, adaptar em alguma coisa. Ou que em algum outro canal, fizeram um vídeo e funcionou demais, gente pode usar de referência.

Então a gente sempre tenta pegar coisas que funcionaram ou que a gente já tem quase certeza que vai funcionar, porque a gente conhece muito bem o nosso público.

Você consegue me explicar o que é o Desimpedidos?

O principal objetivo é levar entretenimento para as pessoas. Porque é o que a gente mais quer, ainda mais nesses tempos tão difíceis que estamos vivendo. A gente conseguir levar entretenimento, fazer as pessoas rirem, acho que isso não tem preço.

Então o principal objetivo é esse, levar entretenimento com informação, de uma maneira leve, descontraída, com humor. Isso se deve muito a forma como a lida com o nosso público, a gente sempre tenta também puxar a audiência para gravar com a gente para termos esse contato mais direto com eles. A gente está sempre pensando no nosso público e tentando agradar eles da forma que a gente consegue.

Marina de Mattos Dantas Quem é a Marina e como se tornou psicóloga do esporte?

Bom, meu nome é Marina Mattos Dantas. Nossa, Carlos! Essa pergunta remonta um tanto de histórias dentro da minha história, porque (quando) eu comecei a fazer psicologia, na verdade eu não tinha intenção nenhuma de trabalhar com essa área dos esportes, principalmente do Futebol que é onde eu tenho mais experiência. Mas com o passar dos anos e das disciplinas, eu já tinha uma experiência de ter sido atleta, fui judoca durante 10 anos, entre minha infância e adolescência, então eu já gostava de esportes. E o encontro com a psicologia foi propício (para) que acontecesse essa vontade de pensar sobre as coisas, não somente as que eu havia vivido, mas de olhar para esse campo a partir das coisas que eu ia aprendendo da psicologia e tentar entendê-lo de outras formas. Então foi um foi um encontro de experiências minhas enquanto área da psicologia. Um terceiro vetor, que é importante também, foi encontro com a área da pesquisa universitária. Então esses três momentos se convergiram nessa questão.

E aí trabalho como psicóloga com o esporte, como pesquisadora e professora também. Faço parte de um grupo que se chama GEFuT, um grupo de estudo sobre futebol e torcidas da UFMG, já há uns bons dez anos, quase. E sou colunista também, do Ludopédio, um portal sobre futebol que tenta juntar essas pessoas que estão envolvidas com as reflexões a respeito dos esportes e de alguma maneira,

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especificamente do futebol. Resumidamente é isso que eu posso dizer sobre minha relação com o esporte e com a minha profissão.

O futebol é uma expressão cultural? É, como tudo que a gente faz na vida. Só que o futebol tem algumas especificidades, dentre outros esportes, falando sobre Brasil, porque ele se conecta com muita intensidade com a vida das pessoas, permeia várias das nossas relações. E aí quando eu falo nossas, eu digo das pessoas que de alguma maneira são apaixonados pelo futebol ou mesmo daquelas que não ligam, mas não conseguem se livrar do tema. Eu acho que para quem mora perto de estádios, por exemplo, é praticamente impossível você ignorar na sua vida o futebol que, minimamente, se você não tiver de olho no horário que vai acontecer jogo X, ou jogo Y, às vezes você pode entrar em situações meio complicadas. E para quem gosta, aquilo entremeia várias áreas da vida, né? As relações afetivas, familiares, toda construção nossa como como ser humano através das relações que estabelecemos, das pessoas que a gente conhece... Então o futebol é uma expressão cultural, sim. Porque é onde a gente tem uma oportunidade de se expressar, de criar vínculos e de se construir, se pensar como gente nessas relações, em como a gente age no meio, como a gente vive de certas paixões, frustrações. O futebol possibilita isso tudo. Às vezes a gente querendo, às vezes a gente não querendo também.

É possível entender como a sociedade se comporta, observando os acontecimentos do futebol? Seria uma espécie de reflexo?

Sim, eu gosto de pensar não tanto como reflexo mas como parte componente mesmo.

Tem muitos pesquisadores que vão dizer assim: "ah, se a gente encontra violência em outras áreas da vida, das relações, da vivência em sociedade, como no futebol seria diferente?" E por isso eu tento não enxergar muito como um reflexo porque ele não é simplesmente uma reprodução. O que a gente produz no futebol está na dimensão do real também, é uma vivência real, a gente não está simulando vivências ali. A gente está vivendo efetivamente. Então eu gosto mais dessa dessa chave de análise que não pensa o futebol meramente como uma representação, embora vários em momentos a gente tem envolvido as relações com simbologias, com questões imagéticas. Mas enfim, eu penso que é muito do plano do real mesmo, e aí através do futebol a gente produz e reproduz também violências, dentre outras coisas. Nossa forma de se relacionar em sociedade dificilmente vai ser muito diferente no futebol, embora no futebol, outra coisa também que os pesquisadores falam, é que a gente costuma ver que as pessoas se sentem mais à vontade para demonstrar as suas sombras, digamos assim, para expressar o que em outros lugares existe um cerceamento maior.

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Mas eu não vejo isso como um reflexo. Eu vejo isso como parte constituinte de como a gente constrói vida, de como a gente constrói a sociedade.

O que acontece dentro dos estádios tem uma relação com a vida na sociedade?

Acho que tem uma relação direta sim e o próprio (ato de) pensar esse espaço como algo fora da realidade, às vezes ajuda, "Já que isso aqui não é real, então eu posso tudo nisso que não é real. Posso soltar a minha imaginação da maneira mais perversa possível." Mas também de maneiras boas, de viver fantasias, viver o lado lúdico do futebol. Tem esse aspecto também. Por outro lado, como é mais fácil da gente identificar essas coisas acontecendo nas relações que rolam em momentos de jogos, em momentos de sociabilidade ligados ao futebol, também é um campo interessante para gente intervir. Porque onde a gente não vê acontecendo é mais difícil, a gente não tem esse elemento tão na cara. Mas ele está aí, ele também está nesses lugares onde a gente não vê. Mas não estou dizendo que por isso a violência no futebol é válida, (portanto) é bom também que a gente possa utilizar esse espaço como um espaço de intervenção mesmo, na educação e das nossas vivências.

Assiste futebol no seu tempo livre?

Assisto. Nesse momento de pandemia eu confesso que eu estou meio... Não anda muito empolgada, não. Continuo gostando de futebol, sou atleticana, torço para o Atlético Mineiro, mas sem muito ânimo de assistir os jogos nesse momento.

Acompanho por grupos no WhatsApp, essas coisas. Mas os meus questionamentos passam um pouco pela vivência torcedora também. E ainda tem uma peculiaridade porque eu torço para Atlético Mineiro, mas eu sou capixaba, morei 18 anos no Espírito Santo. Então a forma como eu acompanhava o futebol lá de Vitória, é totalmente diferente da forma como eu passei a viver o futebol depois que mudei para Belo Horizonte. Falando mais dessa relação clubística. Os próprios acontecimentos das reformas dos estádios para as copas me fizeram repensar um tanto de coisa sobre esse espaço da mulher, de como que eu ia o estádio antes, mas ia com menos frequência e quase como se eu tivesse que pedir autorização. Eu tinha que criar todo um contexto. Eu tenho um amigo que é praticamente meu primo, o Paulo Torres, que era a pessoa que eu acessava porque ele sempre ia os jogos, e aí quando eu queria falava com ele "Paulo, eu posso ir com você?" Mas era essa coisa assim, que tinha que acontecer uma série de combinações que me possibilitasse ir ao jogo.

Depois da confusão toda da Copa, que voltamos a ter os jogos nas principais praças, nos estádios que estavam interditados para reforma e depois para os jogos, viraram área Fifa depois que foram retomados, eu passei aí a frequentar mais, a frequentar sozinha. Tem a ver também com uma questão de amadurecimento e de envelhecimento meu, quando Mineirão fechou eu não era tão jovem, mas me sentia

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menos apropriada daquele espaço e um pouco mais velha eu percebi e me vi em condições de encarar, "Não, eu quero ir em um jogo, eu vou. Não vou ficar nessa coisa aí de que tem que chamar fulano, tem que chamar ciclano. tem que criar toda uma força-tarefa para ir ao estádio. Eu quero ir, eu vou.

Mas estou falando da condição de uma mulher branca, de classe média e tem toda essa questão também. Eu sei que algumas mulheres tem uma família que para a qual não é um impeditivo gostar de futebol, muito pelo contrário. Eu sei que para outras mulheres. em outros contextos não é simplesmente assim, "um dia eu acordei e decidi que vou ao estádio, e vou." Isso tem a ver com a circulação das mulheres pela cidade em dias de jogos, já começa por aí, já começa do sair de casa, das relações que você tem em casa, que de repente, se são pessoas que não têm uma abertura para essa vivência do futebol, tem uma carga de preconceito, vão cercear essas mulheres de sair. Eu sempre estive fora desse contexto, sim. Então para mim, chegar a esse ponto de uma certa autonomia de ir ao estádio não teve maiores consequências, mas para muitas mulheres isso acontece, não é visto com bons olhos muitas vezes.

Você acha que as questões sociais estão sendo debatidas o suficiente nos programas esportivos?

Se a gente for pensar em televisão especificamente, eu vejo o campo meio fechado nesse ponto. Eu acho que ainda existe uma perspectiva muito conservadora que acaba reproduzindo, bem ou mal, que esse espaço é de uma determinada masculinidade, não vou nem dizer de homens no geral, mas de uma determinada masculinidade. Tenho um pouco a impressão de que essa programação é feita para esse tipo de homem, digamos assim, para um para homens específicos, não é para qualquer homem também. Então falando especificamente da televisão, se formos falar ainda de TV aberta, acho que tende a uma conservação maior. Porém com essas mudanças que as novas tecnologias nos trazem, que hoje em dia mais pessoas podem colocar projetos em andamento, com menos dificuldades e de uma maneira menos dependente dessas relações mercadológicas, então eu consigo enxergar nesses outros programas, que não tem muitas amarras, abordagens diferentes desse sistema.

Lá no GEFuT a gente tem um programa na Rádio UFMG educativa, rádio universitária, então também não é em qualquer meio de comunicação, também não tem essa questão das amarras mercadológicas que atravessam tão forte a programação, muito pelo contrário. O posicionamento lá é oferecer, justamente, algo que vá numa linha diferente da rádio que depende de um mercado para para sobreviver. Mas a gente tem o Óbvio Ululante, que é basicamente isso, são pessoas que estudam futebol. O programa nasce a partir dessa relação dos alunos da comunicação com os de educação física, na época que estudavam futebol, e o GEFuT sendo criado, a rádio sendo criada, nasceram em períodos muito próximos. E a ideia do programa sempre foi pensar o futebol, discutir o óbvio, mas discutir o óbvio de uma maneira diferente. A

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premissa do programa é essa. E com isso a gente traz aspectos históricos, sociais, culturais que permeiam as relações no futebol para a discussão, para a pauta. É é um programa que tem total liberdade, em que até se espera que toque em certos assuntos ainda espinhosos, que muita gente tem medo de tocar, muita gente tem medo de reconhecer que são necessários, mesmo porque isso mexe com as nossas estruturas e como criamos gente, criamos sociedade, criamos indivíduos. Então é muita coisa envolvida, em disputa, mexe também com mercados, interesses, investimentos... Então, em alguns programas é como no Contra-ataque (podcast), eles também têm uma proposta bem clara de que não é tratar o futebol como se nada mais tivesse ligado a ele.

Então eu vejo que sim. Nessas ditas "mídias alternativas", que dependem menos de interesses mercadológicos, corporativos, muito estruturados e que tenham outros meios de sobrevivência e quando não apenas na vontade dos envolvidos... Nesses programas eu acho que eles tendem a ter uma perspectiva mais interessante, de trazer temáticas interessantes nesse sentido de se pensar (questões) sociais e também nas formas de abordagem, de se pensar em como fazer isso. É bem interessante.

O jornalismo esportivo é afetado por uma “lógica capitalista”, onde o desejo pela audiência e interação do público são os fatores predominantes para decidir o que vai ser produzido e publicado pelos veículos de comunicação? Ou é apenas uma questão de machismo estrutural, em não ver necessidade em debater outros assuntos?

Eu acho que é um pouco das duas coisas. É um pensamento conservador mesmo, da forma de se fazer jornalismo, que é toda uma questão ligada a uma suposta imparcialidade, que quando a gente vai investigar a fundo, na verdade é um modo de posicionamento, não uma imparcialidade. Então eu acho que é um resquício disso ainda, um medo de se aventurar em novos mercados, porque eu acho que o público que está aberto a ouvir sobre essas coisas não é tão pequeno, não é tão seleto como se pensa. E são novas formas de pensar a comunicação que estão postas, então entra uma questão que eu acho bastante interessante que é a de que a diversidade, a pauta da diversidade, tem o seu nicho de mercado também. Muitas pessoas estão começando a perceber que falar disso também da audiência, que isso também gera dinheiro. Então, muitas vezes, por essa via esses sistemas entram nos meios de comunicação mais tradicionais. Óbvio que não com aquela profundidade, mas já entra. Mas eu ainda penso que muito por um viés mercadológico, numa questão de se pensar. Está longe de ter um aprofundamento da questão.

Porém, as pessoas que acompanham esses programas mais tradicionais, muitos pautados por essa questão de ser mais entendimento do que jornalismo, e o entretenimento também baseado em ofensas e preconceitos, porque não é qualquer tipo de entretenimento. É um entretenimento que não deixa de ser educativo, um

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espaço de educação. Então ao mesmo tempo em que está sendo reproduzido, a gente está ensinando as pessoas a continuarem a agir, se construir e a ter condutas com base naquilo que está sendo reproduzido. É uma via de várias mãos, para não ficar num dualismo, de vários atravessamentos nesse sentido.

O que falta para esses assuntos ganharem mais espaço e começarem a ser mais debatidos?

Eu acho que é uma confluência de tantas coisas, porque que muitas das pessoas que estão trabalhando ainda nesses veículos de comunicação mais tradicionais não têm a mesma cabeça. Elas não pensam da mesma forma que a instituição, a organização.

Como eu convivo muito com jornalistas, às vezes eu sei que a pessoa está com ideias de pautas maravilhosas, porém ela não consegue oferecer aquilo onde ela está. Ela não consegue desenvolver onde ela está. E aí entra essa democratização relativa dos usos das tecnologias, que fica muito mais fácil você gravar um podcast, veicular as ideias que você tem, ao mesmo tempo que é uma concorrência enorme também, porque a todo momento tem gente.

Se a gente envereda por essa questão do marketing de conteúdo na forma de como isso também padroniza modos de ser e como a gente vai criando um certo jeitinho, mesmo nessas mídias alternativas, um jeitinho meio que igual a uma linha de produção de programas. Óbvio que muita coisa sai disso. Mas isso está se estruturando como uma nova forma hegemônica de se passar conteúdo.

Como você analisa o futebol nas redes sociais? Os posts publicados por alguns veículos de comunicação que estimulam discussões desnecessárias e que geram polêmicas vazias e os comentários do público.

Já faz um bom tempo que eu não assisto TV. As coisas que eu gosto, que eu quero, ouço muitos podcasts, vejo muita coisa no YouTube, não somente relacionado a futebol. E isso tem o lado legal dessa coisa de você ter uma diversidade muito maior e um controle muito menor do que está sendo veiculado, no sentido que a censura é bem menor, porém a gente entra também nessa questão ligada ao marketing de conteúdo que são as bolhas. Acaba que a automatização da tecnologia, dos algoritmos que vão selecionar para você o que você vai ver ou não. Com isso, se por um lado tem "Ah, mas eu gosto porque eu não preciso me dar o trabalho de ficar (procurando), já vai aparecer para mim, mais ou menos, as coisas que eu gosto. Mas isso limita um pouco a gente também na diversidade do que a gente vê. O que é isso da gente só consumir coisas com as quais a gente concorda e de ficar falando conversando entre pessoas que pensam mais ou menos de uma mesma maneira? Eu acho que isso tem um aspecto que é meio complicado nesse ponto de falar sobre diversidade, porque acaba que a gente vai limitando um pouco o nosso poder de

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seleção, sobre o que a gente quer ver ou não. E é até saudável a gente ver coisas, desde que não seja muito bizarro porque hoje em dia a gente vê cada coisa... Mas opiniões de pessoas que não concordam com você, ter contato com essas coisas não é necessariamente prejudicial.

Agora o problema também é a gente enveredar de ficar assistindo coisas que só fazem mal para a gente, coisas que não são conteúdos que falam de uma contra argumentação do que a gente pensa, mas que falam de uma deslegitimação do que a gente é. Aí eu acho que é uma questão mais complicada. Mas é isso, a gente tem que ter também um certo senso que não dá para ficar pegando uma ou duas coisas que estão no mundo e se bitolar naquela cartilhazinha ali e não consegui enxergar mais nada que está ao redor.

Isso que a gente pensa né de se aprofundar numa certa discussão de diversidades que devem existir e ser visibilizados é importante também, porque é necessário que essas discussões cheguem aquela pessoa que não entende muito bem o que está fora da bolha dela, mas que pode ter um olhar atento e pode começar a entender o que se passa em outros lugares que não a bolha dela. Então se a gente restringe muito esse nosso universo, começa a criar um mundinho muito particular que te impede um pouco nessa coisa da visibilização das diferenças e fica sempre se olhando entre os iguais. É um certo paradoxo que tem aí nesse vasto mundo virtual da internet, das linguagens.

O próprio público é responsável pelo fato de alguns veículos priorizarem o entretenimento ao invés do jornalismo sério no esporte? Acredita que a sociedade quer ser entretida? O público tem culpa de as questões sociais possuírem pouco espaço na mídia esportiva?

Temos... Acho que de maneira geral existem, como você falou, os bons usos, mas existem os maus usos também. E é uma coisa interessante porque parece, às vezes, que quem não gosta do que tá sendo noticiado ali gasta de energia maior, tem o interesse maior em deixar ali as suas impressões, do que quem gostou.

Eu sou professora também nesse momento de lidar com essa coisa do ensino remoto, por exemplo, eu vejo que existem lá os espaços de fóruns de discussão online quando você tá dando uma disciplina e é muito difícil você montar um fórum e conseguir que as pessoas interajam ali, porque isso envolve você deixar suas impressões ali, parece que é uma coisa que não tem esse peso de um eterno tão grande, mas parece que a gente ainda pensa que "nossa, eu deixei alguma impressão minha algum lugar e um dia alguém vai ver". E, às vezes, nem é tanta gente que vai ver assim. É diferente para gente falar da utilização da fala, por exemplo. A gente fala e não está muito preocupado com as consequências. Muitas vezes tem pessoas aí que vai saber por quais motivos ou apenas pelo prazer do ódio, pelo... Enfim, não sei o que se passa.

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A gente deve ter estudos que falam dos haters, mas é uma questão a se pensar mesmo.

E falando de uma maneira bem genérica, eu acho que as pessoas se poupam muito de deixar comentários positivos. Por exemplo essa reportagem sobre futebol feminino, pelo que você tá falando, de repente, muito mais gente gostou, poucas foram aquelas que deixaram um comentário lá e vão falar "muito bom, futebol feminino tá aqui nesse espaço...". Geralmente as pessoas vão falar, mas vão vamos reproduzir, vão levar o conteúdo para o lado e vão interagir de outras formas.

Agora existem essas pessoas que têm um prazer em, de uma certa forma, destruir aquilo que acha que é diferente delas. E aí é uma questão muito complicada, mesmo a gente falando de internet.

Como você enxerga o cenário do futebol brasileiro atualmente?

A gente está em um momento de transformações, se for colocar em pauta o contexto pandemia as coisas ficam mais imprevisíveis ainda. Mas é um momento de transformações e de disputas também, eu acho que tem um pessoal que não era muito visibilizado, porque até injusto a gente dizer que essas pessoas não existiam antes, parece que só porque agora a gente ouve mais elas falando, que elas só existem agora.

Eu acho um absurdo quando se fala que não existia mulher nos estádios, que foi a copa que possibilitou as mulheres irem aos estádios. A questão é essa, elas estavam lá. A questão, o que era para mulher ir ao estádio antes, quais mulheres iam ao estádio antes, quais que estão podendo ir depois, são essas questões que a gente tem que olhar com cuidado. Mas ainda enxergo, principalmente nesse campo dos grandes espetáculos de série A e série B, de Brasil e de CBF, posturas muito conservadoras, ainda que em algum momento ou outro pela própria luta das pessoas que estão envolvidas com futebol, especificamente com futebol feminino.

Acaba conquistando certos espaços, mas se manter ali em meio a essas relações marcadas por histórias, por meio de uma oligarquia que comanda esse futebol, não é uma tarefa fácil. Não é qualquer um com pensamento novo, pensando coisas diferentes, que vai ser bem aceito em um clube ou na CBF. Mas existem movimentações e pressões sociais que tão aí para dizer o contrário, "olha é preciso olhar para esses temas aqui." É preciso que a gente não admita mais racismo com tanta naturalidade no futebol para, não dizer em outros espaços. Mas é preciso que a gente olha para essas questões aí, a gente tem o Observatório da Discriminação Racial no futebol, lá do Rio Grande do Sul, que trabalha arduamente na questão da visibilização das formas como a gente trata o racismo no futebol. É de pensar assim: "olha, o racismo não está ali somente quando um jogador é xingado, racismo não está ali somente quando alguém taca alguma coisa num jogador em campo. Ele está em outros momentos também, e a gente precisa tratar dele em outros momentos e não só quando acontece algo que se torna visível." Então eu acho que é um papel da mídia

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fundamental escutar, mais escutar do que tornará visível, porque as pessoas são visíveis, a questão é a gente querer olhar para elas.

Então é isso. É escutar o que essas pessoas estão dizendo, enxergar essas outras vivências que estão ali sendo massacradas de formas distintas, desde violência física efetivamente até o cerceamento de pessoas de poderem assistir uma partida de futebol. Você está cada vez mais elaborando esse produto para ele ser um produto para poucos consumidores. E aí quando a gente pensa nessa possibilidade do futebol sem torcidas, que tem acontecido nos estádios, é um cuidado que faz parte da mídia observar e te dizer que assim: "olha, esse campo aqui, esse esvaziamento, tá sendo de pessoas que estão em outros lugares, mas elas continuam existindo." E dos torcedores de falar "ó, eu não vou virar um torcedor de papelão holográfico, eu não vou ficar apenas pagando para colaborar com a existência de um clube, sem poder participar efetivamente da vida desse clube." Que eu acho que é uma questão muito forte no Brasil hoje em dia. E que tem pesquisadores que trabalham muito com isso também, essa questão do sócio consumidor, em que você é sócio e apenas para consumo. Você não participa das decisões políticas relacionadas ao clube, são poucos dentro dessa hierarquia entre os torcedores, que afastam cada vez mais uns dessa vivência política e deixam na mão e poucos.

E a gente vê o que acontece nos clubes, são poucos os casos no Brasil, principalmente quando a gente fala aí dos seletos de série A e B, que a gente vê acontecendo diferente.

Como se resolve esse problema da falta de espaço para os debates sociais no jornalismo esportivo?

Eu acho que é escutando mais e aprendendo a falar dessas coisas também um pouco nas entrelinhas, nos entrespaços, vamos dizer assim. Se não existe a possibilidade de eu trazer uma discussão inteira e aprofundada, por exemplo, sobre o futebol de mulheres, de que outras formas eu posso abordar isso em outras pautas? De que formas eu posso trazer um pedaço disso, parte disso em outras pautas? Eu acho que demanda um pouco de criatividade, mesmo. De jogo de cinturas, às vezes, de falar sem dizer que está dizendo, sem necessariamente estar sendo tão explícito.

Roteiro

DOCUMENTÁRIO: Futebol do Espetáculo

DATA: 11/10/20

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ALUNO (A): Carlos Soares

SINOPSE: Até onde o entretenimento pode fazer parte do jornalismo esportivo em troca de audiência? Este documentário apresenta uma reflexão do comportamento de programas televisivos e páginas virtuais esportivas que utilizam, em excesso, o ato de entreter o público colocando em risco a sua credibilidade e dedicam pouco espaço para propor o debate em relação as questões sociais que envolvem o futebol.

ROTEIRO: TEMPO TIPO 00’00” Claquete

Imagem Tela preta, preenchida com informações sobre o documentário que será exibido

Áudio Sem áudio.

00’05”

Imagens mostrando a relação intensa dos torcedores com o esporte

Inicia a música de abertura.

Continua com as imagens dos torcedores e situações emocionantes do futebol

Thiago Crespo: “É uma expressão cultural e acho que ela denota vários traços da sociedade particulares, de determinadas sociedades de países. É possível dissociar o Brasil, a história brasileira e o que é a nossa sociedade do futebol? É impossível.

00’33”

Abertura

Entrevista

Renata Mendonça: “O futebol, esporte mais popular do planeta, reúne todas as características e elementos da sociedade. O futebol tem política, o futebol tem economia, o futebol tem questões sociais, o futebol tem rico e tem pobre, tem desigualdade, tem tudo isso no mundinho dele.”

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00’50”

Entrevista

Imagens continuam

Marina de Mattos: “Aquilo entremeia várias áreas da vida, né? As relações afetivas, familiares, toda construção nossa como como ser humano através das relações que estabelecemos, das pessoas que a gente conhece...”

01’09”

Entrevista

Imagens continuam

Renata Mendonça: “‘Por que ser só um jogo aqui, se tem milhões de pessoas me assistindo e eu posso passar uma mensagem, pegar as minhas relações sociais aqui e mostrar que elas podem ser melhores, podem ser iguais?’. O futebol é só um pedaço da sociedade, mas é um pedaço muito importante, é um mundinho dentro da sociedade, mas é um mundinho muito relevante porque ele é acompanhando por muita gente.

01’35”

Vinheta

Com o fim da introdução, começa a vinheta anunciando o nome do Documentário e o nome do diretor O documentário começa com os personagens se apresentando, primeiro Renata Mendonça, com imagens atuando na profissão

01’55”

Entrevista

Sobe a trilha sonora

Renata Mendonça: “Desde que eu decidi fazer jornalismo, eu sempre quis fazer jornalismo esportivo.

Talvez porque a minha relação com o esporte sempre tenha sido muito forte, desde a infância.

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Então sempre pratiquei esporte, gostava de assistir.

O esporte é uma paixão e nada mais legal do que você trabalhar com uma paixão na sua vida.”

02’15”

Entrevista

Agora apresentação do Thiago Crespo, com imagens dele atuando na profissão

Thiago Crespo: “Cara, acho que ninguém que escolhe fazer jornalismo escolhe por um único motivo. Mas os meus principais são, claro, a escrita e a leitura.

Desde muito pequeno, sempre gostei muito de ler, de escrever e de ouvir histórias.

Tem muita gente que me diz "Pô, é muito impressionante como você gosta do que você faz." E eu acho que esse é o melhor elogio que eu posso receber. Porque eu, de fato, sou apaixonado por isso.

Acho que a ideia de mudar alguma coisa na vida de alguém, esse romantismo do qual o jornalista está impregnado até hoje, e tem que estar mesmo, também um dos motivos muito claros para mim. Eu sempre quis, de alguma forma, poder mudar qualquer coisa que fosse e além de contar histórias e ouvir histórias dos outros. A gente faz isso. Fora do esporte, dentro do esporte, enfim... Em qualquer âmbito do jornalismo.”

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03’27”

Entrevista

Marília Galvão se apresenta falando o que faz no Desimpedidos Imagens dela na entrevista e no dia a dia na profissão.

04’10”

Texto

04’16”

Entrevista

Texto introduzindo o telespectador ao novo assunto “Futebol como expressão cultural”.

Psicóloga Marina de Mattos Dantas comentando sobre a importância do futebol na vida das pessoas Imagens sobre a importância do futebol para as pessoas intercalando com a imagem da entrevistada

04’42”

Entrevista

Thiago Crespo reforça a importância do futebol para as pessoas

Marília Galvão: “Eu entrei como apresentadora, mas eu faço de tudo lá e eu gosto disso. Eu faço produção, ajudou nos outros programas que eu participo, então tudo que eu poder fazer ali, eu ajudo, porque eu aprendo.

Aprendo demais no Desimpedidos. Às vezes a gente grava vários programas em uma semana e aí já gente tem uma gaveta maior para as outras, aí nas outras fica mais tranquilo. Então é bem assim. Mas eu faço de tudo lá, não só apresento, não.

Vou atrás, faço produção e edição também, mando material para edição cobrir com imagens, enfim. Eu faço várias coisas e é muito bom, está sendo bem legal para mim.”

Sobe a trilha sonora.

Marina de Mattos: “O futebol tem algumas especificidades, dentre outros esportes, falando sobre Brasil, porque ele se conecta com muita intensidade com a vida das pessoas, permeia várias das nossas relações. . E aí quando eu falo nossas, eu digo das pessoas que de alguma maneira são apaixonados pelo futebol ou mesmo daquelas que não ligam, mas não conseguem se livrar do tema.

Thiago Crespo: “O esporte é um agente transformador a para muitas coisas, é um

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agente transformador para a vida de uma pessoa, para a vida de uma criança na periferia, mas é também, mas uma sociedade de forma geral.”

Marina de Mattos continua Marina de Mattos: “Então o apresentando argumentos futebol é uma expressão que retificam a cultural, sim. Porque é onde importância do futebol, a gente tem uma tratando agora, da oportunidade de se oportunidade de se expressar, de criar vínculos expressar por meio dele. e de se construir, se pensar Imagem dela falando. como gente nessas relações, em como a gente age no meio, como a gente vive de certas paixões, frustrações.

O futebol possibilita isso tudo, às vezes a gente querendo, às vezes a gente não querendo também”.

Thiago Crespo usa como Thiago Crespo: “na última exemplo o copa do mundo feminina, posicionamento das ano passado, o time dos jogadoras da seleção Estados Unidos, que feminina dos EUA na acabou sendo campeão, as Copa de 2019 meninas levaram a cabo um protesto em relação a Imagens dele e da igualdade de salários entre seleção dos EUA jogando homens e mulheres no na Copa do Mundo em futebol.

2019 Eu me lembro até hoje dos gritos das jogadoras da seleção feminina americana, elas entravam em campo e o grito era assim "USA, EQUAL PAY", pedindo a igualdade de salários. Elas levaram essa bandeira a diante e foram campeãs depois, conseguiram muito mais do que um título com esse tipo de expressão. que não deixa de ser cultural, porque, afinal de contas, o racismo, o machismo, a misoginia tudo faz parte da nossa Com imagens intercalando com a entrevista

04’53”

Entrevista

05’25”

Entrevista

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06’13”

Entrevista

Renata Mendonça completa falando da igualdade de diárias para o time masculino e feminino na seleção brasileira.

Imagens dela falando e dos fatos que estão sendo relatados.

Quando ela acaba a tela escure.

07’17”

Entrevista

Marília Galvão é introduzida na conversa falando das questões sociais no futebol Imagens da entrevista A tela escure após o final da fala.

expressão cultural atualmente.”

Renata Mendonça: “Então se você mudar uma coisinha no futebol, por exemplo uma coisa que aconteceu recentemente, a igualdade de pagamento das diárias para jogadores e jogadoras, isso tem um impacto muito grande.

Tanto que até hoje estão discutindo sobre isso dizendo que a jogadoras não tem a mesma visibilidade, só que essas pessoas não param pra pensar que primeiro, na sociedade isso acontece direto, essa desigualdade, o homem ganhar 30% a mais para desempenhar a mesma função e cara acha isso normal; e segundo, que quando você um exemplo no futebol, as empresas possam para pra pensar ‘Poxa, será que eu faço isso aqui?’. Os caras vão parar pra pensar que diária é um dia de trabalho, sabe? Se você trabalha ao lado do seu colega de baia, fazendo a mesma coisa que ele, não faz sentido você ganhar menos do que o cara, não faz sentido.

Então eu acho que o futebol pode ser utilizado para lançar todas essas questões.”

Marília Galvão: “o futebol reflete o que é a nossa sociedade. Não tem como você separar uma coisa da outra. Quando a gente vê casos de racismo, por exemplo, a gente vê como a sociedade é, porque é uma coisa que acontece ali,

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mas acontece no barzinho, acontece na rua, acontece na sua casa, na casa do seu amigo, com o seu amigo.”

07’40”

Entrevista

Marina de Mattos explica essa questão

Marina de Mattos: “Se a gente for pensar em televisão especificamente, eu vejo o campo meio fechado nesse ponto. Eu acho que ainda existe uma perspectiva muito conservadora que acaba reproduzindo, bem ou mal, que esse espaço é de uma determinada masculinidade, não vou nem dizer de homens no geral.”

08’05”

Entrevista

Renata Mendonça reforça a opinião da Marina

Renata Mendonça: “Às vezes falta vontade e preparo dos jornalistas em se aprofundar nessas coisas. É muito mais fácil você falar ‘o Dudu foi acusado pela mulher de agressão, mas ele nega e está indo jogar no Catar.

Qual a falta que ele faz para o Palmeiras?’ e ficar só nessa discussão, e daqui a um mês você vai ter outro jogador, como teve o Jean, goleiro, que em janeiro espancou a mulher, hoje está no Atlético-GO, inclusive jogando, na primeira divisão... e a gente não debate! A gente fala só do campo ‘Ah! O Jean foi comprado pelo AtléticoGO.’... Só, acabou aí o assunto. E aí surge ‘a gente não tá aqui para julgar’.

Não, mas a gente está aqui para falar e isso é um problema recorrente.”

Imagens da Renata, e de matérias do Globo Esporte reforçando a sua fala.

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09’09”

Entrevista

Renata Mendonça continua comentando, agora sobre a questões das manifestações contra o racismo no futebol.

Imagens dela e dos casos dos quais ela está falando.

Renata Mendonça: “agora estamos tendo vários protestos com manifestações antirracistas e no fim de semana tivemos várias comemorações de Pantera Negra, em homenagem ao Chadwick Boseman que morreu, e em nenhuma delas você via alguém trazendo um contexto ‘ah, é uma homenagem ao Pantera Negra, esse filme que trouxe tanta importância para a população negra, que falava da diáspora africana...’ algum contexto, entendeu? Por que não aproveitar esse momento para trazer uma questão tão importante para os negros? Por que na transmissão não que estão com o punho cerrado para cima, que é uma manifestação antirracista?

Por que não aproveitar e trazer mais contexto disso?

Então eu acho que às vezes a gente é superficial, porque não se acostumou a não prestar atenção nas coisas... outro exemplo, coletiva do Roger Machado, teve o jogo Fluminense x Bahia, os dois técnicos negros e aí alguém perguntou para ele sobre a camisa do observatório racial ‘vocês dois usaram as camisas do observatório racial no futebol, o que significa essa campanha?’, e aí ele deu aquela aula sobre racismo, sobre desigualdade racial...

E a pergunta em seguida dessa foi qualquer coisa

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11’26”

Entrevista

Renata Mendonça continua comentando sobre casos em que as questões sociais são deixadas de lado jornalismo esportivo.

Imagens sobre o caso de 2019 no jogo Vasco x São Paulo, que foi paralisado por conta dos gritos homofóbicos da torcida e as pessoas que estavam transmitindo o jogo quase não falaram sobre isso.

12’13”

Texto

Texto introduzindo o telespectador ao novo

sobre o esquema tático do Bahia. Então o cara te dá uma resposta desse nível, sobre um assunto tão urgente e você está tão (focado) no que você tem que fazer que não percebe a oportunidade de dar continuidade a esse assunto... Porque às vezes no jornalismo é tudo muito automático, é muito coisa que você que entregar e às vezes você entra nessa rotina e não enxerga o que está acontecendo.”

Renata Mendonça: “no ano passado teve a transmissão de Vasco x São Paulo e pela primeira vez o jogo foi paralisado pela arbitragem por causa dos gritos homofóbicos. Mas na transmissão eles não falam disso. Falam que ‘O jogo parou? Ah, é por causa dos gritos’ e eles continuam falando ‘então, o que São Paulo e o Vasco tem de fazer para ganhar o jogo?’ e não se fala disso (os gritos). Isso, para mim, corrobora com alienação, a ideia alienada do esporte, porque você está se comportando como um alienado, você que está fazendo essa transmissão.

Então é importante aproveitar esse momento e falar o porquê isso está acontecendo, que é por causa dos gritos homofóbicos, que isso é errado, que já passou da hora de acabar com isso, estabelecer um debate.”

Sobe trilha sonora.

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assunto “O entretenimento no jornalismo esportivo”.

12’20”

Arquivo

13’50”

Entrevista

Trechos de alguns programas esportivos em que determinados momentos o entretenimento parece ganhar maior destaque do que o jornalismo.

Thiago Crespo fala da relação do entretenimento com o jornalismo esportivo Imagens da entrevista

14’19”

Entrevista

Marília Galvão mostra o posicionamento dela sobre o assunto Imagens da Marília e da Copa do Mundo

14’55”

Entrevista

Thiago Crespo volta a falar sobre o assunto

Áudios desses programas.

Thiago Crespo: “Eu acho que existe um tabu muito grande em associar o jornalismo esportivo ao entretenimento. Essa é uma discussão que eu tenho com colegas de profissão há anos e vejo que a pessoas veem como se fosse uma vergonha, como se associar o esporte ou o jornalismo esportivo ao entretenimento fosse uma coisa, de alguma forma, menor. E não é.”

Marília Galvão: “É só a gente pensar, você na sua casa, chega na quarta-feira cansado do trabalho, você ligar a TV para ver seu jogo, é para você relaxar, se divertir. não tem como fugir disso. É um show. Copa do Mundo, o maior exemplo disso. A pessoas viajam, querem se divertir, querem torcer. Aí você vai no estádio, conhece gente, você vê, torce, grita, chora. Então eu vejo muito mais por esse lado do entretenimento mesmo, do que uma coisa totalmente séria.”

Thiago Crespo: “É um tabu desnecessário, quase infantil, porque a gente pode assumir o jornalismo

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15’28”

Entrevista

Renata Mendonça fala sobre o entretenimento no jornalismo esportivo.

Imagens sobre futebol.

15’56”

Entrevista

Thiago Crespo reforça a sua opinião e explica como aplica isso no seu trabalho.

Imagens de uma reportagem produzida por ele recentemente.

esportivo como entretenimento, mas também como informação, não precisamos dissociar ou polarizar essas questões. Acho que o esporte e, portanto, o jornalismo esportivo, abraçam as duas coisas.

Eu posso informar, eu posso denunciar, inclusive, e eu posso entreter, posso contar isso de uma forma leve. E cada notícia pede um tipo de voz, um tipo de cobertura.”

Renata Mendonça: “Tudo pode ter uma função e o futebol, pelo fato dele agregar e conectar tanta gente seria muito minimalista a gente tratar ele como ‘ah! Vamos ver um negocinho aqui’. Olha a quantidade de pessoas que para tudo para ver esse ‘negocinho aqui’. Então não é só para gastar uma hora e meia do seu dia.”

Thiago Crespo: “Então quando você se propõe a contar a história de um jogo, o entretenimento é muito bem-vindo. Por entretenimento entenda uma comunicação mais informal, um jeito mais informal de contar uma história. Então eu acho que é muito saudável, muito positiva essa relação e, de novo, não é excludente.

Acho que você pode fazer uma coisa e fazer outra, o jornalismo esportivo abraça tudo isso de uma forma muito heterogênea.

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16’44”

Entrevista

Thiago cita o experiente jornalista Tino Marcos Imagens da entrevista e do jornalista Tino Marcos

17’54”

Entrevista

Marília Galvão encerra a sua opinião sobre o entretenimento no jornalismo esportivo

18’15”

Entrevista

Thiago Crespo termina de falar sobre o entretenimento utilizando a reformulação do Globo

Thiago Crespo: ”E para isso eu recorro ao mestre dos mestres, Tino Marcos, um dos maiores ídolos de qualquer jornalista esportivo, e também meu.

Quando a gente estava no processo do Passaporte SporTV, lá no Rio (de Janeiro), o Tino veio bater um papo com a gente, sempre muito generoso, muito atencioso, e ali ele me deu uma aula que só de lembrar me arrepia, mas que é uma verdade máxima que eu tento levar comigo e passar adiante com os devidos créditos. O Tino diz o seguinte: ‘Quando eu escrevo uma reportagem eu penso no meu pai, que sabe tudo de futebol, que sabe todos os jogos, conhece todos os times, já viu todos os lances, sabe tudo. Mas eu também penso na minha mãe que não consome esportes, que não entende nada de futebol.’ E eu acho que isso é lindo porque, de alguma forma, cristaliza essa diversidade.”

Marília Galvão: “Mas falando do jornalismo esportivo, que é onde eu estou inserida, eu acho que é uma coisa positiva você tentar levar para uma coisa mais leve e descontraída.

Antigamente era uma coisa mais postada, hoje em dia eles estão muito mais leves, mostrando quem a gente realmente é.”

Thiago Crespo: “Lá em casa sempre foi uma guerra, inclusive, porque na hora do almoço eu pegava

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Esporte como exemplo de algo positivo.

Imagens de uma edição do Globo Esporte.

o prato, meu pai também e a gente ia pra sala para assistir o Globo Esporte, cresci assim. E minha mãe não ia junto, ela ficava na cozinha reclamando que a gente estava lá. E ela, de repente, começou a consumir, a se interessar pelo Globo Esporte. exatamente porque o Tiago (Leifert) promoveu essa ruptura na forma de se comunicar com o público e na forma de passar a mensagem, passar o esporte adiante.

Sobre ser melhor, eu não acho que existe uma forma que seja a melhor. Existe público para tudo. Existe o público que quer consumir o esporte de uma maneira mais séria, existe o cara que quer assistir o programa Mesa-Redonda que vai discutir a tática, que vai discutir estratégia, posicionamento, números, tem esse cara. Mas também tem o cara que quer ver a história do jogo ou a reportagem esportiva de uma forma mais leve, com outras referências.

Então não acho que exista uma forma melhor de fazer, acho que essa pluralidade, pelo contrário, ela é extremamente saudável e interessante, porque existe público para tudo isso.”

19’30”

Texto

Texto mudando o assunto para a relação com as “redes sociais”.

Sobe trilha sonora

19’36”

Entrevista

Renata Mendonça fala sobre a relação das redes

Renata Mendonça: “Primeiro que demorou

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sociais com o jornalismo esportivo.

20’28”

Entrevista

Thiago Crespo falando sobre as redes sociais

21’15”

Entrevista

Marília Galvão contando sobre como o

muito para que os veículos tradicionais de comunicação perceberem que as redes sociais eram importantes. Eu acho que você precisa pensar numa linguagem para falar em cada espaço que você tem, na TV você tem uma linguagem, no Youtube você tem outra, no jornal (impresso) você vai ter outra, no Twitter... Cada tipo de mídia pede a sua linguagem. Assim como aconteceu com o advento de sites de notícias as pessoas falavam ‘nossa, vai acabar o jornal’, e eu acho que o jornal demorou muito para enxergar o seu papel dentro dessa nova comunicação.”

Thiago Crespo: “engajamento. E acho que, talvez, o papel das redes sociais seja muito mais esse do que de reprisar aquilo que está sendo dito na TV. Na rede social é tudo muito rápido, você quer passar para o próximo e aquilo tem que te prender de alguma forma. Objetivo hoje, não só dos veículos de comunicação, mas das pessoas também, que se propõem a interagir nas redes sociais é esse contato com o público. De repente, a rede social não permita o mesmo espaço que um programa para determinado tipo de discussão, então ali seja, de fato, mais o "Messi x Cristiano Ronaldo", mesmo.”

Marília Galvão: “A gente tenta sempre publicar posts

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Desimpedidos trabalha as suas redes sociais Imagem dela falando e do trabalho feito pelo Desimpedidos

21’45”

Entrevista

Thiago Crespo volta a falar sobre as redes sociais

22’14”

Entrevista

Marília Galvão continua falando das redes sociais em relação ao Desimpedidos Imagens de apoio relacionadas ao assunto.

22’45”

Entrevista

Renata Mendonça volta a falar sobre o assunto Imagens de apoio.

de engajamento, coisas atrativas. Posts que a pessoa quer comentar, quer curtir, quer dar opinião. Temos uma equipe de redes sociais no Desimpedidos e eles fazem reunião de pauta, o que vai fazer, pensa em estratégias.

Thiago Crespo: “Se eu gosto ou não dessa discussão eu acho que é uma outra coisa, mas me parece muito natural, muito orgânico porque a natureza da rede social é essa, a interação com o público, o engajamento. Então é quase inevitável você não propor esse tipo de interação mais rápida.

Quando um clube faz um post e aquilo tem uma repercussão é importante você entender o que está acontecendo, como os torcedores estão reagindo aquilo, então é um novo mundo.”

Marília Galvão: “Eu acompanho as redes do Desimpedidos e a forma com eles lidam com o canal e acho incrível as formas como eles lidam, com coisas engraçadas que tem o perfil do canal. Porque é diferente o post do Esporte Interativo e o post do Desimpedidos, cada um tem um perfil e a gente tem que pensar muito nisso. “ Renata Mendonça: “é um potencial muito grande das redes sociais de comunicar de uma forma diferente, de talvez trazer mais participação, estimular

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discussões. Tem seus pontos negativos também, porque atrai um monte de gente babaca, mas todas as coisas têm seus pontos positivos e negativos.

Agora, grandes veículos podem aproveitar muito mais do que aproveitam o potencial das redes.

23’20”

Entrevista

A psicóloga, Marina, comenta sobre a relação das redes sociais com o assunto.

Imagens de apoio.

24’09”

Entrevista

Renata Mendonça finaliza o assunto reafirmando o papel no jornalista nesse cenário.

Marina de Mattos: “Isso que a gente pensa né de se aprofundar numa certa discussão de diversidades que devem existir e ser visibilizados é importante também, porque é necessário que essas discussões cheguem aquela pessoa que não entende muito bem o que está fora da bolha dela, mas que pode ter um olhar atento e pode começar a entender o que se passa em outros lugares que não a bolha dela. Então se a gente restringe muito esse nosso universo, começa a criar um mundinho muito particular que te impede um pouco nessa coisa da visibilização das diferenças e fica sempre se olhando entre os iguais.”

Renata Mendonça: “Cara, você jornalista, você define o que as pessoas vão ficar sabendo, o que relevante o suficiente para elas ficarem sabendo, isso é muito importante. Olha o tamanho da bomba que está na sua mão. Então você tem o poder imenso de fazer mudança na sociedade, porque se você quiser lançar um debate, ele será

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lançado. E as redes sociais vieram suprir essa necessidade que as pessoas tinham de gritar coisas que não estevam na TV, não estavam no rádio, não estavam no jornal.

Pode parar para pensar, questões dos negros, LGBT, das mulheres, isso reverberou muito mais depois das redes sociais. E por quê? Porque as pessoas começaram a ter voz.”

25’00”

25’08”

Texto

Entrevista

Texto mudando para o assunto final que é “Como dar mais espaço para as questões sociais no debate esportivo?”

Imagens da importância do futebol para a sociedade, enquanto os entrevistados falando.

As imagens intercalam com as dos entrevistados Primeiro a Marina de Mattos

25’32”

Entrevista

Agora Marília Galvão fala sobre é a relação do Desimpedidos com seu público e como isso afeta o trabalho

Sobe trilha sonora

Marina de Mattos: “É escutando mais e aprendendo a falar dessas coisas também um pouco nas entrelinhas, nos entrespaços, vamos dizer assim. Se não existe a possibilidade de eu trazer uma discussão inteira e aprofundada, por exemplo, sobre o futebol de mulheres, de que outras formas eu posso abordar isso em outras pautas? De que formas eu posso trazer um pedaço disso, parte disso em outras pautas? Eu acho que demanda um pouco de criatividade, mesmo.”

Marília: A minha visão é de que a gente sempre tem que pensar no perfil do nosso público, o perfil do canal que eu trabalho. E, a partir disso, você pensa no que é melhor ou não. Do que a gente já fez e

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funcionou, que dá pra fazer de novo, adaptar em alguma coisa. Ou que em algum outro canal, fizeram um vídeo e funcionou demais, gente pode usar de referência. Então a gente sempre tenta pegar coisas que funcionaram ou que a gente já tem quase certeza que vai funcionar, porque a gente conhece muito bem o nosso público.”

26’15”

Entrevista

27’11”

Entrevista

Thiago Crespo começa a Thiago Crespo: “A forma de falar sobre como lidar com fazer as pessoas se a situação interessarem por isso é continuar falando sobre Imagens de apoio isso, é dar informação. Pois não adianta a gente levantar bandeiras sem sustentação, sem argumentação. Então a partir do momento que a gente oferece ao público fatos, números, questões pertinentes, discussões embasadas, vai fazer o público se interessar também. Tem que ser orgânico, você não pode simplesmente pegar a pessoa pela mão ou pelo pescoço e dizer "Interessese por isso. As pessoas têm que se interessar de uma forma muito natural, muito espontânea, muito orgânica, pois são questões pertinentes. E ela só vai perceber a importância disso, talvez, quando ascender dentro dela essa questão.”

Renata Mendonça Renata Mendonça: “A completa o pensamento. primeira coisa já tem acontecido que é o Imagens de apoio. movimento de ‘fora para dentro’, que é das pessoas pedindo isso. Muitas

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mudanças que eu vejo na cobertura esportiva aconteceram por pressão de fora.”

Thiago Crespo termina a Thiago Crespo: “Nosso sua participação falando papel é informar, da importância de levar ao destrinchar o assunto público o debate sobre também, é importante questões sociais. nessa hora você falar de uma forma palatável.

Porque, do contrário, vão falar que o mundo está chato. Você tem formas e formas de abordar essas questões, mas você tem que dar importância para elas. Quando você der importância para elas as pessoas vão perceber que, de fato, isso tenha relevância para si próprias e aí vão se sentir instigadas a debater, a pensar e a refletir sobre isso.”

Renata Mendonça encerra Renata Mendonça: “Falta o assunto. mais nós, jornalistas, sairmos do nosso mundinho e tentar olhar o nosso trabalho do lado de fora, qual a percepção que as pessoas podem estar tendo do que estamos fazendo, para ver se a gente realmente está sendo efetivo nessa comunicação.

E o que tem feito a gente mudar é a maneira como as pessoas questionam.”

27’24”

Entrevista

28’00”

Entrevista

28’22”

Encerramento Agora com imagens que representam a importância do futebol e do jornalismo esportivo, Renata Mendonça encerra o documentário.

Renata Mendonça: “Então eu acho que por muito tempo a gente aceitou dessa maneira, depois começamos a questionar, daí algumas pessoas falam que é ‘mimimi’ e não se aprofundam, ‘não vale a pena, vamos falar só sobre o jogo’, eu acho que falar só sobre o jogo é limitar o

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esporte, o futebol de uma maneira até injusta, ignorando o potencial que ele tem, porque o futebol é aquela coisa que a gente diz ‘não é só um jogo’.

Então é muito minimalista falar só sobre o que acontece dentro das quatro linhas, e até o que acontece dentro delas já dá para explorar.”

29’09”

Créditos

O documentário termina e começa a exibição dos créditos

Sobe a música

Diário de Campo Todo o processo do TCC começou com a escolha do tema. A ideia de trabalhar com um assunto relacionado ao jornalismo esportivo se dá por alguns motivos. Em primeiro lugar, eu consumo futebol e notícias sobre esporte diariamente. Todos os dias estou atento aos cadernos esportivos dos principais veículos de comunicação e, talvez por possuir uma visão de fora, diferente dos profissionais envolvidos, me deparo com situações que me incomodam um pouco, como o excesso de piadas, brincadeiras e debates vazios em momentos em que eu estou realmente interessado em saber sobre um assunto sério que envolve determinado time ou caso específico, e isso não é comentado no programa ou nas postagens. Sem contar situações em que o preconceito se faz presente nos campos mundo a fora e praticamente não se fala disso.

Em segundo, o universo do jornalismo esportivo é onde eu pretendo exercer minha profissão e construir uma carreira, então seria ideal que eu produzisse um trabalho de conclusão de curso voltado para o mercado onde eu pretendo atuar, como uma porta de entrada.

A partir destes fatores, alinhando o útil ao agradável, surgiu a ideia de realizar um TCC sobre jornalismo esportivo e entretenimento, uma discussão que também aborda questões sociais e a relação delas com o esporte.

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A ideia de produzir um documentário se deu a minha admiração pelo cinema e pela televisão. As inúmeras possibilidades que o audiovisual possui para contar diferentes histórias, de diferentes maneiras, por meio de personagens, pessoas que tem conteúdo incrível esperando para repassar isso adiante é fascinante. Quando se é possível balancear isso com belas imagens e uma trilha sonora envolvente, as chances de ter um trabalho incrível aumentam consideravelmente.

Levando todos estes aspectos consideração decidi produzir o documentário “Futebol do Espetáculo”.

A gravação do filme enfrentou alguns obstáculos, com o principal deles sendo a pandemia do novo coronavírus, impossibilitando o contato com os entrevistados e dificultando a gravação de imagens externas. Diante deste cenário, a melhor forma encontrada por mim para a realização deste trabalho foi utilizar ao máximo as plataformas e serviços online. As gravações das entrevistas foram feitas pelo Zoom e as imagens de apoio foram coletadas de arquivos de vídeo disponíveis na internet, tanto no YouTube, como em sites de bancos de imagens gratuitos. Da mesma forma aconteceu com a trilha sonora, músicas retiradas da plataforma YouTube Studio.

Todo o conteúdo está creditado aos devidos responsáveis.

Os entrevistados escolhidos para participar de “Futebol do Espetáculo” foram profissionais que trabalham com o esporte diariamente e, de certa forma, tem um contato direto com a comunicação e o jornalismo. A primeira entrevista foi a jornalista, comentarista do SporTV e co-fundadora do blog Dibradoras, Renata Mendonça. Ela que possui uma relação muito forte com questões sociais no esporte, pois já há alguns anos luta para garantir cada vez mais espaço para a mulher no futebol e em diversas outras modalidades. O segundo entrevistado foi o jornalista Thiago Crespo, repórter esportivo do grupo Globo e dos canais SporTV, que costuma demonstrar em suas matérias uma certa atenção ao relacionar o esporte com muitas coisas presentes no nosso cotidiano. A jornalista e apresentadora do canal Desimpedidos, do Youtube, foi escolhida por trabalhar em um veículo que tem como objetivo produzir entretenimento sobre o futebol para o seu público, um contraponto muito interessante por ser alguém com um olhar diferente. Por fim, mas não menos importante, conversei com uma profissional da psicologia esportiva, que há alguns anos atua no cenário do futebol, construindo teses e teorias a respeito do comportamento de atletas, torcedores e pessoas envolvidas com o futebol.

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A plataforma de edição de vídeo escolhida a montagem do filme foi a Movavi.

Inicialmente era o Adobe Premier, mas devido alguns problemas técnicos que este aplicativo apresentou ao ser executado no meu computador, tive de escolher outra opção e a Movavi foi a que eu considerei melhor para utilizar, por sua interface intuitiva e o fácil manuseio para edição.

O processo de construção do documentário foi extremamente prazeroso, muito pelo fato de ser sobre um assunto que eu gosto e por ser uma crítica que já fazia algum tempo que eu gostaria de estudar mais a fundo. A minha admiração por cinema e produções audiovisuais também contribuiu muito na hora de encaixar as imagens, os cortes, organizar as falas, foi uma atividade empolgante que exigiu um certo estímulo criativo da minha parte e isso foi divertido.

O Resultado final me agrada bastante. Poder apresentar para as pessoas, família, torcedores e profissionais da comunicação, um trabalho do qual eu me orgulho por ter feito com tanto carinho, estudo e dedicação, começa a me qualificar como o grande jornalista que pretendo ser futuramente. Essa discussão sobre o esporte e o entretenimento e questões sociais já é algo antigo, mas que cada vez mais tem sido pauta de rodas de debate, o que é muito positivo para o futebol e para a nossa sociedade.

Apresentar esse trabalho é uma excelente porta de entrada para a minha carreira.

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Anexos

Ficha de Inscrição

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Autorização de uso de imagem e voz

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