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consumidora
Olhares: Consumidora
Para a sessão dois olhares: bate-papo com uma cinéfila desta edição, conversamos com a Jéssica de 29 anos jornalista. Jéssica é apaixonada por filmes de super heróis e nacionais e quando criança queria ser o Hulk, por falta de super heroínas além disso ela ama a emoção de estar em uma sala de cinema e se imergir na história dos personagens, fazendo com que ela pense neles por dias depois de ver o filme, confira essas e a opinião dela sobre mulheres no cinema e do cinema nacional abaixo.
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Bom Jéssica queria que você começasse se apresentando.
Meu nome é Jéssica Silva, tenho 29 anos e sou formada em Jornalismo. Atuo na área tem 5 anos e eu trabalho no setor de comunicação de um movimento sindical, e a gente tem todo o tipo de comunicação empresarial, seja online, vídeo o que vier a gente faz.
E quando você começou a se interessar sobre cinema?
Então eu tenho uma relação com a minha família né, porque eu lembro que desde sempre, desde pequena a gente alugar filmes porque não tinha cinema em Guarulhos, então eu lembro de todo o final de semana a gente alugava filme pegava na locadora três fitas e era nosso programa de sábado e domingo, depois a gente rebobinava e devolvia e enfim eu cresci nesse ambiente. Sempre fui uma pessoa muito visual então como eu sou caçula e minha mãe me deixava com as minhas irmãs elas colocavam cinderela pra mim assistir, tanto que sei todas as músicas de cor porque era só colocar e eu ficava á sentadinha então essa é a minha relação com filmes. Quando inaugurou o shopping aqui em Guarulhos eu tinha uns 10 anos e foi quando comecei a ir no cinema de fato, na época não lembro qual era a rede que tinha, mais era um cinema bem grande e então a programação que era aqui em casa se transferiu pro cinema e acho que isso influenciou eu ir trabalhar em uma área de comunicação sabe, por que eu acho que o cinema tem essa influência.
E quando você percebeu que era mais do que somente gostar, que você era uma verdadeira cinéfila e essa era sua paixão?
Olha eu to percebendo agora na quarentena sabia?! Porque está me fazendo muita falta. Na verdade eu sempre gostei de ir no cinema, então eu sempre arrumava um tempo pra fazer isso né, eu trabalhava e estudava mais sempre arrumava um tempo para isso né, juntava os amigos, o namorado e vamos na sessão da meia-noite, mesmo que no outro dia a gente vá trabalhar como um zumbi [risadas]. Então eu acho que fui reparar que sentia falta da sala sim do cinema, da emoção da sala de cinema agora, porque está me fazendo falta, pois no começo do ano eu estava com ressaca de cinema sabe? aquele momento em que nenhum filme te chama a atenção, e eu sou o tipo de pessoa
que assiste qualquer coisa, então foi muito duro porque agora não tem como ir no cinema e eu assim eu sou o tipo de pessoa que entra no personagem mesmo sabe, eu fico sentindo o que eles sentem , não precisa ser um personagem muito complexo, porque os complexos então eu demoro pra sair do personagem, às vezes o filme acaba e eu fico pensando nele ainda. Eu cheguei até a ir em um drive in, assisti matrix, o que foi muito legal porque é filme de 1999 e eu não cheguei a ver no cinema, eu gostei bastante da experiencia mais estou sentindo falta ainda da sala, do clima e da telona, é outra coisa sabe.
Eu acho que você se descobriu cinéfila na época que estava estudando e trabalhando e mesmo assim não deixava de ir [rimos]
É verdade, eu tenho uma história com isso, eu não lembro se estava esperando meu cunhado com o Alex (namorado) um dia que eu fui fazer alguma coisa em São Paulo depois do trabalho, nesse dia faltei na faculdade porque acho que iria ter algum evento e então eu tava lá esperando ele sair da faculdade, na época ele estudava na Cásper Líbero (faculdade) e aí eu olhei pro Alex e falei assim “Vamos no Cinema”, do nada e então a gente foi no cinema, não lembro se foi no Reserva ou no Alvorada que tava tendo um filme francês e filme francês e eu tava cansada porque tinha trabalhado o dia todo, ia ter que pegar a matéria que eu perdi na faculdade, mais vamos assistir um filme francês que você nunca sabe o que tá acontecendo porque o humor deles é muito peculiar o filme nem música tem e enfim, foi bom.
Falando um pouco sobre as mulheres no cinema, sobre a igualdade de Gênero, você se interessa sobre esse assunto? Qual a sua opinião?
Muito me interessa! Eu acho que falta muita mulher em muita coisa inclusive no jornalismo também ainda hoje e a gente tem que invadir aí porque senão não vai mudar as coisas né?! Assim eu eu não lembro em que momento que eu parei assim para pensar, porque a gente cresce nessa sociedade — machista — eu pelo menos eu não pensava assim. O papo quando eu era menor eu

Foto: arquivo pessoal
assistia filmes de super-heróis eu queria ser um super-herói homem, eu não achava que era estranho porque não tinha uma superheroína entendeu?! Para mim tudo bem, eu queria ser o Hulk [risos]. Mas acho que também por causa da minha família, meu pai nunca fez isso de “você não pode ser porque é menina”. Acho que o jornalismo que proporcionou essa maior visão a fim de mundo e depois disso eu comecei a reparar “aqui tá faltando mulher” e não, não tem a mesma visibilidade. Claro que tem mulheres excelentes principalmente no cinema nacional inclusive o meu filme favorito nacional que é “o bicho de sete cabeça” foi dirigido por uma mulher e depois que eu asumi esse filme como o meu preferido que eu fui ver quem era a Laís Bodansky, e aí já fui “caramba uma

mulher que coincidência eu gostar do um filme”. De 2018 para cá eu comecei a participar de um coletivo de mulheres e aí desse coletivo que eu fui me perguntando para outras Artes além da literatura que também tivesse mulher também. A gente não consome é muito fácil é só culpar mas assim dá para a gente ir atrás pesquisando e assistindo. O cinema querendo ou não ainda é um local muito elitista e muito machista, não diferente de toda a sociedade, a mulher não só atrás das câmeras mas em produtoras mas também como ela é retratada em pleno século 21 a gente ainda ver coisas absurdas e assim a partir do momento que eu acho que você entende isso e que você fala “putz é isso eu preciso consumir mais filmes produzidos por mulheres, dirigidos por mulheres ,com mulheres protagonistas” você começa despertar para isso.
Quando você vai assistir um filme, você se preocupa em ver um filme dirigido por mulheres ou com mulheres como protagonistas, algo do tipo?
Tenho, tenho sim. Acho que desde que nem você falou que eu comecei que eu me despertei nesse assunto que eu falei caramba caramba quem dirige isso quem filmou esse filme Mas eu sempre procuro mulheres ou tanto na produção ou atrizes que a gente sabe que tem um engajamento que não repercute esse tipo de machismo da área do cinema assim claro que eu assisto Qual que é o filme que tiver passando se você me perguntar qual foi o último filme que eu assisti eu assistir Dora ontem inclusive é muito legal o filme dela mas assim eu tenho essa preocupação e eu acho eu gosto a sensação de você falar cara foi uma mulher que que foi uma mulher que dirigiu eu acho importante a gente buscar esse conteúdo e esse e consumir esse tipo de produção mas eu gosto eu gosto Então é o útil ao agradável Inclusive a sua revista Eu acho que vai ser um sucesso porque é um assunto extremamente necessário extremamente importante porque querendo ou não aqui no Brasil cinema é uma coisa complicada Depende muito da das distribuidoras a gente ainda não é uma coisa muito acessível a gente vai na sessão mais barata a gente paga meia até quando a carteirinha da faculdade venceu então assim as pessoas acabam consumindo que chega mais fácil para elas então é extremamente importante.
Falando sobre representação da mulher, você consome bastante filmes de superheróis certo? Essa representação da mulher tem mudado muito nesses filmes né?

Total assim, eu lembro de quando saiu capitã Marvel que eu vi as críticas horrorosas a ela, a atuação e eu falei “deixa eu ver com outros olhos”, porque a primeira vez que eu vi eu me emocionei o filme inteiro, e então o que eu reparei foi que ela não é sexy em nenhum momento e a maioria das críticas de atuação era masculina, ela não usa uma roupa chamativa,e ela não tem o relacionamento amoroso, o relacionamento amoroso dela é com uma amiga porque é um filme de identidade, então ela tá descobrindo quem ela é, e tudo isso é muito louco porque você pensa “realmente ela foi falha na atuação ou ela só quebrou um padrão que tá todo mundo acostumado?!”. Eu lembro de ver a princesa Léia, logo que eu comecei assistir filmes de ficção científica e essas coisas, e eu fiquei “caramba quero ser ela!”, foi uma das primeiras personagens femininas que eu olhei e falei “nossa que incrível”. Falando de herói, eu lembro que no primeiro filme do demolidor, acho que é de 2008 que tem o Ben Affleck, e aí tem a Elektra Natchios e tem a cena de transformação dela, que ela tá se preparando para luta eu fiquei emocionadíssima e ela não é uma personagem assim super revolucionária mas ela era a mocinha e virou uma Ninja.
Você procura consumir mais cinema nacional mesmo?
Eu procuro, e tenho buscado bastante porque ano passado eu fiz um curso livre de cinema e foi bem intenso porque era voltado para a produção mesmo e ai eu participei da produção de dois curtas, um como aúdio né, captação de áudio mesmo com microfone e tudo e no outro eu fui produtora, nossa eu nunca sofri tanto na minha vida. Enfim esse curso foi tenso e eu vi o quanto é maravilhoso o cinema nacional e porque a gente não valorizar o cinema nacional, a gente está muito acostumado a ver os filmes que a Globo Filmes produz, o que não tem nada de errado, mais é o que é acessível né?! E quando você pesquisa tem muito mais coisa de muito mais produtores e é um cinema riquíssimo e que merecia toda a verba destinada possível e que você sabe que não tem, é um cinema guerrero e por isso ainda sobrevive né, então eu sempre gostei nunca tive nada contra mas sempre assisto qualquer filme mas do ano passado pra cá eu procuro sair tanto de Hollywood quanto de filmes dirigidos por homens.

E depois do curso você tem interesse em atuar com essa área?
Ah eu gosto e sempre gostei de produção audiovisual, tanto que meu TCC da faculdade de jornalismo eu fiz algo voltado pra isso, e eu fiz esse curso por indicação de um amigo meu que também fez e que me falou que era muito legal você ver toda produção como é e tal e eu gostei bastante. Assim eu gosto muito do áudio, porque a música em um filme faz toda a diferença , então eu acho que trabalharia nessa parte sim, se eu me qualificar né, e na edição, é muito louco como que é feito por que você pensa “Nossa que louco esse filme”, mas foi filmado totalmente fora de ordem cenas foram acrescentadas cenas foram retiradas e eu fiquei bem interessada mesmo.
E pra terminar você pode deixando alguma dica sobre filmes com mulheres protagonistas ou diretoras?
Deixa eu colar aqui nas minhas anotações, porque eu não tinha costume de anotar os filmes que eu assisti, então eu falei “eu vou anotar todo filme que ver no cinema esse ano” aí vem a pandemia e estragou tudo [riso]. Eu vou puxar a sardinha para Laís Bodanzky, porque eu gosto muito dela, o “Como Nossos Pais” eu gosto muito da atuação, de como ela retrata a relação de mãe e filha, é um filme completo que tem uma mulher dirigindo com mulheres protagonistas e a relação quebra aquele ideal perfeito, de filha dedicada. Acho bem legal e outra e os homens não prestam no filme é bem a realidade [risos], mas assim é bem legal.