Minha rua, minhas regras - requalificação urbana levando em consideração a questão de gênero

MINHA RUA MINHAS REGRAS REQUALIFICAÇÃO URBANA LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A QUESTÃO DE GÊNERO

rafaella righi tfg 1 -ufn

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trabalho final de graduação 1 projeto de pesquisa orientadora: monique pafiadache

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2. 1 ................... . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . .2 ....................

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .introdução ................... apresentação do tema

objetivos

metodologia

local

referencial teórico

referencial prático

programa de necessidades

cronograma de atividades

referências bibliográficas

INTRODUÇÃO

Embora o espaço urbano deveria ser um espaço para igualitário, pensado e projetado para todos, na maioria das vezes são pensados, planejados e projetados pelos homens e para homens. Homens e mulheres possuem necessidades básicas diferentes, usufruem do espaço urbano de maneira diferente, esperando assim, um resultado diferente do ambiente urbano. A falta de segurança e o assédio também tem impacto na escolha das mulheres sobre como, onde e quando circular nas ruas.

Tudo isso resulta em necessidades diferentes de acessibilidade nas vias, iluminação, transporte publico e até zoneamento urbano. (HARROUK, 2019) “As experiências das pessoas nas cidades não podem ser vistas de uma forma única. Sobretudo quando colocamos o foco no cotidiano e nos desafios enfrentados pelas mulheres, em especial mulheres negras e periféricas, que têm seus corpos e suas experiências urbanas constantemente atravessadas pelas estruturas machistas e patriarcais de nossa sociedade.” (Mulheres nas Cidades, 2020)

O local escolhido para a requalificação se encontra em Santa Maria, no Bairro Camobi, zonal leste da cidade, local que vem sendo procurado por muitas estudantes e possui uma grande população de força trabalhadora. Apesar do bairro possuir uma infraestrutura essêncial, com mercados, farmácias, saúde, colégios, etc., a sua infraestrutura urbana deixa a desejar (acessibilidade, iluminação, asfaltamento, etc.), o que dificulta e põem em risco a circulação de mulheres dentro do bairro, principalmente onde o transporte público não chega.

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APRESENTAÇÃO DO TEMA O tema proposto para o Trabalho Final de Graduação I e II é uma requalificação urbana em uma área do Bairro Camobi levando em consideração a questão de gênero, fruto de reflexões sobre o papel do arquiteto e urbanista na conformação de espaços públicos, e a possibilidade de contribuir para a formação de uma cidade mais igualitária e segura.

Tendo em vista que homens e mulheres possuem necessidades básicas diferentes, usufruem do espaço urbano de maneiras diferente e tem experiencias urbanas distintas (figura 1), essas questões tem impacto nas decisões de acessibilidade, iluminação, transporte público e zoneamento urbano, o projeto tem como objetivo a requalificação urbana de uma área do bairro Camobi levando consideração a questão de gênero.

em

Figura 1 - Reflexão sobre ser mulher Fonte: Modices

JUSTIFICATIVA DO TEMA

A região escolhida, zona leste da cidade de Santa Maria, tem passado por mudanças ao longo dos anos e é cada vez mais procurada por estudantes por sua localização favorável, próxima a Universidade Federal de Santa Maria, e por possuir uma infraestrutura completa (mercado, comércio, saúde, etc.), porém ainda carece de infraestrutura urbana (acessibilidade, iluminação, asfaltamento, etc.), o que dificulta e põem em risco a circulação de mulheres dentro do bairro, principalmente onde o transporte público não chega.

Foi realizado um formulário online elaborado pela autora, direcionado às moradoras do bairro e estudantes da Universidade Federal de Santa Maria para colher dados, relatos e verificar quais são as suas necessidades dentro da área em questão.

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OBJETIVOS A seguir são apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa:

OBJETIVOS GERAIS Este projeto de pesquisa tem como objetivo obter e reunir informações necessárias a fim de elaborar uma fundamentação teórica e prática para o desenvolvimento da temática proposta, constituindo elementos para a compreensão do funcionamento e de um projeto de requalificação urbana levando em consideração a questão de gênero.

Após obter o embasamento teórico e prático necessário para o desenvolvimento da temática utilizar as informações reunidas na pesquisa para criar no projeto de requalificação urbana um programa para suprir as necessidades das mulheres no meio urbano, um espaço adequado e com uma boa infraestrutura em que as mulheres se sintam seguras para transitar e que encontrem equipamentos uteis ao longo do caminho.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos representam as etapas necessários para se alcançar o objetivo geral. Para isso, haverá embasamento teórico, crítico e formal nos diversos temas que envolvem a proposta urbana, paisagística e arquitetônica, citam-se como objetivos específicos:

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- Coletar dados e informações sobre o município e o local proposto para o desenvolvimento do anteprojeto urbanístico, arquitetônico e paisagístico, buscando entendimento da dinâmica e do sítio.

- Discorrer sobre a história e o papel da mulher ao longo dos tempos.

- Compreender a importância de espaços públicos voltados para as mulheres e o impacto que a carência destes tem no dia a dia delas.

- Verificar os condicionantes da área de intervenção, identificando os elementos urbanísticos do entorno e tipos de conexões com o tecido urbano a fim de avaliar possíveis impactos na mobilidade urbana da região.

- Pesquisar as normas e legislações pertinentes ao tema, com a finalidade de conhecer os condicionantes legais para o anteprojeto.

- Analisar projetos e pesquisas já elaboradas nesta e em outras instituições.

- Colher dados de mulheres que frequentam a região a fim de descobrir suas necessidades.

METODOLOGIA Foi estabelecida a metodologia de pesquisa, visando proporcionar maior familiaridade e aperfeiçoamento em torno dos mais variados aspectos relativos ao tema da proposta, desta forma o trabalho o trabalho será desenvolvido com base em uma pesquisa qualitativa e de caráter exploratório, que tem como princípio a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, levantamento de dados, formulários e estudos de caso.

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LOCAL A área escolhida para a requalificação urbana está localizada na cidade de Santa Maria, no bairro Camobi, zona leste da cidade. Trata-se de uma zona entre faixas que se conecta com a Universidade Federal de Santa Maria. A área possui aproximadamente 6,7 hectares (aproximadamente 67.470 metros quadrados)

Figura 2 - Mapa da área de intervenção Fonte: Google Earth, 2020, modificado pela autora.

contando ruas, áreas construídas e vazios (conforme figura 2).

Com o passar dos anos o bairro tem sofrido uma transformação em função da Universidade Federal de Santa Maria, cada vez mais estudantes tem buscado residências na região para facilitar o acesso e o deslocamento, exigindo infraestrutura do mesmo. Atualmente, com exceção do Centro, o bairro é o único que possui infraestrutura com prestação de serviços em saúde, educação, alimentação, bancos, imóveis, comércio, entre outros. Hoje a população do bairro é de 21.822 habitantes, sendo desses, 51,78% mulheres e 48,22% homens, a faixa etária predominante é de 25 a 29 anos para mulheres (5,12%) e 20 a 24 anos para homens (5,10%), e a foça de trabalho corresponde a 73,73% da população do bairro. (IBGE 2010) A área do projeto foi escolhida pela carência de iluminação, calçadas, acessibilidade e em grande parte as ruas não possuem asfaltamento. A intenção é de conectar o interior do bairro com as faixas, tornando o trajeto mais seguro, já que o transporte público não circula internamente nessa região, e fazer a conexão com a Universidade Federal de Santa Maria, visto que a região abriga estudantes, servidoras, terceirizadas e mulheres em geral.

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Figura 3 - Colagem com fotos de levantamento da área Fonte: Google Earth, 2020 e arquivo pessoal, modificado pela autora.

São contempladas no projeto as ruas, Silvino Jacob Zimermann, Liberato Vieira da Cunha, Padre João Bosco Penido Burnier, Lamartine Babo, João Arlindo Bortoluzzi, Elpídio Menezes, João Atílio Zampiere e Avenida Rodolfo Behr. Na área também estão disponíveis áreas, que já são utilizadas como Praça e terrenos livres, onde pode ser inserido a creche e o Centro Comunitário (figura3).

LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

Figura 4 - Recorte anexo 10 Fonte: LUOS, 2020, modificado pela autora.

Conforme o Anexo 10 da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), a área está localizada nas zonas 1.2.c, 12.d e 12.e (figura 4).

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O Anexo 14 da mesma lei, define a hierarquia viária das vias públicas, sendo assim, a área de estudo é composta predominantemente por vias locais, cercado por duas rodovias (RST 287 e RS 509) e duas vias coletoras (Rua 17 de Maio e Avenida

Figura 5 - Recorte anexo 14 Fonte: LUOS, 2020, modificado pela autora.

Roraima) (figura 5).

No mapa de uso do solo fornecido pelo IPLAN, mostra que na beira da RST 287 e RS 509 predomina edificações de serviço comercial, e o interior do bairro

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Figura 6 - Recorte mapa do uso do solo de Santa Maria Fonte: IPLAN, 2020, modificado pela autora.

predominantemente residencial (conforme figura 6).

Figura 7 - Padrão do passeio público para o bairro Fonte: Programa Caminhe Legal, 2020.

O Programa Caminhe Legal também estabelece regras para o passeio público, conforme o Anexo 1, o terreno está inserido dentro do Padrão 2 – Piso em bloco intertravado de concreto. O Anexo 10, padrão 2, tipo 19, demonstra a paginação do bloco intertravado e as medidas gerais do passeio público (figura 7).

REFERENCIAL TEÓRICO Para referencial teórico deste projeto de pesquisa, serão salientados títulos de assuntos relevantes para melhor compreensão da abordagem da pesquisa em questão.

GÊNERO E ESPAÇO URBANO A ideia de que o ambiente construído reflete os estereótipos dos lugares femininos e masculinos e que houve uma ótica masculina na produção do espaço urbano foi defendida por Bondi (1992). A autora argumenta que o planejamento urbano funcionalista e racionalista que dominou durante muito tempo o modo de concepção de cidade delimita as mulheres em determinados lugares ao separar as áreas comerciais, industriais e residenciais, acentuando a divisão do trabalho entre os sexos.

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Frémont (1980) reforça dizendo que o papel das relações sociais de gênero, instauradas culturalmente, e as questões condicionadas ao gênero no que diz respeito à caracterização do espaço e a forma como se delimita a maneira que homens e mulheres ocuparão e se apropriarão de determinado espaço social, o que se compreende como uma segregação dos seres no ambiente construído de acordo com o corpo, que caracterizado como de macho ou fêmea se torna a base sobre a qual institui-se os papéis de gênero e as expectativas de comportamento culturalmente cultivados.

DESENVOLVIMENTO URBANO DE CAMOBI Camobi é um bairro do distrito da sede, no município gaúcho de Santa Maria, localizado na zona leste da cidade. A etimologia do nome do bairro “Camobi” é uma palavra de origem guarani que significa “Seios de moça”, isso deve a existência de morros (Morro Mariano da Rocha e Cerrito) de formas arredondadas no caminho para o bairro. (BELTRÃO,1958) O povoamento inicial foi de imigrantes poloneses, instalados pelo plano de imigração do Governo Imperial, substituídos posteriormente por imigrantes italianos

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Figura 8 - Mapa de Santa Maria em 1885 mostrando a Avenida João Machado Soares Fonte: TOCHETTO, 2015.

procedente da colônia de Silveira Martins, e foi denominado por eles como “Estação Colônia”. O crescimento econômico e populacional do bairro está ligado à implantação da estação ferroviária no ano de 1885, dando a passagem de rural a urbano. Nesta época o bairro era então o 3º distrito do município de Santa Maria e um dos mais prósperos, as atividades econômicas e a vida social giravam em torno da ferrovia, e a principal cia rodoviária a Avenida João Machado Soares, que foi por muito tempo a principal norteadora da ocupação do bairro (conforme figura 8).

(COMIN, 2011).

Segundo a autora a expansão atual bairro Camobi só veio ocorrer de fato na segunda metade do século XX, quando houve a instalação da rodovia RS-509 e, principalmente da Universidade Federal de Santa Maria em 1960 e da Base Aérea de Santa Maria em 1970. O núcleo inicial não sofreu grandes transformações com a expansão do bairro, principalmente devido ao fato de localizar-se na parte mais interna, afastado do fluxo constante da rodovia RS-509, que passou a polarizar a expansão, especialmente no que diz respeito ao comércio, indústrias e setor de prestação de serviços e áreas residenciais. Nos anos 80, criou-se o projeto do Loteamento Parque Residencial Alto da Colina, com uma área de 283 lotes concluído em 1986, tal unidade residencial possui nove ruas.

Ainda conforme a mesma autora o surgimento do bairro como distrito da Sede é recente, constava em lei em 1982, antes disso o bairro, junto a outras localidades, formava o distrito de Camobi, na época o bairro estava em processo de emancipação, porém antes de conseguir isso foi elevado a bairro. Em sua totalidade, no bairro predominava-se área rural, com o tempo passou a sofrer valorização, e aos poucos se inicia um processo de abertura de ruas e divisão de terras em lotes, para posteriormente ser vendido. O plano diretor de 1979 reconheceu o processo de gradual urbanização entre as duas localidades, sugerindo a incorporação do perímetro urbano do distrito de Camobi ao distrito da Sede.

A Universidade Federal de Santa Maria, o maior símbolo do bairro, desde a anexação de Camobi ao distrito da Sede até 2006 não fazia, oficialmente, parte de Camobi, era uma área sem-bairro - talvez uma tentativa de evitar, no caso da emancipação de Camobi, que este levasse a universidade. Entre outras áreas sembairro que passaram a constituir o atual Camobi estão as unidades residenciais Parque Residencial Novo Horizonte, Loteamento Vila São José, e parte do Parque Residencial Santa Lúcia. Também houve subtrações do vizinho Pé de Plátano, e a extinção do bairro Cohab Camobi. (COMIN, 2011) A análise atual de Camobi hoje pela autora é de que o bairro tem sua expansão direcionada para as margens da RSC-287 a qual apresenta atualmente o maior número de terras não urbanizada. A RSC-287 vem a corroborar com o desenvolvimento do bairro, ampliando e melhorando o fluxo de pessoas, veículos e atividades, que já na década de 1980 encontravam-se concentradas na RS-509, conhecida como Faixa Velha de Camobi.

Com à exceção do Centro, o bairro é o único que tem infraestrutura essencial, com prestação de serviços em saúde, educação, alimentação, bancos, imóveis, entre outros. O comércio do bairro está em expansão. Há centros comerciais, lojas de roupas, calçados, acessórios, eletrônicos, informática, telefonia, bancas de revistas, presentes, floriculturas, ferragens, e material de construção. Para muitos é um bairro autossuficiente. Além de grandes lojas, as ruas do bairro são repletas de negócios familiares.

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VIOLÊNCIA URBANA E SEGURANÇA PÚBLICA Você sai na rua com medo de que algo aconteça com você? Você não está sozinho(a). A violência, em toda sua plenitude, rodeia toda a sociedade mundial, fato esse que tem feito inúmeras vítimas, mortais, agressões, estupro, assalto etc.

O crescimento urbano desordenado, grandes cidades absorveram um número de pessoas elevado, não acompanhado pela infraestrutura urbana (emprego, saúde, moradia, etc.), o que veio a desencadear problemas sociais graves. (CANO, 2006) Conforme o mesmo autor o investimento em medidas de segurança publica ainda é visto como a melhor forma de combate ao crime e à violência urbana. Justiça social e igualdade de direitos representam segurança e presença do Estado na vida da população em situação vulnerável.

Atualmente no bairro em estudo existe a “Camobi Segura” uma medida organizada por comerciantes e a polícia, onde os comerciantes fornecem o acesso a suas câmeras de monitoramento e auxiliando os policiais com despesas nas rondas, porém a medida não se estende para todo o bairro, apenas para pessoas cadastradas e que pagam a mensalidade.

A HISTÓRIA DA MULHER Mito Há muito tempo, Édipo, velho e cego, vagava pelas estradas.

Ele parou ao sentir um cheiro familiar. Era a Esfinge. Édipo disse: “Gostaria de fazer-te uma pergunta.

Por que eu não reconheci minha mãe?”

“Porque você deu a resposta errada”, lhe disse a Esfinge.

“Mas foi tal resposta que tornou tudo possível”, disse Édipo.

“Não”, ela disse. “Quando eu perguntei ‘O que caminha com quatro pernas pela manhã, duas à tarde e três à noitinha’, tu respondestes ‘Homem’.

Você não disse nada sobre a Mulher.”

“Mas quando você diz Homem”, falou Édipo, “isso inclui as mulheres também.

Todo mundo sabe disso.”

Ela lhe replicou: “Isso é o que você pensa”. (ADCOCK, 1958, Muriel Rukeyser p. 135.)

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Grandes figuras históricas moldaram a nossa sociedade, economia, cultura e filosofia: Newton, Einstein, Aristóteles, Marx, Platão, Nietzsche, Picasso, Van Gogh, Corbusier, Lenin, ...é uma longa lista. Na verdade, a lista oficial é composta por 100 nomes, e foi produzida por Michael Hart em “The 100: A Ranking of the Most Influential Persons in History, Revised and Updated for the Nineties”. Entre todos nomes, constam apenas uma mulher: Isabel I. Onde estavam as mulheres?

Segundo Perrot (2006) toda história, desde o início da humanidade e que temos conhecimento foi quase sempre narrada por homens, que traz uma perspectiva diferente, e muitas vezes deixando as mulheres de fora dessa narrativa, criando um sentimento de não pertencimento do gênero feminino dentro da história, reduzindo a espectadoras da mesma.

“Todas essas razões explicam que haja uma falta de fontes não sobre as mulheres nem sobre a mulher, mas sobre sua existência concreta e sua história singular. No teatro da memória, as mulheres são uma leve sombra.” (PERROT, 2007, p 20)

Conforme a autora mulheres e homens desempenharam papéis sociais muito diferentes por boa parte da história da humanidade, as explicações podem estar relacionadas ao fato de que a preponderância e dominação masculina foram instituídas, ao menos nas sociedades ocidentais, desde os primórdios da civilização grega. Eram os homens que conduziam predominantemente as ações políticas e militares.

Ainda segundo a autora as reivindicações pelo direito feminino começaram já no século XVIII, o status da mulher começa a mudar em função do desenvolvimento da sociedade, a Revolução Francesa rapidamente difundiu suas ideias liberais, período de grandes transformações nos hábitos e costumes na Europa, e também nas relações humanas, porém um dos acontecimentos mais marcantes para distinguir os sexos, e que a primeira vista reforça a ordem dos sexos, foram as grandes guerras, onde os homens foram para as linhas de frente e as mulheres tiveram que cuidar além dos seus lares e filhos, e desempenham muito bem as atividades, o que dificulta com a volta de seus cônjuges.

"Eles combatem; elas lhes dão suporte, os substituem, cuidam deles, esperam e choram por eles. Mas, ao mesmo tempo, elas se imiscuem em lugares e tarefas masculinas nas quais se saem muito bem. Conduzem arados, automóveis e bondes.

As “municionetes” manipulam obuses nas fabricas de armamento. As mulheres gerenciam se orçamento, apendem a lidar com dinheiro, recebem melhores salários. Fazem greve por seu aumento: em 1915, em 1917, manifestam-se em Paris, por iniciativa própria. Vão e vem, fumam, tomam liberdades. Os homens criticam seus gastos, olham de esguelha para suas meias de seda, desconfiam de sua fidelidade. Ruptura de hábitos e de evidência, a sexualidade de guerra é problemática." (PERROT, 2007, p 143-144)

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Aos poucos as mulheres foram garantindo seu espaço, direito ao voto, acesso a instituições de ensino, participação em Olimpíadas, igualdade de remuneração, leis que protegem contra o feminicídio etc. Porém até os dias atuais o tratamento para homens e mulheres não é igual, muitas vezes as mulheres ficam em posições inferiores, são descredibilizadas, desrespeitadas, enfrentam mais obstáculos, apenas pelo fato de ser mulher. (CARVALHO, 2011)

REFERENCIAL PRÁTICO Os referenciais práticos deste projeto de pesquisa terão como finalidade apresentar exemplos de projetos que se assemelhem às características buscadas para a elaboração do anteprojeto arquitetônico e urbanístico resultante do estudo e das frentes de atuação planejadas. Sendo assim, serão listados projetos de referência quanto ao programa, semelhança de tema e até aspectos formais.

COL-LECTIU PUNT 6 O coletivo Punt6 de Barcelona discute estratégias de desenho urbano, desafiando a proposição de que o planejamento é neutro, reafirmando a ideia de que nossas cidades e bairros foram configurados por meio dos valores de uma sociedade capitalista e patriarcal, e que essa forma física dos espaços urbanos contribui para perpetuar esses mesmos valores.

Como resposta propõem práticas para transformar as divisões típicas das cidades capitalistas e patriarcais de repensar os espaços públicos a partir da ótica da vida cotidiana, colocando a vida das pessoas no centro das decisões de planejamento, contando com a participação da comunidade, principalmente nos espaços onde “a vida acontece”: a casa, o bairro, os centros urbanos, os subúrbios e periferias (figura 9). O motivo de estudar esse referencial é a semelhança na temática abordada, em como estudar o espaço publico voltado a questão de gênero e os resultados que isso pode produzir.

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Figura 9 - Guia de avaliação urbana da perspectiva de gênero elaborada pelo coletivo Fonte: COL-LECTIU PUNT 6, 2015.

CENTRO COMUNITÁRIO VISTAS DE CERRO GRANDE Arquitetos: Arquitectura em Proceso Localização: Chihuahua, México De acordo com a equipe do projeto o assentamento irregular está localizado na periferia sudeste da cidade de Chihuahua, qual carecia de serviços e infraestrutura urbana, a insegurança generalizada na cidade e a falta de espaços públicos transformou o bairro em uma área problemática e perigosa. Como solução, o governo promoveu a construção de três projetos com o apoio da comunidade, visando o desenvolvimento da área e a promoção da segurança e do bem-estar dos habitantes, um centro comunitário, um centro de saúde e um centro desportivo (ARCHDAILY, 2017) (figura 10).

O projeto será estudado pela sua temática e a sua resposta frente ao problema da insegurança.

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Figura 10- Vista aérea da ocupação e do centro comunitário Fonte: Archdaily. Acesso em março de 2020.

CRECHE HN

Arquitetos: HIBINOSEKKEI, Youji no Shiro Localização: Kanagawa, Japan Segundo os arquitetos, essa é uma creche para os pais que desejam criar seus

Figura 11- Planta baixa Creche HN Fonte: Archdaily. Acesso em março de 2020.

filhos em um entorno natural. Para cumprir com suas expectativas, projeta-se fazendo o uso da natureza que rodeia a edificação, assim, as crianças podem estar em contato com ela o dia todo, brincando estimuladas para que possam desenvolver tanto sua sensibilidade como sua criatividade. (ARCHDAILY, 2019) O projeto escolhido como exemplo de estudo de caso abrange um dos equipamentos presentes para a proposta e foi escolhido pela sua semelhança de programa a ser utilizado (figura 11).

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PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir dos diferentes estudos de caso a projetos semelhantes, e da análise dos dados coletados com o formulário, se estabeleceu um programa de necessidades mínimo, sendo o principal a reabilitação urbana da área em análise com uma proposta de novo desenho urbano para as vias da área de intervenção, instalação de equipamentos urbanos como um centro cultural e creche, e a distribuição de cartilhas contendo informações do projeto e como as mulheres e a população em geral podem usufruir do espaço com segurança.

CENTRO COMUNITÁRIO TABELA 1 - Pré-dimensionamento Centro Comunitário

AMBIENTE

UNIDADES

POPULAÇÃO: FIXA (F) VARIÁVEL (V)

Recepção

1

F: 2

Administração

1

F: 2

Praça de exposição coberta

1

Sanitário P.C.D

2

V: aberto ao público

Sanitários

4

--

D.M.L

1

--

Quadra Poliesportiva

1

V: aberto ao público

Central de Segurança

1

F: 2

--

EQUIPAMENTOS

ÁREA ÁREA (UNIDADE) TOTAL

Bancada, cadeiras, computadores e armários Bancada, cadeiras, computadores e armários Espaço livre para expositores Bancada com cuba e cabines com bacias sanitárias Bancada com cuba e cabines com bacias sanitárias Tanque e armários

10²

10²

10m²

10m²

70m²

70m²

2m²

4m²

1,5m²

6m²

3m²

3m²

--

432m²

432m²

Bancadas e monitores

6m²

6m²

TOTAL: +30% CIRCULAÇÃO E PAREDE:

541m² 703,3m²

Fonte: A autora.

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CRECHE TABELA 2- Pré-dimensionamento Creche

AMBIENTE

UNIDADES

POPULAÇÃO: FIXA (F) VARIÁVEL (V)

EQUIPAMENTOS

ÁREA ÁREA (UNIDADE) TOTAL

Bancada, cadeiras, computadores e armários Bancada, cadeiras, computadores e armários Armário, roupeiro e cabine

15m²

15m²

20m²

20m²

10m²

10m²

Recepção

1

F: 2

Administração

1

F: 2

Vestiário

1

V: 8

Sanitários Adultos

2

V: 2

Cuba e bacia sanitária

2,5m²

5m²

Sala de Atividades

3

V: 20

Bancada e mesas para atividades

35m²

105m²

Berçário

1

V: 10

Berços

30m²

30m²

Lactário

1

V: 5

15m²

15m²

Sanitário P.C.D Infantil

1

V: 1

7,5m²

7,5m²

Sanitário Infantil

1

V:3

Cadeiras altas, pia e geladeira Cuba e bacia sanitária adaptada para crianças Cubas e bacias sanitárias adaptada para crianças

10m²

10m²

Sala de Reuniões

1

V: 10

Mesa e cadeiras

20m²

20m²

Cozinha

1

F: 3

40m²

40m²

Refeitório

1

V: 20

50m²

50m²

Copa Funcionários

1

V:8

Mesas compartilhadas e cadeiras Balcão e equipamentos

15m²

15m²

Despensa

1

--

10m²

10m²

Área Externa

1

--

Prateleiras para armazenamento

100m²

100m²

Cozinha industrial

Playground

TOTAL: +30% CIRCULAÇÃO E PAREDE: Fonte: A autora.

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452,5m² 588,25m²

ESPAÇO PÚBLICO TABELA 3- Pré-dimensionamento Espaço Público

AMBIENTE

POPULAÇÃO: FIXA (F) VARIÁVEL (V)

ÁREA TOTAL

Corredor urbano

--

67.470m²

Fonte: A autora.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES TABELA 4 - Cronograma de atividades

ATIVIDADE

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

DEFINIÇÃO DO TEMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA LEVANTAMENTO DE DADOS DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E CONCLUSÃO ELABORAÇÃO DE CONCEITO E ESTUDOS INICIAIS Fonte: A autora.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ADCOCK, Fleur. The Faber Book of 20th Century Women's Poetry. London and Boston: Faber and Faber, 1987.

BELTRÃO, Romeu. Cronologia histórica de Santa Maria e do Extinto Municipio de São Martinho. Santa Maria: Editora Pallotti, 1958.

BONDI, Liz. Gender Symbols and Urban Landscapes. In: Progress in Human Geography.

London 16,2 (1992). Edward Arnold: 1992.

CANO, Ignacio. Políticas de segurança pública no Brasil: tentativas de modernização e democratização versus a guerra contra o crime. São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180664452006000200007&lng=en&nrm=iso>.

Acesso em: 16 Abr 2020. https://doi.org/10.1590/S1806-64452006000200007.

CARVALHO, Débora. A Conquista da Cidadania Feminina. Revista Multidisciplinar da UNIESP. São Paulo, 2011.

Centro Comunitário Vistas de Cerro Grande / Arquitectura en Proceso. ArchDaily Brasil, 2017. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/874938/centrocomunitario-vistas-de-cerro-grande-arquitectura-en-proceso>. Acessado 29 Mar 2020.

COL-LECTIU PUNT 6. Who are we? . Disponível em: < http://www.punt6.org/en/who-arewe/>. Acesso em 17 de março de 2020.

COL-LECTIU PUNT 6.

Women Working.

Disponível em: <https://issuu.com/punt6/docs/ww_issuu_simple>. Acesso em 25 de março de 2020.

COMIN, F. V.; Rocha, L.H.M. da. . Evolução Urbana do Bairro Camobi - Santa Maria/RS: Um Estudo de Caso. 2011.

Creche HN / HIBINOSEKKEI + Youji no Shiro. ArchDaily Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/902413/creche-hn-hibinosekkei-plus-youji-no-shiro>.

Acessado 29 Mar 2020.

22

FRÉMONT, Armand. A Região, espaço vivido. Coimbra: Livraria Almedina,1980.

GOOGLE Earth, versão 7.1.5.1557. Sistema Operacional: Microsoft Windows. Google Inc, 2015.

HARROUK, Christele. Como seriam as cidades pensadas pelas mulheres? O caso de Barcelona.

ArchDaily Brasil, 2019.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/928314/como-seriam-as-cidades-pensadas-pelasmulheres-o-caso-de-barcelona>. Acesso em 15 Mar 2020. ISSN 0719-8906 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: sinopse por setor. Bairro Camobi, Santa Maria/RS. 2010 Disponível em:

<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santa-maria>. Acesso em 17 de março de 2020.

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