"Quebre as regras". Tememos que regras sufoquem a liberdade e o amor. Algumas de fato o fazem. Regras têm consequências. Mas e se houver uma que nos liberte para amar, bem como uma treliça que sustenta
Comum é sobre isto: hábitos que formam corações, mentes e mãos em direção ao amor a Deus e ao próximo. Justin Earley nos convida a cultivar com intencionalidade e em comunidade uma rotina que subverta os ritmos de distração e superocupação e gere pessoas mais profundas, contemplativas e relacionais. Discípulos ricos em sabedoria, atentos à beleza, sensíveis ao descanso — dependentes da graça. Este livro certamente abençoará a igreja brasileira e nos ajudará a, momento a momento, viver a vida que buscamos e que já está disponível no Senhor.
Bruno Maroni, criador do LADO B, uma newsletter sobre cultura, arte e formação espiritual.
A criação é cheia de ritmos de vida sagrados. Há uma maneira de viver que honra e incorpora esses ritmos. Uma regra comum é uma ferramenta bela e convidativa que nos ajuda a fazer exatamente isso. Ela é um importante guia para uma vida mais profundamente enraizada no vivificante reino de Deus.
Alan Fadling, presidente e fundador da Unhurried Living
Um dos maiores problemas que os crentes enfrentam hoje é a falta de disciplina. Consequentemente, eles não correspondem às expectativas de Jesus, como podemos ver na crescente queda dos padrões morais em nosso país. Uma regra comum expõe uma disciplina sensata que qualquer seguidor de Jesus pode usar para se tornar um discípulo missionário cheio de alegria.
Michael T immis, ex-presidente dos Prison Fellowship Ministries, membro do conselho da Alpha International e da The New Canaan Society
Escolher habitualmente o que é melhor, em vez do que é urgente, nunca foi tão difícil quanto em nossa cultura de distração permanente. “Mas por onde eu começo?”, as pessoas perguntam. Neste livro, Justin Earley dá a resposta. Ouça o que ele diz e você irá recuperar uma grande parcela de sua vida.
John Stonestreet, presidente do The Chuck Colson Center for Christian Worldview
É encorajador ver uma nova geração de cristãos refletindo sobre o poder formativo de hábitos e rituais. Nossos padrões de vida moldam nossas atitudes e ações em um nível muito maior do que podemos perceber Uma regra comum nos exorta a analisar nossos hábitos sob uma nova perspectiva e a abraçar um novo modo de vida no qual, conscientemente, nos limitamos para buscar o que é melhor para nós e para nosso próximo.
Trevin Wax, diretor do departamento de Bíblias e referências na LifeWay Christian Resources, autor de This Is Our Time: Ever yday Myths in Light of the Gospel
Embora eu seja uma líder da igreja que conhece o Senhor há décadas, enfrento uma luta diária para arranjar espaço para realmente estar com Cristo. Em vez disso, estou presa às demandas que me bombardeiam através do meu celular. Uma regra comum oferece um caminho prático para escapar disso não apenas para as pessoas individualmente, mas também para igrejas e pequenos grupos.
Karen Heetderks Strong, diretora sênior da The Falls Church Anglican, Falls Church, Virgínia, EUA
Os livros não foram feitos apenas para serem lidos. Os bons livros nos comovem. Os grandes nos transformam. Agora sou fã de Justin Whitmel Earley. Ele fez algo que não é tão comum: nos ensinou oito hábitos que não só transformam
nossa própria vida, mas, ainda mais importante, também transformam a vida daqueles que escolhem nos seguir
Tommy Spaulding, autor de The Heart-Led Leader e It’s Not Just Who You Know
Justin Earley oferece um porto seguro para todas as pessoas ocupadas, viciadas em celular e distraídas deste mundo. Em seu livro profundamente pessoal e imensamente prático, ele nos inspira a encontrar um ritmo que apoiará o mais vivificante de todos os nossos relacionamentos — nossa amizade com Jesus.
Ken Shigematsu, pastor da Tenth Church, em Vancouver, no Canadá, autor de Sur vival Guide for the Soul
No espírito de Richard Foster, Eugene Peterson e tantos outros autores reflexivos, este livro sobre a Regra Comum é uma animadora contribuição para a famí lia de Deus. Cada um de nós precisa e anseia por uma forma de aprofundar nossa consciência de estar neste mundo. Muitos escritores cristãos apenas oferecem mais um livro de autoajuda. Uma regra comum quebra esse padrão e nos chama a uma intimidade mais profunda com Deus.
Gary Bradley, The Navigators
A caminhada sincera de Justin Whitmel Earley por meio da ansiedade dá esperança a quem precisa de um novo caminho. Uma regra comum torna-se uma maneira acessível de avançar em nossa caminhada com Cristo, seja lutando contra a ansiedade ou simplesmente querendo encontrar Cristo no centro de nossa vida. O novo olhar de Earley sobre a vida litúrgica sai da página e entra em nossa vida diária. Este livro é um lembrete revigorante de que o companheirismo, as refeições compartilhadas, o jejum, a oração, o silêncio e o descanso têm efeitos profundos na nossa vida. Em uma sociedade de fast-food e famílias divididas, o retorno à mesa é mais importante do que nunca. Earley viveu o mundo acelerado sem limites, onde todos têm livre acesso à nossa vida, mas, nas páginas deste livro, vemos que ele encontrou outro caminho — outro caminho para todos nós.
Diana M. Shiflett, pastora de formação espiritual da Naper ville Covenant Church, autora de Spiritual Practices in Community
Quando alguém pergunta como você está e a resposta é sempre: “Perdendo o juízo, de tanta coisa que tenho para fazer”, pode ser que esteja na hora de mudar. Uma regra comum oferece sabedoria prática sobre como reestruturar paulatinamente, mas de modo intencional, nossa vida, e mostra que, ao reconhecermos as limitações, nós paradoxalmente conquistamos a liberdade que tanto desejamos John Dyer, autor de From the Garden to the City: The Redeming and Corrupting Power of Technology
Sou grato por Uma regra comum porque este livro é uma ferramenta prática para me salvar da tirania da produtividade mecânica. O livro e as práticas propostas me lembram de que sou um ser humano, e não um fazer humano. Leia este livro e liberte-se da tirania!
David M. Bailey, diretor executivo de Arrabon, coautor de Race, Class, and the Kingdom of God
Na época atual, estamos nos contentando em sermos informados, quando nosso chamado é para sermos transformados. Não sou nenhum ludita, mas devemos repensar a forma como a tecnologia e o excesso de atividades estão afetando aquilo que amamos. Uma regra comum não só tem conselhos práticos incríveis para rotinas diárias e semanais, como também abre nossos olhos para ver as águas em que estamos nadando. Toda igreja deveria pensar em usar esse livro como um recurso formativo.
AJ Sherrill, autor de Enneagram and the Way of Jesus, pastor presidente da Mars Hill Bible Church, em Grand Rapids, EUA
Este livro é maravilhosamente prático. E, mais do que isso, é um livro bonito — cheio de vislumbres da vida para a qual fomos feitos e das escolhas simples que podem nos levar nessa direção Os hábitos descritos aqui e a sabedoria que eles incorporam são o caminho para a sanidade em um mundo frenético.
Andy Crouch, autor de Sabedoria d igital para a família e Culture Making
Uma regra comum é um guia envolvente, relevante e transformador para quem deseja cultivar a disciplina espiritual em meio às distrações e atrações da vida e às pressões e desafios diários de apenas sobreviver. As práticas espirituais que Justin propõe não são simplesmente hábitos e formas adaptadas à vida moderna, mas hábitos e formas desenvolvidas no doloroso crisol da experiência pessoal. É um livro que vale a pena ler, com sugestões valiosas a serem seguidas.
Ron Nikkel, presidente emérito do Prison Fellowship International
Admiro a praticidade desse livro. Justin Whitmel Earley compreende e personifica a realidade de que mostramos o que amamos e valorizamos por meio dos nossos hábitos diários.
Mark Scandrette, autor de Free e Practicing the Way of Jesus e coautor de Belonging and Becoming
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Lucília Marques
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e Eliel da S. F. Vieira
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Franklin Earley
Da dos I nter na ciona i s de Cata log a ção na P ubl ica ção (CI P) (Câ ma ra Bra si lei ra do L iv ro, SP, Bra si l)
C725p Comer, John Mark 1.ed. Praticando o caminho / John Mark Comer ; tradução Elissamai Bauleo. –
272 p.; 13,5 x 20,8 cm
Título orig inal : Practicing the way
ISBN 978-65-5217-037-8 Capa cruz
ISBN 978-65-5217-162-7 Capa montanha
1. Cristianismo – Essência , natureza etc. 2. Espiritualidade – Cristianismo 3. Fé. 4. Evang elho. 5. Vida cristã . I. Bauleo, Elissamai. II. Título
12-2024/53
CDD 230
Índice para catálog o sistemático : 1. Espiritualidade : Vida cristã : Cristianismo 230 Bibliotecária responsável : Aline Graziele Benitez – CRB -1/3129
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“No laço do amor, você me libertou.”
Para Lauren
Sumário
Introdução
Descobrindo a liberdade das limitações 11
Parte 1 Como praticar a Regra Comum 33
O que é uma regra? 35
Os oito hábitos da Regra Comum 41
Parte 2 Os hábitos diários 45
Orar de joelhos de manhã, ao meio-dia e na hora de dormir 47
Uma refeição compartilhada 67
Uma hora com o celular desligado 87
A Bíblia antes do celular 107
Parte 3 Os hábitos semanais 125
Uma hora de conversa com um amigo 127
Curadoria de mídia para quatro horas 147
Fazer jejum de alguma coisa por 24 horas 167
Shabat 185
Epí logo
Sobre fracasso e beleza 205
Recursos 216
1. Visão geral dos hábitos 217
2. Os hábitos em poucas palavras 218
3. Experimentando um único hábito da Regra Comum 221
4. Experimentando uma semana da Regra Comum 223
5. Experimentando um mês da Regra Comum 225
6. A Regra Comum para congregações 228
7. Uma oração para os que estão experimentando os hábitos da Regra Comum 229
8. A Regra Comum como uma regra de vida 233
9. A Regra Comum para diferentes realidades de vida 235
Agradecimentos 253
Introdução
Descobrindo a liberdade
das limitações
Era meia -noite de um sábado comum quando acordei de rep ente sentindo um pânico terrível , suando e tremendo. Me sentei na cama , no silêncio do quar to que minha esp osa , Lauren, e eu compar tilhamos. A sensação era tão intensa , que fiquei à esp era da notícia de que a lg o terrível tivesse aconte cido, como se meu sub consciente soub esse de a lg uma coisa que eu não estava a par. Ma s tudo estava quieto. Foi um momento tão estranho, que acordei Lauren e tentei explicar a ela o que tinha aconte cido, ma s não havia muito o que dizer. Era como se o a larme do meu coração tivesse disparado sem motivo. Fina lmente, dep ois de um temp o tentando me aca lmar, voltei a dormir.
No dia seg uinte, p ermane cia uma va g a sensação de que a lg o estava errado. Naquela tarde, le vamos nossos filhos para colher maçã s na s montanha s à o este da nossa cidade, Richmond , na Virg ínia . Os p omares estavam com aquela b ele za deslumbrante do fina l de setembro. Comemos rosquinha s de cidra de maçã , e minha esp osa e eu ficamos vendo os meninos correrem em volta da s ár vores. Po deria ter sido
p erfeito — ma s eu estava a li p ela metade. Era como se minha s emo çõ es estivessem usando ó culos escuros ; tudo pare cia ting ido p or um tom de ner vosismo.
Naquela noite, a mesma coisa aconte ceu, mas dessa vez eu não conseg ui mais dormir. Passei a seg unda-feira no escritório pare cendo um zumbi, debruçado sobre papéis e indo e voltando da minha mesa até aquela terrível máquina de café que só fazia uma xícara por vez . O me do estava come çando a a g ir em mim como um vírus. Eu temia o momento em que teria de me deitar naquela noite com meus pensamentos de pânico.
Então f ui parar na sa la de emerg ência à s três da manhã , olhando para um mé dico que, meio sem jeito, me disse que não havia nada de errado. Eu estava ap ena s apresentando sintoma s de ansie dade clínica e ataques de pânico. Ele me g arantiu como se fosse a lg um consolo que isso era muito comum . Eu não conseg uia acre ditar no que estava ouvindo.
Está tudo bem, está tudo desmoronando Eu não conseg uia acre ditar p orque, p elo que eu sabia , não estava estressado ou pre o cupado com nada . Na verdade, tudo pare cia estar indo muito b em . D ep ois de estudar L iteratura Ing lesa na Universidade da Virg ínia e me ca sar com minha maravilhosa esp osa , pa ssamos a lg uns anos como missionários na China . Eu g ostava muito de lá , e teríamos ficado a inda ma is temp o, não fosse p elo fato de que um dia eu vi a lg o que mudou minha maneira de enxerg ar o mundo. Eu estava caminhando na ca lçada e, no espaço de de z minutos, encontrei uma p essoa vendendo dro g a s, outra administrando um b ordel , outra comercia lizando notebooks roubados e outra protestando contra o g overno.
Tirando o protesto p olítico, tudo aquilo era norma l na China . Em meus quatro anos lá , nunca tinha visto um protesto, e nunca ma is veria um . Fiquei olhando enquanto uma mo ça desenrolava um car ta z que dizia : “O sistema judicia l na China está fa lido, a s p essoa s no camp o estão sendo oprimida s ” ela foi presa tão rapidamente que não tive temp o de ler o resto.
Enquanto me afastava , me ocorreu que todas aquelas quatro coisas eram ileg ais, mas três delas eram consideradas maneiras leg ítimas de g anhar dinheiro. E das quatro, apenas uma era um corajoso ato de amor ao próximo — punível com a prisão. Foi naquele dia que p ercebi o p o der que a lei e os neg ó cios têm de moldar o mundo, e tive um for te senso do meu chamado. S enti o S enhor me dizendo que, se eu queria seg ui-lo, de veria fa zê-lo naquela s área s. Era nesse camp o que ele queria que eu fosse missionário. E ob e de ci. Assim, Lauren e eu nos mudamos para Wa shing ton, capita l , onde f ui cursar Direito na Universidade de G e org etown e Lauren come çou sua carreira em consultoria de filantropia .
Nesse p erío do, na sceram nossos dois filhos ma is velhos, Whit e Asher. Dep ois de me formar entre os melhores a lunos da minha turma na G e org etown, conseg ui um empreg o como advo g ado de f usõ es e aquisiçõ es no ma ior escritório de advo cacia de Richmond. To dos os meus melhores amig os e familiares moravam em Richmond , e então nos mudamos para lá para viver felizes para sempre — ou a ssim eu p ensava . Eu estava emp olg ado naquele verão. Deixei crescer uma barba enorme (convencendo minha esp osa de que teria de ra spá -la quando come ça sse no escritório de advo cacia), comprei uma moto B MW clá ssica ( p ersuadindo minha esp osa de que seria um meio de transp or te conveniente) e, quando não
Descobrindo a liberdade das limitações
estava estudando para o exame da Ordem, pa ssei o temp o me exercitando ou brincando com meus filhos (não pre cisei convencer Lauren a concordar com isso).
Em resumo, a vida estava indo à s mil maravilha s exceto p or uma coisa : eu estava cansado. Cansado de verdade. Desde a formatura no curso de L iteratura , eu estava eng olindo a vida com uma fome vora z . Eu queria ser b om em tudo o que fa zia .
Pa ssei meus anos na China acordando ce do para estudar mandarim e dormindo tarde para p o der pa ssar temp o com outros missionários e amig os chineses.
Na faculdade de Direito, minha vida se tornou uma sucessão interminável de a ler ta s de ca lendário, compromissos, atividades para ap erfeiçoar meu currículo e estudos até tarde da noite. No entanto, to dos nós éramos a ssim e nada pare cia estranho. L embro -me de ter dito aos meus amig os, no dia do exame da Ordem, que tive problema s para dormir na noite anterior à prova , e to dos me olharam com uma cara estranha p elo visto, eu era o único que não tinha usado remé dio para dormir.
S er dominado p ela ambição era um mo do de vida na faculdade de Direito e dessa forma eu entrei no mesmo compa sso. Pensei que fosse a ssim que vo cê se tornava um dos melhores a lunos do curso, conseg uiria os melhores empreg os em g randes empresa s e se tornava um jovem advo g ado de sucesso — dizendo sim a tudo, e não a nada .
Assim, eu estava o cupado dema is, com compromissos em excesso e vivendo com uma a g enda caótica e lotada . Ma s eu p ensava que era diferente p orque eu tinha um chamado. D ep ois de ver aquele manifestante ser preso, fiquei ob ce cado p ela ideia do quanto a lei e a e conomia moldam a cultura em que vivemos — para melhor ou para pior.
S ó dep ois, olhando para trá s, é que p ercebi que, emb ora a ca sa da minha vida fosse de corada com conteúdo cristão, a arquitetura dos meus hábitos era como a de to da s a s outra s p essoa s. E aquela vida estava f uncionado para mim até que um dia desmoronou .
O missionário se conver te
Naquela noite, no hospita l , o mé dico me deu uma ca ixa de comprimidos para dormir e disse que eu pre cisava diminuir o ritmo. É claro que eu não fa zia a menor ideia de como desacelerar. A o cupação constante f unciona como um vício. deixa a ma ioria de nós aterrorizados. Por tanto, para lidar com esse problema , vo cê tem de se manter o cupado. Eu come cei a tomar os comprimidos para dormir e entrei na fa se ma is sombria da minha vida .
As pílula s me apa g avam p or a lg uma s hora s to da s a s noites, ma s lo g o descobri que reajo aos remé dios para dormir de to da s a s forma s horríveis descrita s na bula . Enormes mudança s de humor durante o dia , p esadelos a lucinó g enos e até p ensamentos suicida s — tudo isso eu tinha . Em questão de semana s, desenvolvi uma instabilidade a ssustadora , chorando sem motivo, lutando para fo car os p ensamentos e incapa z de aca lmar meus me dos irraciona is.
Uma noite, eu estava na coz inha e Lauren me entreg ou a lg uns pratos para g uardar. Olhei para ela e disse : “Não sei onde b otar isso”. E eu rea lmente não sabia . Minha mente estava ficando tão ene voada , que tarefa s simples a ssumiam uma dificuldade absurda . S e não consigo nem g uardar a louça — p ensei Tudo o que eu va lorizava estava ameaçado.
Descobrindo a liberdade das limitações
Isso foi o início de um long o p erío do em que pre cise i de pílula s ou á lco ol para dormir. Ap ós um temp o, conseg ui deixar os comprimidos g raça s a D eus –, ma s a b ebida continuou . Eu pre cisava de a lg uma s doses para conseg uir dormir.
Minha conversão do jovem missionário para o advo g ado que vivia à ba se de me dicamentos estava completa . E uma p erg unta ficava mar telando na minha cab e ça : como foi que o mis-
Responder a essa perg unta não foi nada fácil. Percorri uma estrada muito longa e difícil. Hoje vejo que meu corpo finalmente cheg ou a um ponto em que se converteu à ansiedade e à ocupação que eu vinha re verenciando por meio dos meus hábitos e rotinas. Os anos em que mantive uma ag enda construída com base em trabalho ininterrupto para tentar conquistar meu lugar no mundo finalmente capturaram o meu coração. Minha cabe ça dizia uma coisa : que Deus me ama , não importa o que eu faça . Mas meus hábitos diziam outra : que era melhor eu continuar me esforçando para continuar sendo amado.
No fina l , come cei a acre ditar nos meus hábitos — de mente, corp o e a lma .
meses dep ois, cheg uei a outra noite que mudou minha vida .
Descobrindo o poder do hábito
Uma noite, p ouco dep ois da virada do ano, eu estava em um restaurante com meus dois melhores amig os, Matt e Ste ve. S obre a mesa estava uma folha de pap el repleta de anotaçõ es : um pro g rama de hábitos que minha esp osa e eu havíamos esbo çado. O objetivo do pro g rama era tentar fa zer com que meu coração acre dita sse na pa z que minha cab e ça confessava , ma s que meu corp o não aceitava . Matt e Ste ve iam me acompanhar para ver se eu estava seg uindo o pro g rama .
É imp or tante re conhe cer o quanto aquela noite foi bana l na ép o ca . Não houve nenhuma g rande re velação, nem vitória . Foi ap ena s uma noite de b oa conversa sobre viver com melhores rotina s diária s e semana is. Eu não achava que nenhum dos hábitos que foram escritos naquela mesa seriam tão imp ortantes a ssim . Havia hábitos diários de oração e a lg uma s hora s long e do meu celular, e hábitos semana is de tirar um dia de folg a do traba lho e conversar com amig os. Ma s nenhum deles se destacava como uma nova descob er ta .
Na ép o ca , eu nunca tinha ouvido fa lar de um hábito- chave uma micromudança que pro duz macro efeitos. Eu não achava que a lg uma s mudança s de hábito mudariam minha vida , ma s estava disp osto a tentar qua lquer coisa . Hoje, enquanto escre vo esta s pa lavra s, a inda vivo de acordo com esses hábitos, a inda tenho o mesmo empreg o, a inda tenho o mesmo chamado, ma s dormi como um b eb ê ontem à noite.
L entamente, me tornei um novo homem um homem humilhado, ma s muito ma is for te.
Eu não achava que esses hábitos imp or tariam tanto p orque não tinha ideia do quanto minha s rotina s comuns estavam moldando minha a lma da s forma s ma is extraordinária s. Eu não fa z ia ideia do quanto minha vida estava sendo moldada p or meus hábitos em ve z de minha s esp erança s. A ma ioria de nós não p erceb e isso, é claro, p orque esses hábitos são a á g ua em que nadamos.
Enxergando a água
Em 21 de ma io de 2005, David Foster Wa llace proferiu seu eletrizante e instantaneamente famoso discurso de formatura no Kenyon Col leg e intitulado “Isso é á g ua ” . Ele come çou com esta narrativa :
Descobrindo a liberdade das limitações
Dois peixinhos jovens estão nadando quando, por acaso, encontram um peixe mais velho nadando na direção contrária, que acena para eles e diz:
— Bom dia, meninos, o que estão achando da água?
Os dois jovens peixes continuam nadando por um tempo, até que um deles olha para o outro e pergunta:
— O que diabos é água?
A questão é que, como ele disse, “ as realidades mais óbvias e importantes são muitas vezes as mais difíceis de ver e descrever” . 1
No que diz respeito aos nossos hábitos, a realidade invisível é esta : Estamos todos vivendo de acordo com um regime de hábitos específico, e esses hábitos moldam a maior parte da nossa vida.
Um hábito é um comp or tamento que o corre automaticamente, de forma rep etida e, muita s ve zes, inconsciente. Um estudo da D uke Unive rsit y ap ontou que 40% da s açõ es que praticamos to dos os dia s não são resultado de escolha s, ma s de hábitos. 2 Na s pa lavra s de William James : “ To da a nossa vida , uma ve z que tem forma definida , não é senão uma ma ssa de hábitos”.3 O problema é que, como Wa llace sug eriu, muito do que está ba sicamente moldando nossa existência o corre inconscientemente.
No entanto, o fato de não escolhermos nossos hábitos não sig nifica que não os tenhamos. Pelo contrário, g era lmente sig nifica que outra p essoa os escolheu p or nós e, g era lmente, esse a lg uém não está nem um p ouco pre o cupado conosco.
1 David Foster Wallace, “2005 Kenyon Colleg e Commencement Address”, May 21, 2005, Kenyon College Alumni Bulletin. Disponível em : http ://bulletin-archive.kenyon.edu/x4280.html. Acesso em : 20 out. 2024.
2 David Brooks, “ The Machiavellian Temptation”, artig o no New York Times, 1o de março de 2012.
3 William James, Talks to Teachers on Psycholog y : And to Students on Some of Life’s ideals (New York : Henr y Hold and Company, 1914), p. 64.
Veja o seu horário de trabalho ou quanto tempo você passa rolando a tela do celular nas re des sociais, por exemplo. Pense no seu histórico na internet ou no que fez todas as manhãs na semana passada . Pense no que você costuma comer no almoço ou no tempo que passa com a família , em comparação com o tempo que passa olhando para uma tela durante um dia normal. Essas coisas definem vastas porções das nossas vidas e, embora preferíssemos afirmar que as escolhemos com cuidado, na maioria das vezes nem se quer pensamos nelas duas vezes. Fre quentemente, vamos apenas na onda do que as pessoas à nossa volta estão fazendo. E com muito mais fre quência do que g ostaríamos de admitir ou conseg uimos compre ender, somos empurrados para essas escolhas por aqueles que querem g anhar dinheiro com os hábitos da nossa vida diária . Isso não seria tão r uim, se não fosse p elo fato de que os hábitos moldam muito ma is do que a s nossa s a g enda s : eles moldam o nosso coração.
A ciência e a teologia do hábito
Em seu fascinante livro The Power of Habit , Charles Duhig g escre veu que “quando um hábito se forma , o cérebro deixa de participar plenamente da tomada de de cisões. Os padrões de comportamento que desenvolvemos se desdobram automaticamente ” . 4 A atividade cerebral durante a prática dos hábitos ocorre na parte mais prof unda do cérebro, os g âng lios basais. Isso e conomiza um bocado de energ ia mental para outros pensamentos. Por isso podemos entrar no carro e de repente
4 Charles Duhig g , The Power of Habit (New York : R andom House, 2012). [Edição em portug uês : O poder do hábito : por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios, tradução de R afael Mantovani (Rio de Janeiro : Objetiva , 2012).]
Descobrindo a liberdade das limitações
cheg ar em casa sem pensar em uma única cur va que fizemos.
Em vez disso, estivemos pensando em um complicado problema do trabalho ou em um parente doente. Os hábitos nos permitem usar melhor o cérebro.
Em g era l , isso é b em útil , ma s tem sua s des vanta g ens . Em
primeiro lug ar, se estamos praticando um mau háb ito — uma prática que reforça um vício, p erp etua um p adrão de p ensamento prejud icia l ou inc entiva a subm issão irraciona l a uma te cno lo g ia proj etada p ara atra ir nossa atenção e vendê-la aos anunciantes —, não temos muito p o der p ara lutar c ontra ele. Temos c ond iç õ es de sab er que a l g o não é saudável ou está errado. S omos cap a zes de sab er exatamente p or que a l g uma co isa é r uim ou indesejável . Po demos d izer isso a nós mesmos vária s ve zes, ma s essa p ar te do nosso c érebro é exatamente a que fica de fora quando o p iloto automátic o do háb ito é l ig ado.
Em seg undo lug ar, p elo fato de que nossa s escolha s inconscientes nos formarem tanto quanto a s conscientes, se não ma is do que ela s, p o demos ser moldados para seg uir padrõ es que nunca escolheríamos conscientemente. Essa é a diferença entre o que chamamos de e ducação e formação. Educação é o que vo cê aprende e sab e coisa s que lhe são ensinada s. Formação é o que vo cê pratica e fa z coisa s que são captada s. As coisa s ma is imp or tantes da vida , é claro, são captada s, não ensinada s, e a formação, em g rande par te, diz resp eito aos hábitos invisíveis.
É p or isso que, para entender completamente os hábitos, de vemos p ensar neles como liturg ia s. Uma liturg ia é um padrão de pa lavra s ou açõ es rep etida s reg ularmente como forma de adoração. O objetivo de uma liturg ia é que o par ticipante seja moldado de uma determinada maneira .
Por exemplo, eu repito o Pa i-Nosso to da s a s noites com meus filhos p orque quero que a s pa lavra s da oração de Jesus p eneção molde a essência de sua s vida s.
Obser ve como a definição de liturg ia é pare cida com a definição de hábito. A liturg ia e o hábito são coisa s que realizamos rep etidamente, e isso fa z com que sejamos moldados p or eles ; a única diferença é que uma liturg ia admite que é um ato de adoração. Chamar hábitos de liturg ia s po de pare cer estranho, ma s pre cisamos usar um vo cabulário que ressa lte o fato de que nossa s rotina s diária s não são neutra s. Nossos hábitos fre quentemente camuflam o que nós estamos rea lmente adorando, ma s isso não sig nifica que não estejamos adorando a lg o. A questão é : o que estamos adorando ?
Como o filósofo James K . A . Smith arg umenta em seu livro Você é aquilo que ama : o pode r espiritual do hábito, 5 os hábitos que praticamos dia ap ós dia não tang enciam a nossa adoração ; na rea lidade, eles são centra is. Adoração é formação, e formação é adoração. Como expressou o sa lmista , os que fa zem e confiam em ídolos se tornarão como eles (Sa lmos 31.6). Por tanto, nós nos tornamos nossos hábitos. hábitos são liturg ia s de adoração, e a descob er ta neuroló g ica de Duhig g , de que nosso cérebro não está tota lmente envolvido quando nossos hábitos estão em ação, temos uma explicação robusta de como os hábitos inconscientes remo delam f undamenta lmente o nosso coração, ap esar do que dizemos a nós mesmos em relação à nossa fé.
5 James K . Smith : Você é aquilo que ama : o poder espiritual do hábito (São Paulo : Vida Nova , 2016).
Descobrindo a liberdade das limitações
Pequenos hábitos, liturgias poderosas
Para tornar tudo isso ma is concreto, vou mostrar como esse pro cesso se desenvolveu na minha rotina diária , antes daquela crise de ansie dade.
Tabela 1. Maus hábitos como liturgias de crença errada
Hábito Liturgia de crença errada
Acordar exausto de novo, porque nunca vou para a cama na hora certa.
Olhar os e-mails de trabalho no meu telefone antes de sair da cama.
Tomar o café da manhã no caminho, enquanto todos na minha família se apressam para chegar atrasados a algum lugar No escritório, almoçar na minha mesa de trabalho.
Deixar ligadas todas as notificações do computador e manter meu telefone ligado e à vista enquanto trabalho.
Se um gerente pedir algo no final do dia com um prazo impossível, sempre diga sim. Se surgir um convite para um evento social, aceite.
Não sou uma criatura; sou infinito. Meu corpo vai ficar bem. Eu sou um deus.
Posso perder um momento de sossego, mas não posso deixar de dar uma resposta rápida. Se eu não tiver um bom conceito no escritório, não valho nada.
Estar ocupado demais é normal, e talvez até desejável. Se muitas pessoas estão disputando o meu tempo, isso é um sinal de que sou importante. Para continuar sendo importante, preciso continuar ocupado, e isso significa chegar atrasado o tempo todo.
Preciso saber o que se passa lá fora. Novidade é o que há de mais importante.
A melhor maneira de amar meus próximos é estar atualizado sobre manchetes dramáticas e novos memes, e não manter o foco no trabalho.
Vou me tornar a minha melhor versão ao expandir minhas opções, então não posso dizer não. Posso estar cansado e ocupado, minha família pode estar exausta por causa da minha imprevisibilidade, mas se eu não mantiver meu leque de oportunidades, não posso ser quem realmente sou.
Mesmo quando sinto que todos os itens anteriores estão ficando fora de controle, mesmo quando a melhor palavra para descrever minha vida é “disperso” ou “ocupado”, resisto a quaisquer regras que possam restringir o uso da tecnologia e os horários de trabalho.
Ter limites é restringir minha liberdade. E eu não sou totalmente humano sem minha liberdade de escolha em todos os momentos. O que faz a vida ser boa é poder escolher o que você quer.
Po demos parar p or aqui. Não cheg uei nem na metade do meu dia , e vo cê já p o de ver que, p elo fato de não ter um prog rama de hábitos, eu estava me submetendo a um rig oroso reg ime de liturg ia s simplesmente p orque a ssimilei o típico estilo de vida americano. Minha vida era uma o de de adoração à onisciência , onipresença e fa lta de limites. Não é à toa que meu cor po se rebelou.
A escravidão da liberdade
To da s essa s liturg ia s de crença errada tiveram pap el imp ortante na minha formação como um homem ansioso, ma s a última da tab ela é esp e cia lmente p erig osa : a liturg ia da lib erdade. Por que a liturg ia da lib erdade é tão p erig osa ? Porque ironicamente ela p erp etua a escravidão a to dos os outros hábitos. A liturg ia da liberdade é perig osa por duas razões. Em primeiro lug ar, p orque ela não pro duz l ib erdade verdadeiramente. Nós achamos que, ao rejeitar quaisquer limites aos nossos hábitos, permane cemos livres para escolher. Na verdade, quando nos vemos diante de um mundo de opções, ficamos tão cansados de tomar de cisões que não conseg uimos escolher
Descobrindo a liberdade das limitações
Minha vida era uma ode de adoração à onisciência, onipresença e falta de limites.
Não é à toa que meu corpo se rebelou.
E se a verdadeira libe rdade vie r de escolhe r as limitações ce rtas, não de evitar todas as limitações?
Em retrosp e cto, vejo que aquela noite no restaurante com meus amig os, ao esbo çar um plano de hábitos, foi um momento tão imp or tante p orque fina lmente abandonei o hábito - chave da lib erdade. D e cidi que os limites eram uma maneira melhor de viver, e foi aí que tudo mudou. Eu tinha pa ssado a vida inteira p ensando que to dos os limites arruinavam a lib erdade, quando a verdade sempre foi o contrário : os limites cer tos ge ram lib erdade.
Não foi a lg o que eu p ercebi da noite para o dia , ma s, à medida que minha vida come çou a mudar, pa ssei a me p erg untar p or que renunciar à liturg ia da lib erdade e aceitar limitaçõ es
• 25 nada direito. Como estamos cansados demais para tomar boas de cisões, ficamos extremamente suscetíveis a deixar que outras pessoas de chefes manipuladores a invisíveis prog ramadores de celular tomem as de cisões por nós. A busca obstinada desse tipo de liberdade sempre acaba em escravidão, o que nos le va à seg unda razão pela qual a liturg ia da liberdade é perig osa : ela nos ceg a para o que realmente é a boa vida . limite”, presumimos que a b oa vida vem quando temos a lib erdade de fa zer o que quisermos. Então, para g arantir uma b oa vida , temos de a sseg urar nossa capacidade de escolha em to dos os momentos. Contudo, e se a boa vida não vem de te r a capacidade de faze r o que que re mos, mas de te r a capacidade de faze r o que fomos feitos para faze r?
era tão difícil para mim e para a s p essoa s do Ocidente em g era l. Come cei a me p erg untar como pa ssamos a acre ditar em uma definição tão bizarra de lib erdade, se havia exemplos vivos de uma lib erdade melhor.
Encontrei a resp osta na vida de Jesus.
Jesus, o bom mestre
Não há ning uém que tenha renunciado a sua lib erdade ma is do que Jesus, a seg unda p essoa onip otente da Trindade, que a ssumiu a forma v ulnerável de um b eb ê indefeso. Mesmo tendo sido aquele que trouxe o universo à existência p or sua Pa lavra , a g ora não conseg uia dizer uma única pa lavra . É isso o que a s Escritura s querem dizer quando afirmam que ele “ es vaziou a si mesmo” (Filip enses 2.7).
Entretanto, não para por aí ; Jesus não apenas se tornou humano. Jesus se tornou um humano pobre. Um humano sem teto. Um humano que amava com tanto poder, que se tornou uma ameaça para os que estavam no poder, então eles o torturaram e o mataram. Jesus se submeteu à limitação má xima : ser expurg ado do mundo pela morte. Mas por quê ? Por que ele faria isso ?
Por amor.
Por amor a vo cê e a mim .
A Car ta aos Filip enses diz que, p or estar disp osto a se subse le vantou e sa iu do túmulo, ele explo diu a s limitaçõ es do que sig nificava ser humano, dançando sobre a própria mor te. Ag ora , os que escolherem entreg ar sua vida a Cristo tamb ém ressuscitarão com Cristo. Ao renunciar à sua lib erdade p or lib erdade a Jesus, par ticipamos desse amor. Encontramos nossa verdadeira lib erdade na s restriçõ es do amor divino.
Descobrindo a liberdade das limitações
A principa l coisa que pre cisamos p erceb er aqui é que a s açõ es de Jesus são exatamente o contrário do que os humanos fizeram no Jardim do Éden . Lá , tentamos nos tornar deuses rejeitando a autoridade de D eus e comendo do fr uto proibido. Ao tentar nos lib er tar de nossa s limitaçõ es, trouxemos a suprema limitação para o mundo : a mor te. Ma s Cristo vira esse paradig ma humano de cab e ça para ba ixo. O caminho para ba ixo é o caminho para cima . O caminho para a vitória pa ssa p ela entreg a . O caminho para a lib erdade pa ssa p ela submissão.
Nós, por amor a nós mesmos, tentamos nos tornar ilimitados, e o mundo foi arruinado. Jesus, por amor a nós, se autolimitou, e o mundo foi salvo.
Por amor a nós mesmos, tentamos nos tornar ilimitados, e o mundo foi arr uinado. Jesus, p or amor a nós, se autolimitou, e
Descobrindo a regra de vida
Tudo isso era novo para mim, ma s é claro que não é nenhuma novidade.
À me dida que minha vida p essoa l mudava , minha vida profissiona l tamb ém foi se transformando. Surpre endentemente, ao colo car limites no meu horário de traba lho e no uso de te cnolo g ia , descobri que me tornei melhor na minha profissão. Esses novos hábitos me ajudaram a ter muito ma is fo co no traba lho. D ep ois de p ôr a lg uns limites em torno do meu temp o, descobri que a s p essoa s rea lmente pre cisavam de mim muito menos do que eu p ensava . Um dos meus hábitos era deslig ar meu telefone p or uma hora to da s a s noites,
Conse quentemente, come cei a falar muito sobre hábitos.
Muitos dos meus amig os de vem ter ficado aborre cidos por me ouvirem repetir essas coisas várias vezes. Um dia , eu estava explicando ao meu pastor alg umas das minhas constatações sobre hábitos, e ele pe diu para ver o que eu estava fazendo. Nunca vou esque cer o que ele disse quando olhou minhas anotações : “Ah, entendi. Você criou a sua própria reg ra de vida”.
Eu respondi com as palavras irônicas de alg uém que acabaria escrevendo um livro sobre isso : “O que é uma regra de vida ?”.
Ag ora sei que “ reg ra de vida” é um termo para um padrão de hábitos comuna is usados para a formação. As reg ra s de vida ma is conhe cida s foram desenvolvida s p or pa is da ig reja e antig os mong es, como Santo Ag ostinho ou São Bento. Ma s, p or milhares de anos, a s comunidades espiritua is têm usado a estr utura da reg ra de vida como um me canismo de forma -
ção comunitária .
Ap esar de nosso entendimento da pa lavra “ reg ra ” , uma “ reg ra de vida” tem muito ma is a ver com descobrir um prop ósito comum do que com ob e diência a cer ta s norma s. Por exemplo, emb ora a s reg ra s de Santo Ag ostinho e São Bento tenham diversos p e quenos hábitos que p o demos considerar insig nificantes ou muito ríg idos, é pre ciso notar que os dois tinham o mesmo objetivo em mente : o amor.
Os dois estavam determinados a p eg ar os p e quenos hábitos de vida e org anizá -los de mo do a a lcançar o g rande objetivo da vida : amar D eus e o próximo. A reg ra de Santo Ag ostinho come ça com esta fra se : “Antes de qua lquer outra coisa , caríssimos irmãos, de vemos amar a D eus e, dep ois dele, o nosso
Descobrindo a liberdade das limitações e descobri que a ma ioria dos meus clientes e coleg a s não tinha nenhum problema em re ceb er uma lig ação de volta uma hora dep ois, quando eu relig ava o telefone.
próximo ; p ois esses são os principa is mandam entos que nos foram dados”. A reg ra de São Bento come ça de clarando que não quer estab ele cer “nada se vero, nada p enoso ” , ma s dep ois descre ve o andar nos mandamentos de Deus como estar na “inefável do çura do amor ” .
Os dois viam os hábitos como os me canismos para direcionar a vida para o prop ósito do amor. Na verdade, a pa lavra reg ra é usada p orque vem da pa lavra latina reg ul a, a sso ciada a uma barra ou treliça , o sup or te de madeira no qua l uma planta cresce. A ideia é que nós (como a s planta s) estamos sempre crescendo e mudando. Ma s quando não há ordem, o crescimento p o de p eg ar a lg o que de veria pro duz ir fr utos e transformá -lo em uma videira retorcida de de cadência . Essa descrição era a ssustadoramente pre cisa no meu ca so. A reg ra de vida tem o objetivo de g uiar a vida comunitária na dire ção do prop ósito e do amor, em ve z de r umo ao caos e à de cadência .
Hábitos comunitários como uma regra de vida contemporânea
Qua lquer um que pare para p ensar sobre isso cheg a à mesma conclusão : os seres humanos são, em g rande me dida , definidos p ela s p e quena s rotina s que comp õ em seus dia s e semana s.
A autora Annie Dillard escre veu : “A forma como pa ssamos nossos dia s é, natura lmente, a forma como pa ssamos nossa vida . O que fa zemos com esta hora , e aquela outra , é o que estamos fa zendo. Uma a g enda proteg e do caos e dos impulsos. É uma re de para capturar dia s. É um anda ime sobre o qua l um traba lhador p o de ficar de p é e traba lhar com a s dua s mãos ao mesmo temp o ” . 6
6 Annie Dillard, The Writing Life (New York : Harper & Row, 1989).
A melhor maneira de entender uma “ reg ra de vida” ou um pro g rama de hábitos é ima g inar o anda ime de Dillard , sua versão da treliça . Os hábitos são como nos le vantamos e como colo camos nossa s mãos no temp o. E como o temp o é a mo e da do nosso prop ósito, os hábitos são como colocamos as mãos no nosso propósito. S e vo cê quiser p ôr a s mãos no que sab e, pre cisa pro curar a s pa lavra s cer ta s. S e vo cê quer p ôr a s mãos na p essoa na qua l vo cê está se transformando, pre cisa p ôr a s mãos em hábitos. Uma reg ra de vida é como colo camos a s mãos nos nossos hábitos. Entendendo essa dinâmica , a s ordens moná stica s vivem há milênios de acordo com reg ra s de vida , com o prop ósito de unificar a cab eça e o hábito.
Só quando seus hábitos são construídos de modo a corresponder à sua visão de mundo é que você se torna alguém que não tem apenas conhecimento sobre Deus e o próximo, mas alguém que realmente ama a Deus e ao próximo.
Já é hora de essa antig a sab e doria espiritua l se tornar o b om senso mo derno. To dos aqueles que querem estar atentos à p essoa na qua l estão se transformando pre cisam entender que a formação come ça com uma estr utura de hábitos. É extremamente imp or tante aprender a s verdades te oló g ica s correta s sobre Deus e o próximo, ma s é ig ua lmente ne cessário colo car essa te olo g ia em prática p or meio de uma reg ra de vida . Vo cê não p o de crer na verdade sem praticá -la , e vice-versa . Não se p o de ter uma b oa e ducação sem uma b oa formação, e vice-versa . Vo cê não p o de sab er quem é Jesus sem seg uir a Jesus, e vice-versa . Viver com
Descobrindo a liberdade das limitações
ap ena s uma ou outra dessa s coisa s é viver como metade de um ser humano.
S ó quando seus hábitos são constr uídos de mo do a corresp onder à sua visão de mundo é que vo cê se torna a lg uém que não tem ap ena s conhe cimento sobre D eus e o próximo, ma s uma p essoa que rea lmente ama a Deus e ao próximo.
A Regra Comum
O fato é que, p or aca so, me deparei com uma sab e doria antig a . Meu p e queno pro g rama de hábitos era uma esp é cie de reg ra de vida aplicada esp e cificamente à s mo derna s liturg ia s deformada s do mundo dos neg ó cios e da te cnolo g ia .
Enquanto eu conversava com meus amig os e familiares sobre como viver de acordo com uma reg ra de vida estava mudando minha vida , muitos deles sug eriram que eu compar tilha sse o que estava aprendendo para que outros pudessem tentar. Foi então que p eg uei a lg uns dos meus hábitos favoritos, org anizei- os em um arquivo P D F e o chamei de “A R eg ra Comum” p orque tinha sido desenvolvida para prática comum p or p essoa s comuns. D ep ois enviei o arquivo p or e-mail para cerca de quinze amig os.
Em uma semana , ele foi encaminhado para centenas de pessoas. A partir daí, continuou se espalhando. Eu não tinha ideia do quanto eu era normal. Eu não fazia ideia de quantas pessoas também estavam desesperadas para org anizar seus dias e semanas de um modo mais sensato e com mais sig nificado.
D esde que come cei a escre ver sobre a R eg ra Comum, aprendi que a g rande ma ioria dos americanos contemp orâne os que encontro está a ssim como eu absolutamente faminta p or um exemplo de como org anizar a vida diária de uma maneira que una cab e ça e hábito.
No entanto, à me dida que conversava com ma is p essoa s e lia ma is livros sobre hábitos, formação e liturg ia , minha principa l pre o cupação mudou . Percebi que a par te ma is a larmante disso não são nossos maus hábitos, p ois g era lmente temos conhe cimento deles. O problema ma ior é a nossa a ssimilação coletiva , que é invisível para nós. Nós temos um problema em comum . Ao ig norar a s forma s p ela s qua is os hábitos nos moldam, a ssimilamos uma reg ra o culta de vida : a reg ra de vida americana . Esse rig oroso prog rama de hábitos nos forma em to da a ansie dade, depressão, consumismo, injustiça e va idade, que são tão típicos da vida americana contemp orânea .
É urg ente, p or tanto, que re cup eremos a sab e doria de elab orar uma reg ra de vida ba seada no e vang elho como a nova norma para viver como cristão nos Estados Unidos hoje. Precisamos desesp eradamente de um conjunto de prática s contraformativa s para nos tornarmos a s p essoa s que amam D eus e o próximo que fomos criados para ser.
Isso não é ap ena s uma questão p essoa l. É uma questão pública de amor ao próximo. Essa prática de fa lar sobre Jesus enquanto ig nora o caminho de Jesus criou um cristianismo americano que é muito ma is americano do que cristão. Prestar to da a nossa atenção espiritua l à mensa g em de Jesus, ma s ig norar sua s prática s, não ap ena s le vou p essoa s como eu a crises existencia is de va stadora s, como tamb ém criou um pa ís de cristãos cuja vida prática está divorciada de sua verdadeira fé. D e que outra forma explicamos uma nação cristã que preg a um e vang elho radica l de Jesus enquanto a ssimila os contornos norma is da vida americana ?
Existe um caminho melhor. É o caminho de Jesus.
Descobrindo a liberdade das limitações
çõ es cer ta s são o caminho para a b oa vida . Vamos constr uir uma treliça para o amor crescer. Vamos criar uma reg ra de vida comum para o nosso temp o, que faça a união da s nossa s mentes com os nossos hábitos, transformando -nos na s p essoa s que amam a Deus e ao próximo que fomos criados para ser.
Justin Whitmel Earley é advogado, escritor e palestrante. Após enfrentar o esgotamento mental, encontrou nos hábitos intencionais uma forma de alinhar sua vida ao amor por Deus e pelo próximo. Agora, trabalha para ajudar pessoas a viverem com propósito em meio às distrações do mundo moderno. Earley vive em Richmond, Virgínia, com sua a inspirar outros a buscarem equilíbrio entre fé, trabalho e relacionamentos.
Nossos hábitos — as pequenas e constantes práticas que compõem nossas vidas — moldam quem somos. No entanto, em nosso mundo moderno, as distrações nos cercam e incorporam-se a nossa rotina, e vivemos sobrecarregados pelo excesso de tarefas.
Em Uma Regra Comum, Justin Whitmel Earley trata sobre como hábitos intencionais podem nos ajudar a buscar uma vida enraizada no amor por Deus e pelo próximo. Com orientações práticas e insights espirituais, Earley apresenta uma série de hábitos diários e semanais alinhados às verdades do Evangelho que podem nos ajudar a viver centrados no Senhor neste mundo caótico.
Se você está lutando para encontrar tempo para o que realmente importa ou ansiando por uma conexão mais profunda com Deus, este livro oferece um caminho para se libertar da tirania das distrações e viver uma vida de adoração intencional.