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Poetas da

Costa Verde 1


Souespoeta; projeto S j terras dde P Portugal

Carlos Margarido E-mail; Souespoeta@hotmail.com 249 400616 914873503 Titulo: Poetas da Costa Verde Autor: Vårios Revisão: Maria La-Salete Så Capa: Carlos Margarido Design: Carlos Margarido Impressão: Impotol, Imprensa Popular Tomarense, Lda 1ª Edição, 2015 ISBN Depósito Legal

Tiragem

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Quando o Carlos Margarido me contactou e desafiou para avançar com o “Projeto Terra” na minha localidade fiquei entusiasmada, mas em simultâneo, com algum receio, dada a responsabilidade da tarefa, porque ao aceitar uma proposta deste género precisava de fazer uma seleção que, a meu ver, valorizasse a poesia ou a prosa poética das gentes da minha localidade. E, para tal, abordei mais pessoas do que as que aqui partilharam emoções, mostraram sentires, deixaram fluir as palavras - ditames da alma - mas foram estas as que responderam ao apelo e às quais estou muito, mas muito grata! Quero ainda dizer que todos os poetas antologiados são frequentadores/participantes de POESIA EM FOLHAS DE CHÁ, a tertúlia que coordeno Completo esta introdução reafirmando a satisfação e o orgulho de ver o “Projeto Terra” também na minha TERRA, convicta de que todos os intervenientes neste trabalho partilham os mesmos sentimentos! Obrigada poetas por terem aceite este desafio, obrigada Carlos Margarido por me ter desafiado, obrigada “Projeto Terra” por ter chegado também à minha terra

Maria La-Salete Sá

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António Manuel de Sousa Andrade Data de Nascimento: 13 de Outubro de 1954 – 60 anos Natural e residente em Espinho, desde sempre Situação laboral: Pré-reforma, depois de 40 anos, ao serviço do setor elétrico nacional, de 1972 a 1987 nos ex. Serviços Municipalizados de Espinho, e desde 1987 até 2012, na EDPDistribuição. Interesses: Os mais diversos, desde a direção de Associações Desportivas e Recreativas, passando pela música e leitura/escrita. Membro da Confraria da caldeirada de Peixe e do Camarão de Espinho. Secretário da Direção e Membro da Direção Artística do Orfeão de Espinho. Fundador da Banda de Musica de Baile e variedades, Remédio Santo. Baixista das Bandas, “Sixties” e New Dock’S” Considero-me um “músico” cujo talento, reside exclusivamente no trabalho. Escrevo por impulso, e nem tudo o que escrevo, é publicável. A escrita, quer seja em forma de poesia, ou prosa, nunca será para mim um meio, mas será sempre um fim. Escrevo de uma forma errática e o que escrevo, reflete sempre o meu estado de alma no momento. O valor das minhas palavras, será sempre intrinsecamente meu, e o julgamento, de quem as ler. Este sou EU. Tó Andrade

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António Andrade

a razão Tem razão quem não espera Ver o que a razão não vê; Porque é feliz por uma quimera Sem porquanto nem porquê. Oh, enganada razão ou sorte, Que te iludes cruelmente, Fingindo em vida a morte, Vais morrendo lentamente. A procura vã e eterna Pela utopia drogada, Não deixa de ser lanterna, Lanterna que vai apagada. Só retarda o fim eminente, Razão que assim enganada, Porque não é razão diferente, É apenas loucura adiada. (Setembro de 2014)

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O tempo para no tempo, Nesta costa de mar azul. No tempo que para, eu te invento, Virado para Norte ou Sul. Para viver, ser vivido, Neste tempo de lazer, Tenho o que não havia tido, Não tenho o que queria ter, Nem os sorrisos que chamo, No vento que passa a correr, Faltam-me os olhos que amo, Não é cheio este prazer. Enganada sorte ou ventura, De quem p’ra viver foge assim, Que se afunda na própria loucura. Como me afundo eu a mim Nesta capa de amargura, Que bebo até ao fim, Misto de fel e doçura.

António Andrade

o tempo parou

Agosto de 1984

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António Andrade

esejos O olhar é distante… Perdido no horizonte, Procurando a cada instante, A estrela mas brilhante, Que há de fazer a ponte, Entre mim e um semelhante. Eu sou senhor do meu tempo Sê-lo-ás do teu também? Quando o teu tempo for teu, O meu tempo, teu será. Convoca-me então aí… E o nosso tempo, Acontecerá. Tivesse eu o ensejo De uma linda melodia, Fazer teu o meu desejo E eternizar este dia. Setembro de 2014

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Da janela onde me encontro, Avisto mosaicos sem fim; No desenho, o pecado, De vivas formas lavrado De liberdade em mim. E desta estreita janela, Castradora e distante, O pecado passa por ela, Como em estreita viela E desagua exultante. Setembro de 2014

António Andrade

pecado à janela

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tempo

António Andrade

O TEMPO PRETEXTO, quando condiciona a nossa vontade, não nos dando tempo de pensar. O TEMPO DESCULPA, quando reparamos que é tarde para chegar cedo, e demasiado cedo para chegar tarde. O TEMPO LIBERTADOR, quando descobrimos que, afinal, ainda nos sobra tempo para a felicidade. O TEMPO CASTRADOR, quando arranjamos motivos para não ter tempo. Parei o tempo no tempo Suspendi-o, fiz questão De não mais dar tempo ao tempo De me controlar o coração. Suspendi-o, faz pouco tempo, E suspenso o tempo ficou. Passam outros tempos por mim, Mas o meu tempo parou. Castigado que está o meu tempo, Vejo outros tempos passar, Mas este tempo que é meu, Em mim não há de mais mandar. Junho de 2014

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E tu? Que desdenhas da minha existência e ignoras o meu espaço… Sim, tu!! Que abarcas o meu caminho e tolhes a minha razão, espalhando com arrogância essa supremacia consentida. Atira-me uma pedra ou afasta-te, mas não barres o meu caminho.

Maio de 2014

António Andrade

bstáculo

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António Andrade

iagem Estou cansado. Tenho a alma dorida. Vou isolar o meu corpo e… Partir à procura do outro eu, Que não este. Encontrar no reflexo Um corpo para esta alma Desencontrada, ou quiçá, Uma alma para este corpo Sem resposta para os sonhos Que ainda não sonhei. Vou partir para uma viagem Sem regresso aprazado À procura nos escolhos do passado Do momento em que deveria ter-me Encontrado. Deixei-me esquecido algures no tempo, E é neste hiato que estarei, íntegro Ainda que de forma fugaz. Voltarei a ser inteiro, Só aí…………… Novembro de 2011

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António Luiz, pseudónimo de António Pinto de Oliveira, nasceu na freguesia de Guetim, Espinho, em 08 de Setembro de 1948. Viveu em Luanda, Angola, desde 1954 até 1975, tendo ali concluído a licenciatura em Medicina e Cirurgia, em 1974. Especializou-se em Orto-Traumatologia ( no HG Stº António e Ordem Médicos) e Reparação do Dano Corporal Pós-Traumático ( pósGraduação em Estudos Médico-Jurídicos em Direito Comum), na Universidade de Coimbra. É por esta reazão Perito médico-legal. Fez uma 2ª pós- Graduação em Gestão em Saúde (Health Management and Leadership in Professional Practice ) da Faculdade de Medicina de Lisboa. Foi Chefe de Serviço e, no seu último grau de funções, foi Diretor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia no antigo Hospital Distrital de Lamego. Em 1964 escreveu “Nostalgia”, o seu primeiro livro de poesia e logo no ano seguinte,1965, um segundo livro, de título “Líricas”. Em Abril e Maio de 1994 publicou alguns poemas no Jornal de Notícias, na página do leitor. No mesmo ano, também escreveu diversos artigos de opinião e de crítica para os jornais de Espinho, Porto e Lamego. Desde então recomeçou a escrita de poesia até que concretizou a edição do seu terceiro livro “Eu e o Silêncio”, em Novembro de 1994, posteriormente com uma segunda edição, após revisão e incorporação de mais alguns poemas, em 2007/2008. Nos últimos anos publicou diversos artigos de análise e opinião em alguns jornais do Porto. .Fez Curso sobre Escrita Criativa na Faculdade de Letras da UP ( Coordenadora: Poetisa Profª Drª. Ana Luisa Amaral). Depois de Abril de 2004 reiniciou produção de trabalhos de índole sentimental e romântica, sobretudo em poesia romanceada, tendo daí nascido o livro “Vida, Paixão e Tormento” ( 2008) . Pela primeira vez usou o pseudónimo de António Luiz. Em 2009 saiu mais um livro, “Andanças do Pensamento: treze temas com polémica ”, com base nos artigos anteriormente publicados em jornais e revistas Em 2011 editou “POESIA PRAGMÁTICA – Poemas de Vidas”. Em Abril de 2015 foi editado e publicado o seu último livro, “Mulher Tudo”. Prepara seu primeiro Romance “ Amores partilhados, Vida acorrentada” , para edição em 2016.

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António Luiz

redenção como fim 1º O amor de mulher que se “espezinha”, chora e geme silêncios por toda a vida, procurando um porto, um ancoradouro onda possa hibernar sua dor resignante; não esquecerá jamais janelas abertas onde possa gerar anjos e bonecas por amor ofertando a resiliência num ato redentor. 2º O amor de mulher que nunca se aniquila vagueia perdido por entre as tempestades, as pestes, os incêndios e as ventanias; de noite se refugia em manicómios procurando amenizar esquizofrenias, demências terríveis mais que psicopatias, em busca do ser amado redimível! 3º O amor de mulher ao revitalizar-se recrudesce a fome e a sede de entrega, num ímpeto dum temor vazio de medos gritando a descoberta de ser herói, contagiando espaços e almas já inertes vivendo momentos de louco resgate e de doce redenção do ser amado! Gaia, Abril de 2014

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Há um imenso vazio em mim em tudo quanto sou, amor respiro vacilo estou ofegante, nada floresce em mim, porque me faltas Tu.... Almoço mastigo Frágeis meus maxilares, Engulo silêncios, amarga saliva, nada em mim faz sentido, porque me faltas Tu …. Olho os alimentos sem gosto, sem cheiro e sem sabor, Mastigo amálgamas de desejos, o bolo alimentar sempre endurece porque me faltas Tu …..

António Luiz

altas-me tu

Frenesim de vozes à minha volta, não importa o que sussurram, notícias na TV boas ou más, pouco interessa pra minha recusa, porque me faltas Tu ….... Estou deprimido, sem o saber à beira do desespero , sem entender que o precipício se abeira de mim; - diz-me amor porque eu não sei: porque me faltas Tu?....

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António Luiz

ãe… não desista Mãe, não desistas de me ver contente mas não atentes que sejas este prazer coisa duradoira; dá-me consolo, teu querer e te juro jamais t´olhar descontente. Hoje alegre com a dura mágoa ausente, esqueço o eterno choro em meu viver, amanhã choroso sem me entender, sinto um enorme desconsolo ardente. Portanto oh Mãe tira pois a conclusão de umas tais mudanças sem condição, que sempre me enfraquecem a vontade! Verás que não sou eu que assim o quero, mas algo que me envolve sem esmero, e que detesto por tanta desumanidade! Com base em soneto de 1965, Luanda) in “ Eu e o Silêncio “

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ulher, lágrimas e mar Mulher, deita as lágrimas ao teu mar, que revoltoso anseia amor e calma, Mulher, verte angústias em teu mar, que furibundo ruge e quer tua alma. Mulher solta pesadelos em teu mar, que o mar é imenso, assim o dominas, Mulher naufraga teus sorrisos em teu mar, que nele te refletes e nele te fascinas! Mulher, acaricia as ondas do teu mar, que ele se entrega, te venera por inteiro, Mulher, toca a espuma limpa do teu mar, qu' ele te dá dela a essência do bom cheiro!

António Luiz

( Interdependência mulher mar )

Mulher, banha-te plena em teu mar, que dele bem conheces a intimidade, Mulher, comunga teus ideais com teu mar, pois ele te prolonga e te dá solenidade! Espinho, 19/07/2011

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António Luiz

oema à minha filha Quis ser feliz, quero sê-lo, e não quero para ti tristeza, quis que fosses feliz, quero que o sejas, pois p´ra mim só gostos queres concerteza. Mas a vida não tem escrúpulos, e tantas vezes nos magoa, mostraremos à vida os músculos, pois que a férrea vontade não s´esboroa! Esgueira-te sempre à má sorte, não queiras da vida compaixão, exige sempre dela a sublime dimensão. Não há sonhos além da morte, faz da Vida a tua sepultura, e ancora-te com sorrisos à minha ternura! (Dedicado a minha filha, Fevereiro de 2007) in “ Eu e o Silêncio”, 2008

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Hoje sou só lágrimas só desolação e inquietude, na imensidão de uma solidão que me não anula, mas tipifica e tanto me atordoa, e onde dificilmente me encontro comigo mesmo; procuro meus amores vitais que tão arredios e longínquos estão, e assim me vão marginalizando.... Hoje sou só lágrimas, lágrimas contidas, sem desespero, mas assumo-o com uma muito ténue esperança do vislumbre da mudança.

António Luiz

ó lágrimas

Estou carente de sentir a Vida fluir em total harmonia, por entre obstáculos físicos derramados e barreiras de emoções, e de tanta irracionalidade, onde balas de borracha já tamanhas feridas causaram! Hoje estou carente da Vida, carente de ser um “todo Homem”, carente de ser pai, de ser um bom filho, e de ser um terno avô. Carente de voltar a ser menino, mesmo pobre, preso às saias da Mãe sempre alegre, solícita e cordial. Deixem-me voltar a ser menino, só hoje, e por ínfimos minutos, só hoje, só agora, por curto instante, porque hoje sou só lágrimas! (Outubro de 2014)

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António Luiz

osso poema de amor Vezes incontáveis aspiro o teu perfume de minhas mãos, que das tuas estão despidas, um misto de saudade, ternura e ciúme abre em minha mente tantas feridas. Quisera eu ter-te aqui, poder enlaçar-te, chamar-te amor querida, com brandura, mas olho em volta e só cuido imaginar-te sussurro teu nome, dou-te um beijo com doçura. Rogo ao Além forças e nobre confiança, p´ra que possamos manter a viva esperança de que nosso amor perdure sempre amigo. Cerro os olhos, relembro o teu sorriso, teu corpo jovem, teu carinho que eu preciso, vou deitar-me....e vou fazer amor contigo! (alterado do livro “ Eu e o Silêncio”, 2008)

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Sou Cândida Maria Couto, nasci a 19 de fevereiro de 1960 em Espinho. Fiz a minha formação académica na antiga Escola Industrial e Comercial de Espinho, atual escola secundária Dr. Gomes de Almeida, tendo concluído o curso de Formação Feminina em 1978. Posteriormente fiz, do antigo 7ºano dos liceus, no curso de germânicas, a disciplina de alemão. Fui Auxiliar de Jardim de Infância na NucliSol de Jean Piaget, Arcozelo, neste momento estou desempregada. Sempre gostei de escrever, mas a minha escrita era sobretudo em prosa, textos que ainda hoje estão na gaveta. Comecei a entusiasmar-me pela poesia a partir do momento em passei a ser frequentadora da tertúlia Poesia em Folhas de Chá. A partir dessa altura, e porque já tinha uma página de Facebook, aí fui publicando e partilhando os meus poemas que foram lidos e apreciados pela Salete que me convidou a participar nesta antologia.

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Cândida Couto

inha poesia Minha linda amiga, poesia.... Porque deixas meus olhos tão tristes, quando te escrevo.... Poesia linda amiga!, tristes estão meus olhos, de tanto chorar por ti.... Não me deixes nesta angústia.... Minha linda poesia, não faças meus dedos sangrarem ao escrever para ti!!! Eu já não sei viver sem tuas letras, poesia minha... Não deixes minhas lágrimas...caírem... nas tuas doces letras poesia minha. Poesia, minha linda amiga... Porque me deixas!? Gosto tanto de ti...... Não me deixes nesta agonia, poesia.... 27/4/2015

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Impossível esquecer-te! É um privilégio seres nossa mãe! Minha e de meus irmãos Educados e amados por ti… Uma mãe, uma mulher Sempre sorridente, De olhos atentos e meigos!... Olvidar-te, jamais! Na foto em que me sorris, Tão doce e confiante, Tantas vezes, procuro Força e coragem, Para seguir em frente, Nas agruras da minha vida.

Cândida Couto

sorriso da minha mãe

Sim, mãezinha, Partiste cedo, E não nos conformamos Com tua partida… Eras tão meiga e tão feliz!, Tão amada por nosso Pai E adorada por nós, Mãe querida!... Estás agora tão longe… E tão perto, Dentro dos nossos corações. À noite olho o céu e sei, Que a estrela mais cintilante, És tu a sorrir para mim!

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Cândida Couto

abedoria Vive este dia, Como o começo de muitos. Estás na primavera da vida, Na etapa dos sonhos, No encantamento do amor! No teu jardim vai semeando As flores que vão nascer. E, quando te aperceberes, O teu jardim estará com imensas flores, Será grande e lindo, Tão lindo como o amor que tens no coração! E viverás os bons momentos da tua vida. Então terás sabedoria para criares, Tudo o que queiras. Pois fá-lo-ás com amor! Amarás assim em plena harmonia E obterás o melhor para a tua vida… Com toda a tua sabedoria! 6 de Abril 2015

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OH! Que linda menina, que passa por mim. de vestido cor de malva… pernas torneadas, e morenas, que seu vestido malva, curto, deixa mostrar. Caminhas como quem dança! Oh, menina vaidosa, tu sabes que és linda! Passas por mim, escondes o rosto, nos teus longos cabelos, ao vento. Oh, adolescente mais linda!! Que todos os dias vejo passar, oscilando teu corpo, pareces dançar! Tu sabes que és linda, menina atrevida. Que escondes menina?! Teu olhar maroto a mim não me engana. Menina gaiata! Adolescente mais linda que passa por mim! Tu tens um segredo e a mim, não me enganas!! Teu olhar diz tudo:- estás apaixonada! Oh! Menina mais linda! Que pena eu tenho, que tua vaidade não seja para mim. Oh, menina bonita! Que linda tu és! Tua segurança ao passar, não consegue esconder, que a paixão está no ar! Menina gaiata, que linda tu és! Que triste que eu fico, todos os dias em que te vejo passar…

Cândida Couto

estido cor de malva

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Cândida Couto

esgosto A dor passa, mas a beleza fica. A dor de te perder, Foi loucura, foi terror! O amor por ti, anda maior, Perante o inevitável. A dor de te perder, Foi desaire, foi tormento. Perdi-te para Deus, Só mesmo tu! Ir para Deus!! A dor passa, mas tua beleza fica! Encostei-me à parede, Sufoquei o grito! Quando meu corpo, Se manifestou, gritei de dor. Amei-te mais que minha vida! Recusei-me a aceitar… Não, não podia ser!! Olhei para ti… Tão lindo na tua inércia!! E num grito surdo de dor, Entreguei-te a Deus Para junto da mãezinha. Não há no mundo pai como tu!! Nunca mais te vi, Partiste e não voltaste!!! Nunca mais, na vida, encontrei, Beleza de perfeição de alma igual à tua! Eras divino! Igual à mãezinha. Mas o meu amor por ti É eterno, meu Pai querido

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Tu, que só tu quando olhas para mim, e me vês triste, abraças-me tão calmo, tão leve, tão solto, que me fazes sentir, abraçada por Deus. E eu quando te abraço, fico serena, tranquila e tão feita paz:- a paz de Deus. Tu, que só tu, és a minha ternura, meu enlevo, meu amigo, meu amor, meu aconchego e minha alegria. Tu, meu amor.

Cândida Couto

eu amor

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Cândida Couto

spelho Algo nela prevalece: A vontade de viver, E vencer as adversidades da vida, Sem olhar para trás, Sim, porque não olhando o passado E seguindo em frente com amor e determinação É o que a vida lhe sugere! E mais do que nunca, ela gosta dela! Ao espelho vê-se com amor, Tem orgulho da sua beleza interior! A imagem que tem de si é a benevolência. E a Deus pede serenidade, À Virgem suplica brandura E a Jesus, que seja a sua sombra Até ao fim da sua passagem Nesta vida!!! 21/3/2015

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Ester de Sousa e Sá é uma apaixonada pelas artes, nomeadamente pela pintura e escrita criativa. Em 2011, publicou o seu 1º romance de ficção em Inglês; Chasing After a Dream, e em 2012, o livro bilingue para juvenis, com suas próprias ilustrações; O Aventureiro Ganso-Patola do Cabo Africano /The Adventurous African Cape Gannet. Em Outubro de 2013, publicou uma tradução de autor do seu 1º romance; Correndo Atrás de Um Sonho. Tem escrito vários contos, crónicas e poemas para algumas revistas culturais Gosta de escrever poesia, tendo participado em várias antologias. Para a escritora, a poesia é a voz da alma.

P.S. A autora não aderiu ao novo acordo ortográfico.

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Ester de Sousa e Sá

anto da alma Vento do Norte corre veloz sem parar, Varre tudo à tua frente, Varre as penas de minha alma, Leva-as contigo para longe, para sempre lá ficar. Solta-se um grito do meu peito sem o poder conter, Que sentido chega longe mesmo sem querer, Quanta saudade de não mais te poder visitar, Ainda ontem passei pela tua porta mas, não tive coragem para entrar. Canto uma canção ao sol que me aquece, Canto à lua e ao luar que me fazem sonhar, Canto uma canção linda de amor, Para quem quiser escutar e meu coração serenar. Brilham as estrelas do céu, Que se refletem no brilho do meu olhar, Abrem-se as janelas da alma e rasgam-se as nuvens do céu Solta-se um canto de amor, deixando a alegria entrar. 2014

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rimavera

Desperta a natureza por todo o lado cantando hinos ao Senhor, E da terra fria adormecida, brotam plantas em cânticos de Aleluia! Cobrem-se de flores campos e vales numa profusão de cor e alegria, E nos corações dos povos renasce uma nova esperança de amor. Cruzam-se no céu azul límpido os pássaros, Andam numa azáfama dobadoira todo o dia, Constroem seus ninhos entre chilreios de amor e harmonia. Louvado seja Deus! Por esta promessa da natureza que nos desperta para a vida! Fazemos parte deste cosmos, deste plano Divino Que nos ensina a viver em paz e harmonia, Aprendamos com a natureza a desfrutar a vida com respeito e humildade, Alegremo-nos porque a vida é bela! É amor e magia, é dádiva sublime!

Ester de Sousa e Sá

Chegou a Primavera e com ela o renascer da vida! Enche-se o ar com cantos de pássaros, Neste universo energético com tanta cor e vida, Canta minha alma agradecida, exulta de alegria!

Poema de: Ester de Sousa e Sá 2015

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Ester de Sousa e Sá

orça de viver Donde nos vem a força para a vida enfrentar? Vem de Deus e das estrelas? Ou vem de quem nascemos Destinados para amar? Trago dentro do peito uma força tamanha! É como uma luz a alumiar, Me faz ter esperança no mundo, Para as dificuldades conquistar, E quando essa luz esmorece, Quebram-se as forças para continuar, Mas logo outra luz se acende, A da esperança Divina a brilhar! Tantos sonhos e quimeras, Fazem parte de uma vida, Que numa grande corrida Passa por nós num esgar. Chegamos com uma missão, Guardada à chave no coração E vivemos para a cumprir, Mas quantos de nós partimos Sem jamais a descobrir, Ficando a missão por cumprir? 2014

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Mãos abençoadas que afagam de mansinho e dão carinho e conforto, Mãos que com ternura nos afagam o rosto, Mãos trementes que choram o que a alma sente Quando a dor nos fere profundamente, Mãos de pintor, pincéis de inspiração, Que nos deleitam o coração com as obras que compõem Mãos de artesão que criam e tecem rendilhados de amor, Mãos carinhosas que se estendem a quem precisa com candor Amparam e aquecem o coração carente. Mãos que ganham o pão, Calejadas, ásperas e rugosas que o trabalho endureceu, Mãos que trabalharam toda a vida em total abnegação, Mãos velhinhas que a idade desfigurou, Eram assim as da minha Mãe, Que todos os dias se erguiam Para louvar a Deus Nosso Senhor, Benditas as Mãos de minha Mãe! Porque eram as mais belas e preciosas, Por serem as Mãos de minha Mãe! Poema de: Ester de Sousa e Sá Dezembro 2014

Ester de Sousa e Sá

ãos

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editando junto ao mar

Ester de Sousa e Sá

Que prazer sentar-me ao sol junto ao mar! Observando as ondas, batendo de mansinho no chão d´areia…… São tantos os tons de azul que dão vida a este mar! Gaivotas que esvoaçam na crista das ondas para o acariciar, Sobem seus coros ao céu, ficam as tristezas no mar. Ai! Quem me dera ter aqui minha paleta, para este quadro pintar. Ó mar! Não canso de te escutar Em dias de sol ou noites de lua cheia, Para mim tens o fascínio de me embalar. Ó mar! És a minha panaceia. Sinto-me tão bem aqui que não queria arredar. Embala-me o teu marulhar e assim, fico a meditar……. Que mistérios tu escondes? Que segredos tão profundos! Quantos a teus pés depositaram lágrimas, Segredando suas mágoas de ilusões defuntas? Engrossando tuas águas, marés vivas, marés fundas, Já meus avós inspiraste em todos os cantos do mundo, Agora, quedo-me eu a olhar-te e, sonhando te pergunto; Como nasceste tu mar, no princípio do mundo? Poema de: Ester de Sousa e Sá (2012)

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Rasga-se o véu do meu pranto aturado, Acordo de um sono profundo malogrado, Quebro as correntes que me prendem, E subo às alturas em voo livre tal borboleta dourada Que o sol faz cintilar em manhã de Primavera. Namoro a natureza, acarinho a terra negra e desolada, Ressuscita a vida que desponta da terra fria! Revivo o amor que nasce na alvorada, Meu coração se enche de cor, esperança e alegria! E num bailado de amor voando de flor em flor, Coabito com a tristeza que teima ensombrar meu dia, Volto as costas ao passado que me oprime, Fito meus olhos no céu e faço uma prece de amor Adeus, até nos encontrarmos um dia. E quando desce a noite, beija-me o luar de prata, Orlando meus sonhos com raios de luz Uma galáxia de estrelas me acaricia e acena, E uma entre todas mais brilhante me incentiva, Anda, segue o teu curso sem medo, continua…

Ester de Sousa e Sá

adeus

Poema de: Ester de Sousa e Sá 2014

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Ester de Sousa e Sá

lores As flores são belas e um encanto, Qual delas a mais linda, Que a natureza nos oferece e brinda Em gestos de franqueza e amor, E às nossas vidas trazem alegria e cor. Flores são de todas as cores, Cada qual com seu perfume indelével, Que as distingue na sua beleza, São lindas, formosas e têm graça E nos brindam como beijos da natureza. Para mim, as mais lindas são as silvestres singelas, Porque se enchem de pureza! E brotam espontâneas da terra, Enfeitam as nossas vidas efémeras, Cumprem seu ciclo de vida com candor, E se desvanecem em hinos ao Criador! 2015

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Maria Fernanda Tavares Duarte Cabral ou “Nanda” como é carinhosamente tratada, nasceu a 18 de Junho de 1956 em Espinho, Distrito de Aveiro onde continua a viver. É Assistente Operacional num Jardim de Infância onde trabalha há 15 anos; o seu mundo são as crianças. Nos seus tempos livres gosta de fazer pintura em tecido, ” découpage” e ponto de cruz. A sua paixão pela literatura principalmente a poesia, começou cedo pela mão do seu pai que sempre a incentivou. Tem como autores preferidos Guerra Junqueiro, António Gedeão, Ary dos Santos, Rosa Lobato de Faria, José Fanha, Joaquim Pessoa, Carlos de Moraes entre outros. Editou o seu primeiro livro de poesia “OUTROS SÓIS” em Março de 2012, participou da Antologia dos Poetas de Espinho em Fevereiro de 2013, na Antologia “Poetas D’Hoje em Outubro de 2014 e na segunda edição da Antologia Poetas D´Hoje em Maio do corrente ano. Faz parte do Grupo “Poesia em Folhas de Chá” que se dedica a divulgar os poetas da terra e não só. Tem um blog: “coisasdamaoedocoracao” onde divulga a sua poesia e os seus trabalhos. O seu lema de vida é: “VIVE E DEIXA VIVER”

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Fernanda Cabral

arco de papel

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Sou um barquinho de papel Que navega no rio da tua paixão Percorri as águas que nos separam Aqueci-me ao calor do teu sol Senti o brilho das estrelas Que durante a noite Iluminaram o meu sono Sou um barquinho de papel Que vai andando à deriva Ao sabor do vento Ao sabor da chuva Ao sabor da vida...


Sentes amor? Uma leve carícia Deslizando na tua pele Tão leve como uma pluma? Sentes amor? Uma leve aragem Que sopra de mansinho Numa noite de Verão? Sentes amor? O toque aveludado Das pétalas de uma camélia Colhida no jardim? E como que, por magia, Um sopro de vento transforma-me E eu sou pétala de camélia, Carícia ondulante, Pluma que desliza na tua pele, Provocando sensações Irresistíveis de prazer Sentes amor?

Fernanda Cabral

entes?

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Fernanda Cabral

ilêncios…

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Sabes uma coisa meu amor? Há silêncios que dizem tudo E palavras que nada dizem O meu silêncio, no teu silêncio As minhas palavras, nas tuas palavras São gotas de água fresca Escorrendo nas nossas gargantas Tenho sede! Todos os dias bebo um bocadinho de ti Bebo um bocadinho de nós E as palavras, essas... Ficam por escrever No diário das nossas vidas O elo que nos une, É mais forte Do que o elo Que nos separa E, na imensidão deste silêncio Eu continuo a ter sede de ti Meu amor!


Numa pequena ilha redonda Rodeada de águas cálidas e serenas Pertença de uma princesa Prenhe de esperança Mora um pequeno príncipe Um ser pequenino Aninhado no ninho de sua mãe Sonho-te! Anseio ver o teu rostinho As tuas mãos pequeninas Sentir o bater do teu coração Ainda não te conheço Mas já te amo com toda a ternura Vou estar sempre do teu lado Para te amar e proteger E quando olhares para mim E me sorrires, eu sorrirei também E dir-te-ei muito leve, levemente Num movimento impercetível De uma libelinha a poisar numa flor Amo-te meu pequenino Amo-te meu amor!

Fernanda Cabral

onho-te

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Fernanda Cabral

ernura

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Nas minhas pupilas Acendem-se fogueiras Sempre que me abraças Nas minhas mãos despontam flores Nascem poemas E os meus lábios escondem-se No veludo do teu pescoço Não sei quem sou Se sou criança Se sou mulher Se sou noite, se sou dia. Guardo os aromas do teu corpo Os tesouros do teu coração As estrelas que vivem no teu olhar Quero vislumbrar os sonhos No teu rosto E em troca de todas as ternuras Que tens dentro do teu peito Dar-te-ei um arco-íris Tecido com os fios do meu cabelo E que tenho guardado Na curva do meu colo


Como uma gota de chuva Que paira no ar Existo... Como um rouxinol a voar Existo... Num ramo selvagem Com cheiro de hortelã Existo... Num lençol de linho Que me envolve Logo pela manhã Existo... Como os rios Que desaguam no mar Existo... Num beijo por estrear Existo... Num laço por desmanchar Existo... E deixo a vida Sonhar!

Fernanda Cabral

xisto…

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Fernanda Cabral

Regaço da minha mãe

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O regaço da minha mãe Era um ninho de passarinho Era como um casaco quentinho Era redondo, redondinho E eu não queria sair de lá. Abrigava-me da chuva Do calor, do frio, do sol Todas os dias à noite Bem aconchegadinha Ouvia histórias de encantar Fadas, duendes e princesas E contava pelos dedos da mão Os dias que faltavam Para comer um chocolate. No regaço da minha mãe Aprendi a palavra amar Mas um dia, o regaço abriu-se Foi à procura de uma lua Com muitos sóis E eu fiquei a tiritar de frio Sem o meu ninho de passarinho


Licenciatura em História, Bacharel em Filologia Românica, Curso de Ciências Pedagógicas, Curso Superior de Animação Sócio-Cultural, e Curso de Formação de Formadores do Sistema de Aprendizagem. Leccionou as disciplinas de Português, Francês, História, Teoria da Comunicação, História da Comunicação, e Cultura Geral na Escola Preparatória Sá Couto, Escola Profissional de Espinho, Colégio de Santa Maria de Lamas, Externato Oliveira Martins e Universidade Sénior de Espinho. Foi vereador da Cultura da Câmara Municipal de Espinho, membro do Conselho Municipal, da Comissão Municipal de Turismo e é presidente da Assembleia de Freguesia de Espinho. Foi director do jornal «Defesa de Espinho», fundador e director dos jornais «Espinho Vareiro» e «Notícias de Paços de Brandão», director do Boletim Cultural de Espinho. Foi presidente de várias associações de Espinho: Académica de Espinho, Rotary Clube de Espinho, Liga dos Combatentes do Núcleo de Espinho e presidente da Assembleia Geral do Orfeão de Espinho. Foi realizador, produtor e apresentador do programa Radiofónico «O Livro e a Vida», na Rádio Globo Azul. Tem livros publicados: «Anais da História de Espinho», «Vida Associativa de Espinho», «O Culto de Nossa Senhora da Ajuda em Espinho», «O Campo de Aviação de Espinho», «Textos Políticos do Dr. Joaquim Pinto Coelho», «Manuel Laranjeira por ele mesmo», «Dicionário Biográfico de Personalidades Feirenses». Louvores: Medalha de Ouro do Município de Espinho e Diploma de Cidadão de Espinho, Sócio Honorário da Liga dos Amigos da Feira e Sócio Benemérito do Orfeão de Espinho. Louvores: Medalha de Ouro do Município de Espinho e Diploma de Cidadão de Espinho, Sócio Honorário da Liga dos Amigos da Feira e Sócio Benemérito do Orfeão de Espinho. (O autor não aderiu ao acordo ortográfico)

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Francisco Azevedo Brandão

oração da guerra e do amor Meus versos sabem a sangue, são da cor da tua pele. cantam a vida e a morte a tua boca de mel. Nascidos no meio da guerra, são carne dilacerada, cantam elegias de morte, a tua pele tatuada. Entre gritos e rajadas, meus versos são oração, cantam hinos de liberdade, teus olhos cor de açafrão. Meus versos não são quimeras, que os tempos não estão de Agosto. Cantam canções de esperança, a tez negra do teu rosto. Meus versos não são palavras ocas, frias, inventadas, cantam o aqui e o agora, as nossas madrugadas. E não tendo o tom da moda, são o sangue desta terra, pois as armas não se limpam nos tempos em que há guerra.

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risto Negro

Vi os teus braços, suspensos na madrugada que nascia, asas negras pairando sobre esta terra d’África que chora o lapso duma esperança Rosas de sangue nasciam do couro do látego e floriam o negro do teu corpo! Rosas de sangue, chagas de pureza, pegadas de Branco, no negro do teu corpo! De sangue seriam as lágrimas que não brotaram dos teus olhos enxutos! De sangue era o silvo do chicote que não arrancava da tua boca o grito de uma traição!

Francisco Azevedo Brandão

Vi-te hoje, Maconde, amarrado no garrote da inocência.

Vi, Maconde, no gólgota da tortura, de asas abertas, a própria liberdade, clamando no silêncio das selvas a sua hora de redenção! Vi, Maconde, na tatuagem serena do teu rosto, um novo Cristo, um Cristo Negro, Cristo Recrucificado!

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Francisco Azevedo Brandão

squeci-me de viver Desde aquele dia de triste memória em que te partiste desta terra ingrata e me deixaste órfão nos caminhos da vida, esqueci-me de rir, esqueci-me de chorar, esqueci-me de sofrer, esqueci-me de mim, esqueci-me de viver. Na frente da estrada sinuosa e escura que espera agora meus passos vacilantes sem a estrela que me guiava confiante, esqueci-me quem sou, esqueci-me quem és tu, esqueci-me dos dias ditosos, esqueci-me das noites de sonho, esqueci-me dos beijos amorosos. Esqueci-me… esqueci-me de me esquecer, esqueci-me de existir, esqueci-me de morrer. Sou agora apenas um morto-vivo!

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Quando desatas o cordão de missanga e te cai aos pés a capulana e beijo a beijo me ofereces o espanto do teu corpo, é a África inteira, ardente e esplendorosa que eu afago nos meus braços! E no encantamento da tua visão, me fico de joelhos em adoração!

Francisco Azevedo Brandão

státua

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Francisco Azevedo Brandão

ovo grito do Ipiranga

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Ó minha negra do Messalo! Ó loucura dos meus dias africanos! Quando nas noites tropicais nos perdemos no espasmo do nosso desejo. Quando nas praias solitárias mergulhamos nos abismos da eternidade, o sémen derramado no teu fruto apetecido, fez nascer o cântico de uma nova raça que, das cinzas da morte e do medo, há -de lançar sobre esta terra de sangue um novo grito do Ipiranga!


Sou camponês do inferno. Semeio lágrimas e fogo. E com o sangue dos inocentes vou regando esta terra de epopeia, para colher, pétala a pétala, as flores malditas da minha agonia. Mas do gume da tua catana, Negro do Messalo, há-de florir rosas vermelhas da tua liberdade!

Francisco Azevedo Brandão

egro Maconde

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Francisco Azevedo Brandão

egra do Messalo Negra do Messalo. olhos de fogo, loucura de ritmo, tens a cadência do mapiko, na serpente do teu corpo! Negra do Messalo, gestos de sexo, trilo de rins, tens o mistério do mapiko, no domínio do teu corpo! Negra do Messalo, mímica estranha, intensidade febril, tens o tantã do mapiko, no espanto do teu corpo Negra do Messalo, símbolo da tua terra de sangue, tens a linguagem da esperança do teu povo na nudez sã do teu corpo! Negra do Messalo, clamor de liberdade desta terra que me é estranha!

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José Alberto Sá, natural de Esmojães, Anta, Espinho. Com residência em Lourosa, Santa Maria da Feira. As artes passam pelas mãos do autor através da pintura, desenho e literatura. Escreveu o livro “A Fonte da Mentira” romance/ficção, em 2008. Escreveu o livro “Quercus Suber, Segredos do Corpo e da Essência”, com Prefácio do Sr. Américo Amorim, Romance, em 2012. Escreveu o livro “A Luz que nos Acompanha” livro de poesia em 2012. Faz parte de 18 Antologias em Portugal e Brasil. Prefaciador de 3 obras. Participou no programa escolar em Outubro de 2012 “Aquele Poema” dos alunos das turmas de Ensino Fundamental do 4º Ano vespertino e EJA da Escola Municipal Joca de Souza Oliveira em Juazeiro – Brasil. Moção de Congratulação pelo CONINTER, Conselho Internacional dos Académicos de Ciências, Letras e Artes, pelo reconhecimento e homenagem na participação da coletânea Amo Amar Você, em 2014. Promovido a Conselheiro Cultural Internacional, pelo Movimento União Cultural de São Paulo/Brasil. Vários prémios em poesia.

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José Alberto Sá

linha

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linha do horizonte, não se move... O sol é que se esconde, como tu... O vento esse se faz longe e agita o teu olhar... Passam os barcos nas águas, que choram e me comove A linha do horizonte é essa mulher de corpo nu... Ao qual o sol se derrete, nas curvas do seu amar... Seu corpo que sonho, que vejo na sua luz É o mundo vestido de rosa Num mar de sal, algas e ondas de uma vontade amorosa... A linha do horizonte, que me divide de ti, mas não me afasta de Jesus.


Em uníssono digo que o tempo triunfa em segredo… Eu não sei, nem quero saber, se a dormir ou acordado, vive um tempo comigo sem tempo e sem lado. Jamais serei vítima das palavras desferidas traiçoeiramente, por segredos em que a vítima é de um tempo, sem tempo, sem lado, sem cura, sem aventura, nesta vida de tempo sem inspiração… Onde me inspiro. É a lei do ai e do suspiro… A lei da vida é o contacto com o coração que se sente, que se faz, que se diz e se realiza… A lei da vida é a perfeição entre o ser e o dizer… Entre o querer e o conseguir… Em uníssono digo… Só é verdade a vida, quando lhe damos sentido… Não basta dormir e acordar… Não basta sentir e escrever… Não basta dizer e fazer… É preciso que no sangue a vida já traga fervura, que o sangue seja a cura e a verdade mais pura de um ser humano… A poesia… O poema… A prosa… A escrita conseguida… Em uníssono digo… Quem quer ser, tem que primeiro nascer… Depois de crescido, somente a mente nos mente num corpo perdido… Poeta é aquele que nasce com essa porta aberta… Aquele que pensa que é… É simplesmente doce na fé… Nada mais… Ser homem é ser simples… Mesmo que em uníssono com as palavras, ao se acordar se sente, a mente renovar o ser… Poesia é tudo que a vida guardou no momento e no tempo de tudo acontecer… Não é quem deseja… A poesia é como quem beija e não como quem quer ser beijado… Em uníssono digo… Poeta! Só o é quem flutua numa partícula de pó, quem dança com o vento, quem canta com as folhas, quem vive com os sorrisos, quem ama a humildade, quem sabe a verdade e se aceita na sua fé… Ser poeta é ser… Quando se é… Ser poeta não é escrever… É ser um universo de amor numa vida completa… Isso é ser poeta…

José Alberto Sá

er poeta!

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José Alberto Sá

ortura Um dia assassinei os meus olhos… Amputei os meus dedos… Um dia levaste-me e fiquei cego… Por ti Naquele dia, eu não nego… Foram loucuras aos molhos… Diante dos meus olhos Amputei meus lábios… Dentro de um corpo sem medo… O teu Fizemos de tudo… Em silêncio nos torturamos Desbravamos o mundo Amamos e… Só os gemidos lavados no fundo… Gritaram amor… Pela tortura onde assassinei e em cada cor… Amputei meus dedos dentro de ti Amo-te mesmo que torturado… Por não te ter a meu lado Mas por saber o que já vi

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Eu vejo o meu menino E haja alguém que diga, que da serra não vejo o mar E haja alguém que diga, que da serra não vejo as caravelas Que da serra, não vejo as gaivotas voar… E que os olhos não são como janelas Eu vejo o meu menino E haja alguém que diga, que da terra não vejo as nuvens do céu E haja alguém que diga, que da terra não vejo o sol a passar Que da terra, não vejo o amor que é meu… Meu menino nas terras além-mar Eu vejo o meu menino

José Alberto Sá

empre comigo…

E haja alguém que diga, que da saudade não vejo o desejo E haja alguém que diga, que da saudade não vejo o sentir da minha dor Que da saudade, não vejo o sentir de cada beijo… Meu menino, meu amor Eu vejo o meu menino Haja alguém que diga, que negue ou me contrarie a saudade… Haja alguém que diga, que não vejo no sono, um filho como um hino Que diga que não o vejo ao acordar… Esse mundo que amo de verdade Pois um coração que ama é eterno ao amor de menino Eu vejo o meu menino…

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José Alberto Sá

iagem ao deitar Saltas na terra e chegas às estrelas Olhas o mar que voa no abraço da gaivota Velas ao alto, mastros erguidos na caravela Saltas na terra e me amas garota Feres a maçã, no ventre romã Saltas as ondas, num mundo qualquer Fruto silvestre, num sol da manhã Saltas na terra e me amas mulher Gelas a luz, que apagas para se ouvir Saltas e gemes como barcos à deriva Saltas na areia que escalda o sentir Frios do suor, que amo de ti… Minha diva Saltas na terra, num mundo coragem Força nos braços, nas pernas o farol Mares de amor, em corpos viagem Saltas desertos, no ventre o lençol

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Como se fosse hoje… Esse tempo distante de conhecimento e mistério… Como se eu fosse amigo da alma, amigo das dificuldades, em que o mundo me deseja pela poesia e pela carne… E hoje… Intrigo-me sem dúvidas, como se eu fosse um amanhã, intrigo-me quando o mal não se atreve à minha altura, nem o bem quer de mim a mistura… Aventura talvez… Rezo tantas vezes, como se fosse hoje… E hoje seria mais um pedido ao conhecimento, ao mistério… Quando sonho… Ou quando realizo… Terrível é a imaginação sobre a carne, onde esta sempre se aproveita da minha poesia… O corpo feminino é no sonho igual à realidade… É poesia… Sonho… Esse tempo distante de conhecimento e mistério, que carrego no desejo… Sempre por perto… Por perto é distância entre o membro e a vulva que me arrepia… E sempre sonho… Figuras perversas que se atravessam no meu caminho… Sabendo eu que o mundo é lindo e muito mais seria se eu… Devorasse a carne como a desejo… Intrigo-me pela minha apatia… Não conhecem a parte de mim, que mexe… Que se dilacera sozinha… Sempre na vontade, como se fosse um amanhã de união… Como se fosse hoje… Comer não é o bastante para me saciar… Amo a reza misteriosa sobre a carne, onde os joelhos se agacham e eu… Devoro intensamente, mesmo que num amanhã perfeito… Como se fosse hoje…

José Alberto Sá

oje…

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uando surge o amor

José Alberto Sá

Surgiu a cor amarela por entre os dedos, numa mistura com o carmim que quis ver plantado, quiseram ambas nascer nessa terra feita de carne, onde a raiz já se espalhou… E me fez acontecer… Surgiu a tonalidade por entre os lábios que se quiseram ocultar, deixando penetrar as entranhas das palavras que não dissemos… Surgiu um sol que deixava esquecer uma lua já possuída, os braços que nessa noite foram sal num mar de amor, onde as areias se misturaram nos corpos nus da água cristalina… Surgiu o silêncio em poses sensuais… Gemidos anormais que se misturaram na maresia, senti os soluços de translúcido fervor… Tremias… Tremias meu amor… O vento também surgiu quando a pele se arrepiou e ambos nos confundimos com a praia molhada… As mãos arremessavam a saia e provocavam o tempo de cor amarela… Surgiu o frio que sempre tenho no momento final… O estremecer da semente que louca se faz penetrar na terra que me quer levar… Amo o surgir de um ventre puro com cheiro a mar… Um ventre macio e aveludado, que me faça sonhar através de uma janela virada para um horizonte, onde a luz se esquece e o sol floresce numa cor amarela…

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Liliana Ribeiro nasceu em Espinho, com uma paralisia cerebral a 11 de dezembro de 1977. Lançou o seu livro autobiográfico, “O Meu Arco-Íris” em 11 de dezembro de 2010, onde relata as suas experiências de vida. Foi, desde sempre, incentivada pela família a nunca desistir de sonhar e lutar até alcançar a realização dos seus sonhos. Frequentando escolas de ensino regular, foi confrontada com desafios e desventuras que, mesmo dolorosas, a ajudaram a compreender o sentido da VIDA. Hoje vê as “colheitas” dessa luta, da qual nunca desistiu. Trabalha na Câmara Municipal de Espinho – Divisão Gestão Administrativa, Financeira e Turismo – desempenhando as funções de Assistente Técnica (Multimédia). A poesia nasceu desde muito jovem. Participou na “Antologia dos Poetas de Espinho” em 2013 e na “Antologia de Poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho”, da Chiado Editora, em 2015.

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Liliana Ribeiro

stou só Estou só! A chuva não me larga, o vento assobia-me, as ondas deitam-se sobre a areia, o frio agasalha-me... Estou só... O beijo sossega-me, o olhar acaricia-me, os braços abraçam-me, os pés guiam-me, a voz chama-me, o calor aquece-me... Afinal... Não estou só!

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Quando é difícil Decidir o que há para decidir, Quando eu acho que devo ir Mas o outro diz para não ir E o meu ser diz que tenho que ir… E que é o caminho a seguir… Por vezes no confronto do sentir A dúvida não me deixa reagir… Mas eu sei que vou conseguir… Já sei… Já decidi! Vou!

Liliana Ribeiro

á decidi

13 de Novembro de 2014

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Liliana Ribeiro

atureza Pura Pura... Bem como o olhar da sede, Bem como o corpo da fome, Bem como a ferida da guerra, Bem como a incompreensão da justiça, Bem como a insegurança da cura, Bem como a desigualdade da diferença, Bem como a desobediência ao Ser. Pura... Bem como os olhos de uma criança, Bem como o brilhar do sol, Bem como uma linda flor. Bem como a água límpida de um rio, Bem como o voo das andorinhas, Bem como o cantar do rouxinol, Bem como o amanhecer da noite. Pura... Bem como a lágrima da saudade, Bem como o ombro que se grita, Bem como a mão que se procura, Bem como o coração que se esconde, Bem como o ventre que acolhe, Bem como a luz que guia, Bem como a Estrela que ilumina.

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er livre

Livre para voar Livre para mergulhar no mar Livre e ser borboleta Com todas as cores Do arco-íris. Livre de sentir A força da Mãe Natureza Que me dá Alento, ternura, amor E o ar que é o alimento Do meu coração.

Liliana Ribeiro

Hoje quero ser Livre Apenas livre Somente livre

Oh! Mesmo quando os dedos não mexerem E nas minhas veias o sangue queira escoar Eu continuarei livre, Livre para Ser e amar Já não serei eu… condicionada, Mas serei para sempre Mariposa colorida Voando em liberdade. Serei LIVRE!

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stavas lá tu!

Liliana Ribeiro

No pico da montanha Onde nascia toda Energia Estavas lá tu! No meio da multidão Onde procurava a amizade Estavas lá tu! Na calçada da vida Onde por vezes caía Estavas lá tu! Num olhar cheio de lágrimas Que permutei em sorrisos Estavas lá tu! No meio de dois pontos Onde tinha uma vírgula Estavas lá tu! Estarás lá tu!? Onde? Sempre, onde eu estiver Nas horas de alegria Ou naquelas… Estarás sempre tu E tu és És, és, Sempre tu! 24 de Abril de 2015

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Leva-me contigo O uma noite de fado Pois o fado ĂŠ meu amigo E vive em todo lado Leva-me contigo A cheirar o azul do mar Ele ĂŠ meu amigo E vive sempre para amar Leva-me contigo No tormento da aventura A ele entrego a vida Nele me sinto segura

Liliana Ribeiro

eva-me contigo

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o nada

Liliana Ribeiro

Do nada vim E sou como sou Vim para ser quem sou

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Do nada sou Como quem não fosse nada Mas nada muda quem sou. Do nada pensei De uma forma‌ talvez sem sentido Mas sentido o que pensei Do nada serei Quando o Nada decidir De que para o Nada viverei.


Co-autora nas antologias: " Letras da Lagoa de Óbidos " "Letras de Lagoa de Óbidos" .........Livro solidário........... "Colectânea de Memórias" 1001 Histórias de Infância . " Co-autora na antologia " .........VIDA E MORTE.....

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Maria Augusta Monteiro

minha mãe

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Tu és TULIPA, minha mãe, Perfumada VIOLETA És a mais linda ROSA, Colorida BORBOLETA. TULIPA, flor delicada de altar VIOLETA, que perfume!... ROSA, “a flor mãe mais delicada” E BORBOLETA? Porque te chamo BORBOLETA, minha mãe? Sinto-te sempre a meu lado como um anjo. Um anjo, que com suas asas me ampara E que à mais bela BORBOLETA se compara. 2015


Meu amor não estejas triste Porque tristeza sou eu, sem ti! Estou longe. É a lonjura que me faz gostar “muito, muito mais de ti”. Não te esqueças a promessa feita ……………...”tu”…………….. “Serei teu, minha querida” ……………...”eu”……………. “Serei tua, meu amor”. A lonjura está ficando mais curta, O nosso amor cada vez maior. A nossa saudade é ausência que magoa. Tu verás quando o dia chegar! Seremos loucos, eu já louca e tu um louco. Morreremos de amor. Nossas bocas se colarão Nossos abraços se apertarão Nossos corpos serão um só E falará por nós: “um só coração”

Maria Augusta Monteiro

usência

19/05/2015

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Maria Augusta Monteiro

ica sabendo Fica sabendo que embora eu saiba que gostas de mim, eu não te desejo. Fica sabendo que embora eu saiba que tentas passar por mim, eu vendo, não te vejo. Fica sabendo que a felicidade, para mim, é um sentimento assim: - Andar na rua como sendo toda minha, sem tropeçar na pedra da calçada e, não ter seja quem for; “Atira-me a primeira pedra” Eu não atiro com pedras a ninguém, muito menos a quem diz, fingindo, que me ama. Não gosto do vento porque não gosto mesmo do vento! Aproveito dele unicamente aquele provérbio: “Os cães ladram e a caravana passa” O vento passa, passa e esse passar chama-se “Liberdade” A liberdade que eu penso e quero……………………………… Fica sabendo tu, aquele e aqueloutro: - Que se eu quiser ser louca, puta, vadia, cantora, poetisa escritora e toda a merda que o mundo tem….. eu serei! Eu sou unicamente aquilo que quero. Fica sabendo que no dia em que estas palavras eu publicar, Comigo todos vão acabar de gozar. Ficarei com saudades? Não acredito……………… “Unicamente darei um grande grito……«LIBERDADE»”

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Se me virem na rua caminhando, Não me reconheçam por favor! Quero ir andando, andando….. Encontrar paz e silêncio em redor. Se me virem na rua caminhando Não tenham pena de mim. Quero ser extravagante, caminhante, mendiga… Não quero ser o que os outros querem de mim… Enfim…! Estou farta, terrivelmente delinquente, Pensem por favor: “eu não sou gente” Quero ir andando, andando até aparecer o meu esquife, finalmente. E no meu silêncio profundamente, Bater-me a mim própria! “eu em mim”

Maria Augusta Monteiro

oje, amanhã e sempre

18/05/2015

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Maria Augusta Monteiro

que faz a neve

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O pinheiros são cetim! As ruas de marfim! E no ar as borboletas são de neve Leves, leves até pousar “eu e tu aqui a olhar” …………Só a olhar?............... Enleados em nossos abraços, a neve cai. Nossos beijos contentes “por serem quentes” fazem inveja à neve gelada que cai. Mas, a neve e nossos beijos: Demasiado belos! Belos demais. 18/05/2015


Levaram-me para o hospital. Alguém falou por mim! Tem isto, tem aquilo…… Escutei, a nada reagi! Eu unicamente sentia “Saudades dos meus olhos” Ninguém vê? Ninguém sente? Serei eu unicamente? Hoje senti “Saudades dos meus olhos” Pensava eu que a saudade era só no coração! Mas não. O coração já está em segundo plano. Aprendi hoje: - No coração está o amor- Nos olhos está a saudadeQue saudade tenho nos meus olhos…… 18/05/2015

Maria Augusta Monteiro

audades nos meus olhos

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Maria Augusta Monteiro

u sei que não me lês Eu sei que não me lês, Mas sei que és adivinho do meu pensamento. Sabes perfeitamente o que eu penso " de ti " Eu gostava de ser inteligente Bem falante, bonita e elegante, para tu olhares para mim " sem fim " Eu gostava de ser microfone falar bem alto ao mundo; Que te quero até, nos teus mais pequenos gestos, " de ti " O teu assoar tem graça Ao tirares teu lenço branco, fazes lembrar um ilusionista que, " o " transformou numa pomba branca. Pomba branca que te afaga, que te diz o que eu gostaria ouvir " de ti " Eu quero-te. Não digo amo-te porque eu sei , que é, palavra corriqueira e não fica bem, " em ti" 18/05/2015

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Maria Helena Ribeiro nasceu na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, nos anos 40, filha de pais incógnitos, sem sobrenomes… Acabou por adotar simplesmente Maria Helena como nome próprio. Terminou o Liceu no Carolina Michaelis. O gosto pela leitura, pelo teatro, enfim, pelas artes, tem-na conduzido mais além, numa procura inesgotável de conhecimento. Foi convidada por um grupo de Teatro no “ Centro Ramalho Ortigão”, onde participou numa peça de Teatro <ANTÍGONA> de António Pedro, encenada por Jaime Valverde. O “bichinho” da leitura e da escrita começou a alargar-se e a partir dos anos 2000 começou a publicar textos numa página do Facebook “ JARDIM DE POESIA” sob a administração de Helena Santos, Joaquim Godinho entre outros, tendo posteriormente, ajudado a fundar o grupo de tertúlia “POESIA EM FOHAS DE CHÁ”, em Espinho. Como declamadora organiza e conduz várias tertúlias poéticas, assim como colabora em várias páginas no facebook Colabora na Rádio de S. João da Madeira, todas as Quintas Feiras em «Momentos de Poesia» Recebeu algumas menções honrosas em participações poéticas.. Participou em várias Antologias, tais como: COLECTÂNEA de POESIA “ POEMAS SEM GAVETAS” COLECTÂNEA de CONTOS “BEIJOS E BICOS “ com um conto “NUNCA TE DEIXAREI” -ANTOLOGIA POETAS de ESPINHO, -ANTOLOGIA dos POETAS POVEIROS 2014 -ANTOLOGIA “ OS POETAS D’ HOJE” 2014. Assina os seus escritos como Mara Helena/Rosa Amarela E-mail: mariahribeiro66@gmail.com

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Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

que dizem os meus olhos

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Neus olhos dizem tanta coisa… … O amor que trago dentro do peito, … A amizade que dedico a toda a gente, … A saudade que não sei disfarçar, … A tristeza que sinto e me faz chorar, … A raiva contida e não dita, … A revolta desmedida que atravessa meu coração, … A idade da minha Alma, … A dor da incompreensão das pessoas, … A dor da fome, da crueldade, feita às crianças. Os meus olhos também dizem, O quanto vos amo, meus amigos, O quanto vos adoro minha família, Os meus olhos também dizem, O AMOR, O CARINHO, A TERNURA Que sinto no meu coração. 10/03/2015


O Mar e a magia das ondas, num partir e regressar, por vezes tão suaves e tão calmas, outras num furioso rugir… esse mar me encanta, e fascina com o seu marulhar. Ele me acalma e também me faz sonhar. Com ele o meu pensamento se espraia, mesmo para além do horizonte, e fingindo que sou sereia, com ele vou vogando, para ir ao teu encontro, meu amor. As ondas levam-me no seu balançar, a sua espuma afaga-me a cada mergulhar. Quero chegar com o nascer do Sol, para ver a luz do teu olhar.

Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

mar e a sua magia

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esejo (ser)

Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

Poder estar contigo, ”sempre”. Dar-te a minha mão o meu carinho. Guardar teu coração junto ao meu.

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Ser tuas mãos, teus olhos, teus ouvidos. Ser o pente deslizando em teus cabelos. Ser a mesa onde te apoias, para escreveres. Ser a cama onde te deitas. Ser sempre tu e eu, na partilha de sentimentos e anseios, dois corações transformados em UM. 19/03/2015


Sempre que vais, Vai contigo, um pedacinho de mim. E sempre espero Que rapidamente venha juntar-se ao todo, Pois só assim se consegue viver. Ninguém vive pelas metades, Ou com pedacinhos a menos. Volta depressa, pedacinho de mim… 17/02/2015

Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

olta depressa…

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u estás em mim

Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

Tu estás em mim. És a pele que me cobre, A camisa que visto junto ao corpo.

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Tu estás em mim. No meu pensamento, Quando adormeço, quando acordo. Tu estás em mim. Vives comigo, respiras o mesmo ar, Vês o que os meus olhos veem. Tu estás em mim. Em mim repousas, descansas e adormeces. Só assim sei viver. Tu em mim e eu em ti. Eu estou em ti, respirando, sentindo, amando, Sonhando os dois o mesmo sonho. 11/03/2015


Hoje, queria dizer-te palavras de amor, Diferentes daquelas banais que os outros dizem. Queria beber dessa fonte onde sacio a minha sede. Gostaria que os meus atos, Fossem demonstrações do amor Que inundassem a minha alma e coração. Hoje queria dar tudo o que o meu coração, Por vezes impetuoso, Tem para repartir com o ser que eu amo. Hoje… eu quero… AMAR 05/02/2015

Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

oje quero…

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Maria Helena Ribeiro/ RosAmarela

oubera eu nadar…

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Junto ao mar, olhando-o, sinto inveja de nele não poder mergulhar. Soubera eu nadar e nele me afundaria, só vindo à tona, na praia, perto do sítio onde por mim esperarias. Por isso meu amor, A ele peço que a ti leve todo este amor, O amor que existe no meu peito e que anseia por um beijo teu. Ouve a voz do mar… e escuta a minha voz que por ti chama. 20/02/2015


Sou Maria La-Salete Sá e nasci a 17 de julho de 1952 em Guirela, uma pequena aldeia de Paraíso, Castelo de Paiva. Sou professora aposentada do 1º Ciclo do Ensino Básico, com licenciatura em Formação Científica e Pedagógica, profissão que exerci durante 32 anos. Em abril de 2008 foi editado o meu 1.º livro, de poesia, “Fragmentos de um percurso interior” e em maio de 2012 saiu “Raízes” (prosa). Participei nas seguintes antologias: “Antologia dos Poetas de Espinho”, “Audaz Fantasia”, “Poesia sem gavetas II”, “Souespoeta”, “Coletânea Galeria Vieira Portuense 2013” “Conto de Poetas Parte II”, “Poetas d’Hoje, Vol I” “Poetas d’Hoje, Vol II” “Antologia Escritartes- A Arte pela Escrita Sete” “Antologia de poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho- Vol VI” e ainda pela editora virtual “Poetas em desassossego” em “O Desassossego da Vida” e “Caminhar no Mundo” Recebeu menção honrosa pelo grupo “Solar de Poetas” com o poema “Noite de Sonho” Criou e coordena a tertúlia poética “Poesia em Folhas de Chá”.

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Maria La-Salete Sá

com…passo

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Correm apressados os passos que, com pressa, se afastam tão depressa que, na pressa, se esquecem que vão com pressa. E nesta pressa, assim apressada, às vezes a compasso, outras a descompasso vai a vida, passo a passo… E, devagar ou apressada, ao ritmo de cada passo, ao embalo do compasso ela se desenrola na cadência do seu passo…


Oiço o canto alegre do mar, Sinto o abraço envolvente do vento, Desperto no calor amigo do sol , Danço sobre a areia da praia… Sou feliz na envolvência Dos quatro elementos! E sorrio ao mar, Abraço o vento, Com os pés acaricio a areia da praia E aqueço corpo e alma neste sol de fim de tarde… … Sou, neste enquadramento, O quinto elemento…

Maria La-Salete Sá

quinto elemento

E nesta união, Conjunção elemental, Podendo ou não ser elementar, SOU FELIZ! 24/05/2013-Foz do Arelho

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Maria La-Salete Sá

oema da minha saudade Na plenitude da minha saudade encho-me de ti, absorvo-me de ti, embebo-me de ti... e formamos uma cosmogénese perfeita. Tu não és tu, eu não sou eu. Apenas somos. Não sei onde estou, onde estás, quem sou, quem és, apenas sinto sorver-te sem ver-te, sei que te tenho sem ter-te... ... porque tu és pleno na minha saudade... ... e eu sou a saudade da tua saudade... 26/12/91

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Procuram-se palavras que calem a dor, Procuram-se palavras que falem de amor… É urgente encontrar palavras que digam liberdade, Como urgente se impõe o calar da saudade… Procuram-se palavras que falem harmonia, Palavras que iluminem sorrisos de alegria… Palavras que lançadas ao vento Espalhem sementes de puros sentimentos… … Sentimentos fraternos, na paz renascidos, Sentimentos profundos, sem fundos vazios, Sentimentos prenhes de esperança… Sentimentos de acalmia, de bonança… … Porque…

Maria La-Salete Sá

rocuram-se palavras

É urgente encontrar as palavras que digam, Que gritem, que clamem, que afirmem Que Paz não é uma palavra perdida, Mas uma palavra recriada e renascida Que vibra, que ecoa, que se propaga Neste país onde o bom senso naufraga… É urgente que se encontrem palavras Que ultrapassem o mero conceito… das palavras…, É urgente que elas se encontrem … E que sejam palavras com vida… Mas de vida com sentido… … E não somente palavras…

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Maria La-Salete Sá

aminhos de esperança

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Caminhos abertos de esperança São os teus braços quando me buscam, Teus lábios quando me sorvem, Tuas mãos quando me percorrem, Teu corpo ávido quando me aquece… Caminho aberto de esperança É o mar dos teus olhos Onde descubro horizontes… … Novos e indefiníveis… 21/02/1988


Quando na vida uma estrela te brilha Segura-a com ambas as mãos… E não temas o seu fulgor Porque a incandescência que dela emana É o guia do teu caminho… Ter uma estrela na mão E dois brilhantes no olhar É ter força e esperança, Ânimo e confiança E um mundo de sonhos para realizar Porque… Quando na tua vida uma estrela brilha Teu coração se renova E tua alma rejubila… Pela luminescência que te chega… E nela encontra guarida

Maria La-Salete Sá

strela guia

1987

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Maria La-Salete Sá

arícia solar Mal o dia acordou, A madrugada sorriu e, de braços estendidos espreguiçando o despertar, o sol raiou E na madrugada que se fez dia ele, lânguido, se estendeu, e cresceu…fez-se à tarde, em melancolia… sem vontade de se deitar Agora… olhando o horizonte com a lua a despontar relembro sua beleza tão singela …e fico-me a cogitar… que… havia fulgor naquele sol poente, que se espraiava dolente no azul celeste, pertinho do mar… E depois, em melancolia, cansado de mais um dia, este sol, luz-amor, mergulhou no mar abraçou as ondas, beijou a espuma, e sorrindo docemente… foi-se deitar… Mas o seu sorriso ficou… dolente… a doirar as águas deste mar… … esperando a lua chegar…

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M. Laura Ferreira Macedo Quintas, nasceu em Espinho, onde reside desde 1954. É licenciada em enfermagem e especialista em enfermagem de reabilitação, tendo exercido a sua atividade profissional no Hospital de Espinho durante 36 anos. Desde muito cedo, sentiu necessidade de passar ao papel os seus sentimentos. “Espólio da Minha Alma”. Foi a sua primeira obra publicada, em 2012. A apresentação do livro foi efetuada na Biblioteca Municipal de Espinho, Dr. Marmelo e Silva. “Antologia dos Poetas de Espinho”. Foi convidada pelo Poeta Augusto Canetas, para integrar esta obra, publicada em 2013 e onde participa com sete poemas. A apresentação do livro foi efetuada na Biblioteca Municipal de Espinho, Dr. Marmelo e Silva

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Maria Laura

árvore

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A tarde cai Rápido o sol invade o mar As cores começam a desmaiar Tudo passa num impulso As sombras se alongam Arrefece o ar Lá está ela A minha árvore Todos os dias me espera Me abraçam suas folhas Como xaile de minha mãe Me cicia Me acolhe Me protege Escuta sem me julgar Mesmo de inverno Toda nua Não tem segredos para mim De noite beija-a a lua De manhã beija-a o sol De tarde é para mim No seu rugoso corpo Sinto o pulsar da vida Seu pulmão a respirar Sinto o seu sangue em mim


Rebuscando palavras escrevo Sem pretender ser poeta Procuro palavras no vento E no voo da borboleta Em sinuosas vicissitudes Graciosas e deslumbrantes Sua brisa me embala Com fogosos anseios Meus olhos se fecharam Escrevendo em linhas tortas Palavras ofuscantes Promessas enviesadas Rutilantes de paixão O amor De memória fria escrevia Nada saía Sem misericórdia nem dor Que angústia eu sentia Pérfida se tornou a noite Cansada adormecia

Maria Laura

oo da borboleta

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Maria Laura

pássaro

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Na beirada da minha janela Um atrevido pássaro pousou Suas asas imensas me abraçaram Seu arrulhar doce me encantou De alegria e de tristeza O meu coração arfou Seus olhos me fixaram Cristais bafejados em tarde fria Me parecia um querubim Flocos de neve caiam Numa paz e melancolia Rumorejou palavras encantadas Levou o vento e o lamento Rendição errante daquele abraço Por frio e por cansaço Numa paz e melancolia Os flocos de neve ainda caíam


Dia – trabalho Noite – escuro Aurora – nascer Mel – puro Roupa – farrapos Boca – beijo Pernas – mover Dor – gemer Mar – movimento Vento – brisa Arroto - satisfação Comida - pizza

Maria Laura

nigma

Sol – calor Estrelas – brilho Lua – prata Comboio – trilho Barco – viagem Caravela -descobrimento Lâmpada – ideia Homem – pensamento Luz – vida Ar – suspiro Coração – amor Pistola – tiro Agua – lágrimas Árvore – fruto Ventre – filho Morte – luto

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Maria Laura

ardim

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Regavas as flores Sempre sempre à mesma hora Um manto cheio de cores Sequiosas e tombadas Chamavam por ti Rega agora rega agora E tu aliado contigo Regavas E eu a recordar Os meus antigos amores Que de tanto me amarem Conheciam o meu odor Me saudavam à mesma hora Neste entardecer de verão Numa amálgama de cores Vermelho ou alaranjado Com azul do céu expurgado As asas da brisa num voo de gaivota Levavam para bem longe o meu aroma Que o tempo faz renovar A cada tempo que passa Neste acrescido fulgor Aclamam as vozes da saudade Rega, rega meu amor


Posso ser o que sou Posso ser o que nรฃo quero Posso ser o que outros querem Posso ser doce ou amarga Posso ser cardo ou rosa Ser castelo ou barraca Ser vela ou motor Ser poesia ou prosa Lixo ou flores Ser pilar ou derrocada Ser resumo ou errata Sinfonia ou cantata Estrada ou caminho Violino ou harpa Ser morte ou a vida Cangalheiro ou padre Confessor ou diabo Serei luz e alegria Serei Bolero ou Aida Serei chegada ou partida Serei ventre serei amor Serei tudo nesta vida Faรงa o que eu fizer Esteja onde estiver

Maria Laura

uem sou

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Maria Laura

erturbada eu Por ter nascido em ventre errado Por não compreender em ti o amor Por beijos de amor me terem sido negados Por palavras complicadas que eu não compreendia Por sonos tranquilos me terem sido roubados Por eu não saber o que de mim queriam Por eu não saber o que queria de mim Perturbada eu Por ver estrelas a cair do céu Por ver o mar o céu beijar Por agarrar o arco - íris Por com a lua falar Por com pássaros voar Perturbada eu

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Conceição Alves, conhecida propriamente na vida profissional por Sãozita Alves, nascida em Angola, cidade de Huambo em 1961. Começou a fazer rabiscos no campo de refugiados em Lubango, rabiscos esses que foi guardando. Sempre foi muito participativa. Estudou em África até 1973. De regresso a Portugal concluiu os estuos, dando largas a um curso profissional, obtendo a carteira profissional de esteticista. Já trabalhou como estofadora, tendo grande sucesso. Geriu o seu próprio SPA durante 22 anos onde se realizou profissionalmente. Hoje escreve poesia e dedica-se à sua nova loja, Espaço & Arte.

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Sãozita Alves

rriscar

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Tudo colorido As cores da vida São como as cores do arco íris Caminho navegando em direção Riscando Estrelinha que me tens guiado Em horas certas estás Sigo as cores o brilho Sinto me guiada Sem ti estava perdida Isolada Arriscar sem me perder Contigo ao meu lado Saltitando aqui ali Sorrindo Pelo bem estar vale apena arriscar Motivo seja qual for Arriscar um beijo Um sorriso Um abraço Um carinho Pela vida vale a pena Riscando Tudo


Meu dia segue Segue com um desconforto Desconforto enorme Sinto minha alma presa Presa entre correntes Correntes que puxam puxam Puxam de um lado para o outro Nem sei o que vai em mim Fúrias do meu ser Um calor que me faz estremecer Mas tenho que ter esperança De ver sentir o perfume Das flores do meu jardim Flores espalhadas por todos os canteiros Flores de luz e cor Flores que se tornaram imaginárias Imaginárias dentro de mim Esperança no silêncio Doçura e mágoas Mágoas de uma vida Vida que não escolhi Vida que aprendi a amar Amar porque amo as flores do meu jardim Flores que se espalharam em canteiros Continua minha alma presa Continua minha alma num desconforto Por tanto amar

Sãozita Alves

eu dia

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Sãozita Alves

oje pouco me importa

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Penso e escrevo Escrevo o que me vai na alma Não me sei exprimir Minha simplicidade vem dentro de mim Vibro com a simplicidade Tão simples como as flores Tão simples como a água Tão simples como o chão que piso Comovo-me com tudo Tudo até um simples toque Um toque de paz e luz Um toque que sonho Um toque que faz falta Um toque que faz evoluir para o Amor Amor que veio por um toque Toque nos lábios Toque nas mãos Um toque Nem sei o início nem o fim de um toque Mas sei que faz falta


Ao amanhecer Vejo-te tranquilo No teu olhar ternura O dia anima-se para mim Sinto segurança Coração sereno Calor intenso Entrega absoluta da minha alma Desta boca saem Palavras doces Nossos corpos cúmplices no amor Dormem o descanso merecido Fico no silêncio

Sãozita Alves

eu amor

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Sãozita Alves

audade

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Como ambiciono Aqueles dias em que corria Corria sem parar Descia subia vales montes sem parar Vida que vivo Sempre na saudade Sombras de tudo Sombra de uma terra Uma linda terra Prisioneira dela eu sou Maldita guerra Uma guerra que não vejo a bênção chegar São sonhos em todos os momentos e horas Olho e vejo sempre as cores Procuro encontrar com alma amor Escrevendo Nem sei o que escrevo Só sei que sai Sei que é o meu sentir Abraço mil cores abraço minha terra Huambo


Viagem alimentada de desejos Fulgores na pele No silêncio sentia Teus abraços beijos Sussurros Um mar de delícias Vontade de tocar de olhar Pele estremecida Esquecimento Indiferença Nesta manhã calma Irrequieta Demorado reencontro Dos nossos corpos beijos abraços Delírio insaciado Loucura que tarda Parece feitiço Vento de entardecer Tua sombra Traz até mim teu calor teu sorriso

Sãozita Alves

ardes longas

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Sãozita Alves

uero-te

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Prendo-me à minha saudade Quero-te à tardinha Bem à tardinha Trouxe a chuva todo o despertar Pela manhã no silêncio Do meu quarto Meu entusiasmo é de te ter ao meu lado Atenta vejo sombras de asas Asas de um sonho Saudades que me abafam Lágrimas que me cegam Quero-te à tardinha Bem à tardinha Quero ver teus olhos a bailar de felicidade Quero percorrer teu corpo em busca de Sol Sol brilhante Sol que me aqueça Que tarde Que horas tardias Demoras Espero deslizar em teu corpo Corpo meu cheio de paixão Quero-te à tardinha Bem à tardinha


Poetas da

Costa Verde 109


Projeto terras de Portugal

Poetas da Costa Verde 110


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Poetas da

Costa Verde 112




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