DIÁRIO DE AVEIRO | Mário Costa, 2020.06.24 Um estranho prodígio local Sempre que acontece algo muito previsível, coisas que se fazem ou dizem porque há eleições à porta, há fenómenos que não devemos esquecer. E se um dia o seu edil lhe oferecesse transporte na bagageira do carro, tratando-o abaixo de cão? É verdade, aconteceu em Aveiro. Condenando-o por um lado, mas apreciando-o por outro, admiro a coragem e o voluntarismo do autarca. Mesmo sem alvará para transporte público, rapidamente arranjou solução para suprir uma insuficiência da concessionária com quem negociou os transportes públicos no Concelho. Ele é assim. Arranja os problemas para depois aparecer como herói. Faz-me lembrar um jogador internacional pela Seleção Portuguesa, que fazia tudo na equipa. A bola era dele. Marcava os livres, marcava os penalties e até os pontapés de canto. Neste gesto futebolístico e após ter chutado a bola, corria à frente dela para ainda a ir cabecear. É um prodígio do Poder Local. Ele também é um acidente. Não é por acaso que a cmtv o tem debaixo de olho sendo a primeira a chegar. Ele é notícia, ele é assunto dos media local e nacional. Insatisfeito com o seu pequeno mundinho, um dia pensou unir Aveiro a Ílhavo e a Vagos. Unidos somos mais fortes, dizia ele utilizando um slogan de esquerda disfarçado de democrata para que não fizessem maus juízos. É desta gente que precisamos. Pensar em Grande. Pensar à sua medida. Como presidente da CIRA, defendia a criação de um hospital central em Aveiro, mas como presidente da Câmara Municipal de Aveiro defende a ampliação do actual. Esta sua capacidade de adaptação a cada função é notável. Um verdadeiro camaleão político. Também admiro nele o seu espírito jovem e a forma com se integra na Academia chegando ao ponto de desafiar a comunidade estudantil a dar uma esfrega nas caloiras. É um eterno jovem e irreverente. Ele canta, ele dança ele come e ele bebe. Não há confraria que lhe escape. É o confrade dos confrades. Em 2017 era contra a legislação que proibia o abate de animais. Também tenho de concordar com ele. Fechamos os talhos e os matadouros? Que Lei mais absurda aprovada pelos “esquerdalhos”. Não podemos ser todos vegetarianos. Os caçadores que pagam as suas licenças também têm os seus direitos. É preciso respeitá-los. Quanto ao canil intermunicipal e na sua opinião, não deve ser elástico porque facilmente os canídeos podem fugir ou morrer asfixiados. Neste âmbito também pondera a limitação da produção de animais vadios. Penso que as acções de formação (lavagem ao cérebro da opinião pública) será o método preferido, que se baseia sempre no mesmo: “está a ser feito um trabalho sério, por gente muito competente, num processo complexo que muito em breve será dado a conhecer aos visados” – e insiste-se até à exaustão, parece peçonha. Por falar peçonha, passou do Concelho de Ílhavo para o Concelho de Aveiro. Cuidado com a sedução baseada no engano. Evitá-la é o melhor. Assim, desaparecerá daqui naturalmente.
Mário Costa Vogal do PS na Assembleia de Freguesia (UF Glória e Vera Cruz)
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