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NOTÍCIAS DE AVEIRO | Manuel Oliveira de Sousa, 2020.06.07 O poder do local O poder do local (esquecido tantas vezes) está a ganhar novas abordagens e oportunidades. O consumo do descartável; a deslocalização (de empreendimentos), por mera extração de mão-de-obra barata e fuga às responsabilidades sociais, como por exemplo pagamento de salários dignos e de impostos nos países mais escrutinados pelos poderes do Estado de Direito e acordos sociais internacionais; a vida acelerada; algum pedantismo ou preconceito, tantas vezes preso à máxima de que “santos de ao pé da porta não fazem milagres”,… tantas circunstâncias, ou opções, foram relegando para segundo plano elementos fundamentais que o confinamento fez ressurgir: bens de primeira necessidade nas proximidades! As escolhas de gestão pública, mais ou menos macro, que, pelos mesmos motivos apontados no início, agravados por complexos de afirmação bastante criticáveis, e outros por definição mais ou menos ideológica, tendem a criar periferias e a favorecer os mais poderosos na bizarra convicção que o mundo é uma selva onde os mais fortes impõem a lei! – felizmente há pensamento e prática política alicerçados na equidade, justiça e solidariedade social em ordem à reta distribuição dos bens e bem comum. Ainda em contexto de incertezas pela COVID 19, mas também motivados pela esperança, realço a importância do “poder do local” e do “poder local” inerentes ao comércio e à produção. São setores, mas são essencialmente pessoas, famílias, pequenas unidades de produção familiar a quem é urgente dar destaque e incrementar como núcleos essenciais num mundo em mudança, porque induzem o que há de melhor na sociedade global, as potencialidades da ação local: - adicionam valor nas cadeias comerciais de proximidade (relação direta de confiança de anos de convivência com os clientes de sempre, com redes que conciliam práticas de produção e relação clássicas com métodos inovadores, qualidade de produtos, sobretudo em matéria de bens de produção, evitam as consequências negativas do transporte demorado de produtos alimentares após a colheita, pesca ou abate, uma vez que os alimentos vão perdendo nutrientes. Por isso, quanto menor for o tempo de transporte e distribuição entre a origem e o consumo, maior será a qualidade nutricional do alimento); - protegem e desenvolvem os patrimónios (história, culturas, biodiversidade, ciclos da natureza, gestão equilibrada dos recursos disponíveis,); - garantem e empreendem a sustentabilidade socioeconómica das comunidades, famílias, organizações (clubes, associações, …) de vizinhança. - mantêm a relação direta de confiança de anos de convivência, até porque estes proprietários precisam de ajuda para conseguirem chegar aos seus clientes de sempre, de uma forma mais prática e inovadora. O mundo começa em cada um de nós - no local em que cada um vive, interage, influencia! Na harmonia e biodiversidade do mundo, releva-se a importância de pensar e agir localmente, já! O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis. Não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental e económica, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social.

Manuel Oliveira de Sousa Presidente do PS-Aveiro Vereador na Câmara Municipal de Aveiro

Partido Socialista | CPC – Aveiro Rua Guilherme Gomes Fernandes, nº 8 | 3800-197 Aveiro www.psaveiro.ps.pt | psconcelhiaaveiro@gmail.com


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