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É isto que entendo por “ter a vida nas mãos de Deus”. Ouvimos então Jesus falar “ninguém pode arrancar nada das minhas mãos” (fonte?). Só eu mesmo tenho o poder de desistir e destruir tal projeto de vida em e com Deus. Jesus tem a participação total na plenitude do poder do Pai. Para os apóstolos a pregar e a converter o mundo, Ele, Jesus, lhes dá como garantia seu próprio poder e autoridade. “Toda autoridade sobre o Céu e sobre a Terra me foi entregue. Ide, portanto, ...” (Mt 28 18).

2.2- E o mal, de onde vem? Nossa fé em Deus como criador de todas as coisas traz consigo um complicador. Vamos partir, sem discussões, da certeza que o mal existe. Deus criou também o mal? “Se Deus Pai Todo Poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as suas criaturas por que então o mal existe”? (CIC, n. 309). Olhe bem para quem levantou essa questão. É o Magistério oficial da Igreja Católica, assistido e iluminado pelo Espírito Santo. Nosso catecismo fala em duas categorias de mal: o físico e o moral. Acontece que nenhum dos dois a Igreja aceita como vindo de Deus. Ao que parece, o ponto de partida para explicar a origem do mal moral deve ser procurado no mau uso do dom da liberdade com que o ser humano foi agraciado. Por mal moral precisamos entender tudo o que de ruim brota do mau uso desta liberdade. Até onde eu posso entender, isso se deve à natureza do ato do Amor. Para o Amor ter sentido é essencial que seja expresso livremente. Sem liberdade o Amor seria expresso por necessidade, como necessárias são a respiração e a alimentação. Tal coisa não seria Amor. Para criar um homem capaz de Amor, Deus precisava correr o risco desse homem ser capaz de não amar, capaz de odiar. A questão é uma espécie de armadilha metafísica. Deus não criou o mal, mas aceitou que o mal surgiria com grande probabilidade de seu projeto. No entanto, por mais numerosos que sejam os desdobramentos e consequências do pecado dos seres humanos, nem todos os males podem ser atribuídos ao pecado. Existem dores, doenças mortais, sofrimentos terríveis que acometem pessoas inocentes. Crianças são atingidas por cânceres que as matam após sofrimentos atrozes. Outras vem ao mundo com deficiências que tornam sua vida posterior um verdadeiro suplício lento e contínuo para si e para os seus. Estamos falando de males físicos desvinculados da moral. De onde eles vem? Não acredito que alguém tenha respostas satisfatórias para todas essas questões. O CIC, nos números 311 e 312, afirma “Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral. Todavia permite-o, respeitando a liberdade da sua criatura e, misteriosamente, sabe auferir dele o bem: pois o Deus Todo Poderoso ..., por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir nas suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do próprio mal. Assim, com o passar do tempo, pode-se descobrir que Deus, na sua providência todo poderosa, pode extrair um bem das consequências de um mal, mesmo moral, causado pelas suas criaturas: ‘não fostes vós, diz José, que me enviastes para cá, foi Deus; ... o mal que tínheis a intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o mudou em bem a fim de ... salvar a vida de um povo numeroso’ ” (Gn 45 , 8; 50 , 20).

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