Revista Circular 5

Page 11

REVISTA No 5 - AGO/2019

PORTO DO SAL

A importância desse projeto, além de criar um documento audiovisual acerca do tema, é eternizar essas histórias que se perdem com o tempo. Mostrar esses personagens e o passado maravilhoso que a Cidade Velha carrega”. — PAULO FAVACHO

A edição de julho marcou a comemoração do primeiro ano de realização do projeto. “A gente está pensando em várias conexões e possibilidades de pensar a cidade com todas as suas afluências e o Porto do Sal é um espaço desses”, explica Galvanda Galvão, uma das organizadoras do Cidade em F(r)estas. Animações, como “A Onda, Festa na Pororoca” e “Admirimiriti”, foram exibidas no início da programação, reunindo moradores e visitantes em frente à projeção na lateral do Mercado do Porto do Sal. A comerciante Rosiane Leão reuniu a família em frente a sua casa para assistir aos vídeos da mostra. “Podia ter mais programações do tipo. É bom para as crianças e para os adultos, a gente tem a oportunidade de conhecer as pessoas”, diz a comerciante. A iniciativa também foi prestigiada por moradores, como Ivaldo Martins, que mora há 10 anos no entorno do Porto do Sal, mas trabalha com metalurgia há 28 anos na área e atua na organização de eventos e festividades na comunidade. “É muito legal reunir a comunidade. Tem crianças que nunca foram num cinema e ver isso hoje é muito bom”, afirma Ivaldo. Raquel Rodrigues é moradora e proprietária de um restaurante no entorno do Mercado, além de também atuar em projetos culturais na comunidade, Raquel destaca as parcerias com o Coletivo Aparelho, o Projeto Circular e, mais recentemente, o Cidade em F(r)estas, para a realização de projetos que possam envolver a comunidade, principalmente as crianças. “O Cidade em F(r)estas vem agregar muitas coisas. Para quem nunca pôde ir num cinema é muito bom. Falta apoio, para ficar uma coisa bem maior, mas é um projeto muito importante, assim como outros projetos aqui da Cidade Velha”, declara a comerciante. Moradores de outros bairros e de outras regiões da Cidade Velha também prestigiaram a mostra, como Ana Alves, integrante do espaço Na Garupa, que também participa do Projeto Circular. Ana mora há 32 anos na Cidade Velha e destaca a importância da participação dos moradores no projeto. “A gente ainda sente muita resistência dos morado-

O desenhista Igor Diniz

res da Cidade Velha. Parece que, como eles não tinham esse movimento, se trancam em casa e não se sentem motivados a fazerem parte. Eu acho super importante, para que a gente possa se conhecer”, diz Ana. Para a organizadora do Cidade em F(r)estas, Roberta Mártires, a receptividade dos moradores vem crescendo com o projeto. “Os moradores da Cidade Velha não gostam muito de sair de casa, então temos um público maior de pessoas de outros bairros que vem para cá, mas cada vez mais moradores participam, inclusive os mais velhos”, comemora.

MEMÓRIAS REGISTRADAS Um dos principais vídeos exibidos nas exposições itinerantes do projeto Cidade em F(r)estas – e o preferido dos moradores da área, segundo as organizadoras – é o curta-documentário “A Gurupá”, de 2017, dirigido por Felipe Cortez. O filme registra depoimentos de moradores da rua que dá título à obra, construindo um relato conjunto sobre as transformações vividas na área. “A importância desse projeto, além de criar um documento audiovisual acerca do tema, é eternizar essas histórias que se perdem com o tempo. Mostrar esses personagens e o passado maravilhoso que a Cidade Velha carrega”, relembra Paulo Favacho, integrante da equipe de produção do documentário. Segundo a produtora da obra, Lissa de Alexandria, a ideia de eternizar as memórias dos moradores em um documentário foi sugerida por Marco Tuma, diretor de arte e gestor da Casa Velha 226, localizada na Rua Gurupá. “Escolhemos alguns personagens que pudessem ajudar a gente a contar a história da Cidade Velha através da própria história deles, como o próprio Marco. Eles ficaram emocionados em ver sua história inserida no contexto da história da Cidade Velha”, relata. “Quando a gente faz um filme contando histórias de pessoas que fazem parte da memória afetiva de um determinado lugar, a gente consegue eternizar não só o patrimônio material, mas também o humano, que é o mais importante”, finaliza a produtora.

11


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.