Projetil 55

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15 - Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UFMS

Trabalho

Em apenas um mês, 120 empresas foram extintas e o setor formal desempregou 15,5 mil pessoas. malmente. “Para que eu vou abrir uma empresa? Só para dar dinheiro pro goTodos os dias Paulo Ribeiro da Silverno?”. Segundo ele, o poder público va, 37 anos, conhecido como “Paulo deveria incentivar quem pretende ter do bombom”, pega sua moto e sai para uma firma. “Eles deveriam diminuir os vender seu produto em empresas e esimpostos”, comenta. critórios. “Uni o útil ao agradável”. Sua A alta carga tributária contribuiu para esposa é quem prepara os bombons, que, em maio, o estado registrasse o todos os dias pela manhã, e ele tem as maior número de empresas extintas no técnicas de venda. ano. São 120 estabelecimentos que feSempre atuou no mercado informal charam as portas, 42% a mais que em (sem carteira assinada) e, há nove anos, maio de 2006. Conforme dados da vende bombons na Câmara de Diricidade. A razão para gentes Lojistas tanta persistência nes(CDL), no acumu“Para que eu vou sa atividade é uma lado deste ano são abrir uma empresa? questão de vontade 498 empresas feprópria. “Nunca chadas, 20% a mais Só para dar dinheiro gostei de ficar em esque no período de pro governo?” critório. Sempre gosjaneiro a maio do tei de trabalhar na ano passado. rua”. Ele diz que o Para João Raimportante é ter vontade e empenho no mos Martins, presidente da Associação serviço. “Se você não tiver gosto pelo das Microempresas de Mato Grosso do que faz, o negócio não vai pra frente. Sul (Amems), esses dados preocupam. Tudo sempre foi difícil. Se você ficar “A área financeira tem complicado a de braços cruzados, as coisas não vão vida das pequenas empresas”, destaca. acontecer”. Conforme ele, a dificuldade em consePaulo do bombom é um exemplo guir crédito, o baixo capital de giro, a de quem consegue lucrar com o merreduzida movimentação econômica na cado informal. Vende, em média, 2 mil região, além dos elevados impostos são bombons por mês, o que gera um lufatores que influem no fechamento de cro de R$ 800,00. Ele nem pensa em tantos estabelecimentos. “A falta de giro montar um negócio e afirma que comde dinheiro e a situação econômica do pensa mais continuar trabalhando inforpaís estão influindo e prejudicando prin-

Juliana Belarmino

cipalmente os pequenos empresários, que não têm recursos para se manter nessa situação que estamos passando. Eles não têm como enfrentar essa alta carga tributária”, enfatiza. Para tentar diminuir esse problema foi criado o Super Simples, através da Lei Geral da Microempresa, que começou a vigorar em julho, em substituição ao antigo Simples. De acordo com João Ramos, ao invés de simplificar, a lei vai burocratizar ainda mais e pode se tornar inviável. “Tem instruções difíceis de serem cumpridas. São 52 tabelas para serem observadas. As empresas não têm como se organizar em torno disso”, destaca. Para ele, a solução para incentivar o crescimento de micro e pequenas empresas está relacionada a uma série de fatores. “É necessário que se diminuam os custos e tributos e criem facilidades para que o empresário sobreviva, abrindo espaço para o crédito mais barato e a criação de órgãos públicos para dar assistência a essas empresas”. Falta de oportunidade As vagas para o trabalho formal estão cada vez mais restritas. Em maio, a geração de empregos nesse setor registrou queda de 628 vagas no estado. O volume de demissões ultrapassou as admissões. Foram 15,5 mil pessoas desligadas, enquanto 14,9 mil conquistaram um

emprego. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). João Batista, 36 anos, está desempregado há dois meses. Trabalhava com carteira assinada em Coxim, mas foi demitido e veio para Campo Grande. Agora procura vaga no serviço informal. “Infelizmente está difícil, mas eu tenho esperança”. Para atender a fatia que não entra no mercado formal foi criada, na Fundação do Trabalho (Funtrab), uma gerência estadual de apoio ao trabalhador informal, onde é feita a intermediação entre trabalhadores e empregadores. Eles oferecem as vagas, fazem o cadastro e selecionam as pessoas, podendo passar direto para o contratante. Em abril, a gerência iniciou um processo de qualificação profissional. De acordo com a coordenadora estadual de trabalho e renda, Larissa Orro, a profissionalização é fundamental para a conquista de um emprego. “Muitas pessoas não entram no mercado de trabalho porque falta qualificação e estudo”. Somente em maio, 1073 pessoas (entre novos e retornos) procuraram a gerência a fim de uma vaga na informalidade. Maria Isabel da Silva, 39 anos, está desempregada há dois meses. Ela afirma que é mais fácil conseguir vaga para trabalhar sem carteira assinada, mas qualquer oportunidade que vier será bem-vinda. “Se tiver carteira ou não o importante é trabalhar. Ficar parada não dá”.

Desempregadas procuram oportunidades na agência de apoio ao trabalho informal


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