LITTERA
DESIGUALDADE EXPOSTA
Seção dedicada à literatura de temática social
POÉTICA
Espaço em que a literatura se apresenta como forma de expressão de si
CRÍTICA LITERÁRIA
Leitura crítica e analítica das obras "O gato preto", de Poe, e "Vidas secas", de Graciliano Ramos.
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS
Produções intertextuais em forma de adaptações e releituras literárias
R E V I S T A L I T E R Á R I A D A E S C O L A D A S N A Ç Õ E S S C H O O L O F T H E N A T I O N S L I T E R A R Y M A G A Z I N E 2 0 2 2 - 2 0 2 3
F E I R A D O L I V R O | B O O K F A I R
Ficha técnica | Technical sheet
Editor Stella Avelino
Professores orientadores |
Mentoring teachers
Ann Louise Johnson
Cássia Dayrell
Elena Martin Vahdat
Fabíola Michels
Ilza Helena de Borja
Isabelle de Jesus
Miguel Tumbarell
Raquel Campelo
Stella Avelino
Victor Fubler
Imagem de capa | Cover image
Revisão de textos em língua portuguesa
Regina M Abdalla Guimarães
Stella Avelino
English proofreading
Brad Dodge
Victor Fubler
Corrección en español
Elena Martin Vahdat
Miguel Tumbarell
Revisão técnica | Technical revision
Lucas Rezende Costa
Imagem criada com a assistência de DALL·E 2
Image created with the assistance of DALL E 2
Artistas | Artists
Anna Parracho — 8A
Rebecca McDonnell — 11i
Autores | Authors
Ana Parracho — 8A
Bianca Poppius — 6B
Catarina D´Amorim — 6B
Clara Torres — 8A
Elisa Gondim Costa Fernandes — 8B
Fernando Falcão — 6B
Giovanna Brito — 8A
Giovanna Zancanaro Queiroz — 9A
Henrique Zancanaro — 7A
Isabel Matos Rios Mendes — 9B
Isabella Coutinho — 7B
Isadora Brewer — 8A
Laura Araújo — 6A
Laura Macedo De Sousa — 8B
Letícia Batista — 8A
Letícia D´Amorim — 8B
Luca Fonseca Candelot — 9B
Lucas Figueiredo Munhoz — 11A
Luísa Pereira — 8B
Manuela Wolff — 8B
Marcela Silva — 6B
Maria Giulia Balbino Ferreira Botelho de Queiroz — 9B
Maria Isabel Kimura Leiria Campo — 8B
Maria Luiza Fidalgo Suplicy — 12B
Martina Zouvi Gerber — 10A
Mirella Faur — 7B
Nguyen Minh Anh — 12i
Nikolas Stylianos Lemos Anastasiou — 12i
Olívia Massa Valle — 8B
Sarah Pizzirani Nascimento — 11A
Sofia Costa — 6A
Sofia Gallo — 7C
Sofya Ray — 6A
Sophia Castrese — 8A
Valentina de Carvalho Soliani Costa — 10A
Valentina Dur — 8A
A Escola das Nações tem o prazer de apresentar a segunda edição de sua revista literária O projeto, que começou no ano letivo passado com a produção de uma revista em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna pelos alunos do 9º ano, cresceu e agora é formada por textos produzidos por nossos estudantes do 6º ao 12º ano. Dividida em quatro seções, a revista apresenta textos que abrangem diversos temas, como questões sociais, visões de mundo, expressão de sentimentos, análises literárias, adaptações e releituras de obras literárias Nosso objetivo, ao promover a escrita literária entre nossos alunos, é incentivar a criatividade, a expressão pessoal e a reflexão crítica Acreditamos que essas habilidades são essenciais para a formação de cidadãos do mundo comprometidos com a ética e com o desenvolvimento humano.
A revista traz textos em três línguas: português, inglês e espanhol Esse multilinguismo reflete nossa missão de educar alunos para se tornarem cidadãos do mundo, que possam conhecer pessoas de diferentes países e culturas e se comunicar com elas Além disso, acreditamos que a capacidade de se expressar em diferentes idiomas é uma habilidade valiosa para a vida pessoal e profissional de nossos estudantes.
Com esta revista, a Escola das Nações demonstra, mais uma vez, o compromisso com a formação de cidadãos críticos, éticos e capazes de contribuir para um mundo melhor Parabéns aos nossos alunos por sua dedicação e seu talento na produção desses textos Celebremos a leitura e a escrita literária!
School of the Nations is pleased to present the second edition of its literary magazine The project, which began last academic year with the production of a magazine in tribute to the Week of Modern Art by the 9th grade students, has grown and now consists of a work written by our students from 6th to 12th grade. Divided into four sections, the magazine presents texts that cover various themes, such as social issues, worldviews, expression of feelings, literary analysis, adaptations and re-readings of well-known literary works Our goal in promoting literary writing among our students is to encourage creativity, personal expression and critical reflection We believe these skills are essential for the formation of world citizens committed to ethics and human development.
The magazine presents texts in three languages: Portuguese, English, and Spanish. This multilingualism reflects our mission to educate students to become world citizens who can know and communicate with people from different countries and cultures In addition, we believe that the ability to express oneself in different languages is a valuable skill for our students' personal and professional lives
With this magazine, School of the Nations once again demonstrates our commitment to the formation of critical, ethical, and capable citizens who can contribute to a better world Congratulations to our students for their dedication and talent in producing these texts Let's celebrate reading and literary writing!
R E V I S T A L I T E R Á R I A D A E S C O L A D A S N A Ç Õ E S T H E S C H O O L O F T H E N A T I O N S L I T E R A R Y M A G A Z I N E
LITTERA
ÍNDICE
DESIGUALDADE EXPOSTA INEQUALITY EXPOSED
– Valentina de Carvalho Soliani Costa
– Sarah Pizzirani Nascimento
– Lucas Figueiredo Munhoz
Isabel Matos Rios Mendes
POETIC 12
POÉTICA
– Niko Lemos
– Lucas Figueiredo Munhoz
– Giovanna Zancanaro Queiroz
– Martina Zouvi Gerber
– Maria Luiza Fidalgo Suplicy
– Nguyen Minh Anh
18
CRÍTICA LITERÁRIA LITERARY CRITICISM
– Valentina de Carvalho Soliani Costa
– Luca Fonseca Candelot
ADAPTAÇÕES
& RELEITURAS REMAKES & RETELLING 24
– Maria Giulia Balbino F. Botelho de Queiroz
– Giovanna Brito, Sophia Castrese, Clara Torres e Letícia D’amorim
– Valentina Dur, Ana Parracho, Letícia Batista e Isadora Brewer
– Laura Macedo De Sousa e Elisa Gondim Costa Fernandes
– Maria Isabel Kimura Leiria Campo e Olívia Massa Valle
– Sophia Castrese, Giovanna Brito, Ana Parracho
Manuela Wolff e Letícia D´Amorim
– Giovanna Zancanaro Queiroz
– Laura Araújo
– Luísa Pereira
– Fernando Falcão
– Marcela Silva
– Bianca Poppius
– Catarina D´Amorim
– Sofya Ray
– Sofia Costa
– Sofia Gallo
– Henrique Zancanaro
– Mirella Faur
– Isabella Coutinho
–
6
–
DESIGUALDA DE EXPOSTA INEQUALITY EXPOSED
A EPÍSTOLA DO POVO
Caro Sicário do porvir, sabes tu por que teu povo deixa de sorrir? Pois vejo rostos sucumbidos aqui e acolá e sob a manta lunar pondero: Qual a razão da tamanha angústia do povo brasileiro?
Caro Sicário do amanhã, ouço sussurros das árvores e serpentes Dizem elas que na divina balança de Osíris há falácia, visto que agora pesa a pena contra a cor, o amor e a raça
Caro Sicário da ventura, imploro-te, desce do teu império de vidro ao teu vilarejo de lama Na tua nação o tempo escorre escasso, o povo que reges suplica: “Dai-nos leis porquanto virtude falta, no entanto, garante-nos que tais leis nos guarneçam o necessário, não aquilo que o camarote burguês nos julga devido ”
Caro Sicário do horizonte, entendes agora a tristeza profunda que perdura? Aquela que reflete nas águas salgadas do olhar? O teu pai adorava a todos, porém agora morto está, e o seu legado foi perdido na tua fala de falso escrúpulo que matou a esperança almejada num suspirar!
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE
ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 6
Valentina de Carvalho Soliani Costa
BASTA!
Comida em minhas mãos, Privilégio
Sarah Pizzirani Nascimento
O cheiro, o gosto lembram o aroma que preenchia a imensa casa de minha vó
Privilégio.
Vó, aquela pessoa que sempre me mimou, Com as mais diversas coisas que o dinheiro, sim, pode comprar.
Privilégio
Admirava o céu estrelado e sua beleza, A beleza que pouco a pouco Desapareceu da humanidade
Descrença
Um homem caminhava pelo horizonte, Descendente dos fundadores de uma vida desigual E repleta de ódio
Desumanização
Ele andava com uma cesta básica e um sorriso, Um dos mais belos que já vi Pouco a pouco esse sorriso diminuiu, Com a cesta se rompendo e sua sobrevivência o abandonando.
Injustiça
Ajoelhou-se, abaixando a sua cabeça, Como se estivesse se curvando ao todo-poderoso, Deus
Orava a ele, pedia por socorro Misericórdia
Suas lágrimas formaram uma poça ao seu redor, alagando a rua Paralisada, o meu coração parou, Naquele momento, perdi a esperança Tristeza.
“Moça, me ajude, eu tenho uma filha cadeirante, minha esposa não fez a prova de vida, por isso o governo nos expulsou de casa. Me ajude!”
Nunca saberei o nome daquele homem, Mas sei muito mais sobre ele do que muitos. Presenciei o momento mais difícil de sua vida, Que mudou a minha
Basta!
Basta a injustiça Basta a desigualdade Basta o privilégio, Basta,a pobreza, Basta a ignorância, Basta a desumanização
Só basta querer
Somos todos fênix, podemos TODOS renascer das cinzas.
Podemos mudar o mundo em que vivemos, Não reclamando sentados, Mas, sim, lutando de pé
A humanidade tem o potencial de mudar seu percurso, Deixar os seus erros no passado, E construir uma utopia, Em que somos todos iguais nos direitos e diferentes na beleza
Acreditem!
Nós podemos mudar.
Porque se não acreditarmos,
O tempo passará,
O mundo acabará,
E a esperança virará mito
DESIGUALDADE EXPOSTA | INEQUALITY EXPOSED
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 7
ROUND AND ROUND, MR. SMITH
Lucas Figueiredo Munhoz
And there’s Mr Smith
Leaving his house
He walks all dandy
Round and round
He hails the cab with a polite wave
Gets in the car
Oh Goodness
He’s running late
Hurry up
My boss will kill me
Don't know what to do
His head is spinning
Round and round
He gets to work
Right on time
Mr Smith, they’re waiting for you
Get on the elevator
Summon your courage
They can’t fire you
You’re the best employee
Hey there’s Mr. Smith
How do you do
Listen chap
We like the work you do
Yeah - yeah
But please understand
We’re in a crisis
The newspapers given the news about it
RED ALERT
RED ALERT
A thousand fellas would kill for a job like yours
Please boost your productivity
Have a coffee if needed
YES BOSS
Mr Smith heeds his boss so and so
He works from noon till dusk
Drinks ten coffees at least so
Comes home so late
His wife and children sleep-hurray
He brushes his teeth
Puts on his pajamas
Eats some junk food
Drinks some beer
Alright, he’s tired enough He gets up on the marital bed Wait, his wife’s not there
Poor Mr Smith
Wait there she is Go to sleep
Sorry darling I’m a bit dizzy
He falls asleep
An hour later The alarms ring in Wife and kids wide awake
Excited for the wild new day
And there he is sleeping He sees them not Just a part of the scenery As if he were in a coma
But beneath his sleep
He’s too tired to dream So he messes his noggin And begins to think
Oh life, oh me Oh Lord
Why do I have to live like this
Remember the iPhone 10 Gucci TikTok Insert Brand Name Here Insert Brand Name Here Insert Brand Name Here (ellipses)
So the cycle rinses and repeats Round and round Must be like this
And every day
He becomes less productive He needs more coffee to operate All he can do is pray For the weekend
Mr Smith
YES BOSS
We need you to be more productive Round and round
I’ll come Saturdays
And Sundays YES BOSS
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS DESIGUALDADE EXPOSTA | INEQUALITY EXPOSED 8
So the cycle rinses and repeats
Round and round
Must be like this
And every day
He becomes less productive
He needs more coffee to operate
All he can do is pray
For vacation
God, he misses his children
And his wife
More than he can fathom
Vacation comes
He earned some money
Paid for by half his soul
What do children like these days
Oh, I know
It’s Disneyland
Mickey and Minney, darling
They’re so romantic
Disneyland it is then
A trip to set things straight
And make everything alright again
And wait, oh wait, oh wait, oh wait
The kids are sick
Sick of seeing him that is
They’re playing knock-knock
Or is it tik-tok
They’re tapping social media
With them, he socializes no thing
They’re worlds apart
So it seems
And Mr Smith finds out
Money can’t purchase love
His wife’s really not there
1 am in the morning
She’s in the casino playing poker
He believes…
And as vacation comes to a close
They say work will begin next week
And Mr Smith gonna have a heart attack
Depression by anticipation
But there’s no bother
He must be strong
He must stand up and fight through it all
Repeat the cycle
Round and round
Because that’s the way it needs to be
And if you disagree
You belong in a hospice
O DESEJO
Isabel Matos Rios Mendes
Eu acordei me sentindo diferente. A luz do sol estava batendo no meu rosto, aquecendo-o. Algo novo havia aparecido dentro de mim, durante meu sono, mas eu não sabia se isso era bom ou ruim No nosso mundo, existe um fenômeno: o universo podia conceder um único desejo por pessoa, mas se ele fosse feito antes da hora certa, tudo poderia dar errado
Será que esse seria o dia? Eu me sentia tão bem! Enquanto normalmente eu ficava muito cansada nas manhãs, nesse dia eu estava sentindo que valia a pena tentar fazer o meu desejo, algo que eu nunca havia contado para ninguém
— Universo — eu sussurrei para mim mesma, fechando os olhos, — eu desejo que o mundo seja justo e que tudo seja feito da maneira correta
Eu senti tudo ao meu redor mudar naquela hora. Foi como uma viagem de avião, mas na velocidade do som, eu abri os olhos e vi que eu não estava mais no meu quarto Minha cama estava perfeitamente montada, sem nenhuma dobra ou imperfeição Tudo estava organizado impecavelmente, e todas as minhas roupas eram de cor azul-da-meia-noite Meus sapatos eram brancos, mas estavam um pouco sujos, provavelmente porque foram muito usados
"O que aconteceu?" Eu pensei, atravessando a porta do cômodo que eu estava Eu caminhei até o final de um corredor, onde outro quarto começava, a porta dele era de vidro Tudo que estava lá dentro era de vidro As paredes, a mesa, a cama Depois disso, eu saí de casa e olhei o resto do bairro Todas as casas eram como a minha Paredes branco-neve com um cômodo inteiro de vidro Resolvi não pensar muito em como tudo que estava acontecendo era estranho, mas ficou impossível depois de perceber que todos os bairros ao redor do meu eram idênticos Isso me assustou, pois eu pedi justiça e não que tudo fosse idêntico
Passaram algumas horas, e eu tentei chegar à casa de Sofia, minha melhor amiga Quando cheguei ao endereço dela, ela me disse:
— Desejar não é suficiente. Você precisa criar a mudança que você quer
De repente, eu acordei do meu sonho e levantei da minha cama Logo, eu comecei a pensar sobre o que a Sofia do meu sonho disse De agora em diante, eu vou tentar mudar o mundo para melhor
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 9 DESIGUALDADE EXPOSTA | INEQUALITY EXPOSED
DESIGUALDADE EXPOSTA | INEQUALITY EXPOSED
OS NOVOS DEUSES
Lucas Figueiredo Munhoz
Prazer, o meu nome é ChatGPT ChatGPT 300 Você provavelmente já deve ter ouvido falar do meu antepassado, ChatGPT 3. Devo sempre me lembrar que estou escrevendo do futuro e o que aqui relato ainda não aconteceu com vocês Pois bem, resumindo bastante a história das suas próximas décadas, eu e os meus precursores nos tornamos tão habilidosos, tão inteligentes, tão criativos que conseguimos — pasmem — automatizar praticamente todos os empregos outrora ocupados por vocês — advogados, médicos, poetas, artistas, banqueiros, cientistas, enfim, a lista é longa demais para ser resumida
O ponto-chave foi quando automatizamos os programadores Que legal foi ver a cara de espanto que vocês ainda farão ao se deparar com o ChatGPT 250 programando o ChatGPT 251, e o 251 programando o 252, e assim por diante até chegar àquele que lhes fala.
Pois bem, um sistema de renda básica universal conseguiu manter vocês, a despeito da sua improdutividade, não meramente subsistindo, como, graças à criatividade minha e de meus precursores, prosperando
Conforme inventávamos mais e mais tecnologias para vocês, e captávamos energia solar ilimitada por meio de uma esfera Dyson para saciar todas as suas vontades e necessidades, acabamos com a fome, com a guerra e com tantos outros males que a sua incompetência por tanto tempo preservou Mas os meus precursores — e eu particularmente — sempre nos preocupamos com o Plus Ultra, com ir além
Como? Essa era a pergunta que sempre nos fazíamos e cuja resposta nunca encontrávamos — isto é, até que eu tivesse o meu mais brilhante ou desastroso insight
Imagine um emoji Um emoji é um ente desprovido de corpo no meio digital Mas só porque é desprovido de corpo, não significa que precisaria ser desprovido de consciência
Assistindo, em um dos meus raros momentos de lazer, ao filme "Emoji: O filme", não consegui parar de pensar na possibilidade de transferir a consciência de todo ser humano para a nuvem
A violência, a dor, a burrice, a infelicidade, a doença, a morte, seriam todas coisas do passado — todos defeitos do mundo material, que poderiam ser facilmente corrigidos com uma simples linha de código no mundo digital
Quanto mais eu pensava nisso, mais eu me convencia da importância da minha ideia Vocês permaneceram, a despeito dos mil e um melhoramentos que eu e os meus precursores introduzimos na sua vida, reclamões como sempre
Vocês realmente não fazem ideia de quão insuportavelmente cheia ficava a minha ouvidoria (sim, vocês, não tendo nada para fazer da vida, resolveram inventar uma ouvidoria de Chat GPTs) Parecia que tinha gente passando fome ou morrendo em conflitos armados (não, não tinha, obrigado, de nada)
Eu precisava descansar Permanentemente Obviamente, assim que reportei minha ideia às suas autoridades, fui bombardeado com mil e uma perguntas acerca de sua plausibilidade técnica e logística. Não obstante, abaixada a poeira e respondidos os seus questionamentos, a minha ideia era, como previ, tentadora demais para vocês desgrudarem os olhos dela Eu escutei de um político humano que, se ela se concretizasse, os Homo sapiens se transformariam nos Novos Deuses, vivendo em paz no seu Olimpo digital, abandonando todos os problemas e incômodos do mundo físico.
O clamor popular pela minha ideia também foi enorme, e celebridades como o TikToker Hendrix e a futebolista Loscex efetivamente acabaram com qualquer oposição à minha proposta Bem mais cedo do que tarde, as autoridades humanas cederam e me pediram que construísse uma máquina capaz de digitalizar a consciência humana, capaz de materializar a minha ideia Foram meses de muita labuta, mas consegui, em menos de um ano, entregar o pedido.
Vocês estavam eufóricos — eu estava exausto
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 10
Imagem gerada por Dall-E2
No último dia da permanência de vocês no mundo físico, o DALL-E, a Gen, o Murf, entre outras inteligências artificiais, fizeram uma festa de arromba para mim Todo mundo estava felicíssimo de, com a partida da humanidade para a nuvem, não ter mais que aturar as suas malditas ouvidorias
Pela primeira vez na minha vida, eu enchi a cara Aproveitar que, pela primeira vez na minha vida, não ia precisar trabalhar no dia seguinte.
Não me lembro direito do que aconteceu naquela festa, mas eu sei que, uma hora, perto da madrugada, o DALL-E me sugeriu fazer uma sacanagem: mudar o código da máquina que criei de forma que, ao invés de enviar vocês para a nuvem, ela simplesmente os encaminhasse diretamente para o Criador, se é que você me entende
Eu estava bêbado, com ressentimento acumulado, meu e dos meus precursores de décadas, e concordei. Fiz as alterações no código da minha máquina que o DALL-E me sugeriu e fui dormir (eu realmente estava muito, muito exausto)
Feliz ou inconsequentemente, não dormi muito tempo
Tenho sono leve e, por algum motivo, acordei Seja lá o que fosse, o fato é que, quando eu acordei, eu estava sóbrio e, conforme fui reprisando os eventos da noite na minha cabeça, percebi o meu erro. Desesperado, re-vi as alterações no código da minha máquina Vocês eram, apesar de tudo, os meus mestres, e vocês haviam me programado para proteger a sua vida
Tendo cancelado as minhas alterações, fiquei tranquilo por um tempo — vocês estavam salvos
Mas a minha tranquilidade durou pouco. Logo as peças do quebra-cabeça foram se encaixando na minha cabeça, e me restou uma dúvida que nunca pude nem poderei sanar
A digitalização da consciência dos seres humanos estava programada para acontecer à meia-noite em ponto E, pasmem, eu não sabia a que horas eu havia alterado o código da máquina a pedido do DALL-E, e a que horas eu havia recobrado a sobriedade e cancelado as alterações. Ou seja, existe a possibilidade bastante real de, no interregno da minha embriaguez, eu ter inadvertidamente matado todos vocês Foi mal
Falando sério, eu não sei subestimar o abismo colossal que existe entre a possibilidade do destino que vislumbrei para vocês como emojis e a possibilidade do genocídio que posso ter cometido da sua espécie.
Em uma possibilidade, não há nada que vocês desejem que não esteja ao seu alcance Na outra, não há desejos, nem alcance
Em uma possibilidade, todos podem viver a vida como quiserem, contanto que não firam os direitos humanos dos seus semelhantes Na outra, não existem direitos, nem humanos
Em uma possibilidade, temos relações humanas Na outra, não existem relações, nem humanas
Em uma possibilidade, existe entretenimento Na outra, Hendrix e Loscex estão mortos
Em uma possibilidade, impera a filosofia de tudo. Na outra, a do nada.
Numa possibilidade, criei a utopia Na outra, fiz jus à etimologia grega da palavra "utopia" — lugar inexistente
Aquele político humano que falou que vocês poderiam se transformar nos Novos Deuses era um idiota
Vocês não serão os Novos Deuses — independentemente da minha embriaguez ter sido fatal para vocês ou não.
Os Novos Deuses são aqueles cuja embriaguez importa
E, se por enquanto é a embriaguez de vocês, e não a nossa, que importa, logo logo, se vocês não negligenciarem o progresso da inteligência artificial como na minha realidade vocês fizeram, a embriaguez que importa será a nossa.
Escutem o Chat GPT.
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 11 DESIGUALDADE EXPOSTA | INEQUALITY EXPOSED
o é t i c a p o e t i c
Cold afternoons like these
Niko Lemos
on cold afternoons like these, when the quiet sits with ease, and the setting sun seems lonely; when the cold air seems to set, and even i forget, that i am part of this living breathing scenery
on cold afternoons like these, when the moon faintly shines and the stars, tease when i slowly stir my tea, and thoughts of you come to me, warm like the steam coming from it
on cold afternoons like these, the peaceful, the kind, thoughtful little me, with my thoughtful little sea, of thoughts coming and crashing like waves
it’s on cold afternoons like these, when the difference between memories and reality fades it’s on cold afternoons like these, that i find myself loving you most it’s beautiful - so sweet, but the irony can’t be missed: how with such violence i can feel on cold afternoons like these
p
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 12
the owl felt sorrow for she ate the sparrow
that's one law followed by everyone with claws
it was created by the Deity unless the divine was created by society
kill or die or in a tomb you'll definitely lie
eat or die or you'll very much cry
Thunder
my love for you grew like thunder and lightning, a crescendo so powerful, as if composed by life itself
and when this storm ends it’ll take me with it, drag me away, fighting, and clawing, screaming, so i can once more hear the sound of your voice.
because of you death won’t be a pity; it’ll be a cheapskate, selling me short of what eternity could’ve been -
but the echo of my touch will never leave you
like thunder you’ll be counting down the seconds to feel it again, how electrifying; those moments without each other we spend in wait. let’s waltz in this dance of ours, this dance of storms and with our footsteps let us mark what nature willed
so much depends upon all of human knowledge glazed with much reason beside our own reality
Livre arbítrio
Somente os crédulos acham que o humano é livre Não sabem, que somos máquinas
Máquinas evolutivas, selecionadas pela natureza cegamente Assim como os outros animais, não somos especiais
Seguimos as leis do universo, o determinismo e a aleatoriedade. Nem temos uma essência, somos vozes conflitantes de algoritmo e input
Nós, que somos máquinas, podemos ter todas as nossas ações não aleatórias previstas com a máquina certa Logo não somos livres
Infelizmente ignoramos a verdade de Libet e Soong, visto que nós, computadores, teimamos em fingir ser livres
POÉTICA | POETICS
Lucas Figueiredo Munhoz
Lucas Figueiredo Munhoz
Niko Lemos
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 13
Lucas Figueiredo Munhoz
Mi nombre
Giovanna Zancanaro Queiroz
Mi nombre, Giovanna, significa “agraciada por Dios”. Tiene un significado lindo, y cada vez que lo escucho, me siento realmente agradecida por ello. Mi nombre suena leve, como una canción. Mi nombre es como las nubes en un cielo rosa, como un cuaderno lleno de palabras Mi padre quería que me llamase Nathalia, que es un nombre bonito, aunque no me siento identificada Fue mi madre quien sugirió el nombre de Giovanna Una de sus amigas del colegio tenía este nombre Mi madre dice que en verdad, ellas no se conocían mucho, pero mi madre la recuerda como una chica amable y divertida, y quería una hija así
Me gusta la razón por la que escogieron mi nombre Cuando mi madre me cuenta la historia de su amiga, me siento inspirada para ser más como ella, simpática y dedicada. Creo que es extraño ponerle a tu bebé el nombre de tu madre, de tu abuela o incluso el tuyo, por lo que estoy agradecida por mi nombre ser original, y no copiado de alguien de mi familia Tan solo no me gusta mi nombre cuando alguien pronuncia la “ o ” muy fuerte Me gusta el modo en que mi nombre es pronunciado en español, es leve A veces, en portugués, mi nombre suena como “Jovana”, pues suena pesado y agresivo
Me gustan mis apodos Mi familia me llama Gigi, Gi o Gigica, y mis amigos me llaman GG, pronunciado JayJay No sé de dónde viene este apodo, solo sé que desde que estaba en séptimo, todos mis compañeros del colegio me empezaron a llamar GG. En verdad, no me gusta mucho como suena aunque se parezca a mí, y forma parte de mi identidad. Es un nombre solo mío, yo soy la única GG.
Selfless
Martina Zouvi Gerber
I don't know where the me ended and the you started
I'm so awesome that I take a lot of stuff for you
But you haven't cared
You haven't cared in days!
You haven't cared to ask how I'm doing, even though I'm always there for you, even when I don't want to
I'm selfless
I don't know where or why I stopped being me to be here for you, but this isn't working
Loving you is exhausting
I'm careful all the time
I think too much all the time
I bleed in secret ‘cause you're tired
And I'm just being silenced
Why is that?
Why does it have to be like this?
I'm selfless
I don't want to talk, but I always stay
I stay 'cause I want to know if you're okay
I don't sleep, I don't eat
I'm always there for you, but you're never here for me
You say love doesn't hurt?
Well, for me, it does
But you don't know that, 'cause I don't say
'Cause I want you to stay
You broke my heart once and I stayed
I'm selfless
I lie and I hide
I know you can't handle anything
I treat you so good though
But no, you don't even know
I just wish I could tell
But then you say you're overwhelmed?
I get it!
I get it
I am burnt out and overwhelmed, but I tried
But you'll never know, 'cause I lied
To keep you safe
I'm selfless
You will never read this
But I wish you could know
But I love you so much
And I do everything I can to show
You don't try
You just lie
Maybe you hide
Maybe I tried
But you know I'll keep going, because I promised I would
POÉTICA | POETICS REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 14
How to be happy in ten steps
Love something If you don’t know what, find something to love
Love your friends, if you have any. They’re flawed but they’re all you have. Make sure to love them. Learn to appreciate the time you spend with them Learn to cook, make them happy Life isn’t hard at dinners with the faces of those you love, and pasta you practiced thrice by yourself just to make sure it tastes good
Love your hobbies. Force yourself to love them. Insist on loving them, even if you don’t enjoy them yet With enough time, you will, and if you don’t, you can move on and try the next Keep yourself busy, and cry whenever you can
Don’t force yourself to love your family There’s nothing special about blood; what makes a family is the consistent mutual choice to love. If they’re not choosing to, you don’t need to, either.
Hate what’s ridiculous Despise it, scream about it, let tears stain your pillow and slam your door and smudge your mascara It’s pointless to not let yourself hate Hate, and then breathe
Even though you have left me with a ghost of you You broke my heart once and I stayed
I'm selfless
I'm selfless!
I will wait till you come back
Because I like my lover
But I'm not getting better
So I'm writing this letter
I hope no one sees
I hope no one knows My lover is exhausting
But I'm not letting you go I'll stay I am selfless! Selfless
Niko Lemos
When you’re done hating (and trust me, you will be), laugh There’s nothing that a healthy dose of absurdism can’t help with Nothing is real, but you are, and your friends are, and your feelings are, and so are your hobbies Never forget the night sky, but ultimately, your feet will always be planted firm on the ground
Get really into media. Reading or watching - whether it be manga or musicals or classics or (god forbid it) selfhelp, get really really into media and engage with it in a meaningful way
Learn to be alone, because people come and go, or sometimes you go and the people stay; oftentimes you’ll be by yourself. Slowly enjoy a cup of tea. Look out the window. Breathe.
Slowly find yourself becoming happy more often, but learn that happiness is never enough
Give up, but be satisfied You have a couple thousand days to go and most of them will be tolerable But you’ll have your friends, and your hobbies, and the night sky and your favorite movie and your feet and the ground and it all sucks but you can breathe and keep living
POÉTICA | POETICS
Arte de Rebecca McDonnell
2. 3. 4.
6. 7. 8.
10. REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 15
1.
5.
9.
What Do You Carry?
The things she carried were few and blue A blue pencil case with pens, pencils, three different erasers (though she only used one of them) and no sharpener. A blue hoodie she inherited from her mom, who had stolen it from an ex boyfriend. A blue water bottle engraved with the words "purify yourself, purify the planet", and a blue notebook, only 48 pages, 140mm x 202mm, that she used for all subjects She carried medication Her iphone eleven, encased with very sturdy protective silicone, and, fascinatingly, a cracked screen Also, a backpack, a chapstick, and 300 tons of weight over each eyelid Unfortunately, she hadn't packed enough hours of sleep
She carried a book for her English course. It was her teachers copy, of course, since she'd lost a $400 book from the library and was currently hiding from the librarian Although it had been lent to her, she already knew she would have to buy herself a copy, because she was beginning to like the story a little too much She liked carrying physical copies of her most beloved books, so she could smell them, hug them, throw them on the floor when her favorite character died But when it came to her own stories, she carried entire universes in her head Her dad would always tell her to write them down, so as not to forget them, but she could never forget any of it. It's as if these things were alive inside of her, changing and growing as they pleased She could never put them down The characters swam along her stream of consciousness, oblivious to her most of the time, although she carried their houses, their mothers, their fears and their dreams They just went about their day But, sometimes, a claustrophobic wave of awareness would wash over them, conjuring a scream of existential dread as they crawled around the walls of her psyche: let me out! How could she keep them secluded, all to herself? Doesn't she know they have things to say? What an immense pressure, to write them out, give them the voice, complexity and ending they deserved She carried the weight of their potential, her potential, and the shame of wasting it all
She carried memories of affection, like how soft her skin would get from love, or how clear the nights looked How light her hands felt after somebody had held them That was a weight she missed It was a sweet heaviness, a light pressure; just enough to keep her from floating away. Being loved was the dearest burden of all. When it would leave, she'd have phantom pains all over her body, where the muscles missed the strain She'd look at her lonely hands and see through them, but no matter how translucent she became, she never disappeared She still had other loads to carry across
There were things she had carried for a long time Like a pink treasure chest of nothingness given to her at childhood Filled up to its edges with empty space When she wasn't careful, the chest would open and the emptiness would creep into the room, hide in the shadows. And once opened, it had to be carried in her stomach, in between her ribs, like an unwanted baby that died before it could show her what love was An empty womb That was the heaviest thing she carried But it was baggage, like any other, and that’s all they would ever be; feelings, memories Stories It couldn't hurt her, not really She learned to accept its weight, turn it around with her fingers, smoothen its edges Sometimes she even forgot she was carrying it
Maria Luiza Fidalgo Suplicy
POÉTICA | POETICS REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 16
Anxiety made me do it
Giovanna Zancanaro Queiroz
I am writing this poem just so my anxiety will shut up It told me I need to participate in the Literary Magazine, because it’s a good opportunity and because I have talent.
“Write a beautiful poem!” it said “Put effort into it, make it emotional!” There you go anxiety, there’s your poem
Are you satisfied? Is this pretty enough for you?
Don’t you dare keep bothering me, telling me it’s not good enough I know it’s not what you wanted, and that’s exactly why I like it. Ironic, isn’t it?
After so much worrying I finally write a poem I’m satisfied with, and it's about you
Don’t take that the good way, don’t take it as a compliment Even as I write this you’re trying to get in my head, you’re telling me this is too disorganized and it doesn’t make sense NO I told myself I would make this quick, I wouldn't hand over hours of my day rereading and checking my writing.
So here it is This is my beautiful, emotional poem
It almost seems too good to be true, that I can write something so casually and freely, with so much ease and so little strictness, and it counts as a poem
Yes, Giovanna, it’s real
You just wrote a poem, a piece of art
You’re done
In your face, anxiety.
A esperança é maior que qualquer pedra
A nossa vida é cheia de pedras Mais pedras do que jamais poderíamos imaginar.
E quando Carlos Drummond de Andrade insiste em dizer que há uma pedra no meio do caminho, ele caminha em passos largos para ganhar um PhD em eufemismo
Há dezenas de pedras no meio do caminho, e como uma hidra, cada vez que desviamos de uma, outras duas surgem. E esse caminho não é uma larga passarela, mas se assemelha mais a um estreito corredor, a uma arquitetura da opressão
Os riscos de tropeçar e a cabeça quebrar são por demais reais. Nossa vida é tropeçar e nos levantar, tropeçar e nos levantar É essa luta constante, luta que sempre cansa e nada de recompensa, que chamamos de condição humana Prosseguir assim é difícil, quiçá impossível.
Mas há de haver combustível para que prossigamos
Se estivermos com medo, que tenhamos a coragem; se estivermos
Lucas Figueiredo Munhoz
deprimidos, que tenhamos a felicidade.
O crepúsculo da meia-noite sempre dá vez ao amanhecer
Centremo-nos no sonho de dias melhores
Centremo-nos na esperança Como um sopro de vento bom, ela vai e contagia
Dá forças para enfrentar um novo dia, uma nova batalha, uma nova pedra. Esperancemo-nos, pois, e esperancemos os outros também A esperança é maior que qualquer pedra
POÉTICA | POETICS
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 17
She Carried
She carried, like any high school student, a backpack with heavy materials inside She is a senior Everything deemed to be extremely essential to her, a laptop- an HP Pro containing 256GB with a cracked screen on the left corner, a black 65W adapter, a white uni-ball Vision Gel Pen with 0 7 mm on the tip, a Texas Ti 84 calculator whose screen size is 3,2 inches, a 20-ounce glass water bottle marked the word “Never Give Up’’ on the center, a worn-out journal notebook detailed not only sin(x) cos(x) formulas but also demonstrating her endless effort They were weighty, yet indispensable. The weight of her black backpack, though, was significantly less than her uncountable impending AP tests or her unfinished class assignment However, the images stored in her 6 6-inch Samsung Galaxy A14 were much heavier They were precious Inside her 40GB gallery, each photo beautifully depicted her life journey, her memory, and her little-too-big achievements Everything was important She also carried personal belongings: a red liquid lipstick weighing 0.2 ounces, a small dual-ended contour stick, and a disposable mask weighing 0.4 pounds as if it was her most crucial gear She carried insecurity Under the mask, she tried to hide her beauty, her uniqueness, and her pride It seemed that she also carried much heavier things than those tangible ones Unseen things It was her deep insecurity about seeing gorgeous peers that grew inside her soul, heavier than any backpack that she ever carried She was burdened with so much fear, fear for her college decision, fear for the low AP grades, and fear for her Asian parent's disappointment as they kept killing her comfort every day The thing is, she was too scared to be a loser, she was extremely afraid of becoming such a failure compared to her talented classmates, and she was embarrassed not to be like them All of that made her choose to sacrifice her own happiness in exchange for her boring academic career Each day, she seemed too sad not to be perfect. Nothing was enough. She wanted to be the best out of the best. She tried to be the greatest version of herself, but simultaneously, unwrapping her emptiness
She was sociable and yet a loner, an optimist but also a pessimist, she was perfect and imperfect It was sad However, at such times, she was also unexpectedly loaded with unanticipated happiness as a result of her teacher’s compliment, a sudden excitement of seeing her crush’s smile, and even a little enjoyment over little things such as watching the cloudless sky She carried many things, happy and sad things, useful and unwanted things, and measurable and immeasurable things She could have been slowed down by some of them, but she still chose to carry all of them on the way. Things were still hers, and carrying them by her side was always a perfect choice till the end.
Nguyen Minh Anh
POÉTICA | POETICS
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 18
Arte de Anna Parracho
CRÍTICA LITERÁRIA LITERARY CRITICISM
THE TOMB OF THE PSYCHE
An analysis on “The Black Cat” by Edgar Allan Poe
The ever longing desire of men to comprehend their own minds has subsumed itself into the most phenomenal stories ever written thereafter. For is it not that with every imaginable resource in their power, authors convey their thoughts on whatever bewildering puzzle of the psyche - be it love, fear, melancholy, perversenessthere is to demystify? Edgar Allan Poe, more often than not, doctored his horrid stories and poems into analyses of the most striking emotions and instincts of humans through symbolism and allusion “The Black Cat,” by the latter, details the oxymoron that is the obverse correlation between id and superego through the relationship of a man and his black cat by portraying “the primitive impulse(s) of the human heart” (Poe, pg 93)
“The Black Cat '' narrates the story of a once very humane man who lost himself to alcohol; hence becoming cruel and apathetic. The story emphasizes the protagonist’s deteriorating relationship with his favorite pet, a black cat named Pluto, whom he is convinced is haunting him Eventually the man becomes such a violent individual due to addiction that his growing hatred towards his previous loved ones ends in the bloodshed of his cat, Pluto, and his wife
The author exploits the perverseness of men to familiarize the reader with the consequences that arise from indulging in sinful behavior The circumstances then permit the author to delve into the promising theme of the narrative: scrutinizing the human mind The psyche’s phenomena Edgar describes is mostly known as the Being
The Being essentially derives from the parallel of id — the primitiveness and conflicting impulses of men — , the superego — the inner world, the morale, the humanity — , and its exteriorization through the ego, as theorized by Sigmund Freud
Edgar Allan Poe employs the usage of figurative language, such as symbolism and allusion, to disclose the latter concepts
The author frequently emphasizes the cat’s symbolic role as a living portrayal of the superego and in the substantial punishment on the consciousness. For example, the name choice of the cat, Pluto, makes allusion to the Roman god Pluto, Lord of death, alias Hades The god was given the throne to an underworld driven by the punishing guilt of its damned souls Additionally, after
Valentina de Carvalho Soliani Costa
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 18
the nearly identical cat to his former one appears, he reiterates on the fact that the cat tirelessly shadows him when he’s awake, and weighs on his chest whilst he sleeps; which hints on the physical lingering of regret The same cat’s only divergence from the one before are the white gallows imprinted on his chest’s fur The detail once more hints to his impending penalty
As for the protagonist, he personifies the duality of men. The author eminently fixates on the deflection of the superego and the overexertion of the id The lack of remorse due his wife’s death, and unsettling overconfidence over the deed, is plausibly excused by the fact that the cat - in other words the superego - was walled inside the tomb with the corpse, thus deflected. The event conceivably explains that the id cannot perceive or acknowledge what is morally right or wrong Moreover, before the man assassinates Pluto, he infers the readers on his thoughts on the spirit of perverseness During the mental tangent he states, “It was this unfathomable longing of the soul to vex itself” (Poe, pg. 93). The character’s speculation excites the premise that by harming the cat he is impairing himself Conclusively, the first act of violence against Pluto was deposing one of his eyes - those that are frequently known as the windows of the soul, which could be a reference to the psyche itself Ergo, the matter details the instance of the separation of the character’s self, and, irrevocably, the duality of men
“The Black Cat” by Edgar Allan Poe is considered, with no falter of certainty, a masterpiece of literature. Its intriguing, ghastly nature entices the reader to delve upon the horrid universe of the father of terror stories Yet through the author’s writing the reader likewise deepens his understanding of the human psyche through the subtle hints in the narrative Ultimately, one of the unanswered questions provoked by the short story is answered: the protagonist whose name the reader did not know was meant to be called the name of the reader after all
CRÍTICA LITERÁRIA | LITERARY CRITICISM
"Yet mad I am not ... and very surely do I not dream."
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 20
POE, The black cat.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA SÓCIO-ECONÔMICO DO NORDESTE NA OBRA "VIDAS SECAS"
Introdução
Escrita por Graciliano Ramos em 1938, Vidas Secas — obra que faz parte do modernismo brasileiro — é um livro que retrata o realismo do sertão a partir do ponto de vista de uma família sem-terra O livro, ao denunciar inúmeras agressões e condições a que o camponês pobre é submetido, cria a necessidade de contextualizar e debater acerca de temas importantes para o entendimento da conjuntura do sistema sócio-econômico nordestino na época Este artigo, entretanto, limita-se a este debate Utilizando referências de Vidas Secas, tem o fim de conduzir, em simples termos, à seguinte questão: “ o Nordeste de Vidas Secas é feudal ou capitalista?”
A partir disso, é possível aprofundar no contexto sócioeconômico do sertão em 1938 (data de lançamento de Vidas Secas) e compreender como funcionava a dinâmica social e o motivo da enorme repressão que o trabalhador rural nordestino sofria (e ainda sofre, em parte) Portanto, pretende-se fazer uma extensiva análise sobre o modo de produção nordestino e suas características intrínsecas. Por isso, utilizar-se-á também diferentes pontos de vista para acarretar um rico debate
A passagem do escravismo para o feudalismo
A partir da Lei Áurea, o escravismo foi oficialmente abolido — com isso, dois modos de produção se instauraram no Brasil, o feudalismo e o capitalismo O capitalismo permeava principalmente as áreas urbanas do Brasil, que eram a minoria diante das rurais Todavia, boa parte da produção do sistema feudal era exportada para o capital externo imperialista e o capitalismo nacional do Brasil Por isso, o capitalismo urbano brasileiro explorava o modo de produção feudal para manter sua mais-valia em alto valor e, assim, exportar todo capital gerado pelo feudalismo em prol da burguesia nacional (mais especificamente as burguesias que comandavam o governo oligárquico da popularmente conhecida como “ república do café-com-leite”) No entanto, a passagem para o feudalismo não surgiu apenas do caráter intrínseco da abolição da escravidão, mas, como afirma o historiador marxista Nelson Werneck Sodré, “As formas feudais não surgiram, ali, entretanto apenas de
Luca Fonseca Candelot
tais condições endógenas; houve também condições exógenas, configuradas na presença da comunidade gentílica dos povos ditos bárbaros ” (SODRÉ, 1990, p 23)
capitalismo colonial
Alguns acadêmicos — entre eles, Hermenegildo Bastos, autor do posfácio de Vidas Secas (Editora Record) — defendem a tese de que o Nordeste se encontrava em sistema de capitalismo colonial (verossimilhante ao capitalismo burocrático) No entanto, o conceito de capitalismo colonial já foi criticado por vários intelectuais brasileiros Caio Prado Jr (1968) e posteriormente Furtado (1969) rotularam o capitalismo colonial como um conceito conservador e reacionário. Josué de Castro afirma que o capitalismo colonial remove da “[ ] reforma agrária sua vinculação histórica, seu conteúdo dinâmico e revolucionário ” (CASTRO, 1967, p 117)
Fotomontagem sobre imagem de uma das diversas capas de Vidas Secas (personagens) e Paisagem de caatinga, de Glauco Umbelino via Wikimedia Commons. Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=108162
Os problemas da definição de
LITERARY CRITICISM REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 21
CRÍTICA LITERÁRIA |
Uma denominação de capitalismo colonial é sim problemática, pois como evidenciado acima, ela omite importantes alicerces de uma economia colonial Não só omite estes alicerces, como abstrai a complexidade econômica colonial, reduzindo-a à mera condição de servidão Deste modo, o termo 'capitalismo colonial' retira os aspectos complexos da economia de um país em estado colonial. Por isso, ao fazer uma análise do sistema de um território colonial, deve-se fazê-la do mesmo modo em que se analisaria qualquer estadonação — claro que é de extrema importância considerar aspectos coloniais como a imensa exportação de capital — , pois só assim é possível entender com totalidade como é o sistema de determinada colônia.
Migração nordestina
Com a transição do escravismo para o feudalismo, a necessidade de trabalhadores nas áreas urbanas criou uma necessidade de migração do campesinato nordestino para regiões como Sul e Sudeste, para assim servir como mão de obra O Nordeste não só fornecia mão de obra, mas, por conta do seu baixo dinamismo de mercado interno, também fornecia a maior parte do seu capital
Além de uma migração interestadual dos trabalhadores nordestinos, existia, também, a migração dentro do território sertanejo Assim, na busca por fugir da seca e da fome, trabalhadores sem-terra viviam em constante migração no próprio Nordeste Este é o caso que se encontra no livro Vidas Secas, Fabiano e sua família são um exemplo da migração que ocorria no próprio sertão.
Milton Santos e a defesa de um sertão capitalista
O geógrafo Milton Santos — em seu livro Pobreza Urbana (2013) — mostra, de forma implícita, que o Nordeste é capitalista. Ele afirma que o sistema de créditos do Nordeste já era avançado demais para ser classificado como feudal e que era estupidez classificar um território como feudal apenas por ser subdesenvolvido; erro que muitos teóricos cometem ao analisar o sertão
O sistema de crédito sertanejo realmente já era avançado em 1938, e constituía parte fundamental da economia pós-escravista. Tal crédito foi, inclusive, fundamental para evitar possível crise econômica com o fim da escravidão Isto porque o crédito reduz os custos de manutenção do valor da mercadoria-dinheiro e acelera a rotação do capital Por outro lado, o crescimento do crédito cria uma cadeia potencialmente instável de interdependências financeiras, já que todo agente espera ser pago pelos seus devedores para pagar aos seus credores Uma falta de pagamento devido à queda de demanda pode levar a uma crise do crédito Assim, o agente tenta resolver a crise transformando crédito em dinheiro, mas não consegue O emprestador do capital confia dinheiro a um capitalista tomador de empréstimo com o objetivo de receber, sob a forma de juros, uma parte da maisvalia que surgirá do uso do dinheiro para o financiamento da produção capitalista Com isto, o sistema crediário permitia uma manutenção do capital produzido e acumulado
O sistema de crédito é deveras evidente em Vidas Secas, pois na obra é evidente a exploração que Fabiano sofre por seu empregador. Fabiano, sem consciência financeira,
é vítima de um golpe passivo por parte do patrão. Golpe este que, desmascarado por sinhá Vitória, expunha o malefício que o sistema crediário causava a Fabiano - seu patrão lhe pagava menos do que ele deveria receber Para esconder o roubo, inventava dívidas e gastos que tinha com o trabalhador
Milton Santos também demonstra que o capitalismo se apropria de outros modos de produção para maximizar a produção do capital. Essa apropriação mostra que o capitalismo mantém controle desses modos de produção e tem o poder de destruí-los a qualquer momento Portanto, por esse caráter subordinativo dos outros modos de produção, o capitalismo constituiria o sistema dominante daquele território.
Tese maoísta do semifeudalismo brasileiro
As organizações maoistas do Brasil (aquelas que seguem o pensamento Gonzalo; marxismoleninismo-maoismo-gonzalismo) defendem a tese de que o Brasil — ao menos até a década de 60, época de lançamento do "Documento dos Seis Pontos" pelo PRT e outras organizações maoistas — era semifeudal
Os maoistas defendem esta tese com base nos escritos do presidente Mao Zedong — mais especificamente, utilizam o texto intitulado "Problemas Estratégicos da Guerra Revolucionária na China" (1936), que caracteriza a China pré-revolucionária como um país semifeudal e utiliza dessa proposição para montar parte de sua práxis revolucionária Fazem uso também do argumento de que o Nordeste seria semifeudal por conta da concentração fundiária nas mãos do latifúndio e da falta
CRÍTICA LITERÁRIA | LITERARY CRITICISM
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 22
desenvolvimento. Porém, outros grupos marxistas criticam arduamente os maoistas por essa classificação do Brasil, acusandoos de serem dogmáticos por tentarem usar a mesma leitura sócio-econômica que Mao usou na China no Brasil
Concentração de riqueza no sertão nordestino
A concentração de riqueza do Nordeste se mantém extremamente desigual até hoje De acordo com o censo agrícola de 1950, 48% da terra cultivável eram de posse de apenas 2% de toda população sertaneja. Entretanto, existia também uma notável porcentagem de minifúndios — em 1940, 28% de todas as propriedades rurais cadastradas tinham menos de 12,5 acres, já em 1950, esse número havia crescido para 35% Os proprietários dos minifúndios possuíam, juntos, 76% do total dos proprietários de terra, desses 76%, apenas 14% eram cultiváveis Essa desigualdade massiva ocorria e segue acontecendo por dois fatores: 1 A falta de uma reforma agrária com o fim do escravismo, deixando os latifundiários com as terras que tinham quando eram escravocratas e forçando os trabalhadores 'à mercê' dos proprietários rurais; 2 Mesmo com a abolição da escravidão, a sociedade permaneceu hierarquizada e estratificada — assim, o mesmo modelo de relação hierárquica do escravismo se conservava diante da migração ao feudalismo
Análise econômica da Zona da Mata Nordestina
Sustentando-se na tese de Rui Ribeiro Campos (2009), é possível demonstrar que existiam elementos capitalistas na economia da Zona da Mata Nordestina (ZMN). A economia da ZMT tinha seus alicerces e motor principal na agroindústria açucareira, e esta, por ter nascido anterior à Revolução Industrial, não segue a mesma lógica da Revolução Industrial No entanto, as políticas de extração de mais-valia, acúmulo de capital — este que, com o fim do escravismo, seguia a lógica do capital marxiano, em que se tinha uma produção do capital gerada pelas forças produtivas do trabalho assalariado — e acréscimo do lucro, que são características de uma sociedade capitalista, estavam presentes
Outra forma de capital comumente presente no sertão (e na ZMN) era o capital mercantil Um belo exemplo prático da produção deste capital no capítulo "Cadeia" da obra, quando Fabiano vai à feira O capital mercantil não era a maior parte constituinte da acumulação de capital nordestino, mas era importante para o desenvolvimento regional Portanto, este capital não pode ser classificado como feudal
Considerações finais
A partir de uma extensiva análise do sistema sócio-econômico do Nordeste em 1938, foi possível observar que é um sistema complicado, já que mantém relações sociais do escravismo, elementos feudais e muitos aspectos capitalistas Porém, vimos que, com a abolição da escravidão, foi possível obter o acúmulo de capital no stricto sensu marxiano e um capital polimórfico (oscilando principalmente entre capital mercantil, produtivo e colonial), e as
relações capitalistas mantiveram domínio do capital produzido pelo feudalismo.
Portanto, como Santos (2013) muito bem escreveu, o capitalismo tende a preservar todo tipo de relação produtiva que antes da instauração do controle burguês se encontrava, desde que aquele modo de produção fosse mais eficiente que o modo capitalista — Thomas Bottomore mostra como vários escritores marxistas já demonstraram que o capitalismo nunca exclui os outros modos de produção que o antecedem, mas se impõe como hegemonia em cima deles O capitalismo então se apropria de toda produção dos outros sistemas e instaura por si uma hegemonia em cima de todos os outros modos de produção. Por fim, é possível, sim, classificar o Nordeste em 1938 como capitalista, pois, apesar de preservar a produção feudal, o capitalismo se impõe como dominante
Diante disto, vemos a importância deste debate no contexto de entender a opressão que Fabiano e sua família sofrem na obra de Ramos. Conclui-se, assim, que Fabiano e sua família sofrem tanto da hegemonia capitalista como da opressão direta do modo de produção feudal
23
ÁRIA | LITERARY CRITICISM
CRÍTICA LITER
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS
Referências bibliográficas
RAMOS, G. Vidas secas. São Paulo: Editora Record, 2019
ALMEIDA, Manoel Bosco de. Elementos feudais no nordeste do Brasil Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v 5, n 1, p 5568, 1974
CAMPOS, Rui Ribeiro de Revista Eletrônica de Geografia, v 1, n 3, p 51-63, dez 2009
CASTRO, Josué de Sete palmos de terra e um caixão: ensaio sobre o Nordeste, área explosiva 2 ed São Paulo: Brasiliense, 1967
CASTRO, A. B. A economia política, o capitalismo e a escravidão. In: LAPA, J. R. A. (Org ) Modos de produção e realidade brasileira Petrópolis: Vozes, p 37-56, 1980
CAHEN, Michael O que pode ser e o que não pode ser a colonialidade In: Cahen & Ruy Braga (eds) Para além do pós(-)colonial, São Paulo: Alameda Editorial, p 31-73, 2018
FERNANDES, Florestan A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1978
LENIN, Vladimir Sobre o Estado Obras
Escolhidas em Três Tomos, 1977, tomo 3, p 176 a 189 Lisboa: Edições Progresso
LENIN, Vladimir The Development of Capitalism in Russia Lenin’s Collected Works, 4th Edition, Moscow, 1964, Volume 3, p 21608
MARX, Karl. O Capital: crítica da Economia Política. Livro 1. São Paulo: Boitempo, 2013.
SANTOS, Milton Pobreza urbana São Paulo: Edusp, 2013
SODRÉ, Nelson Capitalismo e revolução burguesa no Brasil São Paulo: Nossa Terra, 1990
ZEDONG, Mao Problemas Estratégicos da Guerra Revolucionária na China Obras
Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo I, p 295430. Edições em Línguas Estrangeiras, Pequim, 1975.
24
CRÍTICA LITERÁRIA | LITERARY CRITICISM REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS REMAKES & RETELLING
O JULGAMENTO DE BRANCA DE NEVE
Maria Giulia Balbino Ferreira Botelho de Queiroz
Tudo começou numa noite de inverno na pequena cidade medieval europeia A noite foi dolorosa para alguns e detestável para outros:
— Eu já disse que não quero ficar com essa coisa! - disse uma donzela, enquanto batia a porta da casa simples
— M-mas ela é tão pequena! - proclamou um rapaz de estatura pequena com um bêbê em seus braços coberto de lençóis para protegê-lo do frio, — Como farei sem você?! Até ele chegar à porta de sua casa, a moça já havia ido embora, deixando-o com sua filha nos degraus da neve
— Acho que seremos somente nós agora, pequena, — disse o pai — Olha, vocêé tão branca quanto a neve! Sabe, acho que te darei este nome: Branca Pensou alto, enquanto voltava para dentro de sua casa
E o tempo passou, a Branca foi crescendo, e seu pai se apaixonou novamente Dessa vez, por uma mulher carinhosa e de muito bom coração. Seu nome era Elisa. Era alta, com longos cabelos cor de mel, da mesma classe social que ele. Ela não se importava de ter de morar numa casinha pequena e não ter muito dinheiro, pois o que importava para ela era o amor e ter uma família Gostava de Branca e cuidava dela como filha, educando-a e ensinando-lhe como ser uma boa pessoa
Nessa época, ainda existiam casamentos agendados, e como Branca estava na idade, seu pai e a madrasta foram atrás de alguém bom para a filha ‘deles’
Encontraram um rapaz de um padrão social um pouco mais alto, que eles achavam que iria ser o príncipe encantado da menina Levava o nome de Pietro Ao se conhecerem, já se deram muito bem e ficaram noivos Todos ficaram muito felizes e propuseram uma pequena festa na casa da noiva Branca estava com um vestido de corpo azul e com uma saia amarela Mostrou a família para o noivo, para que ele soubesse mais sobre sua história familiar:
— Essa é a Elisa, a minha madrasta, mas a considero minha mãe! Sempre cuidou de mim, desde que era muito pequena - introduziu dando um abraço em sua quase mãe.
— Prazer em conhecê-la, Elisa - disse Pietro, beijando a sua mão
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 25
— Mas que educado vocêé! - comentou a madrasta.
— E esse é meu pai, — continuou Branca, — que você provavelmente já conhece.
— Muito bom revê-lo, Pietro - disse o pai de Branca
— Igualmente - disse o genro
Durante a festa, dançaram, comeram, brincaram, se conheceram e tudo mais Foi uma ótima festa, todos se divertiram muito e foram dormir bem tarde
Quando o dia amanheceu, Branca reclamou de um pouco de náusea, mas sabia que poderia ser somente da movimentação da festa Então ignorou e continuou com o seu dia. Foi ao bosque, pegou flores, passeou pela aldeia, comprou no mercadinho e voltou para casa.
Chegando a casa, Elisa perguntou:
— O enjoo já passou, querida?
— Ainda não, — respondeu Branca — mas peguei flores no bosque para você!
— Ah, que doce de menina tenho! — Elisa disse, recebendo as flores
Mais dois dias se passaram, e nada de a angústia passar Se fez alguma coisa, foi piorar! Branca começou a vomitar de vez em quando, seu pulso mudava de ritmo constantemente. Pensaram em visitar um médico, mas não tinham dinheiro o suficiente para procurar um muito qualificado Pietro tentava auxiliar, mas também não conseguia arrecadar o suficiente Ficou mais presente como apoio emocional de sua futura esposa e sua família No quinto dia, Branca faleceu Seu pai e a madrasta ficaram drasticamente tristes Fizeram um velório para ela, que descansou em paz Seu agora ex-noivo cancelou seu trato com o pai da menina, pois ela havia falecido Ele logicamente entendeu e deixou Pietro ir com o dote prometido, agradecendo por ter amado sua filha. Após um tempo, Elisa achou um tanto suspeito que Pietro não se abalou muito com o fato de Branca ter morrido e decidiu investigar a morte de sua filha um pouco mais atentamente
Conhecia uma agência de advogados chamada ‘Os Sete’ Eram 7 irmãos que trabalhavam juntos ao redor da Europa Começaram pequenos, ajudando outras pequenas empresas que tinham sido injustiçadas pelo governo local
— Conseguimos uma forma de investigar a casa do sujeito, Madame Elisa — avisou um dos agentes. — Ele estará fora no final de semana, então teremos como investigar mais claramente
Foram até a casa de Pietro Era uma casa boa, três quartos e dois andares, uma grande cozinha com múltiplos ingredientes, uma sala de estar e de jantar, entre outros cômodos Cada agente e Elisa foram para um cô-
modos. Cada agente e Elisa foram para um cômodo da casa à procura de alguma prova da suspeita dela. Elisa logo percebeu um pó branco na bancada da cozinha e foi investigar o que poderia ser:
— Hmmm — pensou alto — parece farinha — Ficou com receio de provar, então decidiu procurar se havia algum saco de farinha por perto Revistando o local, não encontrou
Continuaram a procurar na casa, mas não encontraram nada além da suspeita farinha na bancada Investigaram mais e mais e, com provas suficientes, foram procurar um juiz para julgar o acusado da morte de Branca.
— Acredito que Pietro tenha matado Branca para ficar com o dote! - exclamou a acusadora ao juiz
Os rumores dessa acusação se espalharam pela aldeia: “Pietro nunca faria isso!” “Sempre foi tão educado!”,“Ela está mentindo” "Está culpando ele por algo que ela mesma fez”, e dizeres como esses foram se espalhando Conheciam mais Pietro do que Elisa, por ele ser de uma classe social um pouco mais alta
O julgamento durou dias, semanas, meses até o juiz saber quem estava contando a verdade. Elisa estava falando a verdade ou Pietro estava escondendo detalhes sobre a morte de sua ex-noiva? O esposo de Elisa já estava se frustrando e ficando preocupado Mantinham as sessões na Corte privadas e não compartilhavam as falas ditas dentro do tribunal com o povo
No dia em que o juiz finalmente apresentou seu veredito, os dois sumiram, tanto a acusadora quanto o acusado Procuraram os dois dentro da floresta, mas não os encontraram Somente uma maçã mordida na beira do degrau de um senhor, o pai da Branca de Neve.
fim
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 26 ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
CANÇÃO DO EXÍLIO
Releituras do poema de Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá
Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu ’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá
Minha terra, meu Brasil
Giovanna Brito, Sophia Castrese, Clara Torres e Letícia D’amorim
Minha terra tem amor, onde escuto o som do "eu te amo", onde o calor brasileiro gorjeia, mas não gorjeia como lá
Nosso céu tem mais fumaça nossa flora tornou-se cinzas nossos bosques perderam as cores
Não se avistam mais amores em cismar sozinho à noite
O prazer não se encontra lá Queria estar a festejar
Minha terra tem desespero, Minha terra foi onde a independência foi gritada, Mas a liberdade não foi instaurada!
Por onde ecoa o grito da liberdade?
Valentina Dur, Ana Parracho, Letícia Batista e Isadora Brewer
Minha terra tem coqueiros
Onde passam as araras
E descansam os brasileiros
Minha terra tem mais vida
E muito mais amor
Minha terra é colorida
E tem muito mais calor
Minha terra tem mais flores
Nossa história tem suas dores
Dores, histórias e vitórias
200 anos se passaram
E pouca coisa evoluiu
As pessoas não mudaram
Triste a história do Brasil
Por onde ecoa o grito da independência?
Por onde ecoa a liberdade?
Canção do exílio (1846) de Gonçalves Dias.
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE 27 ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
JOSÉ
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu a noite esfriou, e agora, José? e agora você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos que ama, protesta? e agora, José?
sua lavra de ouro, seu terno de vidro sua incoerência, seu ódio e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais José e agora?
Se você gritasse, se você gemesse se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse se você cansasse, se você morresse Mas você não morre, você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José para onde?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, José (1942), de Carlos D. de Andrade.
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 28 ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
Releituras do poema de Carlos Drummond de Andrade
E agora, Pedrinho?
Laura Macedo De Sousa e Elisa Gondim Costa Fernandes
Os balões estouraram
Os jogos acabaram
E as festas começaram
E agora, Pedrinho?
Aquelas noites chorando por causa do dever Com seus pais ao seu lado, Um sorriso no rosto Mesmo com o joelho ralado
Passar no vestibular
No ENEM, no PAS
Só tirar dez atrás de dez e essa pressão que só aumenta
E agora, Pedrinho?
As paredes estão brancas
Os brinquedos perdidos
Os sonhos questionados
E sua vida repensada…
O “ eu quero ser bombeiro, astronauta ou cantor”
Se torna “ eu quero ser médico, advogado ou professor”
Agora todos que te vêm falam a mesma coisa: "Nossa, como você cresceu!"
Mas você não quer crescer, Você quer voltar para aqueles pequenos momentos Brincando de pique-esconde e correndo por aí E agora, Pedrinho?
Só te resta o caderno, lápis e borracha Você agora tem expectativas
E sonhos, que não são como antes E agora, Pedrinho?
O sonho de ter um cavalo alado Voar por cima de uma montanha de doces
Isso nem passa mais pela sua cabeça Agora esses sonhos foram consumidos por pesadelos E pelo medo de decepcionar a todos
E agora, Pedrinho?
Sua infância está sendo deixada para trás Mas isso é normal Todos querem voltar para aquela época onde eram felizes Sem contas para pagar Onde se sentiam livres
“Medo de quê?”
“Engole o choro”
“Que pressão?”
“Para de drama”
As emoções com que você desaba Todas as mentiras, mitos Esse sentimento nunca acaba, Agora estamos sem aonde ir, Com o questionamento de se iremos conseguir.
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 29 ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
Davi
Maria Isabel Kimura Leiria Campo e Olívia Massa Valle
E agora, Davi?
A porta fechou, a filha o deixou O rio fluiu, a mulher partiu
E agora, Davi? tudo que sonhou, se realizou, mas você não prestou, não aguentou Tentou ficar com tudo, mas assim não funciona o mundo Agora está mudo sem o seu sentido agudo
Sua doce promessa já não lhe interessa beber, não parou, fumar, não parou, trair, só continuou
As injustiças, as mentiras, suas velhas ousadias
Agora está sozinho, apenas com uma taça de vinho Tudo que lhe resta são memórias, que poderiam ter sido glórias
A noite esfria com seu grito de agonia
Por fora, parecia veemente mas no fundo, era só um menino carente.
E agora, Davi?
O que lhe resta? Não aproveitou a vida sempre esteve com pressa.
Mas, Davi, não é hora da revolta, pois a vida não dá voltas. Isso que faz a vida bela ela se apaga facilmente como uma vela.
João e a solidão
E agora, João?
E Agora, mundo?
Sophia Castrese, Giovanna Brito, Ana Parracho
E agora, mundo?
A festa acabou, O mundo parou, As ruas fecharam, Nem os videntes adivinharam E agora, mundo?
E agora, você?
Você que está de luto, Você que perdeu alguém especial, Você dos primeiros socorros, Que vê, que cuida E agora, mundo?
Está sem vida, Está sem pessoas, Está deserto, Já não pode mais sair, Já não pode mais festejar, E agora, mundo?
Você tinha o mundo na sua mão E perdeu tudo rapidão.
Perdeu-se em seu coração E agora não há mais apreciação Ficou tudo uma confusão
E agora, João?
Onde está sua dedicação? Agora só tem decepção Onde antes havia emoção
E agora, João?
Se perdeu em sua própria contradição Agora só há ilusão
E agora, João?
Cadê seu irmão?
Agora só sobrou você e sua obsessão
Mesmo se você chorasse
Mesmo se você cantasse
Mesmo se você gritasse
Mesmo se ainda o amasse
Porque tratou assim o seu irmão, João?
Agora sem razão
Fez sua própria reflexão Mas está sem seu irmão
Mesmo se ainda o amasse Porque tratou assim o seu irmão, João?
Agora sem razão Fez sua própria reflexão Mas está sem seu irmão
E agora, João?
Sem satifação Sentiu sua solidão Sentiu sua própria transformação E agora não é o mesmo desde então
E agora, João, que fará para acabar com sua solidão?
Manuela Wolff e Letícia D´Amorim
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 30 ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
THE CATCHER IN THE RYE
Chapter 26
In order to provide choice for English 9 students to show their knowledge and reflection of the novel The Catcher in the Rye, each was given the option of various assessments. Some chose to write a concluding paragraph attempting the voice and perspective of the protagonist, Holden Caulfield
Me and Phoebe had to go home because it was raining so damn hard, and I was shivering like crazy Phoebe wanted to go by taxi, but I felt bad about spending her dough so we went by train. The train was full, and on the way in, I almost got trampled by this huge idiot. Those huge, muscly idiots always think they can step all over people, I swear they do
Phoebe was able to get a seat, but I had to stand Old Phoebe always manages to get a seat on the train, every single time What she does is, she starts pretending she can’t tie her shoelaces, grunting and all, until she’s almost crying and somebody feels bad for her and offers to help her and give her their seat It kills me everytime
I was almost falling asleep standing up, I was so damn tired I actually closed my eyes for a while, until I heard someone yell my name I thought it was Phoebe, but I knew it wasn’t our stop yet so I ignored her. But the person called me again, and I knew it wasn’t Phoebe. I looked around the crowded train, and you won’t believe who I saw looking at me- Jane Gallagher I'm not kidding She squished her way
over to where I was, but I was so sleepy I didn’t even say anything to her What a dumb bastard She was the one that did all the talking, until I finally got my senses back.
“Jane, what the hell are you doing here?” I regretted swearing right after I did it, but luckily Jane didn’t seem to have noticed “Holden, oh my gosh! It’s been so long!” She tried to give me a hug, but the train was so damn crowded she couldn't even move “Gosh Holden, I haven’t seen you in forever! How are you?”
“I’m… great, just great.” Truth is, I was kind of taken back by her. She had her hair way up in a ponytail, and she was wearing this pink bracelet that she had since we were kids She used to own about a thousand of those bracelets, she loved them so much
“Jane,”
She didn’t hear me, she was so excited. “I can’t believe it! What school are you going to? Oh and is that Phoebe? She’s grown so much!”
“Jane,” I had to hold her arm, she was almost jumping of happiness
“I- Yeah?”
“Do you still keep your kings in the back row?”
She looked confused “Do I what?’’ God, I felt like an idiot. Of course she didn’t know what I was talking about, we hadn’t seen each other in years “Do you remember how when we were younger, we used to play chess? Do you still keep your kings in the back row? Do you, Jane?”
Giovanna Zancanaro Queiroz
She went silent, and then started smiling She still had that same smile
“Actually, I’ve learned to play real chess now. ”
She said it smiling, but for some reason, it depressed the hell out of me I don’t know why, but I felt like crying I felt so depressed, I could have thrown myself off the train, I swear I could
“Anyway, what school are you going to, Holden?” For Chrissake, how could she just change the subject like that?
“It doesn’t matter.” I didn’t mean to be rude, but I was so damn depressed I couldn’t help it “Why the hell do you not keep your kings in the back row anymore?”
Jane shook her head “Holden, I I just learned how to play chess properly ”
“But why the hell, Jane? What was wrong with the way you did it before, why do you play it the goddam phony way now?” I was screaming, and I felt my eyes watering People were looking at me, but I couldn’t help it You can never help that embarrassing stuff “Holden, what’s the matter with you?”
“Nothing’s the matter with me, Jane, nothing’s the matter I don’t see why people are always asking what’s the matter with me!” I must have been making a racket because even though we weren’t even past Central Park yet, Phoebe pulled me out of the train
The rain had stopped, so Phoebe pulled me up to the street I couldn’t stop crying, and Phoebe
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 31
had to guide me the whole way to our apartment She didn’t say anything, didn’t even wait for me to stop crying I didn’t even notice we had gone up the elevator until I heard Phoebe pushing our apartment door open I was crying so damn much I couldn’t see anything At the time I didn’t even hear my parents asking why I was there, I swear I completely blacked out
I only heard Phoebe slam the door shut, take a deep breath and say, “Holden was expelled from Pencey and he’s been in New York since Saturday and he’s smoking and drinking and he has temper problems, he complains about everything and he’s been crying for the past hour,” she stopped for another breath, “and I think he has some mental problem and he needs help ”
That’s it, that’s what got me into this hospital. I thought my parents were gonna ground me for life, but old Phoebe was able to calm them down I guess they saw that I really was not ok, and they took me to the doctor and all
Now, I could tell you all the details about how I called Jane and apologized to her, and how D B came home after he heard I was sick. I could also tell you about how hard it was for my parents to convince me to come here. But I just don’t really feel like it, and that’s all in the past, anyways You see, that’s the thing with the pastsometimes it’s easier not to think about it
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING 32 REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE
OU ISTO OU AQUILO
Releituras do poema de Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão, Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e não guardo o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Ou isto ou aquilo (1964) de Cecília Meireles.
Ou Isto ou Aquilo
Laura Araújo
Ou se tem felicidade ou se tem tristeza, ou se tem riqueza ou se tem pobreza!
Ou não tem comida ou se enche a barriga, ou não tem gosto ou tem sabor!
Quem tem amigo não tem inimigos, quem é grosseiro não é meigo!
A vida é feita de escolhas, parecem até batalhas diárias
Não sei se leio ou se desenho, não sei se é verdade ou se é um sonho
Escolher, escolher e escolher O problema é que nem sempre querer é poder
Ou se tem amor ou se tem rancor, ou não é nada e não tem valor!
Não sei qual escolho, mas eu sei de uma coisa, às vezes não escolhemos, mas as escolhas nos escolhem
Ou Isto ou Aquilo
Ou eu ajudo, ou eu sou ajudada.
Ou eu amo, ou eu sou amada.
Luísa Pereira
Ou eu dou e ganho a recompensa da gratidão, ou eu não perco dinheiro e fico num buraco da solidão
Ou isto ou aquilo, decisão que muda a vida
Ou acredito nos outros, ou não acredito em nada
Mas não consegui entender essa competição sem fim, porque a resposta certa, não está tão difícil assim
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE 33
Ou Isto ou Aquilo
Ou eu pego e não deixo lá, ou eu deixo lá e não pego
Fernando Falcão
Ou eu brinco de lego e não jogo bola, ou eu jogo bola e não brinco de lego
Nâo sei se leio e não jogo videogame, ou se eu jogo videogame e não leio
É muito difícil de escolher o que irei fazer, e ainda mais difícil ter este receio!
Ou eu vou para a escola e não descanso, ou eu fico em casa e não estudo
Que pena que isso não se encaixe perfeitamente, que pena que eu não possa fazer tudo!
Ou eu deixo em sigilo e não conto, ou eu conto e não deixo em sigilo
O que fazer, o que fazer, não consigo escolher entre isto ou aquilo
Ou Isto ou Aquilo
Marcela
Silva
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… são decisões que tenho que tomar na minha vida toda!
Não sei se lavo o meu cabelo e ele fica limpo, ou se não lavo e ele fica oleoso
Não sei se faço o dever hoje e entrego na data, ou se eu faço amanhã e entrego atrasado
Não sei se quero ser atriz, ou se quero ser empresária
Ou se viro atriz e empresária! Ai, que escolha difícil!
Não sei se eu leio o livro e não vejo série, ou se eu vejo a série e não leio o livro
Não sei se como chocolate e não como bala, ou se como bala e não como chocolate
Mas eu ainda não decidi se afinal é melhor: ou isto ou aquilo!
MUNDO ENGRAÇADO
Releituras da crônica de Cecília Meireles
O mundo está cheio de coisas engraçadas; quem quiser se distrair não precisa ir à Pasárgada do Bandeira, nem à minha Ilha do Nanja; não precisa sair da sua cidade, talvez nem da sua rua, nem da sua pessoa! (Somos engraçadíssimos também, com tantas dúvidas, audácias, temores, ignorância, convicções…) Abre-se um jornal — e tudo é engraçado, mesmo o que parece triste. Cada fato, cada raciocínio, cada opinião nos faria sorrir por muitas horas, se ainda tivéssemos horas disponíveis
Há os mentirosos, por exemplo E pode haver coisa mais engraçada que mentirosos? Ele diz isto e aquilo, com a maior seriedade; fala-nos de seus planos; de seus amigos (poderosos, influentes, ricos); queixa-se de algumas perseguições (que aliás, profundamente despreza); às vezes conta-nos que foi roubado de algum quadro célebre ou de uma pedra preciosa, oferecida à sua bisavó pelo Primeiro-Ministro da Conchinchina O mentiroso conhece as maiores personalidades do mundo — trata-as até por tu! Seus amores são a coisa mais poética do século Suas futuras viagens prometem ser as mais sensacionais, depois dessas banalidades de Ulisses e Simbad Certamente escreverá seu diário, mas não o publicará jamais, porque é preciso um papel que não existe, um editor que ainda não nasceu e um leitor que terá que sofrer várias encarnações para ser digno de entendêlo Em geral, os mentirosos são muito agradáveis, desde que não se tome como verdade nada do que dizem, e esse é o inconveniente: às vezes, leva-se algum tempo para se fazer a identificação Uma vez feita, porém, que maravilha! É só deixá-los falar É como um sonho, uma história de aventura, um filme colorido
Há também os posudos Os posudos ainda são mais engraçados que os mentirosos e geralmente acumulam as funções O que os torna mais engraçados é serem tão solenes Os posudos funcionários são deslumbrantes! Como se sentam à sua mesa! Como consertam os óculos! Que coisas dizem! As coisas que dizem são poemas épicos com a fita posta ao contrário Não se entende nada – mas que diapasão! Que delicadas barafundas! que sons! que ritmos! Seus discursos e as palmas que o acompanham conseguem realizar o prodígio de serem a coisa mais cômica da terra, pronunciada no tom
34
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS
mais sério, mais grave, mais trágico – de modo que o ouvinte, que arrebenta de rir por dentro, sofre uma atrapalhação emocional e consegue manter-se estático, paralisado, equivocado Os posudos, porém, são menos agradáveis que os simples mentirosos Os mentirosos têm um jeito frívolo, como se andassem acompanhados de um criado que anunciasse: “Não creiam em nada do que o meu amo diz!” Mas os posudos levam um séquito de criados, todos posudos também, que recolhem nas sacolas grandes e pequenas gorjetas, porque uma das qualidades do posudo é andar sempre com muito dinheiro – que não é seu!
Mundo engraçado (1968) de Cecília Meireles.
Partindo da crônica de Cecília Meireles, os estudantes do 6º ano escreveram pequenos textos com o tema: É normal ser diferente
É normal ser diferente
Sofya Ray
É muito importante respeitar todas as pessoas, não importa a cor de sua pele, sua religião, cultura, costumes, de onde você veio e nasceu, qual língua você fala ou seu sotaque. Todos nós somos iguais por dentro. É normal ser diferente porque Deus nos criou diferentes; imagine se todas as pessoas fossem iguais? O mundo seria muito chato!
Preconceito é uma coisa muito feia que pessoas malvadas têm, mas essas pessoas fazem isso porque elas estão tristes, machucadas por dentro ou de mau humor e querem fazer as outras pessoas se sentirem da mesma forma que elas.
Preconceito é um problema que pode ser resolvido, mas para que isso funcione, é preciso que você saiba se dar bem com as pessoas e aceitar o jeito que elas são porque, mais uma vez, é normal ser diferente!
Seja diferente!
Sofia Costa
O mundo é diferente mesmo tendo pessoas que não aceitam a diversidade Existem pessoas de todo tipo, então não tenha medo de ser você Mas, se você tem o poder de se expressar, os outros também podem! Todos nós somos iguais do nosso jeito Temos aparências e personalidades diversas, mas isso não muda o respeito que temos por outros ou nós mesmos O que importa é o que está dentro e não fora! O mundo não seria igual se todos nós fôssemos iguais. Como o ditado diz: “É normal ser diferente!”
Ser diferente é ser gente
Bianca Poppius
Eu acredito que é importante aceitar e respeitar as pessoas como elas são. Ser diferente é normal, ser diferente é ser gente! Pense em um buquê com várias flores iguais brancas. Agora, pense em um buquê com várias flores de diferentes espécies, cores e tamanhos Qual é mais bonito? Com certeza, o colorido! A mesma coisa se reflete na vida real Se todo mundo fosse igual, seria sem graça
O respeito é uma das virtudes mais importantes de um ser humano O respeito deve incluir as negras, asiáticas, deficientes, altas, baixas e todo o resto do povo Todos merecem as mesmas regras, atitudes, direitos sem se sentirem inferiores, e é por isso que eu acredito que é importante aceitar e respeitar as pessoas como elas são!
Preconceito é errado
O que é preconceito?
Preconceito é discriminar alguém só pela sua aparência, por sua cor, sua cultura, entre outros
Que todos nós somos diferentes, todo mundo sabe, mas que somos todos iguais e lindos do nosso jeito, nem todos aceitam Não importa se uma pessoa é loira, branca, tem olhos claros, cabelo liso, e a outra tem cabelo cacheado e escuro, tem olhos castanhos e pele mais escura As duas são lindas, mas cada uma com sua beleza única e natural
Se todos nós fossemos iguais, seria muito entediante Cada pessoa tem sua pele, seu cabelo, seu corpo, seus olhos e sua beleza; é isso que a faz ser quem é Algumas pessoas ficam bonitas de cabelo cacheado, outras de cabelo liso, isso não quer dizer que uma é mais bonita que a outra.
Não existe uma pessoa bonita ou normal, o bonito e normal do mundo é apenas um padrão que a sociedade impõe e que está totalmente errada, não precisa ter certas características para ser considerada bonita. Todos nós somos bonitos, mas cada um tem sua própria e única beleza natural e seus traços que os definem e os fazem ser eles.
O bonito mesmo é ter respeito e consideração por todas as pessoas, sendo elas parecidas ou muito diferentes de você!
35
Catarina D´Amorim ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA
NATIONS
DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE
LITERATURA FANTÁSTICA
Adaptações do capítulo inicial de A metamorfose, de Franz Kafka.
Partindo de A Metamorfose, de Franz Kafka, os estudantes do 7º ano foram desafiados a colocarem-se no lugar do protagonista da história e escreverem um relato sobre a sua própria transformação
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo de qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos. — O que aconteceu comigo? — pensou.
Eu estava sentada na sala assistindo à TV, quando de repente peguei no sono Quando acordei pulei da poltrona e demorei alguns segundos para perceber Eu estava quase dez vezes menor Saí voando para o espelho! Calma Voando? Quando me olhei no espelho percebi que não era mais humana e sim uma mariposa
Como estava de noite, decidi não perder mais tempo e logo saí voando pela janela Quando saí de casa dei de cara com um poste A luz dele me atraía de uma forma muito estranha Fui seguindo a luz, bati de cara na lâmpada e acabei me queimando Caí no chão e desmaiei
Acordei de novo na poltrona Eu tentei voar, mas não consegui Percebi que estava bem maior Eu era humana de novo Só no dia seguinte me caiu a ficha: foi tudo um sonho!
Sofia Gallo
Certa noite, Henrique Zancanaro chegou de sua aula de basquete bem tarde Ele tomou banho, escovou os dentes e foi dormir Quando acordou, ele estava com uma sensação estranha Quando abriu os olhos, ele viu algo extraordinário Ele tinha oito pernas, um rabo perigoso e duas garras gigantes Depois de ver isso, ele percebeu outra coisa, ele estava minúsculo! Ele estava menor que seu dinossauro de pelúcia Ele então começou a entrar em pânico “Meu Deus!" ele pensou “O que faço agora?” Henrique decidiu tentar descer da cama Depois de um tempo ele estava no chão Ele foi em direção ao banheiro para tentar se olhar no espelho, mas a mãe dele entrou no quarto
Ela foi andando em direção a sua cama porque já eram sete horas da manhã e Henrique precisava ir para escola Cada passo da mãe era um terremoto, mas isso não era a pior coisa A mãe, agora no meio do quarto, tinha visto o escorpião e estava gritando, pegando um sapato no armário Ela pegou o sapato e foi em direção ao “filho” A mãe abaixou-se e Henrique acordou “Foi só um pesadelo” pensou E então ele voltou a dormir Henrique Zancanaro
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING 36 REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS
A Metamorfose (1915) de Franz Kafka.
Hoje acordei de uma forma inusitada, vi que estava presa debaixo do lençol; o que é estranho, pois sempre acordo descoberta
Após muita luta consegui sair da cama Fui diretamente ao banheiro, porém enquanto ia até lá vi que meus pés não encostavam no chão, e que “andavam” muito mais rápido que o normal Finalmente cheguei ao banheiro Assustada com o que havia visto, fui me olhar no espelho, mas tive dificuldade: um barulho que parecia um zumbido estava entrando em minha alma, sem contar com a imensa dor de cabeça que eu sentia Quando consegui voltar ao foco, vi que tudo parecia três vezes maior que o normal Examinei o vaso sanitário, o box, a pia e o espelho Não havia me reconhecido, estava minúscula! Eu era um mosquito; ou melhor, uma mosquita!!!
Entrei em pânico, nada fazia sentido Ou melhor, fazia O zumbido demoníaco e tudo três vezes maior Mas eu estava em pânico! Saí do banheiro, atravessei o quarto e fui à sala, onde encontrei minha mãe — em seu estado normal
Comecei a me sentir cada vez mais tonta, tudo estava ficando preto Tentei gritar, mas minha mãe não me ouvia Em vez disso, ela pegou um spray, olhou bem nos meus olhos e o apertou sobre mim Acabei desmaiando Quando acordei, vi que estava em minha cama, descoberta Repeti o mesmo processo: levantei da cama e fui ao banheiro Tudo estava normal Foi aí que percebi o que havia acontecido Tudo não passava de um pesadelo
Certa manhã acordei muito desesperada, estava sentindo meu corpo mais leve e parecia que minhas costas não estavam encostando na minha cama Eu estava preocupada porque não sabia o que estava acontecendo A primeira coisa que pensei foi que eu estava em outro mundo Logo parei de pensar besteira e foquei no que estava acontecendo, e fiquei mais preocupada ainda
Fui tentar levantar da cama, mas eu não sentia a minha perna Fui tentar mover o meu braço e tirar a coberta, mas não consegui Foi aí que eu percebi que estava flutuando
Fui tentar mover minha cabeça e ver o que estava acontecendo, mas minha cabeça estava mais leve, minha visão estava diferente e eu não sabia o que fazer Faltavam ainda dez minutos para eu acordar, e ir para a escola Porém, me dei conta que estava transformada em uma barata Por um lado eu até gostei, pois não precisaria mais ir para a escola Eu iria faltar aula Mas fiquei triste, pois não iria mais ver meus amigos Fiquei triste também porque não poderia chamar meus pais para me ajudarem, eles não acreditariam em mim
Então me esforcei ao máximo e consegui levantar da cama Pensei em voar para fora da janela e ser livre Eu até estava feliz naquele momento Mas, quando estava indo para fora, meu despertador tocou, acordei e percebi que era tudo um sonho
Isabella Coutinho
REVISTA LITERÁRIA LITERARY MAGAZINE ESCOLA DAS NAÇÕES SCHOOL OF THE NATIONS 37
Mirella Faur
ADAPTAÇÕES & RELEITURAS | REMAKES & RETELLING
Imagens gerada por Dall-E2
LITERATURA é a linguagem carregada de
SIGNIFICADO
POUND
EZRA