REVISTA_12º_E_AEML

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Polimorfismos Genéticos / Corticais nos Transtornos Mentais

Revista produzida pela turma 12º E

AE Dr. Manuel Laranjeira 2023

The Therapist, R. Magritte (1937)

Dependência Química

Oliveira, Maria Miguel Castro, Mariana Fardilha

Esquizofrenia Beatriz Bessa, Daniela Lourenço, Tânia Duarte

Transtorno do Espetro do Autismo

Fobia Específica

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

Beatriz Campos, Mariangeles Martinez, Rita Guedes

Eva Rocha, Lara Félix

Ferreira, Joana Pereira, Raquel Maia

Transtorno Afetivo Bipolar

Fernandes, Rafaela Quintas, Raquel Saraiva

Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade Diego Alonso, Miguel Jalles Pereira

Transtorno Obsessivo Compulsivo

Brandão, Ricardo Campos, Simão Gomes

ÍNDICE
…………………………………...………………
Gonçalo
………………………………………
………………………………………….……………………………………….. Ana
Bessa,
Inês
………………………………...……………
Francisca
…………….…………….………….
Frederico

Dependência Química

A dependência química é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), considerada uma doença crónicacaracterizada pela ocorrência de recaídas e necessidade de tratamentos a longo prazo - e progressiva -ou seja, que se agrava com o decurso do tempo, podendo também originar outros problemas de saúde, no pior dos casos - esta pode até mesmo ser fatal. Assim, consiste na relação que a pessoa, neste caso consumidor, tem com diversos tipos de substâncias psicoativas - lícitas ou ilícitas - e na maneira como estas são consumidas, sendo marcada pelo uso compulsivo e contínuo das mesmas, sabendo porém o seu risco. Quando usadas compulsivamente e em excesso, o seu consumidor passa a ser caracterizado como dependente. Nestes casos, o indivíduo está propício a apresentar perturbações psicológicas alterando a sua perceção relativamente à realidade em que se encontra, podendo deste modo caracterizar-se também a dependência química como sendo um transtorno mental.

Na sociedade atual, este tipo de dependência é frequentemente relacionada a substâncias como a cocaína e a heroína, o crack e a cannabis, no entanto, bebidas alcoólicas, tabaco e até mesmo medicamentos receitados por um médico ( principalmente os com efeitos calmantes) podem provocar uma dependência. Isto ocorre uma vez que todas estas substâncias têm a capacidade de alterar tanto o comportamento físico como psicológico do indivíduo, impulsionando novos comportamentos e reações.

Que fatores contribuem para a criação de uma dependência química?

Perante a variedade entre o tipo de drogas consumidas existem diversos fatores que as distinguem umas das outras, sendo o primeiro o seu nível de toxicidade. O tabaco e o café, por exemplo, podem ser ingeridos em quantidades controladas,não tendo consequências imediatas uma vez que apresentam um nível de toxicidade reduzido o que não provoca alterações comportamentais de forma significativa. No entanto, estas podem provocar danos na saúde do consumidor a longo prazo, agravando outras condições de saúde. Já no caso da cannabis, esta apesar de ter uma maior probabilidade de dependência, esta não apresenta tantos efeitos a longo prazo, porém pode alterar o comportamento do indivíduo de forma a condicionar o seu dia a dia.

Para além do tipo que é consumido, fatores como as características do próprio consumidor (tanto psicológicas como genéticas) e o ambiente que o rodeia, podem potencializar uma dependência. Relativamente às características psicológicas, estas envolvem geralmente: falta de autoestima; constante necessidade e obsessão de aprovação social; pressão por parte de amigos; sintomas de ansiedade ou depressão; momentos traumáticos; entre outras. Consequentemente, é frequente que uma dependência química se origine durante a fase jovem/adolescência uma vez que para além de ser uma fase de descoberta de limites e traços pessoais, é também uma das fases mais difíceis para um terço dos jovens. Quando iniciado o consumo em idades menos avançadas existe um maior risco deste se desenvolver para uma dependência. Geralmente as consequências da doença, quanto mais cedo iniciada, mais agressivas e prejudiciais para a saúde do indivíduo se tornam, agravando ainda o próprio tratamento e recuperação.

Todos estes fatores ambientais, quando acumulados, podem provocar alterações epigenéticasregulamentações que ocorrem nos genes, mas que não alteram o próprio material genético (ADN), ou seja, apenas lhe acrescentam algumas informações de modo a alterar e moldar o seu comportamento - que intensificam o desejo de consumo. No caso, por exemplo, de uma acumulação de stress devido a alguma experiência traumática, ocorre uma liberação de glicocorticoides. Estas hormonas provocam não só alterações epigenéticas, como também regulam e afetam a função de outros genes a nível cerebral, sendo o Sistema de Recompensa Cerebral (SRC) o mais afetado.

Adicionalmente ao fator psicológico considera-se também a genética e histórico familiar - hereditariedade - na potencialização deste vício, com cerca de 40 a 60% de influência. Este fator atua nos níveis de dopamina herdados: quanto mais altos os níveis, maior a probabilidade de ser suscetível a uma dependência. Assim, quando um marcador genético detém níveis de dopamina elevados sabe-se que estes são herdados devido a alterações epigenéticas provocadas anteriormente noutros familiares que sofriam de uma dependência química. Desta forma quando existe um historial de adição, este deve ser estudado e levado em conta, de forma a evitar consequências para a saúde, tendo também em consideração que a existência de um historial genético não forma um diagnóstico, apenas torna o indivíduo em questão mais suscetível a desenvolver uma dependência. Perante isto, a melhor forma de combater a própria genética é evitar ao máximo o consumo de substâncias psicoativas e informar o médico responsável para que em caso de ser necessário algum tipo de medicação esta ser adversa à predisposição genética.

Que mudanças ocorrem a nível interno perante este transtorno?

Nos inícios dos estudos deste transtorno mental descobriu-se que este afeta essencialmente áreas específicas do cérebro, que a sua função passa por transmitir a sensação de prazer como se fosse uma recompensa, estando diretamente ligadas ao instinto e humor. Ao conjunto destas áreas chama-se de Sistema de Recompensa Cerebral ( SRC) que faz parte do sistema límbico. O SRC é o principal alvo dos elementos químicos das substâncias uma vez que aí libertam grandes quantidades de dopamina - uma substância química que ajuda a regular emoções. Sabe-se por exemplo que a administração de cocaína pode provocar um aumento de dopamina na fenda sináptica mil vezes maior que o provocado por um estímulo natural. Com o desenvolvimento de uma dependência, a própria química cerebral é afetada, tornando o consumo involuntário devido à sensação de falta de dopamina, proporcionando um comportamento compulsivo de busca de mais recompensa. Isto acontece uma vez que os estímulos se tornam dominantes quando comparados com o córtex pré-frontal, anteriormente capaz de exercer um comportamento calmante sobre o mesmo, tentando combater a dependência.

Assim, todo o funcionamento cerebral de um dependente é afetado e adaptado pelas suas substâncias consumidas, sofrendo ao longo do tempo condicionamentos na sua aprendizagem, tendo ainda a capacidade de alterar informações guardadas na memória.

Num vício químico estão sempre ativos dois componentes: o cérebro e o próprio sistema nervoso mais as próprias substâncias.

Quando uma substância entra em contacto com o organismo do seu consumidor esta é dirigida até ao cérebro onde ocorre uma interação com o sistema nervoso provocando estímulos. Na maioria dos casos, estes provocam uma reação aparentemente positiva, sendo desta forma processada a informação da sensação dada e armazenada na memória a longo prazo. Assim, numa repetição do consumo, o que o consumidor se vai recordar é da sensação positiva com que a substância o deixou. Por norma são sempre associadas a sensações como euforia, alívio de stress (muitas vezes associado também a uma sensação de dormência, sendo comparada a um transe - figura 1), sensação de controlo e um aumento da própria autoestima e confiança. No entanto, estes efeitos positivos apenas o são aparentemente. Na verdade, este tipo de substâncias tem consequências como a perda de equilíbrio, dificuldade a nível da fala e ainda, sendo esta a mais grave, a perda da perspetiva da realidade. Esta última está principalmente presente em comportamentos agressivos perante pessoas do núcleo mais próximo ou que possam colocar a vida de alguém em risco, como por exemplo, conduzir sob efeito destas substâncias. Por esta razão é comum ouvir-se que drogas são as verdadeiras sequestradoras do cérebro.

Quais são as características apresentadas por um dependente?

Ao depararmo-nos com um dependente químico é notável um padrão frequente de comportamentos e características próprias. Da mesma maneira que todos os cérebros são diferentes e as suas reações a substâncias psicoativas também variam de pessoa para pessoa, os sintomas apresentados por um dependente também variam. Na generalidade, sabe-se que que estas substâncias afetam essencialmente três áreas: o emocional, o racional e o físico, podendo também por vezes ter alguma influência na espiritualidade de cada um.

As manifestações típicas de uma compulsão por drogas passam por: uma sensação de necessidade de um consumo cada vez mais regular e abundante; dificuldades em controlar o comportamento, no início, no fim e durante o consumo; incapacidade de o interromper; gasto excessivo de dinheiro, muitas vezes acima das possibilidades; impressão de que o seu uso é essencial para se conseguir ultrapassar os problemas diários;

cérebro saudável cérebro de dependente Figura 1 – diferença de metabolismo ativo entre um cérebro saudável ( primeiro exemplo ) e um cérebro de um dependente ( segundo exemplo ), neste caso de cocaína.

persistência na sua utilização, apesar da consciência das suas consequências negativas; o desejo de repetir a experiência de consumo devido aos efeitos dados - craving

Que implicações tem a doença na vida e funcionamento do indivíduo?

O uso de substâncias está frequentemente associado a uma extensa lista de riscos para a saúde do seu consumidor, envolvendo efeitos a curto e a longo prazo e envolvendo em geral todos os órgãos e sistemas do organismo humano. O risco máximo deste uso é, eventualmente, a morte, sendo cada vez mais recorrente. Por exemplo, todos os dias mais de 90 americanos morrem devido ao uso abusivo de drogas. Para além da morte, existem ainda outros riscos para a saúde estando entre estes: o enfraquecimento do sistema imunológico, o que aumenta não só o risco de uma infeção como também a gravidade da mesma; frequências cardíacas irregulares, ocorrendo muitas vezes ataques cardíacos e colapsos de veias e artérias; perda de peso de uma forma não saudável uma vez que é provocada pelas dores abdominais sentidas; doenças pulmonares; danos e insuficiências hepáticas; aumento da temperatura corporal.

Webgrafia - 22/02/2023

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Figura 1:

https://www.incn.gob.pe/2019/03/03/cerebro-sufre-danos-irreversibles-cuando-consumo-de-drogas-es-en-etapas-tempranas-de-la-vida/

Esquizofrenia

O que é a esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica grave, permanente e incapacitante. Afeta profundamente o modo como a pessoa pensa, como se comporta e as suas emoções. O doente não é o único a sofrer as consequências desta doença, dado que as pessoas ao seu redor também as sentem. Isto deve-se às dificuldades de relacionamento familiar, social e profissional que dela advêm. A violência raramente afeta os esquizofrénicos, no entanto as alucinações de perseguição e o consumo de drogas podem aumentar esse risco. Os momentos de maior brutalidade afetam, normalmente, os familiares do paciente, já que geralmente acontecem em casa. A doença, na maioria dos casos, surge de forma mais precoce em indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos. Já nas pessoas do sexo feminino, ocorre mais tarde, habitualmente entre os 25 e os 30 anos.

O desenvolvimento da doença pode ser dividido em quatro fases: pré-mórbida, prodrómica, progressão, estabilização e quadro clínico:

● Fase pré-mórbida: nesta primeira etapa o indivíduo isola-se e reduz, significativamente, a sua sociabilidade com as restantes pessoas apresentando, também, dificuldades na concentração. Estes sintomas podem estar presentes desde a infância. Apesar de muitas vezes serem alvo de desvalorização, podem estar ligados ao progresso da esquizofrenia.

● Fase prodrómica: nesta fase não é possível estabelecer-se uma duração, já que ocorre por um período de tempo variável, habitualmente de meses, ao qual se segue a psicose. Aqui, o indivíduo pode manifestar um estado de grande perturbação e de dúvida. O doente agrava cada vez mais o seu isolamento, sendo possível a ocorrência de sintomas psicóticos momentâneos e curtos.

● Fase da progressão: a fase anterior termina muitas vezes com o aparecimento do primeiro momento de psicose. É aqui que se dá início à fase de progressão da doença. Esta pode caracterizar-se por um agravamento do estado psicológico do paciente.

● Fase da estabilização: esta acontece quando os sintomas se tornam menos intensos, graças ao tratamento. Aqui, a grande prioridade é impedir que haja uma recaída.

● Quadro clínico: O quadro clínico desta patologia engloba modificações em todas as áreas psicológicas, isto é, memória, raciocínio, fala, entre outras.

A esquizofrenia pode ser dividida relativamente à sua classificação. Em primeiro lugar, temos a esquizofrenia paranoide, que se manifesta através de alucinações e delírios. Depois, tendo em conta o pensamento e discurso incoerente e desorganizado, estamos perante a esquizofrenia desorganizada. Posteriormente, a esquizofrenia catatónica, durante a qual o doente revela mudanças na postura, podendo permanecer em posições desconfortáveis e mesmo bizarras, durante longos períodos de tempo. Em seguida, a esquizofrenia simples, em que a pessoa não tem delírios nem alucinações, mas vai progressivamente perdendo a sua afetividade e capacidade de interagir com as restantes pessoas. Por último, a esquizofrenia residual, que ocorre quando o

doente já não apresenta nenhum sintoma, ou os que apresenta se caracterizam como pouco intensos. Obs, alterar a ordem em que apresentaram por ordem crescente da residual para a paranoide.

Sintomas da doença

Os sintomas desta doença são muito complexos e diversificados e, de uma maneira geral, refletem-se numa grande perda de contacto com o mundo real. Os sintomas mais constantes deste transtorno podem dividir-se em positivos e negativos. Os primeiros incluem o aparecimento de delírios, sendo os mais comuns os de considerarem que estão a ser perseguidos e vigiados por alguém; o aparecimento de alucinações, em que o paciente perceciona vozes e sons que não são reais; alteração comportamental e do discurso do indivíduo. Por sua vez, os negativos caracterizam-se por um abatimento emocional. O doente vai-se isolando e afastando, de forma gradual, da sua família e amigos. Para além disso, há uma grande dificuldade por parte da pessoa em relacionar-se com os outros, uma vez que reduz a sua comunicação, manifesta maior apatia e menor interesse pelas coisas. A doença manifesta-se também pela dificuldade de experienciar momentos prazerosos.

Diagnóstico

A esquizofrenia, geralmente, só é diagnosticada quando os sintomas aparecem. Porém, os especialistas na área afirmam que o primeiro episódio manifestador da doença é, muitas vezes, ignorado ou desvalorizado. Então, quando é feito, efetivamente, um diagnóstico, podem já ter-se passado imensos anos. Este transtorno mental tem um início leve, mas se não for tratado corretamente, de imediato, pode agravar-se à medida que o tempo vai passando. Não existe um teste específico para diagnosticar a esquizofrenia, sendo este feito através do estudo dos sintomas apresentados pelo indivíduo, juntamente com o seu surgimento e o seu desenvolvimento. Técnicas de observação do cérebro têm sido uma boa estratégia para detetar a existência de indicadores de falta tecidual nas áreas cerebrais ou mesmo para identificar estruturas anormais que possam relacionar-se com a doença. Na figura abaixo, pode-se observar as diferenças entre um cérebro saudável e um cérebro de um paciente esquizofrénico.

Fig.1- Cérebro de um adolescente normal em comparação a um cérebro de um paciente esquizofrénico

Nos anos 70, em estudos realizados com a ajuda da tomografia computadorizada, foi possível identificar sinais consistentes de atrofia cerebral, assim como a expansão dos ventrículos cerebrais, mais evidente em cornos posteriores. Também se verificou o aumento de sulcos corticais em muitos indivíduos esquizofrénicos crónicos, não dependendo da idade dos mesmos, do uso de neurolépticos ou eletroconvulsoterapia. Desde a década de 80, as informações obtidas por meio da Ressonância Magnética Nuclear (RMN) revelam a existência de diminuições no volume dos lobos temporais mediais, sendo mais visíveis no hemisfério esquerdo. Esta patologia interfere também com a produção da fala, já que é afetado o giro temporal superior. A veracidade dos dados de RMN e neuropatológicos têm dado a entender que as modificações na estrutura dos lobos temporais fazem parte da doença, afetando cada paciente com diferente intensidade.

O que desencadeia a doença?

Apesar de ser uma patologia alvo de grandes estudos por parte dos médicos, ainda se revela difícil encontrar as causas da mesma. Porém, a junção de determinados fatores genéticos, ambientais e cerebrais podem desencadear a doença. Em primeiro lugar, a hereditariedade é um fator crucial no aparecimento do transtorno. Os parentes de primeiro grau de um paciente que sofre de esquizofrenia têm mais possibilidades de desenvolver a doença. Como é possível observar no gráfico de barras abaixo apresentado, pessoas sem nenhum familiar esquizofrénico apresentam 1% de risco de virem a padecer da doença. No caso de indivíduos que apresentam um familiar distante com esta doença, a possibilidade já sobe para valores compreendidos entre 3 e 5%. Para os indivíduos que têm algum familiar direto a probabilidade é de 10% e de 40%, caso ambos os pais sofram da patologia. Por último, no caso de gémeos monozigóticos, o risco é de, aproximadamente, 65%.

Fig.2- Relação, em percentagem, entre a probabilidade de desenvolver esquizofrenia e a existência da doença em familiares Fatores ambientais, como dificuldades no parto e na gravidez, infeções ou doenças capazes de alterar o desenvolvimento do sistema nervoso (ao longo do período gestacional) são também responsáveis pelo aparecimento desta patologia. Desta forma, uma fraca nutrição do feto, como a dificuldade na obtenção de oxigénio, iodo, glicose e ferro, pode fomentar anomalias no desenvolvimento de certas áreas cerebrais, levando

o indivíduo à vulnerabilidade do surgimento da esquizofrenia. A falta de cuidados com a nutrição não é o único fator de risco que motiva o seu aparecimento, também a diabetes, a doença pulmonar crónica, a anemia e a deficiência alimentar materna, ao longo do primeiro trimestre de gravidez, podem estar implicados. Para além destes fatores, o nascimento prematuro (antes das 33 semanas de gestação) consegue contribuir para o aumento desse risco. Por último, dificuldades no parto ou ocorrências perinatais, que podem levar à isquemia ou à hipóxia, possibilitam a origem de deteriorações no hipocampo e no córtex cerebral. Contudo, as consequências anteriormente mencionadas, ainda que relevantes, apenas contribuem para uma pequena porção dos casos de esquizofrenia. Outra causa possível para o surgimento da esquizofrenia são as alterações a nível cerebral, relativamente aos neurotransmissores denominados dopamina e glutamato. Estas substâncias possibilitam a comunicação entre distintas regiões do cérebro e, como tal, o seu equilíbrio é essencial. Algumas investigações revelam que uma baixa atividade dos recetores da dopamina no córtex pré-frontal pode relacionar-se com a progressão dos sintomas negativos da doença. Atualmente, os médicos indicam que o desequilíbrio da dopamina é uma das razões associadas ao desenvolvimento deste transtorno. Existem outros neurotransmissores que também podem estar relacionados com a esquizofrenia, nomeadamente a glicina, a serina, a serotonina e a adenosina. Para além disso, o uso de substâncias ilícitas psicoativas podem também causar o mesmo efeito, já que alteram a mente humana.

Tratamento

A esquizofrenia necessita de tratamento perpétuo, ainda que os sintomas já não estejam presentes. Os tratamentos mais comuns baseiam-se nos medicamentos e na terapia psicossocial. Assim, a doença pode ser controlada através de medicamentos antipsicóticos. Estes são os remédios que, de forma mais frequente, são prescritos para o controlo dos sintomas, já que agem sobre o desequilíbrio dos neurotransmissores. Evidentemente, a escolha do medicamento depende da vontade do doente em colaborar com o tratamento. Caso haja resistência da sua parte, a medicação é administrada através de injeções. Em segundo lugar, existe a psicoterapia. Esta permite ajudar o paciente a compreender os motivos que podem desencadear alguma crise no seu quotidiano, assim como a reduzir e trabalhar esses mesmos motivos. Por último, tem-se a opção da hospitalização, que surge em momentos de grande descontrolo por parte do paciente, sendo o internamento a melhor hipótese de garantir o sono, alimentação, higiene e segurança adequados.

Webgrafia

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Transtorno do Espetro do Autismo

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), também conhecido como autismo, é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da comunicação social, comportamento e interação social. É chamado de "espectro", porque os sintomas podem variar amplamente de pessoa para pessoa, em termos de gravidade e manifestação.

A identificação imediata da condição é crucial para iniciar uma intervenção eficaz para a criança.

O TEA é considerado um transtorno do desenvolvimento, o que significa que os sintomas geralmente manifestam se na infância, habitualmente nos primeiros 3 anos. Algumas pessoas com TEA podem ter vidas funcionais, no entanto há casos em que a dificuldade de interagir com o mundo prevalece. É incurável, porém há tratamento para estabilizar os sintomas, é altamente individualizado e deve ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa.

Causas genéticas

Observou-se que não existe uma causa única de autismo, uma vez que se desenvolve a partir de uma combinação de influências genéticas e não genéticas ou ambientais, mas um risco aumentado não é a causa, pois alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas entre os incondicionados. Portanto, pode-se concluir que o TEA é complexo e requer mais conhecimento.

Quanto às causas genéticas do TEA, temos alterações cromossómicas microscópicas. Também aquelas conhecidas como comorbidades com síndromes monogénicas, como síndrome do X frágil (FMR1) e síndrome de Rett (MECP2), esclerose tuberosa (TSC1 e TSC2), síndrome de Angelman (UBE3A), neurofibromatose (NF1), etc. No entanto, a maioria é causada por microdeleções e microduplicações conhecidas como CNVs (variações do número de cópias). As CNVs nada mais são do que números anormais de cópias submicroscópicas de segmentos de ADN genómico humano, herdadas ou mutações esporádicas.

Portanto, existem muitos genes que podem alterar a forma como o cérebro se desenvolve, as células se comunicam ou determinam a gravidade dos sintomas.

Causas/Fatores ambientais

Os fatores ambientais associados ao autismo incluem exposição a toxinas e drogas, infeção materna durante a gravidez, idade dos pais e complicações no nascimento ou no período neonatal. No entanto, embora haja um consenso de que as origens do autismo não são inteiramente genéticas, há menos consenso sobre quais fatores ambientais podem ser a causa do autismo, criando muita discordância entre os especialistas.

Alterações epigenéticas

O TEA é caracterizado como um distúrbio genético multifatorial no qual fatores ambientais isoladamente ou em conjunto com fatores epigenéticos aumentam o risco da doença.

A fragmentação do ADN é uma das principais modificações epigenéticas, fortemente estudada no desenvolvimento de distúrbios neurológicos e distúrbios como o autismo. Foi relatado que pode ser influenciado por fatores ambientais para contribuir muito com os resultados neurológicos, especialmente nos estágios iniciais do desenvolvimento, quando os padrões epigenéticos são estabelecidos. Assim, é provável que eventos ambientais inconvenientes durante a gravidez causem mudanças estáveis e que os padrões epigenéticos tenham efeitos de longo prazo, persistindo na vida adulta, que determinam o risco de TEA, especialmente a sua gravidade. A pesquisa sobre epigenética e sua relação com o autismo ainda é muito obscura e ainda há muito a ser descoberto.

Elementos estruturais do cérebro

Graças a pesquisas recentes usando métodos de imagem cerebral, os cientistas têm uma melhor compreensão dos circuitos neurais envolvidos no transtorno do espectro autista. De fato, testes funcionais de imagem cerebral, como tomografia por emissão de pósitrons, tomografia por emissão de fóton único e ressonância magnética funcional, abriram novas perspetivas para o estudo da função cerebral normal e patológica. Três estudos independentes encontraram anatomia anormal do lobo temporal e função de repouso em indivíduos com autismo. Essas alterações localizavam-se bilateralmente no sulco temporal superior. Essa região anatómica é importante para a perceção de estímulos sociais básicos. Além disso, estudos funcionais mostraram que a maioria das áreas envolvidas na perceção social (perceção de rostos e vozes) e cognição social (teoria da mente) estão subativadas. Esses dados sugerem que as redes de pensamento social do cérebro funcionam de forma anormal em indivíduos com autismo.

Entre muitas coisas, a doença causa distorções em áreas muito importantes do cérebro: o cerebelo (do qual dependem o tónus muscular e o equilíbrio), o sistema límbico (responsável pelo comportamento social e pelas emoções) e o hipocampo (parte do sistema límbico e relacionado ao estudo).

Finalmente, estudos de imagens cerebrais mostraram que anormalidades na capacidade do cérebro de perceber e processar estímulos sociais estão por trás do comprometimento social no autismo. Compreender os mecanismos dessa anormalidade pode facilitar o desenvolvimento de novas e mais adequadas estratégias de reeducação social para indivíduos com autismo.

Sintomas

Os sintomas estão relacionados principalmente à dificuldade de comunicação e socialização, interesse excessivo por determinados assuntos ou objetos, dificuldade de adaptação a mudanças na rotina ou movimentos anormais com o corpo.

Bebés, por volta dos 6 meses de idade, podem apresentar poucas expressões faciais, pouco contacto visual e não sorrir quando interagem com outras pessoas. Aos 9 meses, os bebés podem não olhar quando são chamados, e não olhar para onde o adulto aponta. Além disso, aos 12 meses o bebé pode não ter dito as primeiras palavras. Os sintomas de autismo em crianças podem incluir:

o Dificuldade na interação social

o Dificuldade de comunicação

o Alterações comportamentais

Além disso, os sinais de autismo podem ser diferentes em meninas, que podem ser mais quietas e terem maior dificuldade de se adaptar às situações sociais.

Geralmente, os sintomas prejudicam a pessoa no seu relacionamento com outras e podem afetar o desenvolvimento da sua autonomia. Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas importantes da pessoa.

Os traços típicos do autismo são:

o Movimentos motores estereotipados ou repetitivos, ou uso de objetos ou fala de modo repetitivo e constante.

o Dificuldades ao nível da reciprocidade emocional, isto é, em iniciar e/ou manter uma conversa com outras pessoas, partilhar interesses e interagir socialmente.

o Dificuldades ao nível da comunicação não verbal, isto é, em entender, descodificar e replicar a linguagem não verbal.

o Dificuldades em desenvolver e manter relacionamentos.

o Adesão inflexível ou insistência em manter rotinas, ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não-verbal.

o Interesses específicos em diferente intensidade e/ou foco.

o Hiper ou Hipo sensibilidade (elevada ou baixa reatividade) a estímulos sensoriais.

Diagnóstico

O TEA pode ser diagnosticado entre 15 e 18 meses de idade, mas a idade média de diagnóstico é de cerca de 4,5 anos, e algumas pessoas não são diagnosticadas até a idade adulta, o que é lamentável já que o diagnóstico rápido é a chave para a intervenção precoce.

O diagnóstico é feito pelo comportamento clinicamente observável, pois não há marcadores biológicos específicos para identificar o autismo.

Vários especialistas podem fazer esse diagnóstico, incluindo alguns psicólogos, pediatras e neurologistas. O processo de diagnóstico geralmente envolve psicólogos (incluindo neuropsicólogos especializados na relação entre o cérebro e a função cognitiva, comportamental e emocional humana).

Para diagnosticar TEA, os psicólogos contam com várias fontes de informação:

o Entrevistas dos pacientes.

o Observações do comportamento do paciente.

o Testes de capacidades cognitivas e linguísticas.

o Exames médicos para excluir outras condições.

o Entrevistas com pais, professores ou outros adultos que possam responder a perguntas sobre o desenvolvimento social, emocional e comportamental do paciente.

Tratamento e apoio

O tratamento do transtorno do espectro do autismo é multidisciplinar. Ou seja, com o auxílio de inúmeros profissionais de saúde. Essas equipas são normalmente compostas por médicos, educadores, terapeutas da fala e terapeutas ocupacionais para além de psicólogos.

Várias intervenções foram desenvolvidas para tratar crianças com TEA. Alguns dos métodos mais comuns incluem:

o Análise do comportamento aplicada (ABA). ABA é um método que emprega técnicas baseadas no método científico para ensinar as pessoas a serem mais eficazes e menos destrutivas. A terapia baseada no método ABA demonstrou melhorar as habilidades de comunicação, sociais e profissionais.

o Diferenças individuais no modelo de relação de capacidade de desenvolvimento (DIR). No modelo DIR, também conhecido como terapia do tempo do piso, os pais e os terapeutas participam da encenação da criança enquanto também direcionam a criança para interações mais complexas.

o O programa TEACCH para o autismo. A estrutura TEACCH promove a participação em atividades, adaptabilidade, independência e autoeficácia por meio de estratégias baseadas nos pontos fortes ou nas dificuldades de aprendizagem de pessoas com TEA.

Webgrafia

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Bibliografia

American Psycological Association, Manual de Diag

O que é a Fobia Específica?

A fobia específica é um tipo de transtorno de ansiedade. Esta está relacionada a um determinado objeto ou situação, que causa medo ou uma ansiedade persistente, irracional, imediata, excessiva e intensa. As pessoas que sofrem de fobias específicas estão cientes de que o seu medo é irracional, mas o pensamento de enfrentar o objeto ou a situação gera um ataque de pânico, assim, desenvolvem uma resposta de intenso medo, impotência ou pavor.

As fobias específicas são diferenciadas dos medos normais da infância por constituírem uma reação excessiva e desadaptada, que foge do controle do indivíduo, pode levar a reações de fuga, é persistente e causa comprometimento no funcionamento da criança.

Influências da fobia específica no sistema nervoso

Do ponto de vista do sistema nervoso, as fobias específicas estão associadas a uma resposta de ansiedade excessiva e desproporcional diante do estímulo fóbico. O cérebro límbico é o cérebro que nos ensina a sentir emoções. Ele ativa áreas do cérebro ligadas à ponte, o bulbo, o tálamo, a massa cinzenta do córtex, entre outras regiões, que, uma vez estimuladas, conduzem a que o sistema nervoso ative a liberação de hormonas, como a adrenalina, que pode aumentar a frequência cardíaca. Essa resposta é mediada pelo Sistema Nervoso Autônomo Simpático que prepara o corpo para situações de perigo, sendo responsável pelo controle de funções corporais involuntárias, como a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração e a sudorese. Durante uma situação fóbica, o sistema nervoso autónomo é ativado, levando a uma resposta de “luta ou fuga”. Isso resulta em uma série de mudanças fisiológicas (FÍSICAS), incluindo o aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, respiração acelerada, sudorese e tensão muscular. Essas mudanças são parte da resposta de ansiedade que pode ajudar a pessoa a lidar com uma ameaça real, mas em casos de fobia específica, essa resposta é desencadeada por um estímulo que não representa uma ameaça real.

No final dos anos 1930, pesquisadores observaram que danos no lobo temporal resultaram em profundas mudanças no que diz respeito às reações de medo. Posteriormente, por volta dos anos 1950, foi possível concluir que a região lesada do lobo temporal que causava essas mudanças era a amígdala. Além disso,

Fobia Específica

estudos têm mostrado que as fobias específicas também estão associadas a anormalidades no sistema nervoso central, incluindo a amígdala, uma região do cérebro que é responsável pelo processamento emocional e que desempenha um papel importante na resposta de medo e ansiedade. A amígdala está envolvida com a deteção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo. Essa estrutura é ativada diante de expressões faciais de medo, sendo esta responsável por coordenar respostas à ameaça e ao perigo. Pessoas com fobias específicas podem ter uma amígdala hiperativa, o que pode explicar o porquê de elas experimentarem uma resposta de ansiedade excessiva em relação a estímulos fóbicos.

A razão para o surgimento de uma fobia específica não está, contudo, totalmente afastada das teorias de abordagem cognitivo-comportamental que consideram o medo aprendido e o explicam com base na teoria do condicionamento clássico de Pavlov. No contexto das fobias, o condicionamento clássico é uma explicação comum para a forma como as fobias são adquiridas. Por exemplo, se alguém tiver uma experiência traumática, como ser atacado por um cão, o som de um latido, pode se tornar um estímulo condicionado que desencadeia uma resposta de medo e ansiedade, mesmo que o cão em si não esteja presente. A resposta de medo pode ser tão intensa que a pessoa evita qualquer coisa relacionada ao cão, incluindo ver fotos ou estar perto de outros cães.

O evitamento, também, é uma estratégia que as crianças usam para escapar e, por vezes, a intensidade da resposta ansiosa é tão grande, e a procura de evitar ou fugir da situação tão extrema, que algumas crianças se colocam em risco. Por exemplo, o Pedro, que tinha fobia de aranhas, um dia, quando estava com os pais dentro do carro, ao deparar-se com uma, abriu a porta em andamento. Estas reações extremas surgem, por vezes, sob a forma de comportamentos de oposição, ou até de agressividade.

Epidemiologia das Fobias Específicas

A idade de início varia segundo o tipo de fobia. Eventos vitais, incluindo traumas, podem evocar o desenvolvimento de uma fobia. É interessante pontuar que, diferente de outras psicopatologias, as fobias específicas não se originam, necessariamente, de um evento traumático. Pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, descobriram que uma situação que cause algum tipo de trauma não só provoca alterações estruturais no cérebro, como também promove mudanças genéticas no ADN. A descoberta diz-nos que certas informações e experiências podem ser transmitidas aos descendentes [filhos, netos...] também de forma biológica, e não apenas por meio da linguagem ou da vivência pessoal.

A ciência defende que a maioria dos medos e fobias podem ter início ainda na fase gestacional. Muitos pensamentos, emoções e os principais sentimentos dos pais são transferidos para o bebé. Assim, essas informações, independentemente de serem positivas ou não, ficarão armazenadas nos subconscientes da criança até que sejam despertadas mediante alguma recaída emocional. Por conseguinte, muitos medos e sensações negativas serão manifestados na idade adulta. Vale destacar que a fobia não possui uma única causa. No entanto, apesar de alguns destes temas refletirem uma sensibilidade biológica a estímulos que os

nossos antepassados tiveram de evitar, metade das crianças com FE estiveram envolvidas noutros aspetos de ordem social e comportamental que também podem ser causadores para a existência de riscos de transtornos fóbicos. Observemos:

● questões de género: por influência hormonal, a classe feminina é mais vulnerável aos distúrbios de comportamento;

● timidez: crianças e jovens tímidos possuem maior tendência ao isolamento;

● bullying: esses e outros eventos negativos influenciam o comportamento e causam conflitos e traumas;

● maus-tratos: provocam insegurança e deixam marcas emocionais e físicas no indivíduo.

Se comprovado também para os seres humanos, o mecanismo da transmissão genética da memória será de grande interesse para áreas como a neuropsiquiatria – assim como existe a possibilidade de herdar uma doença genética como o cancro, existiria também a possibilidade de receber dos ancestrais [pais] as propensões para patologias psiquiátricas como as fobias, ansiedade e o transtorno de estresse pós-traumático.

Assim, podemos concluir que algumas pessoas têm predisposição para esses tipos de transtornos, principalmente membros de familiares fóbicos e que conviveram com distúrbios dessa natureza durante a infância. Além disso, há fatores genéticos que desregulam substâncias hormonais que podem influenciar nas respostas cerebrais, aumentando, assim, os riscos de fobias. Se, por exemplo, temos fobia de aranhas, o motivo pode ser um encontro dramático de alguém como os pais com um aracnídeo. Neste caso, a aracnofobia manifesta-se como um mecanismo de defesa armazenado nos genes familiares.

Tipos de Fobias Específicas

Como afirmado anteriormente, as fobias específicas podem ser várias. Podemos organizar os causadores de fobias em cinco grupos distintos por medos relacionados a:

1. Animais, como aranhas, cães, insetos, répteis [ZOOFOBIA] 2. Ambiente natural, como alturas [ACROFOBIA], tempestades, relâmpagos (astrofobia ou brontofobia), trovões, incêndios, água 3. Questões médico-hospitalares, como sangue, lesões ou problemas médicos, como injeções, ossos quebrados, quedas 4. Em média 5% das pessoas são afetadas com estas Situações específicas, e aqui podemos incluir o medo de voar [AEROFOBIA] ou medo de conduzir [AMAXOFOBIA]ou ficar em um espaço fechado [CLAUSTROFOBIA], como elevadores. 5. Vários outros medos avulsos, como o medo de palhaços, contrair uma doença específica, e aqui chamamos atenção para o COVID-19, por exemplo. Nessa categoria existe uma infinidade de estímulos ou situações que podem desencadear fobias, no mínimo 5% das pessoas sentem alguma forma de medo relacionado a sangue, injeções ou lesões.

Sintomas de Fobias Específicas

Alguns sintomas mais frequentes onde podemos detetar a fobia específica são:

● Medos excessivos e persistentes;

● Evitamento do estímulo gerador da ansiedade;

● Pensamentos perturbadores sobre o objeto ou situação temida;

● Ataques de pânico;

● Sintomas somáticos (palpitações,tremores,indisposição);

● Ansiedade extrema quando se prevê ou há confronto com o estímulo gerador de medo.

Tratamento mais recorrente para Fobias Específicas

Ao contrário dos medos normativos ou próprios da idade que são transitórios, as fobias persistem e podem ser tão intensas que, se ignoradas, interferem na vida da criança e do adulto. Como tendem a piorar, é crucial que haja uma intervenção precoce. As fobias específicas frequentemente não são tratadas com farmacologia e sim com terapia comportamental. As técnicas utilizadas requerem exposição em grupo ou individual ao estímulo fóbico de maneira a produzir a extinção da reação exagerada de medo. Um exemplo de linha terapêutica é a “terapia de exposição “. A terapia de exposição, é um tipo de psicoterapia, frequentemente, é o tratamento mais procurado. A terapia de exposição envolve expor as pessoas gradualmente. A pessoa também aprende técnicas de relaxamento e/ou de respiração para serem usadas antes e durante a exposição à fobia. Esta é repetida até que as pessoas se tornem mais confortáveis com a situação provocadora de ansiedade. Nela, com estrutura e suporte de um profissional que prescreve tarefas de exposição, os pacientes procuram, confrontam e mantêm-se em contato com o que temem e evitam. Como resultado disso, o grau de ansiedade tende a diminuir.

Webgrafia

https://www.sanarmed.com/fobias-especificas-pospsq-[23\02\22 https://erikas40.wixsite.com/psicologia/blank-wejhf -[23\02\22]

Bibliografia SENTIDOS, Nuno Lobo Antunes

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

Caracterização do transtorno

A principal característica do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é preocupação excessiva e persistente. No entanto, estas preocupações são normalmente acompanhadas de sintomas físicos como a taquicardia (quando o coração se contrai muito rapidamente e não consegue bombear o sangue de um modo eficaz para o corpo, privando os tecidos de oxigénio); sudorese (suor excessivo); fadiga; dificuldade em relaxar e dores musculares. Para o diagnóstico deste transtorno, é importante que estes sintomas interfiram no desempenho da pessoa ou que se manifestem num sofrimento significativo.

O TAG é um dos transtornos psiquiátricos mais diagnosticados, apresentando uma alta percentagem de coexistência com depressão, fobias e pânico. Uma diferença que distingue a depressão do TAG, é que as pessoas que sofrem de depressão, costumam preocupar-se mais com as suas ações em relação a situações passadas. Já no Transtorno de Ansiedade Generalizada, os pacientes tendem a sofrer mais com eventos futuros.

Influências genéticas e epigenéticas no comportamento

A ansiedade tem 30% a 40% de causas genéticas e os outros 60% ou 70% de fatores ambientais. O ambiente é mais influenciador do que a genética, no entanto pode variar de caso para caso. Por exemplo, se os pais sofrerem de ansiedade, é possível que no futuro os filhos desenvolvam um transtorno de ansiedade. Assim, conseguimos perceber que a ansiedade pode ser passada por toda a família, devido aos genes e à forma como os pais e os parentes agem e criam as crianças.

Os nossos cérebros foram-se desenvolvendo para nos mantermos vivos em situações de perigo, e nesse tipo de situações o nosso cérebro sente aquilo que chamamos de ansiedade comum, que é saudável. No entanto quando o nosso sistema de sobrevivência está demasiado ativo, sofremos de ansiedade. Este sistema é composto por várias regiões do nosso cérebro, que em conjunto controlam diferentes aspetos sobre a nossa resposta em relação à sobrevivência.

O processo de transmissão da ansiedade pode ocorrer de duas maneiras. Uma delas é através dos genes dos nossos pais, e a outra é o que aprendemos através deles. A parte genética é aquilo a que chamamos de hereditariedade, e a parte da aprendizagem é aquilo a que denominamos de epigenética. Visto que, os genes controlam diferentes regiões do cérebro que estão relacionadas com a ansiedade, e que a atividade de cada uma dessas regiões é herdada, essa é precisamente a resposta para a vulnerabilidade ou resistência de cada pessoa perante o transtorno.

Elementos estruturais do sistema nervoso e cérebros humanos, afetados pelo transtorno

Amígdala

A amígdala é uma área do cérebro responsável por processar e interpretar toda a informação sensorial que vem do nosso ambiente. Localiza-se no lobo temporal medial e é composta por cerca de 13 núcleos. As projeções da amígdala dirigem-se ao sistema neuro-humoral, autónomo e musco esquelético, que estão associados aos mecanismos de resposta da ansiedade e do medo.

Tálamo

O tálamo é a estrutura que encaminha quase todo o tipo de informação sensorial para zonas específicas do córtex cerebral. De seguida, o córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo. Tem como funções a integração sensorial e motora.

Hipotálamo

O hipotálamo é a estrutura que regula as funções homeostáticas (correção por parte dos organismos a defeitos, anomalias, excessos ou desvios), do comportamento sexual e das emoções. Interage com o sistema nervoso autónomo e endócrino. As suas funções são o controlo da temperatura e da hipófise (glândula de secreção interna situada numa cavidade da base do crânio), que controla o sistema endócrino.

Hipocampo

O hipocampo é uma estrutura que se encontra localizada nos lobos temporais do cérebro humano, e é considerada a principal sede da memória e uma importante componente do sistema límbico. Se o impacto da ansiedade no cérebro for muita intenso e prolongado por um longo período de tempo, será das estruturas que mais sofrerá, podendo causar efeitos sérios. Alguns desses efeitos são por exemplo, perdas de memórias, problemas de concentração ou stress pós-traumático.

Córtex orbitofrontal

O córtex orbitofrontal tem um papel bastante importante na interpretação de acontecimentos que são emocionalmente significativos. Esta estrutura também seleciona e planeia os comportamentos de resposta a uma ameaça, monitorizando a eficácia dessas respostas.

Tratamento

O componente psicológico e os fatores ambientais têm um papel muito significativo neste transtorno, em que a abordagem psicoterápica (terapia cuja finalidade é tratar questões relacionadas à mente e problemas psicológicos) é essencial para o tratamento do mesmo. O tratamento farmacológico deve ser considerado em certas circunstâncias, no entanto, a medicação só é necessária a curto prazo, para ajudar a pessoa a controlar os sintomas enquanto recebe aconselhamento. A terapia cognitiva comportamental (TCC) apresenta a maior eficácia entre todas as formas de psicoterapia, desenvolvendo habilidades cognitivas que façam com que que permitam aos pacientes lidar melhor com algumas características muito frequentes deste transtorno. Também poderá ser benéfico procurar grupos de apoio e aprender técnicas de controlo do stress, como por exemplo “mindfulness”.

A ansiedade tem um impacto enorme no cérebro. O cortisol, a adrenalina e a noradrenalina deixam-nos alerta e na defensiva. Assim, a nossa mente torna-se num lugar fácil para a entrada de pensamentos irracionais, medos e emoções que tornam a realidade mais depressiva. Entre os diversos estados psicológicos existentes, são poucos os que se podem tornar tão intensos como a ansiedade.

Webgrafia

SIMP5-Caracteristicas-basicas-do-transtorno-de-ansiedade-generalizada.PMD (usp.br) -16/02/2023

Transtorno de ansiedade generalizada – 19/02/2023

Não consegue controlar a ansiedade? A resposta pode estar nos seus genes - Revista Galileu | Ciência (globo.com) – 19/02/2023

A neurobiologia da ansiedade - A Mente é Maravilhosa (amenteemaravilhosa.com.br) – 19/02/2023

Impacto da ansiedade no cérebro: o labirinto do esgotamento. (asomadetodosafetos.com) – 27/02/2023

Transtorno Afetivo Bipolar

O transtorno afetivo bipolar é um transtorno de humor caracterizado por períodos alternados entre ânimo muito elevado ou muito deprimido. Os períodos de animo muito elevado são chamados episódios maníacos e os de animo baixo de episódios depressivos. Episódios maníacos são caracterizados pelo humor anormalmente elevado e de energia aumentada, os episódios depressivos incluem tristeza persistente, perda de interesse e diminuição da motivação.

Esta doença é causada na sua maioria por fatores genéticos e desequilíbrio químico no cérebro, este também é um diagnóstico que exige tratamento e gestão ao longo de toda a vida, porem pode ser equilibrado através de aconselhamento psicológico e medicação. Apesar de todas estas complicações a maioria das pessoas aprende a gerenciar os seus sintomas e vive bem com este diagnóstico.

Quais as causas para o transtorno bipolar?

As causas do transtorno bipolar não são completamente compreendidas, embora se acredite que vários fatores são responsáveis pelo desenvolvimento desta condição entre eles desequilíbrios químicos no cérebro, fatores genéticos e fatores ambientais tais como eventos traumáticos na infância e outras circunstâncias de vida como o stress.

Quais os sintomas do transtorno bipolar?

Pessoas com transtorno bipolar passam por episódios de humor muito alto e muito deprimido. Estes podem ocorrer separados por semanas, meses ou anos. Em ambos os episódios, podem ser observados sintomas psicóticos (tais como ideias delirantes, alucinações, etc.). Durante os episódios depressivos, as pessoas sentemse "em baixo", ou seja, com baixos níveis de energia, diminuição da motivação e dificuldade de concentração também pode ser propício o aumento do peso e a sensação de que os movimentos e os pensamentos estão mais lentos e se tornam menos espontâneos. Durante os episódios maníacos, as pessoas sentem-se

energéticas, hiperativas e capazes de qualquer coisa, estes são caracterizados principalmente por um humor eufórico com comportamento impulsivo, às vezes irracional, e uma aceleração do pensamento e da fala.

Curiosidades:

o Estas pessoas precisam de pouco sono;

o Os episódios depressivos e maníacos podem ocorrer em qualquer ordem, com ou sem pausa entre eles, ou até ao mesmo tempo;

o Muitas pessoas que possuem esta doença e até mesmo os profissionais acreditam que alguns momentos stressantes causam episódios de depressão ou de períodos maníacos até mesmo nas pessoas que não são diagnosticadas com esta doença.

Como é diagnosticado o transtorno bipolar?

O diagnóstico de transtorno bipolar é feito geralmente através de uma consulta de psiquiatria com a avaliação dos sintomas e a sequência de ocorrência destes ao longo do tempo. Devido à natureza e á complexidade do transtorno bipolar, por vezes é necessário para o psiquiatra conversar com pessoas próximas ao doente para avaliar todos os sintomas. Antes de diagnosticar o transtorno bipolar, devem ser excluídas outras possíveis doenças através de exames de sangue ou de imagens do cérebro estes exames também são necessários na administração da medicação e na escolha dos tratamentos.

Qual o tratamento para o transtorno bipolar?

O tratamento é feito na sua maioria através de terapia onde também envolve medicamentos para estabilizar o humor. Este tratamento pode ser complicado pois nem todas as pessoas aceitam o seu diagnostico porem com a ajuda da psicoterapia onde os doentes recebem educação sobre a doença pode ajudar na aceitação do seu diagnóstico e no reconhecimento dos sintomas de mania ou depressão antes que estes se tornem dominantes para além disso tem de ser frequente o acompanhamento regular com um médico generalista, psicólogo ou psiquiatra pois ajuda na administração e na resposta à medicação.

Como prevenir esta doença?

Para prevenir esta doença basta uma boa rede de apoio antes e depois do diagnóstico que pode ajudar a reconhecer os sintomas de depressão ou de mania e subsequentemente evitar algumas das suas consequências.

Qual o prognóstico para esta doença?

O transtorno afetivo bipolar é uma condição crónica (contínua/sem cura) que requer tratamento a longo prazo. Nos momentos iniciais do transtorno muitas pessoas mostram tendências suicidas, de modo que o diagnóstico e o tratamento precoce são vitais. A maioria dos episódios suicidas pode ser administrada bastante bem com acompanhamento, porém estes podem ocorrer em média entre 3 a 4 anos de intervalo uns dos outros.

Quais os tipos de transtornos bipolares existem?

A maioria dos transtornos bipolares pode ser classificada como

o Transtorno bipolar I: A pessoa já apresentou, no mínimo, um episódio maníaco completo (que tenha impedido de desempenhar as suas funções normalmente ou que inclua delírios) e normalmente, episódios depressivos.

o Transtorno bipolar II: A pessoa já apresentou episódios depressivos graves, no mínimo um episódio maníaco mais leve (hipomaníaco), mas nenhum episódio maníaco completo.

No entanto, algumas pessoas apresentam episódios que lembram um transtorno bipolar, mas que são mais leves e não atendem aos critérios específicos de transtorno bipolar I ou II. Esses episódios podem ser classificados como transtorno bipolar inespecífico ou transtorno ciclotímico. O transtorno ciclotímico e parecido com o transtorno bipolar, mas é menos grave. Os episódios de euforia e tristeza são menos intensos e duram normalmente apenas alguns dias, estes recorrem com frequência em intervalos irregulares. Esse transtorno pode evoluir para um transtorno bipolar ou pode continuar como um humor extremo.

Webgrafia:

https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-do-humor/transtorno-bipolar -16/03/2023

https://www.vittude.com/empresas/?utm_source=Blog&utm_medium=Content&utm_content=button-header -16/03/2023

https://www.cuf.pt/saude-a-z/doenca-bipolar -16/03/2023

Transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

O transtorno de deficit de atenção e hiperatividade é um distúrbio neurobiológico, ou seja, é causado por anomalias em alguma parte do sistema nervoso (neste caso, o cérebro), de origem genética e hereditária, que normalmente surge nas crianças e que as pode acompanhar ao longo de toda a sua vida. Esta doença altera alguns comportamentos dos seus portadores, podendo ser muitas vezes mal diagnosticada. Este transtorno pode ser agrupado em 3 diferentes tipos, pois existem algumas características diferentes entre vários portadores. Esses tipos deste transtorno são os seguintes:

TDAH do tipo Desatenção predominante: “As características principais deste tipo de TDAH são associadas às falhas no controle inibitório” do individuo, pelo que numa tarefa na qual seja necessário a sua concentração, o mesmo não é capaz de oferecê-la. Para acrescentar, e também devido às distrações, o individuo tende a demorar mais tempo a realizar tarefas, a não ser que o mesmo tenha bastante gosto em realizá-las, apesar do elevado grau de simplicidade que possam possuir. “A filtragem necessária para separar as informações relevantes para o momento das menos relevantes falha”, isto pois, para o individuo com este tipo de TDAH, todos os estímulos têm a mesma importância, razão pela qual qualquer distração pode tornar-se num foco para ele. Por último, os indivíduos que padecem deste transtorno normalmente são desorganizados com objetos e ainda diletantes com ideias, podendo muitas vezes não as concretizar, quer por falta de concentração quer por esquecimento, mesmo em atividades básicas diárias, como por exemplo, na escovagem dos dentes. É frequente a caracterização destes indivíduos como pessoas “aluadas”.

TDAH do tipo Hiperatividade/impulsividade predominante: As pessoas com este tipo deste distúrbio neurobiológico procuram constantemente a estimulação e são muito inquietas. Deste modo, portadores deste tipo de TDAH tanto são pessoas irrequietas como agem sem pensar previamente nas consequências das suas ações. Indivíduos que sofrem com este tipo de TDAH tendem a executar vários movimentos de forma repetitiva, como, por exemplo, manusear continuamente um objeto ou abanar algumas partes do seu corpo. O portador não consegue controlar a necessidade de estar em constante movimento ou a falar, independentemente do meio que o rodeie, podendo muitas vezes ter comportamentos inadequados ao meio. Pelas pessoas que não os conhecem, estes indivíduos são muitas vezes considerados rudes, pois também não conhecem o sentido de oportunidade e de ordem, desrespeitando o seu lugar, por exemplo, numa fila e frequentemente interrompem alguém que está a falar com eles.

TDAH do tipo Combinado: Os portadores deste tipo de TDAH possuem comportamentos de ambos os tipos referidos anteriormente, ou seja, tanto podem ter dificuldade em se concentrar em algo (seja numa tarefa, atividade, conversa,…), como também podem demonstrar sinais de hiperatividade, não conseguindo estar nem “imóveis” nem em silêncio.

Estatísticas

Alguns géneros ou indivíduos dentro de certas idades podem ser mais propensos a ter certos tipos do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Segundo alguns estudos, cerca de 3 a 8% das crianças de todo o mundo possuem TDAH. É de realçar que é bastante comum estas crianças possuírem outra patologia adicional ou independente deste transtorno (cerca de 70% possui outra patologia e cerca de 10% possuem três ou mais). Contudo, voltando a uma informação já referida, esta doença possui uma elevada taxa de diagnósticos errados, pois manifesta-se através de comportamentos que o indivíduo poderia fazer por diversas outras razões que não o TDAH. Um facto comum entre esta doença e algumas outras, como o autismo, é o de que o TDAH afeta duas vezes mais rapazes que raparigas.

Influência genética

Atualmente, ao nível genético, acredita-se na existência de uma disfunção da neuro transmissão dopaminérgica na área frontal (pré-frontal, frontal motora, giro cíngulo), nas regiões subcorticais (estriado, tálamo médio-dorsal) e na região límbica cerebral (núcleo achumbes, amígdala e hipocampo). Alguns estudos indicam uma evidente alteração destas regiões cerebrais resultando na impulsividade do paciente. Para além disso, algumas variantes de genes (não havendo nenhum em específico) podem aumentar a probabilidade do individuo desenvolver TDAH (estas variantes e respetivas probabilidades são afetadas pela influência epigenética, tema que será abordado posteriormente). Para acrescentar, os problemas existentes nos circuitos do córtex pré-frontal e amígdala, a partir da neuro transmissão de catecolaminas resultam nos sintomas de esquecimento, distração, impulsividade e desorganização, manifestações clássicas deste transtorno.

Elementos estruturais do sistema nervoso e do cérebro humano afetados

Figura 1 - Principais áreas cerebrais afeadas em pacientes com transtornos de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).

Influência epigenética

Alguns fatores epigenéticos (a forma como o ambiente afeta o individuo) que podem influenciar um paciente de TDAH no seu desenvolvimento são, por exemplo, o uso excessivo de aparelhos eletrónicos, visto que os telemóveis, televisores, videojogos… captam a atenção de uma forma extraordinária a estes indivíduos, devido às diversas sensações (visuais e auditivas) que o sujeito capta delas provenientes. Quando focados/ distraídos nestes fatores, doentes de TDAH (nomeadamente o de tipo “desatenção predominante”) podem não ouvir alguém a chamar por eles, não sentir cheiros do seu meio, esquecer de realizar tarefas que tinham de fazer, etc.

Para além disso, os ambientes com muitos estímulos também afetam a capacidade de concentração das pessoas com TDAH. Quanto menor o número de possíveis estímulos, maior é a probabilidade de o paciente se concentrar na tarefa que lhe fora indicada. Com isto, casas ou salas de aula com muitos objetos chamativos, parques de diversões, locais de festa, (entre outros) são lugares nos quais o indivíduo se distrairá com bastante facilidade.

Outro fator relacionado a esta influência encontra-se no lado familiar do sujeito. Sem dúvida, os pais que colocam “poucos limites” nos respetivos filhos também afetam gravemente no desenvolvimento deste transtorno, pelo que este tipo de indivíduos precisa de possuir regras claras e inquebrantáveis para a “impulsividade” não piorar ao longo do tempo.

Por último, outra causa que pode levar um indivíduo a desenvolver este transtorno ocorre no período de gestação. Quando a mãe, já grávida do feto, possui hábitos de um sujeito toxicodependente, essas substâncias acabam por se tornar em “estímulos viciosos” para o bebé. Com isto, à medida que a criança se desenvolve, ela procurará, em muitos casos, outros estímulos, tornando-se assim num indivíduo com TDAH do tipo hiperatividade/ impulsividade dominante. Para além disto, problemas no nascimento do bebé, como um parto prematuro (por exemplo) também podem ser uma causa do surgimento deste transtorno nos indivíduos.

Web grafia:

- https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-desenvolvimento/transtorno-ded%C3%A9ficit-de-aten%C3%A7%C3%A3o-hiperatividade-tda-tdah (23/02/2023)

- https://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/ (23/02/2023)

-https://dda-deficitdeatencao.com.br/tdah-sintomas/sintomas-tdah-tipo-desatento-distraido.html (23/02/2023)

- https://institutoneurosaber.com.br/sintomas-principais-do-tdah-tipo-hiperativo-impulsivo/ (23/02/2023)

https://covidografia.pt/news/adhd-statistics-2021 (27/02/2023)

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/entre-5-e-8-da-populacao-mundial-apresenta-transtorno-de-deficit-deatencao-com-hiperatividade (27/02/2023)

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100019 (27/02/2023)

https://blog.ieac.net.br/dados-estatisticos-do-tdah/ (27/02/2023)

https://institutoneurosaber.com.br/sintomas-principais-do-tdah-tipo-hiperativo-impulsivo/ (10/03/2023)

https://institutoneurosaber.com.br/tdah-e-genetico/ (10/03/2023)

https://tdah.org.br/cientistas-identificam-genes-envolvidos-no-tdah/ (10/03/2023)

Transtorno obsessivo compulsivo

1- Em que consiste o transtorno obsessivo compulsivo?

O TOC é uma psicopatologia do grupo dos transtornos ansiosos. Caracteriza-se principalmente por preocupações em excesso, obsessões, pensamentos impróprios ou negativos, medos e hesitações, desconfortos, aflições, sentimento de culpa e até mesmo depressão.

Quais as causas para a origem deste transtorno?

Por enquanto, não há certezas em relação às verdadeiras causas do TOC, mas o que estudos indicam é a respeito do papel do cérebro na presença o transtorno. Segundo os especialistas, o TOC tem a sua base em desarranjos neurobiológicos, ou seja, alterações no funcionamento cerebral são as principais responsáveis por provocar os sintomas de TOC.

Com base em um estudo recente, realizado por cientistas nos Estados Unidos, por meio de ressonância magnética, foi possível mapear regiões do cérebro que se destacam em pacientes com TOC e diferenciá-las de pacientes sem o transtorno. Observaram um comportamento incomum na região do córtex cingulado anterior, região do cérebro associada ao controle cognitivo, nos pacientes com TOC.

Qual é o tratamento?

Esta psicopatologia não tem tratamento, pois é uma doença crónica, ou seja, o paciente terá de viver com a doença para toda a vida. Porém pode ser controlada com a ajuda do psicólogo e do médico psiquiatra que recomendará alguns medicamentos dos quais antidepressivos que, com efeito, inibirão o surgimento de pensamentos obsessivos.

2- Influências genéticas no comportamento:

A psiquiatria genética procura entender como fatores biológicos e ambientais interagem para causar um transtorno psiquiátrico específico. Os modelos de estudos de genética humana utilizados para avaliar fatores que causam os transtornos psiquiátricos são divididos em dois grupos: genético-epidemiológico e genético-molecular.

a) Genético-epidemiológica: a psiquiatria genético-epidemiológica é uma ciência que estuda as causas, distribuições e controlo de doenças em grupos familiares e com as causas genéticas de doenças nas populações. A epidemiologia genética utiliza como método o estudo de famílias, de gémeos, de adoção ou de análises de segregação.

b) Estudo de famílias: utilizam o desenho epidemiológico do tipo caso-controlo. Assim, verifica-se a frequência do transtorno investigado em familiares de portadores do fenótipo (probandos caso) e compara-se à frequência desse mesmo transtorno em familiares de indivíduos que não apresentem o quadro (probandos controle). Se a frequência do fenótipo estudado for relativamente maior no grupo de parentes dos indivíduos portadores desse fenótipo, pode-se afirmar que ele apresenta carácter familiar.

c) Estudo dos gémeos: comparam a concordância para determinado fenótipo entre gémeos monozigóticos, com a concordância observada entre gémeos dizigóticos. Este tipo de estudo parte do pressuposto de que gémeos monozigóticos e dizigóticos sofrem influência ambiental parecida, contudo os monozigóticos compartilham 100% da carga genética, enquanto os dizigóticos compartilham cerca de 50%. Desse modo, em fenótipos mais influenciados pelo ambiente, as taxas de concordância entre monozigóticos e dizigóticos seriam semelhantes, ao passo que em fenótipos mais influenciados pelo componente genético a taxa de concordância nos monozigóticos seria maior que nos dizigóticos. Além disso, as investigações com gémeos permitem também estimar o tamanho do efeito genético na determinação do fenótipo estudado.

d) Estudos de adoção: permitem maior separação entre fatores genéticos e ambientais na origem de um transtorno, uma vez que as crianças não compartilham do ambiente doméstico com os seus pais biológicos. A sua principal limitação é que os lares que adotam não representam ambientes de maior risco (por exemplo, ambientes de pobreza extrema). Normalmente os estudos de adoção avaliam a história de transtornos mentais na família biológica e relacionam com fatores psicossociais protetores ou de risco presentes na família adotiva. Até onde se conhece, não existem estudos de adoção no TOC.

e) Análise de segregação: avalia-se a transmissão do fenótipo estudado, ao longo das gerações, nas famílias, pode ser explicada por algum modelo genético mendeliano. Alguns dos modelos genéticos avaliados por análises de segregação são: não transmissão; autossómico dominante; autossómico recessivo; poligâmico (vários genes de pequeno efeito); multifatorial (vários genes de pequeno efeito somados à influência ambiental) e misto. O modelo de transmissão mais aceite para o TOC é o modelo misto ou complexo, que envolve a influência de diversos genes de pequeno efeito em interação com o ambiente.

f) Genético-molecular: diversos estudos em epidemiologia genética foram concordantes em afirmar que o TOC é um transtorno familiar. Com o uso de técnicas cada vez mais modernas de biologia molecular, houve o interesse crescente em identificar quais seriam os genes envolvidos na fisiopatologia desse transtorno. A maior parte dos estudos genéticos no TOC busca avaliar a sua associação com genes relacionados a circuitos cerebrais que fazem parte dos mecanismos fisiopatológicos do quadro.

3- Caracterização dos elementos estruturais do sistema nervoso e do cérebro humano:

O transtorno obsessivo compulsivo afeta uma área específica do cérebro que, quando exposta a algum tipo de ansiedade pelo individuo, reage e o individuo tem ou uma obsessão ou uma compulsão ou ambos.

a) Obsessões:

Obsessões são ideias, pensamentos e impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos que surgem de maneira repetitiva. Geralmente, eles vêm acompanhados de um sentimento de medo e culpa por serem inapropriados aos momentos. Por exemplo limpeza e higiene exagerada, obsessão com a simetria dos objetos, excesso de cuidados pessoais, fazer várias coleções de objetos.

b) Compulsões:

Esta doença psicopatológica influência o doente com compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações ou atos mentais que a pessoa se sente forçada a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões. Por exemplo, lavar as mãos várias vezes, repetição de rituais ao andar na rua, como evitar pisar rachaduras ou verificar muitas vezes se a porta está trancada.

4- Relação entre o cérebro humano e a sua capacidade de adaptação:

O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação ao mundo graças à possibilidade que o cérebro tem de moldar-se mediante diferentes demandas do quotidiano, de modo que, tudo o que experienciamos é capaz de alterar os circuitos neurais já estabelecidos Dado isto, os indivíduos que sofrem desta doença conseguem conviver com ela, pois adaptam-se e desenvolvem técnicas para contrariarem esta condição não sendo tão afetados por ela.

5- Sintomas do TOC:

a) Higienização em excesso;

b) Contagem compulsiva;

c) Organização de coisas de forma precisa;

d) Necessidade de verificação;

e) Pensamento Indesejados;

f) Pensamento mágico;

g) Agressividade;

h) Excitação.

https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/distúrbios-de-saúde-mental/transtorno-obsessivo-compulsivo-e-distúrbios-relacionados/transtornoobsessivo-compulsivo

https://www.scielo.br/j/rpc/a/3gDCKpScCFBPQDGnvdZWqfr/?format=pdf&lang=pt

https://www.boaconsulta.com/blog/o-que-acontece-com-o-cerebro-de-uma-pessoa-com-toc/

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