Apostila HCC Acre 2023

Apostila de Capoeira

Professor Modelo - Rio Branco / AC Atualização 2023

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ASSOCIAÇÃO HERANÇA CULTURAL CAPOEIRA A Associação Herança Cultural Capoeira, fundada em 04/04/1990 por Mestre Catitu, configura-se como instituição voltada para o trabalho sócio - pedagógico esportivo e cultural, que tem como meta a formação de seus integrantes, atuando assim em todas as camadas sociais, preocupada em colocar nossa arte no mais elevado patamar, mostrando o quanto ela é valiosa nos seus aspectos culturais, de arte e luta.

Preocupamos-nos em aprender, desenvolver e aprimorar a cada dia que passa nossos estudos e práticas, para que possamos mostrar a sociedade o melhor. Jamais esquecer o que os grandes mestres nos deixaram, preservando assim os fundamentos e as tradições da capoeira angola e regional, tendo como objetivo principal desenvolver, resgatar e manter viva nossa arte capoeira.

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ASSOCIAÇÃO HERANÇA CULTURAL CAPOEIRA FILOSOFIA Ÿ Entidade que busca: Ÿ O bem estar social do indivíduo; Ÿ O resgate do valor pessoal e cultural do velho mestre; Ÿ Formar bons profissionais com alto nível técnico e teórico (treinar, respeitar, aperfeiçoar e se profissionalizar); Ÿ Não esquecer que a capoeira para nos é luta, cultura, arte, esporte e educação; Ÿ Preservar os movimentos básicos e suas nomenclaturas; Ÿ Ter a musicalidade como fonte de inspiração, preservar os fundamentos da bateria do grupo, fazendo com que ela seja a mais Ÿ Ÿ

perfeita possível para que transmita a energia necessária aos jogadores; Preservar a integridade física de cada um (principalmente dos integrantes do grupo); Respeitar e valorizar os mais graduados, principalmente professores contramestres e mestres.

OBJETIVOS Ÿ Apresentar a capoeira como recurso para a integração social do indivíduo; Ÿ Mostrar a importância da prática da capoeira e seu desempenho, como fator e fonte inesgotável de conhecimento; Ÿ Acolher como proposta a integração entre, aprendizagem, valorização, união e divulgação da nossa arte; Ÿ Levar os alunos a adotarem atitudes de respeito mútuo, dignidade, cooperação e solidariedade, afastando qualquer prática de Ÿ

violência; Desenvolver uma capoeira de alto nível, com padrão competitivo.

FUNDAMENTOS E TRADIÇÕES Tomar sempre atitudes de respeito com os Mestres;

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ESTADOS BRASILEIROS ONDE SE ENCONTRA FILIAL HCC (2023):

PAISES ONDE SE ENCONTRA FILIAL HCC (2023):

01. SÃO PAULO 02. MINAS GERAIS 03. RIO GRANDE DO SUL

01. BRASIL 02. JAPÃO 03. MÉXICO

04. SANTA CATARINA 05. MATO GROSSO DO SUL

04. COLOMBIA 05. INGLATERRA

06. ESPIRITO SANTO

06. ANGOLA

07. CEARÁ 08. ACRE

07. ESTADOS UNIDOS 08. IRLANDA 09. FRANÇA 10. PORTUGAL

09. MARANHÃO 10. BAHIA

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MESTRES

MESTRE ESPANTO CORDA BRANCA (MESTRE CONSELHEIRO)

MESTRE CATITU (PRESIDENTE FUNDADOR) CORDA PRETA E BRANCA (MESTRE INTERMEDIÁRIO)

MESTRA MARA (VICE-PRESIDENTE) CORDA PRETA E BRANCA (MESTRA INTERMEDIÁRIA)

MESTRE CANELA CORDA PRETA E BRANCA (MESTRE INTERMEDIÁRIO)

MESTRE MI CORDA PRETA E BRANCA (MESTRE INTERMEDIÁRIO)

MESTRE LAGARTIXA CORDA PRETA

MESTRE CINZANO CORDA PRETA

MESTRE TYSON CORDA PRETA

MESTRE CEARÁ CORDA PRETA

MESTRE BATATA CORDA PRETA

MESTRE KICOBRA CORDA PRETA

MESTRA DIDI CORDA PRETA

MESTRA JURITY CORDA PRETA

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CONTRAMESTRES

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RENILDO ONOFRE DOS SANTOS - MESTRE ESPANTO Nascido em Belmonte- BA em 20/03/1954, seu apelido na capoeira como Espanto, surgiu porque na época usava o cabelo Black Power.

Em 1977 aos 23 anos iniciou a capoeira em Guarulhos na academia Cinamar do Mestre Benedito Gonzaga Gomes ( Mestre Lobo), em 17/12/1983 recebeu o Diploma de mestre de capoeira.

Em 13/01/1983, Mestre Espanto e Mestre Peixe, que eram irmãos de academia, fundam academia de capoeira Quilombo dos Palmares, aonde formam vários atletas entre eles com maior destaque Carlos Alberto Lanatovitz, conhecido mundialmente na Capoeira como Mestre Catitu.

Em 15/04/1989, Mestre espanto funda a sua academia de capoeira Netos da Cinamar.

Depois teve a honra de ser convidado pelo seu aluno mestre Catitu para fazer parte do seu Grupo Guerreiro de Zumbi, hoje Herança Cultural, com o título mais alto da nossa escola, Mestre Conselheiro, corda Branca.

Mestre espanto também foi Presidente da liga Guarulhense de capoeira, realizou vários curso de capoeira na Federação.

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CARLOS ALBERTO LANATOVITZ - MESTRE CATITU Carlos Alberto Lanatovitz, nascido em Guarulhos - São Paulo, conhecido na capoeira como Mestre Catitu ( porco do mato ), apelido este dado pelo Mestre Peixe devido quando criança seu cabelo ser avermelhado e arrepiado.

Conheceu a capoeira em 1976 por intermédio de seu irmão mais velho, em 1980 começou a treinar e posteriormente em 1982 matriculou-se na academia dos Mestres Espanto e Peixe onde se formou professor.

A pedido de vários capoeiristas da época, por ter uma boa didática em ministrar aula, em 1991 montou seu próprio trabalho fundando a Associação Desportiva e Cultural Guerreiros de Zumbi, mais tarde sentiu a necessidade de uma reformulação em seu trabalho passando então o grupo a se chamar Herança Cultural Capoeira.

Mestre Catitu sempre se integrou no sentido de desenvolver e aprimorar seus conhecimentos junto à capoeira e seus seguimentos, participando assim de cursos, encontros, manifestações culturais e competições.

Mestre Catitu se consagrou vice-campeão brasileiro, tri-campeão paulista, tetra-campeão Guarulhense, destaque técnico de competição, foi escolhido para representar São Paulo no encontro mundial de capoeira no Rio de Janeiro em 1991.

Hoje Mestre Catitu se preocupa em contribuir para que nossa arte cresça e se prolifere cada vez mais.

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SIOMARA SOUSA SANTOS - MESTRA MARA Nascida em 12/04/1970 na cidade de Santa Cruz da Vitória/BA, iniciou a capoeira aos 12 anos de idade na cidade Guarulhos/SP, através de seu irmão Mestre Chuveiro, no inicio praticava somente em casa, mas depois ingressou em uma academia que seu irmão abriu no bairro em que moravam.

Praticante de outras modalidades esportivas, identificou-se com a capoeira logo que iniciou. Durante sua trajetória como atleta consagrou-se Tetra Campeã Guarulhense, Campeã Paulista e Brasileira na modalidade. Ministrou aulas de capoeira na ACM, em diversas academias e projetos espalhados na cidade de Guarulhos.

Em 2001 formou-se no Curso de Licenciatura e Bacharel em Educação Física na FIG, dando continuidade a sua instrução com diversos cursos na área.

Já esteve presente em países como: Japão, Itália, Singapura, México, Colômbia e USA representando a capoeira e nossa cultura brasileira.

Atualmente trabalha na Fábrica de Culturas (São Paulo/SP), no Projeto Acreditar (Guarulhos/SP) coordenado pelo Colégio Nossa Senhora das Dores e no Colégio Parthenon (Guarulhos/SP). Atuou em vários eventos realizados pela Liga Guarulhense de Capoeira como árbitra, ritmista e mesária.

Organizadora e realizadora dos eventos: Ginga Criança, Encontros Femininos de Capoeira, Campeonato Adulto de Capoeira, Copa Internacional de Capoeira, Encontro Internacional de Capoeira da Associação Herança Cultural Capoeira.

Foi reconhecida Mestra (corda preta) em 2007 e Mestra Intermediária (corda preta e branca) em 2017.

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ÁTILA AMARAL SANTOS - PROFESSOR MODELO Natural da cidade de Guarulhos/SP, nascido no dia 01/06/1985, conheceu a capoeira em 1998, aos 13 anos de idade em uma viagem para Porto Seguro, na Bahia. Logo que chegou da viagem se matriculou nas aulas de capoeira com o Professor Peróba, na época na Academia Guerreiros de Bimba. Pegou gosto pelo esporte e treinava em diversos projetos sociais acompanhando seu professor.

Em 2005, por motivo de mudança do Professor Peróba para outro estado, passou a treinar na Associação Herança Cultural Capoeira com o Mestre Catitu, onde cumpriu as etapas de aluno, graduado, instrutor e atualmente professor, seguindo o sistema de graduação do grupo.

Dentro do grupo sempre teve uma participação ativa em todas as atividades culturais e esportivas propostas, presente em quase todas as apresentações e competições. Aluno aplicado, aprendeu muito com Mestre Catitu e os demais mestres do grupo, e sempre que possível compartilhava este conhecimento com os colegas mais novos. Adquiriu experiência acompanhando e ajudando os colegas mais velhos que já davam aulas em outros núcleos do grupo.

Em 2017, com a graduação de Instrutor, aceitou o desafio de coordenar seu próprio projeto social, com o nome de ‘’Capoeira no Batuara’’, em parceria com a Casa de Caridade Batuara, na região do Cocaia, periferia de Guarulhos.

Mudou-se em 2020 para a cidade de Rio Branco, no Acre, representando o Herança Cultural Capoeira no Estado, onde mantém o projeto social ‘’Capoeira Esperança’’, dando aulas de capoeira voluntariamente na Associação de Moradores do Conjunto Esperança 1 e 2.

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SISTEMA DE GRADUAÇÃO Aluno

Graduado

(INFANTIL) - ATÉ 5 ANOS

Instrutor

Professor

Contramestre

Mestre

(INFANTOJUVENIL) - 6 A 15 ANOS

Mestre Conselheiro

Estagiando

Nosso sistema de graduação se baseia no desenvolvimento da vida, como uma arvore da semente ao fruto.

CRUA: Semente VERDE: Broto AMARELO: Iniciação do Amadurecimento LARANJA: Amadurecimento AZUL: Flor ROXO: Fruto MARROM: Simboliza A TERRA, onde tudo foi plantado PRETA: Simboliza a Cultura Afro-Brasileira (O negro) - Homenagem à Zumbi dos Palmares BRANCA: Simboliza a sabedoria na Arte da Capoeira CRUA E MARROM CLARO (ESTAGIANDO): CRUA significa a iniciação e a MARROM o grupo, o pergaminho.

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BATERIA Bateria é o nome dado ao conjunto de instrumentos utilizados na roda de capoeira.

Preservar sempre o berimbau gunga e o atabaque; Bateria da esquerda para a direita: pandeiro, berimbaus viola, médio, gunga, atabaque, pandeiro e agogô, tendo como opção a charanga de Mestre Bimba: um berimbau médio e dois pandeiros. Ÿ A bateria da Associação Herança Cultural é composta por três berimbaus de cor natural envernizados, dois pandeiros de couro de cabra e um atabaque de couro de boi, trançado em corda com afinação em cunha. Ÿ Ÿ

NOTAS DO BERIMBAU TCHI Batida da baqueta em cima

com o dobrão encostado de leve no arame

TIM

Batida da baqueta em cima com o dobrão pressionado no arame

TOM Batida da baqueta em baixo sem o dobrão no arame

TOQUES DO BERIMBAU ANGOLA TCHI TCHI TOM TIM SÃO BENTO PEQUENO DE ANGOLA TCHI TCHI TIM TOM SÃO BENTO GRANDE DE ANGOLA TCHI TCHI TIM TOM TOM SÃO BENTO GRANDE DA REGIONAL TCHI TCHI TOM TOM TIM BANGUELA DOBRADA TCHI TOM TIM TIM CAVALARIA TCHI TCHI TOM TIM

TOM

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UNIFORME Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ

CONSISTE EM: Calca branca de helanca, com 08 passantes na cintura, costura externa rebatida, reforço no fundo (gancho ou cavalo) e bainha na altura do tornozelo; Camiseta de malha branca de algodão, com o logotipo grande na frente e atrás, contendo atrás o nome do professor e cidade onde ministra aula; A corda é usada em duas voltas, atada na cintura do lado esquerdo do corpo com o nó boca de lobo e nas suas pontas é feito o nó de rosas que ficará na altura do joelho; O nó boca de lobo é feito para trás, atrás do passante do lado esquerdo do corpo; A corda quando amarrada, nas cores mescladas, deverá ficar para cima a cor da próxima graduação; A corda será de 08 milímetros para crianças e de 10 milímetros para os adultos; A camiseta quando fora da calça, devera não cobrir o logotipo do grupo na calça, neste caso a camiseta deverá ficar para dentro da calça; O logotipo oficial, de forma alguma poderá sofrer alterações, de cores e formas; O uniforme é fornecido em único local, pra assim ter padrão e uniformização do grupo; As camisetas de evento poderão ser elaboradas e confeccionadas livremente, desde que levem sempre em alguma parte o símbolo do grupo; Logo de patrocinadores são permitidos, desde que não atrapalhem o logotipo do grupo; Nas rodas de rua, não é necessário ir totalmente uniformizados, mas sempre com uma das peças do grupo, seja camiseta de evento ou calça de passeio; Em treinos ou rodas só será permitida a retirada da camiseta, mediante autorização do mestre ou de quem estiver comandando, se o mestre tirar não é necessário precisa perguntar, pois automaticamente poderão tirar se assim desejarem; As camisetas de eventos poderão ser usadas em dias de treinos e rodas de rua. Nas rodas oficiais e apresentações não será permitido o uso das mesmas, todos deverão usar somente o uniforme oficial, padrão branco.

RIO BRANCO - AC PROFESSOR MODELO

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NOMES DOS PRINCIPAIS MOVIMENTOS Esquivas Ginga Pêndulo Fintas Nega a Nega a da Regional Roles Queda de 03 e de 04 Recuada Paralela Lateral Resistência Ginga baixa Cavalo Cocorinha Bote

Desequilibrantes Rasteira em Pé Rasteira de chão Rasteira de Mão Rasteira Costa Passa pé Banda de Frente Banda de Costas Banda Traçada Balão Crucifixo Arrastão Boca de Calça Tesoura de Frente Tesoura de Costas Vinga va

Diretos e de Linha Bênção Martelo Chapa Ponteira Esporão Joelhada

Semi - Giratórios Queixada na Pararela Queixada Direta Meia Lua de Frente

Giratórios Martelo Passante Armada Meia Lua de Compasso Rabo de Arraia Parafuso Chapa Giratória

Movimentos de Mão Escala Galopante Godeme Desprezo Leque Forquilha Asfixiante Cu lada

Au Normal Fechado com uma perna Sapinho De coluna De frente Na queda de rins De cabeça Com uma mão Sem as mãos Agulha Chibata Helicóptero

Outros Macaco Pião de mão Pião de cabeça Queda de rins Corta capim Bico de Papagaio Flip Salto Mortal Arco-íris Pirulito

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A CAPOEIRA Raízes africanas A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão de obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.

No Brasil Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros.

Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.

Três estilos da capoeira A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional, criado por Mestre Bimba, caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos.

Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade. Porém é importante ressaltar que capoeira é uma só, a Capoeira de Angola, considerada a mãe dos outros estilos e mais próxima da capoeira jogada pelos escravos africanos.

Você sabia?

- Em 26 de novembro de 2014, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), declarou a roda de capoeira como sendo um patrimônio imaterial da humanidade. De acordo com a organização, a capoeira representa a luta e resistência dos negros brasileiros contra a escravidão durante os períodos colonial e imperial de nossa história.

- É comemorado em 3 de agosto o Dia do Capoeirista.

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HISTÓRIA DOS INSTRUMENTOS USADOS NA CAPOEIRA

BERIMBAU Sua origem se perde na poeira dos milênios, porque o instrumento nada mais é que um modelo de arco, um dos primeiros instrumentos usados pelo homem para produzir sons, há quase 20 mil anos. A grande dúvida dos estudiosos, até hoje sem resposta, é se foi o arco usado para atirar flechas que deu origem ao arco musical – tataravô do berimbau – ou se ocorreu o contrário. Seja como for, o instrumento ganhou a forma que tem hoje entre as antigas tribos nativas africanas. Tudo indica que ele teria chegado ao Brasil já em 1538, junto com os primeiros escravos. Aqui, ele passou a ser identificado como elemento típico da capoeira.

Na África, ele marca presença como acompanhamento musical de rituais fúnebres – e no Brasil também foi usado, no século XIX, por escravos recém-libertados para atrair compradores para os doces que vendiam nas ruas. Apesar do jeitão de objeto improvisado, o berimbau é um instrumento sofisticado, capaz de emitir várias sonoridades. Numa roda de capoeira autêntica, ele costuma aparecer em trio (gunga, médio e viola), cada um com um diferente tamanho de cabaça (sua caixa de ressonância).

Quanto maior ela for, mais grave é o som.

ATABAQUE Instrumento de origem árabe, que foi introduzido na África por mercadores que entravam no continente através dos países do norte, como o Egito. É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico- cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado. É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que acompanha o solo do berimbau.

PANDEIRO Instrumento de percussão, de origem indiana, feito de couro de cabra e madeira, de forma arredondada, foi introduzido no Brasil pelos portugueses, que o usavam para acompanhar as procissões religiosas que faziam. É o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do caxixi do berimbau, dando "molejo" ao som da roda. Ao tocador de pandeiro é permitido executar floreios e viradas para enfeitar a música.

AGOGO Instrumento de origem africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um cone metálico em cada uma das pontas, estes cones são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um ferrinho que é batido nos cones. Também faz parte da "BATERIA" da roda de capoeira Angola na Bahia. Atualmente o agogo usado nas rodas de capoeira contemporânea, é feito de castanha do Pará.

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MESTRE BIMBA Manoel dos Reis Machado nasceu no Engenho Velho de Brotas, em Salvador, no dia 23 de novembro de 1900. O apelido Bimba é fruto de uma aposta entre sua mãe e a parteira, sobre qual seria o sexo da criança. “Ganhei a aposta, o cabra tem bimba e cacho”, teria dito a parteira na hora do nascimento.

O início na capoeira se deu aos 12 anos de idade, no aprendizado do batuque, luta considerada como uma das matrizes da capoeira.

Seu primeiro mestre foi o africano Bentinho, capitão da Companhia de Navegação Baiana. Aos 18 anos, começou a dar aulas e, aos 27 anos, já era conhecido como Mestre Bimba. Além de capoeirista, foi carvoeiro, trapicheiro, carpinteiro e doqueiro (trabalhou em docas).

MESTRE BIMBA CRIA A CAPOEIRA REGIONAL O sentimento de que a capoeira estava perdendo suas características de luta, com golpes estilizados feitos na intenção de empolgar os espectadores, é apontado como o principal motivo que levou Bimba a desenvolver uma variante da capoeira tradicional, denominada Angola.

“Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”, disse Bimba, conforme relatado no livro A saga do mestre Bimba, de Raimundo Cesar Alves.

Ao longo dos anos, o baiano transformou a capoeira numa luta com método de ensino próprio, criando rituais como o batizado, a formatura e a especialização.

A capoeira era trabalhada em duas vertentes: como luta de defesa pessoal e como manifestação cultural e artística.

“Com a Capoeira Regional, Mestre Bimba suscitou uma nova abordagem expansionista e pedagógica da capoeira: subiu no ringue, realizou apresentações, montou academia, estabeleceu aulas regulares, lições, turmas de alunos com horários preestabelecidos e uma metodologia do ensino através das sequências e jogos diferenciados”, diz Hélio Campos (Mestre Xaréu), no livro Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba.

As variações musicais do berimbau ditam o ritmo, o tipo de jogo que será feito na roda. Na capoeira regional, isso acontece por meio de sete toques criados por Mestre Bimba. São eles: São Bento Grande, Santa Maria, Banguela, Amazonas, Cavalaria, Idalina e Iúna.

CAPOEIRA: DE RENEGADA A ESPORTE NACIONAL Antes de Bimba, a capoeira era ilegal e discriminada como “coisa de malandro” e de escravo “fujão”.

Na década de 1930, Getúlio Vargas, em busca de apoio popular, passou a permitir a prática, apenas em ambientes fechados e com alvará da polícia.

Assim, em 1932, Mestre Bimba fundou sua primeira academia no bairro do Engenho Velho de Brotas. Essa foi, oficialmente, a primeira academia de capoeira a ter um alvará de funcionamento, datado de 1937, registrada com o nome de Centro de Cultura Física Regional.

Mestre Bimba desafiou lutadores e não se soube de alguma ocasião em que tenha sido derrotado.

Levou seu grupo a diversas cidades brasileiras, apresentando a capoeira baiana. Em 1949, por exemplo, realizou em São Paulo uma série de lutas, com atletas de outras modalidades.

Em 1953, fez uma apresentação para o então presidente Getúlio Vargas, que estava de passagem por Salvador. Na ocasião, Vargas afirmou que “a capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”.

Na apresentação, o grupo de Bimba era formado por duas alas. A da percussão, com dois pandeiros e um berimbau – instrumento símbolo da capoeira e da Bahia –; e a dos capoeiristas, que se revezavam de dois em dois, com movimentos e coreografias encenando os golpes.

A capoeira foi oficializada como prática esportiva pelo Conselho Nacional de Desportos apenas em 1972.

MESTRE BIMBA: REPRESENTANTE DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA Em 1973, Mestre Bimba deixou a Bahia rumo a Goiânia, por motivos financeiros e por ter considerado que os “poderes públicos” não o teriam dado o devido valor.

Um ano depois, em 5 de fevereiro de 1974, ele faleceu na capital goiana, vítima de um derrame cerebral, aos 73 anos.

Seus familiares dizem que ele morreu por tristeza, de “banzo” – doença da nostalgia e saudade que acometia os negros escravizados.

Mestre Bimba contribuiu para a difusão de manifestações culturais da Bahia, como o samba de roda e o maculelê.

Deixou como herança a profissionalização, a metodologia e o respeito da sociedade pela capoeira.

Por influência dele e de seus discípulos, a capoeira conquistou o Brasil e é praticada em diversos países do mundo.

Em 1996, em uma homenagem póstuma, Mestre Bimba recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.

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MESTRE PASTINHA Vicente Ferreira Pastinha, Mestre Pastinha nasceu 5 abril de 1889 em Salvador da Bahia. Filho de um espanhol e uma mãe africana.

Com idade ainda pequena, Mestre Pastinha descobre a Capoeira em 1899, pelo motivo de moléstia e perseguição por um rapaz. Na janela de uma das casas de Salvador da Bahia, estava um velho homem africano que observou tudo que se passou na rua. Com o sucedido, o velho homem ofereceu-se a ensinar-lhe e defender-se do seu opositor.

MESTRE PASTINHA CONTA ASSIM SUA HISTÓRIA: Um dia, por uma janela estava um velho africano, assistindo minha luta com um rapaz que me incomodava sempre. Depois dessa disputa o velho viu-me chorar de fúria, chamou-me e disse-me; tu não podes brigar com esse moleque, ele é muito mais velho que você, invés de estar aί esperando o que fazer, vem a minha casa e vou ensinar-te uma coisa muito preciosa.

Então foi aprender com o Mestre Benedito ou Bentinho essa arte de lutar, crenças e rituais ligados a história da Capoeira.

Em 1901 Mestre Pastinha entrou na escola da Marinha e começou a ensinar Capoeira aos seus colegas até 1913.

Uma época complicada de praticar pois ela sofria represálias.

Em 1941 Mestre Pastinha recomeçou o seu ensinamento, com sabedoria, reflexão e capacidades próprias, evoluiu uma filosofia na Capoeira. Para o Mestre, a arte só não era uma luta mais sim uma arte de viver com seus próprios valores.

MESTRE PASTINHA O verdadeiro Capoeirista deve respeitar os seus valores em cada momento da vida. Muitos praticantes conservam os valores da Capoeira tradicional ou Capoeira Angola diferenciando a Capoeira Regional de Mestre Bimba, que também utilizou movimentos lentos e manhosos.

Em 1966, Mestre é convidado a participar em África no festival de Dakar, capital do Senegal, realizando uma exibição de Capoeira.

Em 1969 Mestre Pastinha perdeu definitivamente sua vista, mas continuo sua prática. Em 1971 Mestre Pastinha perde sua academia, facto esse que originou um enfraquecimento do Mestre, causando-lhe uma depressão. Em 13 novembro de 1981 morre Vicente Ferreira Pastinha aos 92 anos. Esquecido por todos, sozinho, desamparado, morre numa grande miséria. Para muitos mestres de Capoeira, Mestre Pastinha é considerado o Mestre dos Mestres.

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