Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 124

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ÍNDICE 33

n Reportagem de Capa

n Na Prática

42 • Dinheiro de plástico: quando vai melhorar?

34 • Exercício da criatividade 37 • Vem aí o e-social n Meio Ambiente

50 • Nova frota

n Conveniência

54 • Farmácias em postos: nova aposta n Entrevista

12 •

n Mercado

20 • Abastecimento, assunto recorrente 26 • Etanol: ainda sem perspectiva 30 • Mais uma vez além do PIB

Armando Castelar

Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV

19 • Paulo Miranda 04 • Virou Notícia

66 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

49 • Perguntas e Respostas

41 • Jurídico Deborah dos Anjos 57 • Conveniência Flavio Franceschetti

4TABELAS

33 • Roberto Fregonese

58 • Atuação Sindical

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

Novas obrigações tributárias Em dezembro de 2013, a Secretaria da Fazenda de São Paulo definiu nova sistemática para as obrigações tributárias internas e interestaduais de gasolina, diesel, etanol e biodiesel. O conjunto de normas estabelecido pelo Decreto nº 59.997, assinado pelo governador Geraldo Alckmin, foi definido com o objetivo de assegurar maior eficiência fiscal, simplificar processos e reforçar mecanismos de proteção à concorrência leal entre os agentes do mercado.

ciar na Fazenda paulista. Uma vez credenciadas, poderão efetuar o pagamento do ICMS por apuração mensal (e não a cada operação). O decreto simplifica também a apuração das distribuidoras de etanol hidratado não credenciadas no Fisco paulista. Tais empresas passam a recolher um percentual fixo de tributação por operação e, no final do mês, realizarão a apuração de eventuais diferenças, se houver.

Recolhimento Além disso, a Secretaria de Fazenda alterou a sistemática de recolhimento do ICMS nas operações entre as distribuidoras de etanol. Nas operações entre empresas do mesmo ramo de atividade, chamadas de congêneres, o lançamento do ICMS relativo a operações envolvendo etanol hidratado combustível fica diferido para o momento em que ocorrer a saída do produto para o

De olho na Economia

86,9%

Foi a queda do superávit da balança comercial brasileira do ano passado em relação a 2012. Apesar do saldo positivo de US$ 2,561 bilhões, foi o pior resultado desde 2001. As importações de combustíveis cresceram 15% e as exportações contábeis das plataformas de petróleo garantiram saldo de US$ 7,7 bilhões no ano.

Entre outras coisas, a medida estabelece o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) como base de cálculo do ICMS nas operações com gasolina e diesel, em substituição à Margem de Valor Agregado (MVA), e as normas devem entrar em vigor em 1º de março deste ano. A única exceção é a norma relativa ao diferimento nas operações com etanol hidratado realizadas entre distribuidoras, que começa a vigorar em 1º de fevereiro.

5,91%

Foi o resultado do IPCA de 2013, que ficou dentro da meta de inflação estipulada pelo governo ( até 6,5%). O resultado representa o nível mais alto de inflação nos últimos 10 anos. E poderia ter sido mais elevado, se houvesse aumento das tarifas de energia elétrica e passagens de ônibus.

9,9% Foi o crescimento da produção de

Stock

Concorrência leal

automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2013 na comparação com 2012, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar do recorde histórico (3,74 milhões de unidades produzidas), as vendas diminuíram 0,9% ante 2012. Arquivo

A Fazenda promoveu ainda uma readequação das regras de credenciamento da cadeia do etanol hidratado, que passaram a ser organizadas por ramo de atividade, destacando normas para usinas, distribuidoras e remetentes de outros estados. As usinas e distribuidoras de etanol de outros estados terão de se creden4 • Combustíveis & Conveniência

7,5%

Foi o percentual de crescimento das famílias endividadas no ano passado em relação a 2012, conforme divulgou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e de Turismo (CNC). As dívidas incluem cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado e financiamento de carro e de casa própria.


posto de combustível ou para o consumidor final. A medida mantém a MVA como critério para a base de cálculo do ICMS nas operações com etanol hidratado destinadas aos postos revendedores, mas estabelece o PMPF como piso para cálculo do ICMS nessas operações. O objetivo é proteger a concorrência leal no mercado por meio de uma trava para evitar eventual manipulação de preços, com vendas superfaturadas ou subfaturadas do produto, por ocasião do cálculo do imposto devido pela substituição tributária.

Substituição tributária Outro aspecto do decreto é a suspensão da condição de substituto tributário de distribuidoras de combustíveis por descumprimento das obrigações fiscais. Se constatada irregularidade do substituto tributário, a responsabilidade pelo pagamento do imposto, na cadeia do etanol hidratado, passa a ser da usina ou de outro estabelecimento que vender o produto para a distribuidora suspensa da condição de substituto tributário.

Biodiesel Entre as alterações estabelecidas pelo decreto, se destaca o diferimento do recolhimento do ICMS nas operações com biodiesel, que é misturado ao diesel fóssil na saída da refinaria. Pela regra antiga, o produto - ao ser tributado na saída da refinaria -, gerava necessidade de as distribuidoras solicitarem ressarcimento do imposto relativo à parcela de biodiesel utilizada na mistura.

Ping-Pong

Carlos Orlando da Silva

Superintendente de fiscalização da ANP Qual é a expectativa da ANP com a Resolução 44/13, que obriga o uso de lacres numerados e não repetidos nos caminhões-tanques, no combate a quadrilhas que adulteram combustíveis? A expectativa é de que a Resolução ANP 44/13 contribua fortemente no combate a esse tipo de irregularidade. No entanto, é essencial a participação do revendedor, mediante a conferência dos lacres com os registros constantes da documentação fiscal. Tem-se também a expectativa paralela de que a norma concorra na coibição das atividades perpetradas pelas distribuidoras conhecidas como “barrigas de aluguel”. A partir da Resolução 44/13, os frascos da amostra-testemunha serão fornecidos pela distribuidora. Quanto tempo o revendedor deverá guardar a amostra-testemunha? Como será feito o descarte dos vidros? A Resolução indica quais amostras deverão estar disponíveis no revendedor para apresentação à fiscalização, que são as correspondentes aos três últimos recebimentos de combustíveis anteriores à coleta da amostra-prova − critério esse que mitiga o acúmulo de embalagens no estabelecimento. O descarte das amostras de combustível, quando impróprio para uso, e dos frascos deve observar a legislação ambiental pertinente. Na operação FOB, quem garante as boas condições de higiene e limpeza do frasco da amostra-testemunha na hora da coleta na base de distribuição? Existe alguma garantia para o revendedor? Caberá à distribuidora garantir as perfeitas condições dos frascos para coleta da amostra-testemunha. Como parte diretamente interessada, o revendedor ou seu preposto deverá manter-se atento para verificar as condições. Qual é o procedimento, se houver demora do funcionário da distribuidora em fornecer a amostra-testemunha para a revenda? A Resolução não estabelece tempo-limite de espera pelo revendedor ou seu preposto nas operações de coleta. Dispõe que, imediatamente após o carregamento do caminhão-tanque, as amostras-testemunha deverão ser coletadas. Vencido o período de adequação de procedimentos para a operacionalização da coleta, para o que a norma (art. 15) concede prazo de 90 dias, contado da data de sua publicação no Diário Oficial da União, ocorrida em 20/11/13, e esgotadas tratativas entre o distribuidor e o revendedor, retardamentos injustificados no fornecimento da amostra-testemunha deverão ser comunicados formalmente, com a descrição do ocorrido, para a Superintendência de Fiscalização da ANP (Av. Rio Branco, 65, 14º andar - Centro - Rio de Janeiro) ou via CRC pelo fale conosco, via site da ANP (www. anp.gov.br).

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44 VIROU NOTÍCIA

Nova gasolina

Ainda tem fôlego Stock

A Petrobras investiu R$ 20,6 bilhões no programa para melhorar a qualidade da gasolina comum vendida no país, disponível no mercado desde 1º de janeiro. O montante foi utilizado na modernização do parque de refino e logística, incluindo a instalação de 21 novas unidades para a produção da gasolina S50 (50 ppm) em todas as refinarias. Agência Petrobras

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mantém o otimismo para 2014. Mesmo com o aumento do IPI (de 2% para 3%) para veículos em vigor desde janeiro, a entidade acredita que as vendas devem crescer 1,1%. Já no caso da produção, a estimativa é de alta de 0,7%, percentual bem abaixo do recorde histórico verificado em 2013, de 9,9%.

Atenção revendedor! A ANP definiu novos critérios para o quadro de aviso, uma das mudanças da Resolução 41/13. As dimensões e características do painel de preços não mudaram, são as mesmas constantes na antiga Portaria 116. Já o quadro de aviso, além de novas dimensões e características, deve estar localizado na mesma área das bombas medidoras, de modo visível e destacado, ou seja, na área da pista de abastecimento.

4 No campo “Horário e os dias semanais de

O prazo para os revendedores adequarem às mudanças vai até 05 de maio. Confira:

lica ou qualquer outro material a critério do revendedor

Quadro de Aviso (com mudanças) 4 Confecção em material rígido, plástico ou metálico; 4 Dimensões mínimas de 0,50m de largura por 0,70m de comprimento; 4 No campo Número da autorização para o exercício da atividade outorgada pela ANP – tipo da fonte: Arial Narrow Bold, tamanho 180; 4 Nos campos Razão Social, Nome Fantasia e CNPJ – tipo da fonte: Arial Narrow Bold, tamanho 70; 6 • Combustíveis & Conveniência

funcionamento do posto revendedor” e “Endereço” – tipo da fonte: Arial Narrow Bold, tamanho 50. Painel de Preços (sem mudanças) 4 Dimensões mínimas: de 0,95m de largura por 1,80m de altura; 4 Placa de polietileno de baixa densidade, chapa metávarejista, desde que seja garantida a qualidade das informações contidas no painel. Para qualquer material utilizado, adotar proteção ultravioleta; 4 Cor de fundo a critério do revendedor varejista, desde que haja contraste entre a cor do fundo e a cor das letras; 4 Família tipográfica que proporcione destaque visual com altura e espaçamento compatíveis com as dimensões do painel de preços; 4 Distância mínima de 15cm entre o texto e a borda do painel de preços.


S500 versus S10

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich Agência Petrobras

Petrobras 2014 O ano que terminou trouxe uma grande carga de revisões e reavaliações. Algumas até com exumação. O tão vilipendiado histórico, por amigos e inimigos, João Goulart foi exumado, reintegrado na história e reinumado.

O gerente de Relações Comerciais e Desenvolvimento de Produtos do Abastecimento da Petrobras, Frederico Kremer, disse que não há previsão para retirar o diesel S500 de comercialização. Segundo ele, a tendência é aumentar a demanda por S10. “Seguimos [produção] de acordo com o órgão ambiental. Porém, acreditamos que a demanda por S10 tende a ser crescente conforme novos veículos de motores Euro 5 entrem no mercado”, explica Kremer, acrescentando que, se o governo tivesse um programa de renovação de frota mais atuante, contribuiria para o declínio do consumo S500. Desde o início de sua comercialização, o diesel S10 representa cerca de 27% no volume comercializado nos postos BR, o que foi considerado um sucesso pela estatal.

A eficiência americana na exploração do petróleo de xisto afetou a Petrobras. De 2011 até o fim de 2013, as exportações da companhia brasileira para aquele país caíram de US$ 8,7 bilhões para US$ 3,4 bilhões, queda de 60%. Em 2005, os Estados Unidos importavam 60% do petróleo que consumiam, índice que chegou a 36% no ano passado. Segundo a Petrobras, este ano, as vendas ao mercado americano devem se manter no mesmo patamar do ano passado.

Para referir a minha vivida história farei o mesmo quanto a 64. Eu era muito jovem antes do triunfo da revolução. Somente vi Juscelino e Jango pessoalmente em duas ocasiões. Uma delas, juntos em um comício. Eram impressionantemente simpáticos. Eu nunca entendi a punição de ambos. Depostos, exilados e cassados. Acusados e sem julgamento, que eu lembre. Ou, pelo menos, sem um julgamento público quanto mereceram os mensaleiros. O costume era este. No caso mais recente, Collor foi deposto e cassado. Levado a julgamento, foi inocentado, sem deixar de cumprir seu castigo. Este último ano mostrou mudanças em nosso sistema. Aparentemente para melhor. Mas, o mais importante, é que isto me traz esperança quanto a outros seres “ainda” vivos. Refiro-me à Petrobras. Ainda não morreu. Não necessita de exumação e autópsia. Mas seriam muito bem-vindas reflexões, biópsias e tratamentos adequados para recuperá-la e para que ela retome sua grandeza e eficiência. Tem sido muito judiada. Exitosa e eficiente, em seu papel de abastecedora da nação, foi desviada de suas funções, usada indevidamente e vilipendiada desnecessariamente. Salvemos a Petrobras!

Agência Petrobras

Xisto

Juscelino Kubitschek também será objeto de reavaliação. Isto num mesmo momento em que vemos chegarem às portas do cárcere políticos acusados e julgados por corrupção. Bem-vindas e esperançosas mudanças. Os cubanos dividem a história em “antes y después del triunfo de la revolución”.

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CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de Conveniência: João Victor Renault Diretoria: Aldo Locatelli, Alírio José Gonçalves, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renault, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), Adriana Cardoso e Cláudia Guerreiro Capa: Alexandre Bersot Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

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Déja vú do setor Ano vai, ano vem e temos a sensação de termos vivido as mesmas situações. Déja vú (termo de origem francesa que significa já visto) define bem a estranha percepção de um fato que ocorre em determinado momento, possa ter sido vivenciado antes, como se fosse uma memória ou um sonho. Alguma vez na vida pode ter ocorrido com você, leitor. Como exemplo do dia a dia, cito os temporais de verão, que se alastraram por diversas cidades do país provocando enchentes, um verdadeiro caos para a população entre o final e o início de ano. Os políticos fazem promessas e anunciam medidas para solucionar a questão, mas todo ano a situação se repete. Quando entramos no cenário da revenda, entre os temas recorrentes do setor, nos deparamos com as altas taxas cobradas pelos cartões e as falhas no abastecimento. Apesar de o panorama parecer o mesmo, há algumas diferenças. Na matéria de Capa desta edição, nossa repórter Rosemeire Guidoni, coloca uma lente de aumento sobre o atual cenário de cartões (crédito, débito, cartão-frete e frotas), mostra as dificuldades da revenda em relação à administração dos cartões de frota e apresenta um prenúncio de mudanças, a partir da nova regulamentação do setor de cartões, pelo Banco Central, a inserção de novos meios de pagamento via celular e as novas parcerias, que visam oferecer taxas mais vantajosas à revenda. Na seção Mercado, nossa editora-assistente, Gisele de Oliveira, mostra as dificuldades de abastecimento, em diferentes pontos do país, entre o final de 2013 e início de 2014. A reportagem também apresenta as iniciativas da ANP e os investimentos das grandes distribuidoras em logística para melhorar a situação de abastecimento no Brasil. Outro destaque desta edição são os resultados de produção da região Centro-Sul do país em 2013. A repórter Adriana Cardoso apresenta um panorama do setor sucroenergético. Apesar da boa safra e dos números favoráveis, o etanol permanece sem competitividade frente à gasolina. Seu futuro continua fortemente vinculado à política de preços da Petrobras. Contamos ainda nesta edição com a colaboração de Cláudia Guerreiro, que destacou as iniciativas da revenda para manter a receita do posto, ao investir em promoções e fidelização de clientes. Trazemos na seção Entrevista deste mês, as perspectivas econômicas para este ano, a influência da Copa do Mundo e as eleições na vida dos brasileiros e na economia nacional. Para conversar sobre as diversas nuances da economia, contamos com a participação especial de Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV e professor do Instituto de Economia da UFRJ. Boa leitura! Mônica Serrano Editora



44 SINDICATOS FILIADOS ACRE José Magid Kassem Mastub Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Vilanildo Fernandes Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br

10 • Combustíveis & Conveniência

MARANHÃO Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3221-0762 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Volmir Ramos Xinaider Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente - Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com

PERNAMBUCO Fernando Cavalcanti Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249/Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Raimundo Fonseca, 57, Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com



44 Armando Castelar Pinheiro4Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV

Crescimento contido

Fotos: Somafoto/Claudio Ferreira

Por Mônica Serrano

12 • Combustíveis & Conveniência

Este ano ficará marcado na história do país por dois grandes eventos: Copa do Mundo e eleições. Ambos os acontecimentos vão marcar a vida dos brasileiros e terão impacto na economia como um todo. Em meio ao cenário econômico, a Copa e as eleições trarão aquecimento em alguns setores, mas, em contrapartida, o país sofrerá impacto de menos dias úteis. No segundo semestre, os brasileiros estarão voltados para a escolha de seus candidatos. Independente de quem ganhar as eleições, o Brasil deve passar por um grande ajuste econômico. De modo geral, não se espera melhora no crescimento da economia. Muito pelo contrário, a expectativa é que o país cresça menos do que o ano passado, em torno de 1,8% ante a projeção de 2,2% ou 2,3% de 2013. No cenário mundial há certa recuperação da crise internacional, mas Ásia e países emergentes seguem em ritmo desacelerado e a grande expectativa para este ano é o desenrolar da normalização dos Estados Unidos, que vão reduzir a quantidade de dólares em circulação e elevar o custo de financiamento de empresas e governos em países como o Brasil. A boa notícia vem do setor de combustíveis, que não deve passar por desaceleração. Estes e outros assuntos foram tema da entrevista exclusiva de Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/ FGV) e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para a Combustíveis & Conveniência, na sede do Ibre, no Rio de Janeiro.


Combustíveis & Conveniência: As vendas de Natal tiveram seu pior resultado em 2013, em 11 anos. Qual a sua análise a respeito da desaceleração do consumo no varejo? Armando Castelar Pinheiro: Tem dois fatores principais. O primeiro é que, apesar de o mercado de trabalho estar com taxa de desemprego baixa, o nível de emprego e rendimentos reais vem crescendo mais devagar do que vinha evoluindo anteriormente. Há também pessoas saindo da força de trabalho, juntando-se a isso um menor crescimento de emprego e rendimento. A segunda parte da explicação é que o crédito ao consumo também desacelerou, isso reflete no menor crescimento dos salários. Nesse contexto, as pessoas não estão vendo perspectiva de renda futura e os bancos estão preocupados com a inadimplência. Por outro lado, as pessoas estão se endividando para comprar moradia, então há uma certa canibalização do crédito habitacional em relação ao crédito ao consumo. Até novembro, descontada a inflação, o endividamento das famílias cresceu 10,6%. O endividamento para crédito imobiliário cresceu 27% e o crédito ao consumo 1,8%. Então, o endividamento, como um todo cresceu, mas ele foi totalmente puxado pelo crédito imobiliário. C&C: O que podemos esperar para o crescimento da economia brasileira este ano? ACP: Esse ano vai ser bastante difícil porque têm forças puxando a economia em direções diferentes. Do lado bom, temos a recuperação da economia mundial, particularmente da economia americana. A expectativa é de um

bom 2014 para o mercado externo, a própria Europa que vinha numa crise não vai ter nenhum crescimento espetacular, mas não vai ter nenhuma recessão. A Grécia, que era a grande ovelha negra, somou seis anos de queda do PIB, há perspectiva de que fique no zero a zero. A China vai seguir mais devagar. Em termos de nível de atividade global vai ser um ano bom. No mercado interno, as eleições e a Copa do Mundo são fatores pontuais este ano, mas tendem a puxar a economia para cima. A Copa tem um efeito ambíguo porque vamos ter menos dias úteis e setores, como indústria e comércio, vão sofrer mais. Por outro lado, o turista que vem ao Brasil vai gastar e o impacto será positivo para as companhias aéreas, hotelaria e turismo como um todo. Os governos, em vários níveis, vão gastar mais para apoiar seus candidatos, e os projetos que estavam em andamento serão entregues, essa é uma força que impulsiona. Tem uma série de coisas que pesam do lado negativo.

No aspecto financeiro, a Ásia e emergentes vão crescer mais devagar. O mercado de juros, tanto os juros que o Banco Central pratica, como os juros de longo prazo, estarão subindo. Os investimentos como um todo devem desacelerar. No ano passado foram vendidos muitos caminhões; neste ano não vai ser tanto e a produção vai dar uma segurada. Há também muita preocupação, no setor privado, sobre o desenrolar da normalização dos EUA, seu impacto no Brasil, e o que vai acontecer passadas as eleições. Também joga contra a massa de salários crescendo mais devagar, o crédito ao con-

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Além da euforia - riscos e lacunas do modelo brasileiro de desenvolvimento Autores: Fabio Giambiagi e Armando Castelar Pinheiro Editora: Campus Combustíveis & Conveniência • 13


44 Armando Castelar Pinheiro4Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV sumo deve ficar mais escasso, os próprios bancos públicos, que vinham expandindo o crédito, por conta do receio do rebaixamento do rating pelas agências de risco, deverão ficar mais contidos. O Brasil vai ter um crescimento mais fraco do que foi o ano passado. Nossa estimativa é que fique em 1,8% ante 2013, que deve ficar entre 2,2% e 2,3%. C&C: O atual panorama econômico pode definir o quadro eleitoral? ACP: A economia é um fator importante. Vimos no ano passado que as manifestações tiveram um componente forte de pressão. Naquela época, os alimentos e as tarifas de ônibus tinham aumentado de preço, então sempre pode influir, para mais ou para menos. O cenário

ter que aumentar o preço da gasolina, da conta de energia elétrica, reajustar as tarifas de energia e de ônibus. Ou seja, o governo vai ter que fazer um ajuste forte em suas contas para estabilizar a dívida pública. Já o cidadão comum, que olha o dia a dia, está razoavelmente satisfeito. Em geral, ele enxerga um desemprego baixo, salário crescendo e crédito disponível. A economia como está gera bem-estar à população, o que tende a beneficiar o governo. C&C: Em relação ao aspecto econômico, o que pode mudar este ano? ACP: O desemprego pode subir este ano, principalmente no comércio e na construção civil, que foram os grandes setores empregadores dos últimos anos.

A Copa do Mundo tem um efeito ambíguo porque vamos sofrer com menos dias úteis, terá muito feriado, os setores como indústria e comércio vão sofrer mais. Por outro lado, o turista que vem ao Brasil vai gastar e o impacto será positivo

hoje em dia é relativamente a favor do governo. Quem se preocupa com a economia são os economistas, pois enxergam um futuro mais distante. Eles veem uma inflação represada, contenção no preço dos combustíveis, gastos do governo para manter a tarifa de energia elétrica mais barata, tarifa de ônibus, ou seja, eles enxergam uma situação fiscal muito mais complicada do que foi há alguns anos. Em algum momento, o governo vai 14 • Combustíveis & Conveniência

O risco maior hoje, em termos de eleições, vem do processo de normalização da política monetária dos Estados Unidos. Se você tiver indicadores muito bons nos EUA, os juros vão subir lá. No Brasil, pode haver uma desvalorização do real mais forte. Com isso, o Banco Central será obrigado a subir os juros para conter o impacto sobre a inflação. O custo de financiamento das empresas sobe e a situação se complica. Isso pode dar uma travada mais forte na economia.

C&C: A presidente Dilma Rousseff é a favorita nas pesquisas de intenção de voto. Qual sua avaliação sobre o quadro eleitoral? Haveria algum risco para o Brasil se houver mudança de gestão? ACP: Ser a favorita reflete a visão da população, que olha o baixo desemprego, o salário que aumentou, a menos que isso mude na percepção do eleitor. A economia precisa de uma mudança, precisa de um ajuste forte nas contas públicas. Foi publicado no Valor Econômico que o vice-presidente da Moody’s (agência de classificação de risco, que avalia a sustentabilidade do grau de investimento do Brasil) disse que o Brasil, para estabilizar sua dívida e apresentar uma taxa de endividamento mais saudável, deveria entregar um superávit primário de 3% do PIB. Este ano, o governo vai entregar pouco mais de 1,5% do PIB. Então, podemos avaliar que haveria necessidade de um patamar mais elevado para equilibrar a dívida, dado o crescimento do país mais baixo e o aumento da taxa de juros. As pessoas não prestam atenção, mas, no final do ano passado, o Tesouro se financiava com IPCA mais 3,8% ao ano e hoje a situação é IPCA mais 6,3%, ou 6,5% ao ano. Isso mostra que o custo da dívida subiu muito. A dinâmica da dívida hoje é muito mais preocupante do que era há um ou dois anos. Acho que isso é um fator importante que não está sendo processado nas contas públicas. É o que está por trás do número de 3% do PIB (referente ao superávit primário). A grande expectativa é que passadas as eleições, o governo vai ter que reajustar o preço da gasolina, as tarifas de ônibus e de energia elétrica e desfazer as


isenções de impostos. Outra coisa que precisa mudar é ter uma política econômica que olhe a meta de inflação de 4,5%. Outro ponto de atenção é o déficit de conta corrente que está muito alto. O Banco Central americano estava imprimindo US$ 1 trilhão ao ano, e começou a diminuir o volume de impressão. Muito desse dinheiro impresso vinha para o Brasil, mas, agora, com a redução do dinheiro em circulação vai ser mais difícil financiar o déficit. O governo acabou com a saúde financeira da Petrobras e da Eletrobras e isso precisa ser corrigido. Os bancos públicos aumentaram muito o crédito nos últimos anos e há risco de inadimplência. De forma ampla, são várias coisas que precisam ser mudadas. Se a oposição for eleita haverá mais espaço para a mudança. A presidente Dilma é mais ideológica do que Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), considerados políticos mais pragmáticos. C&C: O senhor poderia explicar melhor. A ideologia da presidente é positiva ou negativa? ACP: A presidente já deixou claro que acredita nesse modelo de economia, por isso, acho mais fácil para a oposição, que não têm esse compromisso ideológico com o modelo adotado, realizar mudanças. Em caso de reeleição, as reformas vão acontecer, mas podem ocorrer no último minuto e sob pressão. Vai ter algum ajuste, mas a inflação deve permanecer alta e há a possibilidade de gerar mais desemprego para arrumar as contas. Por outro lado, a situação está cada vez mais difícil, o panorama mais óbvio vem das agências de rating (sobre o risco de o Brasil perder o grau de in-

vestimento) e, mesmo em caso de reeleição, se o Brasil não fizer um ajuste, vai perder o grau de investimento. Também se questiona: o que vai acontecer com a Petrobras? Até quando a estatal aguenta? A pergunta que se faz: qual é a magnitude do ajuste? Na visão majoritária do mercado, ganhe quem ganhar as eleições, a tendência é de haver um ajuste muito forte na economia em 2015. C&C: Qual é a expectativa para a inflação e taxa de juros? ACP: Sobre a inflação, nossa expectativa está em torno de 6%. É provável que tenha mais um aumento da gasolina, possivelmente, vai ser mais para frente, desde que esse reajuste fique no patamar de controle da inflação, abaixo de 6,5%. Com o mercado de trabalho não indo tão bem como foi o do ano passado, a inflação de serviço vai ter uma composição diferente. Em relação à taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, projetamos 10,5% até o final do ano. A Selic tem dois ou três papéis diferentes na economia. Os dois mais importantes no Brasil são via crédito e câmbio. Quando a taxa de juros sobe, o crédito bancário segue a alta, não apenas porque o custo dos bancos que captarem dinheiro segue a Selic, mas também porque aumenta o spread (diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram na concessão de crédito) pelo risco mais alto. O segundo canal é o cambial. Quando a Selic sobe, o país atrai investidores de fora para comprar títulos do governo federal do Brasil, e isso evita que o real se desvalorize muito. Existe a possibilidade

de o governo subir a Selic para segurar a desvalorização do real. C&C: A Petrobras reajustou o preço da gasolina e do diesel no final do ano passado. Mesmo assim, os valores não foram suficientes para compensar as perdas da estatal. O que podemos esperar do futuro? ACP: A Petrobras é uma grande empresa e vai ter uma grande ajuda este ano porque a produção de petróleo deve aumentar. Ela tem uma série de plataformas que começarão a operar este ano. Em algum momento, a refinaria Abreu e Lima pode começar a refinar; com isso, deve-se reduzir um pouco a necessidade de importação. Devido a situação da estatal, as obras do Comperj desaceleraram. De forma geral, a Petrobras tem segurado os investimentos. A pergunta que se faz é: passadas as eleições, Combustíveis & Conveniência • 15


44 Armando Castelar Pinheiro4Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV vai se tentar diminuir essa defasagem de preços? O cenário mais provável pode ser similar ao México, em que foram feitos aumentos, aos poucos, ao longo de três anos para repor a defasagem de preços. Outro cenário é fazer toda moldagem em um ano e depois seguir adiante com a situação ajustada, mas aí temos impacto forte na inflação. Em ambos os casos, quem vai sofrer é o consumidor. Em minha opinião, no caso da gasolina, não faz muito sentido ter subsídio. Todos os países que fizeram isso estão desajustados. As pessoas usam carros velhos e há mais transporte individual nas ruas porque a gasolina é barata. O preço mais baixo da gasolina não vai resolver o

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problema das contas externas porque o consumo é muito alto e estimula-se a importação, gerando um déficit nas contas externas. O subsídio atrapalha a vida da Petrobras e outro aspecto negativo é o trânsito nas ruas, prejudicando a mobilidade urbana. Não tem nenhum fator social que justifique o subsídio. Além disso, a gasolina é mais poluente e ainda acabou com a indústria do etanol. C&C: O senhor considera que o etanol possa recuperar sua competitividade? E o pacote que o governo lançou no ano passado para auxiliar a recuperação da produção com a isenção do PIS/ Cofins e o aumento das linhas de crédito do BNDES? ACP: Com o preço da gasolina, o setor de etanol sofreu muito. A indústria do etanol tem condição de se recuperar, mas lentamente. Primeiro, o preço tem que estar no patamar certo; depois, os empresários têm que ter disposição para investir. Só que as empresas estão descapitalizadas, elas precisam levantar recursos. Portanto, olhando no horizonte, acho que o etanol não vai se recuperar tão cedo. É preciso aumentar o preço da gasolina para aumentar a competitividade do etanol. Em relação ao pacote do governo, para o empresário, é muito melhor ter seu produto vendido a um preço justo do que receber ajuda do governo com subsídio do PIS/Cofins, que pode mudar a qualquer momento. O financiamento do BNDES também pode mudar de rumo, pode ir para infraestrutura, por exemplo. O governo capta dinheiro a taxas mais baixas para subsidiar o etanol, mas ele subsidia o

consumo com dinheiro público. Cria-se uma distorção aqui para segurar a inflação, o BNDES está sem dinheiro, o governo utiliza recursos do Tesouro e aumenta um pouco o preço do combustível. É muita coisa pendurada e não é o ideal. C&C: A balança comercial teve o pior resultado em 2013, desde 2001. Como o senhor avalia este desempenho? ACP: Primeiro caíram as exportações e aumentaram as importações de combustíveis; com isso, o saldo negativo de combustível subiu muito. Um pedaço menor do resultado da balança foi o impacto das importações de 2012, que o governo deixou para registrar em 2013, imaginando que, no ano passado, a balança comercial fosse melhorar, então o superávit ficou maior do que tinha que ser. Como o preço do combustível é subsidiado, o consumo de gasolina está muito alto e o principal problema foi que o preço muito baixo gerou importação e aumentou o déficit. Outro fato foi a forma como foram contabilizadas seis plataformas de petróleo. Elas estão em território brasileiro, mas foram contabilizadas como exportações porque foram vendidas e passaram a ser de propriedade externa. Dessa forma, a Petrobras passa a pagar aluguel pelas plataformas. Isso já tinha acontecido antes, mas nunca na magnitude de 2013. E aí teve um peso muito grande. Esse fato passou a ser criticado porque não houve uma exportação física, sendo um volume muito alto para os padrões históricos (somaram US$ 7,7 bilhões no ano).


Para este ano, a tendência da balança é melhorar. Projetamos US$ 10 bilhões de saldo até o fim de 2014. C&C: Na sua opinião, a cotação atual do dólar está sobre ou subvalorizada? O que seria bom para o país? ACP: O problema maior não é a cotação do câmbio, mas o fato de a desvalorização que já ocorreu no câmbio não ter sido repassada para o preço de itens importantes na cesta de consumo, por exemplo: ela não está refletida no preço da gasolina, nem do diesel. De forma mais ampla, a gente olha a série de preços de bens comercializados, que é tudo que se exporta ou importa, como remédio, comida, combustível, aviões, divididos pelos preços não comercializados, tais como advogado, médico etc. e vê que os preços desses serviços e bens não comercializáveis continuam a subir em termos relativos. Agora, a taxa de câmbio em si está no lugar errado? Difícil dizer isso com todas as distorções de preços dos combustíveis. Existe uma chance boa de o câmbio subir mais, por várias razões. Primeiro, o governo tem a visão de que deveria subir mais porque protege a indústria nacional; segundo, porque a normalização da política monetária nos Estados Unidos vai pressionar o câmbio. Como foi conduzida até dezembro passado, o Banco Central norte-americano não só mantinha (e mantém) juros excepcionalmente baixos, como imprimia dólares de US$ 1 trilhão por ano. Isso ajudou a enfraquecer o dólar e valorizar moedas, como o real. Agora, eles anunciaram que vão, gradativamente, reduzir a quantidade de dólares que imprimem até

interromperem essa política, possivelmente, no fim deste ano. Isso vai reduzir a quantidade de dólares em circulação e elevar o custo de financiamento de empresas e governos em países como o Brasil. O Banco Central (BC) vem atuando numa situação difícil, pois muita empresa captou dinheiro lá fora e não fez hedge (proteção). Depois dos problemas da crise de 2009, quando muitas empresas estavam expostas no mercado de opções, como foi o caso, por exemplo, da Sadia, que quebrou, a situação melhorou. Mas ainda assim, o Banco Central vem vendendo hedge cambial no mercado para aliviar a situação financeira das

se. No entanto, no final de 2013, mesmo com produção recorde de veículos, as vendas de veículos novos caíram 0,93% no ano passado. A GM demitiu em massa seus funcionários da planta de São José dos Campos e o governo liberou o aumento de IPI para carros populares. Tais fatores podem sinalizar uma contenção de crescimento no setor de combustíveis? ACP: Acho que o mercado de automóveis vai ter um ano mais difícil. Em 2013, o setor teve produção recorde, mas terminou o ano com estoques. As vendas vão dar uma arrefecida. Com menor consumo, o IPI está começando a voltar aos poucos e, além disso, em algum momento, as pessoas vão parar de trocar

Em caso de reeleição, as reformas vão acontecer, mas pode ser no último minuto e sob pressão. Vai ter algum ajuste, mas a inflação deve permanecer alta e há a possibilidade de gerar mais desemprego para arrumar as contas empresas expostas: as empresas compraram um derivativo que faz o BC pagar a variação do dólar na data e receber a variação dos juros. Essa foi a preocupação maior, então, o Banco Central teve esse papel também. A tendência para este ano é o real se desvalorizar. Isso vai ajudar a indústria, mas a grande questão é que, quando o dólar desvaloriza, isso bate na inflação. Além disso, claro, as pessoas ficam mais pobres. C&C: O mercado de combustíveis tem crescido a taxas acima do PIB nacional, até então, o setor não tinha sentido os efeitos da cri-

de carro. Mais importante para os combustíveis, porém, é as pessoas usarem os carros que têm, muito mais do que comprar carro novo. Os preços dos combustíveis continuarão favoráveis para quem usa. O mercado de combustíveis vai bem este ano, não vejo desaceleração. Mesmo em meio a uma economia mais fraca, que pode se refletir um pouco no transporte, devemos ter uma safra agrícola boa, mesmo que desacelere, mas a perspectiva é de alta de 4,5%, o que impacta no consumo de diesel pelo escoamento da safra. E a parte da gasolina continua com demanda aquecida. n Combustíveis & Conveniência • 17


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante os meses de dez/2013 e jan/2014:

DEZEMBRO 02 - Participação da Fecombustíveis em audiência pública da ANP sobre a regulamentação das especificações do óleo diesel de uso rodoviário e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional; 06 - Jantar de confraternização da Fecombustíveis, realizado no Rio de Janeiro, reuniu autoridades do setor;

Somafoto/Claudio Ferreira

Da esq. para a dir.: Paulo Miranda Soares (Fecombustíveis), Magda Chambriard (ANP), senador Francisco Dornelles (PP-RJ) e José Luiz Rocha (Abragás)

08 - Participação da Fecombustíveis em reunião com a Superintendência de Abastecimento da ANP sobre regulamentação de nova placa de identificação nos postos revendedores; 11 - Participação da Fecombustíveis em reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego, para apresentação dos produtos desenvolvidos pela Fecombustíveis sobre a NR-20 (Vídeo Institucional, Guia de Referência para Implementação da NR-20 em Postos Revendedores e o Kit de Treinamento para capacitação dos trabalhadores); 16 - Participação da Abragás em reunião com a diretora-geral da ANP, sobre regulamentação do mercado de GLP; 16 e 17 - Participação da Fecombustíveis na 10ª Reunião da Subcomissão Postos Revendedores da Comissão Nacional Permanente do Benzeno; 19 - Participação da Fecombustíveis em coletiva do Sindicom sobre divulgação de dados de vendas de 2013, balanço do mercado de combustíveis e de lubrificantes e estimativas de fechamento do ano, no Rio de Janeiro; Janeiro 13 - Participação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, em posse da nova diretoria do Sindipetro-SC. 18 • Combustíveis & Conveniência


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Agenda cheia a aferição do calibrador Este ano promete ser intenso, tanto ou mais de pneus. O tema vai do que o ano passado. Não somente pela Copa do exigir envolvimento do Mundo e eleições, que terão grande repercussão Inmetro e investimentos em nosso país, mas no trabalho que temos pela de equipamentos certififrente. Quero compartilhar com vocês, revendedores, minhas reflexões para este período e nossos cados. Em países, como principais compromissos em 2014. Dizem que o ano os Estados Unidos, a calicomeça após o Carnaval, mas, para nós, começa bragem de pneus é cobrada. Será que vamos seguir agora, com os Sindicatos Filiados e a Federação este caminho? Seria uma nova obrigatoriedade, reenvolvidos com as eleições de nossa categoria, presentando mais investimentos aos empresários quando serão definidos os novos dirigentes sindicais. para compra de equipamentos adequados e mais Em minhas andanças, nas reuniões e aufiscalizações. Também continua em discussão o projeto de lei do senador Paulo Davim (PV-RN) que diências das quais participo, tenho observado o prevê a proibição da venda de cigarros em lojas de fortalecimento dos sindicatos laborais, percebo o conveniência, bancas de jornal e supermercados, comprometimento com a política e a dedicação entre outros. Entendemos o propósito do projeto na luta de seus interesses. Eles adquiriram mais e os problemas que o consumo do produto causa espaço no Congresso, são parceiros de alguns legisà saúde, mas não podemos ser responsabilizados ladores e atuam com articulação para atingir seus pela questão, pois restringir a comercialização do objetivos. Vamos aproveitar o momento das eleições produto não vai resolver o problema e pode gerar para refletir se temos feito nosso dever de casa. a criação de um mercado A união e o engajamento paralelo e ilegal. Estamos político são as bases para o desenvolvimento de um O trabalho da liderança sindical começa acompanhando de perto internamente, junto aos parlamentares um projeto de lei de autoria trabalho legítimo em defesa do deputado Onofre Santo das demandas de nossa do país, mostrando as peculiaridades classe, a fim de propiciar da revenda e o impacto de determinado Agostini (PSD/SC), que esmelhores condições ao negótabelece medidas restritivas projeto em nossa atividade para construção e reforma cio e promover o bem-estar de postos de combustíveis de todos. Se não formos e gera novas obrigações para proteção ao meio articulados politicamente, vamos perder espaço no ambiente e segurança contra explosões e incêndios. Congresso. Este ano, peço que se envolvam mais Como vocês podem perceber, temos muito com as questões de nosso setor em suas regiões, trabalho pela frente. Por falar em trabalho, a em defesa da revenda. Além das eleições sindicais, implementação da NR-20 também é prioridade. temos as eleições nas esferas nacional e estaduEstamos organizando uma agenda de treinamento al. Chamo a atenção para o momento eleitoral, em diversos estados para que possamos cumprir as quando escolheremos presidente, governadores e novas obrigações que regulam a nossa atividade. parlamentares. Vamos colocar no poder os futuros Por fim, em nosso dia a dia atuamos com deputados que vão elaborar as leis que deveremos a concentração de mercado das distribuidoras cumprir. Nesse momento, nossa responsabilida(quatro delas dominam 80% do mercado). Não é de é triplicada. O trabalho da liderança sindical desejável tamanha concentração, mas temos de começa internamente, junto aos parlamentares conviver com esta realidade. Para este ano e por do país, mostrando as peculiaridades da revenda todos os que virão, recomendo a você, revendedor, e o impacto de determinado projeto em nossa o máximo de independência de sua distribuidora, atividade. Portanto, nosso setor é fortalecido com que trabalhe capitalizado, faça contratos curtos união, dedicação e consciência política. ou trabalhe até mesmo sem contratos (contrato Temos, atualmente, vários projetos de lei na mesa de imagem). Renovo meus votos de sucesso em dos legisladores que, se aprovados, vão impactar 2014 e recomendo: mais independência comercial. em nossa atividade. Um deles é o PL 376/11 sobre Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO

Abastecimento, assunto recorrente

Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O aumento no número de veículos circulando pelas ruas brasileiras é um dos fatores que contribuem para a elevada demanda de combustíveis no país

A forte demanda de combustíveis, refinarias operando com sua capacidade no limite e gargalos no abastecimento são alguns dos obstáculos que ainda perduram no mercado. Em contrapartida, a ANP publica Resolução nº 45 para reduzir problemas na cadeia logística de fornecimento Por Gisele de Oliveira O ano começou, mas os assuntos que preocupam o setor continuam os mesmos. Com o aumento nas vendas de automóveis registrado nos últimos anos, motivado, principalmente, pela melhora da qualidade de vida da população brasileira e benefícios tributários para 20 • Combustíveis & Conveniência

aquisição de novos veículos, a demanda por combustíveis continua aquecida. Só para ter uma ideia do impacto do setor automotivo sobre o mercado de combustíveis, o número de licenciamentos ficou em 3,76 milhões no ano passado, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

E com mais veículos circulando nas ruas e o consequente aumento de congestionamentos, o consumo de combustíveis também tem se mantido elevado ao longo dos anos, exigindo cada vez mais da logística e abastecimento no país. Em algumas cidades brasileiras, o início de ano tem se mostrado crítico, com atrasos pontuais na entrega de


argumentam que a produção no limite torna as refinarias mais propensas aos acidentes, mesmo operando com todos os requisitos de segurança exigidos. Além disso, a revisão do plano de investimentos da estatal com o objetivo de viabilizar o pré-sal também estaria entre os motivos. A Petrobras nega. Em comunicado divulgado para imprensa, a estatal diz que “obedece aos mais rigorosos princípios de segurança” e que o aumento do volume de processamento por dia é decorrente da “melhor performance obtida com a entrada em funcionamento de novas unidades de qualidade e

conversão desde 2012, além da otimização dos processos de refino e da remoção de alguns gargalos na infraestrutura de movimentação de petróleos e derivados”. A companhia destacou ainda o resultado de processamento de suas refinarias, que apresentaram sucessivos recordes em 2013. De janeiro a novembro do ano passado, foram processados, em média, 2.034 mil barris por dia, um crescimento de 8% em comparação com o mesmo período de 2012. Para a ANP, também não há problemas para as refinarias que operam com sua plena capacidade, “desde que a manutenção dos

As refinarias da Petrobras vêm operando com capacidade no limite, o que pode trazer riscos de acidentes. Foi o caso da Reduc (foto), cuja unidade de coque pegou fogo no início do ano

Agência Petrobras

combustíveis. Em Florianópolis (SC), por exemplo, a virada de ano foi delicada, com alguns postos revendedores recebendo produto com atraso ou em quantidades menores. A justificativa foi de que a Petrobras teria ficado sem etanol anidro e, por conta disso, precisou redistribuir as cotas do produto para as distribuidoras, de acordo com o Sindópolis, sindicato que abrange Florianópolis e região. A situação na capital catarinense já foi normalizada. Aliás, a escassez de etanol anidro, que compõe 25% da gasolina comercializada no país, também preocupa os revendedores da Bahia, apesar de ainda não terem sido registrados casos de problemas no fornecimento de combustíveis na cidade. Alguns revendedores baianos também enfrentaram dificuldades, no final do ano passado, na entrega de etanol. “Ainda não estamos em situação de desabastecimento porque as vendas são muito pequenas”, disse José Augusto Costa, presidente do Sindicombustíveis - BA, por meio de nota divulgada para imprensa. Outro sinal do impacto da forte demanda por combustíveis no país é a capacidade de refino das refinarias da Petrobras. Como resultado do estrangulamento nas refinarias, foram registrados cinco acidentes em unidades, sendo dois deles de maior repercussão – Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, e Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), que pegaram fogo. No caso da Reduc, o incêndio atingiu somente a unidade de coque, mas a Repar ficou paralisada por cerca de duas semanas. Especialistas e representantes de sindicatos de petroleiros

Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO

Shell

A Raízen destinou no ano passado R$ 600 milhões para construção de novos terminais e demais melhorias no sistema logístico

equipamentos e o treinamento dos funcionários sejam realizados adequadamente”, explicou por e-mail Alexandre Camacho, superintendente de Refino, Gás Natural e Produção de Biocombustíveis da Agência. A diretoria da ANP aprovou em janeiro uma nova Resolução com regras mais rígidas para evitar sobrecarga às refinarias, mas até o fechamento desta edição a nova regulamentação não tinha sido publicada. (Leia mais no box Ping Pong).

Estoques mínimos Diante desse cenário, o mercado de combustíveis segue sua rotina de abastecimento, mesmo com alguns tropeços. No entanto, a ANP tem definido regras mais rígidas com o intuito de minimizar os gargalos do setor e tornar o fornecimento menos estressante. 22 • Combustíveis & Conveniência

Uma delas diz respeito às próprias refinarias. Desde 2012, a Agência vem desenvolvendo regulação específica para a gestão da segurança operacional nas instalações de refino, nos moldes do que já existe hoje para o segmento de exploração e produção de petróleo. Além disso, o órgão regulador publicou, no final de novembro passado, a Resolução nº 45, que dispõe sobre a garantia de estoques semanais médios de gasolina e óleo diesel para a cadeia de suprimento. A Resolução veio após estudos realizados pela ANP que identificaram riscos no fluxo logístico de produção, transporte e armazenamento de combustíveis, o que trouxe um gargalo na infraestrutura de estoques. Para as distribuidoras, a norma significa mais investimentos em

infraestrutura num curto espaço de tempo. Pela Resolução, as logísticas de abastecimento foram divididas em quatro grandes grupos: Sul, Centro-Oeste/Sudeste, Norte e Nordeste/Tocantins, com prazo de três dias para manutenção de estoques no Sul e cinco dias para as demais regiões. Os estados do Acre/Rondônia e Bahia/Sergipe terão bases próprias de abastecimento, com prazo de cinco dias. “Não ficou claro o motivo dessa divisão de áreas, ao não seguir a divisão geográfica existente. Na Bahia, por exemplo, tem refinaria e um sistema de logística que pode socorrer os demais estados do Nordeste. Houve, sim, irregularidades, mas foram pontuais, com atrasos de horas na entrega que não chegaram nem a 24 horas. No Acre e Rondônia, não temos nem ponto de produção já que a tancagem é menor. A justificativa da seca no Rio Madeira não afetou o abastecimento da região”, argumenta Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, que defende reagrupamento dos estados pela divisão geográfica normal – Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste/Sudeste. Além do investimento para construir tanques em locais onde não há essa infraestrutura, existe também a preocupação com o prazo para implementação da norma, que é de 120 dias. Segundo o Sindicom, o prazo é apertado, se levar em consideração todo o trâmite que envolve a implantação de bases de abastecimento, como obtenção de licenças ambientais, contratação de tancagem e a disponibilidade de aporte financeiro. A sugestão do sindicato é ampliar esse prazo para um ano.


“Também nos preocupamos com a questão do abastecimento. Temos interesse em atender todos os nossos clientes, mas precisamos de um pouco mais de tempo para nos adequar. Precisamos, pelo menos, de fôlego para fazer os investimentos necessários”, justificou Jorge Luiz Oliveira, diretor-executivo do Sindicom, durante coletiva de imprensa realizada em dezembro, no Rio de Janeiro, para divulgar as vendas de combustíveis em 2013. A ANP, porém, diz que a regulação tem por objetivo corrigir imperfeições e acompanhar o dinamismo do setor. “Analisamos as ocorrências de problemas no abastecimento e entendemos que era necessário tratar a questão dos estoques. Caso as condições de mercado se alterem, a Resolução pode até se tornar desnecessária”, explicou por e-mail Aurélio Amaral, superintendente de Abastecimento da Agência, acrescentando que as distribuidoras já estavam cientes há algum tempo sobre a necessidade de investimentos em infraestrutura de produção e distribuição, mas que a flexibilização de prazos pode ser analisada em situações que o regulador considerar excepcionais. Para Amaral, os investimentos em produção e distribuição de

Distribuidoras investem em logística Apesar de todas as discussões e dificuldades em torno do abastecimento nacional, as distribuidoras têm investido em infraestrutura logística. Em 2012 e 2013, as companhias associadas ao Sindicom destinaram R$ 1 bilhão para esta área. “Este é o terceiro ou quarto ciclo de investimentos, que girava em torno de um terço deste volume há uns cinco ou seis anos”, comparou Luciano Libório, diretor de Regulação e Abastecimento do Sindicom. Ele lembra que, de 1996 a 2006, o mercado era praticamente o mesmo, mas com o aumento no consumo de combustíveis motivado pelo crescimento do mercado automotivo brasileiro, a necessidade por ampliar a capacidade logística de abastecimento se tornou inevitável. Ainda assim, essa capacidade existente foi suficiente para atender a demanda até os anos 2009/2010. A Raízen, por exemplo, destinou no ano passado R$ 600 milhões para construção de novos terminais, ampliação e remodelação de unidades existentes, ampliação e melhorias na tancagem e no escoamento por ferrovias, dutos, cabotagem e hidrovia. Com 58 terminais de distribuição no país, a empresa destaca o investimento de mais de R$ 50 milhões na ampliação do terminal em Porto Nacional (TO). A expansão vai permitir a movimentação de gasolina e etanol. Antes, a estrutura só recebia diesel. Para o futuro, a Raízen planeja dobrar a capacidade de armazenagem do Terminal Exportados de Álcool de Santos (TEAS), com o objetivo de melhorar ainda mais os processos logísticos para o escoamento de etanol e movimentação de derivados de petróleo e produtos químicos. Já a BR Distribuidora está de olho no cumprimento às regras da Resolução 45, da ANP. Prova disso é que a companhia vai investir parte dos R$ 100 milhões, destinados para ampliação e em melhorias da tancagem de gasolina e diesel, para a construção de tanques e armazenagem em congêneres ou operadores logísticos. A Ipiranga destinará R$ 121 milhões para ampliar sua infraestrutura logística, do total de R$ 886 milhões de investimentos previstos para 2014. Arquivo BR

Parte dos R$ 100 milhões previstos pela BR Distribuidora será destinada para ampliação e melhorias em infraestrutura logística, como o Terminal de Distribuição de Combustíveis, em Porto Nacional (TO), que está em fase de testes para entrada em operação Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO combustíveis ou na infraestrutura de transporte podem ser vistas como iniciativas que irão contribuir para a melhoria nas condições do abastecimento e, consequentemente, para a redução da necessidade de formação de estoques na cadeia de suprimento. “Quem investir em seu aparato de distribuição terá vantagem

competitiva. A Resolução prevê alteração das exigências de estoques, desde que solicitada de forma motivada pelo produtor ou distribuidor”, conclui. Ainda segundo o superintendente, em relação à divisão das áreas para a logística de abastecimento, a Resolução segue a operação padrão com o intuito de evitar problemas no fornecimento

em determinadas localidades, como no Acre e Rondônia que, atualmente, recebem os produtos por meio de transporte hidroviário; ou facilitar o fluxo logístico, considerando regiões que envolvem operações marítimas, inclusive as importações, e, portanto, necessitam que os estoques estejam localizados em um determinado grupo, como a área Nordeste.

Ping Pong: Alexandre Camacho Confira abaixo a entrevista exclusiva com Alexandre Camacho, superintendente de Refino, Gás Natural e Produção de Biocombustíveis da ANP, concedida à Combustíveis & Conveniência, sobre os incidentes ocorridos nas refinarias no país e a atuação da ANP em relação ao tema. Combustíveis & Conveniência: Nos últimos meses, foram registrados cinco acidentes em refinarias da Petrobras. Especialistas e sindicatos de petroleiros atribuem os incidentes à produção no limite das refinarias da estatal para atender a crescente demanda de combustíveis no país. Como a ANP avalia a questão? Alexandre Camacho: Não há problemas em operar com plena capacidade, desde que a manutenção dos equipamentos e o treinamento dos funcionários sejam realizados adequadamente. A ANP, desde 2012, está desenvolvendo uma regulação específica para tratar da gestão da segurança operacional nas instalações de refino de petróleo. O assunto foi muito discutido neste período, com 24 • Combustíveis & Conveniência

consulta e audiência públicas, além de auditorias-piloto em três refinarias, buscando o aprimoramento das regras propostas, antes de sua publicação. C&C: Quais são as principais regras da nova resolução? AC: O modelo a ser adotado vai seguir práticas de gestão com o objetivo de ter um sistema de segurança ajustado à característica de cada instalação, possibilitar o monitoramento permanente do desempenho operacional e possuir embasamento no sistema de gerenciamento e avaliação de risco, entre outras medidas. Embora parte dessas práticas já esteja contemplada no arcabouço regulatório atual – Resolução ANP 16/2010 –, sua organização em um único e mais completo instrumento permitirá maior controle e fiscalização por parte da ANP do mercado regulatório. C&C: Qual seria o limite máximo de capacidade de produção em uma refinaria para garantir sua segurança? Com a nova resolução, as penalidades serão aumentadas? AC: O limite máximo que uma refinaria pode operar é definido

pela autorização outorgada à mesma. A operação acima da capacidade autorizada sujeita a empresa às penalidades decorrentes da Lei 9.847, de 26 de outubro de 1999, variando de R$ 5 mil a R$ 2 milhões. Não haverá alteração nas penalidades, pois são tipificadas por Lei. C&C: Quantas refinarias privadas operam no país? Qual sua capacidade de produção? AC: Atualmente, temos quatro refinarias privadas autorizadas a operar, que são a Riograndense, Univen, Manguinhos e Dax Oil. A capacidade de produção delas é de 42.105 barris por dia, o que corresponde a menos de 2% da capacidade autorizada brasileira. C&C: Qual será a capacidade de produção das refinarias que começarão a operar? AC: O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está autorizado a processar 150 mil barris por dia e a Refinaria Abreu e Lima, 230 mil barris por dia – ambas da Petrobras. Juntas, quando entrarem em operação, aumentarão em mais de 15% a capacidade autorizada do parque de refino nacional. n



44 MERCADO Até 1º de dezembro passado, houve um incremento de 4 bilhões de litros de etanol na safra do Centro-Sul, atingindo um total de 25,04 bilhões de litros, ante 21,26 bilhões

Unica

Etanol: ainda sem perspectiva

Safra recorde, aumento do percentual de etanol anidro à gasolina, medidas do governo para estimular a produção do setor sucroenergético e reajuste da gasolina. Até o momento, nada foi suficiente para o biocombustível retomar sua competitividade

Por Adriana Cardoso Em 2013, o setor sucroenergético conseguiu ter um respiro na produção, após sucessivos períodos de dificuldade e quebras de safra. No acumulado do ano, a moagem das unidades produtoras do Centro-Sul do país alcançou recorde histórico de 594,10 milhões de toneladas, volume 11,82% maior que o obtido no período anterior. 26 • Combustíveis & Conveniência

Boa parte desse incremento serviu para atender o mercado brasileiro de etanol. Porém, isso não representa mudanças significativas na trajetória difícil enfrentada pelo setor nos últimos anos, especialmente por conta da perda de competitividade do etanol para a gasolina. Dentre os muitos entraves enfrentados pelo produto, o maior deles é a política de preços do governo federal aplicada à sua

principal rival. Para ser competitivo, o etanol tem de custar até 70% do preço da gasolina, uma vez que rende 30% menos. Todavia, isso não ocorre na maior parte do país. Dados de dezembro da ANP apontavam que o etanol estava competitivo em apenas cinco estados brasileiros – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Goiás. Em São Paulo, por exemplo, o governo paulista reduziu, em


2003, de 25% para 12% o ICMS sobre o produto, medida que alçou o Estado à condição de líder nacional no consumo de energias renováveis, que representam 56% do total consumido. Além disso, também baixou os impostos para usinas produtoras de bioeletricidade a partir do bagaço e da palha da cana. Vale lembrar que boa parte da produção de cana-de-açúcar concentra-se no interior paulista, em Sertãozinho. O ganho de produtividade no ano passado ocorreu, em boa parte, graças à boa safra. O governo também fez a sua parte e lançou várias medidas para auxiliar o setor. A principal delas foi o aumento de 20% para 25% na adição de álcool anidro na gasolina. Somam-se a isso, as

desonerações do PIS/Cofins e do IPI sobre o açúcar no mercado doméstico e do PIS/Cofins sobre o etanol, além das políticas de financiamentos de estoques e do Prorenova, programa de apoio à renovação e implantação de novos canaviais, que foi reeditado. Dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que, até 1º de dezembro do ano passado, houve um incremento de 4 bilhões de litros de etanol na safra do Centro-Sul, atingindo um total de 25,04 bilhões de litros, ante 21,26 bilhões da safra anterior. “2013 foi um ano totalmente etanol. A contribuição do setor para o mercado de combustível foi enorme”, comemora Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

Segundo Rodrigues, o aumento do percentual de etanol anidro na gasolina reduziu a demanda por gasolina no mercado doméstico, diminuindo a necessidade de importação do combustível pela Petrobras que, pelas contas dele, cresceria em 70% se a produção do etanol não tivesse crescido. Rodrigues reconhece, no entanto, que os resultados positivos não foram suficientes para sanar o caixa das empresas. “O incremento da produtividade com um canavial mais jovem, fruto de políticas públicas, associado às boas condições climáticas, não significou redução do endividamento das empresas. Ainda não conseguimos ser competitivos com a gasolina. Faltam ajustes”, avalia.

O aumento de preços de 4% para a gasolina e 8% para o diesel, no final do ano passado, não ajudou a melhorar a situação de caixa da Petrobras, nem auxiliou o etanol

Agência Petrobras

Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), mostram que a receita obtida pelas usinas de São Paulo com a venda de etanol e açúcar de janeiro a novembro de 2013 estava 9,21% inferior à obtida no mesmo período da safra anterior (2012/2013). Foram R$ 98,40 ante R$ 108,38 por tonelada de cana processada. Na safra 2011/2012, o valor chegou a R$ 116,46. Se, por um lado, a Unica celebra o resultado de 2013, de outro, admite que será muito difícil que o setor repita, nos próximos anos, o mesmo desempenho, uma vez que a rentabilidade atual não justifica a construção de novas unidades.

Caminho Anunciado com toda a pompa como a salvação da economia brasileira, o etanol, fonte de energia renovável e menos poluente que os derivados de petróleo, tinha tudo para tornar-se a principal fonte da matriz energética. Havia matéria-prima abundante, tecnologia e um

Importações x exportações Neste início de ano, alguns postos de Salvador e da região metropolitana tiveram falhas no abastecimento de gasolina e etanol hidratado pelas distribuidoras. Em relação à gasolina, o que prejudicou a distribuição foi a falta de etanol anidro. Para suprir a demanda, tanto do mercado nordestino como dos demais estados, o Brasil tem recorrido às importações de etanol de milho dos Estados Unidos. Segundo Alísio Vaz, presidente-executivo do Sindicom, a importação dos EUA para cobrir, especialmente a demanda do Nordeste, é pontual e não é novidade. “Há dois ou três anos a importação acontece e não precisa de autorização especial. Todos os anos isso ocorre. É uma questão de oportunidade, pois o preço lá (nos Estados Unidos) é bastante competitivo”. De acordo com a Unica, a importação de etanol dos Estados Unidos é bastante pequena, cerca de 9 mil m3. A previsão é de que, até março, o volume importado atinja 189 mil m3, o que representa menos de 0,7% da produção anual brasileira. Para ilustrar como o volume importado não é tão significativo, a entidade afirma que as exportações brasileiras de etanol, em 2013, devem corresponder a 10% do total da produção nacional.

mercado crescente de veículos flex, que, em 2012, representava 57% da frota nacional. A partir da crise de 2008, no entanto, o caminho percorrido pelo biocombustível tem sido tortuoso. A crise econômica mundial prejudicou a situação das usinas, que haviam investido milhões de dólares no aumento

da capacidade produtiva de olho no mercado de carros flex. Juntou-se a isso o início das prospecções da Petrobras na camada pré-sal. Para completar, a política de controle de preços da gasolina – cujo pano de fundo é ajudar a segurar a inflação brasileira – contribuiu para piorar a com-

Unica

Apesar dos bons resultados de produção em 2013, será difícil que o setor repita nos próximos anos o mesmo desempenho

28 • Combustíveis & Conveniência


petitividade do etanol. A carga tributária caiu de 47% para 35%, o que permitiu que a Petrobras elevasse o preço da gasolina na refinaria, neutralizando o impacto no custo do produto. Esse cenário fez com que os preços do produto se tornassem pouco competitivos. Estudo divulgado no ano passado pela Petrobras apontou que apenas 23% dos brasileiros com carros flex abasteceram com etanol em 2013. Esse percentual já foi de 66% em 2009. Resultado: de exportador, o Brasil virou importador do produto, especialmente para abastecer o mercado nordestino, carente de oferta (Veja box). O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, não tem dúvidas de que o grande

vilão da atual situação do etanol foi a política de contenção de preços da gasolina que, além de ter prejudicado o caixa da companhia, represou o do biocombustível. “O aumento que foi autorizado para a Petrobras (4% para a gasolina e 8% para o diesel) no fim do ano passado não foi suficiente para tirar a empresa do sufoco. Enquanto não houver uma política de preços que acompanhe o mercado internacional, tanto a Petrobras quanto o mercado do etanol vão ser afetados”, diz. Para o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo, Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, comentou, em entrevista à Agência Brasil, que o saneamento do

setor passa por dois caminhos: investir em produção para atender a demanda do mercado doméstico e política pública energética para atrair o investidor. Para Beauclair, não há solução a curto prazo (em menos de um ano). Ele acredita que, se medidas forem tomadas agora, a normalização do abastecimento do mercado viria a ocorrer nos próximos três ou quatro anos. Como se vê, talvez a medida mais imediata para tornar o etanol mais competitivo seja mudar a política de preços da Petrobras. Mas, como 2014 é ano eleitoral, muito provavelmente o governo não vai querer correr o risco de deixar de usar o preço da gasolina para controlar a pressão inflacionária. n

Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO

Stock

Por Gisele de Oliveira

Mais uma vez além do PIB Vendas de combustíveis mantêm trajetória de crescimento pelo quarto ano consecutivo. A expectativa do Sindicom é que devam ser comercializados 125 bilhões de litros, em 2013, o que representa uma alta de 5,2% na comparação com 2012 30 • Combustíveis & Conveniência

O mercado de combustíveis parece continuar sua trajetória de sucessivos recordes de vendas no país. Pelo quarto ano consecutivo, as vendas devem fechar 2013 com crescimento muito acima do PIB brasileiro - estimado em 2,3%. A projeção é que o mercado registre alta de 5,2% nas vendas de combustíveis, alcançando 125 bilhões de litros comercializados. Os números são do Sindicom, que representa empresas distribuidoras responsáveis por cerca de 80% de todo o combustível vendido no Brasil, e foram apresentados em dezembro durante coletiva para divulgar os dados de comercialização em 2013, no Rio de Janeiro. Apesar de os números não estarem fechados – os meses de novembro e dezembro foram projetados –, os dados consolidados até outubro já mostram o bom desempenho do mercado no ano passado e a tendência é de que o cenário deve continuar favorável. “Acreditamos que, em 2014, o quadro será similar aos anos anteriores, com as vendas de combustíveis crescendo acima do PIB brasileiro”, previu Luciano Libório, diretor de Regulação e Abastecimento da entidade. Assim como em 2012, o óleo diesel mantém liderança nas vendas de combustíveis do país. E prossegue em trajetória ascendente, registrando crescimento de 5,1% nas vendas, enquanto a gasolina C deve fechar 2013 com expansão de 4,3%. Merece destaque o impacto do desempenho do agronegócio em relação à elevação de vendas do óleo diesel, aliado ao fato de ser um dos setores responsáveis pelo crescimento da economia brasileira, em 2013. Para se ter


uma ideia, somente na região Centro-Oeste, onde concentra-se grande parte deste setor, as vendas de óleo diesel cresceram 11%. Goiás foi o estado onde o aumento foi maior: 14%. No Sul, o volume de diesel vendido cresceu 6%. O diretor-executivo do Sindicom, Jorge Luiz Oliveira, destacou os esforços da distribuição para entregar o diesel de baixo teor de enxofre (S10) em 2013, quando se tornou obrigatória a sua comercialização no país. Segundo o executivo, o combustível teve participação significativa nas vendas de diesel no ano passado e “se aconteceu algum problema, ele foi pontual. Resolvido rapidamente e sem grandes sustos”. De janeiro a novembro do ano passado, a demanda por S10 passou de 581 mil m3 para 929 mil m3, um aumento de 59,9%. Em relação à gasolina C, mesmo com o reajuste no preço do combustível na refinaria concedido no início do ano passado, as vendas mantiveram o ritmo de alta, mas não na mesma intensidade verificada nos anos anteriores. Em 2012, por exemplo, o crescimento foi de 12,2%. De acordo com Oliveira, o aumento da renda e os benefícios tributários para aquisição de automóveis continuam sendo os principais motivadores para o aumento nas vendas. Além disso, explicou ele, o maior número de veículos circulando nas cidades brasileiras trouxe caos no trânsito, provocando congestionamentos e, consequentemente, maior consumo do combustível.

Mercado de Combustíveis 2013*

MERCADO

TOTAL

125 bilhões de litros

2013vs 2012: + 5,2%

TOTAL TOTAL

125 bilhões de litros 125 bilhões de litros

2013vs 2012: + 5,2% 2013vs 2012: + 5,2%

MERCADO MERCADO

SHARE Sindicom(%) SHARE Sindicom(%) SHARE Sindicom(%)

Nota: Biocombustíveis: 19% *Nov e Dez/2013 Estimados

Fonte: ANP/Sindicom

Nota: Biocombustíveis: 19% Nota: Biocombustíveis: 19% *Nov e Dez/2013 Estimados *Nov e Dez/2013 Estimados

Fonte: ANP/Sindicom Fonte: ANP/Sindicom

Gasolina C e Óleo Diesel - 2013* x 2012 UF Gas C Diesel

UF Gas C Diesel 6% -27% AC C Diesel UF Gas AM Gas C 1% Diesel UF 5% AP 7% -2% 6% -27% AC PAAC 9% 4% 6% -27% AM ROAM 5% 4%5% 1% 1%1% AP 10% 7% 14% -2% RR AP 7% -2% PA 9% TOPA 4%9% 4% 9%4% RO 4% 1% RO 4% 1% RR 10% 14% RR 10% 14% TO 4% 9% TO 4% 9%

6%

7%

5%

7% 5% 7% 5% 4% 11%

4% 1% DF C Diesel UF 5% GOUF Gas Gas C14% Diesel MS 4% 10% DF -1% 4% 11% 1% MT 4% 1% DF GO 5% 14% GO 5% 14% MS 4% 10% MS 4% 10% MT -1% 11% MT -1% 11%

Brasil

2%

6% 2% 6% 2%

UF Gas C Diesel

4% 11% 4% 11%

Brasil

Gasolina C: 4,3% Óleo Diesel: 5,1% Óleo Diesel: 5,1%

C: Estimados 4,3% *NovGasolina e Dez/2013 *Nov e Dez/2013 Estimados *Nov e Dez/2013 Estimados

3%

-5%

4%

PR -1% 7% C Diesel UF RS Gas Gas C 6% Diesel UF 6% SC 6% 5% PR -1% 7% PR -1% 7% RS 6% 6% RS 6% 6% SC 6% 5% SC 6% 5%

8%

-5% -0,4% -5% 7% 2%7% 8% 5%

8% -0,4% 6% -0,4% 2% 9%2%

5% 0,3% 5% 6% 6% 9%

9% 0,3% 0,3%

ES 6% 1% C Diesel UF Gas MG Gas C 4% Diesel UF 4% RJ 5% -1% ES 6% 4% 1% SPES 2% 6% 1% 4% MG 4% MG 4% 4% RJ 5% -1% RJ 5% -1% SP 2% 4% SP 2% 4%

6%

4% 6% 4% 6%

Fonte: ANP/ Sindicom Fonte: ANP/ Sindicom Fonte: ANP/ Sindicom

Etanol Hidratado* 16.471 15.074 13.290

9.367 6.187 4.513

4.667

4.513 4.513

4.667 4.667

9.367 9.367

13.290 13.290

16.471 16.471

15.074 15.074

10.899 10.899 10.899

9.850 9.850 9.850

10.589 10.589 10.589

6.187 6.187

Reversão A referida desaceleração no ritmo de crescimento das vendas de gasolina C pode ser explicada pelo volume vendido de etanol

9%

8% 9% 7% 9% 6% 6% 6% 8% 7%8% 7% 9% 7% 6% 8% 6% 7% 8% 7% 9% 9% 8% 8% 8% 8%

UF Gas C Diesel

4%

3% 4% 3% 4%

UF Gas C Diesel

Gasolina C: 4,3% Brasil 5,1% Óleo Diesel:

AL

CE AL MA AL BA PBBA CE PECE MA PIMA PB RN PB PE SE PE PI PI RN RN SE SE

UF 6%C Diesel BA Gas 7% UF Gas C Diesel

13 x 12

Sindicom 2.182 2.627 Outras 2.331 2.040 Mercado 4.513 4.667 Sindicom 2.182 2.627 2.182 2.627 % Sindicom Sindicom 48,3% 56,3% Outras 2.331 2.040 Outras 2.331 2.040 Mercado 4.513 4.667 Mercado 4.513 4.667 Volumes em milhões de litros % Sindicom 48,3% 56,3% *Nov%e Sindicom Dez/2013 Estimados 48,3% 56,3% Volumes em milhões de litros Volumes em milhões de litros *Nov e Dez/2013 Estimados *Nov e Dez/2013 Estimados

2.836 3.350 6.187 2.836 2.836 45,8% 3.350 3.350 6.187 6.187 45,8% 45,8%

5.222 7.872 9.922 8.803 6.313 4.145 5.418 6.549 6.271 4.586 9.367 13.290 16.471 15.074 10.899 5.222 7.872 9.922 8.803 6.313 5.222 7.872 9.922 8.803 6.313 55,8% 59,2% 60,2% 58,4% 57,9% 4.145 5.418 6.549 6.271 4.586 4.145 5.418 6.549 6.271 4.586 9.367 13.290 16.471 15.074 10.899 9.367 13.290 16.471 15.074 10.899 55,8% 59,2% 60,2% 58,4% 57,9% 55,8% 59,2% 60,2% 58,4% 57,9%

5.839 7.007 20,0% x 12 4.011 3.582 13 -10,7% 13 x 12 9.850 10.589 7,5% 5.839 7.007 20,0% 5.839 7.007 20,0% 59,3% 66,2% 4.011 3.582 -10,7% 4.011 3.582 -10,7% 9.850 10.589 7,5% 9.850Fonte:10.589 7,5% ANP/ Sindicom 59,3% 66,2% 59,3% 66,2% Fonte: ANP/ Sindicom

ANP/ Sindicom Combustíveis Fonte: & Conveniência • 31


44 MERCADO hidratado no ano passado. O combustível voltou a ser competitivo em alguns estados do país e as vendas registraram um aumento de 7,5% em 2013. “O número é resultado do impacto que reduziu a zero a alíquota de PIS/Cofins na produção e distribuição de etanol, desoneração concedida pelo governo em maio do ano passado, o que contribuiu para termos preços mais competitivos no país”, justificou Oliveira. Mesmo com o benefício tributário, os preços de etanol hidratado só foram melhores em dois estados, ao longo de todo o ano – Goiás e Mato Grosso, que são produtores do combustível. No Paraná e em São Paulo, abastecer com o hidratado também foi mais competitivo do que a gasolina na maior parte do ano. Juntos, os quatro estados representam 70% do volume de etanol comercializado no país. Em relação ao etanol anidro, o volume comercializado deve atingir 9,7 bilhões de litros, um aumento de 25% em comparação com o ano anterior. O resultado projetado reflete basicamente a determinação do governo em elevar de 20% para 25% o teor de mistura do aditivo à gasolina comercializada nos postos. Outro combustível que ainda busca seu espaço no mercado é o GNV. Para este produto, o cenário é ainda pior que o desenhado para o etanol hidratado, que ainda procura soluções para sair da crise que começou em 2008. O GNV deve registrar queda de 4% nas vendas e o mercado não espera muitas oportunidades para o combustível, embora, do ponto de vista energético, o gás natural veicular seja mais eficiente entre 25% a 30% do que a gasolina. “O consumidor, geralmente, só olha o custo que vai ter (para instalar o kit), em torno 32 • Combustíveis & Conveniência

Em compasso de espera Pressionado pelos produtores de biodiesel, o governo federal deve definir neste ano a ampliação do percentual de mistura do biodiesel ao diesel vendido no país. Desde o fim de 2013, os produtores pedem esse aumento sob o argumento de que trabalham com capacidade ociosa superior a 50%. O pleito é para que o percentual passe dos atuais 5% para 7%, o que preocupa os demais agentes do mercado. O Sindicom, por exemplo, vê com cautela o aumento da mistura para 7% já em 2014. “(Elevar de 5% para 7%) Significa aumentar em 20% a demanda por biodiesel. Além disso, existe uma série de fatores que impacta todo o processo e precisa ser readequada. Não somos contra o aumento da mistura, mas precisa ser feita de forma escalonada”, argumentou Jorge Luiz Oliveira, diretor-executivo do Sindicom. Entre os fatores que impactam o processo, Oliveira destacou a substituição dos atuais dosadores por medidores, que são equipamentos importados, e a necessidade de mais caminhões para atender o novo volume de biodiesel, já que o mesmo é entregue prioritariamente por transporte rodoviário. Além disso, existe ainda a preocupação com a qualidade do combustível – que já sofreu no passado com problemas relacionados ao manuseio e armazenagem do produto, como formação de borras e entupimento de filtros; além de questionamentos por parte dos consumidores sobre a qualidade do biodiesel comercializado. Por isso, a proposta do Sindicom é que esse aumento seja feito de forma escalonada, 6% em junho e 7% em janeiro de 2015, com os leilões de biodiesel ocorrendo em maio e dezembro deste ano. Desta forma, justificou Oliveira, as distribuidoras teriam prazo suficiente para se adequar e fazer os investimentos necessários para atender as novas especificações. Por enquanto, o governo ainda não decidiu sobre o aumento do percentual de mistura. Porém, já existe uma minuta da medida provisória no Palácio do Planalto há meses que prevê o incremento para 6%, segundo publicou o site de notícias do jornal Valor Econômico. Ainda de acordo com o jornal, a minuta já teria a aprovação do Ministério de Minas e Energia e aguarda apenas o aval do Ministério da Fazenda. de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil, mais o custo de manutenção a cada seis meses. Esses fatores criam um desinteresse e o consumidor acaba não enxergando, do ponto de vista energético, os benefícios do combustível”, observou o diretor do Sindicom. Oliveira destacou ainda o impacto da otimização de cus-

tos traçadas pelas companhias aéreas, que resultou na redução do número de voos, para as vendas de QAV. Pela primeira vez desde 2006, as vendas deste combustível devem cair 1% em 2013. Nem mesmo o aumento de 4% na comercialização do combustível para os voos internacionais deve conter a retração. n


OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Feliz Ano Novo Enfim, chegamos a 2014. Um ano que promete

cimento de cerca de

ser de muito trabalho, já que deveremos tomar

40.000 postos as novas

alguns cuidados, além de ser atípico, com muitos

regras, e o revendedor

eventos, como a Copa do Mundo e as eleições

terá que se adequar o

para presidente, governador, senadores, deputados

mais rápido possível

estaduais e federais. Portanto, um ano em que a

para evitar autuações.

atividade econômica sofre um sério risco de ser

Na área fiscal, também há muitas novida-

baixa devido ao grande número de feriados que

des nos estados, com a Escrituração Contábil

teremos.

Fiscal (ECF) e a entrada da Escrituração Fiscal

Especialistas e economistas já alardeiam que a

Digital - social (EFD-social), que é uma nova

expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nacional

sistemática de controles de informações origi-

deve ficar em torno de 2% a 2,4% este ano, mas temos também que ficar atentos ao déficit nominal das contas públicas e o desequilíbrio do balanço de pagamentos nas transações correntes, isto faz com que aumente a aversão dos investimentos e eleva os riscos.

nadas da relação entre patrões e empregados, visando concentrar essas informações em um único documento eletrôni-

Vamos ter um ano de muito trabalho, temos que treinar nada menos que 500.000 funcionários e cerca de 30.000 proprietários de postos devido à NR-20, será um desafio monumental

Muitos dizem que, no mercado de combustíveis, haverá um crescimento devido, principalmente, aos eventos esportivos, mas os jogos serão em

co chamado de “folha de pagamento digital”. Este documento conterá informações fiscais, tributárias, previdenciárias e trabalhistas dos funcionários. E também com a en-

trada da nova gasolina S-50, que começou a ser distribuída em 1º de janeiro, muda a forma de se

poucas capitais e, com a diminuição da atividade

operar com este combustível. Deve-se ter mais

econômica, deixa de circular dinheiro e pode haver

cuidado, principalmente no momento de descar-

uma retração.

ga, pois qualquer ignição pode gerar acidentes.

Vamos ter um ano de muito trabalho, temos

Recomenda-se também verificar a limpeza dos

que treinar nada menos que 500.000 funcionários

tanques e tubulações para não correr risco de

e cerca de 30.000 proprietários de postos devido

uma desconformidade, pois este produto é mui-

à NR-20, será um desafio monumental. Outro fato

to mais sensível que a gasolina comercializada

relevante para o nosso setor é que, no final do ano

anteriormente.

passado, também foram publicadas as Resoluções

Desejo um bom ano a todos e podem ter certeza

nº 41 e nº 44, que mudam a forma de gerir o seu

que a Federação, bem como todos os sindicatos à

posto. Os Sindicatos Filiados e a Federação terão

ela vinculados, estarão sempre à disposição para

que fazer um esforço extra para levar ao conhe-

auxiliá-los no que for necessário.

Combustíveis & Conveniência • 33


44 NA PRÁTICA

Exercício da criatividade A forte concorrência entre os postos incentiva revendedores a implantarem novas ideias para fidelizar a clientela. As iniciativas abrangem descontos em produtos, premiações em datas comemorativas e aumento do relacionamento via Facebook Por Cláudia Guerreiro A necessidade de reduzir despesas, sem apelar para demissões e de gerar receita, está levando revendedores a exercitarem, permanentemente, a criatividade nos negócios. Seja em grandes bandeiras, como a BR Petrobras, Ipiranga, Shell e Ale que, nessa ordem, lideram o mercado; ou em postos independentes, os chamados bandeiras brancas, a ordem é usar a imaginação ao criar novas estratégias para atrair, fidelizar clientes e realizar parcerias. “A concorrência nesse setor é maior do que se imagina. Pelo fato de o produto (combustível) ser o mesmo e com preços praticamente iguais, você tem de se valer da criatividade”, afirma o proprietário do Posto 34 • Combustíveis & Conveniência

dos Anões, José Carlos Ulhôa Fonseca, também presidente do Sindicombustíveis-DF. Segundo o dirigente, ainda que todas as iniciativas mercadológicas para atrair e manter o cliente sejam válidas - respeitando-se, obviamente, o limite econômico-financeiro de cada estabelecimento -, de nada adiantarão promoções se não forem seguidas três regras. “Limpeza e organização; atendimento rápido e de qualidade, com frentistas educados; e a presença do próprio dono ou de um bom gerente no posto para supervisionar tudo. Esse tripé é o maior investimento que pode e deve ser feito”, recomenda José Carlos. O presidente do Sindicombustíveis-DF admite que, devido à pressão dos custos sobre a margem de lucro, nem todos os

estabelecimentos têm condições de fazer grandes ofertas. “Não é qualquer posto, hoje, que pode se aventurar em fazer uma promoção de maior peso; quando muito, é oferecida uma gratuidade numa lavagem. O peso de cada apelo de marketing mercadológico vai variar muito em função da capacidade financeira do posto de ser grupo ou da galonagem (volume médio mensal de vendas)”, explica.

Rede social Para alguns empresários da revenda, como Leonardo Silveira, de Minas Gerais, o foco principal é manter a proximidade com o cliente. “Nosso objetivo não é a receita extra; é aumentar o relacionamento e a fidelidade com o nosso cliente por meio das mídias sociais, em especial, via


Imagens: Stock

Facebook”, comenta o dono da rede de sete postos, distribuídos em Belo Horizonte e Contagem. Os resultados ainda são pequenos, mas animadores, ressalta Leonardo. “Realizamos por ano, cerca de um milhão e meio de abastecimentos e, no período de um ano em que estamos no Facebook, já registramos 1.700 curtidas. Será que é pouco?” pergunta. De acordo com Silveira, o número de participantes das promoções semanais vem aumentando muito, com a inserção na rede social. No início, eram cerca de 20 pessoas; hoje são mais de mil toda semana. “Em geral, todas as quartas-feiras lançamos uma promoção diferente, que anunciamos via comunicados no Face. Por meio dessas promoções, passamos a receber retorno dos clientes sobre outros assuntos, problemas e sugestões, que talvez nunca saberíamos se não tivéssemos a página eletrônica”, observa.

Da mesma forma, o Posto Barbosa, de Minas Gerais, aposta suas fichas na força das promoções, com o auxílio da internet e das redes sociais. A gerente da rede de postos, Rejane Mendes, relatou que, ao longo do tempo, houve mudança de estratégia para atrair clientes e driblar a concorrência. “Nossas promoções começaram em 2001, com sorteio de eletrodomésticos, eletroportáteis e uma moto. Fomos melhorando a estrutura e, no ano passado, foram sorteados cinco motos e dois automóveis Gol”. De acordo com a gerente, a cada sorteio era uma festa, com distribuição de pipoca, refrigerantes e apresentação de cantores. “Até o ano passado, esses sorteios tinham um impacto positivo no faturamento. Fazíamos a divulgação em sites, mídia televisiva e rádios. Aí passamos a ser copiados e a concor-

Freepick

Promoções divulgadas em redes sociais contribuem para aumentar o relacionamento com o cliente para quem foca em fidelização

rência aumentou. Então, o que foi bom durante dez anos, já não era mais”, comenta. Rejane Mendes conta que, este ano, a rede decidiu optar por fortalecer o Facebook e a interação com os clientes. “Contratamos um profissional para incrementar a ferramenta e, para alavancar a página, fizemos um sorteio no Facebook de um mini Ipad. Além disso, mantivemos outras ações durante o ano, como sorteio de combustível, de secador e de cesta de chocolates no Dia das Mães. Agora, com o fim do sistema de sorteio pelo Facebook, o processo ficou um pouco mais burocrático, pois necessitamos de um registro

Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA da Caixa Econômica Federal (CEF), que demora cerca de 45 dias para ser liberado”, lamenta Rejane. A qualidade e a diversificação dos serviços são outras preocupações do Posto Barbosa. Rejane Mendes informa que os postos do grupo continuam oferecendo ducha automática, aspirador de pó (cuja ficha dá direito a cinco minutos de utilização pelo cliente), troca de óleo, lanchonete e padaria 24 horas. “Felizmente, conseguimos fidelizar nossos clientes. As “curtidas” via Facebook saltaram de uma média de 5.900, em meados de 2013, para 6.174”, informa a gerente. O sistema de publicidade que o Facebook apresenta aos internautas, sugerindo anúncios sempre no lado direito da página e que levam em conta o perfil de seus

clientes, é outro estímulo, segundo Rejane, à manutenção da ferramenta pela rede. Outra atração é o anúncio, via internet, de intenção de contratação de trabalhadores, como operadores de caixa e atendentes. “Isso faz com que a divulgação seja feita não apenas por clientes da rede, como motoristas, mas por um grupo maior de pessoas”, destaca.

Parcerias Do mundo virtual para o real, Leonardo Silveira destaca as parcerias como boas estratégias para atingir o público consumidor de produtos e serviços dos postos. Como exemplo, ele cita a parceria de sua rede de postos com a empresa de acessórios para carros Equipar. “Em alguns sorteios, utilizamos seus produtos e, em contrapartida, oferecemos benefícios para os clientes deles”, salienta.

Silveira destaca também a parceria com a empresa de TV indoor, como Elemídia, que disponibiliza em seus postos da bandeira Ale, informações úteis aos clientes, como previsão do tempo, condições das estradas, notícias e promoções.

Cartela Aos empresários que ainda não atuam com campanhas promocionais que incentivam a fidelização de clientes, José Carlos Ulhôa, do Sindicombustíveis-DF, sugere a utilização de cartela de pontuação. Com isso, estimula-se a volta dos clientes várias vezes ao posto, para completarem o número de pontos necessários. Disponibilizar brindes para cada venda acima de um valor pré-fixado é outra medida positiva, assim como a realização de promoções temáticas em datas comemorativas, como Dia das Crianças, Páscoa, Natal etc. n

Stock

Alguns postos apostam suas fichas em campanhas promocionais, como cesta de chocolates para o Dia das Mães e sorteios de carros zero quilômetro

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NA PRÁTICA33

Stock

Com o novo sistema, não vai mais ser possível registrar um funcionário com dias de atraso, ou seja, seu registro terá de ser online, no mesmo dia de sua admissão e as empresas enviarão informações para apenas um órgão e não mais para vários, como ocorre atualmente

Vem aí o e-social A implantação do sistema será gradual e os revendedores devem ficar atentos às mudanças. O e-social faz parte do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), um projeto do governo federal criado para unificar informações, eliminar formulários e algumas obrigações acessórias dos empregadores em relação aos seus empregados Por Rosemeire Guidoni Logo no início de janeiro (06/01), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) assinou o Acordo de Cooperação Técnica de instituição do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, o chamado e-social, que deverá unificar o envio das informações sobre os colaboradores das empresas brasileiras, como cadastramentos, vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, Comunicações

de Acidentes de Trabalho (CAT), Aviso Prévio, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Imposto de Renda. Vale destacar que a exigência será para todo tipo de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício. Existe um cronograma para implantação gradual (Veja box), mas empregadores de todos os portes estão inseridos. A expectativa do governo federal, além de simplificar as operações, é eliminar a informalidade e garantir maior transparência nas relações trabalhistas.

No entanto, embora a promessa seja simplificar a gestão trabalhista, na prática, a transição para o novo modelo deve trazer uma certa dose de preocupação para as empresas. “A adaptação para as exigências do e-social será bastante trabalhosa, mas isso deve se concentrar no primeiro momento, em função da quantidade de informações que terá de ser inserida no sistema”, explicou o gerente trabalhista da Confirp Consultoria Contábil, Fabiano Giusti. Além disso, segundo ele, o e-social também obrigará as Combustíveis & Conveniência • 37


44 NA PRÁTICA Somafoto/Marcus Almeida

empresas a alterar rotinas e procedimentos. “Ações que eram comuns nas empresas terão de ser revistas. Um exemplo são os exames admissionais e a entrega do Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), que muitas empresas pediam para o funcionário realizar depois da contratação. A partir de agora, isso terá que ser feito com antecedência, senão o contrato não poderá ser efetivado. Outra situação são as férias dos colaboradores, que deverão ser marcadas com 30 dias de antecedência. Apesar de previstas em lei, muitas empresas não respeitavam a exigência. Como tudo tem de ser informado online e em tempo real, agora, será mais fácil identificar erros, e se as empresas não cumprirem as regras trabalhistas, estarão sujeitas à multa”, afirmou. De acordo com Luiz Rinaldo, diretor da Plumas Contábil, para os postos de combustíveis o que vai mudar é que não mais existirá o Livro de Registro de Empregados. “Será criado um banco de dados da Receita Federal, no qual o empresário poderá consultar e organizar todas as obrigações que uma empresa tem junto ao seu empregado. Não mais vai ser possível registrar um funcionário

Para os postos de combustíveis não existirá mais o Livro de Registro de Empregados. Será criado um banco de dados da Receita Federal, no qual o empresário poderá consultar e organizar todas as obrigações que uma empresa tem junto ao seu funcionário

com dias de atraso, ou seja, seu registro terá de ser online, no mesmo dia de sua admissão”, orientou. Os empregadores também não precisarão mais imprimir a folha de pagamento e guardá-la por até cinco anos, já que tais informações estarão online e serão consultadas sempre que necessário. Outra mudança é que as empresas enviarão informações para apenas um órgão e não mais para vários, como ocorre atualmente. Hoje, é preciso informar a Caixa Econômica Federal, a Previdência

Prazos para adesão 4 Até 30/06/2014 para as empresas tributadas pelo Lucro Real; 4Até 30/11/2014 para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido, Entidades Imunes e Isentas e optantes pelo Simples Nacional (Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições

38 • Combustíveis & Conveniência

Social e a Receita Federal sobre a situação dos trabalhadores. Confira a seguir, as principais orientações dos especialistas para se preparar para a nova exigência. Vale destacar que não há multa prevista para quem não aderir ao e-social, mas como a adesão é obrigatória, quem não o fizer estará operando no mercado de forma ilegal. Permanecerão somente as penas previstas na CLT e Lei 8.212/1991, e serão aplicadas pela essência da informação e não devido ao novo formato de transmissão.

devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), Micro Empreendedor Individual (MEI), contribuinte individual equiparado à empresa e outros equiparados à empresa ou ao empregador; 4 Até 31/01/2015 para os órgãos da administração direta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como suas autarquias e fundações.


Como fazer Stock

O empregador poderá acessar o site www.esocial.gov.br para enviar os dados ou fazer uma conexão direta entre o software usado pela empresa com o sistema do e-social. Após a verificação da integridade das informações, a Receita vai emitir um protocolo de recebimento e o enviará ao empregador. Diferentemente do modelo atual, em que o empregador prepara um arquivo e aplica as validações em um Programa Gerador de Declaração (PGD Sefip, PDG Rais, PDG Dirf) na sua própria máquina antes de transmitir, o e-social fará todas as validações online, dispensando a utilização de um PGD para geração e transmissão dos eventos. A forma de envio das informações diárias fica a critério da empresa: pode ser feito de uma única vez, a partir de uma única máquina, ou cada departamento responsável pela informação pode entrar no sistema e fazer a inclusão de dados.

Arquivo

Sigilo O controle será feito por meio de certificado digital para as empresas com mais de dois empregados e por meio de código de acesso para as demais. Nenhum empregador poderá acessar informação de outro e não será dado acesso a nenhuma outra pessoa física ou jurídica às informações, a não ser aos órgãos e entidades que participam do projeto e possuem competência legal para exigir e acessar as informações.

Carteira de trabalho Arquivo

Embora ainda não exista uma definição formal, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego, a carteira de trabalho tradicional (em papel) deverá ser substituída por um cartão eletrônico, chamado de EFD Social (Escrituração Fiscal Digital Social), o qual permitirá que os trabalhadores consultem informações sobre o pagamento de verbas trabalhistas como a contribuição ao INSS, o depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e o desconto do IR (Imposto de Renda).

Combustíveis & Conveniência • 39


44 NA PRÁTICA Contrato de experiência

Stock

No caso de admissões com contrato de experiência com prazo determinado, não há necessidade de alteração contratual. Na expiração do prazo, se não houver informação acerca do encerramento do contrato, o sistema assumirá que ele passou a ser por prazo indeterminado. Vale destacar que não será possível a admissão do trabalhador que não tiver o número de NIS (seja PIS, PASEP ou NIT). A Caixa Econômica Federal disponibilizará ferramenta para a inscrição online do trabalhador no cadastro PIS.

Admissão, demissão e afastamento O envio de cada evento deve seguir a seguinte regra de transmissão online:

Stock

Admissão: transmitido até o final do dia imediatamente anterior à admissão do empregado, sendo habilitada a recepção para o evento até 30 dias antes da data de admissão que está sendo informada. O evento pode ser cancelado até o próprio dia da admissão, caso esta não venha a ocorrer efetivamente;

Desligamento: deve ser enviado até 10 dias após a ocorrência, em caso de aviso prévio indenizado, e até um dia após aviso prévio gozado.

Afastamento temporário: deve ser informado até 10 dias antes da ocorrência do afastamento do empregado. A informação deste evento não se confunde com o envio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), para os casos de acidente de trabalho;

Stock

Acidentes de trabalho

40 • Combustíveis & Conveniência

A empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente.


OPINIÃO 44 Deborah Amaral dos Anjos dos4Anjos Advogada 4 Advogada da Fecombustíveis da Fecombustíveis

Amostra-testemunha: a prova está em suas mãos envelope de segurança O fim do ano foi recheado de novas resoluções da amostra coletada. publicadas pela ANP e uma delas, que, na minha A responsabilidade opinião, atendeu o maior clamor da revenda na pelo recolhimento no caso atualidade, é a Resolução nº 44/2013, que aborda de entrega do combustível a amostra-testemunha. pelo distribuidor nos estaPublicada no dia 20 de novembro de 2013, com entrada em vigor 90 (noventa) dias após a belecimentos continua nas data de sua publicação, ou seja, 18 de fevereiro mãos dos revendedores, sendo certo que a nova de 2014, a Resolução traz significativas alterações regulamentação faculta ao revendedor varejista e no recolhimento da amostra-testemunha, bem ao TRR a apresentação das amostras-testemunhas como altera alguns artigos da Resolução ANP no ato de fiscalização que incluam a coleta de amostra-prova, porém a não apresentação implicará n° 09/2007, visando a constituição de uma imporem responsabilidade EXCLUSIVA do revendedor tante ferramenta para rastreamento e identificação pela qualidade do combustível verificada a partir do real responsável pela não conformidade do da amostra-prova. combustível comercializado pelo revendedor vareOs procedimentos para jista e pelo Transportadoro recolhimento da amostra-Revendedor- Retalhista (TRR), proporcionando testemunha continuam bamaior garantia do comlizados pela Resolução ANP A nova Regulamentação aumentou a bustível ao consumidor. n° 09/2007 e seu Regularesponsabilidade para o revendedor Amplamente divulgada mento Técnico, mas foram varejista e o TRR que, em caso de nesse espaço e em diversas revogados os parágrafos 2° e falta de coleta da amostra, serão matérias da revista Com3° do artigo 5° e o parágrafo exclusivamente responsabilizados 3° do artigo 6° da mencionada bustíveis & Conveniência, Resolução. a amostra-testemunha é Cabendo frisar que o artigo o grande instrumento do 10° da nova regulamentação revendedor em caso de fez alterações nos parágrafos 1° e 2° do artigo não conformidade não detectáveis pelo posto no 6° da Resolução ANP n° 09/2007, obrigando os ato do recebimento do produto e, diante de inúdistribuidores a fornecer o envelope de segurança meras dificuldades em seu recolhimento, tanto na e o frasco para coleta. retirada pelo revendedor (FOB), como na entrega A recusa na entrega da amostra-testemunha do combustível pela distribuidora (CIF), muitos por parte da distribuidora ou a não disponibilizarevendedores eram responsabilizados injustamente por irregularidades por eles não causadas, como ção do envelope de segurança e do frasco para é o caso do adicional de biodiesel. coleta será passível de denúncia para ANP via As principais alterações são constantes nos correio eletrônico: amostra_sfi@anp.gov.br , em artigos 3º; 8°, parágrafos 3° e 10°. A primeira até 72 horas. delas, visando coibir as dificuldades relatadas pelo A nova Regulamentação aumentou a responrevendedor ou TRR que faz a retirada na base sabilidade para o revendedor varejista e o TRR de distribuição (FOB), trouxe a obrigatoriedade que, em caso de falta de coleta da amostra, serão da coleta da amostra-testemunha pela distribuiexclusivamente responsabilizados, porém trouxe, efetivamente, instrumentos para ocorrer o recodora, devendo a mesma ocorrer imediatamente após o carregamento do caminhão-tanque e na lhimento da amostra, e só será responsabilizado presença do revendedor varejista ou TRR (ou injustamente quem dormir no ponto e deixar de seus prepostos), devendo todos os envolvidos fazer sua parte. É como diz o jargão jurídico: “A assinar o formulário impresso na parte externa do lei não socorre aos que dormem”. Combustíveis & Conveniência • 41


44 REPORTAGEM DE CAPA

Dinheiro de plástico: quando vai melhorar? É histórica a insatisfação de empresários da revenda em relação às taxas cobradas pelos cartões. Aparentemente, o cenário permanece o mesmo. Entretanto, mudanças começam a ser delineadas, com novas parcerias e a instituição do novo marco regulatório do setor de cartões, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central Por Rosemeire Guidoni Os cartões – sejam de crédito, débito ou frota – são, atualmente, uma das principais formas de pagamento utilizada pelos consumidores nas transações em postos de combustíveis. Conforme a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o chamado dinheiro de plástico já responde por metade (50%) do volume financeiro gasto por mês pelo brasileiro. No caso do setor de combustíveis, um levantamento da entidade mostra que os cartões são responsáveis por 59% do faturamento médio mensal dos postos (Veja box). Porém, o setor de combustíveis ainda considera que as taxas são elevadas. Como o índice cobrado incide sobre o valor total

42 • Combustíveis & Conveniência

do combustível comercializado, e estes produtos são altamente tributados (no caso da gasolina, por exemplo, aproximadamente 33% do preço final correspondem a impostos, como PIS/Cofins e ICMS), o custo da taxa, para o revendedor, é alto. Apenas para ilustrar, pressupondo que, em média, a taxa cobrada pelos cartões de crédito fique em torno de 2,5% para o setor, e o preço médio da gasolina no Brasil em R$ 2,95 (segundo dados da ANP para o período de 5 a 11 de janeiro), a cada litro comercializado, o posto paga de taxa para a administradora cerca de R$ 0,07. No caso dos cartões de débito, as taxas são menores (em torno de 1% a

1,5%), e nos de frota, muitas vezes, são maiores (de 2% a até 5%, dependendo da negociação). “Embora o revendedor saiba da importância de se trabalhar com cartões hoje em dia, para a grande maioria do setor, as taxas ainda são um problema. Em alguns mercados, o empresário não consegue trabalhar com margens maiores, e 2,5% significa uma parcela significativa da sua rentabilidade”, afirmou Paulo Miranda


Soares, presidente da Fecombustíveis. “Além disso, o prazo para recebimento (em geral 31 dias) pode comprometer o capital de giro do empresário. Ou o revendedor arca com os custos deste prazo, ou precisa pagar uma taxa extra pela antecipação”, disse. Miranda é otimista em relação ao futuro dos pagamentos eletrônicos. “Apesar de a nova regulamentação (Conselho Monetário Nacional/Banco Central) trazer algumas mudanças ainda muito discretas, os passos iniciais já foram dados. A Fecombustíveis e os Sindicatos Filiados

apoiam as mudanças, acreditamos que a abertura do setor pode resultar em maior concorrência e, com isso, melhores negociações”, destacou. E esta mudança nas relações é aguardada com expectativa pelo setor, já que, apesar da insatisfação, não há dúvidas de que o cartão traz benefícios e é interessante para o comércio. Em estabelecimentos muito visados por assaltantes, por exemplo, quanto menos dinheiro em espécie no caixa, melhor. Além disso, o pagamento eletrônico também significa a garantia de

recebimento – o que, sem dúvida, faz uma boa diferença para o setor, que já amargou vários prejuízos em função de receber cheques (principalmente pré-datados) sem fundos. Sem contar o fato de que, nos dias de hoje, grande parte da população não porta somas maiores em dinheiro na carteira, optando (seja por praticidade ou segurança) pelos cartões de crédito ou débito. Entre as propostas da nova regulamentação, figuram os pagamentos por meio de dispositivos móveis, que permitem que o

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Combustíveis & Conveniência • 43


44 REPORTAGEM DE CAPA consumidor pague as transações utilizando seu aparelho celular. As novas regras, publicadas em 4 de novembro do ano passado, devem entrar em vigor dentro de um prazo de 180 dias, contados da data de publicação (Veja box). Ou seja, até maio deste ano, os bancos, operadoras de telefonia e empresas de cartões de crédito devem se ajustar às novas normas.

Concorrência Um dos aspectos mais importantes da nova regulamentação é o aumento da concorrência no setor. O novo marco regulatório vai aprofundar a abertura do mercado de cartões, iniciada em 2010, com o fim das exclusividades de captura entre Cielo/Visa e Redecard/MasterCard. “Com a entrada de novas empresas no mercado, haverá perspectiva de rever as parcerias”, afirmou Fernando Monteiro, sócio do Groupcard, empresa de serviços financeiros para o varejo, que ajuda os estabelecimentos a melhorar sua relação com os adquirentes (empresas responsáveis

pela captura, processamento e autorização das transações realizadas junto às bandeiras e aos bancos emissores dos cartões). “As entrantes oferecerão novos diferenciais para as empresas, e isso facilitará as negociações”, alegou. Algumas mudanças já começaram a se delinear. Hoje, é possível estabelecer diálogo entre as partes. Um avanço nesse sentido é a parceria da Groupcard com o Sindisoluções, uma iniciativa da Fecombustíveis, que prevê taxas mais equilibradas e melhor atendimento para os postos revendedores (Veja mais na página 47). “Pela nossa proposta, o revendedor associado ao Sindisoluções poderá ter descontos de até 15% em relação às taxas pagas atualmente. Além disso, a parceria oferece facilidades na antecipação de recebíveis, redução das tarifas de aluguel de POS e TEFs, processo simplificado de adesão e não prevê contrato de fidelidade”, destacou Monteiro. Segundo ele, as vantagens são possíveis porque a Groupcard representa um número maior de empresas de diferentes setores

Divulgação Scania

Os cartões-frete, que substituíram a antiga carta-frete, ainda estão longe de contentar os usuários desta modalidade de pagamento

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econômicos, o que permite firmar parcerias e negociar condições especiais.

Dor de cabeça Em relação aos cartões de gestão de frota, a realidade permanece a mesma. Além de cobrarem taxas mais elevadas, também são mais difíceis de administrar. Muitos postos revendedores relatam dificuldades, principalmente ao fazer a conciliação das transações realizadas com estes cartões. “O cartão de frota é o calcanhar de aquiles do revendedor”, disse Aluisio Gouveia, diretor de tecnologia da Rezende Sistemas, empresa que oferece aos seus clientes um módulo no sistema de gerenciamento capaz de realizar os procedimentos de conciliação de cartões de crédito e débito, mas não de gestão de frotas. Um revendedor paulista, que preferiu manter seu nome em sigilo, relatou sua insatisfação com a bandeira Good Card, que cobra uma taxa de 3,5% (acima da média das bandeiras convencionais, de 2,5%) mais R$ 4,99 para fazer a transferência de dinheiro. Além disso, ele deixou de receber aproximadamente R$ 30 mil da Good Card, no período de 2006 a 2013. “Na verdade, não fazíamos o controle com atenção a todas as transações, já que os tickets originais eram enviados semanalmente para a empresa. Quando percebemos o não pagamento de alguns valores em determinado mês, passamos a conferir os pagamentos anteriores, e verificamos que várias transações não haviam sido pagas. Entramos em contato com a operadora do cartão, que, prontamente,


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fez o ressarcimento dos valores”, afirmou. Segundo ele, o sistema arcaico e a obrigação de envio dos tickets originais prejudica o controle. “Mas fica o alerta para que outras empresas não passem por isso. É necessário conferir todas as transações, a taxa aplicada em cada uma delas e o pagamento”, orientou. Cleuza Oliveira, diretora administrativa da Rede Z+Z, que possui 21 postos revendedores e nove lojas de conveniência, também enfrentou problema semelhante. Segundo ela, em função de a conciliação ser manual, ocorreu um descompasso entre o que a

administradora apresentava e o que o sistema de gestão da empresa apontava. “Por falta de um conciliador que verificasse as transaçõespeloNSU de cada uma delas, é mais difícil apontar exatamente quais transações ficaram em aberto. Para uma rede que tem uma média mensal de 150 mil transações, manualmente é impossível exatidão nos apontamentos. Outro complicador é que a Good Card exige o envio dos comprovantes para o pagamento, ou seja, a empresa fica sem um

Uso em larga escala Segundo pesquisa anual da Abecs, realizada em parceria com o Datafolha, a posse de cartões de crédito, de débito e de loja na população brasileira aumentou de 68%, em 2008, para 76%, em 2013. Além disso, os cartões já respondem por metade (50%) do volume financeiro gasto por mês pelo brasileiro. Essa participação tem registrado aumento gradativo desde 2011, quando representava 42%. De acordo com Ricardo Vieira, diretor executivo da Abecs, o avanço dos cartões está associado à contínua substituição de meios de pagamento por parte dos consumidores. Segundo estudo da Abecs, as transações com cheque caíram 49% entre 2008 e o primeiro semestre de 2013. Por outro lado, as transações com cartões de crédito subiram 96%, e as com cartões de débito, 128%. O primeiro semestre de 2013 registrou, no total, 4,3 bilhões de transações – 2,1 bilhões com crédito e 2,2 bilhões com débito. Outra pesquisa da Abecs mostra que a participação de dinheiro, cheque, boleto bancário e carnê no valor gasto por mês pelo brasileiro caiu nos últimos anos. A queda foi de 58%, em 2011, para 50%, em 2013, mesmo índice apresentado pelos cartões. A participação do dinheiro foi a que mais reduziu, de 43% para 37%. Por outro lado, o cartão de débito é o que mais cresceu em termos de participação nos últimos dois anos, de 19% a 23%. Vieira informa que a entidade não possui um levantamento específico acerca do segmento de revenda de combustíveis, mas a pesquisa anual mostra que os cartões são responsáveis por 59% do faturamento médio mensal dos postos de combustíveis – só perde para o setor de vestuário (62%).

Os cartões de gestão de frota são mais difíceis de administrar e têm gerado dor de cabeça ao revendedor, que relata problemas para fazer a conciliação das transações

documento comprobatório da transação”, afirmou. No caso da Rede Z+Z, porém, o problema não foi somente com a Good Card: vários erros foram detectados com a Visa e a Mastercard também, contabilizando um prejuízo em torno de R$ 400 mil. Mas Cleuza é enfática ao afirmar que há problemas com todas as operadoras. “Em uma reunião que tivemos com um adquirente percebemos que o problema é geral, pois de todas as empresas participantes, a reclamação foi a mesma, não estar recebendo tudo o que tinha direito a receber. Quem não reclama é porque não confere”, alertou. Consultada, a Ecofrotas, que responde pela bandeira Good Card, disse que o processo de conciliação (e a forma como ele é feito) é de responsabilidade dos postos. A empresa informou que mantém uma relação de proximidade com seus clientes e, em caso de dúvida, os postos podem entrar diretamente em contato. A empresa pediu desculpas pelos eventuais transtornos causados aos clientes. A Ecofrotas relatou ainda que atua com dois tipos de serviços de abastecimento que, por sua vez, possuem cartões diferentes. No caso do cartão Combustíveis & Conveniência • 45


44 REPORTAGEM DE CAPA combustível, há mais liberdade e flexibilidade em seu uso, pois ele pode ser utilizado pela empresa também como um benefício ao funcionário. A empresa cliente estipula que este cartão terá determinado valor, que poderá ser usado de maneira mais livre pelo usuário, desde que sua utilização aconteça em postos de combustíveis e oficinas credenciadas à Ecofrotas e à bandeira Good Card. Já no sistema de abastecimento, o cartão é focado para a gestão e controle da frota. A empresa cliente, além de estabelecer o valor limite de consumo (cota) para o cartão, também pode inserir outras inúmeras. Ou seja, seu uso é bem controlado. Por exemplo, o gestor pode estabelecer o combustível que deve ser usado, qual valor máximo a ser pago por litro e quais postos o motorista deve ou não abastecer. De acordo com Rodrigo Somogyi, gerente de Inovação da Ecofrotas, no caso do sistema de abastecimento, na hora de usar o cartão, o motorista precisa responder uma série de questões – no próprio POS onde o cartão é passado – tais como: a

Nova regulamentação do setor permite pagamentos por meio de dispositivos móveis

quilometragem, o combustível e o hodômetro, entre outros. “É feita uma série de cruzamentos com esses dados, que são disponibilizados instantaneamente via web ao gestor da frota. Tudo é realizado em tempo real, como parte do processo de gestão de frotas. O uso dos cartões é todo automatizado. Porém, em dois momentos, há necessidade de se trabalhar com papel: cupons (slip) que são emitidos pelo POS na hora em que a operação é realizada e na emissão de algumas notas fiscais”, explicou. Conforme Somogyi, quando o motorista passa o cartão no posto de combustíveis e a operação é autorizada, são emitidos três cupons, que devem ser assinados pelo motorista e preenchidos com o seu RG. Um dos cupons fica com o próprio motorista, outro com o estabelecimento e o último deve ser encaminhado pelo estabelecimento para a Ecofrotas. Esse

Nova regulamentação Em maio do ano passado, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória nº 615, publicada no Diário Oficial da União do dia 20/05/13, que, entre outras coisas, dispunha sobre os arranjos de pagamento e as instituições de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Tal medida só foi regulamentada em 4 de novembro, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central editaram, respectivamente, as Resoluções nº 4.282 e 4.283 e as Circulares nº 3.680, nº 3.681, nº 3.682 e nº 3.683, instituindo o marco regulatório inicial que disciplina a autorização e o funcionamento de arranjos e instituições de pagamento. Na verdade, estas medidas são apenas a regulamentação mínima para o setor, que ainda deve receber novas ações regulatórias, após avaliação de outros segmentos de pagamento caracterizados em lei. 46 • Combustíveis & Conveniência

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cupom indica todas as informações da operação (custo, quantidade de litros abastecidos, tipo de combustível etc.). “A exigência do cupom em papel e assinado pelo motorista é uma questão de segurança para o cliente da Ecofrotas. É mais uma forma que a empresa tem de provar que aquela operação existiu”, defendeu. A representante da Rede Z+Z conta que a empresa amargou prejuízo, mas já tomou providências para evitar novos erros. Uma das soluções adotadas foi substituir a conciliação manual pelo sistema da Rezende. “Agora conseguimos administrar vários postos em diversos estados e cidades, tendo toda a administração centralizada em Goiânia. O sistema faz a conciliação automatizada dos cartões de crédito/débito, confronta todas as transações realizadas no nosso servidor de TEF com as transações reconhecidas pela administradora, apontando de forma imediata todas as divergências”, explicou Cleuza. Segundo ela, como o sistema informa todos os detalhes da transação, como número de autorização e NSU, não há como a administradora contestar a veracidade da transação. Além disso, também facilita a verificação da


taxa cobrada pela administradora. Mas a solução só atende os cartões de crédito e débito. Conforme Gouveia, diretor de tecnologia da Rezende, cerca de 2% das transações efetuadas são perdidas em função de problemas de conciliação, principalmente se feitas manualmente. “A opção por fazer isso de forma automatizada elimina a possibilidade de erros e ainda reduz o custo operacional. Dependendo da quantidade de transações, muitas vezes é necessário um departamento inteiro para realizar a conciliação. Com o sistema, esta mão de obra pode ser realocada em outras atividades”, afirmou. Para utilizar o módulo de conciliação da Rezende, a empresa deve necessariamente já ser usuária do sistema de automação da empresa e do TEF, e o custo é de R$ 150 mensais.

Cartões-frete: outra dificuldade

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Além dos cartões para gestão de frotas, os cartões-frete são outra modalidade de pagamento, que surgiram a partir da extinção da antiga carta-frete. Tais cartões permitem ao caminhoneiro abastecer na rede credenciada

pela bandeira do cartão, pagar pedágios e outras despesas durante a viagem. Instituídos com a finalidade de eliminar a suposta informalidade da carta-frete, os cartões eletrônicos ainda estão longe de ser uma alternativa que contente a todos. Para os motoristas, por exemplo, em muitas localidades ainda existem dificuldades para conexão, o que faz com que tenham de desviar de suas rotas inicialmente previstas para buscar locais onde seja possível sacar os valores necessários para a viagem. Para os postos da rede credenciada, os custos ainda são bastante altos. Além das taxas (que ficam em torno de 2% a 3%), o prazo para recebimento costuma ser maior (uma semana mais 25 dias). A boa notícia fica por parte da Repom, que reduziu este prazo para uma semana mais três dias. Porém, a empresa cobra uma taxa de adesão para o posto que quiser fazer parte de sua rede credenciada: R$ 6.500,00.

Preços diferenciados: sem consenso Como o cartão representa um custo considerado significativo para

Sindisoluções: uma alternativa O Sindisoluções, programa oferecido pela Fecombustíveis aos revendedores dos Sindicatos Filiados, tem como objetivo disponibilizar produtos e serviços a custos diferenciados, e a intenção é transformar o site (www.sindisolucoes.com.br) em um portal de serviços para o revendedor, entre os quais se destacam, hoje, os produtos financeiros (cartão de crédito e débito). Segundo Magno Xavier, diretor da MXM, empresa responsável pela implantação do projeto, em breve, poderão ser acessados serviços também na área de conveniência, troca de óleo e sistemas de gestão, entre outros. No caso dos cartões, os revendedores que aderirem à proposta podem conseguir descontos de até 15% em relação às taxas pagas nos demais cartões, facilidades na antecipação de recebíveis (com a possibilidade de escolha de três períodos para reembolso), redução das tarifas de aluguel de POS e TEFs e processo simplificado de adesão e sem contrato de fidelidade. Segundo Fernando Monteiro, diretor da Groupcard, até janeiro de 2014, já havia 400 postos na base de clientes e mais de 1000 em processo de análise. “Para um posto médio, que comercialize R$ 300 a R$ 400 mil mensais, a economia pode chegar a R$ 20 mil anuais”.

Grande parte da população opta pelos cartões de crédito ou débito, que já respondem por metade do volume financeiro gasto por mês pelo brasileiro

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44 REPORTAGEM DE CAPA

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Somafoto/Marcus Almeida

as empresas, muitos defendem a cobrança diferenciada de preços para pagamento à vista (no caso, em dinheiro) ou a prazo, o que seria a situação da venda paga com cartão de crédito. Um dos argumentos para justificar esta tese seria de que, sem a possibilidade de diferenciação, o varejo tende a elevar os preços e quem acaba arcando com os custos do cartão é o consumidor que paga em dinheiro, o qual seria mais prejudicado. Porém, este não é o entendimento dos Procons em todo o país. Segundo o órgão, a diferenciação de preços violaria a Portaria nº 118/94, do Ministério da Fazenda, que diz que “não poderá haver diferença de preços entre transações efetuadas com o uso do cartão de crédito e as que são em cheque ou dinheiro”. Além disso, a diferenciação contraria o Código de Defesa do Consumidor, que em seu artigo 9, inciso V, proíbe exigir, do consumidor, vantagem manifestamente excessiva. Apesar desta postura, muitos juízes têm outro entendimento. De acordo com o advogado Arthur Villamil Martins, que, em 2012, fez um levantamento a respeito do tema, a jurisprudência é dividida, com ligeira vantagem para a posição favorável à diferenciação de preços. “Até novembro de 2012, quando a pesquisa foi realizada, havia 36 acórdãos de tribunais diversos. Dos casos analisados, 19 decisões foram favoráveis e 17 contrárias à tese da diferenciação de preços. Ocorre que, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), até a data da pesquisa, dos 7 casos julgados, 5 foram favoráveis e apenas 2 contrários, o que é um indício interessante em

favor da tese da diferenciação. Contudo, como ainda há um número pequeno de julgados, é prematuro, por ora, traçar uma linha de jurisprudência sobre o tema”, explicou o advogado. Segundo ele, a pesquisa jurisprudencial foi realizada pelo método quantitativo, ou seja, sem análise qualitativa dos argumentos. “Verificamos apenas o número de julgados favoráveis e contrários, para tentarmos

traçar uma linha de tendência jurisprudencial”, esclareceu. Para Villamil, o revendedor que pretender fazer a diferenciação de preços deve ajuizar ação individual para obter o reconhecimento do seu direito pelo Poder Judiciário. “Sem uma decisão judicial favorável, o revendedor que diferenciar preços muito provavelmente será autuado pelos Procons e pelo Ministério Público”, orientou. n

Atenção! Caso o posto revendedor tenha uma relação de crédito com alguma instituição bancária, utilizando seus recebíveis de cartão como garantia, ele pode mudar a sua operadora de cartão e seus equipamentos POS, mesmo tendo “trava de domicílio” (não importa se sua operação de crédito é via conta garantida, capital de giro ou até a conhecida “Operação Fumaça”). Basta que seu posto mantenha a mesma conta para crédito das operações realizadas junto à nova operadora. “Não existe obrigatoriedade de contrato com as empresas que fornecem os equipamentos POS ligadas ao banco em que seu posto tem conta. Por exemplo, o posto que tiver este tipo de operação de crédito junto a um banco, não precisa necessariamente utilizar o equipamento fornecido pela operadora de cartão associada ao respectivo banco. Ou seja, o revendedor pode escolher a operadora de cartões que oferecer as melhores condições e taxas”, esclareceu Monteiro, da Groupcard.


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS A Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica, ou NFC-e, já é uma realidade em alguns estados do país. A NFC-e é mais uma das etapas do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e tem por objetivo facilitar o trâmite de operações de documentos fiscais para o consumidor final e reduzir custos das empresas varejistas, como o uso de impressora e papel especial já que a nota fiscal poderá ser enviada para o e-mail do consumidor ou impresso em uma impressora comum. Apesar de nem todos os estados brasileiros terem ainda adotado a NFC-e, é preciso ficar atento, pois existe a expectativa de que o sistema seja implantado ao longo deste ano. Como vai funcionar a NFC-e? Seu funcionamento será mais simples do que se imagina. O consumidor ao fazer uma compra no comércio varejista não vai receber mais o cupom fiscal emitido por uma máquina específica e um papel especial. Essa nota poderá ser recebida por meio de um programa gerador de NFC-e que pode ser acoplado em máquinas de cartões de débito ou crédito; ou celular. Assim, o varejista poderá enviar a nota para o e-mail do consumidor ou imprimir em uma impressora comum. O que é preciso para instalar a NFC-e? Além da impressora, serão necessários a aquisição de um certificado digital para emissão dos arquivos e de um programa gerador de NFC-e, além de acesso contínuo à internet para o envio automático da nota fiscal ao governo.

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imprimir nota fiscal ao consumidor. Além disso, vai reduzir espaços físicos para guardar bobinas com as segundas vias de notas por um determinado período de tempo, pois a impressora armazenadora terá capacidade para guardar estas informações por um prazo de cinco anos. Qual o custo de implantação da

NFC-e? Depende da infraestrutura do empreendimento. Se já existe uma estrutura montada, como um bom computador, bom acesso à internet e impressora, só precisando adquirir softwares atualizados, o custo pode ficar em torno de R$ 200 a R$ 500. Agora, se for um novo empreendimento, começando do zero, esse valor pode chegar a R$ 2,5 mil.

Quais estados já adotam a NFC-e?

Livro: A Lógica do Consumo – Verdades e Mentiras sobre por que compramos Autor: Martin Lindstrom Editora: Nova Fronteira Nos dias atuais, atrair e fidelizar consumidores se tornou vital para manter o negócio vivo e pulsante em um mundo cada vez mais competitivo. Prova de que o empreendedor precisa ser ágil para capturar clientes é que estudos revelam ser necessário menos de dois segundos e meio para alguém tomar a decisão de comprar.

O novo modelo está disponível no Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. Somente no Mato Grosso, a adoção da NFC-e é obrigatória. Vale lembrar que somos contra essa decisão e já entramos com liminar pedindo a suspensão da obrigatoriedade. Entendemos que as duas tecnologias devem conviver juntas até que uma substitua a outra por completo naturalmente.

As informações fazem parte do livro A Lógica do Consumo, do guru do marketing Martin Lindstrom. A publicação leva o leitor aos bastidores das pesquisas que explicam o porquê de determinado produto vender, além de mostrar como nosso cérebro responde aos muitos estímulos da propaganda.

Qual a expectativa para a adesão de novos estados à nota fiscal eletrônica ao consumidor?

Com um texto leve, o autor apresenta ainda casos reais de estudos de neuromarketing para desfazer mitos - como a localização dos produtos, a correlação entre fidelização por uma marca etc. - e outros fatores, como a influência das cores nas decisões de compra.

Quais os benefícios para os varejistas com esse novo sistema?

Acreditamos que até o fim do primeiro semestre de 2014, todos os estados brasileiros já terão aderido ao novo sistema.

Para o empresário, o principal benefício será a redução de custos, já que não será mais preciso o uso de impressora e papel especial para

Informações fornecidas por Araquen Pagotto, presidente da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac) Combustíveis & Conveniência • 49


44 MEIO AMBIENTE

Nova frota Por Adriana Cardoso Dos 2 milhões de caminhões usados no transporte de carga no Brasil, cerca de 230 mil têm mais de 30 anos de uso. Com esse perfil, a frota é responsável pela emissão de mais gases poluentes, já que sua tecnologia é ultrapassada em relação aos veículos mais novos, além de aumentar os riscos de acidentes nas estradas e provocar congestionamentos nos grandes centros urbanos, uma vez que apresenta problemas mecânicos com mais frequência. Para mudar esse cenário, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e outras entidades do setor entregaram à Casa Civil e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em novembro passado, uma proposta de renovação da frota voltada aos caminhoneiros autônomos. Estes são os donos de 89% dos caminhões com mais de 30 anos de uso. Construída sobre os alicerces do RenovAR (Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões), da CNT, a proposta prevê que o caminhoneiro autônomo troque o veículo usado por um crédito de R$ 30 mil, concedido pelo governo federal. O caminhão segue para um centro de reciclagem para sua destruição. Depois disso, o motorista recebe um certificado de que seu 50 • Combustíveis & Conveniência

veículo foi destruído. De posse desse documento, ele adquire outro, mais novo, e com condições especiais de financiamento. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da Confederação, o senador Clésio Andrade, diz que a expectativa é de que o governo disponibilize linhas de financiamento especiais por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros baixos e prestações de valores mais atraentes. A ideia é que o prazo de financiamento seja de até 120 meses, com carência de até seis meses. A proposta ainda está em estudo pelo governo federal e uma decisão deve sair ainda este ano. A expectativa é de que, com a implantação do programa, a frota de caminhões mais velhos seja renovada em menos de dez anos. O presidente da Associação Brasileira de Transporte de Carga (ABTC), Newton Gibson, diz que o bônus oferecido não é necessariamente o bastante, mas a proposta é louvável. “Os caminhoneiros autônomos enfrentam dificuldade histórica na hora de financiar a renovação de seus instrumentos de trabalho. Sendo assim, eles acabam sendo forçados a manter os caminhões em operação por mais tempo”, aponta.

Imagens: Stock

Governo federal analisa proposta de programa para renovação de frota de caminhões, o que trará benefícios ao meio ambiente. Outras iniciativas para reduzir os emissores poluentes abrangem também o setor de combustíveis, com a inserção da nova gasolina e do diesel S500 em todo país


Além de caminhões novinhos em folha, a proposta permite a compra de veículos usados, com até dez anos de uso. Numa sondagem no site de compras Mercado Livre, a reportagem verificou que poucas unidades usadas no transporte de carga saem por menos de R$ 100 mil. Por exemplo: um Volkswagen Constelation, de 2007, era anunciado por R$ 165,9 mil. Na avaliação de Gibson, a proposta é apenas a ponta do novelo de problemas na órbita do setor. “O principais problemas são a jornada de trabalho prolongada, a idade avançada da frota, excesso de peso dos veículos, as péssimas condições das rodovias, a pesada carga tributária e o roubo de cargas e veículos”, elenca. Os autônomos, responsáveis por 50% da frota nacional, acabam pagando o maior preço dessa situação. O restante é dividido entre empresas com frota própria (20%) e transportadoras (30%).

Ganhos

A expectativa com a implantação do programa é que a frota de caminhões seja renovada em menos de dez anos

Segundo a CNT, os caminhões com mais de 30 anos de uso foram fabricados quando ainda não havia no Brasil um limite legal para emissão de poluentes. Nesse aspecto, Gibson aponta ganho em qualidade dos veículos novos, que consomem 10% menos diesel, redução de 87% nas emissões de carbono, 81% na de hidrocarbonetos, 86% nas de óxido nitroso e 95% na de materiais particulados com relação aos antigos. Além, é claro, de aumentar a segurança nas estradas. O descarte dos veículos velhos também resulta em ganho ambiental importante, pois sairão de circulação e passarão por reciclagem, pela qual os componentes podem ser reaproveitados ou descartados corretamente, sem agredir o meio ambiente. As unidades recicladoras, criadas especialmente para o programa, deverão comprovar o destino final correto do material. Há alguns anos, a CNT vem debatendo a renovação da frota, inspirandoCombustíveis & Conveniência • 51


44 MEIO AMBIENTE

Proconve Instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em 1986, o Proconve estabeleceu um cronograma de redução gradual da emissão de poluentes para veículos leves (automóveis) e para veículos pesados (ônibus e caminhões). Atualmente, o programa está concluindo sua fase 7 (para veículos pesados), iniciada em 2009, que institui restrições de emissões por veículos a diesel a partir de 2012, que implementou a introdução de novos tipos de diesel, como o S50, S10 e S500. A inserção da nova gasolina também está contemplada nas etapas do Proconve para veículos leves. Baseado na experiência dos países desenvolvidos, o programa adota procedimentos diversos para a implantação das tecnologias industriais já existentes, adaptadas às condições e necessidades brasileiras. Impõe, ainda, a certificação de protótipos e linhas de produção, a autorização especial do órgão ambiental federal para uso de combustíveis alternativos, o recolhimento e preparo dos veículos ou motores encontrados em desacordo com o projeto e proíbe a comercialização dos modelos de veículos não homologados segundo seus critérios.

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-se em experiências de outros países. No Japão, por exemplo, a taxa média de reciclagem por unidade é de 95%. Somente 5% dos componentes descartados não são reaproveitados pelos japoneses. Apesar da importância de se melhorar o transporte rodoviário, o presidente da ABTC destaca a necessidade de o governo dar uma atenção maior à intermodalidade, necessária para aumentar a competitividade internacional do país e para reduzir as emissões de poluentes. Mas, ao que parece, o governo decidiu mesmo priorizar o transporte rodoviário em detrimento dos demais. O boletim de janeiro da CNT mostra que, até novembro passado, do total de investimentos da União em infraestrutura do transporte (R$ 8,72 bilhões), R$ 6,65 bilhões (76,4%) foram destinados ao rodoviário, R$ 1,86 bilhões (21,3%) ao ferroviário e somente 1% ao aquaviário, quase que uma afronta num país com uma costa imensa e banhado por rios.

Combustíveis Para o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, “esse programa é excelente, pois melhora a forma de consumir combustíveis no país”. Na prática, ele

acredita que, embora os veículos novos sejam mais econômicos, a indústria automotiva só cresce no país e outros tipos de combustíveis ampliam a gama de oferta no mercado, como o diesel S10 e S500 e a gasolina, todos com redução de enxofre. Nos últimos anos, o ingresso dos combustíveis de baixo teor de enxofre representaram um marco na história do país. A iniciativa teve início em 2012, com a inserção no mercado do diesel S50, que foi substituído no ano passado pelo S10, juntamente com o Arla-32. O esforço em reduzir os emissores poluentes também envolveu a indústria automobilística, com ingresso de caminhões com motor Euro 5 que, necessariamente, devem abastecer com o diesel S10. Este ano, a novidade em 1º de janeiro foi o início da distribuição em todo o Brasil do diesel S500, em substituição ao S1800, e da nova gasolina C. A Petrobras investiu cerca de R$ 20,6 bilhões para distribuir a gasolina com menor teor de enxofre . O produto traz 50 miligramas de enxofre por quilo, ou 50 partes por milhão (ppm), sendo, portanto, bem menos poluente que a vendida anteriormente, com até 800 ppm de enxofre. Trata-se de uma redução de 94%.

Nova frota aumenta a segurança nas estradas, além de trazer ganho em qualidade dos veículos novos, que consomem 10% menos diesel e há redução de 87% nas emissões de carbono


Embora seja benéfica ao meio ambiente e à saúde da população, a nova gasolina chega com anos de atraso. A redução gradual da emissão de poluentes por veículos foi decidida pelo governo em 1986, quando o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) aprovou o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) (Veja box). A indústria automotiva também vem trabalhando para isso. No ano passado, a frota brasileira de veículos flex ultrapassou a de gasolina, representando mais da metade das unidades leves do Brasil. No entanto, a indústria do etanol, biocombustível limpo, enfrenta dificuldades por conta da política de preços do governo à gasolina (Leia reportagem na página 26).

Somado a isso, prospecta-se no mercado brasileiro a produção local de veículos híbridos, alguns já usados no transporte público de São Paulo. No ano passado, a Toyota entregou ao governo proposta de benefícios fiscais para a produção e venda do híbrido Prius (modelo que pode acoplar dois motores distintos, um a combustão e outro elétrico) em solo brasileiro. Porém, a Unica defende que a tecnologia flex seja adotada, já que o etanol é responsável por muito menos emissões do que a gasolina. A Toyota decidiu pedir ajuda do governo depois de a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estabelecer, em julho passado, medidas que visam cooperar com as empresas interessadas

em importar carros híbridos ou elétricos no país. O primeiro passo foi estabelecer IPI zero até o início de 2017. O segundo passo previsto seria a nacionalização da tecnologia por essas empresas. Mesmo avançando a passos lentos em relação a países de primeiro mundo, a indústria nacional se move para melhorar as tecnologias de veículos e combustíveis vendidos, com a finalidade de ajudar a arrefecer os efeitos nocivos à saúde da população e ao meio ambiente. Todavia, de nada adianta esse esforço enquanto o governo não mudar o foco de sua lente, mirando modais menos poluentes, que trariam ganho ambiental, econômico e poderiam alçar o país da condição de emergente ao desenvolvido de fato. n

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44 CONVENIÊNCIA

Farmácias surgem como novas opções de negócio para a revenda por conta da facilidade em atrair clientes, em busca de medicamentos e artigos de higiene e beleza

Farmácias em postos: nova aposta De olho em novas oportunidades para os clientes dos postos Ipiranga, grupo Ultra sai na frente e adquire rede de farmácias Extrafarma. Mas será que realmente é uma boa opção de negócio? Por Gisele de Oliveira Não é de hoje que o posto de combustíveis se transformou num espaço onde é possível não somente abastecer seu veículo, mas também é ideal para fazer compras de artigos de conveniência. Inicialmente, a loja de conveniência era o local onde o cliente podia adquirir itens considerados de pouca necessidade, para consumo imediato. Com o passar do tempo e a mudança de hábito da população, cada vez mais agitada e em busca de praticidade, a loja acabou ganhando espaço na vida das 54 • Combustíveis & Conveniência

pessoas e passou a oferecer mais itens e serviços aos clientes. Hoje em dia, ao abastecer seu veículo, o consumidor ainda pode fazer lanches rápidos ou comprar semiprontos para levar para casa, adquirir bebidas, beber aquele cafezinho enquanto espera a lavagem do carro, pegar dinheiro no caixa eletrônico e até comprar um pãozinho fresquinho. Ou seja, é cada vez maior a oferta de produtos dentro de uma loja de conveniência. Tudo para atrair o cliente. E essa lista não para de crescer. Recentemente, o Grupo Ultra, dono da rede de postos

Ipiranga, anunciou a compra da rede paraense de drogarias Extrafarma, como mais uma oportunidade de ampliar a oferta de serviços oferecidos pelos postos. O grupo desembolsou R$ 1 bilhão e acredita que a venda de combustíveis pode aumentar ao oferecer um ambiente que vende medicamentos e artigos de higiene e perfumaria. Atualmente, a Extrafarma possui 186 farmácias, distribuídas nos estados do Pará, Ceará, Amapá, Piauí e Maranhão. Procurada, a Ipiranga preferiu não falar sobre o assunto, sob a justificativa de ainda estar aguardando a deci-


trazendo uma grande sinergia na atratividade de clientes, pois estarão em contato com outras atividades do estabelecimento. Além disso, você estabelece uma relação de confiança com o cliente por meio da farmácia, pois não oferece apenas produtos, mas também serviços, como aferição de pressão, por exemplo. Isso é muito importante”, explica Silva.

farmácias locais fazem menores exigências, as negociações durante o processo são mais flexíveis e possuem uma credibilidade surpreendente por contar com um proprietário ou farmacêutico conhecido”, pondera Pricila. Stock

são do Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico (Cade). “Instalar farmácias dentro de postos de combustíveis é uma tendência do setor de oferecer cada vez mais serviços aos clientes e, assim, atraí-los para o ambiente do posto”, explicou Pricila de Sá Cantú, consultora da Conveniência Postos. Segundo ela, embora seja considerado um novo nicho de mercado, não é de hoje que o controlador da Ipiranga vem tentando entrar neste segmento. “Há três anos, o grupo Ultra participou de outra negociação, mas não foi adiante. Agora, com a aquisição da Extrafarma, esse objetivo foi alcançado”, conclui. Porém, a intenção de explorar farmácia nas revendas de combustíveis não é bem uma novidade. Já é possível encontrar esse serviço disponível em postos revendedores no país, o que só reforça a ideia de que este negócio pode, e deve, crescer nos próximos anos a partir da decisão anunciada pelo grupo Ultra. É o caso do Auto Posto Milano, localizado em Rio Claro (SP). O estabelecimento possui uma farmácia, operada por um farmacêutico – a única da região dentro de um posto de combustível, segundo o proprietário do posto Caio Junqueira Silva. Ao realizar uma ampla reforma no posto, ele percebeu que instalar uma farmácia no local poderia trazer bons resultados para o negócio, e não se arrepende. Segundo ele, a drogaria ajuda a aumentar a circulação no posto, ele já que as pessoas acabam descendo do carro para comprar um medicamento ou algum item de higiene que esteja precisando. “(A farmácia) É extremamente complementar ao posto,

Franquia ou farmácia própria? Geralmente, a iniciativa parte da própria rede de franquias de farmácias ou do farmacêutico, que vislumbram no local um bom espaço para o seu negócio. Mas, na avaliação de Pricila de Sá, a escolha por instalar farmácia ou qualquer outro serviço, como lotéricas, salão de beleza, lavanderias, pet shop etc., no pátio do posto deve ser sempre a de melhorar o resultado do negócio como um todo. Por isso, é importante que o revendedor tenha atenção na hora de escolher a modalidade de negócio a incorporar ao estabelecimento, levando em consideração todas as variáveis que impactam o empreendimento, tanto em termos de espaço quanto de retorno financeiro. Da mesma forma, quando surge a oportunidade de instalar a farmácia no posto, a recomendação é avaliar se o tipo de negócio (franquia ou farmácia local) oferecido trará o retorno necessário. Segundo a consultora, independemente da escolha, farmácia ou franquia têm seus benefícios. “As redes ou franquias têm maior atrativo no layout, no nome conhecido e sua presença em outros lugares que o cliente já conhece. Já as

Além disso, o revendedor precisa ter definido o que espera do posto em termos de crescimento do negócio. Se há a intenção de aumentar a rentabilidade do estabelecimento, oferecendo diversos serviços ao cliente, a escolha por uma farmácia independente pode ser uma boa opção. Mas deve-se lembrar que, a drogaria será mais uma fatia do negócio e, portanto, precisará ser administrada pelo proprietário, Combustíveis & Conveniência • 55


44 CONVENIÊNCIA

Stock

com contratação e treinamento de pessoal e aquisição de artigos e medicamentos para a loja, entre outros. Isso sem contar com a preocupação que deverá ter com o prazo de validade dos produtos e medicamentos, pois o estabelecimento poderá receber inspeções periódicas do Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária. Por outro lado, se a ideia é complementar o faturamento do posto, sem perder de vista o foco inicial, que é a venda de combustíveis, e existe espaço disponível, o aluguel tende a ser o melhor caminho. Isto porque o revendedor não terá preocupações com a operação da farmácia, que estará vinculada

ao representante da franquia ou farmacêutico. Outro requisito que deve ser levado em consideração é o espaço físico do posto de combustível e a disponibilidade de vagas de estacionamento. As redes ou franquias exigem uma área que varia entre 100 e 150 metros para instalação de uma drogaria e, pelo menos, duas vagas de estacionamento. No caso de farmácias de pequeno porte, não é necessário toda essa área física em função da oferta de um mix menor de produtos, além de não haver exigência de vagas para estacionar. “Tudo deve ser muito bem esclarecido e negociado no começo para evitar futuros aborrecimentos”, comenta Pricila. E por falar em vagas de estacionamento, a quantidade também deve ser observada pelo revendedor para evitar atritos na área de abastecimento. O ideal é, ao decidir por implantar uma farmácia, já prever os números de vagas e suas demarcações dentro da área física a ser disponibilizada para o novo negócio.

Concorrência interna

A escolha por instalar farmácia na área do posto deve ser sempre a de melhorar o resultado do negócio como um todo

56 • Combustíveis & Conveniência

Mas nem tudo são flores quando o assunto é ter uma farmácia na área do posto. Por oferecer uma enorme variedade de produtos, que vão desde medicamentos a artigos de higiene e beleza e de conveniência, a farmácia pode se tornar

um concorrente direto das lojas de conveniência. O assunto já rendeu polêmica junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, em 2009, havia permitido a comercialização somente de produtos diretamente relacionados à saúde. A questão foi parar na Justiça em 2011, com algumas causas ganhas pelas associações de farmácias e drogarias, mas, no ano passado, a própria Anvisa autorizou, por meio da Resolução nº 17, o segmento a atuar como lojas de conveniência, permitindo a venda de alimentos e plantas medicinais, além dos tradicionais cosméticos, perfumes e produtos de higiene. “A farmácia de redes tem melhores condições de compra e, consequentemente, melhor preço de venda do que uma loja de conveniência sozinha. Por isso, nestes casos, a orientação é, se for possível, evitar esse confronto, buscando negociar os itens a serem oferecidos na farmácia”, sugere Priscila. O revendedor Caio Junqueira adotou essa estratégia para o Auto Posto Milano, que conta com farmácia e loja de conveniência. Cada unidade de negócio tem seu foco voltado para sua atividade principal, evitando conflitos diretos. Já no caso do Auto Posto Palhano, localizado em Londrina (PR), não há limitação de itens vendidos tanto na drogaria quanto na loja de conveniência. E os sócios do estabelecimento garantem que não há concorrência entre as duas. “Não existe isso (concorrência) das duas partes até porque o cliente só vai até a farmácia quando precisa comprar algum tipo de medicamento”, conta Rodrigo Werner, um dos sócios.n


OPINIÃO 44 Flavio Franceschetti 4 Consultor do Sindicom

Caça ao tesouro O plano viário das cidades contemporâneas sofreu influencia direta do crescimento do número de carros rodando pelas ruas. Naturalmente, os postos foram ocupando locações privilegiadas em esquinas e avenidas, na saída ou entradas de bairros, vias de acesso etc., pois eles também foram instalados onde houvesse tráfego intenso de automóveis. Com o passar do tempo, ocorreram mudanças do perfil operacional do antigo posto de gasolina, tais como: o fim das salas de vendas, dos pinos de lubrificação, das ‘lavagens completas’, das borracharias etc. e, como decorrência, sobra de espaço na área física dos postos de serviços. Hoje, esse espaço disponível dentro dessas locações privilegiadas representa um patrimônio para os revendedores. Para representar o potencial de investimento desse negócio, trazemos um mapa (ao lado) do tesouro. Mas como materializar este tesouro? O segredo é melhor aproveitar esse precioso espaço e existem várias oportunidades de mercado. A melhor oferta, sem dúvida, é a loja de conveniência. Uma oferta rentável, que agrega lucro adicional para o negócio principal (posto), além de ser fonte geradora de tráfego e fidelizadora da clientela. O casamento do posto com a loja de conveniência, sob gestão unificada, resulta em um promissor canal de vendas a varejo, estável e definitivo. No conceito de exploração de negócios, a padaria é uma das opções para maximizar a receita do posto. Ela pode ser stand alone (espaço operacional e razão social separadas) ou pode integrar o espaço existente dentro da loja de

conveniência. Em ambos os casos, agregam mutuamente múltiplas vantagens operacionais, tais como: o fornecimento regular de pão próprio para as ofertas de food service da loja, além da produção de salgadinhos, croissants e snacks em geral. Apenas como precaução, devemos recomendar a escolha um modelo simplificado de padaria, isto é, que processe pães pré-fabricados (semiassados ou congelados). Já a padaria completa, que fabrica e assa o pão, é de alta complexidade operacional e exige muito espaço para armazenagem e operação. E as drogarias? Bem, elas têm uma excelente sinergia com os postos de combustíveis. Além disso, atraem um público consumidor eclético, que ficam pouco tempo no estabelecimento, o que não causa problemas de circulação na pista, nem bloqueia vagas no estacionamento. A Ipiranga, que tem a maior rede de lojas de conveniência do país (am/pm), conta com experiência em instalação de farmácias e, recentemente, celebrou a aquisição da rede “Ultrafarma”. Tudo indica que essa recente movimentação de pedras no xadrez tem como objetivo multiplicar o potencial de instalação de farmácias em sua rede de postos, além de indicar que a experiência da Ipiranga com drogarias tem obtido êxito. Para a revenda, o desafio é escolher bem seus gerentes porque esse ramo de atividade (farmácias) requer expertise, dedicação e tecnologia operacional. Combustíveis & Conveniência • 57


44 ATUAÇÃO SINDICAL Minas Gerais

Revendedores contra a dengue

58 • Combustíveis & Conveniência

Minaspetro

No dia 17 de dezembro de 2013 foi lançada a Campanha de Prevenção à Dengue 2014, que conta, mais uma vez, com a parceria do Minaspetro. Como representante dos cerca de 4 mil donos de postos de combustíveis de Minas Gerais, e de um setor tão importante para a economia, o Sindicato se sente na obrigação de fazer a sua parte para ajudar a frear esta doença, que todos os anos faz centenas de vítimas. Desde 2011, o Minaspetro apoia o governo do estado na campanha. No final de 2012, a adesão à campanha ocorreu nos meios de comunicação e por meio da afixação de faixas nos postos, como alerta à população. Ao longo de 2013, o apoio foi reforçado e centenas de postos cederam espaço para a colocação de cavaletes com frases de impacto sobre a dengue. Este ano, quase 600 postos já aderiram à campanha, cujo o slogan é: “Se a gente não acabar com a dengue, ela vai acabar com a gente!”, e estão disponibilizando cavaletes com informações sobre a doença. Para o presidente do Minaspetro, Paulo Miranda Soares, poder colaborar com a campanha é motivo de orgulho. “Honrando o compromisso social que o Minaspetro tem com os mineiros, estamos apoiando mais uma edição da campanha de prevenção à dengue no estado de Minas Gerais. Desde 2011, somos parceiros nessa luta. Estamos colocando nossa estrutura à disposição para a divulgação das informações de alerta quanto a essa doença, e nos comprometemos com o envolvimento de nossos associados, fornecedores e parceiros nessa

Diretor-tesoureiro, Bráulio Chaves, representou o Minaspetro no lançamento da Campanha

iniciativa. Para nós, é um prazer poder contribuir!”

Visita à Regap Colaboradores e advogados do Minaspetro tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre outra etapa da cadeia de combustíveis: a produção. Eles estiveram na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, onde assistiram a palestras sobre o setor e fizeram uma visita guiada. Na ocasião, o gerente de Relação com o Cliente da Petrobras, Adiel Paes Louzada, apresentou os números de produção da Regap. Inaugurada em 1968, ela é hoje uma das refinarias mais importantes do Brasil, com mais de 11,9 milhões de metros quadrados de área total e uma produção de cerca de 156 mil barris por dia, correspondente a 8% do mercado nacional. A refinaria atende a demandas de 59% do território mineiro, além de outros estados, o que, segundo o gerente, tem sido um desafio, já que a produção é menor do que o consumo. Durante o encontro, também foi apresentada aos visitantes a gasolina S50. De acordo com o engenheiro de Informação, Vicente Paulo Nonato Júnior, a nova especificação traz benefícios como menor impacto ambiental, principalmente com a diminuição

da poluição, redução de custos de manutenção de veículos e maior tempo de estocagem.

Ibama orienta revendedores Associados, advogados e visitantes de sindicatos de diversos estados participaram de uma palestra do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na sede do Minaspetro, no final do ano passado. O evento teve como objetivo esclarecer o preenchimento dos relatórios de atividades, fiscalizações e o recadastramento obrigatório de todas as pessoas inscritas no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais. Na ocasião, foi feita uma demonstração prática do recadastramento de um posto. “Foi uma oportunidade única, que dificilmente o revendedor encontra em algum outro lugar”, considerou o advogado e engenheiro ambiental do Minaspetro, Bernardo Souto. Ele também ressaltou que o evento foi um importante meio de aproximação entre o associado e os agentes do órgão ambiental. Na ocasião, um representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) ministrou palestra sobre licenciamento no estado de Minas Gerais. (Geisa Brito)


Mato Grosso do Sul

Legislação e Sustentabilidade

Dezenas de revendedores e contabilistas participaram do “3º Workshop Tendências e Debates – Legislação e Sustentabilidade” e da feira que reuniu mais de 20 expositores de produtos destinados ao setor de combustíveis e de lubrificantes, em 28 de novembro, em Campo Grande (MS). De acordo com Mário Shiraishi, presidente do Sinpetro, pelo fato de o setor de combustíveis ser o quarto maior arrecadador de tributos no estado de Mato Grosso do Sul e, ainda, o mais fiscalizado em todo o país, a realização desse tipo de evento é extremamente importante. “Temos que manter os empresários por dentro do que acontece no mercado e a par das constantes mudanças legais que ocorrem”, explicou o dirigente. Hoje, o setor é fiscalizado por órgãos ligados ao governo federal, ao governo estadual e aos municípios. “Portanto, é

imprescindível que os empresários estejam bem informados, pois, do contrário, poderão ser multados por problemas simples que poderiam ser sanados sem a necessidade da aplicação de sanções”, disse Mário Shiraishi.

Palestras O evento teve início com a palestra do ex-ministro Ciro Gomes, que discorreu sobre o tema “Conjuntura Político-Econômica Brasileira”. Na sequência foi realizado um painel da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que teve como mediador Paulo Miranda Soares, empresário, advogado especializado em direito comercial e presidente do Minaspetro e da Fecombustíveis. Gestão ambiental nos Postos de Combustíveis foi o tema desenvolvido por Sérgio Cintra,

Sinpetro

Da dir. para a esq: Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis; Aurélio Amaral e Carlos Orlando Silva, superintendentes da ANP; e Mário Shiraishi, presidente do Sinpetro

CEO do Grupo MS Metalsinter, Filtros MS e Ambiental MS e fundador da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps). Ele foi seguido por Guilherme Tostes, vice-presidente para Região Sudeste da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), que falou sobre o tema Administração de Custos. Sucessão Familiar foi o tema abordado por Rogério Yuji Tsukamoto, coordenador e professor do programa Gestão de Empresas Familiares, da Fundação Getulio Vargas. Na sequência, a palestra sobre liderança estratégica e gestão de pessoas foi ministrada por Dalmir Santana, mestre em administração de empresas e autor dos livros “Oportunidades” e “Menos pode ser Mais”. (Edir Viegas) Combustíveis & Conveniência • 59


44 ATUAÇÃO SINDICAL Bahia

Posto Solidário Sindicombustíveis Bahia

Sindicombustíveis Bahia participa de ação social, que arrecadou material para a construção de um abrigo para idosos

Em eventos e confraternizações, o Sindicombustíveis Bahia sempre buscou estimular a solidariedade, a responsabilidade social do empresário, através do projeto Posto Solidário. Na Festa de 50 anos, a ação social beneficiou os idosos que não têm um lar. Foram arrecadados blocos para a construção do Abrigo São Miguel Arcanjo, no bairro de Mussurunga, em Salvador, de responsabilidade do Irmão João Gabriel, que já mantém o Abrigo São Gabriel, na Cidade Baixa. Desde 1999, o Abrigo São Gabriel desenvolve um trabalho 60 • Combustíveis & Conveniência

diferenciado ao acolher idosos carentes, sem familiares, desprovidos de documentação que lhes facultem aposentadoria, portadores de doenças crônicas e com incapacidade física. São considerados “excluídos”. O São Gabriel abriga 65 idosos, que podem viver com respeito e amor, sendo valorizados na terceira idade. O irmão João Gabriel, ex-monge beneditino, passou a dedicar-se aos cuidados de idosos sem lar e quer proporcionar mais dignidade a essas pessoas, com a construção de um segundo abrigo: o São Miguel Arcanjo.

O novo abrigo irá acolher mais 65 idosos, que desenvolverão atividades para melhorar a autoestima e gerar fonte de renda. “O sucesso completo de uma empresa só acontece quando se pensa no outro. E o Sindicombustíveis fez justamente isso ao celebrar seus 50 anos, celebrando também um compromisso com os necessitados, prova de um trabalho de dedicação e respeito ao próximo”, declarou Irmão Gabriel. A campanha para doação de blocos conseguiu arrecadar material para erguer a primeira casa do novo abrigo. (Carla Eluan) n


44 AGENDA MARÇO

AGOSTO

OUTUBRO

29ª Convenção Nacional TRR Data: 19 a 23 Local: Ilhéus (BA) Realização: SindTRR Informações: (11) 2914-2441

4º Expo Conveniências Data: 7 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888

Encontro de Revendedores do Norte Data: 2 e 3 Local: Porto Velho (RO) Realização: Sindipetro-RO e demais Sindicatos do Norte Informações: (69) 3229-6987

10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 22 Local: Montes Claros (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

NACS Show Data: 7 a 10 Local: Las Vegas Convention Center (Las Vegas/EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com

SETEMBRO

NOVEMBRO

10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 16 Local: Juiz de Fora (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

17º Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 16º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul Data: 25 a 28 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3228-7433

Congresso de Revendedores de Combustíveis do Espírito Santo e Sudeste Data: 6 e 7 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

Encontro de Revendedores do Nordeste Data: 29 e 30 Local: Natal (RN) Realização: Sindipostos-RN e demais Sindicatos do Nordeste Informações: (84) 3217-6076

10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 19 Local: Ipatinga (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 28 Local: Pouso Alegre (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

ABRIL 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 25 Local: Uberlândia (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

MAIO

4º Encontro de Revendedores da Baixada Santista, Litoral Sul Paulista e Vale do Ribeira Data: 27 Local: Santos (SP) Realização: SindicombustíveisResan Informações: (13) 3229-3535

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

09/12/2013 - 13/12/2013

1,457

1,455

09/12/2013 - 13/12/2013

1,294

1,152

16/12/2013 - 20/12/2013

1,451

1,446

16/12/2013 - 20/12/2013

1,282

1,139

23/12/2013 - 27/12/2013

1,451

1,443

23/12/2013 - 27/12/2013

1,276

1,133

30/12/2013 - 03/01/2014

1,442

1,449

30/12/2013 - 03/01/2014

1,284

1,147

06/01/2014 - 10/01/2014

1,458

1,466

06/01/2014 - 10/01/2014

1,284

1,156

Média Dezembro 2013

1,440

1,435

Média Dezembro 2013

1,281

1,146

Média Dezembro 2012

1,287

1,401

Média Dezembro 2012

1,133

1,001

Variação 09/12/2013 10/01/2014

0,1%

0,8%

Variação 09/12/2013 10/01/2014

-0,8%

0,4%

Variação Dezembro/2012 Dezembro/2013

11,9%

2,5%

Variação Dezembro/2012 - PREÇOS DO ETANOL ANIDRO EVOLUÇÃO DE 13,1% 14,5% Dezembro/2013

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos 1,5

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) 1,5

1,4

Alagoas

Pernambuco

Dezembro 2013

1,587

1,572

Dezembro 2012

1,470

1,471

Variação

7,9%

6,8%

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)

1,4 1,3 1,3

HIDRATADO

Período

ANIDRO

em R$/L

Período

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

1,2 1,2 1,1

Período

Alagoas

Pernambuco

Dezembro 2013

1,354

1,324

Dezembro 2012

1,156

1,145

Variação

17,2%

15,6%

São Paulo Goiás

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

1,5

1,4

1,5

1,2

1,4

1,0

1,4

0,8

1,3

0,6

1,3 1,2

São Paulo

1,2

Goiás

1,1

62 • Combustíveis & Conveniência EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

em R$/L

0,4 0,2 0,0

São Paulo Goiás


TABELAS 33 em R$/L - Dezembro 2013

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,414

2,519

0,105

2,519

2,968

0,449

2,418

2,549

0,131

2,549

2,948

0,399

2,409

2,537

0,128

2,537

2,921

0,384

Branca

2,418

2,462

0,044

2,462

2,870

0,408

Outras Média Brasil 2

2,416

2,505

0,089

2,505

2,907

0,402

2,414

2,514

0,100

2,514

2,925

0,411

10 %

40 %

8%

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

30 %

6%

20 %

4%

10 %

Outras

0%

Branca

2%

-20 %

31,5

-30 %

29,1

5,6

-10,3

Outras

Branca

0%

-10 %

-2 %

-55,1

-4 %

-40 %

-6 %

-50 %

9,4

-0,6

-2,2

BR

Branca

-2,8

-6,4

-8 %

-60 %

Ipiranga

Raízen

BR

Outras

Outras

Raízen

Branca

Distribuição

Diesel

Ipiranga

Revenda

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,075

2,156

0,081

2,156

2,500

0,344

2,069

2,184

0,115

2,184

2,484

0,300

2,065

2,168

0,103

2,168

2,446

0,278

Branca

2,053

2,073

0,020

2,073

2,366

0,293

Outras Média Brasil 2

2,055

2,168

0,113

2,168

2,457

0,289

2,064

2,136

0,072

2,136

2,441

0,305

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

Preço Médio Pond, de Custo do Diesel 1

15 %

Outras

60 % 50 %

12 %

40 % 30 %

9%

20 %

6%

10 %

Branca

0%

3%

-10 % -20 % -30 % -40 %

Branca

0%

59,0

57,1

42,5

12,8

Outras

-72,9 -3 %

-50 %

-6 %

-60 %

12,9

-1,5

-3,8

-5,1

-8,5

-70 %

-9 %

-80 %

Ipiranga

Outras

Raízen

BR

Branca

BR

Ipiranga

Branca

Outras

Raízen

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 22/13 e 23/13. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe nº 01, de 09/01/2014 - DOU de 10/01/2014 - Vigência a partir de 16 de janeiro de 2014

UF

75% Gasolina A

25% Alc. Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,158 1,019 1,066 1,084 1,010 1,022 1,086 1,074 1,084 1,017 1,113 1,085 1,098 1,046 1,026 1,017 1,031 1,047 1,021 1,018 1,094 1,086 1,022 1,073 1,053 1,056 1,125

0,466 0,441 0,461 0,460 0,448 0,448 0,372 0,380 0,370 0,451 0,390 0,375 0,372 0,456 0,444 0,444 0,449 0,373 0,372 0,444 0,465 0,468 0,394 0,377 0,444 0,370 0,372

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,843 0,799 0,782 0,721 0,797 0,791 0,767 0,806 0,893 0,780 0,781 0,763 0,830 0,836 0,776 0,789 0,718 0,854 0,958 0,802 0,785 0,773 0,759 0,748 0,786 0,664 0,768

2,664 2,456 2,505 2,461 2,450 2,457 2,421 2,455 2,543 2,444 2,480 2,419 2,496 2,534 2,441 2,446 2,394 2,470 2,546 2,460 2,540 2,522 2,371 2,394 2,478 2,286 2,461

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,373 2,961 3,127 2,884 2,950 2,930 3,067 2,984 3,080 2,888 3,125 3,050 3,074 2,985 2,874 2,922 2,873 3,050 3,089 2,970 3,140 3,090 3,034 2,990 2,910 2,658 3,070

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,589 1,418 1,472 1,454 1,411 1,428 1,546 1,517 1,538 1,419 1,575 1,518 1,533 1,426 1,421 1,416 1,436 1,513 1,457 1,321 1,508 1,498 1,460 1,525 1,461 1,481 1,469

0,122 0,130 0,122 0,122 0,121 0,125 0,110 0,114 0,110 0,130 0,101 0,104 0,115 0,122 0,130 0,130 0,130 0,109 0,121 0,130 0,115 0,122 0,101 0,103 0,130 0,107 0,113

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,499 0,405 0,430 0,419 0,441 0,406 0,305 0,298 0,379 0,385 0,465 0,391 0,383 0,426 0,407 0,418 0,424 0,294 0,315 0,417 0,451 0,464 0,300 0,299 0,409 0,311 0,329

2,350 2,094 2,165 2,135 2,113 2,100 2,102 2,070 2,168 2,074 2,282 2,154 2,171 2,114 2,099 2,104 2,130 2,057 2,034 2,008 2,214 2,224 2,002 2,067 2,140 2,040 2,052

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

2,935 2,383 2,532 2,464 2,593 2,390 2,545 2,487 2,525 2,262 2,735 2,300 2,550 2,505 2,397 2,456 2,491 2,450 2,421 2,450 2,650 2,730 2,498 2,490 2,406 2,596 2,440

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e alegislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

Total 2,398 2,012 N/D

2,571 2,244 2,193

2,654 2,420 2,277

2,464 2,115 2,301

Porto Velho (RO)

2,724 2,427 2,321

Atem's 2,390 2,520 2,080 2,260 2,250 2,250

BR

Rio Branco (AC)

2,696 2,357 N/D

2,590 2,299 N/D

2,561 2,260 1,835

Gasolina Diesel Etanol

2,445 1,931 1,585

Gasolina Diesel Etanol

2,554 N/D N/D

BR 2,673 2,241 1,789

BR 2,476 1,970 1,678

2,590 N/D N/D

2,491 N/D 1,884

2,582 2,162 2,091

2,340 2,083 1,984

IPP

2,635 2,499 1,685 IPP 2,609 2,364 1,930

Raízen 2,685 2,741 2,239 2,319 1,786 1,860

2,620 2,320 1,845

Raízen 2,434 2,565 2,055 2,278 1,692 1,894

2,560 N/D 2,184

Raízen 2,484 2,654 2,091 2,308 2,139 2,145

2,561 2,102 2,101

Raízen 2,435 2,608 1,995 2,204 2,020 2,168

BR

IPP

BR

2,735 2,257 1,859 IPP

2,694 2,156 1,813

2,640 2,357 N/D

Equador 2,746 2,840 2,391 2,511 2,087 2,224

Taurus 2,395 2,620 2,125 2,460 1,710 1,920

Alesat 2,671 2,675 2,259 2,259 1,825 1,832

2,475 2,011 1,922

IPP

2,602 2,481 1,915

Gasolina Diesel Etanol

2,624 2,273 N/D

Raízen 2,522 2,690 2,158 2,304 2,138 2,286

2,564 2,322 1,484

BR

Porto Alegre (RS)

2,580 2,151 N/D

2,625 2,405 1,650

2,463 2,176 1,708

2,743 2,341 2,188

N/D N/D N/D IPP

Raízen 2,623 2,648 2,402 2,463 1,679 1,695

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP

Equador 2,589 2,679 2,289 2,299 N/D N/D

N/D N/D N/D

2,578 2,250 2,188

2,440 2,370 1,495

Florianópolis (SC)

Raízen 2,620 2,699 2,252 2,473 2,278 2,314

2,847 2,504 2,209 Idaza

Campo Grande (MS)

2,704 2,321 2,233

IPP

Gasolina Diesel Etanol

Curitiba (PR)

IPP

BR

2,650 2,249 2,030

2,570 2,264 2,242

2,470 2,133 2,037

N/D N/D N/D

N/D

2,419 2,103 2,151

BR

2,590 2,269 N/D

2,666 2,417 2,266

2,520 2,290 2,301

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

Menor

Maior

N/D N/D N/D

IPP

Equador 2,535 2,670 2,105 2,274 2,036 2,120

Cuiabá (MT)

Menor N/D

N/D N/D N/D

2,605 2,291 2,192

BR

2,390 2,080 2,233

Gasolina Diesel Etanol

N/D N/D N/D IPP

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol

Maior N/D

2,600 2,013 N/D BR

Boa Vista (RR)

Manaus (AM)

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Dezembro 2013

BR

Maior BR

Menor

Maior

2,440 2,165 2,107

Raízen 2,445 2,504 2,023 2,203 2,040 2,090

2,500 2,219 2,126

2,344 2,137 2,069

2,565 2,311 2,158

2,462 2,128 1,986

2,582 2,156 2,306

2,520 2,012 2,165

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,370 2,511 2,098 2,209 1,900 2,071

2,429 2,060 2,009

Gasolina Diesel Etanol

2,359 2,108 1,900

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,434 2,710 2,007 2,241 2,193 2,275

Gasolina Diesel Etanol

2,425 2,231 1,974

Gasolina Diesel Etanol

2,281 2,198 1,825

Gasolina Diesel Etanol

2,564 2,137 2,323

Gasolina Diesel Etanol

2,384 2,035 2,047

Gasolina Diesel Etanol

2,349 2,085 2,058

Gasolina Diesel Etanol

2,496 2,139 2,023

Gasolina Diesel Etanol

2,477 1,947 2,127

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Maceió (AL)

Raízen 2,450 2,627 2,090 2,363 2,050 2,179

2,623 2,199 2,196

Raízen 2,520 2,588 1,959 2,132 2,159 2,216

2,522 2,060 2,070

2,413 2,038 1,901

Raízen 2,450 2,596 2,160 2,357 1,950 2,235

2,377 2,113 1,913

IPP

IPP

BR

IPP

2,530 2,231 2,078

Raízen 2,490 2,592 2,006 2,222 2,063 2,192

2,522 N/D 2,131

2,577 2,227 2,032

2,320 1,981 1,760

2,584 2,154 2,338

2,543 2,124 2,245

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,440 2,832 1,925 2,220 1,820 2,170

2,435 1,920 1,820

Gasolina Diesel Etanol

2,421 2,119 1,697

Gasolina Diesel Etanol

2,239 1,961 1,480

Gasolina Diesel Etanol

2,523 2,131 2,011

Salvador (BA)

Vitória (ES)

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,564 N/D 2,131

2,567 2,147 2,266

Raízen 2,604 2,627 2,147 2,203 2,239 2,323

2,768 2,198 2,066

2,488 1,924 1,955

2,639 2,319 1,873

Raízen 2,453 2,666 2,142 2,331 1,751 1,869

2,444 2,152 1,649

2,565 2,203 1,735

2,255 1,947 1,472

2,639 2,235 2,149

Raízen 2,618 2,629 2,219 2,235 2,121 2,127

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,280 2,583 2,022 2,335 1,721 2,039

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,686 2,197 2,437

2,652 2,320 2,038

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,532 2,278 2,109 BR

2,450 2,057 2,136

BR

2,399 2,000 2,008

2,554 2,348 2,080 BR

2,563 2,190 2,158

Aracaju (SE)

2,403 N/D 2,067

2,552 2,293 2,133

BR

2,493 2,264 2,018

IPP 2,403 N/D 2,066

Raízen 2,410 2,520 2,063 2,261 2,165 2,215

IPP

Total

Maior

2,398 2,179 2,069

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Total

Menor

IPP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

BR

BR

2,507 2,283 1,757

2,824 2,220 2,123 IPP 2,661 2,437 1,944

Raízen 2,240 2,614 1,899 2,312 1,519 1,722 2,620 2,227 2,120

IPP

2,659 2,235 2,127

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

Soluções geniais O verão chegou ao Hemisfério Sul. Com tudo que tem direito. Aguaceiros. Deslizamentos. Tudo se repete anualmente. No Rio Grande não há nada de novo, apenas recordes. Temperaturas acima de 40 graus. E o tempo de viagem para o veraneio. Há 50 anos, levavam-se duas horas de estrada para chegar ao litoral desfrutável. Hoje, ele é um pouco mais longe, de 12 a 15 horas para chegar a Santa Catarina. Os velhos discutem à beira da piscina do clube: - Uma inovação interessante é a forma de fazer obras rodoviárias. Duplicaram toda a BR 101 de Curitiba a Osório. Inauguraram pelo menos 5 vezes a estrada, desde o primeiro ano do governo de Lula. Mas o trecho de míseros 80 km, em Laguna, segue sem duplicação, nem previsão. - Só tem um jeito. Fazer uma super ponte de Tubarão a Itapirubá.

66 • Combustíveis & Conveniência

- Seria como fazer uma ponte do Rio de Janeiro a Lisboa. Aquela da anedota que o português pediu ao gênio. Alguns riem. A piada é antiga, muito antiga. Mas sempre há quem não conheça ou não lembre. - Conta. - O gênio da lâmpada ouviu o pedido do português e disse que não era possível. Que ele pedisse algo mais fácil. O lusitano depois de pensar um pouco respondeu: - Faça-me inteligente. O gênio engasgou. Depois de muita hesitação, falou: - Voltemos à ponte. Com quantas pistas para cada sentido? - É. Fazer um português inteligente deve ser difícil. Mas, mesmo um português burro já está sabendo que teremos mais uns anos de inaugurações e discursos. Além, é claro, das reportagens radiofônicas sobre os engarrafamentos.




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