Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 122

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ÍNDICE 33

n Meio Ambiente

n Reportagem de Capa

50 • A contaminação invisível

44 • Amplo conhecimento

n Conveniência

54 • De olho no futuro n Entrevista

12 •

Elisabeth Farina, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica)

n Mercado

18 • Qualidade em primeiro lugar 22 • Mobilidade urbana em discussão 26 • Fim do silêncio? n Na Prática

32 • Novo diesel 34 • Nova gasolina 36 • Fim de ano programado 40 • O medo ronda

04 • Virou Notícia

11 • Paulo Miranda

66 • Crônica

43 • Roberto Fregonese 58 • Jurídico Felipe Goidanich

4TABELAS

61 • Perguntas e Respostas

4OPINIÃO

4SEÇÕES

59 • Atuação Sindical

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

Entrega em dia

De Olho na ECONOMIA Agência Petrobras Stock

5% Foi a projeção de reajuste da gasolina divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A expectativa, divulgada em outubro, é a mesma de agosto e também prevê aumento do preço do botijão de gás em 2,5%.

39%

0,1%

Stock

Fique de olho!

4 • Combustíveis & Conveniência

Representa a leve alta de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em outubro ante setembro, segundo indicador medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em relação a outubro do ano passado, houve queda de 6,3%.

2,5% É a projeção de aumento de trabalhadores temporários no setor de comércio em função do período de final de ano, segundo a CNC. As vendas em diferentes segmentos do comércio deverão responder por 62% do movimento do Natal.

Paulo Pereira

Revendedor, o site da Fecombustíveis traz informações relevantes sobre a NR-20. Confira os procedimentos necessários para adequação da Norma em seu posto. Acesse o Guia de Referência para Implementação da NR-20 e assista ao vídeo no endereço: www.migre.me/gwVwG.

Stock

O início de outubro foi marcado pela falta de gás de cozinha em cinco estados do país (SP, PR, MT e MS). O problema foi devido à manutenção programada de uma refinaria no interior de São Paulo. A Petrobras, porém, justificou o incidente à “ocorrência de temperaturas abaixo do nível histórico em algumas regiões, elevando o nível de consumo de GLP muito acima do esperado, ocasionando a redução de estoques em algumas localidades”. A situação já foi normalizada, segundo a estatal.

Foi a queda do lucro líquido da Petrobras no terceiro trimestre (R$ 3,39 bilhões) em relação ao mesmo período do ano passado. Os resultados da estatal refletem o aumento das importações de derivados de petróleo e a defasagem dos preços internos em relação ao mercado internacional. O endividamento cresceu 36% em relação ao patrimônio líquido da empresa.


Entre altos e baixos Nos primeiros dias de outubro, a chuva prejudicou a moagem e a qualidade da cana-de-açúcar, afetando o processamento de produção. A região Centro-Sul do Brasil totalizou 31,17 milhões de toneladas, nos primeiros 15 dias de outubro, 17,95% abaixo do volume registrado na mesma quinzena do ano anterior, ou seja, 38 milhões de toneladas e queda de 8,15% em relação ao total registrado na última metade de setembro de 2013 (33,94 milhões de toneladas).

Fiscalização no RS Postos de combustíveis de Bagé e região, no Rio Grande do Sul, estão sendo fiscalizados por técnicos do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) desde meados de outubro. Até o fim do mês, serão analisadas 150 bombas medidoras, incluindo as mangueiras das bombas medidoras, possíveis vazamentos e iluminação, entre outros.

Saúde do trabalhador O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), da Secretaria Municipal de Saúde de Indaiatuba (SP), está realizando um trabalho de inspeção nos 47 postos de combustíveis do município. O trabalho faz parte do Projeto de Vigilância Ambiental e de Saúde dos Trabalhadores dos Postos de Combustíveis. São verificados diversos itens dentro do roteiro de inspeção sanitária como produtos comercializados, medidas de proteção, condições de higiene e conforto e equipamentos de proteção individual, entre outros.

Ping-Pong

Carlos Galant

Diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) Qual é o posicionamento da Abifumo sobre o projeto de lei, do senador Paulo Davim (PV-RN), que proíbe a venda de cigarros em determinados estabelecimentos comerciais, que tramita no Senado? A Abifumo é contrária ao projeto, que propõe o banimento da venda de produtos lícitos em mais de 500 mil pontos de venda espalhados por todo o Brasil, que representam 99% dos canais de comercialização de cigarros no país. Sua aprovação resultaria num grande estímulo ao mercado informal, com consequências negativas para toda a cadeia produtiva e para a arrecadação. Além disso, o projeto viola princípios constitucionais, como o da livre iniciativa e da proporcionalidade. Ainda há um longo caminho a percorrer até a aprovação final do projeto. Qual é a expectativa da Abifumo? A tramitação de qualquer projeto é dado pelo fluxo legislativo, respeitando o regimento de cada casa. A Abifumo prefere não fazer previsões nesse sentido. Caso o projeto seja aprovado, qual será a via de comercialização de cigarros? A comercialização de cigarros ficaria restrita, basicamente, às tabacarias. Dados do Ministério do Trabalho (RAIS/MT) apontam que existem pouco mais de 7 mil tabacarias no Brasil, localizadas, principalmente, nos grandes centros. Com a aprovação do projeto, cerca de 74% dos municípios brasileiros não teriam sequer um estabelecimento que vendesse cigarros e apenas quatro municípios teriam mais de 100 pontos de comercialização desse produto. Na prática, isso significaria a desestruturação de toda uma cadeia produtiva. O fato de restringir o acesso ao consumo pode contribuir para diminuir os problemas de saúde da população causados pelo cigarro e, com isso, o governo terá menos gastos com os tratamentos de saúde da população. Qual a opinião da entidade sobre isso? A Abifumo acredita que a maior consequência da implementação do projeto será o incremento da ilegalidade. Estudo encomendado pelas principais associações ligadas ao varejo do país apontam que uma redução do mercado formal de cigarros da ordem de 20% pode levar a redução de quase 100 mil postos de trabalho e perdas na arrecadação de cerca de R$ 2,7 bilhões. Ou seja, dado o crescimento inevitável da ilegalidade, os impactos negativos do projeto serão expressivos e sua aprovação não necessariamente geraria benefícios para a saúde pública. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA

Time completo A ANP concluiu, em outubro, seu quadro de diretoria, com a posse de Waldyr Barroso, segundo servidor concursado da Agência a integrar o grupo. Além de Barroso, também são diretores do órgão regulador Florival Carvalho, Helder Queiroz e José Gutman. Para a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, a estrutura completa e o fato de mais um servidor concursado assumir o cargo de diretor são provas da maturidade institucional da Agência. “É um desafio grande, levando em consideração as dimensões territoriais do país. Essas ações são reflexo de nosso total empenho com o país”.

Disciplina e eficiência O novo diretor da ANP, Waldyr Barroso, defendeu, durante sua cerimônia de posse em outubro, no Rio de Janeiro, a disciplina e eficiência, como pilares do desenvolvimento de seu trabalho na Agência. “Vejo oportunidades na cadeia produtora do petróleo, gás natural e biocombustíveis e também na distribuição. O aumento da produção do petróleo, a retomada das rodadas, a construção de novas refinarias, a Lei do Gás e o etanol de 2ª e 3ª gerações ampliam nossa responsabilidade”, discursou.

Nova metodologia A situação da Petrobras não tem sido nada fácil, em consequência da defasagem de preços da venda de combustíveis no mercado interno e a compra no mercado internacional, o que tem afetado significativamente seus resultados financeiros. Para minimizar a situação, está prevista para ser apresentada a nova metodologia de reajuste de preços dos combustíveis, no próximo dia 22, durante a reunião do Conselho de Administração. Após divulgar os resultados do terceiro trimestre deste ano, o endividamento da estatal em relação ao seu patrimônio líquido ultrapassou o limite definido pela estatal, que era de 35%, mas atingiu 36%. A expectativa do mercado, com a nova metodologia, é de que traga equilíbrio às contas da empresa com a diminuição da diferença de preços praticados do diesel e da gasolina no Brasil e os do mercado internacional.

6 • Combustíveis & Conveniência

Pode ser proibido A proibição do consumo e venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina e em lojas de conveniência não é novidade. Em diversas cidades, há legislações municipais que impedem o comércio destes produtos. Agora, em São Paulo, tramita o Projeto de Lei de autoria do vereador Floriano Pesaro (PSDB) na Câmara Municipal de São Paulo, que pode proibir a venda de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos da revenda. Este projeto passou pela primeira votação e foi aprovado. Outra matéria que está em trâmite na Câmara Municipal de São Paulo é o Projeto de Lei nº 104/2013, do vereador George Hatto (PMDB), que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis.

Atenção, reven

dedor!

aa na, que começ A nova gasoli do l a a entre o fin ser distribuíd a 2014, tem outr ano e início de m a cor mais te aparência. Ela a diferente da m ro clara e um a a ional. Confira gasolina tradic gina 34. pá reportagem na


Anfavea defende iniciativa A Toyota oficializou sua intenção de produzir híbridos no país após a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ter pleiteado, em julho deste ano, a redução do IPI até 2017 para empresas interessadas em importar carros híbridos ou elétricos no país, com o objetivo de facilitar a vinda desses modelos em maior escala. Com a popularização da tecnologia, a ideia é nacionalizar a produção, e depois estimular a montagem de híbridos e elétricos no Brasil. Ainda há uma vertente do projeto que defende estudos para o uso de células de combustível com extração de hidrogênio a partir do etanol. No Brasil, a Toyota lançou o Prius, em janeiro de 2013. Desde seu lançamento, cerca de 290 unidades foram vendidas, o que mostra o interesse dos brasileiros por carros com a tecnologia híbrida. No momento, os modelos são importados.

Híbridos no Brasil O Brasil poderá ser o primeiro país, fora da Ásia a receber uma fábrica de carros híbridos da Toyota, que, em outubro, apresentou ao Ministério da Fazenda uma proposta para viabilizar o novo produto. Existem duas propostas para os carros híbridos. A primeira é com motor elétrico acoplado à combustão, como o Toyota Prius, considerado o carro ecológico da companhia. Outra é para um carro plug in, que necessita ser abastecido por meio de uma tomada.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Paraguai w A Asociación de de Propietarios y Operadores de Estaciones de Servicios y Afines (APESA), uma das entidades mais antigas da América, hoje capitaneada por seu novo presidente Ausberto Ortellado, realizou, entre 23 e 25 de outubro, a XlVI Reunião da Comissão Latino Americana de Empresários de Combustíveis (Claec); w Em conjunto com a reunião da Claec, a APESA realizou seu primeiro congresso nacional e feira de produtos ligados à atividade; w A exemplo das feiras, que ocorrem regularmente no México e no Brasil, os dirigentes da APESA se mobilizaram no esforço de atualizar os revendedores paraguaios para as últimas novidades do setor; w Uma das características do mercado retalhista de combustíveis paraguaio é a existência de um considerável número de distribuidoras nacionais de pequeno porte; w O país não tem produção própria de petróleo, sendo um mercado francamente importador, tanto de cru como, principalmente, de produtos terminados; w A história do Paraguai tem uma interessante marca com respeito à presença de petróleo em seu território. Há quase um século que se especula com as virtuais jazidas do Chaco; w A crença na existência dessas jazidas foi a causa de uma guerra entre o Paraguai e a Bolívia na região, em 1935. Guerra essa alimentada, segundo fatos históricos ou lendas, pelos interesses de Shell e Esso; w Apesar dos grandes morticínios e desgraças da Guerra do Chaco, as jazidas nunca se manifestaram, mas de tempos em tempos rumores de descobertas movimentam os meios de informação setorial. w A estatal Petróleos Paraguaios (Petropar) é quase tão antiga quanto a Petróleos Mexicanos (Pemex) e mais antiga do que a Petrobras (Petróleos Brasileiros). w País totalmente Mediterrâneo, o mercado é suprido em grande parte ainda por barcos que entram pelo Rio da Prata e acessam os rios Paraná e Paraguai até chegarem à capital paraguaia. A base de distribuição de refinados era denominada Villa Elisa.

Flex movido a GNV A GM anunciou para o próximo ano o início das vendas de seu primeiro modelo de veículo flex que utiliza gás natural ou gasolina, o Chevrolet Impala. O veículo será o primeiro a vir de fábrica já adaptado para rodar com GNV e, segundo a empresa, terá autonomia de 800 quilômetros. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Experiência marcante A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de Conveniência: João Victor Renault Diretoria: Aldo Locatelli, Alírio José Gonçalves, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renault, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), Adriana Cardoso e Cláudia Guerreiro Capa: Alexandre Bersot Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Em outubro, tive a oportunidade de participar da NACS Show 2013. Fiquei impressionada com a organização do evento, a variedade de palestras e a extensão da feira, que recebe participantes de mais de 60 nações. Não há dúvida de que o mercado de conveniência nos Estados Unidos é extremamente diferenciado. Ao contrário do Brasil, as lojas têm mais relevância em termos de negócio em comparação aos postos e , muitas delas, têm “vida independente”, ou seja, funcionam em outros locais, sem estar vinculada ao negócio da revenda, como uma loja comum. Por falar em loja, ao explorar a feira, me deparei com uma imensa variedade de produtos diferentes aos das lojas do Brasil. Em um estande, tinha uma máquina de sorvete que poderia combinar mais de 40 sabores diferentes. As pizzas eram feitas na frente dos visitantes para atender à preferência do norte-americano que, além de adorar pizza, tem optado por produtos preparados na hora. Além da diversidade de cachorros-quentes, que oferecia a opção de escolha entre variados tipos de salsichas. A alimentação saudável também se destacou entre os estandes, com muitas opções de saladas, frutas, sanduíches naturais e sucos para quem pretende cuidar da saúde e da forma. Outros produtos diferentes também estavam expostos, como cigarros eletrônicos, acessórios para informática, flores e roupas. Além da conveniência, quem foi buscar ideias para seu negócio na revenda de combustíveis também encontrou uma grande diversidade de equipamentos, mais modernos e avançados tecnologicamente. A matéria de capa desta edição traz os detalhes dos principais acontecimentos da NACS. O mercado de conveniência também foi abordado por nossa editora-assistente, Gisele de Oliveira, na cobertura da 3ª Expo Conveniências. Outro tema abordado por Gisele foi a administração das despesas de fim de ano para o revendedor. E ainda temos as novidades de 1º de janeiro para os postos com a venda de combustíveis de menor teor de enxofre. Trazemos, nesta edição, as informações da chegada do diesel S500 e da nova gasolina C. Na seção Mercado, abordamos a polêmica discussão sobre o aumento do percentual de biodiesel no diesel, tema da reportagem de Rosemeire Guidoni. Na seção Entrevista, Rosemeire entrevistou Elisabeth Farina, presidente da Unica, que mostra um panorama completo do setor de etanol. Nesta edição, contamos com a colaboração de Adriana Cardoso, que traz à tona o assunto mobilidade urbana, e de Cláudia Guerreiro, que apurou um tema que continua sem solução para a revenda: a violência nos postos. Boa leitura! Mônica Serrano Editora



44 SINDICATOS FILIADOS

ACRE José Magid Kassem Mastub Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 33429557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Vilanildo Fernandes Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental 10 • Combustíveis & Conveniência

São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar - Centro João Pessoa-PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Fernando Cavalcanti Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Volmir Ramos Xinaider Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente - Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249/Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Raimundo Fonseca, 57, Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Nova visão inovação em equipamenJá se foram três anos desde a primeira vez que visitei a NACS Show e, cada vez mais, penso na tos e tecnologia a gestão imensa oportunidade que temos em aprender com da equipe de trabalho as experiências de revendedores norte-americanos, e, claro, a conquista de trocar informações e ampliar nosso conhecimento. clientes. Vivemos em um Mesmo com as diferenças entre os mercados nacional mundo competitivo, com e norte-americano, guardadas as devidas proporções, ritmo veloz e mutante, podemos aprimorar nosso negócio e ver de perto as se queremos manter nosso negócio e repassá-lo aos tendências de mercado. Afinal, há um vasto contenossos sucessores, temos de ensiná-los a acompaúdo transmitido nas mais diferentes áreas por meio nhar as mudanças de mercado. É comum a revenda das palestras educacionais. Sem contar na diversinorte-americana estar na terceira ou quarta geração familiar. Pude constatar que alguns revendedores dade de países que se reúne no mesmo local, são brasileiros levaram seus filhos para conhecer a NACS, pessoas do mundo todo que atuam com a revenda o que é muito bom. de combustíveis e lojas de conveniência. Uma rica Assim como nós, os revendedores experiência para quem quer interagir e conhecer a realidade de parceiros de negócios em outros locais. norte-americanos também enfrentam seus perA NACS promove alguns momentos de descontração calços. Podemos traçar um paralelo com nosso por meio de coquetéis ao final do dia para estimular mercado sobre as dificuldades da revenda contra o intercâmbio entre os participantes. as taxas abusivas cobradas pelas administradoras Com satisfação, tenho constatado o crescimento de cartões de crédito. A articulação da NACS já dos revendedores brasileiros vem de longa data e a briga à NACS. Quase mil reven- Assim como nós, os revendedores norte- foi parar na Justiça. Eles americanos também enfrentam seus conseguiram reduzir quase dedores foram a Atlanta percalços. Podemos traçar um paralelo 50% das taxas cobradas dos por meio das distribuidoras. Só a Ipiranga levou 700 com nosso mercado sobre as dificuldades comerciantes. Mas o êxito mais recente da categoria brasileiros. Viajar com a da revenda contra as taxas abusivas distribuidora tem a vantagem cobradas pelas administradoras de cartões foi a vitória contra o Banco Central norte-americano. da organização, que conta de crédito Foi uma grande comemocom hospedagem, traslado do aeroporto para o hotel, ração. Do lado de cá, não para a NACS, enfim, o revendedor não precisa se é de hoje que a Fecombustíveis está envolvida preocupar com a viagem. Independente de estar no com a questão e, recentemente, participamos de grupo de sua distribuidora, recomendo aos revenum seminário do Banco Central, no qual a Fedededores irem, mesmo que seja por conta própria. A ração relatou o impacto significativo das taxas dos experiência é rica e única. Podemos captar os bons cartões sobre a margem da revenda. A partir de exemplos e adaptá-los aos consumidores brasileiros. agora, como órgão responsável pela fiscalização Ao acompanhar algumas palestras me questionei: do setor de cartões, nossa esperança é de que será que estamos administrando da forma correta? o Banco Central faça valer sua autoridade em Será que temos percebido quem são nossos consurelação aos abusos de mercado. Paralelamente, temos buscado alternativas para propor melhores midores, como cativamos nossos clientes? Temos feito condições aos revendedores em relação às taxas algum esforço no sentido de inovar, colocar produtos de cartões, como a parceria com o Sindisoluções. diferenciados, que atendam ao mercado de consumo? Para finalizar, revendedores, queremos o E os nossos funcionários? Sabemos tratá-los da melhor para o setor. Não podemos nos acomodar forma correta? Sabemos valorizá-los, treiná-los para em nosso negócio, vamos alçar novos voos, olhar oferecer um atendimento qualificado, de forma a para o futuro e aproveitar as oportunidades da ganhar a confiança do cliente? NACS. Quem não foi este ano, tem um ano para Chamo a atenção de todos para a reflexão, manter se programar. Pensem nisso! um negócio é estar em constante evolução, desde a Combustíveis & Conveniência • 11


44 Elisabeth Farina 4 Presidente da Unica

Horizonte nebuloso Fotos: Paulo Pereira

12 • Combustíveis & Conveniência

Por Rosemeire Guidoni Desde meados de 2008, o setor sucroenergético vem enfrentando uma série de dificuldades. Primeiro, veio a crise econômica mundial, que restringiu investimentos e prejudicou o desempenho das empresas. Depois, houve uma sucessão de eventos climáticos, como seca e excesso de chuvas, que prejudicaram os canaviais. “Foi a tempestade perfeita”, definiu a presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Elisabeth Farina, citando o filme The Perfect Storm (cujo título no Brasil foi traduzido para Mar em Fúria). “Tivemos três safras muito ruins, além da falta de investimento na renovação dos canaviais em função da própria crise financeira. A recuperação é difícil porque exige investimentos adicionais de organizações que estão muito pressionadas por endividamento”, explica. Apesar disso, agora em 2013, o setor está colhendo uma safra recorde de 588 mil toneladas, reflexo de investimentos em expansão e renovação de canavial. Apesar do aparente paradoxo, Elisabeth afirma que as empresas que ainda têm fôlego permanecem investindo. No entanto, diz ela, “a conta não fecha”. A executiva, que é doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), assumiu o comando da Unica em


outubro de 2012. Atualmente, a entidade representa 130 empresas do Centro-Sul brasileiro, responsáveis por 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no Brasil. Confira a seguir os principais trechos da entrevista exclusiva concedida por ela à Combustíveis & Conveniência, na sede da Unica, em São Paulo. Combustíveis & Conveniência: O mercado de etanol vem enfrentando problemas desde meados de 2008/2009. Quais as perspectivas para a recuperação? Elisabeth Farina: Apesar de já terem se passado cinco anos desde a crise financeira que detonou as grandes dificuldades que o setor enfrenta, os problemas ainda persistem. Na verdade, o panorama atual é reflexo de várias coisas: crise financeira, problemas com a safra e questões climáticas. Foi a “tempestade perfeita”. A questão financeira foi seguida de três safras muito ruins, e esta situação acabou se combinando com falta de investimentos na renovação dos canaviais por conta da própria crise econômica que descapitalizou as empresas. Este cenário magnificou os efeitos climáticos e a recuperação é difícil porque exige investimentos adicionais de organizações que estão muito pressionadas por endividamento. Então, a situação econômica do setor este ano é bastante delicada. Apesar disso, vamos colher a maior safra de cana de açúcar da história do Brasil, e começamos a recuperar os níveis históricos de produtividade de toneladas de cana por hectare, que estavam muito abaixo nos períodos climáticos ruins. Voltamos às 80/82 toneladas por hectare, e, como este número

é uma média, entendemos que existem usinas com produtividade mais elevada do que isso, o que é positivo do ponto de vista de produção. Ao mesmo tempo em que temos a maior safra e a recuperação dos níveis históricos de produtividade de tonelada por hectare, também temos problemas para fechar a conta. Diria que o setor continua com muitos problemas econômicos. Comparando o preço médio combinado do açúcar e etanol (anidro e hidratado), observamos que ele é inferior ao preço de dois anos atrás, em termos nominais, não estou falando em preços reais. Este ano, especificamente, apesar da safra recorde, nós enfrentamos geada, embora em locais bem específicos, e tivemos uma chuva num período que já não se esperava chover mais, em junho. A safra poderia ter sido melhor se não ocorressem estas interferências, fizemos uma revisão de números para baixo. Nem sempre São Pedro é parceiro.

um novo tipo de investimento para valorizar os ativos novos que foram trazidos durante o período de crescimento muito rápido desta indústria, que foi de 2003 a 2009. Então, este tipo de investimento, em renovação e expansão do canavial, que melhora a produtividade e a condição de resposta, é responsável por esta safra recorde. O setor está investindo, especialmente em renovação e mecanização de canavial. Tivemos muitos investimentos em mecanização, até por exigência de um protocolo voluntário que a indústria assinou com o governo do estado de São Paulo para eliminar a queima até 2014, ou seja, até o final de 2013. Isso exigiu um esforço muito grande de investimentos em mecanização. Porém, num primeiro momento, este sistema não melhora os resultados, pelo contrário, visto que, no início do processo, existe uma curva de aprendizado importante. Além disso, há um desafio na área de pesquisa e desenvolvimento, tanto em variedades quanto em manejo, que tem de

C&C: Qual a razão da maior safra? Isso indica que as usinas permanecem investindo? EF: A safra maior decorre de investimentos feitos em renovação de canavial. Apesar da crise, o setor está investindo. Aliás, quem tem oxigênio está investindo: porque 46 usinas fecharam, algumas outras estão prestes a fechar, tirando aí 50 milhões de toneladas de processamento industrial. Quando se fala que o setor não está investindo, temos de fazer uma ressalva a um grupo que ainda tem capacidade e pode reagir. Eles passaram a fazer

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Etanol e Bioeletricidade: A Cana-de-Açúcar na Matriz Energética Brasileira Autor: Eduardo L. Leão de Sousa e Isaias de Carvalho Macedo Editora: Unica Para fazer download: www.migre.me/gx1X1 Combustíveis & Conveniência • 13


44 Elisabeth Farina 4 Presidente da Unica ser posto em prática e tudo isso exige investimento, que está sendo feito. Ocorre que este investimento não dá frutos de um ano para o outro. A resposta é mais rápida com a renovação de canaviais, mas quando se passa para desenvolvimento de variedades, de técnicas de manejo, ou na parte industrial, etanol celulósico, os prazos são bem maiores. C&C: 46 usinas fecharam de fato ou algumas apenas mudaram de mãos? EF: Em alguns casos, a parte agrícola mudou de mãos. Mas 40 fecharam mesmo, reduzindo a capacidade industrial de processamento do setor como um todo. C&C: E existe alguma perspectiva de abertura de novas usinas? EF: Projetos contratados agora não, mas terminados sim. Temos duas novas usinas que entraram em operação no ano passado - eram projetos antigos de 2009/10 -, que passaram a operar agora. Para colocar uma usina em funcionamento, leva-se algum tempo. Por exemplo, um projeto contratado agora, em 2013, vai passar a produzir somente em 2016/17. Por isso, nosso setor precisa de previsibilidade para nortear os investimentos. C&C: O setor de etanol sempre destaca a falta de previsibilidade das ações do governo para este mercado. Como este tema está sendo discutido junto ao governo? EF: A Unica e o Fórum Sucroenergético (do qual a entidade faz parte) continuam as conversações com o governo. Existe um plano de longo prazo 14 • Combustíveis & Conveniência

sendo elaborado no âmbito do Ministério da Indústria e Comércio, em particular pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Continuamos as negociações com o governo a respeito de uma política para o etanol e defendemos, de fato, a previsibilidade. Isso não quer dizer que se elimine a incerteza de mercado, que faz parte do sistema capitalista. Qualquer empresário precisa lidar com isso. Porém, a incerteza é maior quando não há regras. O etanol é energia renovável, traz contribuições inequívocas para redução de CO2, é, portanto, de baixo carbono. O Brasil tem compromissos com uma agenda de redução de emissões. Assim, qual o papel que o governo pensa para o etanol? Deve-se ter uma regra e, dependendo dela, as empresas definem seus projetos. É preciso, por exemplo, convencer o consumidor de que ele deveria pagar pela redução de emissões. Este valor (de redução das emissões) não está no preço nem do etanol, nem da gasolina. A conta de 70% (entre o preço do etanol e da gasolina) não inclui o valor dos benefícios

que o consumidor certamente valoriza. Existem custos ocultos do lado do combustível fóssil e benefícios ocultos no etanol. C&C: Mas o consumidor, embora já conheça os benefícios ambientais, ainda se guia basicamente pelo preço na hora de optar por etanol ou gasolina, não é? EF: Sim, o preço é o que pesa no bolso. O consumidor está consciente do benefício do etanol, mas a questão é: ele está disposto a pagar por este benefício? Supondo que o etanol tenha exatamente o mesmo preço que a gasolina, sabendo que sua eficiência é menor (gera maior consumo de combustível), será que o consumidor estaria disposto a gastar mais com o etanol porque ele contribui para a redução de emissões? Vamos imaginar que o consumidor até esteja propenso a optar pelo etanol em função do benefício ambiental. Porém, ele pode se questionar que sua contribuição individual será mínima. Se ele pagar mais caro pelo etanol e a grande maioria da população continuar consumindo


o combustível fóssil, não haverá melhoria do ar. Por outro lado, este mesmo consumidor pode ter um outro pensamento: se a grande maioria das pessoas optar pelo uso do etanol, mas ele continuar consumindo gasolina, ele não será excluído da melhoria ambiental. Isso é o que chamamos de “comportamento carona”. C&C: Então, em sua avaliação, o resultado seria mais efetivo com a instituição de políticas públicas do que mexer em preços dos combustíveis? A recente redução de tributos não contribuiu para revitalizar o setor de etanol, por exemplo? EF: Sim, sem dúvida, a redução de tributos trouxe um fôlego maior ao setor, embora não tenha sido suficiente. Mas acreditamos que tem de ser uma combinação de coisas. Hoje, além de o mercado não funcionar direito por conta das externalidades, em função do “comportamento carona”, também não funciona porque congelaram os preços da gasolina, que, por tabela, acaba colocando um teto de preço no etanol. A desoneração de tributos foi muito importante. O setor batalhou muito por isso e a desoneração recuperou parcialmente uma perda de competitividade decorrente da redução do valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que era aplicada à gasolina, e que foi zerada. A Cide incidia sobre a gasolina e representava R$ 0,28 por litro do combustível. Ao ser zerada, a gasolina passou a ter esta vantagem competitiva de R$ 0,28 sobre o etanol. Agora, a redução do PIS/Cofins do etanol representou R$ 0,12 por litro.

Também entendemos como um reconhecimento de que o etanol traz benefícios sociais, principalmente ambientais. Ele também tem outras vantagens tributárias em relação à gasolina, como o caso do ICMS em São Paulo (que é menor), mas o fato de a Cide ter sido zerada deixou o etanol em desvantagem competitiva Então, de fato, foi positiva para o setor, apesar de temporária (a redução se encerra em 2016). Também entendemos como um reconhecimento de que o etanol traz benefícios sociais, principalmente ambientais. Ele também tem outras vantagens tributárias em relação à gasolina, como o caso do ICMS em São Paulo (que é menor), mas o fato de a Cide ter sido zerada deixou o etanol em desvantagem competitiva. C&C: Em sua opinião, esta redução de tributos é suficiente para desestimular as irregularidades que afetam o mercado de etanol: venda direta das usinas aos postos, por exemplo? EF: A venda direta de usinas não é a única irregularidade, já que as distribuidoras também contribuem para os problemas. O que posso dizer é que quanto maior o tributo, há mais incentivo à evasão fiscal, e quanto menor, menos o incentivo. C&C: A perspectiva de aumento de preços da gasolina pode contribuir para melhorar a competitividade do etanol? A gasolina representa um obstáculo à expansão do setor? EF: Sim, um aumento no preço da gasolina pode trazer mais competitividade para o etanol, com certeza. Porém, não é um aumento da gasolina que vai destravar investimentos no

setor. Supostamente, destravaria se fosse estipulada uma data para iniciar uma regra de formação de preços, levando em consideração preços internacionais do petróleo e taxa de câmbio, com revisões periódicas. Isso não significa que os problemas de competitividade do setor seriam resolvidos, mas daria a previsibilidade de que precisamos. O empresário pode analisar o comportamento esperado pelo mercado, ver expectativas em relação ao preço do petróleo, considerar a evolução de taxa de câmbio etc. Com base nestes dados concretos, é possível ajustar sua curva de custos àquilo que se espera de receita. Este é um elemento fundamental em uma política para qualquer atividade. Qualquer setor deve ter variáveis que podem ser acompanhadas. Esta regra é importante para qualquer produto, e para o etanol também, pois ele é um substituto direto da gasolina. Além da falta de previsibilidade, há a questão no preço. Na prática, o preço do etanol tem um teto atrelado a 70% do valor da gasolina. Se o preço dela não sobe, o do etanol também não pode subir. C&C: O aumento da mistura de etanol anidro à gasolina está sendo cogitado? EF: O aumento de mistura para 25% já vale desde maio, e Combustíveis & Conveniência • 15


44 Elisabeth Farina 4 Presidente da Unica fazer arbitragem de preços. O comércio internacional é saudável e importante para garantir a segurança e o ideal é que a gente caminhe na direção de ter uma commodity etanol, produzida e consumida em várias partes do mundo. O número de países que têm anunciado e definido por políticas de etanol é crescente no mundo.

não tivemos nenhum susto de mercado em função da elevação. Isso sem contar o aumento de vendas de 20%. Fizemos a campanha de marketing, os preços estão competitivos este ano e, junto a isso, tivemos aumento na demanda por hidratado de 20%. E não teremos problema de abastecimento. Agora, para que ocorra uma elevação da mistura para 30%, que é uma possibilidade, é necessário que o governo sinalize isso, para que sejam feitos investimentos. A questão é que as usinas demoram a acontecer, em média, quatro anos para produzir. Então, temos de nos programar com antecedência. C&C: O setor tem capacidade para suprir um eventual aumento de demanda? EF: A retomada da mistura de 25% é que precisa ser estabilizada, para colocar dentro dos determinantes de desenvolvimento. Isso foi muito importante este ano. O setor tem absoluta condição de atender, adequadamente, este aumento da mistura, que melhora as condições ambientais e também da Petrobras, já que reduz a necessidade de importação de gasolina. Isso melhora a nossa 16 • Combustíveis & Conveniência

balança comercial, a mistura e o crescimento do hidratado tem efeitos produtivos, do ponto de vista do mercado de combustíveis como um todo. C&C: Apesar de em alguns momentos haver instabilidade de oferta de etanol no mercado interno, o Brasil continua exportando. Por que é importante para o setor a manutenção deste volume para exportação? EF: O comércio internacional é um instrumento importante para a segurança do abastecimento de qualquer produto, e o combustível é só mais um. Se temos quebra de safra, especialmente no agronegócio, um mercado internacional vigoroso garante segurança, pois a quebra não acontece no mundo todo ao mesmo tempo. O comércio internacional é importante para segurança do abastecimento. O país, por vezes, exporta mais, em termos líquidos, por vezes importa, é natural. Estamos falando da exportação de volumes de menos de 10% do mercado interno, então não é nada que vai comprometer o abastecimento. Em outros momentos, temos oportunidade de negócios, como

C&C: E os projetos para utilização de etanol de segunda geração? Este produto é uma alternativa para atender a um eventual aumento de demanda? EF: Existem projetos em desenvolvimento, o etanol celulósico é mais uma expectativa. Há perspectiva de a primeira operação em nível comercial do Brasil, da GranBio, começar em fevereiro do próximo ano, em Alagoas. Já foi anunciada também a operação da Raízen para o ano que vem. Na verdade, existem cinco projetos, alguns ainda em projeto -piloto, outros, estão mais avançados, mas ainda não em escala comercial, que devem frutificar entre 2014/17. A primeira usina comercial do mundo foi inaugurada agora em outubro, usando a mesma tecnologia do GranBio, em parceria com a Novozymes também. Vamos ver como vai se comportar do ponto de vista de resultado econômico. Ainda é uma incógnita. O etanol de segunda geração é feito a partir do bagaço e da palha de cana e sofre variação sazonal, da mesma forma que a cana. A curva de sazonalidade sempre vai existir. Porém, este etanol de segunda geração é uma alternativa para aumentar a oferta, já que se espera que tenha produtividade muito mais alta. n


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de outubro de 2013:

2 - Participação da Fecombustíveis no Workshop Gestão e Sustentabilidade, realizado pelo Sindipostos-RN, em Natal;

12 a 15 - Participação da Fecombustíveis na NACS, em Atlanta/EUA;

24 - Participação da Fecombustíveis na 3a Expo Conveniências, em Caxias do Sul/RS;

25 - Reunião

do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, em Caxias do Sul/RS.

Combustíveis & Conveniência • 17


44 MERCADO

Qualidade em primeiro lugar Simpósio de lubrificantes reúne especialistas do setor para discutir o que tem sido feito para melhorar a qualidade e eficiência energética, e atender os requisitos ambientais. O Brasil é o quinto maior mercado mundial de lubrificantes. Em 2012, o volume produzido internamente, de 608 mil metros cúbicos, significou apenas 43% da demanda nacional. As importações responderam por 39,5% e o restante do mercado foi abastecido pela indústria de rerrefino Fotos: Divulgação AEA

Por Adriana Cardoso Um dos grandes desafios da indústria automotiva é alcançar a eficiência energética, especialmente para atender as legislações cada vez mais exigentes no que se refere a questões ambientais. Um dos caminhos para se alcançar isso passa pela produção cada vez mais eficiente de lubrificantes. É o que ficou evidente no 18 • Combustíveis & Conveniência

VI Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), em São Paulo, no final de outubro. Com o mote “A Tecnologia dos Lubrificantes e a Eficiência Energética”, o evento contou com a participação de empresas e associações nacionais e internacionais, que mostraram o que

vem sendo feito para melhorar a qualidade dos lubrificantes com o intuito de gerar economia de combustível, sem perder eficiência e qualidade de automóveis e maquinários industriais, bem como os desafios que isso implica. Para a diretora-técnica de lubrificantes da AEA, Simone Kanzaki Hashizume, desde a implementação do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), medida adotada pelo governo federal que estimula o investimento da indústria automobilística nacional e reduz o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 2017 para empresas que fabricarem carros no Brasil, em janeiro deste ano, houve um aumento na “conscientização dos fabricantes de lubrificantes em atender mais as especificações que afetam a economia de combustível”. “Com o Inovar-Auto, conseguimos aliar duas coisas: atender uma demanda técnica e melhorar a qualidade (do produto) que está no mercado”, diz. O fato é que o Brasil tornou-se um mercado extremamente


importante no cenário mundial. O país é o quarto maior mercado de carros do mundo, ficando atrás somente da China, Estados Unidos e Japão, de acordo com a consultoria Jato Dynamics. E, apesar de uma oscilação aqui e ali por fatores econômicos, comparado a outras nações, esse setor ainda tem muito a crescer. No acumulado dos primeiros oito meses do ano, os emplacamentos chegaram a 2,470 milhões de unidades, queda de 1,2% sobre igual período de 2012. Ainda assim, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) aponta para crescimento de 11,9% na produção (3,79 milhões de unidades), incluindo comerciais leves, caminhões e ônibus, e de 1% a 2% nas vendas (3,84 milhões a 3,88 milhões) para este ano. A entidade também relata alta nas exportações de automóveis e na fatia de veículos nacionais na participação total das vendas e, como consequência, redução das importações, dados que mostram claramente os efeitos do Inovar-Auto que, desde sua implementação, já trouxe investimentos de mais de R$ 7 bilhões ao país. Os efeitos benéficos da eficiência energética vão além de questões ambientais. Especialistas afirmam que 1% de economia de combustível traz um ganho da ordem de US$ 300 a US$ 500 por unidade de veículo produzida. Pesquisas apontam que essa economia pode ser alcançada por meio de lubrificantes, aditivos e fluidos mais eficientes, com novas formulações. Nessa direção, Simone acredita que os óleos sintéticos terão papel cada vez mais importante, associado a fontes alternativas de energia, como os biocombustíveis,

Leandro Benvenutti, da Ford Brasil, disse que a indústria vem investindo muito em pesquisas e o Inovar-Auto trouxe oportunidades de inovação tecnológica para o país

entre eles, o etanol, tecnologia que o Brasil domina. Basicamente, os óleos sintéticos (produzidos artificialmente e podem superar algumas propriedades dos óleos minerais) oferecem uma película lubrificante mais espessa à temperatura de funcionamento quando comparados com os óleos minerais, reduzindo, assim, o contato metal-metal e a respectiva perda energética associada. Além disso, possuem uma viscosidade mais reduzida na partida quando comparado aos similares minerais com o mesmo grau de viscosidade, com menor perda energética por trepidação em relação aos últimos. Pesquisas apontam ainda que resistem mais a pressões elevadas e temperaturas altas e baixas. Um bom lubrificante começa por um bom óleo básico. A ExxonMobil Chemical apresentou durante o evento os testes feitos para se chegar à linha óleos básicos sintéticos. O Synesstic AN, por exemplo, tem maior estabilidade térmica oxidativa que prolonga a vida útil do lubrificante e diminui

a formação de depósitos, além de possuir propriedades que o tornam uma boa opção para uso em ambientes de alta umidade, “essenciais para climas frios como no inverno dos Estados Unidos e Canadá”, segundo Doug Hakala, engenheiro da empresa. O Brasil é o quinto maior mercado mundial de lubrificantes, mas com produção insuficiente para atender tamanha demanda. A produção brasileira de óleos básicos atingiu, em 2012, o volume de 608 mil metros cúbicos, o que significou apenas 43% da demanda nacional. As importações responderam por cerca de 39,5%, com volume de 558 mil metros cúbicos, sendo o restante do volume consumido, cerca de 248 mil metros cúbicos, abastecido pela indústria de rerrefino. A produção de óleo sintético também se faz importante por conta das oscilações do mercado mundial do similar básico. A produção pelas refinarias dos Estados Unidos atingiram 27,8 milhões de barris nos primeiros seis meses do ano, queda de 5% ante os 29,3 milhões de barris Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO produzidos no mesmo período de 2012. Nada se compara, no entanto, ao que ocorreu em 2009, quando a produção atingiu a marca de 25 milhões de barris, em consequência da crise econômica mundial, que solapou os negócios das refinarias.

Mais economia Rodolfo Ferreira, gerente de vendas da Afton Chemical no Brasil, endossa que as legislações ambientais têm forçado a indústria automotiva a enfrentar o desafio de atingir metas cada vez mais elevadas de economia de combustíveis e, consequentemente, reduzir as emissões, e a América Latina caminha nessa direção. “Onde se perde mais energia no carro é no motor. E onde os lubrificantes podem contribuir? Reduzindo a perda do torque”, diz. Um dos projetos feitos pela Afton, denominado A-CAFE, registrou um potencial de 7% na redução do consumo de combustível. O teste avaliou a qualidade do combustível e, consequentemente limpeza do motor, tecnologia de aditivos, desempenho do fluido de transmissão e estabilidade de viscosidade e atrito modificadores em óleos do motor. Pelos cálculos de Ferreira, 1% de economia de combustível em 0,1 km/litro pode gerar, no Brasil, um ganho de 263.378 metros cúbicos de gasolina por ano ou US$ 344 milhões anuais. O técnico em combustíveis e lubrificantes da Ford Brasil, Leandro Benvenutti, ressaltou que a indústria vem investindo muito em pesquisas nesse sentido e que o Inovar-Auto trouxe um novo gás ao setor, com oportunidades de inovação tecnológica para o país. Testes feitos pela empresa 20 • Combustíveis & Conveniência

Rodolfo Ferreira, da Afton Chemical no Brasil, mencionou que as legislações ambientais têm forçado a indústria automotiva a atingir metas cada vez mais elevadas para economia de combustíveis

em sua nova linha de motores, como o Ecoboost, por exemplo, apontaram um consumo de combustível 20% melhor, 15% na redução de emissões e melhoria de 20% no desempenho do motor. “No entanto, vejo que, entre os desafios dos lubrificantes, está a eficiência na proteção e durabilidade do motor, juntando a isso, o atendimento aos futuros requisitos legais no que se refere a emissões e consumo de combustível”, pondera. Outro ponto que precisa ser aprimorado, segundo ele, é o tempo que se leva para desenvolver um lubrificante. “Normalmente, são quatro anos para se desenvolver um motor e o mesmo tempo é gasto para desenvolver um lubrificante. O problema é que as licenças para os lubrificantes levam tempo e podem atrasar todo o processo. Isso precisa ser melhorado. O cronograma de desenvolvimento do óleo não deveria ser o mesmo que o do motor”, observou. Uma prova de que o negócio de lubrificantes é levado a sério no Brasil, a Ipiranga, segunda maior empresa do mercado de lubrificantes no país, criou, em

2011, uma diretoria específica para cuidar do assunto. O diretor da área da empresa, Miguel Lacerda de Almeida, lembra que, ao contrário do que ocorre no resto do mundo, onde o mercado se mantém estável, no país, o segmento registrou taxa de crescimento de 20% em 2012, enquanto o de diesel cresceu 30% e o de gasolina, 28%. “O mercado (de lubrificantes) foi impulsionado especialmente pelo número de motos, que cresceu a uma taxa média de 10%”, diz. Almeida salienta que a empresa vem repaginando sua área de lubrificantes para desenvolver produtos voltados ao mercado brasileiro, com testes aliando o biodiesel. A sustentabilidade é um dos principais focos da Ipiranga. Tanto que, em junho passado, a empresa lançou, em todo o território nacional, a promoção Coleta Premiada, voltada aos proprietários dos mais de 6,4 mil postos revendedores de combustíveis e cerca de 700 pontos de troca de óleo lubrificante da bandeira. A iniciativa visa incentivar o uso correto de descarte dos lubrificantes em máquinas e motores e divulgar o rerrefino, processo que possibilita a reposição do produto


no mercado e, consequentemente, contribui para a redução dos custos de importação desse segmento. Pelo que se viu no simpósio, muitos passos foram e estão sendo dados no sentido de montar uma equação perfeita unindo uma máquina eficiente, com tecnologia de ponta, que gere economia e ainda atenda os requisitos ambientais. Mas, segundo Simone Kanzaki, há ainda algumas lacunas a serem preenchidas. “O que falta é a melhora da consciência do consumidor final. Existe um grande intervalo entre a tecnologia que conseguimos proporcionar, o que deve ser feito para atender (as normas legais) e o que o consumidor vê. O consumidor final presta muita atenção no preço e menos no benefício (do produto)”, destacou.

Simone Kanzaki Hashizume, diretora-técnica de lubrificantes da AEA, acredita que os óleos sintéticos terão papel cada vez mais importante no mercado

Como salientaram os especialistas, os custos de engenharia para se atingir tamanhos benefícios são altos, consideráveis e levam anos para serem atingidos. E, nesse

sentido, o apoio de iniciativas governamentais é o empurrão que falta para fazer com que os processos ocorram de modo mais rápido e eficiente. n


44 MERCADO

Mobilidade urbana em discussão Trânsito, poluição e estresse, problemas enfrentados por boa parte da população brasileira que vive nas grandes cidades, de Norte a Sul do país. Políticos e especialistas debateram as questões relacionadas às deficiências nas área de planejamento urbano e o transporte público de qualidade

Imagens: Stock

Por Adriana Cardoso Os protestos iniciados em junho, cujo estopim foi o reajuste das tarifas de ônibus e metrô nas principais capitais brasileiras, não resultaram somente na redução dos preços, mas forçaram governos a colocar em debate temas caros à população brasileira, como a mobilidade urbana. O poder público vem se debruçando sobre projetos para 22 • Combustíveis & Conveniência

arrefecer os efeitos nocivos de se viver em grandes cidades que crescem mais e mais a cada dia, com seus transportes públicos de má qualidade, seus milhões de carros, trânsito caótico, calçadas esburacadas, em um modo de vida que estressa seus cidadãos. Após os movimentos de junho, o governo federal anunciou mais investimentos no transporte público. O montante passará dos atuais R$ 2 bilhões para R$ 50

bilhões nos próximos quatro anos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas a mobilidade urbana não se resume a investir na infraestrutura do transporte público. Embora a construção de corredores de ônibus, como fazem Rio e São Paulo, sejam iniciativas louváveis para melhorar os deslocamentos nas cidades, o tema traz em seu bojo o melhor planejamento das cidades como


um todo, o que inclui espaços públicos como praças, calçadas, ciclovias e moradias decentes. Enfim, tudo para garantir ao cidadão o direito constitucional de ir e vir e ter uma vida digna e saudável dentro de um espírito coletivo. O assunto foi amplamente debatido nos dias 9 e 10 de outubro, em São Paulo, no seminário Fórum de Mobilidade Urbana, promovido pelo jornal “Folha de S. Paulo”. O evento contou com as participações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT); do secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Jurandir Fernandes; do ex-governador do Paraná, Jaime Lerner; além de arquitetos e urbanistas, economistas, engenheiros e executivos de empresas. O prefeito Fernando Haddad aponta que o grande erro de seus antecessores foi priorizar investimentos viários para privilegiar o uso do carro e apostar nos transportes sobre trilhos como uma solução ao problema. “A superfície da cidade foi inteiramente privatizada, seja do proprietário do imóvel ou do automóvel”, diz, emendando que “se você não prioriza o transporte público, não tem como fazer com que as pessoas considerem a possibilidade de substituir o carro pelo transporte público”. São Paulo tem 7,5 milhões de veículos licenciados, sendo que pouco mais de 6 milhões, além de 15 mil ônibus, circulam diariamente por 18 mil quilômetros de vias da cidade. Do total de automóveis em circulação, 82% transportam apenas um passageiro. De acordo com o professor da Faculdade de Economia, Administração e

Após as manifestações de junho, o governo federal anunciou mais investimento no transporte público

Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Paulo Feldman, são 540 carros para cada mil habitantes. Já o transporte público não supre a demanda da cidade. Uma das áreas mais populosas de São Paulo, a zona leste, corresponde a um Uruguai, ou seja, 3,5 milhões de pessoas deslocam-se de ônibus, metrô e trem todos os dias para o centro expandido. A cidade possui 74,3 km de metrô e 252,1 km de trens, o que é considerado pouco. O governo paulista pretende investir R$ 45 bilhões no período 2012-2015 na construção de novas linhas, enquanto a prefeitura vai destinar R$ 11,6 bilhões para o setor, entre 2014 e 2015. Uma prova de que tudo começa tarde no Brasil, o metrô de Londres completou 150 anos este ano e o de São Paulo, o primeiro do Brasil, foi inaugurado na década de 70. O gargalo no país é grande. Ao menos seis cidades possuem metrô que, somados, chegam a 254 km. Somente a capital inglesa tem 402 km. Fora São Paulo e Rio, onde as linhas são insuficientes, em cidades como Porto Alegre (RS),

Salvador (BA) e Curitiba (PR), as obras do metrô empacaram. Ressalta-se que a capital paranaense já foi exemplo de mobilidade urbana. Jaime Lerner é pai do primeiro sistema de BRTs (ônibus de trânsito rápido), tecnologia exportada para cidades como Bogotá, na Colômbia, cujo sistema de transporte é considerado de primeiro mundo. O amontoado de veículos e a ineficiência do transporte público trazem um custo muito grande à cidade e à população. “O paulistano fica uma hora e meia parado no trânsito todos os dias. E o que ele deixa de produzir gera o que chamamos de ‘custo de oportunidade’ de US$ 30,2 bilhões por ano”, calcula o professor. No Rio, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) estima que os congestionamentos ocasionam perdas de R$ 42 bilhões por ano. Além dos prejuízos econômicos, há um custo para a saúde da população, com mortes e internações por estresse e problemas respiratórios, que chega a US$ 10 bilhões por ano. Contando que a cidade tem 11 milhões de habitantes, a soma do prejuízo é Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO de pouco mais de US$ 4 mil por habitante ao ano. De acordo com o Greenpeace, 60% das emissões de gases poluentes são geradas por automóveis. Para 2050, a organização prevê que os efeitos do ar poluído serão causadores das mortes prematuras por câncer de pulmão. “Há muito tempo, o carro é considerado o vilão do trânsito e do meio ambiente, mas seu uso continua sendo vital”, diz Nilton Monteiro, diretor-executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Por isso, a indústria automotiva vem se debruçando sobre projetos com o intuito de reduzir o consumo de combustíveis e, consequentemente, as emissões de gases poluentes. A Volvo, por exemplo, anunciou recentemente que colocará no mercado europeu, já no primeiro semestre de 2014, um modelo híbrido articulado com capacidade para transportar 154 passageiros, e que consome até 30% menos combustível que um equivalente movido a diesel. No mercado de carros básicos, Monteiro aponta que já existem alguns modelos em testes com tecnologias que permitem a mesma quilometragem com

24 • Combustíveis & Conveniência

mais economia de combustível. Dentre estes estão aqueles com aerodinâmica que reduz o atrito do motor; a tecnologia start-stop, que desliga o carro quando o trânsito para; outras que permitem que os automóveis movidos a etanol comecem a rodar logo na partida sem a necessidade de ter um tanque de gasolina; sem falar no carro elétrico, uma tendência que ele acredita ser mundial. “Com certeza, vamos ter esse carro no Brasil. Ainda não tivemos porque não há incentivos por parte do governo”, aponta. Antes disso, porém, a indústria ainda pode fazer muito com o etanol, tecnologia que o país domina. “O futuro aponta para o carro elétrico, mais especificamente para o modelo híbrido elétrico, movido a etanol. Hoje, temos o elétrico híbrido a gasolina”. Da parte do setor automotivo, o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), em vigor, tem mobilizado as montadoras a cumprirem as exigências para melhorar a eficiência energética dos motores de veículos produzidos no Brasil. O setor

conta também com o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), para estimular a redução de emissões poluentes. O esforço começou com o lançamento dos veículos com motor Euro 5, que exigiu adequação de combustíveis, por meio da introdução do diesel de baixo teor de enxofre (S50 e S10) e do Arla-32 (para reduzir a emissão de poluentes). Na continuidade de melhorar as condições de combustíveis, em janeiro, está prevista a introdução da nova gasolina e o diesel S500 em substituição ao S1800, ambos com menor teor de enxofre e componentes menos poluentes (Leia mais nas reportagens das páginas 32 e 34).

País engatinha “O Brasil é um país de planos sem obras e obras sem planos”, filosofa Bárbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, citando frase da urbanista Ermínia Maricato. “O que me preocupa são que os projetos não estão numa visão de longo prazo”, aponta. Segundo a coordenadora, Curitiba é um caso clássico de descontinuidade de um projeto que deu certo, informação endossada pelo vice-presidente da Fecombustíveis, Roberto Fregonese. “Me diga: onde estão os BRTs?”, brinca. O Greenpeace lançou no começo deste ano uma plataforma de monitoramento de projetos de mobilidade urbana no Brasil e, segundo Bárbara, o país ainda engatinha no assunto, embora ela espere que os projetos de São Paulo e Rio tornem-se espelhos para o resto do país. O problema não é o carro, mas o uso que se faz dele. Para a coordenadora do Greenpeace, o


governo errou a mão quando incentivou a indústria automotiva, sem pensar nas consequências. “A Petrobras está numa posição crítica e seus resultados mostram isso. A empresa tem de importar gasolina para suprir a demanda de combustível”, critica, frisando que outro erro foi priorizar a gasolina em detrimento do etanol, fonte de energia limpa. A mobilidade urbana se tornou um problema mundial. Londres cobra pedágio urbano para coibir automóveis em seu centro expandido e, em Xangai, é necessário primeiro comprar a placa – em número cada vez mais escasso – para só depois comprar o veículo. Xangai quis fugir da sina de Pequim, cidade conhecida por seus milhares de carros, seu alto índice de poluição atmosférica e seus habitantes circulando pelas ruas vestindo máscaras. Qual seria a solução por aqui? “O sistema de rodízios de veículos está esgotado em São Paulo. Entendo que chegou a hora do pedágio urbano”, diz Cândido Malta, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A mesma opinião tem o professor Feldman. Pelas contas dele, os recursos obtidos com a aplicação do pedágio seriam suficientes para a prefeitura angariar fundos para investir no transporte público. “Mas isso tem de ser obrigatório por lei”, ressalta. Mesmo com menos carros nas ruas, Fregonese não vê perigos para os negócios do setor de combustíveis e tem dúvidas quanto aos projetos de mobilidade. “Acho que o modelo de postos deve ser repensado. O modelo atual está arcaico. Temos de mudar isso”. Esse novo modelo seria a inclusão desses estabelecimentos num projeto urbanístico, retirando-os dos grandes centros e colocando-os em bolsões. “Os postos têm entradas e saídas de veículos que, em zonas de alta densidade, travam o movimento”.

Linhas de ônibus e metrô são insuficientes para suprir a necessidade da papulação das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro

Cidades do futuro Tanto Geraldo Alckmin quanto Fernando Haddad concordam que melhorar a mobilidade não significa só investir em ônibus, metrô, trens, hidrovias e obras viárias. “Haddad sempre dá um bom exemplo dizendo que a subprefeitura da Sé (região central) tem 17% dos empregos da cidade e 3% dos moradores”, lembra o governador. Por isso, os dois poderes trabalham juntos para revitalizar a região, trazendo as pessoas para perto de seus empregos. Prefeitura e governo do estado tem um projeto para mapear o centro expandido com o intuito de requalificar moradias. O potencial é de 20 mil. Jaime Lerner chamou o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, de “Meu fim de mundo”, pelo fato de o projeto se concentrar nas periferias, saturando ainda mais essas regiões e o deslocamento. Construir a cidade ideal, com mobilidade, segurança, trabalho moradia, boa convivência entre diferentes grupos e classes sociais pode parecer utopia. Mas, como bem lembram os especialistas, de nada adianta os investimentos públicos se os cidadãos não fizerem sua parte, com um pensamento mais no conforto coletivo que no individual, usando todas as ferramentas tecnológicas ou não para isso. “O paulistano gosta de dizer que a cidade não tem jeito”, brinca Lerner, emendando que “tem, sim”. n Combustíveis & Conveniência • 25


44 MERCADO

Fim do silêncio? Após três anos sem que nenhuma decisão sobre a elevação do percentual de biodiesel no diesel seja sinalizada pelo governo, setor produtivo cobra uma postura e defende a ampliação, no mínimo, para B7. Porém, há uma série de barreiras a serem vencidas Fotos: Divulgação Biodieselbr

Por Rosemeire Guidoni

Conferência Biodieselbr 2013 discutiu novo marco regulatorio do setor

26 • Combustíveis & Conveniência

Desde 2010, o setor produtivo de biodiesel está em compasso de espera, aguardando que o governo federal sinalize quais as próximas etapas do programa. Inicialmente, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) previa que o B5 entrasse em vigor somente em 2013. Porém, por diversos fatores, este percentual de mistura foi antecipado para 2010 – desde então, não houve ampliação. Surgiram dificuldades no manuseio do produto, como a formação de borras nos tanques e bombas de postos de combustíveis, bem como nos tanques dos veículos; houve a introdução do diesel com baixo teor de enxofre no mercado; e até mesmo uma quebra de safra em 2012. No entanto, hoje, boa parte destes problemas ficou para trás, e o setor voltou a cobrar uma definição do governo. O novo marco regulatório para o segmento foi o principal tema em discussão durante a Conferência Biodieselbr 2013, realizada entre os dias 23 e 24 de outubro, em Guarulhos (SP). De acordo com Erasmo Battistella, presidente da Associação de Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), a atual capacidade instalada do setor é mais do que o dobro do consumo, o suficiente para atender ao B10.


“Nós queremos ir do B7 e, se possível, chegar ao B20, ou B15, em algumas localidades (perto dos centros produtores). Nosso marco regulatório está há dois anos atrasado, e esperamos uma decisão política para que o setor possa ter previsibilidade”, destacou durante sua apresentação acerca dos desafios para este mercado. Na visão da Aprobio, o governo deveria instituir uma banda variável de percentual para o biodiesel no diesel, que poderia, inclusive, variar de região para região – ou seja, nas áreas onde a oferta de biodiesel é maior, haveria autorização para utilizar percentuais mais elevados de biodiesel e no restante do país uma média mínima segura. A ideia encontra eco em alguns representantes do governo federal. Segundo Rodrigo Augusto Rodrigues, coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel (CEIB), a proposta para o novo marco regulatório prevê a introdução do B7 já a partir de 2014 e limites de mistura mínima e máxima (até B10), podendo variar dentro destes limites, de acordo com a conjuntura e as condições do mercado, à semelhança da mistura do etanol anidro à gasolina. O deputado Jerônimo Goergen, que responde pela Frente Parlamentar do Biodiesel, é ainda mais enfático: o estudo técnico para atualizar o marco regulatório tinha conclusão prevista para o mês de outubro e a proposta deveria ser apresentada em novembro, para aprovação antes do período de recesso parlamentar. A ideia, segundo ele, é que seja editada uma Medida Provisória (MP) ou Projeto de Lei (PL), com pedido de urgência constitucional. “A proposta eleva a adição dos

Erasmo Battistella, Rodrigo Rodrigues e Jerônimo Goergen debatem a elevação do teor de biodiesel no diesel

atuais 5% (B5) para 7% (B7) já em 2014, com aumento gradual da mistura, chegando a B10 até 2020”, afirmou. “O governo pretende trabalhar com uma ‘banda’ para o caso de ocorrer algum problema econômico, como a falta de matéria-prima. Haverá a possibilidade de redução da mistura, que não será inferior aos 7%”, complementou. Para reforçar os argumentos, os representantes do setor levaram ao evento vários indicadores que mostram o desempenho positivo do mercado em 2013, bem como a capacidade ociosa das usinas. De acordo com dados do próprio Ministério de Minas e Energia, a atual capacidade nominal instalada do setor é de 7,6 milhões de metros cúbicos, enquanto que a demanda obrigatória para o B5 é de 2,9 milhões de metros cúbicos. Goergen, da Frente Parlamentar do Biodiesel, afirmou que, entre 2008 e 2012, a participação do biodiesel evitou gastos de US$ 7,5 bilhões em importação de diesel, o que corresponde a aproximadamente 40% das despesas nacionais com importação de petróleo (no primeiro trimestre de 2013).

Porém, Ricardo Dornelles, diretor do departamento de combustíveis renováveis do Ministério de Minas e Energia, ponderou que os dados apresentados são bastante otimistas, mas é necessário avaliar o setor de forma mais realista. Segundo ele, a capacidade real é 21% menor do que os números que vêm sendo divulgados, visto que 15 usinas estão paradas ou desativadas. Segundo ele, a estimativa realista da capacidade é de 6 milhões de metros cúbicos, que equivaleria à demanda atual para atender ao B10.

Contraponto No entanto, apesar desta capacidade de produção ser suficiente para o aumento do percentual de adição ao diesel, ainda há muitos desafios a serem vencidos. Um deles diz respeito ao próprio setor, que é a obrigatoriedade de manter o biodiesel com 200 ppm de água, conforme determinação da ANP, para que fique compatível ao S10. Segundo a Aprobio, as usinas investiram e já se prepararam para esta mudança, mas ainda não estão produzindo nesta especificação Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO porque não é obrigatório (somente a partir de 2014), e a redução de água representa custos. Manter estes 200 ppm ao longo de toda a cadeia será um desafio para o setor como um todo. Afinal, como o biodiesel é mais higroscópico que o diesel (absorve mais água da atmosfera), não há como garantir que esta absorção não ocorra durante o transporte ou armazenamento. Isso significa que o problema de formação de borras poderá se agravar, pois a combinação de água com um material biodegradável (o biodiesel) forma um ambiente perfeito para a proliferação de micro-organismos. Além disso, o diesel com baixo teor de enxofre tem menor quantidade de aromáticos, compostos fenólicos, que são biocidas naturais. Com a redução destes agentes, há o risco de aumentar a proliferação dos micro-organismos. Durante a conferência, Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, mostrou-se bastante cauteloso em relação a este aspecto e considerou que seria interessante que os segmentos de distribuição e revenda solicitassem à ANP uma tolerância maior na questão do percentual. Para Libório, não são poucos os entraves para o aumento do percentual de biodiesel. Entre outros aspectos, ele citou o agravamento da questão logística, mencionando que o diesel chega às bases de distribuição por meio de dutos. Já o biodiesel, que, com a elevação da mistura substituiria um volume razoável de diesel, é entregue prioritariamente por transporte rodoviário, o que significa que será necessário ampliar o número de caminhões para transporte do produto. “A 28 • Combustíveis & Conveniência

Henry Joseph Jr. da Anfavea, sugere um cronograma de elevação do teor de biodiesel mais cauteloso

elevação do percentual para B6 (ou seja, apenas um ponto percentual), implicaria em um aumento de 20% na demanda por biodiesel. Esse biodiesel extra é transportado por via rodoviária, o que significa que o setor, que já vive uma situação logística delicada, terá de se ajustar à nova necessidade”, ponderou. Além desta questão, ele também explicou que uma mudança no percentual de biodiesel levaria à necessidade de investimentos em dosadores e tancagem por parte das distribuidoras, em um período de, pelo menos, 24 meses para serem concretizados. Questionado acerca deste prazo tão extenso, o diretor do Sindicom justificou: “estamos no final de outubro, e três de nossas quatro associadas já fecharam o orçamento para 2014. Até fevereiro do próximo ano, certamente as quatro empresas terão seu plano de investimentos fechado. Se a mudança ocorrer no início do próximo ano, o investimento necessário para atendê-la não tem como ser feito. Nosso setor também precisa de previsibilidade. Precisamos de tempo e prazo para esta adequação”, afirmou,

citando, ainda, as dificuldades legais de obtenção de licenças para ampliação de infraestrutura. Outro agravante citado por Libório diz respeito à questão concorrencial. Como não existem testes rápidos que permitam a indicação do teor de biodiesel no diesel que possam ser realizados nos postos, e o preço do litro de biodiesel ainda é superior ao do preço do diesel fóssil, o risco de fraude é muito grande. Na visão do setor de distribuição, quanto maior o teor de biodiesel, maior o risco de ocorrência de fraudes. E, se o novo marco regulatório instituir, de fato, uma banda que possa ser aumentada ou diminuída de região para região, o risco de fraudes será ainda maior. Para a revenda de combustíveis, na avaliação do diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, Ricardo Hashimoto, a situação atual está sob controle, embora a perspectiva de elevação do percentual ainda seja vista com reservas. “Não somos contrários ao biodiesel e nem à elevação do percentual de mistura. Porém, a revenda precisa se preparar também para a mudança, já que terá


Ricardo Hashimoto, da Fecombustíveis, afirma que o setor de revenda adotou procedimentos redobrados de manutenção para evitar problemas com o biodiesel

de redobrar os cuidados, o que significa mais custos”, observou. De acordo com Hashimoto, os problemas ocorridos após a introdução do B5 (formação de borras e entupimento) foram contornados com maiores cuidados no manuseio e armazenamento do produto. “O setor aprendeu a lidar com os problemas e características específicas do

biodiesel. Mas isso também significou mais custos para a operação do posto. E como o posto é a última etapa na cadeia de comercialização do produto, é em nossa porta que o consumidor ou a fiscalização vai chegar se surgirem problemas. Sabemos que este é um ônus do negócio, mas precisamos estar preparados”, afirmou.

Segundo consulta realizada pela Fecombustíveis junto aos seus Sindicatos Filiados, em setembro, apesar de os problemas do B5 terem sido minimizados em boa parte dos postos, ainda há muitos relatos de revendedores que continuam enfrentando dificuldades. O Sinpetro-MS, por exemplo, constatou que 66% de seus associados registraram formação de borras e 60% reclamaram de entupimento de filtros. A Fecombustíveis recomenda que os revendedores sigam as orientações constantes no folheto “Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B” disponível no site da ANP (www.migre.me/gusDq), e troquem com maior frequência os elementos filtrantes do óleo diesel.

Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO combustível em motores que permanecem por longos períodos parados (primeiro abastecimento, colheitadeiras, veículos de uso esporádico e grupos geradores, entre outros). Em princípio, a entidade considera que só é possível conceder garantia de durabilidade para os veículos pesados com misturas até B7.

Desafios

O pesquisador Luiz Augusto Horta Nogueira acredita que o país tem de rever a tributação dos combustíveis e ter regras claras de formação de preços

Montadoras garantem até B7 Henry Joseph Jr., presidente da Comissão de Assuntos de Energia e Meio Ambiente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), trouxe para o debate a visão do setor automotivo – que tem reservas quanto ao aumento da mistura acima do B7. Segundo ele, não existem testes suficientes que garantam a eficiência dos motores com misturas superiores a 7%. Embora existam algumas iniciativas pontuais de uso de misturas até B20 (e B100 em alguns casos), tais situações utilizam veículos sujeitos a condições ideais de manutenção, o que, infelizmente, não é a realidade da frota que circula no país. Para a Anfavea, três requisitos essenciais devem ser observados ao se discutir novas misturas de biodiesel ao diesel: o produto deve poder ser utilizado pela frota diesel existente, ser compatível com a boa qualidade do diesel atual e não inviabilizar tecnologias futuras de motores. 30 • Combustíveis & Conveniência

As montadoras, segundo Joseph, consideram que a elevação de percentual de biodiesel no diesel deve ser cautelosa e gradual. Segundo proposta da entidade, o B7 poderia ser introduzido a partir de 2014 para frotas cativas e para todos os veículos, a partir de 2015. De 2015 a 2020, as frotas cativas poderiam utilizar misturas entre B7 e B10, enquanto que os demais veículos permaneceriam com o B7. Este seria um período importante para avaliar o desempenho dos veículos com misturas superiores ao B7. Em 2018, o governo e o setor em conjunto definiriam o percentual de mistura a ser introduzido em 2020, com tempo hábil para todos os segmentos se prepararem. “A elevação do teor de biodiesel para misturas superiores à atual deve ser um objetivo do país, em função das vantagens ambientais, econômicas, sociais e estratégicas, mas deve ser precedida por ensaios controlados com frotas cativas que comprovem seu uso seguro e duradouro”, explicou. O executivo expôs também sua preocupação quanto ao uso do

Na opinião de Luis Horta Nogueira, pesquisador da Universidade Federal de Itajubá e consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para assuntos energéticos, que abordou os desafios no planejamento dos biocombustíveis em sua apresentação, uma das principais barreiras a ser ultrapassada é a questão do preço. “É importante melhorar a competitividade do biodiesel frente aos combustíveis convencionais e outros biocombustíveis”, disse ele, mencionando questões como a defasagem dos preços internos da Petrobras, a necessidade de importação de diesel e os prejuízos que a empresa tem em função da atual política do governo para os combustíveis. Nogueira abordou também outras fronteiras para o uso de biodiesel, como, por exemplo, em aeronaves, e o uso de outros biocombustíveis em motores diesel (caso do diesel de cana). As tecnologias, segundo ele, já estão desenvolvidas, mas o custo ainda é elevado e restritivo. “O Brasil necessita de uma política energética explícita e consistente, que apresente uma evolução desejável da matriz energética e estabeleça os mecanismos e meios para sua realização”, ponderou. “Mas, mais do que isso, é importante rever a tributação dos combustíveis e ter regras claras de formação de preços”. n



44 NA PRÁTICA

Stock

Novo diesel No primeiro dia do ano, os postos de combustíveis de todo o país passarão a comercializar o diesel S500 (menos poluente e com menor teor de enxofre) em substituição ao S1800. Por Gisele de Oliveira

A partir de 1º de janeiro de 2014, o diesel S1800 sai de cena, definitivamente, do mercado. Atualmente, o combustível com 1800 mg/kg de enxofre é comercializado nas regiões interioranas e sua substituição faz parte de um processo iniciado em 2008, com o objetivo de atender as fases P-7 e P-6 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Com a mudança, o mercado terá disponível para comercialização somente dois tipos de diesel: S500 e S10. Por isso, o revendedor que comercializa o S1800 deve ficar 32 • Combustíveis & Conveniência

atento à mudança, principalmente no período de transição para a retirada total do combustível. Em 2 dezembro, a ANP promoverá audiência pública para tratar da revisão da Resolução nº 65, que estabelece medidas para introdução do óleo diesel de baixo teor de enxofre na cadeia de abastecimento do país. Pela nova redação, distribuidores e revendedores que comercializam o diesel mais poluente terão prazo de 60 e 90 dias, respectivamente, para escoar seus estoques adquiridos até 31 de dezembro deste ano.

Além do prazo de escoamento, a minuta de resolução propõe ainda que o S10 seja destinado aos veículos ciclo diesel das fases L-6, P-7 e posteriores do Proconve; assim como a obrigatoriedade de comercialização somente dos “óleos diesel com teor de enxofre de até 500 mg/ kg em todo o território nacional”, exceto nos municípios de Belém (PA), Fortaleza (CE) e Recife (PE) e suas respectivas regiões metropolitanas, que continuarão com a obrigatoriedade de comercializar o diesel S10. A decisão de limitar o uso exclusivo do S10 às três cidades


do Nordeste faz parte do acordo judicial envolvendo o Ministério Público Federal (MPF), ANP e demais agentes, assinado no final de 2008, com o objetivo de garantir a comercialização, do produto. Porém, a medida é polêmica em função dos prejuízos que vem causando aos revendedores dessas localidades. Por ter um custo mais caro que os demais óleos diesel disponíveis no mercado (o S10 custa, em média, de R$ 0,12 a R$ 0,20 a mais), muitos motoristas preferem abastecer seus veículos fora da região delimitada para o uso exclusivo do diesel de baixo teor de enxofre, o que acaba causando desequilíbrio financeiro para os revendedores que atuam em Belém, Fortaleza e Recife e regiões metropolitanas. A Fecombustíveis e os Sindicatos Filiados nos três estados têm defendido sistematicamente a revisão desse acordo junto aos órgãos envolvidos sem muito sucesso. A saída foi recorrer à Justiça, que concedeu liminar permitin-

do, na época, a comercialização do diesel S50 nestas cidades também. Agora, mais uma vez, a Fecombustíveis pretende levar o assunto para discussão na audiência pública a ser promovida pela ANP. De acordo com o superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral, esta alteração depende da revisão do acordo judicial firmado com o MPF. “Não temos indicação de alteração do Termo de Ajustamento de Conduta para alterar os termos do acordo vigente. Portanto, tudo permanecerá como previsto no referido acordo”, respondeu o superintendente por e-mail à equipe da Combustíveis & Conveninência.

Qualidade Enquanto os agentes buscam um consenso sobre a medida, o jeito é prestar atenção quanto aos prazos de comercialização do diesel S1800 (de 90 dias) e às características do diesel S500, que contará com corante

vermelho. O S10 permanece sem adição de corante. “Mesmo com essa diferenciação entre os dois produtos, é preciso estar atento”, diz Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis. Como não há como o dono do estabelecimento detectar irregularidade no teor de enxofre no exato momento do recebimento do produto, a amostra-testemunha ainda é o melhor aliado do revendedor para se defender de possíveis questionamentos quanto ao nível de teor de enxofre. “A coleta de amostra-testemunha é fundamental para evitar surpresas desagradáveis”, reforça Hashimoto. Além disso, tenha em mãos os documentos que comprovem as compras do diesel S1800 em dezembro deste ano, caso receba agentes de fiscalização no período de 90 dias. Outro cuidado que o revendedor deve tomar nesta época de transição é, além da cor, observar o aspecto, massa específica e destilação. n

Saiba mais A chegada do S500 ao mercado tem por objetivo diminuir as emissões de gases poluentes, melhorando, consequentemente, o meio ambiente. Essas modificações contribuirão para um melhor rendimento do motor em decorrência do aumento da eficiência, além de reduzir a emissão de gases de combustão com menor quantidade de material particulado, segundo a ANP. Veja a seguir o comparativo entre o S1800 e o S500:

Massa específica Temperatura máxima de destilação aos 85% em volume coletados Teor de enxofre máximo

S1800

S500

880 kg/m³

865 kg/m³

370ºC

360ºC

1800 mg/kg

500 mg/kg

Fonte: ANP

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44 NA PRÁTICA

Stock

Nova gasolina De melhor qualidade e menos poluente, o novo combustível pode chegar em alguns estados brasileiros a partir de dezembro, um pouco antes da data oficial Por Mônica Serrano O Ano Novo começa com novidade. De 1º de janeiro em diante, todos os postos de combustíveis do Brasil estarão recebendo a nova gasolina comum. Com menor teor de enxofre, de cor mais clara e odor diferente, a nova gasolina mostrará sua aparência com um pouco de antecedência, em dezembro, em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste, em função do aumento da demanda de final de ano, cujo abastecimento deve acontecer já nas especificações exigidas pela Resolução nº 40/2013, da ANP, publicada em 30 de 34 • Combustíveis & Conveniência

outubro. Portanto, ao receber a gasolina no posto, as características aparentes diferenciadas não devem causar preocupação, nem motivar a devolução para a distribuidora. O revendedor não terá que se municiar com o excesso de cuidados e manuseio do produto, como ocorreu com a mudança para o diesel de baixo teor de enxofre, no início de 2012. O maior risco de contaminação ocorre se o caminhão-tanque tiver transportado, por exemplo, o diesel S500 e não houver o correto escoamento do produto na descarga anterior e, no mesmo compartimento, for colocada a nova gasolina.

Do lado do consumidor, ele estará recebendo uma gasolina de melhor qualidade, menos poluente, equivalente ao padrão comercializado nos Estados Unidos. “Outro atributo é a redução da formação de depósitos no motor, com isso, há menos desgaste e diminui os custos com manutenção”, informou Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais da Petrobras. Hoje, a gasolina comum passará das atuais 800 partes por milhão (ppm) de enxofre para 50 ppm. Também serão reduzidos os teores de hidrocarbonetos aromáticos, olefínicos e benzeno (só para a gasolina


melhoria dos combustíveis. O programa promoveu a introdução dos combustíveis de baixo teor de enxofre, em princípio, com o diesel, e agora atinge a frota de veículos leves, com a gasolina. Em termos de qualidade de derivados, na linha de óleo diesel, o Brasil segue o padrão da Europa. As exigências em relação às emissões são as mesmas e os procedimentos com o manuseio do combustível também. Já em relação à gasolina, o país acompanha o mercado norte-americano. Sendo assim, esta nova gasolina está adequada para contribuir com o meio ambiente por estar em sintonia com a tecnologia de motores de carros mais sofisticados, de injeção direta, inclusive os híbridos. Por conta das emissões, a renovação de frotas se faz necessária, uma vez que os motores de veículos antigos, mesmo com um combustível de baixo teor de enxofre, continuam emitindo gases. “Em veículos antigos, o benefício ambiental é quase inexistente. É como colocar diesel S10 em caminhão velho”, reforçou Kremer.

Produção e distribuição Foram muitas as discussões entre Petrobras, distribuidoras e demais agentes de mercado para planejar a introdução dos combustíveis de baixo teor de enxofre no mercado nacional. De acordo com o Sindicom, em termos de infraestrutura, as distribuidoras estão preparadas. Em relação aos cuidados com o produto para evitar a contaminação, Luciano Libório informou que os dutos com pontos em comum de diesel e gasolina estão sendo segregados. Do lado da Petrobras, desde o final de 2010, entraram em operação mais de 20 unidades de produção e tratamento de correntes distribuídas em nove refinarias da Petrobras com o objetivo de atender à nova especificação da gasolina. O volume importado, utilizado para complementar o atendimento à demanda nacional, também atenderá a nova qualidade do produto. As principais frentes de importação de gasolina utilizadas pela Petrobras são Europa e Estados Unidos, regiões que já trabalham com a gasolina nos padrões de qualidade exigidos a partir de janeiro. n Agência Petrobras

Premium). No final de agosto, a ANP realizou audiência pública para definir os parâmetros da nova gasolina e ouvir os agentes do setor. Um dos temas de maior debate foi a solicitação à Agência para estender o prazo de aditivação à gasolina, uma vez que havia necessidade de realizar novos testes para avaliar a nova mistura, com os aditivos. A ANP atendeu aos apelos do mercado. A Resolução nº 40/2013 determina que a nova gasolina passará a receber aditivação de detergentes dispersantes a partir de 1º julho de 2015, para retardar a formação de depósitos em válvulas de admissão. Pela Resolução, a aditivação ficará sob responsabilidade dos produtores e importadores. Mas, nos casos de recebimento de gasolina por cabotagem, a adição de detergente dispersante será feita pelas distribuidoras. Apesar de esta decisão ser contrária ao posicionamento do Sindicom, as empresas de distribuição ganharão tempo até 2015 para fazerem as devidas adequações. “Mesmo com o aumento do prazo, ainda é apertado. A aditivação em si é um ponto complicado, temos preocupação com a questão concorrencial, em abrir brechas para a não aditivação conforme estipula a regra”, disse Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom. A introdução da nova gasolina C no mercado faz parte do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos (Proconve), que visa reduzir a emissão de gases poluentes por veículos, promover o desenvolvimento da tecnologia de motores da indústria automobilística e a

Com a nova gasolina C, os postos de combustíveis oferecerão uma gasolina de melhor qualidade e menos poluente ao consumidor

Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA photl.com

Fim de ano programado Com a proximidade da época de festas e o aumento das despesas do período chegando, as finanças precisam se manter equilibradas para receber o próximo ano. Com organização e planejamento, é possível iniciar 2014 com as contas sob controle Por Gisele de Oliveira Todo ano é assim: uma série de obrigações contábeis e financeiras coincide justamente entre o final do ano e início do próximo, deixando muitos empresários com dor de cabeça para tentar equilibrar as finanças. São despesas como: pagamento de 13º salário aos funcionários, encargos com a Previdência Social, escolha da melhor forma de tributação para o novo ano etc. Além disso, têm ainda os gastos do período com a equipe de funcionários, como a realização das festas de 36 • Combustíveis & Conveniência

confraternização e distribuição de cestas natalinas. Para completar o cenário, muitas pessoas aproveitam a época para tirar férias e viajar com a família, o que pode interferir nas vendas do posto, dependendo da localidade. Por isso, é fundamental programar-se neste período, para manter o equilíbrio financeiro do negócio e evitar que o ano novo comece no vermelho. Neste sentido, as palavras de ordem são organização e planejamento. Sem essas duas medidas fica muito difícil manter um negócio saudável e livre dos efeitos sazo-

nais. Assim, aproveite que 2013 está terminando para começar a planejar as ações para o próximo ano, levando em consideração não somente as questões contábeis, mas também iniciativas que podem interferir diretamente no seu negócio, como promoções, aumento do número de funcionários e troca de equipamentos, entre outros. Com a ajuda de um contador, enumere todas as provisões contábeis e financeiras, separando as mensais das anuais. Confundir essas provisões costuma ser mais comum do que se imagina e traz


Stock Stock

impactos diretos nos resultados financeiros do negócio. Por exemplo, a despesa referente ao 13º salário. Muitos consideram o pagamento como uma despesa específica do mês de dezembro, quando, na verdade, não é. A provisão deve ser feita mensalmente para garantir o pagamento aos funcionários no final do ano. “O empresário precisa calcular 1/12 avos do total que gasta por mês, provisionando esse valor, para garantir o pagamento do 13º salário no final do ano corrente”, explicou Luiz Rinaldo, contador da Plumas Assessoria Contábil. Além do 13º salário, também podem entrar como despesa mensal: folha de pagamento, água, luz e impostos, entre outros. Já entre as despesas anuais, estão as taxas de instalação e funcionamento e de aferição de bombas, prêmios de seguro, em geral, exame médico de funcionários, manutenção de equipamentos, uniformes etc. Outra obrigação de início de ano, que costuma gerar muita confusão entre os empresários, é a alteração do quadro de funcionários. Segundo Rinaldo, deve-se ficar atento aos casos de demissão de funcionários logo no início do ano. Se, por acaso, o revendedor optar por dispensar algum empregado, a orientação é fazer 30 dias antes do dissídio salarial, que no caso da categoria acontece em março, para evitar que os valores a serem pagos com a rescisão sejam feitos com base no dissídio.

As festas de confraternização e a distribuição de cestas de Natal também devem ser contabilizadas nas despesas do fim de ano

Gastos pontuais, mas esperados E quando se trata de despesas eventuais, mas que já fazem parte da rotina financeira do negócio? Combustíveis & Conveniência • 37


Também devem ser previstas no planejamento a ser elaborado para o próximo ano pelo empresário. Identificá-las e provisioná-las nos gastos ajudam a manter o equilíbrio financeiro do negócio. Tradicionalmente, por ser um período de festas, dezembro costuma ter mais gastos financeiros, seja com festas de confraternização ou distribuição de cestas de Natal ou bonificação para os funcionários. Neste caso, o melhor a fazer é adequar as iniciativas de acordo com o tamanho e o porte de seu negócio. Mas uma coisa é certa: é importante reconhecer o trabalho e a dedicação de seus funcionários ao longo do ano. Para o especialista em treinamento, Marcelo Borja, remuneração financeira nem sempre tem o mesmo apelo do que a distribuição de uma cesta de Natal. “Acredito que esse tipo de remuneração deve estar sempre associada à meritocracia. Ou seja, bateu a meta estipulada, ganhou o prêmio. Já o reconhecimento, como forma de motivação, tem outro aspecto. Brinquedos para os filhos dos funcionários, um peru de Natal para o melhor vendedor do mês, um fim de semana com a família em uma pousada para o melhor gerente da rede podem causar muito mais resultados positivos do que em dinheiro”, avalia. E, lógico, além dos brindes que a época naturalmente exige, tem a festa de confraternização, que também requer gastos financeiros. A iniciativa, como o próprio nome diz, é uma forma de reunir a equipe para comemorar os resultados alcançados e celebrar a chegada do novo ano. Porém, alerta o especialista, apesar do caráter comemorativo, deve-se evitar os excessos, principalmente com bebidas alcoólicas, por se 38 • Combustíveis & Conveniência

Stock

44 NA PRÁTICA No período de férias, aumenta o movimento nos postos situados em cidades turísticas ou localizados em rodovias dos roteiros de viagem mais procurados

tratar de uma festa entre colegas de trabalho. Se a intenção é integrar ainda mais a equipe, Borja sugere a participação de familiares do funcionário para a confraternização, o que também demonstra valorização, além de preservar o ambiente ao abrir o evento para a família.

Férias Outra conta que precisa ser equacionada neste período é o que pode ser feito para evitar queda nas vendas, por conta das festas de fim ano e férias. Se seu posto está situado em uma região onde aumenta o número de circulação de automóveis, como as cidades litorâneas e turísticas, ou são postos de rodovias movimentadas, não tem com o que se preocupar. Mas se o estabelecimento recebe menos clientes neste período, vale a pena pensar em medidas alternativas para estimular as vendas, como promoções de troca de óleo e oferta de produtos natalinos. No entanto, na opinião de Borja, o revendedor precisa se arriscar mais, experimentar novas medidas para aumentar as vendas. Uma delas pode ser a contratação de temporários. De acordo com o especialista, o empresário pode usar este recurso para testar a viabilidade de contratação de um novo

funcionário. Mas e o custo? O especialista dá a dica: “Se você considerar os custos de um colaborador da pista ou loja, diurno sem adicional de dupla função, este valor no estado de São Paulo aproxima-se dos R$ 2,1 mil, com todos os benefícios e impostos recolhidos. Para se ter uma ideia, a venda de mais 3 litros de lubrificantes, 3 aditivos ou fluídos e mil litros de combustíveis já pagam esse novo funcionário”. Além disso, Borja ressalta que o período também registra um dos maiores índices de faltas do ano. Assim, se o revendedor dispor de mais pessoas trabalhando no posto, mesmo que algum funcionário falte ao trabalho, não perderá em qualidade no atendimento e vendas. Porém, se essas ações não forem suficientes para alavancar as vendas de fim de ano, outra alternativa é recorrer ao crédito bancário, sugere Luiz Rinaldo, da Plumas. De acordo com ele, existem algumas instituições bancárias que oferecem créditos específicos, com juros mais baixos, justamente para esse período do ano. “Se ele conseguir alavancar as vendas com promoções e outras iniciativas sem recorrer ao crédito, ótimo. Caso contrário, é uma das tentativas para manter a rentabilidade do negócio”, conclui. n


ERRATA Prezado revendedor, a Página 71 do guia de referência Para imPlementação da nr-20 em Postos de serviços deve ser substituída Por essa Página, que traz as informações corretas sobre o nível de risco. contamos com a sua comPreensão.

NÍVEL DE DE RISCO NÍVEL RISCO

O preenchimento da APP/APR para os perigos e riscos identificados (veja exemplo mais adiante) conjugados preenchimento da APP/APR parade oscontrole perigossejam e riscos identificados (veja exemplosegura mais do com aOMatriz de Risco permite que medidas tomadas para manter a operação posto.adiante) conjugados com a Matriz de Risco permite que medidas de controle sejam tomadas

para manter a operação segura do posto.

Como Como fazer?fazer? O profissional habilitado deve identificar os perigos e riscos e definir as recomendações de ações preventivas e/ou de controle a serem adotadas em cada etapa do trabalho. O profissional habilitado deve identificar os perigos e riscos e definir as recomendações de ações preventivas e/ou de controle a serem adotadas em cada etapa do trabalho.

As recomendações devem ser transcritas para os procedimentos operacionais ou de manutenção (Volumes 3 e 4 deste guia). As recomendações surgidas a partir das análises de cenários identificados como de mais alto risco devem ser incluídas no Plano de Resposta As recomendações devem ser transcritas para os procedimentos operacionais ou de manutenção (Vo(PRE). Já as recomendações envolvam riscos de ambiente de trabalho lumesa 3Emergências e 4 deste guia). As recomendações surgidas aque partir das análises de cenários identificados como de possam causar na Plano saúdedee/ou na integridade dos (PRE). trabalhadores deverão serque mais que alto risco devem ser impacto incluídas no Resposta a Emergências Já as recomendações contempladas no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). envolvam riscos de ambiente de trabalho que possam causar impacto na saúde e/ou na integridade dos trabalhadores deverão ser contempladas no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

Arquive as APP/APR nesta divisória do Volume.

Arquive as APP/APR nesta divisória do Volume.

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Imagens: Stock

O medo ronda

O elevado crescimento da violência nos postos atinge revendedores de Norte a Sul do país. Enquanto os órgãos responsáveis por manter a segurança não conseguem contornar o problema, a solução é se precaver Por Cláudia Guerreiro Eles chegam de forma discreta, mas ameaçadora e, geralmente, de moto, a pé ou mesmo de bicicleta. Quando vão embora, minutos e até segundos depois, podem levar além da féria do dia, algo mais valioso: vidas de pessoas que, por fatalidade, cruzaram o caminho de criminosos. A violência se tornou algo comum na rotina dos postos. Entra ano e sai ano, as estatísticas confirmam o aumento de ocorrências de assaltos nesses estabelecimentos. A Paraíba, por exemplo, acendeu a luz vermelha. Segundo o último levantamento divulgado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, somente na 40 • Combustíveis & Conveniência

capital, João Pessoa, o aumento na criminalidade chegou a 50% no período de janeiro a setembro, de 68, em 2012, foi para 102, em 2013. A preocupação com a segurança levou os donos de postos da Paraíba a cogitarem fazer uma ação de protesto, parecida com um ‘toque de recolher’: os estabelecimentos fechariam a partir das 18 horas, mas, por falta de adesão, não foi para frente. A medida é considerada ilegal por contrariar a Portaria nº 116 da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que determina o horário de funcionamento dos postos, em todo o país, das 6h às 20h. Dados do Sindipetro-PB revelam que, em média, cerca de 20 assaltos ocorrem toda semana

nos 90 postos filiados à entidade. O presidente do sindicato, Omar Hamad Filho, assinala que a onda de assaltos tem preocupado, e muito, os revendedores desde o ano passado, quando, segundo ele, “houve um recrudescimento da violência em escala gigantesca. Chamamos a atenção das autoridades para o problema. Num primeiro momento, notamos um aumento no esquema de segurança, mas iniciativas mais concretas que nós esperávamos não saíram do papel”, lamenta o dirigente. Mobilizados pelo Sindipetro-PB, os empresários do setor resolveram então aumentar a vigilância e investir em segurança. Entretanto, as iniciativas não foram suficientes para conter


a crescente violência e o resultado foi que mais da metade dos estabelecimentos de João Pessoa deixaram de funcionar a partir das 22 horas. “Como uma forma a mais de precaução, praticamente todos os postos não possuem mais caixas 24 horas em suas dependências”, acrescentou Hamad.

São Paulo Em São Paulo, a lei que proíbe o uso de capacetes em postos de gasolina foi sancionada, em março passado, pelo governador Geraldo Alckmin, mas ainda não surtiu efeito positivo, especialmente por problemas na implantação de uma fiscalização eficiente para fazer realmente valer a lei. Enquanto isso, o medo continua sendo uma constante entre os frentistas, profissionais que, definitivamente, entraram na mira dos bandidos. Há casos como o de um posto, na periferia da capital, que já foi assaltado mais de 100 vezes, nos últimos dois anos. Às vezes, roubam o caixa, a loja de conveniência e invadem o escritório do posto, onde funcionários e fregueses são mantidos como reféns. Em outros casos, limitam-se a levar o dinheiro dos frentistas e de clientes. Quanto maior a fragilidade do estabelecimento, em termos de segurança, maior a ousadia e a violência dos criminosos. Alguns chegam a roubar os mesmos postos em dias diferentes. Até mesmo em Santos, cidade com 419 mil habitantes e uma das principais do país no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que aponta a alta qualidade de vida da população, o total de roubos (sem contar roubo a banco ou

de veículos) já chegou a 2.736 neste ano (até agosto), numa média de 342 casos por mês. “Por aqui, algumas medidas vêm sendo tomadas por parte do poder público, mas ainda sem grandes reflexos na sensação de segurança. A maior parte das cidades tem câmeras de monitoramento pelas ruas, mas é preciso aumentar ainda mais essa teia. Além disso, como se trata de uma região cortada por muitas rodovias também seria necessário reforçar o policiamento rodoviário”, opina José Camargo Hernandes, presidente do Resan. A Baixada Santista vive um acúmulo de problemas, que têm o tráfico de drogas como epicentro, o que traz aos bairros periféricos riscos maiores de pequenos delitos, como os roubos a postos. Além disso, parte desses crimes é cometida por menores infratores. “Duas outras questões poderiam ajudar a combater o crime de menor poder ofensivo. Uma delas é a revisão da lei que permite as saídas temporárias de presos do sistema prisional”. Na Baixada Santista, em função do Dia das Crianças, 1.315 presos do Presídio Semiaberto de Mongaguá tiveram direito a passar o feriado em casa entre os dias 11 e 15 de outubro. A outra medida, segundo Hernandes, seria a revisão do Código Penal “para reduzir a impunidade tanto dos crimes cometidos por maiores quanto os praticados por adolescentes”.

Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, a realidade enfrentada pelos donos de postos de gasolina também é preocupante. Manuel Fonseca da Costa, presidente do Sindicomb, recorda que há alguns anos procurou a Secretaria de Segurança Pública

Os cuidados devem ser redobrados em postos visados por assaltantes. Instalar câmeras de segurança pode ajudar a inibir a ação dos ladrões

do Estado e o quartel-general da Polícia Militar, no Centro do Rio, para pedir medidas de prevenção. “Ficou acertado que os policiais passariam a fazer rondas próximas aos postos. Eles também passariam pelos estabelecimentos e assinariam uma espécie de registro de presença. Inicialmente, isso aconteceu, foi muito positivo; mas depois acabou”, relata Manuel Fonseca. Não há estatísticas sobre os casos de violência e de assaltos praticados contra os postos filiados ao Sindicomb, muitos deles, sequer registram os roubos. Assim, enquanto a tão esperada ajuda mais efetiva da polícia não chega, a principal estratégia utilizada pela revenda do Rio continua sendo a instalação de circuitos internos de câmeras de monitoramento que, conforme frisa Manoel Fonseca, efetivamente inibem a ação dos criminosos. No caso da revenda varejista do estado do Rio, o impacto da violência nos negócios também é vivenciado frequentemente. Para Ricardo Lisbôa Vianna, do Sindestado, a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em comunidades cariocas não contribuiu para diminuir a Combustíveis & Conveniência • 41


44 NA PRÁTICA Parcerias

violência nas proximidades dos locais pacificados. Ainda assim, o dirigente acredita que o Rio de Janeiro “é capaz de vencer essa guerra se deixar a politicagem de fora das questões ligadas à segurança pública”. Ricardo Vianna sublinha: “É preciso menos discursos, menos shows de mídia e menos interferência política, e, sim, mais policiais motivados nas ruas, melhor remunerados, equipados e treinados”. Enquanto esperam por uma ação de policiamento mais eficaz, os revendedores podem agir no

sentido de minimizar as probabilidades de ataque a seus postos. Soluções acessíveis, como uma iluminação mais forte, instalação de câmeras de segurança e treinamento da equipe para observar o comportamento de frequentadores que apresentarem atitudes suspeitas, além de não manter grandes somas em dinheiro nos bolsos e – em alguns casos – a contratação de seguranças particulares, contribuem para que o bandido se sinta desestimulado a tentar o assalto.

Para Adão Oliveira, presidente do Sulpetro, “dado ao número elevado de assaltos, há sete meses o Sindicato estabeleceu um canal de comunicação com o Comando Geral da Polícia Militar, o chefe da Secretaria de Segurança Pública e o governador do estado, com o objetivo de melhorar a segurança”. A partir de então, os órgãos de segurança começaram a receber relatórios com detalhes sobre assaltos nos postos e a Brigada Militar passou a fazer ações preventivas, passando nos postos e conversando com os gerentes, orientando os procedimentos para dificultar os assaltos. Com isso, “houve uma redução de 50% das ocorrências no mês de outubro em relação a setembro, em todo o Rio Grande do Sul”, relata. O problema da violência pode ser minimizado, na opinião de Oliveira. “Estreitar os laços com a força pública e estabelecer parcerias com as polícias civil e militar para orientar os empregados e donos de postos são táticas para impedir o crescimento dos assaltos”, conclui. n

Para sua proteção: w Iluminação clara em toda área do posto; w Instalação de câmeras de segurança; w Observar frequentadores com comportamento suspeito; w Não manter grandes somas de dinheiro no posto e no bolso; w Contratação de seguranças particulares.

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OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Difícil tarefa

controle de vazamentos, Em 6 de março do ano passado foi editada derramamento, incênuma Norma pelo Ministério do Trabalho chamada NR-20, que teve 18 meses para ser implemendios, explosões, certifitada. Este prazo acabou em setembro e o que cado de capacitação de trabalhadores, análise de vimos é que muito poucos empresários fizeram ou acidentes e plano de resposta a emergências, tudo conseguiram fazer o que a dita norma preconiza. isto, só para montar o prontuário. Existe, também, Esta Norma não é somente para os postos a necessidade de termos atualizados os seguintes revendedores, mas fomos agraciados com uma projetos: de instalação de equipamentos, de efluensérie de obrigações que vão mudar nossa forma tes, de captação de esgoto e águas pluviais, de de atuar. drenagem, elétrico, de combate a incêndio, bem Como existem implicações, que vão desde como da planta baixa do empreendimento. Além multas a suspenção das de treinamento não só de atividades do posto revennossos funcionários, mas também do proprietário dedor, a Federação resolveu do posto. puxar para si a solução do Haverá uma mudança no comportaIsto trará uma mucumprimento de mais esta mento do posto revendedor, de nossos obrigação entre outras tantas dança no comportamento, funcionários e de nós mesmos. É claro que o posto é obrigado a de nossos funcionários e que, para conseguirmos implementar cumprir. de nós mesmos. É claro a NR-20, teremos de contratar profisVocê, revendedor, podeque, para conseguirmos sionais habilitados e provermos isto implementar isto, teremos rá acessar o site da Fecomfinanceiramente de contratar profissionais bustíveis, que disponibiliza habilitados e provermos o Guia de Referência para isto financeiramente. Implementação da NR-20 A boa notícia, para versão online e o vídeo. Ou todos que já têm sua licença de operação consultar o mesmo Guia na versão impressa, dada pelo seu órgão ambiental, é que muitas enviado juntamente com a edição de outubro destas exigências já foram contempladas em da revista Combustíveis & Conveniência. Estes seu licenciamento e não precisam ser refeitas, materiais oferecem respaldo para vocês sabeevitando trabalho e custos. rem o que fazer e dar cumprimento à mais esta Levantei com alguns profissionais no merexigência, para prosseguir na difícil tarefa de ser um revendedor de combustíveis. cado o quanto isto poderia custar e, levando-se Quero chamar a atenção de todos para a em consideração o estado do posto, a despesa necessidade de se adequarem a uma quantidade seria de R$ 13.000 a R$ 20.000, dependendo do grande de documentos, como projeto de instalação, caso. O mais incrível é que somos considerados procedimentos operacionais, planos de manutenção uma atividade de utilidade pública, imaginem se e inspeção, análise de risco, plano de prevenção e não fôssemos.

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44 REPORTAGEM DE CAPA

Fotos: Mônica Serrano

Amplo conhecimento

Por Mônica Serrano De flores, óculos, cigarros eletrônicos a bombas de combustíveis e equipamentos diversos, na maior feira mundial de conveniência e de combustíveis, a NACS Show 2013, há muita variedade de produtos, muitos deles bem diferenciados dos comercializados no Brasil. As lojas de conveniência norte-americanas vendem de tudo até roupas. Apesar das 44 • Combustíveis & Conveniência

diferenças, há pontos em comum. Os revendedores brasileiros que foram conferir as novidades da NACS tiveram a oportunidade de conhecer as tendências de mercado e trazer ideias para adaptá-las ao nosso mercado de consumo, aproveitando a experiência do amadurecido mercado norte-americano. Realizada na terra de origem da Coca-Cola, em Atlanta, a NACS reuniu 1.160 empresas expositoras, de 12 a 15 de ou-

tubro, ocupando dois pavilhões de 396 mil m2, do Georgia World Congress Center, local onde ocorreu o evento. A maior parte deste espaço foi tomada por produtos e serviços direcionados ao mercado de conveniência, ponto forte dos negócios da revenda norte-americana, que encerrou o ano passado, com 149.220 lojas, um crescimento de 0,7%, ou seja, um aumento de 1.094 lojas, em comparação a 2011. E este mercado continua


A NACS Show reuniu revendedores do mundo inteiro em busca de novidades, ideias e as tendências de mercado. Cerca de 22 mil participantes, de 63 países, reuniram-se no Georgia World Congress Center para acompanhar a feira e assistir às palestras e sessões gerais. Os brasileiros também marcaram presença, com 960 revendedores levados pelas distribuidoras, sem contar os que foram por conta própria

vigoroso. “A indústria de lojas de conveniência continua a prosperar, nossas vendas anuais superam os US$ 700 bilhões, acima do varejo de supermercados e restaurantes”, enfatizou o CEO da NACS, Henry Armour. Revendedores do mundo inteiro deixaram seus negócios para participar da feira, foram 22.263 mil participantes, de 63 países. Ao longo do evento, foram realizadas 58 palestras educacionais e três sessões

gerais, com palestrantes de renome, como Chip Conley, escritor e fundador da Joie de Vivre, a maior rede hoteleira da Califórnia; o CEO da NACS, Henry Armour; e Hillary Clinton, ex-secretária de estado do governo norte-americano. Ao traçar um paralelo com o mercado brasileiro, a revenda de combustíveis norte-americana também passa seus percalços. Assim como nós, os empresários de postos e de lojas de

conveniência também sofrem com as taxas cobradas pelos cartões de crédito e de débito. A NACS tem defendido o setor e conseguiu acumular algumas conquistas. No ano passado, os revendedores norte-americanos conseguiram ter o direito de praticar preços diferentes para pagamentos à vista e no cartão e as taxas cobradas pelos cartões caíram pela metade. Mas a grande comemoração veio neste ano. “Existem muitos concorrentes em nosso mercado, as regulamentações ameaçam nosso negócio. Nossa guerra contra os cartões de crédito tem sido contínua, mas estamos vendo os resultados. Marcamos um gol em agosto: processamos o Banco Central norte-americano e vencemos”, comemorou Armour. Outro aspecto abordado pelo CEO apontou para o cerco cada vez mais fechado da comercialização de cigarros, um dos produtos que mais vende nas lojas de conveniência, mas que enfrenta restrições cada vez mais rígidas pelo forte combate ao tabagismo. Os revendedores norte-americanos também não estão satisfeitos com as regulamentações do setor. Uma das mais recentes determina etiquetar todos os produtos de conveniência. “Isso não faz sentido para as lojas”, disse. Pelos fatores abordados em seu discurso, Armour recomendou aos empresários presentes se reinventarem, diversificarem seus produtos para manterem-se no mercado e aumentarem sua rentabilidade. Para auxiliar a boa condução do setor, neste ano foi aberto o Instituto de Combustíveis, uma entidade vinculada à NACS, que Combustíveis & Conveniência • 45


44 REPORTAGEM DE CAPA oferece respaldo por meio de pesquisas e análises sobre o mercado para os interessados​​ na área de combustíveis - incluindo varejistas, distribuidoras, refinarias, produtores de energia alternativa e fabricantes de automóveis, entre outros. “Com os dados, podemos criar uma política melhor”, comentou Armour. A NACS também fornece respaldo aos varejistas das lojas de conveniência para atuar com excelência no food service. O NACS Café é um programa para certificar e qualificar gerentes e gestores de lojas de conveniência (CCFM - sigla em inglês do programa) em práticas de serviços de alimentação, segurança alimentar e estratégias de marketing. O processo de certificação termina com o exame aplicado pela Georgia State University Hospitality Center.

Movimento da feira

Os revendedores que visitaram a feira tiveram contato com mais de 1000 empresas expositoras. As companhias não pouparam esforços para atrair o público e usaram até imagem holográfica 46 • Combustíveis & Conveniência

Obesidade em foco A ex-secretária de estado do governo dos Estados Unidos, Hillary Clinton, não permitiu a participação da imprensa em sua palestra. Porém, quem assistiu, informou que a mensagem principal (para os revendedores) foi que o futuro pertence aos que olharem além do horizonte, investirem em tecnologia de combustíveis e oferecerem opções saudáveis aos consumidores nas lojas de conveniência, uma vez que a obesidade é uma das maiores preocupações dos Estados Unidos. Um a cada três jovens norte-americanos são obesos. Para uma sociedade movida a lanche, o desafio é grande. Nesse sentido, o mercado de lojas de conveniência pode contribuir para estimular os programas de controle da obesidade, com opções de comidas frescas e menos gordurosas,

lanches naturais e saladas, principalmente entre os mais jovens, que, em geral, são mais flexíveis às mudanças. Aliado ao conceito de hábitos saudáveis, não somente como prevenção à saúde, há a tendência de que parte da clientela de conveniência norte-americana tem optado por comprar alimentos frescos, feitos na hora. Esses alimentos tanto podem ser confeccionados na própria loja ou por meio de parcerias com grandes marcas. Com isso, as lojas de conveniência que conseguem aliar produtos de qualidade, com sabor e elaborados artesanalmente estão à frente daquelas que trabalham, principalmente, com alimentos congelados ou produtos industrializados. Um dos exemplos, que atende ao gosto norte-americano, são as pizzas elaboradas e servidas na hora ou embaladas para viagem.


Como construir uma equipe Além de atuar com as tendências de consumo, o que pode fazer a diferença no negócio? A motivação pelo trabalho pode fazer a diferença, sim, para o sucesso do empreendimento e envolve desde o proprietário à equipe de trabalho, esta é a opinião de Chip Conley, empresário conceituado no mercado norte-americano, fundador da rede de hotelaria Joie de Vivre e escritor do best-seller “Peak: How Great Companies Get Their Mojo from Maslow”. Para Conley, quando o indivíduo desenvolve seu potencial, encontra sua autorrealização e sua vocação. “Um dos aspectos mais negligenciados no negócio é o fator humano”, comentou. “O funcionário responde ao que a empresa demanda dele. A empresa que tem uma cultura possibilita criar um ambiente que maximize o potencial do funcionário. Foi assim que conseguimos crescer”, disse.

Colins define que toda empresa pode desenvolver uma cultura, criar uma personalidade para aquele local, o que atrai clientes e funcionários que impulsionam os negócios por estarem satisfeitos, tanto com o trabalho como pelos produtos que atendem a demanda dos funcionários. Segundo estudo apresentado por Colins, nos Estados Unidos, a primeira razão para alguém ir buscar uma nova oportunidade de trabalho é a dificuldade de convivência com o chefe. “Vocês podem criar uma cultura de reconhecimento, façam reuniões, ouçam os seus funcionários, gerentes e supervisores. Isso não custa dinheiro e ele vai se sentir bem”, recomendou. Qual é a expectativa do negócio? Atender aos desejos dos clientes, mas, se não tiver funcionários felizes e comprometidos, como eles serão amistosos com os clientes? Questionou Colins. “Quando oferecemos algo que vai além de suas expectativas, criamos fidelidade”, ressaltou.

Cultura preservada por gerações O novo presidente do Conselho da NACS, Brad Call, proprietário da rede de conveniência Maverik, soube seguir a tradição da família e manteve a cultura da loja criada pelo avô, em 1928, cuja “personalidade” é a aventura. Como empresário de postos de combustíveis, o avô não foi bem sucedido, mas seu espírito aventureiro passou para o negócio de conveniência, que prospera até hoje. Os clientes assíduos se identificam com esportes radicais e a empresa patrocina diversos eventos esportivos. A Maverik desenvolveu um programa de atividades físicas para os clientes que se excederem no consumo de alimentos e assim controlarem a obesidade.“Oferecemos diversas opções de alimentos, entre elas as saudáveis. A minha responsabilidade é atender ao cliente, mas não vou dizer o que ele deve comer”, comentou Call.

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44 REPORTAGEM DE CAPA

Case de sucesso

Roupas esportivas, óculos, cigarros eletrônicos e equipamentos de informática são alguns dos itens comercializados pelas lojas de conveniência norte-americanas

Alimentos saudáveis, saladas frescas, frutas e sanduíches naturais: o norte-americano busca novas opções de alimentos para cuidar da saúde 48 • Combustíveis & Conveniência

Uma boa ideia, expertise profissional e um bom plano de marketing podem superar até adversidades, como localização. A história do Chef Point Café tornou-se um bom exemplo de referência para os revendedores, contada pela proprietária Paula Merrell Nwaeze. Em princípio, a ideia era abrir um restaurante, mas o financiamento liberado para a abertura do negócio foi para um posto de combustível. Com isso, Paula e seu marido (chef de cozinha) montaram um posto como atividade principal, juntamente com um pequeno restaurante. Mas o restaurante não era mais um entre as diversas opções nos Estados Unidos. A ideia era trabalhar com um diferencial: comida gourmet. Os problemas começaram no início do negócio, a localização não favorecia e a união de comida de alto padrão com posto de combustível não parecia ser uma boa combinação.“Estávamos no pior local possível, longe da pista e não tínhamos referência como restaurante. Então, precisamos ser criativos, começamos a dar amostras da nossa comida aos clientes e aqueles que sentiam o cheiro da comida eram atraídos para o restaurante”, relembra Paula. A propaganda boca a boca deu certo. Mas o casal queria ampliar o empreendimento e utilizaram recursos de marketing. Eles usaram as redes sociais e criaram uma lista com e-mails dos clientes para enviar descontos, criar promoções e promover eventos. Os resultados foram colhidos. O estabelecimento que começou a funcionar com apenas quatro mesas, hoje comporta 50. O mailing de clientes conta com 65 mil pessoas e o Facebook registrou 15 mil fãs. Tudo isso para um único estabelecimento.“Se você tem paixão pelo negócio, vai obter êxito”, constata Paula.


As sessões gerais lotaram o auditório e Chip Conley recomendou à plateia atuar no negócio com autorrealização e maximizar o potencial dos funcionários

Participação verde e amarela Cada vez mais cresce a presença de brasileiros na NACS. Só este ano, a Ipiranga levou para o evento 700 revendedores, a BR Petrobras, 200 e a Ale, 60. Sem contar os brasileiros que foram por conta própria. As sessões educacionais estiveram lotadas e boa parcela era formada por brasileiros em busca de conhecimento. Entre as idas e vindas das salas de palestras, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, presidente do Sindipostos, e seu filho Rafael Garcia, vieram do Espírito Santo para acompanhar as tendências de conveniência. “Vamos fazer uma reforma geral na loja e viemos buscar ideias. A tecnologia dos equipamentos ajuda a reduzir custos e poupa o acompanhamento do trabalho gerencial. Também pretendemos mudar o layout da loja”, disse Garcia. Pela primeira vez na NACS, Mario Shiraishi, presidente do Sindipetro, proprietário de postos e de lojas de conveniência no Mato Grosso do Sul também aproveitou a viagem para olhar o negócio.“Fui conhecer as novidades. O que mais me chamou a atenção foi o sistema self service, na parte de postos. Já na loja de conveniência os expositores que se movimentam como roda gigante são interessantes para colocar na loja. Tem muita tecnologia, equipamentos de alta precisão, que vamos utilizar daqui a alguns anos. Quem vai sempre aprende, o posto vai se tornar secundário e vamos ter que pluralizar segmentos dentro do nosso negócio”, comentou. Do Rio de Janeiro, foram o revendedor Antonio Carlos Vilela e sua esposa Terezinha Vilela, proprietários de cinco postos e quatro lojas de conveniência. No ano passado, eles começaram a trabalhar com sanduíches prontos, depois de participar da NACS, e este ano trouxeram a ideia de implementar a linha de alimentação saudável. n

Acima, transporte usado para entrega de cervejas Budweiser no passado. Abaixo, as embalagens usadas para transportar as flores se transformam em expositores nas lojas de conveniência

Próxima NACS SHOW De 7 a 10 de outubro Las Vegas - Las Vegas Convention Center

Combustíveis & Conveniência • 49


44 MEIO AMBIENTE

A contaminação invisível Todo revendedor de combustíveis sabe que sua atividade é classificada como potencialmente poluidora e o risco de existir contaminação sob seu empreendimento é grande. Quando existe comprometimento do solo ou lençol freático, é necessário fazer a chamada remediação local, que visa recuperar a área contaminada. E este processo, em geral, é longo e oneroso. Um verdadeiro pesadelo para o revendedor

Divulgação Raizen

licença ambiental. Para Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, nos últimos anos, o comprometimento da revenda em relação ao tratamento com o meio ambiente evoluiu de forma significativa. “O setor é extremamente responsável, talvez sejamos o único grupo no Brasil que evoluiu neste quesito. Diria que a metade dos postos está integrada com a proteção ambiental”, disse durante seu discurso de abertura da Expopostos & Conveniência, em agosto deste ano.

Sob nossos pés Por Rosemeire Guidoni Os empreendimentos que possuem sistemas de armazenamento subterrâneo de combustíveis – e aqui se incluem outras empresas, como PAs (Pontos de Abastecimento), além dos postos revendedores – são considerados potencialmente poluidores perante a legislação ambiental. Ou seja, são empresas obrigadas a fazer o licenciamento ambiental. Isso não é novidade para os postos revendedores de combustíveis que, desde 2000, quando foi editada a Resolução 273 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), passaram a conhecer melhor os riscos de sua 50 • Combustíveis & Conveniência

atividade e tiveram de promover adequações nas instalações para minimizar o potencial poluidor. Como o licenciamento ficou sob responsabilidade dos órgãos ambientais de cada região, a adequação (e o consequente licenciamento da atividade) não ocorreu no mesmo ritmo no Brasil. Hoje, porém, 13 anos após a edição da Resolução, o setor está, no mínimo, mais consciente da necessidade de preservação ambiental. Embora não exista uma estatística oficial, boa parte da revenda, em todo o país, já tomou as providências para a adequação e, atualmente, o número de empreendimentos licenciados se equipara aos sem

Embora a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb), um dos primeiros órgãos ambientais a exigir a adequação dos postos, seja a entidade mais rigorosa, em maior ou menor grau todos os órgãos ambientais do país exigem dos postos a adequação à legislação ambiental, e isso inclui a investigação de eventuais contaminações do solo. Infelizmente, em função de erros operacionais do passado, ou mesmo por causa de instalações mais antigas, parte dos postos apresenta algum grau de contaminação do solo e/ou lençol freático. E aí é que começa um verdadeiro pesadelo para o setor. Há casos de postos que estão há dez anos fazendo a remediação do terreno contaminado,


embora, em média, dependendo da extensão e do grau de contaminação, a situação pode ser resolvida em prazo bem inferior. De qualquer forma, independentemente do prazo, o fato de realizar os procedimentos para o saneamento da área contaminada não impede a operação porque o órgão ambiental entende que estão sendo tomadas providências para resolver o problema. Porém, a recuperação de uma área contaminada por derivados de combustíveis, via de regra, é um processo complexo. Quando o combustível atinge o solo, seus componentes separam-se em três fases: dissolvida, líquida e gasosa. Assim, a contaminação acaba se espalhando em três níveis diferentes: solo, água subterrânea e atmosfera. Em função disso, a tarefa de avaliação da extensão, dinâmica, concentração das contaminações, análise de riscos e possíveis estratégias de remediação, não é tarefa simples. A recuperação de áreas contaminadas, não apenas por combustíveis, mas também por outros agentes poluidores, foi o tema do III Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo (Cimas), realizado entre 1 o e 3 de outubro, na capital paulista. Ao longo do evento, especialistas debateram os novos procedimentos para o gerenciamento de áreas contaminadas e técnicas para reabilitação. Durante a cerimônia de abertura do congresso, Everton Oliveira, presidente do III Cimas, destacou que é necessário trazer visibilidade ao tema. “É fundamental voltarmos nossa atenção à parte invisível do meio ambiente (parte subterrânea). Além disso, é necessário prestarmos atenção às decisões que tomamos

no presente, que refletirão em nosso futuro”, enfatizou. Ao longo dos três dias de evento, os congressistas debateram técnicas e formas de recuperar áreas contaminadas, bem como o recém-assinado Decreto 59.263, que regulamenta a Lei Estadual 13.577, de São Paulo, a qual trata das diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo e das águas subterrâneas, tanto para prevenção quanto para correção das áreas existentes (veja Box). A grande preocupação em debate foram os níveis crescentes de poluição que chegam aos rios e reservatórios, causando incontáveis prejuízos ao ambiente, contaminando as águas, afetando até a consumida pela população. Segundo relatório da ONU, divulgado em 2012, 80% das águas residuais não são coletadas ou tratadas e são depositadas com outras massas de água ou infiltradas no subsolo, resultando em pro-

blemas de saúde à população, além de causar danos ao meio ambiente.

Novas técnicas Apesar da complexidade dos processos de remediação de áreas contaminadas, atualmente, existem várias técnicas que permitem a solução do problema em períodos bem menores do que no passado. “O prazo estimado para remediação de uma área contaminada varia muito, dependendo do grau de contaminação e extensão da área”, afirmou o consultor ambiental Edgard Laborde Gomes, secretário-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps). “Dependendo da fase livre encontrada, o prazo pode variar muito. Se for uma lâmina de combustível pequena, cerca de 15 dias; caso seja uma fase livre, em torno de 30 centímetros, em média dois meses. Depois deste prazo,

Quanto custa Lembrando que os valores podem variar dependendo da extensão da área e da própria contaminação, os preços médios para as etapas necessárias de recuperação de uma área contaminada são os seguintes: w Investigação preliminar (o valor pode variar em função da quantidade de pontos de perfuração): R$ 10 a R$ 12 mil. Caso seja constada alguma contaminação, parte-se para a investigação detalhada; w Investigação detalhada: cerca de R$ 50 mil. Quando existe uma pequena contaminação, é até possível retirá-la nesta etapa do processo. Se for detectada uma contaminação maior, o próximo passo é a remediação da área; w Remediação: no mínimo de R$ 200 mil a R$ 300 mil. O valor depende muito mais das características da área contaminada do que da técnica escolhida. Combustíveis & Conveniência • 51


44 MEIO AMBIENTE ainda é necessário fazer o monitoramento da área e verificar se não houve fase dissolvida ou absorvida. Mas, atualmente, com as novas técnicas, os prazos para descontaminação são mais ágeis”, afirmou o especialista. Segundo Gomes, a técnica a ser utilizada depende muito da avaliação da contaminação (extensão da área e volume de combustíveis, principalmente). Em alguns casos, ainda se opta por retirar o solo do local, que é recolocado após um processo de limpeza do agente contaminante. Em outros, a opção é retirar o combustível que vazou por meio de furos no solo. Neste segundo caso, após a retirada da fase livre, é necessário fazer o acompanhamento constante da área para saber se a contaminação foi totalmente eliminada. Porém, novas tecnologias, como a biorremediação (que utiliza micro-organismos) e a oxidação vêm apresentando resultados promissores. “Não há como dizer qual a tecnologia é mais eficaz, pois isso depende de cada caso específico. Porém, é essencial que o revendedor contrate empresas sérias, autorizadas pelo órgão ambiental de sua região, para realizar o serviço. Embora o processo de remediação seja oneroso, o critério para a escolha do prestador de serviços nunca deve ser preço. Se a contaminação não for controlada de forma eficaz, ela se espalha e amplia as proporções do problema e, consequentemente, os custos. Então, este é o típico caso em que o barato pode sair muito mais caro no futuro”, alertou Gomes. 52 • Combustíveis & Conveniência

III Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo, realizado entre 1o e 3 de outubro, estimulou o debate sobre novos procedimentos para o gerenciamento de áreas contaminadas e técnicas para reabilitação

São Paulo regula áreas contaminadas O estado de São Paulo saiu na frente dos outros estados na hora de criar um regulamento para gerenciamento de áreas contaminadas. Trata-se do decreto 59.263, assinado durante a Semana do Meio Ambiente, em junho deste ano, que regulamenta a lei estadual 13.577, de julho de 2009, que estabelece as diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo e das águas subterrâneas. As áreas foram separadas em nove categorias – com potencial de contaminação, suspeita, sob investigação, com risco confirmado, em processo de remediação, em processo de monitoramento para encerramento, em processo de reutilização, reabilitada para uso declarado e área contaminada crítica –, cujo cadastro será atualizado anualmente e publicado no Diário Oficial do Estado e na página da internet da Cetesb. O decreto estabelece alguns avanços na gestão dessas áreas, tais como a obrigatoriedade da averbação da informação sobre a contaminação identificada na área na respectiva matrícula do imóvel; a instituição do seguro ambiental, um contrato que contenha cobertura para garantir a execução do Plano de Intervenção aprovado pela agência ambiental, no valor mínimo de 125% do custo estimado da remediação e, principalmente, a estruturação do Fundo Estadual para Prevenção e Remediação de Áreas Contaminadas (FEPRAC), que será destinado à identificação e remediação das chamadas “áreas órfãs”, ou seja, locais cujo responsável legal não seja identificado ou não tenha implementado as ações necessárias à sua reabilitação. “A questão da contaminação é maior do que imaginamos”, disse Eduardo San Martin, diretor de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), durante o III Cimas. Em sua apresentação, ele analisou em detalhes a Lei 13.577 e lembrou que o prazo estabelecido para o cadastro de áreas é até o dia 5 de dezembro. O diretor da Fiesp destacou também que os limites determinados na Lei são praticamente impossíveis de serem atingidos. “A área não vai ficar igual ao que era, é um sonho alguém imaginar que a remediação vai levar ao valor de referência de qualidade. Qualquer área onde houve ação humana, não atinge novamente aquele valor de qualidade”, afirmou.


Oxidação: bons resultados e agilidade A remediação de terrenos por oxidação química já vem sendo utilizada com sucesso por algumas empresas do setor, em vários estados. Em São Paulo, de acordo com o consultor ambiental Edgard Laborde Gomes, o procedimento já é utilizado há algum tempo. No Rio Grande do Sul, a técnica começou a ser indicada pela própria Federação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), responsável pelo licenciamento de postos em todo o estado, com exceção da capital, Porto Alegre, após a constatação de que os resultados acontecem em prazos bem menores do que métodos mais antigos. “Constatamos que havia no estado postos que passavam cinco, oito ou mesmo dez anos bombeando o combustível, para purificar o lençol freático. Nos EUA, desde 1997, o processo utilizado era a oxidação química. Ou seja, se limitava à pluma de contaminação embaixo do posto e, depois disso, eram injetados oxidantes, os mais variados possíveis”, afirmou o engenheiro químico da Fepam, Renato João Zucchetti, ao explicar a motivação do órgão ao estimular a nova tecnologia. Segundo

ele, com o uso desta técnica, a contaminação é eliminada em um prazo estimado de seis meses a um ano. “Já testamos a técnica em 15 postos, que, em um ano, ficaram zerados no que diz respeito à contaminação. Hoje, estamos tratando outros 50 postos”, destacou Zuchetti. O processo de oxidação química consiste na remoção do solo contaminado e bombeamento do lençol freático. A seguir, são aplicados oxidantes à base de peróxido em toda a superfície da cava. O oxidante reage com gasolina e diesel no local onde há contaminação, e produz CO2 e água. Estima-se que, no prazo de 30 dias, o combustível remanescente seja oxidado. Nos postos gaúchos onde a técnica foi aplicada, de acordo com Zuchetti, o monitoramento após 60 dias apresentou resultados abaixo dos padrões internacionais. Nos postos em que os tanques já foram removidos, a aplicação dos oxidantes é realizada através de uma malha de piezômetros onde o produto é injetado diretamente no lençol freático. Os resultados apontam que o processo leva seis meses para atingir os padrões internacionais. n


44 CONVENIÊNCIA

Stock

De olho no futuro Terceira edição da Expo Conveniências, em Caxias do Sul, abordou como as transformações tecnológicas e comportamentais da sociedade podem ajudar a melhorar o negócio de combustíveis com as lojas de conveniência

Por Gisele de Oliveira Com um mundo de negócios cada vez mais competitivo, ações para atrair e fidelizar clientes estão se tornando mais estratégicas, baseadas no perfil do público que pretende atingir, observando seus hábitos e suas necessidades. No mercado de revenda de combustíveis, essa preocupação não poderia ser diferente. Como a venda de combustíveis se aproxima cada vez mais de uma commodity (produtos e serviços que mantêm preços universais), a busca por novos negócios, como as 54 • Combustíveis & Conveniência

lojas de conveniência, se torna inevitável. E foi nesse tom que a 3ª Expo Conveniências, realizada no final de outubro, em Caxias do Sul (RS), levou para os 620 visitantes presentes como as lojas de conveniência podem ser rentáveis e agregar mais valor ao negócio dos revendedores. “A Expo Conveniências cresce a cada ano e, para 2013, procuramos atender a demanda de empresários, fornecedores, distribuidores e consumidores. Este é o lugar ideal para fazer negócios e trocar informações sobre o mercado que é tendência

mundial”, disse Paulo Ricardo Tonolli, presidente do Sindipetro/Serra Gaúcha, durante seu discurso de abertura do evento. Na opinião de Tonolli, os postos de combustíveis são o ambiente ideal para o desenvolvimento de lojas de conveniência, pois são iluminados, possuem ótima localização e um grande ambiente a ser explorado, oferecendo outros serviços que não somente os relacionados ao automóvel. Prova da aceitação das lojas de conveniência pelo consumidor é que, em 2013, 54% dos gaúchos costumam fazer


do mundo) e começamos a pensar no que podemos fazer para chegar lá. Acredito que estamos no caminho certo. Em alguns postos que contam com boas lojas de conveniência, elas já aparecem como mais rentáveis em relação ao nosso negócio de combustíveis. Por isso, precisamos maximizar todos os espaços que temos em nossos postos para atrair mais clientes”, analisou.

Impressionado com a evolução dos postos de combustíveis nos últimos anos, o prefeito de Caxias de Sul, Almir Barbosa Nery, defendeu a preparação dos profissionais que atuam no estabelecimento, principalmente os que trabalham diretamente no atendimento ao cliente. Além disso, ele ressaltou a importância para o desenvolvimento de uma localidade ao instalar um posto de combustível.

Uma das palestras mais animadas mostrou que as transformações sociais não podem ser ignoradas se o revendedor quiser manter seu negócio vivo

Fotos: Ismael Viezzer

compras em lojas de conveniência, um aumento de 13% na comparação com 2011, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto Methodus de Pesquisa e Inteligência Política, a pedido do Sindipetro/Serra Gaúcha. A pesquisa, realizada de 2 a 5 de outubro, ouviu 400 pessoas nas cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria e Gramado. “Isso (referindo-se à pesquisa) só comprova que, cada vez mais, o consumidor busca fazer tudo em um único lugar e o posto de combustível pode ser esse ambiente”, defende Tonolli. O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, aproveitou para parabenizar a iniciativa do Sindipetro/Serra Gaúcha e reforçou a necessidade de investir em lojas de conveniência. “Nossos clientes já entendem essa importância. Eles já perceberam que o posto é o lugar mais adequado não só para abastecer seu veículo, mas para fazer compras. Acabamos de voltar da NACS (principal feira de lojas de conveniência

Mais de 600 pessoas estiveram presentes na 3ª Expo Conveniência, em Caxias do Sul, para fazer negócios e trocar experiências sobre o mercado de conveniência. Palestras também fizeram parte da programação do dia Combustíveis & Conveniência • 55


44 CONVENIÊNCIA “No momento em que você instala um posto, está revitalizando aquele entorno também. Por isso, consideramos muito importante esse mercado e acreditamos que há espaço para crescer bastante. Para ter uma ideia do potencial a desenvolver, por dia, registramos, em média, 40 emplacamentos de veículos para uma cidade que possui 500 mil habitantes”, observou. Em 2012, por exemplo, o número de emplacamentos na cidade fechou em 263.964 unidades, um índice de 60,6 veículos para cada 100 habitantes – acima da média do estado do Rio Grande do Sul (50,3), de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito. “Com esses números, só temos espaço para estacionar nos postos de combustíveis”, complementou.

Em seu discurso na abertura da Expo Conveniências, o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, reforçou a importância do mercado de conveniência para a revenda, destacando a rentabilidade das lojas superior ao de venda de combustíveis, em alguns casos

Entendendo o consumidor Com o mercado consumidor crescendo cada vez mais, entender o comportamento e os hábitos desse público se tornou essencial para o sucesso do negócio. Não por isso professores e consultores vêm dedicando tempo para estudos e pesquisas comportamentais do consumidor brasileiro. E todos são enfáticos ao dizer que preço e qualidade do produto não fazem mais a diferença no mercado. É preciso mais do que isso para atrair os novos consumidores, que buscam agilidade e atendimento nos pontos de venda. “Não há espaço para amadores. Estamos diante de um mercado onde tudo é mais difícil, temos mais clientes, mas também temos mais concorrência. Antes, quem mandava na transação era o vendedor. Hoje, a concorrência é muito maior e as ações são mais agressivas. Assim, qualidade e preço não são mais diferenciais de um negócio, é obrigação. É preciso muito mais do que isso para se destacar no mercado”, analisou Dado Schneider, doutor em Comunicação e consultor. 56 • Combustíveis & Conveniência

Com auditório lotado e uma palestra animada, o especialista abordou como as mudanças tecnológicas e as novas gerações estão influenciando a vida das pessoas e, consequentemente, os negócios. Segundo ele, os avanços da tecnologia estão mudando completamente a forma de consumo atual e os empresários precisam acompanhar essas mudanças, na mesma velocidade em que essas transformações acontecem para que o negócio possa sobreviver. Aliás, velocidade e disponibilidade são as palavras-chaves para atrair o consumidor de hoje em dia. A pesquisa encomendada pelo Sindipetro/ Serra Gaúcha ao Instituto Methodus de Pesquisa e Inteligência Política, por exemplo, reforça essa necessidade. De acordo com o levantamento, mais de 80% dos entrevistados pedem rapidez (56,3%) e cordialidade (26,5%) no atendimento. Para Schneider, portanto, mais do que acompanhar a evolução tecnológica, o empresário precisa olhar com mais atenção para sua força de trabalho.


“No século passado, a estrutura de crescimento profissional era vertical, galgando degraus, porque não havia concorrência. No novo século, com a concorrência maior, isso mudou. Todo mundo precisa fazer de tudo, ajudar um ao outro, para atender bem o cliente”, comparou. Mas acompanhar as mudanças da sociedade e montar uma boa equipe de trabalho não são suficientes para atrair o novo consumidor. Também é preciso oferecer bons serviços, como calibragem de pneus, serviços para o carro, facilidade no pagamento etc. E as lojas de conveniência também precisam contar com um mix variado de produtos, de preferência, com marcas líderes no mercado. “Vivemos em uma sociedade de marcas. Tudo o que fazemos está vínculado à associação com marcas. Assim, a comunicação precisa ser bem clara se deseja que o cliente compre e retorne com frequência ao seu estabelecimento. Uma boa exibição do produto no ponto de venda ajuda muito mais na hora da compra do que somente fazer publicidade”, orientou Gilberto Strunck, consultor da Dia Comunicação, lembrando que o Brasil tem o maior índice de consumo por impulso do mundo. Por isso, acredita o consultor, transformar o desejo em necessidade e, consequentemente,

estimular a compra por impulso é fundamental para movimentar as vendas na loja. É preciso buscar alternativas para vender mais. Segundo pesquisa do Instituto Methodus, o público das lojas de conveniência costuma gastar, em média, R$ 14,56 com produtos como bebidas, lanches semiprontos, doces e cigarros. Diante de um público disposto a comprar mais, Strunck dá a dica: “Ter sempre uma novidade para aquele consumidor que visita com frequência a loja é uma solução, pois cria na mente dele a ‘necessidade’ de comprar algo”. Ele listou ainda iniciativas que podem contribuir para atrair mais clientes para o estabelecimento, como medidas de responsabilidade socioambiental; oferecer um bom atendimento, com pessoas educadas e bem treinadas; criar ações que gerem valor etc. Mas, para isso, segundo o consultor, é preciso ter coragem e citou a teoria da evolução de Charles Darwin para reforçar a importância de estar sempre se reinventando. “Se continuarmos fazendo as coisas da mesma maneira, não vamos a chegar a lugar algum. E nenhum negócio irá sobreviver”, concluiu. n

Com auditório lotado, o administrador com especialização em marketing Daniel Godri contou histórias e usou uma escada para mostrar que a autoestima é fundamental para ter sucesso na vida profissional e pessoal

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OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich 4 Consultor Jurídico da Fecombustíveis

Da polêmica portaria ANP nº187/2013 Dasmedidascautelares A ANP regulamentou, através da Portaria nº Ao Art. 33. nos casos pre187, de 29 de agosto de 2013, “as situações em que se aplica a medida cautelar de interdição total das vistos nos incisos I, VII, instalações e equipamentos utilizados por agentes VIII e XI do art. 28 deste econômicos no exercício das atividades reguladas Decreto, sem prejuízo da pela ANP”. aplicação de outras sanções Acontece que a nova portaria estabeleceu como administrativas e, quando dever do agente de fiscalização da ANP aplicar a for o caso, das de natureza civil ou penal, os agenmedida cautelar de interdição total quando identifites da fiscalização da ANP, ou dos órgãos públicos conveniados, poderão adotar as seguintes medidas car as situações descritas nos artigos 2º e 3º. Assim, cautelares, antecedentes ou incidentes do processo resultarão na medida extrema, que é a interdição administrativo: total do posto de combustíveis, até mesmo situaI - Interdição, total ou parcial, do estabelecimento, ções em que a legislação determina e o bom senso instalação, equipamento ou obra, pelo tempo em que recomenda apenas a interdição dos equipamentos perdurarem os motivos que deram ensejo à medida; (bico da bomba medidora e tanque), que medem e II - Apreensão de bens e produtos. armazenam o combustível detectado pela fiscalização, § 2o A interdição estará em desacordo com as eslimitada à parte do estabelepecificações legais. Desde a edição da recente portaria, Desde a edição da recimento, instalação, obra ou a Fecombustíveis e seus Sindicatos equipamento necessária à cente portaria, a FecomFiliados têm recebido muitas queixas e bustíveis e seus Sindicatos indagações sobre o conteúdo normativo eliminação do risco ou da ação Filiados têm recebido muitas da mesma, demonstrando a preocupação danosa overificada. § 3 A interdição total ou queixas e indagações sobre justificada dos revendedores honestos o conteúdo normativo da parcial de estabelecimento, sobre a possibilidade de ter seu posto mesma, demonstrando a instalação, obra ou equipamento completamente fechado por uma preocupação justificada não será aplicada, quando as interdição da ANP dos revendedores honescircunstâncias, de fato, recotos sobre a possibilidade mendarem a simples apreensão de ter seu posto completamente fechado por uma de bens ou produtos. interdição da ANP, o que gera prejuízos financeiros Diante desse contexto, faço questão de ressaltar diretos e indiretos (ex.: abalo à imagem da empresa). que a Portaria 187/2013 extrapolou seu poder reÉ relevante lembrar as situações comuns de erro gulamentar se mostrando como medida excessiva e de descarga, infiltração no tanque, como outros desarrazoada ao determinar a interdição total do posto acidentes que podem resultar na desconformidade revendedor de combustíveis em razão da desconformidos combustíveis, além dos casos em que o posto dade constatada apenas em um produto (mesmo no já recebe o produto no limite ou até mesmo fora das caso de reincidência). Isso porque está em desacordo especificações da ANP. com o § 2º do artigo 33 do Decreto 2.953/99, que Esclareça-se que, no sistema de hierarquia das menciona que a interdição total ou parcial deve ser normas, os decretos são superiores às portarias. Logo, limitada à parte do estabelecimento, instalação, obra a simples Portaria ANP 187/2013 não pode trazer ou equipamento necessário à eliminação do risco ou em seu bojo disposições que contrariem hierarquia ação danosa verificada. Tal previsão normativa não foi superior, como é o caso do Decreto 2.953, de 28 de observada pela ANP, na edição da referida Portaria, janeiro de 1999, que dispõe sobre o procedimento que desconsiderou ainda o disposto no artigo 33, administrativo para aplicação de penalidades por § 3o, do referido Decreto, que denota em situação de infrações cometidas nas atividades relativas à inuma única desconformidade, o correto seria apenas apreender o produto e não interditar totalmente o dústria do petróleo e ao abastecimento nacional de posto revendedor. combustíveis. Vejamos: 58 • Combustíveis & Conveniência


44 AGENDA NOVEMBRO 15o Simpósio Estadual dos Postos de Combustíveis e Serviços do Estado do Espírito Santo

Data: 7 e 8 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

Festa do Revendedor

Data: 22 Local: Curitiba (PR) Realização: Sindicombustíveis-PR Informações: (41) 3021-7600 Workshop com a Revenda

Festa de Confraternização 50 anos do Sindicombustíveis - BA

Data: 28 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro-MS Informações: (67) 3325-9988/9989

Data: 8 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis-BA Informações: (71) 3342-9557

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis. org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

44 ATUAÇÃO SINDICAL Rio Grande do Sul

Segunda edição do MBA em Gestão do Varejo de Combustíveis

Marcelo Amaral/Portphoto

Recursos Humanos e à Capacitação para Trabalho As inscrições para a segunda edição do MBA de Conclusão. em Gestão do Varejo de Combustíveis já estão A primeira turma do MBA encontra-se em abertas e podem ser feitas pelo site: www.unisinos. processo de formação. As aulas começaram em br. O curso, resultado de uma parceria inédita do maio deste ano e as 35 vagas abertas na época Sulpetro e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos foram preenchidas por interessados de todas as (Unisinos), acontece em Porto Alegre. regiões do estado. (Cristina Cinara) O início das aulas está previsto para 11 de abril de 2014. Os encontros são quinzenais nas sextas-feiras, das 19h às 23h e aos sábados, das 8h30 às 12h30. O MBA tem foco na capacitação Aula inaugural da primeira turma com o professor Maurício gerencial dos revendedores de Tagliari e o presidente do combustíveis. Com duração de Sulpetro, Adão Oliveira 18 meses, a carga horária total prevista é de 428 horas. Os sócios do Sulpetro têm descontos no valor do curso e 30% do total da parcela é subsidiado. A organização curricular do MBA é composta por seis módulos, que englobam temas relacionados à Gestão de Negócios; à Gestão de Marketing e Vendas; à Gestão Financeira; à Gestão de Suprimentos, Operação e Regulação, à Gestão de

Combustíveis & Conveniência • 59


Sindicombustíveis - Bahia

44 ATUAÇÃO SINDICAL Bahia

Reunião no interior Pela primeira vez, o Sindicombustíveis Bahia reuniu a revenda de Guanambi, a 800 km de Salvador, no IX Ciclo de Encontros Regionais, levando esclarecimentos aos empresários e seus funcionários. O objetivo é capacitá-los para enfrentar o dia a dia de suas atividades com debates sobre o que é necessário para adequar o posto às normas vigentes, além de apresentar novos produtos e serviços. A reunião de Guanambi foi realizada em setembro, no auditório do Leopoldo Hotel, e contou com a participação de revendedores e funcionários de postos de várias cidades da região, além do secretário municipal da Indústria e Comércio, Fabrício Lopes, que representou o prefeito Charles Fernandes. Na pauta, esclarecimentos sobre ações de fiscalização da ANP, Secretaria da Fazenda da Bahia e Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade (Ibametro)

foram prestados pela assessoria jurídica do Sindicato. O sindicato alertou os empresários sobre os cuidados que os postos revendedores devem ter para não sofrerem autuações dos órgãos fiscalizadores, ressaltando, principalmente, o recebimento de produtos por conta da Lei de Responsabilidade Solidária, da Secretaria da Fazenda da Bahia. “Os postos que adquirirem etanol de empresas sob regime especial de fiscalização tornam-se responsáveis pelo pagamento do ICMS, inclusive, com incidência de multa e encargos”, explicou Jorge Matos, assessor jurídico do Sindicombustíveis Bahia. No site da Secretaria da Fazenda do estado é possível consultar as distribuidoras que estão no regime especial de fiscalização. Os funcionários também receberam treinamento para atender melhor os clientes, sob a ótica de que o frentista é a interface entre o posto e o cliente e deve

Sindicombustíveis Bahia promoveu ciclo de palestras para revendedores e funcionários de postos de Guanambi

ter cuidado desde a aparência até o modo de se dirigir ao motorista. “O cliente confia no frentista ao entregar o seu carro, então ele deve retribuir esta confiança sabendo ouvir o cliente e demonstrar segurança no que esta fazendo. São diferencias no atendimento”, aconselhou Marcelo Travassos, secretário-executivo do Sindicombustíveis Bahia, ao ministrar a parte do treinamento aos funcionários. “O Ciclo de Encontros Regionais é uma oportunidade de reciclar o conhecimento dos empresários e frentistas, além de aprofundar a relação com fornecedores e entidades participantes do evento. Esta foi uma maneira que encontramos de levar tudo isso à revenda de Guanambi”, disse José Augusto Costa, presidente do Sindicombustíveis Bahia. (Carla Eluan)

Integrado ao Fórum Empresarial O Sindicombustíveis Bahia é o mais novo integrante do Fórum Empresarial da Bahia, que reúne todos os segmentos da economia do estado, incluindo indústria, comércio, agricultura e serviços, além de entidades representativas da sociedade. O Fórum Empresarial é, na verdade, uma entidade que atua de forma quase virtual, o que lhe confere agilidade para tratar de questões que exigem decisões rápidas. Representado pelo empresário Victor Ventin, atual vice-presidente da Federação das Indústrias da Bahia, a entidade tem como objetivo defender, de forma conjunta, os interesses da sociedade e combater iniciativas que resultem em prejuízo para os segmentos representados. Desde a criação, em 2009, o Fórum tem se destacado 60 • Combustíveis & Conveniência

por posicionamentos e conquistas para toda a sociedade baiana. Atualmente, apoiou o movimento “Salvador, Viva, Ame e Cuide”, para conscientização e elevação da autoestima do baiano, além de ter participado das discussões sobre o novo Código Tributário de Salvador. O presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Costa, disse que há muito tempo a entidade tentava fazer parte do Fórum por ter consciência da sua importância para o fortalecimento da economia estadual. “Agora fazemos parte da elite empresarial pensante da Bahia e também queremos colaborar com ideias e participar das discussões que favoreçam a todos os baianos”, declarou José Augusto. (Carla Eluan)


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS

LIVRO 33

Os postos de combustíveis que perderam o prazo para fazer o recadastramento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), das empresas inscritas no Cadastro Técnico Federal de Atividades Poluidoras (CTF-APP), devem regularizar a situação o mais rápido possível. Para as categorias de médio e pequeno porte ainda há tempo. Confira as orientações sobre os principais procedimentos e evite penalidades.

IN 06/2013, o status da empresa passa de ativo para suspenso e o empresário não consegue emitir as GRU’s para pagar a TCFA. Para evitar esse problema, o proprietário do posto deve conseguir recadastrar a empresa e encaminhar ao Ibama esse comprovante de recadastramento, com a solicitação de alteração do status de suspenso para ativo e não possuir impedimentos na emissão da TFCA.

Muitos revendedores tiveram dificuldades para enviar o formulário de recadastramento. O que ocorreu?

O que acontece se a inscrição ficar suspensa

Muita gente deixou para última hora. Houve inconsistências no sistema do Ibama, mas fui informado que todas foram reparadas. Os principais erros foram de falta de informação. Por exemplo, do tipo de navegador. O sistema só aceita o Mozilla. Os outros navegadores não funcionam completamente. É importante saber que tem que fazer dois cadastros: o da PF e o da PJ. O cadastro deve ser feito começando pela pessoa física. Acontece que o sistema do Ibama apresentou erro neste ponto. O CPF do responsável estava no sistema, era visível, mas o sistema informava que a pessoa não estava cadastrada. Para resolver esse tipo de problema, o mais fácil seria cadastrar um novo responsável legal, caso o Ibama não conseguisse dar uma solução para essa questão. Durante o preenchimento, o sistema apresentava algumas inconsistências, como, por exemplo: você preenche todos os campos, confere e reconfere tudo e, na hora de enviar aparece um erro, dizendo que falta a senha, mas este campo estava preenchido. Quem não conseguiu enviar o formulário, como deve proceder? Como é possível regularizar a situação de quem perdeu o prazo? Toda dificuldade de realizar o cadastro deve ser registrada pela empresa. O dono do posto pode dar um print screen da tela do computador e mandar para o Ibama de sua competência territorial. No site do Ibama, o revendedor pode encontrar a sede referente à sua região. Quem perdeu o prazo deve procurar executar o recadastramento o mais rápido possível. De acordo com a

no Ibama? De acordo com a IN 06/2013, pode haver multas e há impedimentos de emissões de documentos, tais como: comprovante de registro e o certificado de regularidade. Além do mais, o posto não consegue emitir a GRU para pagar a TCFA e, com isso, passa a ficar inadimplente perante o Ibama e a receita estadual, no caso de cobranças unificadas, tais como acontecem nos estados de SP e MG. Daí, além da multa decorrente do recadastramento, pode ser também aplicada multa pelo não pagamento da TCFA. Muitos revendedores reclamam do alto valor das taxas trimestrais pagas ao Ibama. Qual é o critério de cálculo? Esse assunto foi colocado na reunião realizada com o presidente do Ibama em setembro de 2013. Mas, o órgão ambiental informou que essa questão não pode ser alterada, pois passa por outros Ministérios que não o de Meio Ambiente e o valor da taxa não foi corrigido desde a sua criação. Se houvesse uma correção da tabela de faturamento, necessariamente, deveria haver uma correção da taxa cobrada, que seria majorada, conforme foi colocado na reunião. O critério de cálculo é o faturamento bruto, que é usado para ver qual faixa de cobrança o posto se insere. Em tese, há como mudar, mas passa por uma vontade política, para que seja feita uma revisão dos preceitos da Lei 10.165/2001. Informações fornecidas por Bernardo Souto, consultor de meio ambiente da Fecombustíveis. Combustíveis & Conveniência • 61

Título: Adeus, Facebook – O Mundo Pós-Digital Autor: Jack London Editora: Valentina O título do livro pode parecer estranho nos dias de hoje, já que mais de um bilhão de usuários da maior rede social do planeta continuam a preencher o Facebook com conteúdos diariamente. Porém, sua vida útil não deve se estender por muito tempo, conforme análise do brasileiro Jack London, autor de Adeus, Facebook – O Mundo Pós-Digital. Sua análise revela que as redes sociais estão permanentemente em uma “montanha russa”, com altos e baixos, mostrando para o leitor o que está acontecendo no mundo digital, o futuro das redes sociais e sua influência na sociedade. Considerado um dos dez nomes mais importantes da internet no Brasil, segundo levantamento do site IDG Now, Jack London faz um paralelo entre o momento histórico do Brasil, as perspectivas dos especialistas com o andamento da economia mundial e suas relações com o alto desenvolvimento tecnológico, especialmente o uso das mídias sociais por empresas e empreendedores ávidos por conquistar novos clientes. Mesmo para quem não gosta do assunto, o livro, de 176 páginas, vai muito além de seu título, mas precisa lê-lo para descobrir o que pode vir depois do Facebook.


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

09/09/2013 - 13/09/2013

1,286

1,246

09/09/2013 - 13/09/2013

1,139

0,963

16/09/2013 - 20/09/2013

1,276

1,273

16/09/2013 - 20/09/2013

1,144

0,967

23/09/2013 - 27/09/2013

1,304

1,278

23/09/2013 - 27/09/2013

1,174

0,971

30/09/2013 - 04/10/2013

1,289

1,272

30/09/2013 - 04/10/2013

1,173

0,988

07/10/2013 - 11/10/2013

1,306

1,276

07/10/2013 - 11/10/2013

1,174

1,017

Média Setembro 2013

1,277

1,262

Média Setembro 2013

1,149

0,967

Média Setembro 2012

1,199

1,219

Média Setembro 2012

1,062

0,867

Variação 09/09/2013 - 11/10/2013

1,6%

2,5%

Variação 09/09/2013 - 11/10/2013

3,0%

5,7%

Variação Setembro/2012 - Setembro/2013

6,5%

3,5%

Variação Setembro/2012 - Setembro/2013

8,1%

11,5%

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas

Setembro 2013

Pernambuco

Período

Alagoas

Pernambuco

Setembro 2013

1,329

1,321

Setembro 2012

1,163

1,149

Variação

14,3%

15,0%

Em R$/L

1,550

1,548

1,6

HIDRATADO

Período

em R$/L

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

ANIDRO

1,4

Setembro 2012

1,444

1,429

Variação

7,4%

8,3%

1,2 1,0 0,8 0,6 0,4

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

1,4

1,4 1,2

1,2

1,0

1,0

0,8

0,8

0,6

0,6

0,4

São Paulo

0,2

Goiás

0,0

0,8

São Paulo

0,2

Goiás

/1 3 ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 ag o/ 13 se t/1 3 m

/1 3

ab r

v/ 13

fe

m ar

12

13

ja n/

de z/

t/1 2

v/ 12

no

t/1 2 se

ou

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 ag o/ 13 se t/1 3 EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

62 • Combustíveis & Conveniência 1,0

0,4

0,0

1,6

1,2

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

1,6

1,6

1,4

Goiás

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) Em R$/L

Em R$/L

Em R$/L

São Paulo

Fonte: 0,2 CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos 0,0

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 ag o/ 13 se t/1 3

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos


TABELAS 33 em R$/L - Setembro 2013

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,329

2,444

0,115

2,444

2,870

0,426

2,327

2,452

0,125

2,452

2,813

0,361

2,309

2,452

0,143

2,452

2,802

0,350

Branca

2,328

2,388

0,060

2,388

2,752

0,364

Outras Média Brasil 2

2,312

2,418

0,106

2,418

2,783

0,365

2,322

2,432

0,110

2,432

2,808

0,376

15 %

40 % 30 %

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

12 %

20 %

9%

10 % 0%

-10 %

31,0

14,7

Outras

Branca

-2,9

-45,3

5,4

6% 3%

Outras

0%

-20 %

Branca

-3 %

-30 % -6 %

13,2

-2,9

-3,2

BR

Outras

-3,9

-6,9

-40 % -9 %

-50 %

Raízen

Ipiranga

BR

Outras

Distribuição

Diesel

Branca

Ipiranga

Raízen

Branca

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo do Diesel 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

1,942

2,081

0,139

2,081

2,381

0,300

1,936

2,099

0,163

2,099

2,367

0,268

1,930

2,079

0,149

2,079

2,331

0,252

Branca

1,913

1,976

0,063

1,976

2,247

0,271

Outras Média Brasil 2

1,922

2,075

0,153

2,075

2,340

0,265

1,929

2,051

0,122

2,051

2,326

0,275

10 %

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

40 %

8% 30 %

Outras

6%

20 %

4%

10 %

Branca

0% -10 % -20 %

2%

Branca

0%

Outras

-2 %

33,5

25,3

22,0

14,5

-48,6

-4 % -6 %

-30 %

8,8

-1,3

-2,8

-3,6

-8,2

-8 %

-40 %

-10 %

-50 %

Ipiranga

Outras

Raízen

BR

Branca

BR

Branca

Ipiranga

Outras

Raízen

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 16/13 e 17/13. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe nº 19, de 09/10/2013 - DOU de 10/10/2013 - Vigência a partir de 16 de outubro de 2013

UF

75% Gasolina A

25% Alc. Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,110 0,972 1,018 1,044 0,969 0,977 1,045 1,037 1,044 0,971 1,073 1,045 1,058 1,000 0,975 0,972 0,984 1,007 0,980 0,978 1,046 1,038 0,982 1,033 1,006 1,016 1,085

0,406 0,393 0,401 0,400 0,399 0,399 0,334 0,341 0,331 0,403 0,351 0,336 0,334 0,396 0,395 0,395 0,400 0,335 0,334 0,395 0,405 0,408 0,356 0,339 0,395 0,331 0,334

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,815 0,781 0,759 0,721 0,770 0,772 0,749 0,795 0,867 0,780 0,753 0,735 0,810 0,832 0,756 0,774 0,695 0,820 0,942 0,778 0,763 0,753 0,733 0,720 0,788 0,658 0,758

2,528 2,342 2,374 2,361 2,334 2,344 2,325 2,370 2,438 2,349 2,373 2,313 2,397 2,424 2,323 2,338 2,276 2,358 2,453 2,347 2,410 2,395 2,268 2,288 2,385 2,202 2,373

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,260 2,892 3,035 2,884 2,852 2,860 2,997 2,944 2,990 2,888 3,012 2,941 2,998 2,972 2,800 2,867 2,781 2,930 3,039 2,880 3,050 3,013 2,934 2,880 2,918 2,634 3,030

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,481 1,304 1,364 1,346 1,302 1,285 1,438 1,407 1,430 1,305 1,467 1,410 1,425 1,312 1,307 1,303 1,322 1,391 1,349 1,212 1,399 1,390 1,380 1,403 1,347 1,373 1,355

0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,463 0,392 0,402 0,401 0,410 0,383 0,288 0,280 0,356 0,385 0,437 0,374 0,353 0,413 0,389 0,396 0,399 0,274 0,305 0,390 0,427 0,436 0,308 0,280 0,396 0,288 0,306

2,181 1,934 2,004 1,985 1,950 1,906 1,964 1,925 2,024 1,927 2,142 2,022 2,015 1,963 1,934 1,936 1,959 1,902 1,893 1,841 2,064 2,063 1,927 1,920 1,981 1,899 1,899

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

2,722 2,306 2,366 2,360 2,412 2,250 2,403 2,332 2,370 2,262 2,571 2,201 2,352 2,427 2,291 2,327 2,348 2,280 2,350 2,296 2,511 2,564 2,569 2,330 2,332 2,399 2,270

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e alegislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

BR 2,570 N/D N/D

2,570 N/D N/D

2,554 2,276 2,104

IPP 2,594 2,294 2,134

2,428 2,110 2,114

2,575 2,307 2,316

Atem's 2,390 2,390 2,080 2,080 2,242 2,250

BR

BR

2,547 2,099 N/D

Rio Branco (AC)

2,590 2,357 N/D BR

2,581 2,248 2,012

2,487 2,140 2,035

Raízen 2,599 2,599 N/D N/D N/D N/D

Gasolina Diesel Etanol

2,356 2,030 1,550

Gasolina Diesel Etanol

2,340 2,087 1,935

BR

Porto Alegre (RS)

2,398 N/D 1,936

2,468 2,146 N/D

2,488 2,166 N/D

Raízen 2,503 2,571 2,125 2,181 2,131 2,260 IPP 2,599 2,257 N/D

2,616 2,257 N/D

2,469 2,136 1,664

BR

2,379 2,014 1,515

2,525 2,161 2,090

2,422 2,102 1,957

2,455 N/D 1,936

2,384 2,033 1,973

IPP

IPP 2,511 2,220 1,720

Raízen 2,495 2,562 2,110 2,121 1,552 1,663

2,473 2,179 1,626

Raízen 2,424 2,479 2,014 2,065 1,606 1,649

2,478 2,102 2,066

Raízen 2,454 2,525 2,078 2,124 2,073 2,086

2,429 2,033 1,973

Raízen 2,329 2,487 1,989 1,989 1,976 1,976

BR

IPP

2,499 2,316 1,518

2,579 2,139 1,670 IPP

2,426 2,030 1,625

BR

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,355 2,456 1,980 2,072 2,030 2,139

2,417 2,066 2,039

Gasolina Diesel Etanol

2,350 2,098 1,990

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,397 2,556 2,012 2,114 2,184 2,219

Gasolina Diesel Etanol

2,450 2,122 2,116

Gasolina Diesel Etanol

2,379 2,119 1,794

Gasolina Diesel Etanol

2,514 2,004 2,062

2,481 1,913 2,095

Taurus 2,363 2,507 2,125 2,230 1,584 1,762

2,513 2,066 1,560

2,449 1,963 2,074

Gasolina Diesel Etanol

IPP

2,535 2,227 1,758

Alesat 2,569 2,570 2,126 2,130 1,600 1,607

2,571 2,120 2,263

2,394 2,114 1,886

2,460 2,202 1,390

Gasolina Diesel Etanol

2,458 2,115 2,053

Gasolina Diesel Etanol

2,515 2,285 1,505

BR

2,528 2,180 2,141

2,386 2,094 2,078

BR

2,427 2,127 1,596

Florianópolis (SC)

2,575 2,194 2,270

2,410 2,123 N/D

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,500 2,556 2,315 2,325 1,443 1,547

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP

IPP

2,419 2,163 2,129

Raízen 2,567 2,603 2,252 2,328 2,128 2,200

N/D N/D N/D

Maior

Raízen 2,397 2,473 2,024 2,099 2,029 2,164

2,391 2,034 2,061

N/D N/D N/D

Menor

2,486 2,083 2,086

Gasolina Diesel Etanol

2,745 2,392 2,137

2,430 2,280 1,500

Curitiba (PR)

2,494 2,138 2,317

Maior BR

2,470 1,915 N/D

Equador 2,622 2,720 2,245 2,385 1,944 1,944

Idaza

Campo Grande (MS)

Total 2,426 1,915 N/D

Raízen 2,633 2,633 2,278 2,346 2,017 2,283

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

Menor

Maior

N/D

2,417 2,115 2,160

Gasolina Diesel Etanol

Porto Velho (RO)

2,603 2,292 2,220

2,487 2,119 2,150

Equador 2,500 2,670 2,105 2,182 2,100 2,100

Cuiabá (MT)

Menor

IPP

2,390 2,080 2,173

Gasolina Diesel Etanol

2,582 2,275 2,174

BR

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol

Maior

Alesat N/D N/D 1,897 1,900 N/D N/D

BR

Boa Vista (RR)

Manaus (AM)

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Setembro 2013

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Maceió (AL)

Raízen 2,440 2,559 2,117 2,220 2,066 2,198

2,528 2,011 2,292

Raízen 2,312 2,507 1,954 2,000 2,175 2,258

2,465 2,079 2,112

2,380 1,982 1,991

Raízen 2,395 2,490 2,127 2,270 2,032 2,137

2,331 2,063 1,987

IPP

IPP

BR

IPP

2,528 2,122 2,196

Raízen 2,463 2,545 2,100 2,125 2,185 2,227

2,511 N/D 2,134

2,456 2,119 1,895

2,310 1,930 1,700

2,524 2,067 2,072

2,454 2,022 1,999

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,500 2,750 1,937 2,121 1,690 2,103

2,480 1,924 1,710

Gasolina Diesel Etanol

2,403 2,112 1,534

Gasolina Diesel Etanol

2,192 1,905 1,370

Gasolina Diesel Etanol

2,460 2,112 2,001

Salvador (BA)

Vitória (ES)

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,523 N/D 2,134

2,497 2,064 2,100

Raízen 2,458 2,505 2,113 2,147 2,064 2,144

2,715 2,098 1,962

2,480 1,934 1,750

2,536 2,246 1,755

Raízen 2,431 2,586 2,135 2,175 1,655 1,815

2,432 2,086 1,618

2,404 2,123 1,599

2,215 1,926 1,387

2,519 2,130 2,066

Raízen 2,515 2,527 2,119 2,127 2,008 2,089

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,300 2,533 1,942 2,176 1,700 1,986

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,555 2,097 2,255

2,496 2,125 2,029

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,462 2,137 2,191 BR

2,425 2,008 2,073

BR

2,383 2,007 2,058

2,483 2,045 2,208 BR

2,476 2,054 2,289

Aracaju (SE)

2,399 2,069 2,026

2,504 2,209 2,146

BR

2,449 2,139 2,099

IPP 2,399 2,069 2,026

Raízen 2,375 2,431 2,094 2,128 2,117 2,156

IPP

Total

Maior

2,410 2,123 N/D

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Total

Menor

IPP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

BR

BR

2,398 2,133 1,572

2,775 2,094 2,132 IPP 2,586 2,223 1,810

Raízen 2,140 2,418 1,896 2,061 1,375 1,672 2,422 2,113 2,005

IPP

2,502 2,129 2,076

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

Infraestrutura x justificativas Outubro entrou com tudo. Voltou o sol. As flores estão voltando. As árvores se revitalizam. A primavera porto-alegrense é uma festa. Com um pouco de vento e noites frias. Mas uma festa. Porto Alegre tem árvores em quantidade fantástica. Porto Alegre tem parques enormes, nem sempre bem cuidados. Mas não há do que queixar-se nesta época. O Doutor discorda desta última afirmação: - Não há do que queixar-se em termos de natureza? - Nesta época, é claro, porque no inverno, isto é o inferno. - Não me deixaste terminar. Nesta época, a natureza é maravilhosa exatamente porque no inverno é muito ruim. Mas em qualquer lugar do mundo selvagem é mais ou menos o mesmo. A civilização é exatamente a capacidade de tornar o ambiente suportável, independente da natureza. É o que aqui não se faz. - Estás reclamando de quê? - De tudo. Em todo o mundo a civilização constrói infraestruturas que facilitam e permitem uma vida confortável, seja qual for a natureza. No Canadá, eles passam muito bem a 30 graus centígrados abaixo de zero porque tem infraestrutura, estacionamentos subterrâneos, aquecimento central e meios de transporte adequados. - Pode parar. Tu estás querendo criticar o nosso transporte público. És o taradinho do metrô. Maníaco. Deveria ter nascido tatu. O Tanço diz isso tirando a camisa para apanhar sol antes de entrar na cancha. Os demais balançam a cabeça. Tanço segue. - Pois fica sabendo que nosso transporte público é muito bom. Tu não sabes disso porque não andas de ônibus. Te desafio a tentar. Após o jogo, todos deveriam dirigir-se a casa de um dos amigos que fazia aniversário. Doutor diz ao Tanço durante o banho: - Está bem, Herbert Willen - O Doutor trata o Tanço pelo nome de batismo -, vamos testar. Vamos para a festa de 70 anos do Ludovico de ônibus. Os demais se somam ao desafio: - Eu vou com meu carro - diz a maioria.

66 • Combustíveis & Conveniência

- Eu vou a pé para a casa do meu irmão afirma um dos que exagera como atleta - tomo banho lá. Saem todos. Lá pelas três da tarde o Doutor e o Tanço chegam à festa, suados e sujos. Os automobilistas haviam chegado bem antes. Queixando-se de engarrafamento e de ter de deixar o carro longe por falta de estacionamento. O primeiro a chegar havia sido o pedestre. Já estava de banho tomado e ajudando no churrasco quando os demais chegaram. O Doutor comenta que se houvesse metrô teria sido mais rápido e confortável. Tanço discorda. Explica que ônibus não tem ar condicionado, mas que isso é frescura. E a demora se devera ao engarrafamento e à obra na pista. Doutor vira-se para o Tanço. - Sabes HW. Tu me lembras a história do indiozinho que se queixava ao pai do seu nome. Todos se calam para ouvir o Doutor. Após respirar, tomar água e servir-se de cerveja, ele completa. - O indiozinho se queixava ao pai pelo seu nome, feio e constrangedor. O pai passa a explicar: eu sempre dou o nome aos meus filhos de acordo com a primeira coisa que vejo ao sair da tenda depois do nascimento. Tua irmã mais velha se chama Luz da Manhã. Teu irmão se chama Touro Sentado. Doutor interrompe, espera e completa. - Entendeu, agora?




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