Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 121

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

44 • Sustentabilidade sobre rodas

28 • Onde está o S10?

n Conveniência

48 • Fornada de bons negócios n Revenda em Ação

53 • Tradição na Serra Gaúcha

n Entrevista

10 •

Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

n Mercado

20 • Conjuntura econômica 24 • Nova geração n Na Prática

34 • Pagamentos móveis 36 • Alta rotatividade 40 • Sucção x pressão?

17 • Paulo Miranda 04 • Virou Notícia

66 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

61 • Perguntas e Respostas

52 • Roberto Fregonese 57 • Jurídico Deborah dos Anjos

4TABELAS

51 • Conveniência Pricila de Sá Cantú

58 • Atuação Sindical

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

De Olho na ECONOMIA

Agência Petrobras de Notícias

Stock

9%

Recorde 1 As refinarias da Petrobras bateram

Foi o crescimento da produção de veículos em agosto, considerando automóveis leves, caminhões e ônibus em comparação ao mês de julho. A produção nos primeiros oito meses do ano evoluiu 13,7% em relação a igual período do ano passado, divulgou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

6,09%

gasolina em agosto. Foram produzi-

Foi o acumulado do IPCA nos últimos 12 meses, ou seja, o índice apresentou redução em relação aos 6,27% do ano anterior, considerando o mês de agosto. Já no período de oito meses do ano, o IPCA registrou 3,43%, acima dos 3,18% acumulados no mesmo período de 2012.

dos 4,4 milhões m3 de diesel, o que representa 111 mil m3 a mais na comparação com o recorde mensal anterior, obtido em maio deste ano. No caso da gasolina, a produção ficou em 2,5 milhões m3, um acréscimo

Stock

recorde de produção de diesel e

de 20 mil m3 em relação a maio. Esse desempenho contribuiu para a

4,2%

redução de importações de derivados pela companhia, segundo comunicado divulgado pela Petrobras no início de setembro.

Recorde 2 21,41% em agosto na comparação

Stock

As vendas de etanol cresceram

Foi o recuo do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) em agosto em comparação com o mesmo período do ano anterior, divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A variação de agosto representou a maior queda, deste índice, em doze meses.

com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com a Unica. Na comparação com julho, porém, o aumento foi de 0,51%. Dos 2,54 bilhões de litros vendidos em agosto, 2,17 bilhões foram destinados ao mercado interno, sendo 1,25 bilhão de litros de etanol hidratado. O resultado, segundo a entidade, é reflexo dos incentivos dados aos produtores do combustível verde no início do produto pelos donos de carros flex em detrimento da gasolina. 4 • Combustíveis & Conveniência

Foi o percentual de famílias endividadas em agosto, o que representou redução ante os 65,2% registrados em julho. O percentual de famílias inadimplentes atingiu 21,8% em agosto deste ano, 22,4% em julho de 2013 e 21,3% em agosto de 2012, informou a CNC.

Pixabay

ano, resultando na maior procura do

63,1%


Revendedor de eletricidade O Projeto de Lei 3895/12, que cria a figura do revendedor varejista de eletricidade para o abastecimento de veículos elétricos ou híbridos, será discutido pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, juntamente com os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp. A previsão, até o fechamento desta edição, era de que a audiência acontecesse no final do mês de setembro. Entre outras coisas, a proposta cria a figura do revendedor de energia, atividade que poderá ser exercida tanto por concessionárias, quanto por permissionárias da rede pública de distribuição de energia elétrica ou por revendedor varejista de eletricidade, que deve ser registrado na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Cadastro positivo Polêmico, o cadastro positivo (que permite que as empresas visualizem o quanto da renda do consumidor está comprometida antes de conceder o crédito) está em vigor desde 1o de agosto. No entanto, para que ele tenha maior aceitação, economistas concordam que é preciso haver maior confiança do consumidor quanto à utilização correta dos bancos de dados, que são controlados por birôs de crédito. Há um lado positivo para o consumidor neste cadastro: se seu nome constar em algum sistema de proteção ao crédito, mas ele tiver suas contas pagas em dia, por exemplo, seu pedido de crédito pode ser analisado de forma favorável. Porém, para que empresas e instituições bancárias possam consultar este cadastro, é necessário que o consumidor autorize expressamente sua inclusão.

Ping-Pong

Enory Luiz Spinelli

Vice-presidente operacional do Conselho Federal de Contabilidade O que é o Sped Social? É mais um dos programas que fazem parte do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que vem a substituir o atual modelo de folha de pagamento. A ideia é que todas as informações fiscais envolvendo o processo de departamento pessoal sejam feitas por um sistema digitalizado, eliminando qualquer emissão de papel. Se pararmos para observar, essa substituição significa um avanço importante, pois estaremos reunindo em um só processo todas as obrigações relativas ao registro de empregados nas empresas, como Imposto de Renda retido na fonte e questões previdenciárias, entre outros. Qual o objetivo da mudança? O Sped Social nada mais é do que parte da desburocratização dos processos de informações para a Receita Federal, iniciado há alguns anos com a substituição da emissão de notas fiscais em papel por notas fiscais eletrônicas. A estimativa é que, dentro de cinco anos, teremos todo o processo fiscal digitalizado. Isso vai trazer um novo parâmetro de gerenciamento das informações no país, reunindo todos os dados em um único sistema para visualização por diversos órgãos do governo, além de contribuir com o meio ambiente ao reduzir os gastos com folhas de papel. Quais informações deverão constar do Sped Social? São todas relativas a eventos trabalhistas, como admissões, demissões, folhas de pagamento, retenções de contribuição previdenciária, ações judiciais e folha de ponto, entre outros. Ou seja, tudo o que era declarado por meio de obrigações referentes aos empregados de forma segregada aos diferentes órgãos participantes, agora passa a ser unificado. Quando e como será feita essa adequação? Inicialmente, a implementação do Sped Social começa em janeiro de 2014. Ainda não temos informações de como será feita essa adequação, mas acredito que será gradativa, assim como ocorreu com os outros sistemas de integração ao Sped.

Divulgação de preços No início de setembro, a Comissão de Defesa do Consumidor aprovou o Projeto de Lei 5419/2013, do Senado, que determina aos postos de combustíveis que informem os preços praticados atualizados no site da ANP. O projeto passará ainda por análise das Comissões de Minas e Energia e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA

Estímulo ao GNV

Outros estados

A Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo realizará um estudo para decidir a redução do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros que utilizam o GNV. O pedido, que tem por intuito estimular o consumo do produto, foi feito no final de agosto, pela Frente Parlamentar do Gás Natural, formada na Assembleia Legislativa de São Paulo e coordenada pelo deputado estadual Orlando Morando (PSDB).

No Rio de Janeiro, os proprietários de carros que utilizam o GNV têm desconto de 75% no pagamento do IPVA. No Paraná, o desconto é de 25%. Em São Paulo, ainda não há nenhuma redução para o usuário de GNV.

São Paulo

Perdas no varejo

6 • Combustíveis & Conveniência

Combate ao prejuízo O levantamento mostrou que as principais medidas para evitar as perdas são o treinamento interno, que representou 32% das iniciativas, seguido pela introdução de processos mais cuidadosos no recrutamento e seleção de funcionários (27% das ações adotadas pelos supermercadistas). Outras práticas adotadas são: elaboração de uma política de prevenção de perdas (21,5%) e a comunicação em murais, avisos, jornais, revistas e artigos, com 15,9%. Já em relação aos equipamentos mais utilizados para prevenção, os circuitos internos de TV (CFTV) são a escolha de 40,7% dos entrevistados; em segundo lugar estão os alarmes de acesso, utilizados por 31,3% dos entrevistados, seguido por uso de coletor de dados para realização de inventários (22,2% afirmaram utilizá-lo). FreePik.com

A Associação Brasileira de Supermercados, em parceria com o Grupo de Prevenção de Perdas do Programa de Varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA/Provar), o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) e a Nielsen do Brasil divulgaram a 13ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro. Os resultados do levantamento são similares aos do setor de conveniência. O estudo mostrou que, em 2012, as perdas nos grandes varejos, especialmente supermercados, representaram 1,95% do faturamento do setor (equivalentes a aproximadamente R$ 4,74 bilhões). Realizada entre junho e julho de 2013, a pesquisa contou com a participação de 214 empresas supermercadistas, cujo faturamento somado atinge R$ 83,1 bilhões (equivalentes a 34% do setor) e verificou que o número de perdas apresentou uma pequena queda, se comparada com o Índice de Perdas de 2011, que registrou 1,96%.

Divulgação CEG

O mercado de GNV em São Paulo representa 1,5% do total de veículos em circulação. Dos 9,5 milhões de veículos emplacados no estado, 150 mil utilizam o GNV. Há 358 postos de abastecimento de gás veicular em 71 cidades do estado e o consumo médio diário é de 740 mil m3, cerca de 4% de todo o volume de gás natural distribuído pelas três empresas que atuam no estado de São Paulo.


Subsidiados

Stock

A Câmara e o Senado aprovaram a Medida Provisória (MP) 615/13, que concede subsídios a produtores independentes de cana-de-açúcar no Nordeste e usineiros na produção de etanol combustível. Este último receberá subsídio de R$ 0,20 por litro de combustível efetivamente produzido e comercializado na safra 2011/2012. O custo previsto é de R$ 393,5 milhões, com desembolsos em 2013 e 2014. A MP será sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Com informações da Agência Câmara de Notícias.

Aumenta a punição Os postos de combustíveis que importarem, exportarem ou comercializarem derivados de petróleo, gás natural e biocombustíveis adulterados poderão sofrer, além da multa já fixada pela Lei nº 9.847/99, a suspensão temporária, total ou parcial, de seu funcionamento. A ampliação da pena imposta aos estabelecimentos infratores foi recomendada em Projeto de Lei da Câmara (PLC 162/09) aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Atualmente, a Lei nº 9.847/99, que regula a fiscalização do setor e fixa sanções administrativas, admite a pena de suspensão temporária das atividades somente em duas hipóteses: quando a multa máxima aplicada ficar abaixo da vantagem financeira obtida pelo infrator ou em caso de segunda reincidência.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Monopólio e mercado A Abastecedora Nacional de Combustibles Alcohol y Portland (Ancap) não é uma empresa. Segundo a definição que lhe confere a Constituição do Uruguai, a Ancap é um ente estatal. Mais que centenária, a Ancap cumpre seu papel constitucional de acordo com as possibilidades e as necessidades do país. Há alguns anos, seu corpo diretivo foi tomado pela “febre do mercado”. Uma moléstia grave que, por vezes, aflige as corporações monopólicas estatais. Principalmente, as que lidam com um produto tão difundido e necessário, além de marcado, indelevelmente, pela fama de fabricante de fortunas, como o petróleo. A febre tem seu mais grave sintoma num delírio que faz com que os funcionários públicos, servidores do monopólio, se sintam Rockfellers. E, lá se foi a Ancap. Abandonando seu papel constitucional, comprou uma pequena distribuidora na Argentina e foi atuar no sempre atraente mercado retalhista de Buenos Aires. Em pouco mais de um ano, após um prejuízo considerável, abandonou a aventura. Os uruguaios agradecem a prudência, o patriotismo e o sentido de dever dos dirigentes da Ancap que não insistiram no delírio. Durante os primeiros anos da história dos Estados Unidos como país independente, o parlamento resistiu à instituição

do Imposto de Renda. Entendiam alguns da pátria americana que excesso de dinheiro e poderes nas mãos de algumas pessoas poderia ser perigoso. Alimentaria delírios de grandeza e fundação de império. A história lhes deu razão. O Imposto de Renda foi a base do império americano. Ao longo da história, muitos delírios armados foram causas de guerras, mortes, sofrimento e destruição. Infelizmente, parece que mesmo a mais eficiente corporação não está livre desse risco. Repete-se o deletério caminho. A Petrobras, que tanto defendemos e cultuamos, abandou o papel de responsável pelo abastecimento nacional. Um lindo histórico de produção e reaplicação de recursos que garantia ao Brasil, a segurança de seu abastecimento. Influenciada por irresponsáveis Rockfellers de fantasia, passou a atuar em mercados de risco. Comprou participação no mercado de distribuição de combustíveis de empresas atuantes no Uruguai, Paraguai, Bolívia etc. Pretendeu invadir o mercado americano pelo caminho de adquirir a Refinaria de Pasadena/Texas (se é que pode ser chamada de Refinaria Áqüea Chatarra). Os fracassos foram claros. Os prejuízos enormes. Os acionistas (nós brasileiros) estão perdendo absurdos. É hora de voltar à realidade, à racionalidade e à responsabilidade. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de Conveniência: João Victor Renault Diretoria: Aldo Locatelli, Alírio José Gonçalves, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renault, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), Adriana Cardoso e Danielle Curllin Capa: Alexandre Bersot Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

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O que há de novo? De tempos em tempos, a revenda de combustíveis se depara com alguma novidade na esfera das regulamentações, havendo necessidade de se adequar às novas regras e normas do mercado. Quando o assunto está no âmbito das obrigações, não tem jeito, o caminho é o cumprimento do que foi estabelecido pelos órgãos responsáveis. Porém, neste segundo semestre, a novidade que tem afetado parte da revenda é a falta de diesel S10, o que a deixa impotente e a impede de fazer o que lhe cabe: vender combustível para o consumidor final. Devido a esta situação, a frustração tem sido o sentimento comum, nos últimos meses, que têm afetado a ponta final: revendedor e consumidor. Na reportagem de capa desta edição, Gisele de Oliveira, nossa editora-assistente, investigou detalhadamente o que tem ocorrido no mercado e buscou por respostas em todos os elos da cadeia, porém, nenhuma instituição assumiu o desabastecimento do S10. Nesta edição, contamos também com as reportagens de Rosemeire Guidoni. A primeira delas abordou os prós e contra da instalação de uma padaria nas lojas de conveniência. Outra matéria de destaque apresenta o mercado de carros elétricos no Brasil. Apesar de apresentar condições sustentáveis favoráveis para o meio ambiente, já que não emitem gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico, estes tipos de veículos esbarram no alto custo do IPI, um dos principais motivos impeditivos para seu ingresso no mercado em larga escala. Ainda neste mês, tivemos reforço na equipe, com as colaboradoras Adriana Cardoso e Danielle Curllin. Uma das principais reclamações dos revendedores, a elevada rotatividade de funcionários foi um dos temas abordados. Muitos funcionários e frentistas encaram o posto como um trabalho provisório, especialmente pela carga horária, que exige atuação aos finais de semana. A matéria apresenta algumas estratégias de gestão que podem auxiliar a prolongar, um pouco mais, a permanência deste funcionário no posto. A seção Entrevista traz como destaque de outubro, Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Em conversa com a Combustíveis & Conveniência, ele apresentou as perspectivas de consumo das matrizes energéticas em relação aos combustíveis, as dificuldades para tirar o PEMAT do projeto e seguir em direção à expansão dos gasodutos no país e às novas possibilidades energéticas, como o gás não convencional e o biogás. Boa leitura! Mônica Serrano



44 Maurício Tolmasquim 4 Presidente da EPE

Bons ventos Por Mônica Serrano

Fotos: Claudio Ferreira/Somafoto

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Há boas perspectivas de crescimento da demanda da matriz energética em relação aos combustíveis. A evolução virá do aumento da frota de veículos leves e pesados ao longo de dez anos. O aumento da renda do brasileiro e a expansão da nova classe média também contribuem para o movimento de aquisição de novos veículos e a elevação do consumo de gasolina, etanol e óleo diesel. Em relação ao GNV, ao menos no curto prazo, a situação não se mostra favorável pela falta de oferta de gás natural no mercado. Por outro lado, há novidades, ainda insipientes, que acenam para novas possibilidades de mercado como os veículos movidos a energia elétrica e a biogás. Estes e outros assuntos pertinentes à matriz energética nacional foram abordados durante a entrevista de Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entidade pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, para a revista Combustíveis & Conveniência. Tolmasquim tem amplo domínio do assunto e é um especialista em matriz energética. Foi secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), é graduado em engenharia de produção (UFRJ) e economia (UERJ), além de ser mestre em Planejamento Energético (Coppe/ UFRJ) e doutor em Economia de Desenvolvimento pela École


des Hautes Études en Sciences Sociale (EHESS/Paris). Segundo o presidente da EPE, em um horizonte de médio prazo, o etanol pode recuperar sua competitividade e voltar a atrair as atenções do consumidor devido à conjuntura do setor e às mudanças na matriz energética. Dentre as tendências, está a possibilidade de queda do preço do petróleo no mercado internacional, em virtude da elevação da oferta a partir da exploração do pré-sal e da autossuficiência energética dos Estados Unidos pelo gás de xisto, o que vai impactar em redução da dependência daquele país em relação aos derivados do petróleo. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida na sede da EPE, no Rio de Janeiro: Combustíveis & Conveniência: Quais são as perspectivas de crescimento da matriz energética em relação aos combustíveis para os próximos anos? Maurício Tolmasquim: Vamos continuar a ter um crescimento muito forte puxado pela venda de automóveis. Estimamos que, em dez anos, o número de autoveículos (inclui ônibus e caminhões) cresça de 38 milhões para 63 milhões e o parque de veículos leves aumente de 33 milhões para 59,3 milhões. Como a relação número de habitantes por veículo, no Brasil, ainda é alta (há cinco habitantes por veículo. Nos Estados Unidos, esta relação é menos de um, assim como México e Argentina tem menos habitante por veículo), a tendência é aumentar o número de carros, em função da elevação do poder aquisitivo da nova classe média. Com o clamor (referência às manifestações populares ocorri-

Como a relação número de habitantes por veículo, no Brasil, ainda é alta (há cinco habitantes por veículo), a tendência é aumentar o número de carros, em função da elevação do poder aquisitivo da nova classe média das em junho) pela melhora da qualidade do transporte público e, creio que as prefeituras vão atender essa demanda, considerando um melhor sistema de transporte coletivo, as pessoas vão querer ter um carro para utilizar em dias fora do período de trabalho. Por exemplo, a Europa oferece um transporte de qualidade, mas as pessoas têm seu carro para viajar e usar no fim de semana. Diante disso, sem dúvida, o crescimento dos combustíveis vai crescer. A previsão da EPE é de que, em dez anos, a demanda por gasolina deve aumentar 36% e o óleo diesel, 45%. C&C: E em relação ao etanol, a previsão segue uma linha otimista? MT: A médio prazo vai voltar a ser competitivo. A projeção para dez anos é de que a demanda saia de 24 bilhões de litros de etanol, para 54 bilhões de litros. Quando ocorreu a crise de 2008, os usineiros estavam endividados porque tinham acabado de investir na renovação dos canaviais (para não perder produtividade, as plantações devem ser renovadas periodicamente). Aliado a isso, houve períodos climáticos ruins, tanto de seca como de muita chuva, prejudicando a colheita. Ao longo do tempo, o preço da gasolina,

que é um elemento competidor, inviabilizou o biocombustível por falta de reajuste. Também leva-se em consideração que os custos para os usineiros aumentaram, o preço da terra aumentou e os insumos agrícolas também tiveram alta. O processo de mecanização também apresentou problema porque a máquina corta a partir de certa altura, ocasionando perdas na base da planta. Para a cana-de-açúcar ser melhor aproveitada teria que plantar de outra maneira, mas, como não teve renovação do canavial, houve perdas de produtividade. Então, neste ano, começamos a ver os investimentos serem retomados. Tivemos a isenção de PIS/Cofins para o produtor, o financiamento do BNDES para a renovação do canavial e o aumento do percentual do etanol anidro à gasolina. Começo a ver uma

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Marcos Regulatórios da Indústria Mundial do Petróleo Autores: Maurício Tiomno Tolmasquim e Helder Queiroz Pinto Junior Editora: Synergia Combustíveis & Conveniência • 11


44 Maurício Tolmasquim 4 Presidente da EPE

situação melhor em termos de competitividade. C&C: Essa melhora na competitividade seria efeito das medidas? Em função de que haverá mudança da situação do etanol? MT: Agora é o efeito sazonal, não dá para atribuir às medidas. Vamos perceber o impacto das medidas depois do período de renovação das plantações. Em algum momento, o preço da gasolina será reajustado e aí os investimentos tendem a ser retomados. Para que haja mudança, tem que haver também um esforço do lado dos usineiros para baixar custos e aumentar a produtividade. O esforço deve ser dos dois lados (usinas e governo). O etanol é um patrimônio brasileiro, é uma fonte renovável e o governo não vai deixar o programa se desfazer. Ele gera uma grande quantidade de empregos superior à indústria de petróleo. O pré-sal é muito importante para o Brasil, mas não compete com o etanol. Nossa ideia é exportar petróleo com o excedente que será produzido daqui há alguns anos. Parte da demanda interna vai ser atendida por gasolina e diesel, outra parte por etanol e o excedente vai ser exportado. 12 • Combustíveis & Conveniência

O setor tem que saber que, a médio prazo, muitos analistas projetam a queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Então, o segmento de etanol tem que estar preparado para ser competitivo com o petróleo mais baixo. Alguns reflexos dessa queda são a oferta de gás não convencional dos Estados Unidos, além de investimentos e a produção do pré-sal, tudo indica que vai ter aumento de oferta do petróleo e não está descartada a possibilidade desse preço cair. O mercado muda e não pode contar sempre com o preço alto do petróleo. C&C: Qual sua avaliação sobre a política de preços do governo federal em relação aos derivados do petróleo? MT: Historicamente, tem momentos em que o preço interno está mais baixo do que lá fora e tem períodos em que está acima. Em 2009, o preço do petróleo estava mais baixo no exterior em comparação ao preço vendido no Brasil. Temos que olhar períodos em que o preço internacional cai e não necessariamente isso é repassado no mercado interno. Em outras fases, o preço internacional

sobe e aqui não tem aumento. Se olharmos períodos longos essas coisas se compensam. Essa questão da flutuação do preço do petróleo é complicada porque mexe no dia a dia no preço e tem um grande impacto sobre a economia. Vamos supor que, se aumentar o preço aqui dentro porque aumentou lá fora, quando abaixa no exterior não necessariamente diminui aqui. Temos que trabalhar com o preço num determinado patamar, segurar por um tempo e, dependendo das variações conjunturais, o setor recupera as perdas do ciclo anterior. C&C: Quais são as previsões da EPE em relação à autossuficiência da produção de petróleo no Brasil? MT: A médio prazo, por volta de 2017, a tendência é de que o Brasil seja exportador de óleo diesel e importador de gasolina pelo forte aquecimento da frota de veículos leves. As novas refinarias estão sendo projetadas para privilegiar o refino de produtos médios de maior valor agregado, como é o caso do óleo diesel. Ao nosso ver, importar gasolina e exportar diesel vai ser bom para o país. C&C: E o biodiesel tende a aumentar sua participação na matriz energética? MT: Hoje, trabalhamos em um nível de cerca de 60% da capacidade ociosa das usinas de biodiesel, há capacidade de produção, mas falta matér i a - p r i m a a preço competitivo. O nível mínimo da mistura de biodiesel está sendo atingido. O problema é que o biodiesel não é competitivo. Isso implica em grandes subsídios e há um


limite para o estado oferecer esses subsídios. O biodiesel tem que seguir o caminho do etanol, não que o etanol esteja competitivo, mas estruturalmente ele é, embora esteja passando por um período de ‘vacas magras’. O desafio do biodiesel é falta de competitividade. C&C: O senhor é favorável ao aumento do percentual do biodiesel na mistura do diesel? Por quê? MT: Tem que olhar as duas coisas: o limite técnico do veículo em relação aos problemas do combustível porque o consumidor não pode ser prejudicado e, de outro, tem que reduzir custos da produção, para limitar a quantidade de subsídios que são necessários para viabilizá-lo. C&C: Quais são os planos do governo para aumentar a demanda do gás natural na matriz energética? Quais são as prioridades? MT: O problema é que não temos gás nacional suficiente para expandir a demanda, tem que importar o GNL e o preço inviabiliza a importação. O GNL está muito caro, varia entre US$ 12 por milhão de BTU e US$ 15 por milhão de BTU, o que acaba sendo um problema. O nosso desafio é encontrar gás barato, que possa competir com os outros combustíveis. Hoje, a questão é preço, na realidade tem oferta, mas ninguém vai comprar a preços altos.

C&C: O aumento do consumo do gás natural no Brasil esbarra na ampliação da malha de gasodutos. Por que o Programa de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (PEMAT) não foi adiante? MT: O PEMAT não andou porque não tem gás. Como posso fazer um gasoduto, se não tem oferta? Primeiro, tem que ter o gás e não pode ter o gasoduto antes, demanda pelo produto tem, mas de nada adianta ter demanda se não tiver oferta. Para ter o gasoduto há duas condições: alguém que precise do gás e alguém que oferte o gás. Se eu tiver gás com preço adequado posso até não ter uma demanda imediata, mas ela pode surgir, por exemplo, com uma fábrica instalada no local. Mas, sem oferta de gás, não adianta. Para elaborar o PEMAT, fizemos um estudo de demanda, e detectamos a necessidade. Mas, importar não compensa, então dependemos da queda do preço no mercado internacional.

e se é viável para o consumidor. Achando o gás onshore será possível estudar a viabilidade de uma malha, desde que a quantidade de produção justifique o investimento. C&C: Nessa situação, o GNV encontra-se numa situação mais complicada, embora haja ações em alguns estados para estimular o seu consumo. Uma das últimas iniciativas veio do estado de São Paulo com a revisão da Margem de Valor Agregado, que impactou na redução de preço do produto para a revenda. O que podemos esperar? MT: Não vejo muita perspectiva para o GNV, pode ser que mude, mas, hoje, o gás natural é escasso e há usos mais prioritários, como na indústria petroquímica, fertilizantes etc. Bem ou mal, o automóvel tem outras opções, como a gasolina e o etanol. Em relação ao estímulo do consumo do produto em São Paulo, há um

C&C: Há perspectiva para o Brasil em relação à exploração do gás natural? MT: Pode ter perspectiva com os leilões onshore (explorações em terra) que vão acontecer. Se for descoberto gás, podemos planejar o gasoduto. Torço para que dê certo e é fundamental encontrar uma reserva. Temos a possibilidade do gás do pré-sal, mas não sabemos a profundidade, a que custo esse gás vai chegar

Não temos gás nacional suficiente para expandir a demanda, tem que importar o GNL e o preço inviabiliza a importação, varia entre US$ 12 por milhão de BTU e US$ 15 por milhão de BTU Combustíveis & Conveniência • 13


44 Maurício Tolmasquim 4 Presidente da EPE certo paradoxo porque o estado tem a indústria de etanol e o gás é necessário em outros mercados. C&C: E o biogás está muito distante da realidade? MT: O biogás não pode ser desprezado. Ele pode ser uma alternativa interessante do ponto de vista de gestão pública. No ano que vem, as prefeituras vão ser obrigadas a dar um destino ao lixo para seguirem as diretrizes da Lei de Resíduos Sólidos. Se você pegar o lixo da cidade e gerar biogás, ele pode ser competitivo com o diesel. As prefeituras poderiam usar o biogás para abastecer a sua frota de veículos. Isso é viável. O biogás tem duas possibilidades interessantes: uma para produzir energia elétrica e outra gerar gás para veículo e esta última alternativa é mais competitiva em relação à geração de energia elétrica. Apesar de o biogás ser insipiente, as

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prefeituras deveriam olhar para esta possibilidade. C&C: A produção de gás de xisto nos Estados Unidos está mudando o paradigma do setor energético daquele país. Quais são as consequências para o Brasil? MT: Nos Estados Unidos, o chamado gás de xisto, ou gás não convencional, está criando uma revolução energética. O gás é barato entre US$ 3 e US$ 4 por milhão de BTU. Isso reflete em uma energia elétrica barata, o gás não convencional está expulsando o carvão da matriz elétrica americana, ou seja, os Estados Unidos estão exportando carvão para a Europa, e também está atraindo indústrias, que precisam de gás, para o território norte-americano. Graças a este gás, os Estados Unidos estão ganhando competitividade, além de estarem reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. Com isso, está havendo uma mudança na geopolítica mundial porque o país vai ficar menos dependente de petróleo. Esta revolução energética que está ocorrendo nos Estados Unidos é, talvez, um dos fatos mais relevantes do início do século 21. O gás não convencional é um fenômeno norte-americano, os demais países ainda não entraram nesse mercado, mas todos podem vir a explorar. Quero destacar alguns fatos que contribuíram para a facilidade de exploração do gás não convencional nos Estados Unidos. Ele é o único país do mundo em que o subsolo pertence ao dono da propriedade, o que fez com que o processo de exploração ganhasse larga escala, já que depende de cada proprietário a autorização da perfuração. Além disso, os Estados Unidos têm uma malha

de gasoduto muito grande porque o país já produzia gás no interior do país. Outro fato interessante do território norte-americano é que o gás para ser mais barato depende da exploração de poços que, em conjunto com o gás, têm um líquido que produz derivado de petróleo. Os poços que produzem unicamente gás, a exploração fica mais cara. C&C: Há alguma possibilidade de exploração do gás não convencional aqui no Brasil? MT: Tenho muita esperança de encontrar o shale gas (gás não convencional) no Brasil. Perspectiva tem, há alguns estudos sobre essa possibilidade, mas nada concreto. Torço para que esse gás apareça porque mudaria nossa história energética, precisamos desse gás, mas antes precisamos perfurar para ver se tem. C&C: Enquanto o gás não convencional está distante, temos uma realidade mais concreta. A cidade do Rio de Janeiro acaba de reforçar sua frota de táxis com 13 veículos elétricos. Qual sua opinião sobre o mercado de carros movidos a energia elétrica? MT: Acho que o carro elétrico pode ser uma coisa boa. No Brasil, devemos começar com o híbrido. O carro elétrico é muito interessante. Nosso país é 80% hídrico, portanto nossa energia é renovável e limpa. Resolvendo os problemas de bateria do veículo, há possibilidade de crescer, sem comprometer nossa matriz energética. Ele pode ser carregado à noite e durante o dia, eventualmente, pode fornecer energia para a rede. Acredito que terá, sim, seu espaço, mas olhando um horizonte longo, daqui a aproximadamente dez anos. n



44 SINDICATOS FILIADOS

ACRE José Magid Kassem Mastub Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 33429557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Vilanildo Fernandes Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental 16 • Combustíveis & Conveniência

São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar - Centro João Pessoa-PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Fernando Cavalcanti Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Volmir Ramos Xinaider Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente - Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249/Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Raimundo Fonseca, 57, Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Em busca de resposta Desde que começou Assim como na vida, o setor de combustíveis a ser comercializado, as passa por situações imprevisíveis. O problema da preocupações em relaimprevisibilidade é quando afeta a vida das pessoas e interfere na dinâmica de trabalho, prejudicando toda ção ao ingresso do diesel uma cadeia. Quero abrir um espaço para discutir a de baixo teor de enxofre falta do diesel S10 em alguns estados. A situação no mercado mudaram ainda não é catastrófica, mas o fato é que vários completamente. A falta postos revendedores não têm recebido o produto. de demanda do produto estava entre os principais Chega o final do mês, o S10 some. A explicação é receios nos primeiros meses de venda do S50. Em simples: a demanda aumentou e não há produto um primeiro momento, como era de se esperar, a suficiente para atender a todos. Difundiu-se a ideia demanda foi moderada, mas o consumo pelo prode que o abastecimento com S10 favorece o motor duto aumentou exponencialmente. A sensibilidade do veículo, rende mais ou aumenta seu desempenho. do diesel de baixo teor de enxofre e as possíveis Diante disso, muitos caminhões com motor Euro 3, alterações em suas características também estavam que não têm necessidade de abastecer com o diesel na lista das inquietações. As discussões levaram a S10, passaram a consumir o produto. Com isso, o ANP a estabelecer um limite de tolerância de cinco mercado de diesel S10 abriu espaço para dois tipos partes por milhão, para efeitos de fiscalização. Ou de consumidores, os chamados cativos, formados seja, mais um problema contornado. O mercado pelos novos caminhões, fabricados com motor Euro 5, se preparou, a transição do S50 para o S10 foi que usam o produto com exclusividade, e os da frota tranquila. Todos os envolvidos fizeram a sua parte: antiga, que podem abastecer Anfavea, ANP, distribuidocom qualquer tipo de diesel Somos nós que atendemos o consumidor, ras e revendedores, para do mercado. O resultado do somos nós que devemos uma satisfação garantir o fluxo do novo boom de consumo é este: produto no mercado. No aos nossos clientes quando não temos o entanto, o que não estava diversos postos chegam ao S10 para abastecer seu veículo e somos nós previsto foi o crescimento final do mês com a bomba de S10 vazia. O pedido é que encerramos o dia com menos dinheiro vertiginoso de consumidono caixa. Queremos uma solução! feito e a distribuidora chega res do diesel de baixo teor a demorar até uma semana de enxofre, mesmo com o para entregar o produto. Tal produto custando alguns situação é inadmissível, perde o revendedor, que deixa centavos a mais em relação aos S500 e S1800. Na de ganhar seu sustento, e perde o consumidor, que minha visão, este problema não pertence à revenfica sem combustível. E o que fazer? da, mas arcamos com as consequências. Somos Cobrar das autoridades para que se resolva nós que atendemos o consumidor, somos nós que a situação. Na teoria é simples, na prática, nem devemos uma satisfação para os nossos clientes tanto. A ANP e o Sindicom foram questionados quando não temos o produto para abastecer seu pela Fecombustíveis em um debate durante a veículo e somos nós que encerramos o dia com Expopostos sobre o tema, no final de agosto. menos dinheiro no caixa. Queremos uma solução! Todos se posicionaram, o Sindicom apresentou Para finalizar, como estamos falando de diesel, as justificativas sobre a dificuldade de logística, faço um alerta aos revendedores. Tem sido comum a programação antecipada da entrega e a falta o caminhoneiro do veículo com motor Euro 5 pedir de disponibilidade imediata do produto por ser para abastecer com o S1800 ou S500. Essa venda importado. A Petrobras também está ciente do pode causar uma forte dor de cabeça para a revenproblema, mas até o momento não tivemos uma da lá na frente, quando o motorista do caminhão resposta. O que sabemos é que a falta do S10 é constatar problemas no motor e entrar com uma anterior a agosto, ou seja, de lá para cá, nada foi ação na justiça contra o posto. Recomendo a todos: feito. Pergunto: a situação deve ficar insustentável veículos com motor Euro 5 só devem abastecer para que haja uma solução? com S10. Fiquem atentos! Combustíveis & Conveniência • 17


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de setembro de 2013: 4 e 5 - Participação da Fecombustíveis na reunião da Subcomissão Postos Revendedores da Comissão Nacional do Benzeno (CNPBz);

12 e 13 - Participação da Fecombustíveis no Congresso do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (IBRAC), realizado em Belo Horizonte/MG;

16 - Participação do presidente da Fecombustíveis na reunião com a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, e com a Superintendência de Fiscalização e de Abastecimento;

19 - Participação da Fecombustíveis na reunião de diretoria da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC);

25 - Participação da Fecombustíveis na reunião com a presidência do Ibama referente ao recadastramento do Cadastro Técnico Federal (CTF);

26 -

Reunião do Conselho de Representantes da Fecombustíveis,

em Gramado/RS;

26 a 29 - Participação da Fecombustíveis no 16º Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 15º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul, em Gramado/RS.

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44 MERCADO Stock

O câmbio valorizado causa reflexos em diversos segmentos da economia nacional e pressiona a inflação

Conjuntura econômica O câmbio, a inflação e o consumo fazem parte da dinâmica de mercado para manter o ritmo da economia. O atual panorama econômico tem passado por altos e baixos e influencia diversos setores da economia, entre eles, o de combustíveis

Por Danielle Curllin e Mônica Serrano A valorização da moeda norte-americana tem atingido o país em diversos segmentos produtivos. O governo tenta reagir e conter o contágio cambial para evitar a inflação. Para o mercado de consumo, o reflexo cambial é percebido tanto nas compras de importados como nos produtos industrializados, que têm embutidos em seu processo de produção algum componente que vem do exterior, ou seja, a pressão inflacionária é inevitável. O impacto cambial é uma das grandes questões da Petrobras. Assistimos ao agravamento da situação financeira da empresa 20 • Combustíveis & Conveniência

em decorrência da adoção do controle de preços dos combustíveis pelo governo federal. A defasagem de preços entre a importação de petróleo e derivados, com dólar valorizado e as vendas praticadas no mercado interno descompensam o caixa da estatal. De acordo com o economista e sócio da CMM Gestão Administrativa, Maurício Pinheiro Lopes, a Petrobras está enfrentando uma sangria de caixa por vender os seus produtos abaixo dos custos, justamente em um período que precisa dos recursos para fazer investimentos no pré-sal. Com o dólar ainda na faixa de R$ 2,10, o preço que a estatal pagava para importar gasolina

já era superior ao seu preço de venda na refinaria. Se a taxa de câmbio ficar, até o final do ano, na faixa de R$ 2,35, o prejuízo da Petrobras, a cada importação, aumentará mais ainda. “Precisaria de um aumento de 12% no preço do litro somente para se adequar à realidade cambial”, calcula o economista. Na opinião de Lopes, o governo não deverá autorizar um reajuste dessa ordem, apesar da pressão da estatal. “Provavelmente, ele aguardará o máximo possível, esse reajuste deve se situar bem abaixo dos 10%, em função do controle da inflação”, aposta. O governo federal tenta manter a inflação sob controle em todos os setores da economia,


Agência Petrobras de Notícias

no esforço de cumprir a meta deste ano, de 6,5%. A variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o índice de inflação oficial, no acumulado dos oito primeiros meses do ano atingiu 3,43%, acima dos 3,18% registrados no mesmo período de 2012, o resultado mantém o índice bem abaixo do teto da meta de inflação do governo. Na avaliação do economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, os indicadores de inflação estão baixos e haveria espaço para o governo federal aumentar em cerca de 8% o preço da gasolina até o final do ano. “Em nossa perspectiva, este montante não será suficiente para reverter o prejuízo da Petrobras, mas a empresa precisa desse aumento”, comenta o economista, que espera um reajuste ainda neste mês (até o fechamento desta edição, não havia novidade sobre o assunto). Dados da ANP mostram que, nos primeiros sete meses do ano, as importações de gasolina A e do óleo diesel cresceram 25,5% quando comparadas ao mesmo período do ano passado. Desde que o governo Lula anunciou a autossuficiência do Brasil em petróleo, o panorama mudou e, a partir de 2007, passou a importar petróleo e derivados. A extração não acompanhou o ritmo por atraso nos projetos de exploração e o volume de refino encontra-se no limite de operação por falta de novas refinarias. “Vemos a chegada de mais de três milhões de novos veículos por ano e não temos o aumento necessário dos volumes de combustíveis produzidos. Resultado: mais importação e a conta do petróleo na nossa balança co-

A defasagem de preços entre a importação de derivados de petróleo e as vendas praticadas no mercado interno penalizam a Petrobras

mercial tendo déficits”, observa Maurício Lopes, da CMM Gestão Administrativa.

Mais carros No segmento automobilístico as perspectivas continuam favoráveis. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção do setor deve registrar mais um ano recorde. A projeção para a produção, até o final de 2013, deve ficar em 3,79 milhões de unidades, o que indica um crescimento de 11,9% em comparação a produção de 3,38 milhões de 2012. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o crescimento da produção atingiu 13,7%, que corresponde a 2,51 milhões de unidades em 2013, ante 2,21 milhões de veículos do ano passado. Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior, o aumento da produção se deve a uma conjução de fatores. “O crescimento das exportações e o mercado interno aquecido são reflexos do Inovar-Auto, fundamental na transformação de

2013 no melhor ano da história da indústria automobilística em produção”, disse em nota oficial à imprensa. O Inovar-Auto é um Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, do governo federal, que tem o objetivo de estimular o investimento na indústria automobilística nacional. Estima-se que, até 2015, o programa levantará mais de R$ 50 bilhões em investimentos no setor. O economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, confirma as boas perspectivas da Anfavea e destaca dois fatores principais para o aumento da produção: a queda da venda de automóveis importados e o aumento das exportações de veículos leves nacionais. No final de 2011, o IPI sobre os carros importados aumentou 30 pontos percentuais, mas o efeito desta elevação só foi refletiva neste ano. Em 2012, as montadoras de veículos importados estavam com estoques de veículos, com IPI antes do aumento e puderam atender à Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO

22 • Combustíveis & Conveniência

influência para a queda de licenciamentos de veículos foram as manifestações populares. “Elas (manifestações) tiveram efeito sobre a confiança do consumidor, que optou por conter o consumo em função do receio da condução da política econômica”, analisa o economista. Nishida mostra que, considerando somente o licenciamento de caminhões, houve expansão de 17,7% em agosto deste ano ante o mesmo período do ano passado, o que comprova o recuo do segmento para veículos leves. Em relação ao consumo dos combustíveis, o cenário também permanece favorável. Dados divulgados pela ANP indicam que, de janeiro a julho (dado mais recente até o fechamento da edição), as vendas das distribuidoras com gasolina e diesel aumentaram 5,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Já da parte do etanol, as vendas de etanol hidratado aumentaram 4,8% entre janeiro e julho de 2013, conforme divulgou a ANP. Os dados da Unica apontam que nos estados do Centro-Sul, as vendas do etanol (hidratado

e anidro) cresceram 26%, do início da safra em 1° de abril, e a primeira quinzena de agosto. O mercado do etanol se mostra mais aquecido favorecido pelo período da safra. Para completar o quadro de consumo, no mercado de veículos flex, os meses de junho, julho e agosto registraram seu melhor desempenho no mercado, cujas vendas aumentaram em 93%, segundo dados da Anfavea, compilados pela Unica. Para o analista do setor sucroenergético e diretor da Bioagência, Tarcilo Ricardo Rodrigues. “O carro flex foi uma conquista, atualmente, 80% dos veículos são desta categoria.Isso é muito bom para o país, tanto no setor industrial, quanto no setor energético, mas faltam incentivos”, opina o consultor. Apesar do elevado número de carros bicombustíveis, a preferência do consumidor continua sendo a gasolina. O etanol ganha certa competitividade na época de safra, como ocorre atualmente, quando os preços se tornam mais vantajosos, mas, ainda assim, não atingem todos os estados da federação. A produção de

No acumulado de janeiro a agosto deste ano, a produção de veículos registrou crescimento de 13,7% em comparação ao mesmo período do ano passado

Stock

parte da demanda. Já este ano, aumento do IPI foi repassado e afugentou o consumidor de importados, somado a isso, a partir de maio constatou-se o efeito do câmbio mais elevado, impactando ainda mais o preço destes veículos. A segunda razão para o otimismo da produção, destacada por Nishida, tem sido a elevação das exportações de veículos leves nacionais, especialmente para o México e a Argentina. De janeiro a agosto, as exportações da categoria leve somaram 30,8% em comparação a igual período do ano passado. Ao confrontar os dados de produção com as vendas de veículos não há sintonia entre eles. Considerando o período de janeiro a agosto deste ano, os licenciamentos de veículos registraram queda de 1,2%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram licenciadas 2.470.437 unidades, ante 2.501.192 veículos no mesmo intervalo de 2012. Se a comparação concentrar somente no mês de agosto, a queda foi abrupta, de 21,6%. Como explicar o desequilíbrio entre aumento da produção e recuo nas vendas? Em relação aos licenciamentos dos veículos, a categoria de automóveis leves, inserida no total divulgado, puxa o dado para baixo, analisa Nishida. No ano passado, agosto apresentou um movimento de elevação de vendas atípico, provocado pela divulgação de que a desoneração do IPI para automóveis fosse acabar, o que não se concretizou. “Isso ocasionou uma corrida às lojas. O resultado foi um recorde de licenciamentos, prejudicando a base de comparação com agosto deste ano”, comenta o economista. Outro fator de


isso impactará no preço máximo do etanol e na lucratividade da usina”, comenta Rodrigues. De acordo com o executivo, caso não hajam mais políticas públicas no setor energético, o governo vai continuar vendo a

demanda por gasolina crescer. “É uma questão de escolha: ou o governo incentiva a produção de etanol dentro do país, ou continua a importar gasolina. Até quando essa política vai funcionar?”, questiona. n

Stock

etanol também sofre impacto da política de preços adotada pelo governo em relação à gasolina. Para ganhar um pouco mais de competitividade, o preço da gasolina deveria estar num patamar mais elevado para que impulsionasse a demanda por etanol. Segundo Rodrigues, o preço dos combustíveis devem estar em sintonia, senão o consumidor vai optar pelo produto que estiver mais barato. Não importa o custo de produção do etanol, o preço para o consumidor não poderá chegar acima do teto imposto pela gasolina. “O consumidor sabe que o preço do etanol deve ficar na proporção de 70% do preço da gasolina. Se a gasolina está com valor artificialmente barato,

Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO

Nova geração Produzido do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, o etanol celulósico sai do âmbito das pesquisas para começar a ser produzido no país a partir do ano que vem, em Alagoas

O Brasil começará a produzir etanol celulósico, ou de segunda geração, em escala industrial a partir de 2014, ano em que a Granbio inaugura sua fábrica em São Miguel dos Campos, em Alagoas. Com capacidade para produzir 82 milhões de litros por ano, o projeto recebeu investimentos de R$ 350 milhões do BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, com o aporte, tornou-se acionista minoritário da empresa, detendo 15% do total de capital. Em princípio, a produção do novo produto visa complementar o abastecimento de etanol na região Nordeste, onde há carência de produção de etanol, já que boa parte da distribuição do produto depende do suprimento da região Centro-Sul do país. Os investimentos em projetos de produção de etanol de segunda geração chegam a soma de R$ 900 milhões, financiados pelo BNDES. Em meados de 24 • Combustíveis & Conveniência

Niels Andreas / Unica

Por Adriana Cardoso

setembro, a instituição aprovou financiamento de R$ 207,7 milhões para a construção da Usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP), com capacidade de produção de 40 milhões de litros do produto. O empreendimento, da Raízen Energia, será realizado a partir deste semestre em um prazo de dois anos. O etanol celulósico tem como matérias-primas básicas o bagaço e palha de cana-de-açúcar e a expectativa do mercado é de que o preço do produto seja compatível com o etanol de primeira geração, produzido pela cana-de-açúcar. A composição do etanol de segunda geração é a mesma do etanol convencional. O que

muda são a matéria-prima e os métodos de produção. Basicamente, o processo de obtenção do etanol celulósico consiste em três etapas: pré-tratamento, quando a biomassa é preparada para ser decomposta em suas moléculas constituintes; hidrólise enzimática, quebra da celulose em moléculas de açúcar simples, pela ação de enzimas; e fermentação, transformação de açúcar em etanol celulósico por uma levedura desenvolvida especialmente para este processo. A vantagem do etanol de segunda geração é que ele pode ser fabricado a partir da celulose presente em qualquer parte da cana, como palha, bagaço ou, até mesmo, o capim, que


que, potencialmente, poderá até dobrar a sua produção quando a tecnologia estiver otimizada”. A consequência disso, ainda de acordo com Szwarc, será o aumento da sustentabilidade ambiental do produto, “uma vez que estaremos produzindo mais etanol, com a mesma quantidade de cana e usando a mesma quantidade de insumos”. O consumidor poderá contar, segundo o consultor, com um produto com as mesmas características técnicas do etanol derivado da cana-de-açúcar, com a vantagem de que seu ciclo de vida será muito menos impactante para o meio ambiente, especialmente no que se refere à emissão de CO2 (gás carbônico), principal gás do efeito estufa. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) também está montando a estrutura da planta de uma usina para produção de etanol de segunda geração, que começará a ser testada em São Manuel (SP), em julho de 2014. “Pretendemos operar a planta em caráter de demonstração por dois anos para confirmar a tecnologia e o projeto é fazer o desenvolvimento em escala comercial entre 2016/2017”,

conta Jaime Finguerut, gerente de desenvolvimento estratégico e assessor técnico da presidência do CTC. O produto será fabricado a partir do bagaço e palha da cana, cujas pesquisas têm obtido resultados mais satisfatórios do que com outros produtos testados em pesquisas pelo país. Finguerut explica que o CTC estava envolvido em estudos desde 1997, em parceria com uma empresa, mas teve de abandoná-los pois a tecnologia utilizada ainda não era suficientemente desenvolvida para o processo e faltavam cientistas. Com o fim da parceria, o centro continuou alçando voo solo nas investigações. Em 2011, as pesquisas ganharam fôlego com a transformação do CTC em uma sociedade anônima, o que permitiu que angariasse recursos de acionistas, como a Copersucar, e órgãos estaduais, como o BNDES. Atualmente, o CTC vem trabalhando em parceria com empresas de ponta do setor de biotecnologia para o desenvolvimento de enzimas para quebrar as moléculas de açúcar presentes no bagaço da cana. “As enzimas desenvolvidas nos Estados Unidos

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vem sendo fruto de pesquisas nos Estados Unidos. Portanto, sua produção reaproveita as partes que são inutilizadas pela produção do etanol tradicional. Tecnologicamente falando, o Brasil não deve nada para nenhum país de primeiro mundo, especialmente porque, aqui, a qualidade da cana-de-açúcar é muito melhor. Por outro lado, o grande desafio do setor é baratear o custo da produção, especialmente por conta do preço das enzimas, responsáveis por boa parte dos gastos. Segundo estudo da Bloomberg New Energy Finance, em 2012, o custo da produção do etanol celulósico nos Estados Unidos foi de US$ 0,94 por cada litro, cerca de 40% a mais que os US$ 0,67 gastos para produzir etanol de milho, fonte dominante do mercado de biocombustível americano. Mas as empresas garantem que esses custos vêm caindo, o que pode tornar o etanol de segunda geração bastante competitivo. Para o consultor de emissões e tecnologia da Unica, Alfred Szwarc, caso esse custo mostre-se realmente viável, “haverá ganhos de produtividade para o produtor,

Combustíveis & Conveniência • 25


44 MERCADO

Cana nova Os caminhos na busca de uma produção de etanol celulósico perpassam também pela procura de biomassa de uma espécie específica de cana para esse fim. A princípio, a Granbio vai produzir o etanol celulósico utilizando o bagaço e a palha da cana convencional. Mas, em uma segunda etapa do processo, inclui a produção da biomassa da cana energia, denominada Vertix, que foi desenvolvida a partir do cruzamento genético de híbridos comerciais com tipos ancestrais da planta convencional. O resultado da mistura é uma cana mais robusta e, portanto, mais fibrosa, com maior potencial produtivo e resistente a pragas. A produção desse tipo de cana começa em 2015, também em Alagoas. A empresa defende que a Vertix é capaz de produzir quatro vezes mais biomassa que a cana-de-açúcar convencional, terá o dobro de quantidade de fibra e a metade do teor de açúcar. Essa rusticidade implica em redução de custos na produção, pois a espécie pode ser plantada em áreas marginais, sem competir com áreas ocupadas hoje com 26 • Combustíveis & Conveniência

a produção de alimentos, além de exigir menos água e insumos e ampliar o mercado de trabalho em regiões mais carentes do país. Enquanto a Vertix não chega e, se tudo der certo com a produção de etanol celulósico produzido a partir da palha e do bagaço da cana, o consumidor, meio ambiente e atores envolvidos na produção já têm muito a ganhar. “Vamos ter mais etanol por hectare e sem a necessidade de aumentar a área plantada. Será um crescimento horizontal da produção, que trará riqueza para o interior do Brasil e isso não é pouco”, conjectura Jaime Finguerut, do CTC. Há a perspectiva de que a produção do etanol celulósico seja um complemento à produção de etanol, representando um crescimento de até 45% do mercado do biocombustível, em um horizonte de aproximadamente cinco anos.

Primeira geração Desde a crise do petróleo, nos anos 70, e o consequente surgimento do Pró-Álcool, a história do etanol no mercado brasileiro rendeu muitos ganhos e fama ao país, mas houve muitas curvas e desvios nessa jornada. A produção de etanol foi especialmente impulsionada em 2003, quando a Volkswagen colocou no mercado brasileiro o primeiro carro bicombustível – o Gol total flex 1.6. Dez anos depois, o Brasil já comercializou mais de 18 milhões dessas unidades e a tendência é que esse filão da indústria automotiva cresça mais e mais. Apesar do estímulo aos carros flex no mercado, o etanol vem perdendo competitividade. Após a crise econômica mundial de 2008, o preço estagnado da gasolina e o do etanol em alta, o cenário mudou completamente, desfavorecendo a produção do biocombustível no Brasil.

O grande desafio do setor é baratear o custo da produção, especialmente por conta do preço das enzimas, responsáveis por boa parte dos gastos

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para esse fim foram possíveis por conta do investimento público. Eles investiram US$ 10 bilhões durante dez anos nesses projetos. No Brasil, não temos esse montante de dinheiro”, desabafa Finguerut. Hoje, o CTC detém um banco de germoplasma com 5 mil variedades da planta em teste. O objetivo do Centro, segundo Finguerut, é melhorar ainda mais as usinas, a variedade e a produção da cana usadas na obtenção de açúcar e etanol no país.


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Cerca de 40 usinas da região Centro-Sul do país fecharam as portas, afetando a produção do etanol. Com a produtividade em baixa e o consumo em alta, de

exportador, o país passou a importar o combustível. Em 2011, o Brasil importou 1,4 bilhão de litros de etanol, sendo 1,1 bilhão provenientes dos Estados Unidos, situação completamente oposta a 2008, ano em que o país exportou 5 bilhões de litros do produto. Para aliviar o cenário de crise da produção que se alongou até hoje, o governo federal anunciou, em abril deste ano, um pacote de medidas para auxiliar a recuperação do setor produtivo. Ainda não se sabe os reflexos das medidas, mas dados da Unica mostram que, de abril a 16 de agosto deste ano, o volume comercializado de etanol pela região Centro-Sul atingiu 9,64 bilhões de litros,

contra 7,61 bilhões no mesmo período de 2012. Os números apontam que a produção de etanol deste ano tem sido favorecida pela boa safra. Mas nem sempre as condições climáticas contribuem e volta e meia há quebra de safra, comprometendo o preço do produto e o abastecimento do mercado interno. Como o etanol de segunda geração não passa por efeitos sazonais, nem depende da renovação de canaviais ou ampliação da área plantada, espera-se que ele possa representar uma alternativa à produção de etanol da cana-de-açúcar para tornar o biocombustível mais competitivo frente à gasolina, desde que sua produção tenha baixo custo. n


Alexandre Bersot

44 REPORTAGEM DE CAPA

Revendedores do país inteiro relatam dificuldades no fornecimento de S10, com falta do produto em alguns casos. Porém, para ANP, Sindicom e Petrobras, não há problemas no abastecimento do diesel de baixo teor de enxofre

28 • Combustíveis & Conveniência


Por Gisele de Oliveira

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Uma das preocupações do setor de combustíveis parece estar acontecendo: não há diesel S10 suficiente para atender a demanda. Mas o motivo não é porque os postos revendedores não se prepararam para essa nova realidade, mas, sim, por conta da alta procura pelo combustível. Nos últimos meses, os revendedores de todo o país vêm detectando falha na entrega do diesel de baixo teor de enxofre. Alguns relataram que já ficaram sem receber o produto, o que tem causado transtornos em relação aos motoristas, principalmente os que têm veículos com motores Euro 5 e precisam, obrigatoriamente, abastecer com S10. A comercialização obrigatória do diesel de baixo teor de enxofre teve início em 2012, com o ingresso do S50 (50 partes por milhão) e a comercialização do S10 começou em janeiro deste ano, com o processo de transição do S50 para o S10 (10 partes por milhão). O diesel de baixo teor de enxofre exige cuidados especiais de todos os elos da cadeia, principalmente, no que se refere à armazenagem e ao transporte do produto. Considerado de última geração e sensível à contaminação, o combustível é decorrente da antecipação da fase P7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para reduzir as emissões de gases poluentes. Para garantir que o produto, de fato, fosse comercializado no país, Ministério Público Federal, ANP, Petrobras, montadoras e

Com o passar das semanas e o aumento dos pedidos, a entrega do diesel S10 acaba ficando comprometida no fim do mês

demais envolvidos na cadeia assinaram um acordo judicial, no final de 2008. Porém, na época, ninguém sabia ao certo o tamanho da transformação que estava por vir, se haveria, ou não, procura suficiente pelo novo diesel. Isto porque, embora qualquer veículo, velho ou novo, possa utilizar o combustível de menor teor de enxofre, seu custo é de R$ 0,12 a R$ 0,20 mais caro do que os demais comercializados no mercado atualmente, dependendo da região. A diferença do S1800 e S500 para o S50 em 2012, por exemplo, era em torno de R$ 0,03. Agora, oito meses após a entrada do S10, já é possível saber quais são os impactos no mercado: a procura por S10 está muito

elevada, se comparado o volume de entrega com o S50. De janeiro a julho deste ano, as entregas de S10 já somam 5.007 mil m3, um crescimento de 42% em relação a 2012. Atualmente, com o crescimento da demanda por S10, a revenda de combustíveis tem enfrentado falhas no abastecimento. “A situação está muito complicada aqui. Recebemos o produto alguns dias e outros não. E quando recebemos, não é o pedido total feito nas distribuidoras”, relatou Carlos Henrique Toledo, presidente do Sindicombustíveis de Alagoas. O mesmo vem ocorrendo em outras regiões do país, como em Pernambuco e no litoral de Santa Catarina, por exemplo. Em Santos (SP) e Combustíveis & Conveniência • 29


44 REPORTAGEM DE CAPA Petrobras garante que todo volume contratado pelas distribuidoras está sendo atendido e planeja com antecedência o abastecimento em todo o país

Agência Petrobras de Notícias

região, também há relatos de dificuldades no recebimento do diesel de baixo teor de enxofre. De acordo com José Camargo Hernandes, presidente do Sindicombustíveis-Resan, o problema tem sido maior com a BR Distribuidora, que chegou a suspender a entrega do produto em todos os postos da região no final de agosto. A Ipiranga e a Shell, segundo ele, também estão com problemas, mas em menor intensidade. “A questão é que a demanda por S10 superou, e muito, as expectativas. As informações que recebemos das próprias distribuidoras é que a Petrobras previu uma cota mensal para o abastecimento do produto e ela não está sendo suficiente. Se for isso mesmo, o problema vai se repetir nos próximos meses, até que a situação seja resolvida por completo”, afirmou Hernandes. O Resan, inclusive, já enviou ofício à ANP relatando o problema na região e pedindo soluções por parte da Agência. 30 • Combustíveis & Conveniência

A constatação no dia a dia dos revendedores é que chega o final do mês, as distribuidoras começam a falhar suas entregas ou mesmo não têm produto. A explicação para esta ocorrência é que a cota das distribuidoras é disponibilizada no início de cada mês, mas em decorrência da elevada demanda, a cota acaba antes. Por conta disso, nas últimas semanas do mês, tem ocorrido a falta do S10 no mercado, mesmo que as distribuidoras façam pedido à Petrobras, não há disponibilidade imediata do produto.

Procura elevada “Muitos proprietários de veículos antigos estão optando por diesel S10, mesmo sendo mais caro porque acreditam que é um produto mais eficiente e econômico. Por ser um diesel de melhor qualidade, eles atribuem que o combustível vai trazer melhor rendimento ao motor do veículo. Por isso, a demanda está crescendo

significativamente todo mês”, explicou Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis. As distribuidoras também estão sentindo na pele o transtorno causado pela grande procura do produto. De acordo com Luciano Libório, diretor de Abastecimento e de Regulamentação do Sindicom, as vendas do produto mantêm um ritmo de crescimento muito grande, o que tem dificultado na hora de definir o volume de combustível a ser comprado pelas distribuidoras. Além disso, explica ele, se a variação de aumento do combustível for muito acima do projetado, existe a dificuldade com a logística do produto, já que boa parte é importado, em torno de 50%. Assim, continua, mesmo que a distribuidora faça pedido adicional de compra do S10, não há garantia de que a entrega será feita no mês corrente à solicitação. Outro ponto salientado por Libório é o fato de o mercado contar


apenas com um único fornecedor, que é a Petrobras, o que acaba restringindo ainda mais o fornecimento do combustível. “Para as distribuidoras, não faz sentido não atender a demanda. Saber que existe uma demanda reprimida, mas não ter toda a infraestrutura, causa um estresse comercial enorme para as companhias, que precisam buscar diversas alternativas para superar os transtornos e atender o consumo crescente”, defendeu Libório.

Abastecido Apesar das dificuldades, o diretor do Sindicom afirma que o mercado está sendo atendido. Ele explica que o abastecimento de S10 pode estar irregular, mas não classifica como falta de abastecimento. “Entendemos o revendedor, que está sendo muito prejudicado, mas não podemos considerar esta situação como um desabastecimento. Se você chegar em Recife, onde tivemos grandes dificuldades, e percorrer os postos atrás do combustível, você vai encontrar o diesel em alguns desses estabelecimentos”, justificou. O superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral, também afirma que os desvios são mínimos e já estão sendo tratados pela Agência com os agentes do setor. De acordo com ele, a irregularidade no abastecimento se deve em função do crescimento elevado do consumo do diesel de baixo teor de enxofre, que, por ser um produto novo no mercado, traz maior dificuldade na previsão de demanda, tanto por parte das distribuidoras quanto pela Petrobras por meio de seus polos de abastecimento, o

que, consequentemente, pode provocar problemas pontuais no abastecimento. “Considerando as dimensões do Brasil e a complexidade da operação, que envolve adaptações em portos, refinarias, bases de distribuição e postos revendedores, podemos considerar a implementação do diesel de baixo teor de enxofre um sucesso no país. O produtor garantiu o atendimento do volume acordado com os distribuidores, respeitando as condições contratuais. No entanto, eventualmente, podem ocorrer problemas pontuais neste abastecimento. Para isso, estamos trabalhando conjuntamente com a Petrobras e os distribuidores, buscando formas para promover maior flexibilidade no abastecimento”, esclareceu Amaral. Entre as ações para minimizar os transtornos, estão a abertura de novos pontos de fornecimento, a reprogramação de navios

e investimentos adicionais na infraestrutura de distribuição. O superintendente diz ainda que o revendedor pode formalizar pedido de óleo diesel S50 ao distribuidor, caso esteja com dificuldades de recebimento do S10. Mas, se ainda assim, o produto não for fornecido, a situação deve ser comunicada, com máxima urgência, à Agência para que sejam tomadas as providências necessárias. Procurada pela reportagem da revista Combustíveis & Conveniência, a Petrobras respondeu por e-mail que “não há registro de falta de diesel S10 no país”. A estatal afirma que todo o volume contratado pelas distribuidoras está sendo integralmente atendido e que planeja, com antecedência, o abastecimento em todo o país, “promovendo os ajustes necessários com base nas informações recebidas dos demais agentes da cadeia de suprimento”.

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auquanto à s a i c n ú n ,ou De esel S10 i d o d sência evem laridades, d gu re ir is a eventu tro de as para o Cen d a h in m a c ser en or da ANP o Consumid m co es çõ a p e lo Rel gbk0c) ou / e .m e r g i (w w w .m 6 7. 00 970 02 te le fo n e 0 8

Combustíveis & Conveniência • 31


44 REPORTAGEM DE CAPA Para quem vive o dia a dia nos postos de combustíveis, os problemas com a falta de entrega do produto são recorrentes. Enquanto não se encontra a solução, o jeito é buscar alternativas. Edwaldo Nicoli, gerente da rede de postos Arco-Íris, em São Paulo, diz que, todo mês, a correria tem sido intensa para não faltar o diesel S10 nos estabelecimentos que atendem a região de Guaratinguetá. “O problema está no momento em que fazemos o pedido no sistema da distribuidora, que já acusa a falta do produto. Assim, somos obrigados a procurar alternativas, como antecipar os pedidos dentro da nossa capacidade de estoque e comunicar nossos clientes sobre a dificuldade, orientando-os a antecipar os abastecimentos nos tanques dos novos veículos ou priorizar a utilização dos antigos que não necessitam do novo diesel”, contou. Por enquanto, a estratégia é paliativa e tem dado resultado, pois a rede ainda não ficou sem o combustível nas bombas. Porém, os revendedores que vivenciam todos os meses a falta de entrega do combustível só terão tranquilidade quando o abastecimento for regularizado.

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32 • Combustíveis & Conveniência

Saiba mais sobre o abastecimento com S10 Por ser mais caro que outros tipos de diesel, alguns motoristas estão resistindo ao uso do S10 e, consequentemente, ao Arla-32. Por outro lado, há motoristas que estão optando por abastecer seus veículos antigos com o diesel de baixo teor de enxofre, pois acreditam que o combustível traz melhor desempenho e eficiência para o motor. Perguntamos ao presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku Júnior, quais os prós e contras dessas situações. Alguns motoristas de veículos com motores Euro 5 têm resistido quanto ao uso do S10 e Arla-32, optando pelo uso do diesel inapropriado ou negando o uso do aditivo, por exemplo. Quais os prejuízos para os motores destes veículos? Ao não seguir as recomendações de uso do diesel S10 e do Arla-32, o consumidor corre o risco de ter seu produto danificado e reduzir a durabilidade do veículo. Se não seguir as orientações, o consumidor perde a garantia do produto. O diesel S10 pode ser usado em outros motores sem ser o Euro 5? Sim, ele pode ser usado em qualquer motor e oferece ainda algumas vantagens, como menor desgaste dos anéis e cilindros, aumento da vida útil e menor deterioração do óleo lubrificante. Ao abastecer com o diesel de baixo teor de enxofre, o motor do caminhão não perde potência, melhora as características de combustão e reduz a emissão de fuligem e material particulado. Isso acontece porque o S10 mantém as características básicas de funcionamento do motor e traz ganhos em emissões de poluentes. Isso significa que o motor abastecido pelo S10 tem melhor desempenho e rendimento? Na verdade, as características do diesel S10 permitem melhor queima de material e mais aproveitamento do combustível, refletindo em melhoria de consumo e desempenho. Os motores Euro 5 precisam usar o Arla-32. Qual a importância em usar o aditivo no motor? Somente os veículos Euro 5 que possuem o sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR, na sigla em inglês) precisam usar o Arla-32. Neste sistema, o aditivo é pulverizado no gás de escapamento, ocorrendo uma reação química no catalisador que minimiza a geração de óxido de nitrogênio (NOx). Já nos caminhões equipados com o sistema Recirculação de Gases do Escapamento (EGR, na sigla em inglês), ocorre uma recirculação dos gases por meio da qual ele retorna à entrada, reduzindo a temperatura da combustão e eliminando a emissão de NOx. Neste tipo de tecnologia, é usual a utilização de sistema de turboalimentação e filtro de partículas no sistema de escape.


Divulgação

Por ter custo mais elevado que os outros tipos de diesel comercializados no país, muitos motoristas de veículos Euro V têm resistido ao abastecimento do S10 e ao uso do Arla-32

O outro lado Não é só a demanda elevada de diesel S10, e sua consequente falta nas bombas, que tem preocupado os revendedores. Alguns proprietários de postos de combustíveis vêm relatando a resistência de motoristas de veículos Euro 5 em abastecer com o novo combustível, assim como o uso do Arla-32. Por ser mais caro que os demais comercializados no mercado, os motoristas optam por abastecer com o diesel S500 ou S1800, produtos inadequados aos novos motores. Recentemente, o Sindicombustíveis-Resan alertou a ANP, por meio de ofício enviado no início de setembro, sobre a situação. No documento, a entidade diz que “os motoristas estão exigindo o fornecimento de diesel inapropriado em razão de seu valor”, sem se importar com as orientações recebidas no posto. O Sindicato se mostrou ainda preocupado com a questão devido à insegurança que traz ao revendedor, que “de um lado está sujeito à responsabilização pela ANP caso venha a negar o abastecimento e, de outro, à aplicação do Código de Defesa do Consumidor, em caso de eventuais problemas mecânicos aos veículos”. De acordo com Aurélio Amaral, da ANP, o consumidor tem liberdade de escolha e a Agência não possui regulamentação que especifique o uso do produto por consumidor final. “Recomendamos que a revenda varejista informe o consumidor da

melhor maneira possível, tomando as medidas cabíveis para evitar uma posterior penalidade, como pedir a assinatura de um termo de responsabilidade para abastecer com o produto que não é recomendado para o veículo”, sugeriu. O diretor Jurídico do Procon-RJ, Marcelo Moura, acredita que, se a informação sobre o combustível mais adequado ao motor do veículo for clara ao motorista desde o início, não há risco para o revendedor. “O ideal é que o motorista seja informado no ato da compra, e não somente no manual do veículo, sobre o diesel a ser utilizado para não trazer prejuízos a nenhum dos lados”, disse. Porém, a advogada da Fecombustíveis, Deborah Amaral dos Anjos, (confira o artigo júridico desta edição), ressalta que, mesmo que o consumidor tenha solicitado o abastecimento com o diesel impróprio, for atendido e, posteriormente, detecte problemas no motor, o revendedor pode, sim, ser acionado juridicamente. Por isso, a orientação da advogada é que o proprietário do posto cumpra a Resolução ANP 63/2011, que determina que os postos revendedores devem exibir adesivos em todas as bombas abastecedoras de óleo diesel e em local de destaque, com a seguinte frase: “Aos proprietários de veículo a diesel fabricado a partir de 2012 não abastecer, em nenhuma hipótese, com óleo diesel S500 e/ou S1800, sob pena de causar danos ao motor”. n

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44 NA PRÁTICA

Pagamentos móveis Com a aprovação da MP 615/2013, o pagamento de contas por meio de celulares e smarthphones será realidade no Brasil. A dúvida é: estamos preparados para esta tecnologia? Por Adriana Cardoso

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O pagamento por meio de dispositivos móveis, como celulares, tablets e smartphones, está bem próximo de se tornar realidade no Brasil e atinge diretamente o setor de comércio e serviços, como postos de gasolina. A MP 615/2013 – que trata, entre muitos outros assuntos, da regulação desse tipo de pagamento, já passou pela Câmara e Senado, e segue para ser sancionada pelo governo federal. Publicada em maio passado, a medida enfrentou resistência no Congresso, apesar de sua aprovação. Os parlamentares reclamaram do pouco tempo que tiveram para avaliar o texto, que incluía uma gama de assuntos desconectados entre si, como

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pagamento de auxílio a produtores de cana, transferência hereditária de táxis e o pagamento por meio de dispositivos móveis, entre outros. Quando da publicação da MP, o principal argumento do governo era permitir que o pagamento por meio desses dispositivos promovesse a inclusão financeira da população de menor renda, interligando-os a programas sociais, além de baratear os custos das operações de cartões pelos bancos. O texto da MP é resultado de trabalho conjunto entre Banco Central, Ministério das Comunicações e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A nova regulamentação foi recebida com ressalvas pelos donos de postos de combustíveis, especialmente em algumas regiões do interior do Brasil, onde as redes de telefonia e internet funcionam, muitas vezes, de maneira restrita. O vice-presidente do Sindicombustíveis do Pará, Mário Melo, conta que na capital, Belém, os postos não enfrentam dificuldades no pagamento com cartões de débito e crédito, mas no interior “o acesso é bastante precário”. Devido à deficiência no sistema, Melo orienta os revendedores a operarem com mais

de uma máquina de cartão, pelo menos três operadoras diferentes, para que o atendimento ao cliente não seja prejudicado. “Isso (pagamento) interfere diretamente no atendimento. Se tivermos algum problema (de conexão), o cliente vai para o concorrente.” Embora não tenha conhecimento da nova regra, Melo diz que, se o pagamento por meio de dispositivos móveis vier para ajudar a agilizar o serviço, será bem-vindo. Todavia, reclama das taxas cobradas dos cartões de débito (de 1,5% a 2%) e crédito (mais que 2%) e espera que a nova regra viabilize a negociação de tarifas menores com os bancos. Mas até que a cobertura da rede aconteça, a cobrança de taxas é assunto dos mais espinhosos para os revendedores. Para José Camargo Hernandes, presidente do Sindicombustíveis Resan, entidade que cobre 23 municípios da Baixada Santista e Vale do Ribeira, a tecnologia por meio de dispositivos móveis deve funcionar melhor nos centros urbanos mais desenvolvidos, como ocorre hoje com os cartões, mas, se baratear mesmo o custo da operação, torna-se uma excelente opção. Na opinião de Hernandes, o governo deveria trabalhar no sentido de fazer com que os bancos cobrem taxas menores dos cartões. “A redução de taxas incentivaria o uso de cartões de crédito e débito, diminuindo, assim, o volume de dinheiro


circulando na economia, evitando o risco de termos notas falsas, além do que teríamos menos riscos de assaltos. Além disso, possibilitaria ao governo ter um controle maior sobre o cruzamento de informações, o que traria resultados positivos para a Receita Federal”. Hernandes segue basicamente a mesma linha de raciocínio do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, quando da publicação da Medida, em maio passado. Entre os principais objetivos está estimular a redução de taxas nas operações por parte dos bancos, consideradas “altíssimas” pelo ministro, e estimular negócios no interior do país. Além disso, o país vive uma contradição: numa ponta, tem 267 milhões de celulares para uma população de 200 milhões de habitantes, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgados em agosto. Na outra, segundo levantamento feito pelo Data Popular em maio passado, 55 milhões (cerca de 40%) não tinham conta em banco até aquela data. Está aí uma das explicações para o mobile banking não ter chegado por aqui com força. As tarifas cobradas pelos bancos fizeram com que Daniel Locatelli, administrador da rede de postos Aldo, abolisse o pagamento por cartões de débito e crédito. “São taxas abusivas, o cartão (de crédito) cobra 3,5%”, critica. Com postos de rodovia no Mato Grosso, São Paulo e Paraná, Locatelli também aponta a falta de qualidade nas redes de telefonia em algumas localidades. A assessoria do Banco Central diz que somente quando a medida for regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é que

ficará claro quais serão as atribuições da instituição. Atualmente, o BC não interfere na cobrança de taxas de cartões pelos bancos, o que pode dar uma pista de como funcionará o regime de pagamento por meio de dispositivos móveis. Mas, pelo texto aprovado, caberá ao BC disciplinar os arranjos de pagamentos, autorizar as instituições que atuarão no setor, estabelecer limites operacionais mínimos e fixar as regras sobre a cobrança de tarifas. Em novembro do ano passado, antes mesmo de a MP ser anunciada, a operadora Claro e o Bradesco anunciaram parceria no segmento de pagamentos móveis, que inclui a criação de um cartão pré-pago vinculado a uma linha de celular. Por meio de tecnologia sem contato, o dispositivo permite transações simplificadas, troca de dados e conexões sem fio entre dois dispositivos próximos. A Mobile Financial Service, joint venture formada pela Telefonica International e pela MasterCard Worldwide, lançou em maio passado para os clientes da Vivo, o Zuum, serviço de pagamentos via celular que está em testes nas cidades de Osasco, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Jundiaí e Guarulhos (SP) e em

Belo Horizonte (MG) e que deve alcançar cobertura nacional em 2014. A Anatel informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está trabalhando para cumprir o cronograma previsto no edital que trata da cobertura 4G, especialmente nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. “O Edital de 4G – Edital de Licitação n.º 004/2012/PVCP/SPV – Anatel (Edital ‘Banda Larga Rural e Urbana’) – estabeleceu diversos compromissos de abrangência relativos às áreas rurais e regiões remotas. Estes compromissos têm, entre suas finalidades, permitir a inclusão digital e a social, ao estabelecer obrigações que exigem a ampliação progressiva da penetração de serviços de telecomunicações de voz e de dados nessas áreas, a preços acessíveis, através do SMP ou da telefonia fixa associada ao Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), que é o serviço de banda larga fixa.” O prazo para atendimento de todos os municípios dessas regiões, segundo a Agência, é 31 de dezembro de 2015. A Anatel também garantiu que vem acompanhando, trimestralmente, planos de melhoria das prestadoras do serviço móvel pessoal. n Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA

Alta rotatividade Não é de hoje que os empresários da revenda sofrem com as constantes saídas de funcionários. Com a aproximação dos grandes eventos esportivos, o setor da construção civil é um dos que mais absorve a mão de obra dos postos. Porém, pequenas mudanças de gestão podem minimizar o problema Paulo Pereira

O grande atrativo para quem deixa os postos em busca de uma vaga na construção ou outros segmentos é a carga horária

Por Adriana Cardoso O crescimento econômico brasileiro e o consequente aquecimento na oferta de vagas no mercado de trabalho trouxeram uma dor de cabeça a mais para os revendedores. Embora a rotatividade de funcionários seja inerente ao setor, é quase unanimidade: o entra e sai de funcionários nunca foi tão alto. “É um absurdo a quantidade de carteiras (de trabalho) quase que diariamente na minha mesa. Antes, eu ficava meses sem ter uma rescisão”, desabafa Maria Aparecida Siuffo Schneider, vice-presidente da Fecombustíveis e proprietária da rede de postos 36 • Combustíveis & Conveniência

Record. Ao todo, ela administra seis postos com um total de 257 funcionários distribuídos entre pista, administrativo, lojas de conveniência e franquias do Bob’s. Atualmente, a empresa tem registrado ao menos duas saídas de empregados das lojas e uma da pista por mês. Boa parte das perdas, segundo Maria Aparecida, vai para o setor de construção civil, um dos que mais cresce no país, aquecido especialmente pelo fato de o Brasil sediar grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,9% em 2012, o

da construção subiu 4%. Estudo realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que, a cada R$ 1 milhão investidos no setor, são gerados 58 empregos, sendo 33 diretos e 25 indiretos. O grande atrativo para quem deixa os postos em busca de uma vaga na construção ou em outros segmentos é a carga horária. “A construção dá folga semanal, enquanto os postos funcionam 24 horas. Não tenho como não funcionar 24 horas, por isso, trabalhamos com muitos turnos”, explica Maria Aparecida. Com a rotatividade, o que era exceção virou regra: a rescisão dos contratos de trabalho virou despesa fixa, ampliando ainda mais os gastos. Atualmente, a folha de pagamento representa de 30% a 50% (incluindo gastos com benefícios) – às vezes mais – do total da margem bruta de um posto. Além disso, há gastos com uniformes, treinamento e obrigações características do setor da revenda, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional (PCMSO), que devem ser renovados anualmente. O setor também vem passando por ajustes para cumprir as determinações previstas na NR 20, que foi atualizada de acordo com padrões internacionais


Marcus Almeida

de prevenção de acidentes na movimentação de inflamáveis e combustíveis. Em geral, o treinamento de um novo funcionário dura uma semana, mas muitos desistem no meio do caminho após constatarem que não têm o perfil ou simplesmente não querem o trabalho. Esse ciclo dificulta a formação adequada de uma boa mão de obra que traga excelência à prestação do serviço. Para Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, os donos de postos ficam de mãos atadas, pois não há muito a oferecer. “Além de ser uma profissão com baixa especialização, as funções correspondem a uma empresa pequena, horizontal, com frentista, encarregado e gerente. Não tenho como oferecer um plano de carreira”, diz. Hashimoto administra um total de 70 funcionários espalhados em três postos. Também vem enfrentando problemas com a rotatividade e diz que, só quando o funcionário é muito bom mesmo, tenta segurá-lo. “Não demitimos ninguém. Se a pessoa quer sair, vai fazer por vontade própria”, afirma. Para repor a mão de obra perdida, recorre normalmente ao boca a boca, recurso que considera mais confiável. A falta de perspectivas futuras associada à baixa qualificação fazem com que a profissão seja encarada como um “quebra-galho”, na opinião do presidente do Sindestado-RJ, Ricardo Lisbôa Vianna. A quase inexistente oferta de cursos de qualificação para o setor, aponta ele, é um dos grandes problemas. “Como não há qualificação, nos sobram os excluídos de outros

Perder um funcionário tem um custo alto que não é só medido em dinheiro. A pior perda é no atendimento ao cliente

setores. Eles (os empregados) estão ali enquanto não aparece outra coisa”, diz Vianna, que cobra dos sindicatos de trabalhadores iniciativas no sentido de qualificar interessados em trabalhar nesse segmento.

Estratégias O ex-frentista e hoje consultor de treinamento de funcionários para postos de combustíveis, Marcelo Borja, alerta os empresários de que a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 já estão turbinando o mercado de trabalho da construção civil. “Muitos empreendimentos vão absorver essa mão de obra (dos postos)”, prevê Borja. Diante de uma situação tão estrangulada, o que fazer então? Se não há como reinventar a roda, o importante é modificar as engrenagens. “A maioria dos donos de postos usam os mesmos métodos utilizados antes do aquecimento da economia. O

processo vem do começo. Muitos selecionam mal os candidatos, não avaliam a experiência, se a pessoa tem perfil, além de contratarem só quando precisam”, observa Borja. Num mundo onde até protestos são marcados pelas redes sociais - capazes de mobilizar milhões ao mesmo tempo -, é preciso que os postos se atualizem, avalia o consultor. Daí a importância de contar com toda a sorte de instrumentos, desde o boca a boca a jornais, agências de empregos, cartazes no local, em igrejas e centros comunitários, e também internet. Além de aumentar a fonte de recrutamento, vale inchar a máquina. Na avaliação do consultor, sai mais barato contratar extras, pois haverá mais tempo para treiná-los o suficiente para que tragam qualidade ao serviço, em vez de preencher as vagas às pressas. Combustíveis & Conveniência • 37


Perder um funcionário tem um custo muito alto, que não é só medido em dinheiro. Além dos gastos com desligamento de um e com a integração de outro, a pior perda, na opinião de Borja, é no atendimento. “Deixamos de entregar ao cliente na pista, na loja ou na troca de óleo um atendimento padronizado, com excelência operacional, e o cliente percebe isso. Cliente mal atendido volta só se for por emergência. Na dúvida, busca outro posto”. Entender as razões que levam o funcionário a querer deixar o emprego pode ser muito saudável, do ponto de vista de gestão, recomenda o consultor.

Nova gestão Dentro das medidas modernas de gestão, uma está em evidência: a fidelização de funcionários por meio de pequenas recompensas. E não precisa (nem deve) ser necessariamente em dinheiro. “Existe o ativo intangível que é inegociável. Esses ativos são o tratamento com respeito, lembrar do funcionário no dia de seu aniversário, oferecer um fim de semana numa pousada para ele e sua mulher, enfim, medidas simples que farão com que ele se sinta importante na empresa”, enumera Borja. Atualmente, essa medida é importante, pois, com o mercado de trabalho de baixa qualificação mais aquecido, funcionários que não recebem um bom tratamento, especialmente aqueles com problemas com a gerência, vão buscar locais que lhes ofereçam, além de carga horária mais flexível, um ambiente onde sejam mais respeitados e reconhecidos, requisitos que, na maioria das vezes, são levados 38 • Combustíveis & Conveniência

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Entender as razões que levam o funcionário a querer deixar o emprego pode ser muito saudável do ponto de vista de gestão

mais em consideração do que o dinheiro. As constantes saídas de funcionários fizeram com que Claudio Rech, diretor-financeiro dos Postos Capoani (RS), investisse num departamento de recursos humanos na tentativa de otimizar as contratações, desde que as indústrias de grande porte aportaram na região. O problema dele é o mesmo enfrentado por Maria Aparecida Siuffo Schneider: como os postos funcionam 24 horas, os empregados buscam carga horária mais flexível em outras empresas. Neste ano, a situação foi agravada pelo rigoroso inverno nas Serras Gaúchas, com direito a neve. “Ninguém quer trabalhar na pista no frio”, brinca Rech, que está em vias de abrir o quinto posto na região, totalizando cem funcionários. Os gastos com a folha de pagamento, segundo ele, ficam entre 40% e 50% da margem bruta. Junto com o setor de RH (atualmente, as contratações são feitas com a ajuda de

duas psicólogas), Rech vem adotando novas estratégias de gestão no sentido de “mimar” os bons funcionários. Além do salário bruto de R$ 805 mais adicional de periculosidade e percentual em vendas, ele paga 100% do plano de saúde e oferece outros benefícios, como auxílio-farmácia. Também instituiu o “cliente oculto”, sistema por meio do qual uma assessoria contratada avalia o atendimento prestado pelos funcionários. “Faço uma reunião mensal com eles para mostrar o resultado da pesquisa e, então, premiamos aquele cuja nota foi maior”, diz. Outras estratégias também vem sendo estudadas, como presentes no dia do aniversário e visitação da família do funcionário ao seu trabalho, tudo na tentativa de integrá-lo e fazê-lo sentir-se valorizado e em casa. Ao que parece, as medidas deram resultado. “Antes, 10% (do quadro) ficavam seis meses. Hoje, consegui aumentar para 1,5 ano a 2 anos a média de tempo de casa”, comemora. n


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44 NA PRÁTICA

Sucção x pressão? Mais econômicas, com boa capacidade de vazão e baixo índice de manutenção, as bombas submersas ainda são pouco utilizadas no Brasil. Por outro lado, as bombas de sucção são largamente adotadas na revenda, sua manutenção é mais frequente, mas, em caso de necessidade de reparo, não há risco de interrupção do abastecimento Paulo Pereira

Bombas submersas foram apresentadas durante a Expopostos & Conveniência 2013

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Por Rosemeire Guidoni Pouco usadas no Brasil, mas consideradas primeira escolha em países europeus e nos Estados Unidos, as chamadas bombas submersas, ou submersíveis, são equipamentos instalados dentro do tanque de combustíveis, ligados a linhas pressurizadas que levam o produto até os dispensers no posto. A instalação para uso deste tipo de bomba é reduzida, pois a mesma linha pode chegar a vários dispensers instalados na área de abastecimento. Ou seja, uma única bomba empurra o combustível para a linha pressurizada, que o transporta aos diversos equipamentos da área de abastecimento. Esta linha, na verdade, tem camada dupla, composta pela linha primária e outra linha externa de proteção. Apesar desta duplicidade, tal instalação ainda é mais barata. De acordo com Alexandre Dias, gerente de produto da Gilbarco Veeder-Root, que oferece a bomba submersa Red Jacket, o custo atual de instalação de uma tubulação convencional (em PEAD) fica em torno de R$ 25,00 o metro. Já o custo de uma linha pressurizada chega, em média, a R$ 35,00 o metro. “Com as linhas pressurizadas, a quantidade de tubulações subterrâneas é reduzida, já


que podemos ter uma única linha por produto alimentando vários dispensers, ao contrário das instalações convencionais, onde cada unidade bombeadora de cada unidade abastecedora exige uma linha específica por produto. Assim, basta fazer a conta, apesar de ter um custo por metro maior do que a linha convencional, a pressurizada representa uma economia no momento da instalação”, explicou. Segundo Dias, há até mesmo uma economia com as conexões, visto que a linha pressurizada requer em torno de quatro ou cinco conexões a menos. “Se não for mais econômica, a instalação é, no mínimo, equivalente à convencional”, acrescentou. No entanto, esta mesma vantagem de preço pode levar a um dos fatores impeditivos em relação ao uso da bomba submersa no Brasil. Afinal, supondo que o posto tenha um tanque para cada produto que comercializa, e cada tanque tenha uma única bomba submersa com a linha pressurizada levando aos dispensers na pista, em caso de um eventual problema na bomba submersa, o abastecimento daquele com-

Pressão

Sistema de bombeamento submersível

bustível em questão pode ser interrompido. “Se ocorrer um defeito em uma bomba de sucção que, de fato, é mais cara, basta fazer a manutenção e interditar aquele bico. Se, por outro lado, acontecer um problema na bomba submersa, todo o abastecimento daquele combustível no posto corre o risco de ser interrompido”, lembrou Cristian Bazaga, gerente de produto e marketing da Wayne. Em outras palavras, cada equipamento na área de abastecimento tem uma unidade bombeadora independente, ao contrário dos dispensers utilizados em linhas pressurizadas. Em caso de problema, basta interromper o funcionamento de um equipamento apenas, enquanto que, na linha pressurizada, todos os dispensers a ela ligados param de funcionar. “Este é um dos fatores que o empresário precisa levar em consideração no momento de projetar seu posto. Embora exista uma economia na instalação, há risco de prejuízo, caso aconteça algum problema no equipamento”, afirmou. Dias, da Gilbarco, considera que há alternativas para minimizar este tipo de problema. “Podem

ser instaladas duas bombas submersas no mesmo tanque, por exemplo, ou a estrutura do posto contar com dois tanques (ou compartimentos) para cada produto comercializado. E, de qualquer forma, este tipo de bomba demanda muito menos manutenção do que a bomba de sucção”, destacou. Vale lembrar também que, se o problema for detectado em um dispenser, é possível interromper somente a alimentação de combustível ligada a ele, enquanto que o restante da linha permanece funcionando normalmente. Além da Gilbarco Veeder-Root, a Fe Petro, que, no Brasil, é comercializada pela Franklin Fueling Systems, também oferece este modelo de bomba submersível. Além do aspecto econômico, que é controverso, há vantagens e desvantagens na opção por cada tipo de equipamento. Confira a seguir as opiniões dos especialistas.

Manutenção As bombas de sucção exigem manutenção com mais frequência do que os modelos do tipo submerso. Porém, para sua

Sucção

Sistema de sucção

Fonte: Gilbarco Veeder Root

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44 NA PRÁTICA manutenção, basta interromper o fornecimento de combustível do bico correspondente àquela bomba, o que não ocorre com os modelos submersos. Por outro lado, há bombas submersas em operação em postos no Brasil há mais de 15 anos, sem que tenha ocorrido necessidade de manutenção. A explicação seria o fato de o próprio combustível refrigerar o motor do equipamento, além de a bomba nunca trabalhar forçada, ou seja, ela não tem de puxar o produto do tanque até cada dispenser, apenas empurrá-lo para que a linha mantenha-se pressurizada. Porém, se ocorrer a necessidade de manutenção na bomba submersa, o maior risco é que

todos os dispensers ligados à linha podem ficar impedidos de operar. No caso, apenas o motor da bomba (conjunto moto-propulsor) é retirado, através da boca de visita do tanque. Como a bomba propriamente dita permanece no local, o teste de estanqueidade não precisa ser revalidado, visto que a retirada de apenas uma parte do conjunto não compromete a estanqueidade do sistema. O teste só é necessário se todo o conjunto for retirado.

Segurança A linha pressurizada é considerada mais segura, pois é composta por duas camadas. Assim, no caso de ocorrência de vazamento, a segunda camada impede a contaminação do solo.

O maior risco da bomba submersa, quando chega o período de manutenção, é que todos os dispensers ligados à linha podem ficar impedidos de operar

Gilbarco Veeder Root

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Sensores integrados ao sistema podem detectar qualquer vazamento. Além disso, como a linha é pressurizada, qualquer pequeno vazamento é logo detectado, pois o sistema todo perde a pressão. Vale destacar que a bomba submersa dispõe de uma válvula de alívio de pressão, garantindo que a pressão do sistema nunca ultrapasse a pressão nominal.

Vazão As linhas pressurizadas com bombas submersas são muito usadas em usinas, marinas e locais onde é necessária alta vazão. O sistema que utiliza o equipamento submerso permite vazão constante, a qualquer horário do dia, seja com calor ou frio. Por conta da alta vazão, inclusive, tais bombas são indicadas para situações em que os tanques estejam instalados em local distante das ilhas de abastecimento. Com as bombas de sucção, a recomendação é que a distância entre o tanque e a bomba não seja maior que 20 metros e a altura manométrica máxima não ultrapasse 3,5 metros a partir da base da bomba de abastecimento até o fundo do tanque. Mas, no caso das submersas, não há esta exigência. Por esta razão, postos de estrada são candidatos perfeitos para o uso deste sistema: além das distâncias maiores, o abastecimento de caminhões exige equipamentos de alta vazão, e tais postos costumam ter maior número de tanques, o que eliminaria o risco de interrupção completa do abastecimento em caso de problemas. Porém, o sistema pressurizado não é compatível com filtros-prensa. Neste caso, o projeto do posto


precisa contemplar o uso de filtros coalescentes.

Consumo de energia Uma bomba submersa conta somente com um motor, enquanto, no modelo por sucção, cada equipamento pode ter de 1 a 4 motores por bomba. Supondo uma situação em que o posto revendedor tenha quatro bombas de abastecimento, com oferta de dois produtos em cada, no modelo por sucção, serão necessários oito motores, com 1 HP cada. Segundo Dias, da Gilbarco, duas bombas submersas de 2 HPs atendem este modelo perfeitamente. Estima-se que o uso de sistemas pressurizados reduza o consumo de energia em 8%.

Reforma No caso de uma reforma no posto, o revendedor pode optar pela troca do sistema de sucção pelo modelo pressurizado. Para isso, será necessário substituir a tubulação utilizada pelo modelo com proteção secundária, ou, como opção, passar outra tubulação por dentro da existente, para que o sistema fique com dupla camada. Nem sempre esta solução é a ideal, portanto, deve-se pesar as vantagens e desvantagens.

Uma das razões que, talvez, tenha influenciado o menor uso da bomba submersa no Brasil foi a obrigatoriedade de instalação de densímetros nas bombas de etanol. Como a linha é toda pressurizada, não havia a possibilidade de passagem do produto pelo copo densímetro e o retorno para o tanque de forma segura.

Paulo Pereira

Uso para venda de etanol

Porém, durante a Expopostos deste ano, a Gilbarco apresentou ao mercado uma solução para atender à exigência. Trata-se de uma microválvula que permite a entrada do etanol de forma contínua no densímetro. Depois,

o etanol retorna diretamente para o tanque de combustíveis. Neste caso, entretanto, há uma desvantagem, pois é necessário prever no projeto do posto outra tubulação para o retorno do etanol. n Combustíveis & Conveniência • 43


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Divulgação CPFL Energia

Sustentabilidade sobre rodas Menos poluentes, os veículos elétricos ainda têm um longo caminho pela frente até deslancharem no Brasil. Uma das grandes barreiras ainda é o alto preço, que só vai se tornar mais atraente aos olhos do consumidor quando houver maior incentivo governamental Por Rosemeire Guidoni Até um passado recente, uma série de barreiras limitava o interesse do consumidor pelos veículos elétricos: falava-se de um longo tempo de recarga, baixa autonomia e dificuldades ambientais ligadas ao descarte de baterias. Hoje, estes fatores não representam mais um problema, pois a indústria automotiva vem investindo no segmento e apresentando soluções para atrair o interesse do consumidor. Os fabricantes estão apostando em tecnologias para melhorar o desempenho e o design dos veículos, e já dispõem inclusive de 44 • Combustíveis & Conveniência

opções de locação de baterias. A autonomia já é melhor (160 km em média, dependendo do tipo de percurso, mas, em cerca de dois ou três anos, a Nissan já promete lançar baterias com autonomia de 450 km e o tempo de recarga também. Porém, a popularização destes veículos no Brasil ainda esbarra no alto preço – que pode chegar a R$ 210 mil, caso do Leaf, da Nissan. O que encarece estes veículos, dizem os fabricantes, além do fato de não serem produzidos ainda no Brasil, é a alta taxa do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). “A definição de IPI no Brasil é feita de acordo

com o motor do veículo. Assim, enquanto um veículo com mil cilindradas, um dos mais vendidos no país, paga 7% de IPI, o carro elétrico, por não estar previsto na legislação, se enquadra na categoria outros, e, por isso, tem incidência de 25%”, disse Antonio Prataviera Calcagnotto, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e diretor de relações institucionais da Renault-Nissan, durante o 9º Salão Latino Americano do Veículo Elétrico, realizado de 10 a 12 de setembro na capital paulista. “Com o IPI quase quatro


Sem risco de energia Durante o evento, o carregamento dos veículos elétricos também foi apontado como um dos mitos que impede a sua popularização. Afinal, se a autonomia ainda é considerada pequena, é necessário que o consumidor tenha segurança de que vai conseguir carregar o veículo onde estiver. Mas os especialistas consideram que este não é um obstáculo, pois, além de os veículos

Rosemeire Guidoni

vezes mais elevado, é difícil ter preço competitivo, mesmo que a produção dos veículos fosse nacional”, completou. A produção nacional, inclusive, foi um dos temas discutidos durante o painel “Veículos Elétricos – Mito e Realidade”, do qual participaram, além de Calcagnotto, o representante da Toyota, Ricardo Machado de Bastos, e da Fiat, Leonardo Cavalieri. Segundo eles, esta é uma questão complexa, porque se não há demanda, as fábricas acabam optando por não produzir aqui; mas, se não há preço competitivo, também não se cria a demanda. “É uma questão que temos de equacionar. Não queremos só importar, queremos produzir aqui. É normal que o Governo conceda incentivos a outras fontes e os veículos elétricos são essenciais no contexto de discussão de mobilidade urbana, pois um dos piores problemas nas grandes cidades é a poluição”, disse Bastos. “As novas tecnologias devem tornar o veículo mais atraente ao consumidor e, com estímulos governamentais para redução de impostos, o preço pode se tornar mais competitivo. No exterior, muitos países reduzem, ou até mesmo zeram os impostos, para incentivar esta tecnologia”, observou Calcagnotto.

9º Salão Latino Americano do Veículo Elétrico apresentou diversos modelos ao público e promoveu a discussão do setor

poderem contar com a tecnologia híbrida (podem funcionar tanto com gasolina quanto com eletricidade), o carregamento é simples. Embora o Brasil ainda não disponha de infraestrutura de postos de carregamento distribuídos nas principais cidades, nada impede que o veículo seja carregado na própria casa do consumidor, ou em seu local de trabalho. Para tanto, basta uma tomada de 220V. “Neste caso, a carga é mais lenta, cerca de seis horas, mas pode ocorrer sem maiores dificuldades”, garantiu Cavalieri. Algumas construtoras, como a Tecnisa, já estão adaptando tomadas nas garagens em seus novos empreendimentos, de modo a garantir a facilidade de carregamento de veículos pelos moradores no futuro. E isso não compromete o sistema energético do país. De acordo com Celso Novais, da Itaipu Binacional, mesmo que 10% da frota atual (considerando não somente os veículos elétricos, mas todos os motores) passassem a utilizar energia elétrica, o aumento de consumo seria da ordem de 0,3% apenas. “Não há risco de o aumento da demanda por energia causar um colapso energético. Pode até ocorrer algum incômodo, mas

não existe risco, já fizemos vários estudos e o impacto é pequeno”, afirmou Novais. Segundo ele, esta é uma questão que pode ser gerenciada. “No período entre zero hora e seis horas, temos quase nada de consumo. Seria o horário ideal para o consumidor fazer o carregamento da bateria”, destacou. Além disso, em alguns países, como Portugal, os consumidores são estimulados a usar a energia excedente de seus veículos elétricos em sua própria residência, levando a energia da bateria novamente para a rede.

Mobilidade urbana É fato que, mesmo que os veículos com motores a combustão sejam substituídos por elétricos, um dos grandes problemas urbanos atuais, o trânsito, vai continuar, já que a quantidade de carros nas ruas permaneceria a mesma. Mas o conceito de mobilidade urbana envolve diversos aspectos, entre eles a poluição do ar e o comprometimento da saúde pública. E os veículos elétricos, indiscutivelmente, são menos poluentes, já que não emitem os gases de efeito estufa, como o gás carbônico (CO2). Por isso, o uso dos veículos com motor elétrico para o transporte de Combustíveis & Conveniência • 45


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Rosemeire Guidoni

Derivados de petróleo x elétricos

pessoas e cargas é visto como uma alternativa sustentável. Ônibus elétricos híbridos já são produzidos no Brasil, pela Volvo e pela Eletra. O Híbribus, da Volvo, é movido por dois motores, um deles abastecido por energia elétrica e, outro, por biodiesel. Além de ser menos poluente, o ônibus elétrico é silencioso porque o motor elétrico é usado no arranque, etapa que provoca mais barulho nos ônibus convencionais. O motor a biodiesel entra em funcionamento em velocidades superiores a 20 quilômetros por hora, e é desligado quando o veículo está parado. O ônibus consome 35% menos combustível e mostra redução de 35% na emissão de CO2, em relação a veículos com motores Euro 3. Oferece também redução de 80% de óxido de nitrogênio (NOx) e de 89% de material particulado (fumaça). A Eletra, por sua vez, responde pela fabricação do HíbridoBR e do Trólebus articulado. Nestes veículos, há um motor elétrico, responsável pela movimentação, e um motor diesel, que, além de ser menor que o aplicado a um ônibus diesel similar, opera em rotação constante, reduzindo a 46 • Combustíveis & Conveniência

emissão de poluentes, pois, nas acelerações, é o motor elétrico que atua. Em cada parada para entrada de passageiros ou de semáforos, o grupo motor gerador recarrega as baterias. José Evaldo, subsecretário de transportes da Prefeitura de São Paulo, uma das cidades que mais sofre com a questão da mobilidade, afirmou que todos os dias são feitas 18 milhões de viagens motorizadas no município, das quais 2,2 milhões são viagens de metrô e 8,2 via ônibus urbanos. “É necessário desenvolver o transporte coletivo e estimular seu uso. Mas o fato de utilizar formas limpas de energia já significa um ganho muito grande para a cidade”, destacou. Segundo ele, 40% da poluição de São Paulo provêm da frota de veículos a diesel (caminhões e ônibus). “A substituição por fontes menos poluentes é fundamental”, disse, mencionando que, a partir de 2018, a capital paulista não deverá mais ter ônibus que utilizem fontes derivadas do petróleo em circulação. “Trata-se de uma legislação bastante ousada, mas temos de nos esforçar para atendê-la”, declarou.

O professor titular de direito financeiro e tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), José Marcos Domingues, destacou que o problema de mobilidade é grave e considerou que faltam políticas públicas para estimular melhorias. “Além da questão tributária, não se tem quase nada de infraestrutura para os veículos elétricos. Estamos já no 9º congresso discutindo tecnologias para veículos elétricos e, neste período, pouco foi feito pelo governo”, afirmou. Segundo ele, deveria haver maior estímulo para a criação de infraestrutura para os veículos que necessitam de eletricidade. “Os municípios poderiam, por exemplo, reduzir o IPTU de construções que tenham estrutura para carregamento destes veículos”, sugeriu. “Além disso, deveria haver desconto no IPVA destes carros e redução no ICMS. Sem estímulo por parte do governo, este mercado não vai deslanchar”, acrescentou. Segundo Calcagnotto, mesmo que ocorra maior incentivo, os motores a combustão continuarão com grande espaço no mercado. “As tecnologias vão conviver harmonicamente, mas, mesmo considerando um cenário pessimista, com petróleo caro e escasso, ainda haverá espaço para motores movidos com fontes derivadas de petróleo ou renováveis”, afirmou. O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Erber, também aposta nas diferentes alternativas, sem conflito. “Vai ter espaço para todos, com demanda por combustíveis fósseis e renováveis”, finalizou.


Primeira frota de táxis elétricos suprindo essa energia renovável também para nossos consumidores, clientes e para a sociedade em geral”, disse José Lima de Andrade Neto, presidente da BR, durante a cerimônia de entrega dos veículos. n Bruno Mendes/Divulgação BR

No dia 11 de setembro, um evento realizado no Posto Escola Lagoa, da BR Distribuidora, no Rio de Janeiro, marcou a entrega de 13 unidades do Nissan Leaf à prefeitura da cidade. Desde março deste ano, dois táxis do tipo, que não emitem poluentes ou ruídos, já circulam na capital fluminense a partir do Aeroporto Santos Dumont. Agora a frota foi reforçada com as novas unidades. O Posto Escola Lagoa já dispõe de estrutura para recarga rápida dos veículos, mas a BR planeja ampliar os pontos para carga. A empresa pretende inaugurar um equipamento idêntico no Posto do Futuro, na Barra da Tijuca (RJ), em outubro. E estão em estudos mais dois pontos para carga de veículos elétricos na cidade do Rio de Janeiro. “É uma satisfação apoiar essa iniciativa. Queremos estar juntos, dando os passos para ampliar a estrutura de abastecimento para os novos carros,

A frota de táxis do Rio de Janeiro recebe reforço com a entrega de 13 veículos elétricos à prefeitura

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Fornada de bons negócios Uma linha diversificada de pães, sanduíches e bolos preparados na loja complementa o mix e conquista o paladar dos consumidores. No entanto, a operação de uma padaria também representa um custo extra com mão de obra e adequação às regras sanitárias

Por Rosemeire Guidoni A panificação está entre os maiores segmentos industriais do país. No ano passado, o índice de crescimento das empresas do setor foi de 11,6%, com um faturamento de R$ 70,29 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Abip). O Programa de Desenvolvimento da Alimentação, Confeitaria e Panificação (Propan), que atua junto às empresas oferecendo treinamentos e consultorias em parceria com a Abip, por sua vez, divulgou que, em 2012, as padarias brasileiras receberam cerca de 44 milhões de clientes. E a entidade destaca que

os novos serviços introduzidos no setor, principalmente aqueles ligados ao food service, foram responsáveis por cerca de 36% deste crescimento. Os números sinalizam que os investimentos neste setor têm grande potencial. Ainda mais se a padaria atender também a outra exigência do consumidor moderno, a conveniência. Afinal, todas as pesquisas mostram que o consumidor busca compras rápidas, em local de fácil acesso, em qualquer horário do dia ou da noite, com a possibilidade de adquirir também algum item de emergência. Muitas lojas de conveniência já perceberam esta oportunidade de negócio e entraram no

setor de panificação, seja em uma operação simplificada, apenas com fornos para assar pães congelados ou com cozinha no local. Apenas a título de exemplo, somente na rede am/pm, da Ipiranga, uma das bandeiras que mais estimula o investimento em padarias, as lojas com algum serviço de panificação já somam 170 unidades. De acordo com Jerônimo dos Santos, diretor de varejo e marketing da bandeira, as lojas da rede contam com padarias instaladas em áreas a partir de 50 m², com mix completo de pães, salgados, sanduíches, sobremesas e cafés, além de atendimento específico para este serviço. “É um modelo de

Paulo Pereira

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Como escolher Em função do espaço quase sempre reduzido das lojas de conveniência, a escolha pelo modelo compacto (baseada em pães congelados) costuma ser a mais comum. Mesmo utilizando o pão congelado, há duas opções de serviço:

Markos Fortes/Arquivo BR

negócio pioneiro no segmento, e que tem trazido grande retorno para as lojas de conveniência”, destacou. Segundo ele, o faturamento de uma loja com padaria é sempre maior do que o de uma loja am/pm sem padaria, já que o mix de alimentação ofertado é maior. Na rede BR Mania, da BR Distribuidora, a implantação das padarias também não é novidade. Porém, via de regra, a bandeira orienta as lojas da rede a instalarem apenas um modelo de serviço mais compacto, baseado em pães congelados, que são assados na própria loja. “A padaria BR Mania é um serviço da loja que agrega um mix variado de pães, como pão francês, baguetes, pães doces, ciabatta, brioches e outros. A operação é simples e prática, a equipe da loja passa por um treinamento com consultor especializado na área, que capacita os promotores no preparo e cuidados com os produtos. Desta forma, oferecemos pães quentinhos a toda hora. Uma solução conveniente, suprindo em um único lugar os produtos para o dia a dia”, explicou Adão do Nascimento Pereira, gerente de Lojas de Conveniência da rede. Em sua avaliação, apesar do modelo mais compacto, a presença dos itens de padaria pode incrementar o faturamento da loja entre 35% e 45%.

A presença dos itens de padaria pode incrementar o faturamento da loja de conveniência entre 35% e 45%

pode-se usar o produto congelado (com a vantagem de facilitar o armazenamento, já que seu tamanho é pequeno, pois passou pelo processo de fermentação. No entanto, seu preparo é mais lento), ou pré-assado (que também pode ser congelado, com a vantagem do preparo rápido, embora ocupe mais espaço). Em qualquer um dos casos, existem grandes marcas fornecedoras, que garantem praticidade, manutenção do sabor e a independência da necessidade de um profissional especializado. No entanto, as entidades que representam o setor de padaria alegam que este tipo de produto não tem a mesma qualidade dos pães artesanais. Porém, a instalação de uma padaria tradicional, com o preparo dos produtos no estabelecimento, demanda mudanças na estrutura física das lojas (para atender às regras da legislação sanitária), mão de obra qualificada e mais espaço. É uma situação que deve ser avaliada caso a caso. Vale destacar que o modelo adotado atualmente pelas lojas de conveniência é muito semelhante ao de supermercados, que passaram também a oferecer itens de panificação e

concorrem diretamente com os serviços e produtos das padarias tradicionais. A BR Mania encontrou uma alternativa que tem dado certo e agregado resultados às suas lojas. A rede trabalha apenas com pães crus congelados e, após processo de descongelamento e fermentação, vão para o forno e, em apenas 15 minutos, se transformam em pães fresquinhos. De acordo com o gerente de conveniência da rede, alguns tipos de pães de massa doce são ainda decorados com técnicas de confeitaria, resultando em produtos, como trança com creme, espiral de frutas e bisnaguinha de leite condensado, entre outros. Para Pereira, esta opção facilita a operação, pois dispensa o uso de máquinas como masseira, batedeira e modeladora de pães, fundamentais para a confecção da massa de pão, além de dispensar a compra de farinha. Também não há necessidade de contratar mão de obra especializada, pois o promotor da loja é capacitado para toda a operação. A padaria am/pm também prima pela operação simplificada. “A manipulação é mínima, sendo apenas finalizados na loja. Tudo chega pronto ou Combustíveis & Conveniência • 49


44 CONVENIÊNCIA quase pronto para o consumo, o que garante um padrão de qualidade e serviço em todas as unidades”, destacou Santos. Segundo ele, a vantagem reside no fato deste modelo não demandar mão de obra especializada ou uma gestão de estoque complexa, além de reduzir a área necessária. Porém, o diretor ressalta que este modelo só é possível em função do sistema de logística exclusivo da bandeira. “A Ipiranga possui uma cobertura logística em todo o território nacional, o que garante o controle de qualidade dos processos, desde o recebimento dos fornecedores em seus centros de distribuição até a entrega de seus produtos nas mais de 1.300 lojas, com periodicidade semanal, na maioria dos casos”, afirmou. Apesar destes argumentos, caso o empresário queira instalar uma padaria artesanal de pequeno porte em seu estabelecimento, além de contratar mão de obra especializada, terá de adquirir equipamentos como misturadeira

compacta, divisora, modeladora, estufa e forno elétrico, além de acessórios. Se o negócio incluir confeitaria, é necessário adquirir uma batedeira de bolo. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é possível instalar a padaria em uma área de 50 m2, sem contar o espaço para exposição e consumo dos produtos. Ou seja, um fator limitante para boa parte das lojas de conveniência tradicionais.

Refrigeração Em qualquer dos casos, é importante atentar para a questão da refrigeração do ambiente. Afinal, a instalação de fornos dentro da loja pode levar a uma necessidade de uso maior do ar condicionado. Nas unidades da am/pm, para evitar que isso ocorra, são adotadas soluções que melhoram a saída de calor da loja, como a instalação de coifas, além de outras opções construtivas, analisadas caso a caso. Já no caso da BR, a bandeira informa que o pro-

50 • Combustíveis & Conveniência

Paulo Pereira

No caso de instalação de uma padaria maior, com cozinha no local, pode ocorrer a necessidade de redimensionar o projeto de ar condicionado

jeto padrão das unidades da BR Mania já contempla uma capacidade de ar condicionado da loja suficiente para suportar o calor gerado pelo forno. De qualquer forma, como o uso do equipamento será mais intenso, o consumo de energia pode aumentar e haverá necessidade de manutenção com maior frequência. No caso de instalação de uma padaria maior, com cozinha no local, pode ocorrer a necessidade de redimensionar o projeto de ar condicionado. Outra solução, utilizada por algumas lojas, é instalar os motores dos equipamentos de refrigeração (geladeiras e freezers) fora do estabelecimento, reduzindo o aquecimento do ambiente e garantindo o conforto térmico aos clientes.

União que dá certo Para as lojas que já têm um serviço de alimentação, a presença de padaria é um estímulo a mais. Além de incrementar a oferta de sanduíches, que podem ser preparados no local, a venda de pães alavanca também alguns outros itens, como frios, queijos e café. Vale ressaltar que os itens de alimentação são, de longe, os mais procurados dentre todas as categorias de produtos da loja. Assim, o casamento da conveniência com a padaria, na grande maioria dos casos, rende ótimos resultados para o estabelecimento. “Este negócio tem total aderência ao perfil do consumidor moderno, que procura conveniência, agilidade e qualidade. As padarias estabelecem uma relação de maior proximidade, na medida em que a visita se torna mais frequente”, afirmou. n


OPINIÃO 44 Pricila de Sá Cantú 4 Consultora da Conveniência Postos

Pão quente à venda padaria, agregando outros Nos últimos anos, temos acompanhado o produtos complementares. desenvolvimento das lojas de conveniência, suas Um exemplo do sucesalterações de layout, tendências, aumento na área de vendas, aprimoramento do mix, inclusão so deste tipo de empreende equipamentos mais sofisticados, inclusive a dimento foi obtido por um transformação em padarias. Há alguns anos, quem grupo de investidores que imaginava comprar pão francês em um posto de já tinha um posto de abastecimento e inaugurou combustível? Praticamente ninguém, porque pão a segunda unidade com uma padaria. Após cinco se comprava na panificadora ou no mercado. Neste meses de operação da nova loja, os empreendedoperíodo, muitas lojas foram vistas como inovadoras, res consideram que o empreendimento está sendo por terem pão de queijo e sanduíches. O setor mais bem sucedido em função da panificadora. evoluiu tanto, que hoje encontramos lojas com os Logicamente, “nem tudo são flores” para quem mais diversos produtos, como frutas, bolos, tortas, anseia entrar no segmento. Existem fragilidades, croissants, docinhos, sanduíches naturais, salgados que são os controles de compras, estoque, dispofritos e assados, frios, mercearia, além do que já nibilidade de produtos fresquinhos e desperdício. era tradicional, como bebidas, sorvetes, snacks e Sem contar a mão de obra, que é uma dificuldade cigarros. E o posto de comnacional pelo aumento da oferta de trabalho e a prefebustível? Transformou-se No caminho rumo ao atendimento das em posto padaria. rência dos funcionários em diferentes necessidades dos clientes, Isso foi um dos frutos folgar aos finais de semana. da estabilidade do plano real Uma equipe de padaria o mix das lojas foi se diversificando e que, entre outras coisas, nos surgiu a venda de pão francês, que foi tem, pelo menos, quatro libertou da chamada “compra funcionários a mais do que muito bem sucedida. Percebendo a do mês”. Como consequênoportunidade, as distribuidoras corre- uma loja tradicional. Apesar das dificuldades, cia, o giro de mercadorias ram para montar os seus projetos de os resultados para quem nas lojas melhorou, levando padaria, criando um padrão menor, deseja empreender são ina melhores negociações adaptado à área do posto com fornecedores, o que teressantes. A continuidade se refletiu em preços mais do crescimento do negócio acessíveis. Com estas três bases (plano real + maior é impulsionada pela criatividade e disciplina do volume + melhores negociações) mais o fortalecigerente e de sua equipe. Sem contar que pode ser um chamariz para o abastecimento de pista. mento da classe C, o setor foi alavancado, trazendo Logicamente, para quem nem loja tem, não oportunidades para os empreendedores dispostos vale a pena sair correndo e implantar uma padaa inovar. Hoje, uma das grandes transformações do setor é a presença de pessoas que chegam ria de 150 metros, porque você vai enlouquecer nas lojas a pé (47%). Ou seja, quase metade dos e, certamente, não será tão bem sucedido, pois consumidores já não frequenta o posto somente ainda não está preparado. Mas quem já possui em função do combustível. uma loja e está familiarizado com treinamento No caminho rumo ao atendimento das diferende funcionários, padrão de atendimento, abastes necessidades dos clientes, o mix das lojas foi tecimento, controle de desperdícios e inventário, se diversificando e surgiu a venda de pão francês, acredito estar apto para o próximo passo. Porém, que foi muito bem sucedida. Percebendo a oportusempre é bom reforçar: não basta ter capital para montar uma padaria, porque essa é a parte mais nidade, as distribuidoras correram para montar os fácil, o difícil é ter o comportamento do varejo de seus projetos de padaria, criando um padrão menor, alimentação e não poupar esforços para divulgar adaptado à área do posto. Em paralelo, muitos os seus produtos. revendedores passaram a evoluir o cardápio de Combustíveis & Conveniência • 51


OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Por que os postos?

outro posto. Além disso, Às vezes me pergunto se foi uma boa decisão permite o conhecimento termos um mercado livre, em que os preços fludos valores reais dos tuam conforme o ambiente permite e os agentes combustíveis. econômicos podem determinar qual é a sua necesQuem está legislando conhece, pelo menos, um sidade de margem para continuar a oferecer um “pouquinho” do mercado de combustíveis? Será bom produto, um bom serviço e um preço justo. que, com este projeto, vamos ajudar a comprar Falo isto porque a Agência Senado divulgou combustíveis mais baratos ou vamos estimular a que a Comissão de Defesa do Consumidor da sonegação e adulteração dos produtos oferecidos? Câmara dos Deputados aprovou um projeto de Será que estes nobres deputados não sabem que lei que determina que os postos de combustíveis existe uma fiscalização pífia e corrupta que propicia informem os preços praticados atualizados no o menor preço através site da ANP, com o objetivo da fraude? Por que só o de estimular a compra de setor de combustíveis tem combustíveis pelo menor que ser submetido a esta preço. Quem está legislando conhece, pelo imposição? Por que não Relatora do projeto, a menos, um “pouquinho” do mercao pão, o arroz e o feijão? deputada Nilda Gondim do de combustíveis? Será que, com Será que eles não (PMDB-PB) recomendou este projeto, vamos ajudar a comprar sabem que há uma forte a aprovação da proposta e combustíveis mais baratos ou vamos interferência do fornecedor acatou a emenda apresenestimular a sonegação e adulteração na imposição de preços? tada pelo deputado Carlos dos produtos oferecidos? Por que ao invés de fazer Eduardo Cadoca (PSC-PB), exigências absurdas, mais para obrigar a divulgação uma vez, não se tabelam no site da ANP, dos tributos novamente os preços? incidentes no preço final dos É inadmissível que fiquemos nas mãos de combustíveis comercializados no varejo: ICMS cointeresses ou populismos. Temos de reagir, se brado pelos estados e as contribuições cobradas formos obrigados a mais este absurdo. Queremos pela União como Cide e Pis/Cofins. isonomia com todos os bens de consumo, afinal, Conforme o parecer da deputada Nilda não é coerente com a disposição do Código de Gondim (PMDB-PB), a divulgação dos preços Defesa do Consumidor? pela ANP é coerente com o Código de Defesa do Deixe-nos trabalhar e façam a sua parte. EsConsumidor (CDC-Lei 8078/90). De acordo com a relatora, é mais um subsídio que se oferece ao tamos fartos de tanto populismo de ações que a consumidor, dando transparência aos valores. Isto cada dia nos são imputadas, pois somente geram dá ao consumidor o direito de fazer sua opção, sua custos e um preço maior ao consumidor. Por que escolha e encontrar um preço mais razoável em só os postos de combustíveis? Deixem-nos em paz!

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REVENDA EM AÇÃO33

Tradição na Serra Gaúcha Durante três dias, o Congresso de Revendedores em Gramado estimulou o debate e o intercâmbio de informações e a feira de equipamentos apresentou as últimas novidades para os postos de combustíveis Por Mônica Serrano Além de sediar o famoso festival de cinema nacional, Gramado se tornou referência no calendário de eventos da revenda. Mais uma vez, a cidade recebeu revendedores de todo o Brasil para o 16º Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e o 15º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul. O tradicional evento aconteceu de 26 a 28 de setembro, contou com a presença de 30 líderes sindicais e reuniu um público em torno de 1.000 visitantes. Além das palestras do Congresso, que estimularam debates e trocas de informações, a feira de equipamentos e serviços apresentou as últimas novidades tecnológicas

e as tendências para os postos de combustíveis. Na cerimônia de abertura, o anfitrião do evento, Adão Oliveira, presidente do Sulpetro, saudou os líderes e as autoridades da mesa e destacou a importância do Congresso para ampliar relacionamentos, discutir problemas e apontar as soluções. “Aqui estamos uma vez mais para trocar ideias e manter o intercâmbio tão fundamental para desenvolver nosso segmento econômico. Os desafios são sempre grandes, mas o fato de sermos focados e unidos nos têm permitido aprimorar e avançar bastante”, destacou. Uma das questões de maior preocupação da revenda no Rio Grande do Sul é a segurança. Para combater a violência, o Sulpetro promoveu uma reunião

com as autoridades de Segurança Pública do Rio Grande Sul para expor as vulnerabilidades da revenda, no intuito de solucionar as questões de segurança. “Temos plena confiança nas autoridades e esperamos que, em breve, a tranquilidade deverá ser retomada, restabelecendo a segurança em nossos negócios, bem como a de nossos funcionários e do público em geral”, disse. Na sequência da cerimônia, como representante da revenda nacional e do Mercosul, o presidente da Fecombustíveis e da Comissão Latino-Americana de Empresários de Combustíveis (Claec), Paulo Miranda Soares, demonstrou preocupação em relação a projetos de leis que se encontram em trâmite no Congresso Nacional. Por falta de

José Luiz Rocha

Mesa de abertura contou com a presença de representantes sindicais do Brasil e do Mercosul e autoridades políticas da região

Combustíveis & Conveniência • 53


44 REVENDA EM AÇÃO José Luiz Rocha

Abertura oficial da feira foi prestigiada pelo vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill, por líderes sindicais e demais autoridades

conhecimento, muitos parlamentares elaboram projetos com boa intenção, todavia, muitos desses legisladores não consideram e sequer imaginam o impacto que possa ser gerado ao segmento, prejudicando os revendedores de todo o Brasil. Um dos projetos mencionados, de autoria do deputado Ivo Cassol, obriga os postos a divulgarem os preços de compra e de venda dos combustíveis no site da ANP. “Fizemos uma pesquisa nos quase 6.000 municípios e, por incrível que pareça, até em São Paulo há locais que não têm internet. Nesse momento, por falta de condições, não haveria como atender ao legislador”, comentou o presidente da Fecombustíveis. Outro projeto de lei em trâmite para análise dos legisladores proíbe a venda de cigarro em lojas de conveniência, bancas de revistas, supermercados e outros estabelecimentos comerciais. Paulo Miranda traçou um paralelo entre este projeto e a proibição da 54 • Combustíveis & Conveniência

venda de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência, conforme estabelecem certas legislações estaduais, e alertou que não seria este o caminho para solucionar o problema.“Por incrível que pareça, os postos estão sempre nas páginas de jornais, ora como adulteradores, ora como sonegadores e ora porque serão proibidos de fazer alguma coisa, cujo problema não depende da gente, e sim das autoridades”, enfatizou. Ao longo de seu discurso, Miranda destacou o momento de maturidade pelo qual passa a revenda de combustíveis, após um longo período de apelos às autoridades para que o segmento fosse mais fiscalizado e regulado a fim de combater à sonegação e à ilegalidade do setor. “Hoje, o mercado está em paz e controlado, temos um combustível de qualidade, um índice de não conformidade de primeiro mundo (2% para o etanol e a gasolina e

3% para o diesel) e um grande mercado pela frente”, destacou. Enquanto os economistas andam pessimistas com o crescimento do país, o presidente da Fecombustíveis apontou para a expansão da venda de combustíveis, cujo desempenho tem sido muito acima do PIB nacional. Somente no ano passado, houve crescimento dez vezes superior ao do Brasil e a expectativa, até o fim do ano, é superar duas vezes mais. “O que falta no país é infraestrutura, temos a frota brasileira de veículos dobrada e quando falta combustível em determinado local e vamos averiguar, às vezes, é um navio da Petrobras que está aguardando uma vaga no porto para atracar e descarregar. Mas este problema é ocasionado pelo crescimento e isso é bom. Se o porto está lotado é por excesso de exportação de nossos produtos, como soja e commodities. Nossos gargalos são de infraestrutura”, concluiu. Entre as autoridades presentes ao evento, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill, enfatizou a relevância econômica da atividade da revenda como geradora de empregos e de arrecadação de impostos do país. Como tem acompanhado a atividade, ele destacou a evolução da gestão dos negócios, o aumento da capacitação e o cuidado com a preservação do meio ambiente. O vice-governador também reconheceu o esforço do setor para afastar os maus empresários por meio do aumento das fiscalizações. “Em todo o Brasil, a revenda se torna um exemplo de bom negócio para atender os seus consumidores. Ainda temos que encontrar soluções para algumas questões. A segurança é uma das que mais


nos preocupa, mas estamos empenhados em avançar nesse sentido, como em outros tantos que precisam ser acrescentados para o setor”, destacou Grill.

Francielle Caetano

REVENDA EM AÇÃO33

A revenda quer saber Os revendedores dos quatro cantos do Brasil compareceram em peso ao painel “Mercado Brasileiro de Combustíveis”. No papel de mediador, Paulo Miranda Soares, questionou Leocadio Antunes Filho, diretor-superintendente da Ipiranga; José Lima de Andrade Neto, presidente da BR Distribuidora; Vasco Dias, presidente da Raízen, e Sergio Cavaliere, presidente da Ale Combustíveis, representantes das quatro maiores distribuidoras do país, sobre as principais questões que afetam a dinâmica da revenda. Como anda o planejamento das distribuidoras para a expansão do consumo de combustíveis esteve entre os questionamentos. O presidente da Raízen, Vasco Dias, destacou o crescimento da empresa nos últimos anos, especialmente após a junção das marcas Esso e Shell. Como maior produtora do mundo de etanol e açúcar, Dias vê este mercado muito comprimido pela política de fixação de preços da gasolina adotada pelo governo federal. “Acredito que esta política de preços não vá continuar porque ela é danosa à Petrobras, ao etanol e ao consumidor. Investimos no mercado de etanol para que ele volte a ter um papel importante no mercado, que já teve 50% do ciclo Otto e hoje participa com 25%”, comentou. Como hoje parte dos problemas está relacionada a infraestrutura, a Raízen está investindo em infraestrutura para o transporte deste biocombustível, no caso,

Vasco Dias, da Raízen; Sergio Cavaliere, da Ale Combustíveis; Paulo Miranda Soares, da Fecombustíveis; José Lima de Andrade Neto, da BR Distribuidora e Leocadio Antunes Filho, da Ipiranga (da esq. para a dir.)

o etanolduto, que vai ligar de Mato Grosso a São Paulo, e que “será um diferencial no futuro”, disse Dias. Para a Ipiranga, uma das questões cruciais para continuar abastecendo bem todos os mercados é a questão da logística. “Expandir a capacidade de tancagem juntamente com a ampliação da nossa malha de bases pelo Brasil. A demanda começa a crescer em regiões que até então não tinham tanta necessidade, como o interior do país”, disse Leocádio Antunes Filho. Os desafios são muitos para vencer, segundo José Lima de Andrade Neto, da BR Distribuidora, que destacou o crescimento de 12% da região Centro-Oeste.“Primeiro, temos de encontrar formas de chegar até esse mercado. Há um esforço coordenado de logística para elevar a capacidade logística e aumento da tancagem das distribuidoras. O segundo desafio é realizar mais resultados (para os postos), aumentar as receitas dos negócios para viabilizar uma

expansão consistente”, disse. Na segunda linha de pensamento, Andrade destacou as lojas de conveniência como potencial canal de expansão em novos investimentos para os postos. Da parte da Ale, Sergio Cavalieri disse que a receita é continuar investindo no setor. “Queremos evoluir na parceria com os senhores, temos que otimizar a logística, reduzir o capital de giro e manter uma relação de confiança para vencermos os desafios juntos, a fim de termos negócios saudáveis”. O painel também abordou o que podemos esperar do futuro dos biocombustíveis no Brasil, com etanol andando a passos lentos atrás da gasolina e os problemas relacionados à qualidade do biodiesel devido à proliferação de microorganismos. Após os cuidados da revenda com o manuseio do produto e limpeza dos equipamentos, troca de filtros, os problemas de borra foram reduzidos. Nesse contexto, foi questionado se haveria espaço para aumentar o percentual da mistura do biodiesel no diesel Combustíveis & Conveniência • 55


56 • Combustíveis & Conveniência

importante continuar a perseguir a competitividade. “Porém, temos que trilhar um caminho seguro”, ponderou.

Recuperação do solo

O Prêmio Coopetrol 2013 foi concedido para Francisco Cyrillo da Costa, na categoria regional; Ricardo Lisbôa Vianna foi o destaque nacional; e Maria Hermínia Perez Villareal foi a vencedora da categoria internacional

Palestrantes demonstraram a importância de executar planejamentos na hora de gerir um negócio e como realizar as mudanças e definir o que se quer para o futuro

Francielle Caetano

Novas metodologias de remediação do solo foram apresentadas por Renato Zucchetti, engenheiro químico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Atualmente, um solo contaminado pode demorar até dez anos para ser recuperado. Por meio do processo de oxidação do solo, uma técnica amplamente usada nos Estados Unidos, é possível fazer a remediação do solo em até um ano. “Cerca de 50 postos do Rio Grande do Sul estão sendo recuperados com a nova técnica”, comentou Zucchetti. n

José Luiz Rocha

de 5% para 7% e mais adiante para 10%. Para Cavalieri, o Brasil tem uma vocação natural para produzir uma matriz limpa de energia, que deve ser mantida. “Temos de preservar o programa de etanol e cobrar dos produtores de biodiesel a melhora da qualidade do produto, mas ainda falta planejamento do que queremos deste insumo”, afirmou. A BR Distribuidora defendeu que o etanol vai retomar a competitividade e continuará a crescer. Jose Lima não atribui a perda da competitividade do etanol exclusivamente ao preço da gasolina, mas sim a outros fatores de mercado.“Temos que considerar outras variáveis, como custo da produção, perda da produtividade e falta de investimentos. Estamos passando por um momento ruim. Vejo que o etanol tem futuro, sim, para o hidratado e anidro, mas falta a equação econômica fechar”, disse. Em relação ao biodiesel, o desafio, para o presidente da BR, é coordenar uma melhoria contínua da qualidade com o aumento do percentual. Já para Vasco Dias, o problema do etanol se resume à artificialidade do preço da gasolina. “Ninguém mais quer subsídio, isso resolveria o problema da cadeia inteira”, comentou. No ponto de vista de Leocadio, da Ipiranga, a polêmica questão sobre o aumento do percentual do biodiesel no diesel deve ser avaliada com cuidado. A diversidade do Brasil permite o desenvolvimento de pesquisas e aprimoramento da qualidade do biodiesel. Segundo o diretorsuperintendente, o programa tem que ser desenvolvido em bases sólidas e é extremamente

José Luiz Rocha

44 REVENDA EM AÇÃO


OPINIÃO 44 Deborah Amaral dos Anjos dos4Anjos Advogada 4 Advogada da Fecombustíveis da Fecombustíveis

Vender ou não vender? Eis a questão 39, II do CDC e art. 10 Desde janeiro de 2012, encontra-se em vigor XVII da Portaria 116/00; a fase P7 do Programa de Poluição de Controle por outro, em razão de da Poluição do Ar de Veículos Automotores – existir um combustível Pronconve. A nova etapa estabeleceu limites especificado para aquele mais rígidos para emissões de gases de efeito tipo de veículo, não estaestufa para veículos pesados a diesel e, para ser atendida, exigiu a fabricação de caminhões com ria ele retendo estoque, motores chamados Euro 5 e seu abastecimento mas, sim, buscando a garantia da segurança em com diesel de baixo teor de enxofre. benefício ao consumidor, existindo, dessa forma, Os caminhões desta nova geração (fabricaum justo motivo para a recusa da venda do prodos com motor Euro 5) devem ser abastecidos, duto e, desta maneira, a prática não poderia ser exclusivamente, com o combustível de baixo considerada abusiva pelo Procon, sequer pela teor de enxofre, o diesel S10, inclusive, com ANP, em razão das normas existentes. orientação no manual dos veículos, e em conforPara piorar a situação, em resposta a uma manifestação apresentada pela dra. Carolina Dutra, midade com a Resolução da ANP 63/2011, que do Sindicato de Santos, sobre exige dos revendedores a questão, a ANP, por meio a fixação de adesivo, em Lá na frente, o abastecimento da Central de Relações com local visível, da seguininadequado pode virar uma dor de o Consumidor, se limitou a te determinação: “Não cabeça para o posto de combustível, dizer que o consumidor deve abastecer, em nenhuma visto que o revendedor não terá ser instruído para o abashipótese, com óleo diesel como provar que abasteceu a pedido tecimento correto, porém, S500 e/ou S1800, sob do próprio motorista e poderá ser pena de causar danos caso insista em comprar processado injustamente, quando, ao motor”. outro produto, o posto pode na verdade, foi uma solicitação do Em que se pese inúvendê-lo, deixando claro o que ele está consumindo. meras recomendações, proprietário do veículo No entanto, ao participar alguns consumidores da seção Perguntas e Resinsistem em abastecer os novos veículos com o diesel S1800 ou S500 postas da edição de setembro dessa revista, o ao invés do S10 e, ao utilizar um combustível superintende de Abastecimento da ANP, Aurélio inadequado, o veículo poderá sofrer danos no Amaral, esclareceu que: “estamos dizendo para motor, perda da garantia do veículo etc. Lá na os postos que não vendam outro tipo de diesel frente, esse procedimento pode virar uma dor de que não o S10”. cabeça para o posto de combustível, visto que Ora, nem a própria Agência tem um posicioo revendedor não terá como provar que abasnamento pacificado sobre o assunto e, diante de uma possível responsabilização por abastecimenteceu a pedido do próprio motorista e poderá ser processado injustamente por abastecimento to com diesel inapropriado ou por retenção de incorreto, quando, na verdade, foi uma solicitação estoque, no meu ponto de vista, a defesa, caso do proprietário do veículo. haja uma reclamação judicial, será muito mais Esse dilema tem sido enfrentado por diversos viável estar pautada em justo motivo para o não revendedores, visto que, por um lado, não poderiam abastecimento, embasada nas normas existentes, deixar de atender as demandas do consumidor, aliada à preservação de danos que visa o benefício retendo estoques, em razão do que dispõe os art. do consumidor.

Combustíveis & Conveniência • 57


44 AGENDA OUTUBRO Reunião com Revendedores de Guanambi

Data: 11 Local: Guanambi (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557 NACS Show

Data: 12 a 15 Local: Georgia World Congress Center (Atlanta/EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com 3ª Expo Conveniência

Data: 24 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro/Serra Gaúcha

Informações: (54) 3222-0888 NOVEMBRO 15o Simpósio Estadual dos Postos de Combustíveis e Serviços do Estado do Espírito Santo

Festa do Revendedor

Data: 22 Local: Curitiba (PR) Realização: Sindicombustíveis-PR Informações: (41) 3021-7600 Workshop com a Revenda

Data: 7 e 8 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

Data: 28 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro-MS Informações: (67) 3325-9988/9989

Festa de Confraternização 50 anos do Sindicombustíveis - BA

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@ fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

Data: 8 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis-BA Informações: (71) 3342-9557

44 ATUAÇÃO SINDICAL Minas Gerais

Encontro com o governador

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O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (ao centro), entre Paulo Miranda Soares (esq.) e Leonardo Maurício Colombini Lima (dir.)

Fotos: Geisa Brito

Atendendo ao pleito dos revendedores do Sul de Minas, que, no mês de julho, estiveram na sede do Minaspetro para solicitar ajuda quanto às dificuldades que vêm enfrentando devido à alta alíquota do ICMS do diesel, o presidente Paulo Miranda Soares solicitou uma audiência ao governador Antonio Anastasia. A reunião aconteceu em agosto, no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, com a presença do secretário de Estado de Fazenda, Leonardo Maurício Colombini Lima. Na ocasião, Paulo Miranda apresentou ao governador alguns dados do segmento que comprovam a disparidade da alíquota de Minas Gerais em comparação a dos demais estados da Região Sudeste. Atualmente, o ICMS do diesel é de 15% em Minas, enquanto, em São Paulo e Espírito Santo, é de 12%. De acordo com o presidente do Minaspetro, a receptividade do governador foi satisfatória e ele enxergou a possibilidade de aprovar a redução. O próximo passo de Antonio Anastasia será encaminhar os dados apresentados para avaliação da área técnica do governo do Estado. (Geisa Brito)


ATUAÇÃO SINDICAL 33 Paraná

Qualidade reconhecida oriundos da caixa separadora”, conta Silveira. Se, para o laboratório do Sindicombustíveis, a obtenção dessa ISO é importante, para o revendedor, é uma garantia de que os serviços não possam ser indeferidos por qualquer outro organismo ou órgão regulamentador. “É a segurança que o cliente tem. O resultado é verdadeiro e inspira confiança porque não vai ter dúvida na hora de apresentar esse ensaio para um órgão regulamentador. Ninguém mais pode contestar. A importância da ISO 17025 está diretamente ligada ao processo de prestar serviços com qualidade e confiabilidade aos clientes deste laboratório”, afirma. João Silveira lembra que essa é só mais uma etapa pela busca da qualidade total.

“Começamos com a ISO 9001, que faz a parte organizacional, passamos pela ISO 14001, que estabelece os requisitos do meio ambiente, atendimento às leis ambientais e, agora, a ISO 17025 é suficiente para atendermos a todos os critérios gerais que o laboratório precisa para prestar serviços de ensaio legalmente”. A partir de agora, os serviços prestados pelo laboratório do Sindicombustíveis-PR terão um selo de acreditação do Inmetro, mas, segundo João Silveira, o trabalho não termina aqui.“O próximo desafio é cumprir com todos os requisitos da Norma e manter a ISO. Todo trabalho tem que estar documentado. A gente tem que ficar registrando cada etapa. O cuidado é maior para que o cliente tenha toda a segurança”, finaliza.

O esforço da equipe do Laboratório do Sindicombustíveis-PR para implantar a norma foi compensado. A qualidade dos serviços foi reconhecida pelo Inmetro

Fotos: Sindicombustíveis - PR

A partir de agora quando o revendedor procurar os serviços do Laboratório de Análises Ambientais do Sindicombustíveis-PR, em Curitiba, vai contar com a qualidade do trabalho e ainda ter a garantia do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) de que os serviços de ensaio e calibração são realmente assegurados. É que o laboratório acaba de ser acreditado pelo Inmetro, com a NBR ISO 17025. Segundo João Maria da Silveira, gerente técnico e de qualidade do Laboratório de Análises Ambientais, essa é mais uma conquista de uma equipe que sempre optou pela qualidade. “Para nós, é um orgulho porque nos dedicamos muito para isso, trabalhamos aos finais de semana e feriados para implantar esse sistema. É uma norma, tem que decifrar, conhecer todos os critérios e requisitos para implementação. Agora estamos treinados e capacitados para trabalhar e atender a referida normatização”, diz. Silveira explica que a ISO 17025 (sinônimo de igualdade) é estabelecida para laboratórios de ensaio e calibração: “O objetivo é estabelecer competência técnica para que os serviços prestados tenham reconhecimento internacional”. O gerente deixa claro que não é uma certificação, e sim uma acreditação, que só pode ser feita pelo Inmetro. “O laboratório vem há bastante tempo se preparando para ter essa ISO e agora somos acreditados nos ensaios de BTEX e PAH, em solo, água e efluentes líquidos

Combustíveis & Conveniência • 59


44 ATUAÇÃO SINDICAL Destaque no país Criado em 2001, o laboratório do Sindicombustíveis-PR tem o objetivo de realizar análises químicas para postos de combustíveis em atendimento às exigências dos órgãos ambientais e legislações pertinentes do Paraná. Hoje, o laboratório está entre os melhores do país, devido à utilização de equipamentos de alta complexidade e tecnologia e ser acreditado pelo Inmetro por meio da ABNT NBR ISO/IEC 17025. O laboratório oferece serviços de ensaios químicos, licenciamento ambiental, estudo de passivo ambiental, análise de risco, teste de estanqueidade, remediação de áreas contaminadas e projetos: arquitetônico, planta baixa, reuso d’água, efluentes domésticos e industriais, enfim, todos os serviços necessários na área de geologia e engenharia para regularização da atividade da revenda de combustíveis. (Vanessa Brollo)

Mato Grosso

Ciclo de Encontros Regionais

60 • Combustíveis & Conveniência

e apresentar condições exclusivas oferecidas aos associados do Sindicato. O presidente do Sindipetróleo, Aldo Locatelli, agradeceu a oportunidade de conhecer melhor o trabalho e a história das empresas. O encontro de Sinop contou com a participação do gerente da Rede de Postos da BR Distribuidora, de Mato Grosso, Danilo Tolentino Abreu. (Simone Alves) Revendedores e funcionários da revenda participam do ciclo de palestras em Mato Grosso

Sindipetróleo

Levar informações sobre os serviços prestados pelo Sindipetróleo-MT aos associados e apresentar orientações das assessorias jurídica e ambiental são algumas das atividades que fizeram parte da programação do 1º Ciclo de Encontros Regionais, em Mato Grosso. A última etapa do evento foi realizada em Sinop, no início de setembro, e a penúltima, em Lucas do Rio Verde, em agosto. As duas cidades são importantes referências no norte do estado mato-grossense, região conhecida principalmente pela produção agrícola. A programação abordou informações e debates sobre o mercado de combustíveis. O diretor-executivo do Sindipetróleo-MT, Nelson Soares Junior, apresentou dados sobre o aumento de consumo de combustíveis em Mato Grosso. Soares ressaltou que, devido ao estado ter uma alíquota maior do que nos estados vizinhos, as vendas não crescem tanto como a demanda gerada pelos recordes nas vendas de veículos e na produção agrícola. Também foi apresentado os avanços nas análises de licenças ambientais resultantes do diálogo entre o Sindicato e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Além disso, representantes de empresas parceiras puderam demonstrar serviços


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS Obrigatória para os postos de combustíveis desde 1o de julho de 2013, a Manifestação do Destinatário ainda gera dúvidas ao setor. Confira as orientações de especialistas contábeis para esclarecer as principais questões aos revendedores. Desde quando a Manifestação do Destinatário é obrigatória? Para postos revendedores e TRRs, a Manifestação do Destinatário entrou em vigor em 1o de julho deste ano, de acordo com o Ajuste SINIEF 01/2013 do Confaz, publicado no Diário Oficial da União em 8 de Fevereiro de 2013. Para as distribuidoras de combustíveis, a obrigatoriedade veio antes, em 1º de março. Não houve prorrogação de prazo para o cumprimento das exigências. Como fazer a Manifestação do Destinatário? É necessário instalar no computador o aplicativo Manifestação do Destinatário, da Secretaria da Fazenda, que pode ser baixado pelo site www.nfe.fazenda.gov.br. O processo é semelhante à emissão de uma nota fiscal eletrônica, visto que as informações serão transmitidas para o sistema da Secretaria da Fazenda. É necessário que o revendedor tenha um certificado digital para cumprir o procedimento. Esta obrigação pode ser repassada ao prestador de serviços de contabilidade, ou deve ser feita diretamente pelo posto, no momento de recebimento da nota? Para o consultor Marcelo Moreira, nada impede que o revendedor transfira essa obrigação para o seu contador. “Porém, como a compra de combustíveis é algo muito dinâmico em um posto e o revendedor tem prazo para fazer a Manifestação, não é o ideal”, destacou. Já o contador André Lima, do escritório L&A Contábil, é enfático. “A Manifestação em hipótese alguma deve ser feita por um terceiro, pois somente a pessoa que está na gestão da empresa tem conhecimento das aquisições de mercadorias, seus fornecedores e se realmente, houve determinada operação ou não”, frisou. De acordo com o tipo de Manifestação, os prazos podem chegar a 35 dias. No entanto,

LIVRO 33

a Manifestação de ciência da operação tem prazo de cinco dias para operações internas e 10 dias, para interestaduais. Quem não está fazendo ainda terá de fazer a Manifestação de todas as notas do período compreendido entre o início da obrigação e o momento atual? Não. Caso o revendedor não tenha feito a manifestação até agora, deverá começar a fazer o mais rápido possível. O aplicativo só consegue identificar as notas fiscais emitidas no período dos últimos 15 dias. As NFs anteriores a 15 dias não poderão ser manifestadas.

Título: Gestão de Negócios em Alimentos Autor: Marcos Fava Neves, Fábio R. Chaddad e Sérgio G. Lazzarini Editora: Thomson Pioneira Não é de hoje que as lojas de conveniência aparecem como uma boa oportunidade de negócio para o revendedor. Com os

Há multa para quem não fizer a Manifestação de recebimento da nota? Sim, multa de 5% do valor da NF, não podendo ser inferior a 50 e superior a 5.000 VRTEs (Valores de Referência do Tesouro Estadual) por documento. Apenas como referência, no estado de São Paulo, uma Unidade Fiscal Estadual equivale a R$ 19,37. Caso o revendedor constate que a nota fiscal não figura no site da Sefaz, o que fazer? Não será possível constatar uma nota fiscal não autorizada ou que não figure no site da Sefaz, visto que o aplicativo só irá identificar NFs autorizadas e emitidas. Mas no caso de uma consulta normal ao site da Sefaz, caso a nota não figure neste ambiente, a mercadoria deve ser recusada e devolvida ao remetente, pois pode configurar uma operação fraudulenta ou irregular. Por precaução, o posto revendedor deverá realizar pesquisas periódicas, a fim de verificar as notas fiscais emitidas com seu CNPJ e conferir se são operações da empresa. O que fazer se a operação já foi realizada de forma diferente do descrito na nota fiscal? O revendedor deverá realizar a Manifestação do tipo confirmação da operação e solicitar junto à Secretaria da Fazenda da região os procedimentos fiscais para regularização do problema. Informações fornecidas por Marcelo Moreira, da Interconsulty, e André Lima, da L&A Contábil Combustíveis & Conveniência • 61

novos hábitos de consumo da população, esses estabelecimentos têm ainda um grande potencial de crescimento a ser explorado no país. Entre os principais itens que movimentam a loja está o consumo de alimentos e bebidas. Seja para consumir no local ou para levar, o fato é que os empresários também não podem mais negar a importância desse tipo de serviço em seu estabelecimento. Para ajudar a entender melhor esse mercado, o livro Gestão de Negócios em Alimentos traz, a partir dos sinais do consumidor, as principais mudanças e tendências nos sistemas produtivos de alimentos e bebidas, que são responsáveis por quase 40% do PIB nacional. A publicação aborda o segmento no varejo; atacado; setor de serviços de alimentação, como o fast food e catering (refeições industriais ou de restaurantes); e indústria de alimentos; entre outros tópicos envolvendo a produção de alimentos e bebidas.


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

12/08/2013 - 16/08/2013

1,221

1,268

12/08/2013 - 16/08/2013

1,080

0,947

19/08/2013 - 23/08/2013

1,220

1,211

19/08/2013 - 23/08/2013

1,089

0,946

26/08/2013 - 30/08/2013

1,265

1,228

26/08/2013 - 30/08/2013

1,120

0,960

02/09/2013 - 06/09/2013

1,275

1,252

02/09/2013 - 06/09/2013

1,131

0,966

09/09/2013 - 13/09/2013

1,286

1,246

09/09/2013 - 13/09/2013

1,139

0,963

Média Agosto 2013

1,227

1,236

Média Agosto 2013

1,089

0,954

Média Agosto 2012

1,199

1,258

Média Agosto 2012

1,042

0,903

Variação 12/08/2013 - 13/09/2013

5,3%

-1,8%

Variação 12/08/2013 - 13/09/2013

5,5%

1,7%

2,4%

-1,8%

4,5%

5,7%

Variação

Agosto/2012 - Agosto/2013 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Variação

Agosto/2012 - Agosto/2013 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas

Agosto 2013

Pernambuco

Período

Alagoas

Pernambuco

Agosto 2013

1,400

1,418

Agosto 2012

1,248

1,252

Variação

12,2%

13,3%

Em R$/L

1,600

1,623

1,6

HIDRATADO

Período

em R$/L

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

ANIDRO

1,4

Agosto 2012

1,547

N/D

Variação

3,4%

N/D

1,2 1,0 0,8 0,6 0,4

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) 1,6

1,6

1,4

1,4 1,2

1,2

1,0

1,0

0,8

0,8

0,6

0,6

0,4

São Paulo

0,2

Goiás

0,0

1,0 0,8

São Paulo

0,2

Goiás

12

z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 ag o/ 13

de

v/

no

/1 2

t/1 2

se t

ou

/1 2 ag o

/1 2 ag o

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 ag o/ 13 EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

62 • Combustíveis & Conveniência 1,2

0,4

0,0

1,6 1,4

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

Em R$/L

Em R$/L

Goiás

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3

l/1 2 ag o/ 12

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

São Paulo

Fonte: 0,2 CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos 0,0 ju

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos


TABELAS 33 em R$/L - Agosto 2013

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,316

2,449

0,133

2,449

2,869

0,420

2,308

2,447

0,139

2,447

2,822

0,375

2,301

2,448

0,147

2,448

2,797

0,349

Branca

2,310

2,384

0,074

2,384

2,740

0,356

Outras Média Brasil 2

2,319

2,442

0,123

2,442

2,792

0,350

2,310

2,431

0,121

2,431

2,805

0,374

15 %

25 %

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

20 %

12 %

15 % 9%

10 % 5%

Outras

0%

Branca

6%

-38,7

0%

3%

-5 %

-10 %

21,2

-15 %

14,3

9,4

1,7

Branca

Outras

-3 %

-20 % -25 %

12,2

-6 %

-30 %

0,0

-5,1

-6,6

-6,8

-9 %

-35 % -40 %

BR

Raízen

Ipiranga

BR

Outras

Ipiranga

Distribuição

Diesel

Branca

Outras

Raízen

Branca

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo do Diesel 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

1,944

2,081

0,137

2,081

2,376

0,295

1,944

2,098

0,154

2,098

2,362

0,264

1,934

2,080

0,146

2,080

2,329

0,249

Branca

1,916

1,971

0,055

1,971

2,248

0,277

Outras Média Brasil 2

1,920

2,070

0,150

2,070

2,342

0,272

1,932

2,049

0,117

2,049

2,324

0,275

8%

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

40 %

6%

Outras

30 %

4%

20 %

2%

10 %

Branca

0% -10 % -20 % -30 %

Branca Outras

0% -2 %

31,7

28,2

24,8

17,5

-4 %

-52,1

-6 %

7,1

0,4

BR

Branca

-1,0

-4,0

-9,4

-40 %

-8 %

-50 %

-10 % -60 %

Ipiranga

Outras

Raízen

BR

Branca

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 14/13 e 15/13. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Outras

Ipiranga

Raízen

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe Nº 17 de 10/09/2013 - DOU de 11/09/2013 - Vigência a partir de 16 de setembro de 2013.

UF

75% Gasolina A

25% Alc. Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,110 0,972 1,018 1,044 0,969 0,977 1,045 1,037 1,044 0,971 1,073 1,045 1,058 1,000 0,975 0,972 0,984 1,007 0,980 0,978 1,046 1,038 0,982 1,033 1,006 1,016 1,085

0,406 0,369 0,401 0,400 0,375 0,375 0,329 0,336 0,326 0,379 0,346 0,331 0,329 0,396 0,371 0,371 0,376 0,330 0,329 0,371 0,405 0,408 0,351 0,334 0,371 0,326 0,329

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,815 0,781 0,758 0,721 0,770 0,772 0,749 0,795 0,847 0,780 0,753 0,735 0,810 0,832 0,756 0,774 0,697 0,820 0,934 0,779 0,763 0,753 0,733 0,720 0,788 0,658 0,758

2,528 2,318 2,373 2,361 2,311 2,320 2,319 2,365 2,413 2,325 2,368 2,308 2,392 2,424 2,299 2,314 2,253 2,353 2,440 2,324 2,410 2,395 2,263 2,283 2,362 2,197 2,368

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,260 2,892 3,031 2,884 2,852 2,860 2,994 2,944 2,920 2,888 3,012 2,941 2,998 2,972 2,799 2,867 2,787 2,930 3,014 2,885 3,050 3,013 2,934 2,880 2,918 2,634 3,030

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,481 1,304 1,364 1,346 1,302 1,285 1,438 1,407 1,430 1,305 1,467 1,410 1,425 1,312 1,307 1,303 1,322 1,391 1,349 1,212 1,399 1,390 1,380 1,403 1,347 1,373 1,355

0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097 0,097

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,463 0,392 0,403 0,401 0,410 0,383 0,290 0,280 0,356 0,385 0,437 0,374 0,353 0,413 0,390 0,396 0,399 0,274 0,303 0,390 0,427 0,436 0,308 0,280 0,396 0,288 0,306

2,181 1,934 2,005 1,985 1,950 1,906 1,965 1,925 2,024 1,927 2,142 2,022 2,015 1,963 1,934 1,936 1,959 1,902 1,890 1,840 2,064 2,063 1,927 1,920 1,981 1,899 1,899

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

2,722 2,306 2,371 2,360 2,412 2,250 2,415 2,332 2,370 2,262 2,571 2,201 2,352 2,427 2,291 2,327 2,348 2,280 2,328 2,294 2,511 2,564 2,569 2,330 2,332 2,399 2,270

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e alegislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

BR 2,480 N/D N/D

2,500 N/D N/D

2,488 2,181 2,098

IPP 2,591 2,294 2,210

2,462 2,100 2,114

Porto Velho (RO)

Rio Branco (AC)

2,599 2,346 2,192 BR

2,625 2,206 1,968

2,470 2,285 1,507

2,534 2,233 1,744

Taurus 2,370 2,515 2,130 2,275 1,543 1,720

2,454 2,181 1,617

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,569 2,571 2,126 2,126 1,601 1,602

Gasolina Diesel Etanol

2,363 1,973 1,558

Gasolina Diesel Etanol

2,444 2,152 1,957

Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP

BR 2,511 2,008 1,560

BR

Porto Alegre (RS)

2,366 1,982 N/D

2,599 2,257 N/D

2,545 2,290 1,555

BR

Florianópolis (SC)

2,590 2,257 N/D

BR

2,410 2,133 1,471

Curitiba (PR)

IPP

Raízen 2,551 2,554 2,220 2,357 1,547 1,616

Gasolina Diesel Etanol

Campo Grande (MS)

2,290 1,978 1,444

2,497 2,152 1,957

2,410 2,068 1,905

2,502 2,097 N/D

2,337 2,000 1,971

IPP

IPP 2,511 2,215 1,705

Raízen 2,494 2,510 2,110 2,120 1,550 1,550

2,463 2,085 1,639

Raízen 2,348 2,479 2,027 2,064 1,484 1,655

2,472 2,068 1,965

Raízen 2,440 2,511 2,078 2,149 2,028 2,077

2,458 2,041 1,971

Raízen 2,370 2,464 1,963 2,037 N/D N/D

BR

IPP

2,512 2,327 1,626

2,523 2,129 1,590 IPP

2,499 2,051 1,660

BR

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,355 2,446 1,980 2,065 2,100 2,146

2,415 2,000 2,036

Gasolina Diesel Etanol

2,369 2,093 1,999

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,397 2,559 2,026 2,124 2,129 2,276

Gasolina Diesel Etanol

2,450 2,116 2,019

Gasolina Diesel Etanol

2,389 2,111 1,823

Gasolina Diesel Etanol

2,434 2,054 2,060

2,400 1,898 2,051

2,748 2,392 2,134

2,455 2,260 1,450

2,459 1,958 2,073

Gasolina Diesel Etanol

N/D N/D N/D

Equador 2,687 2,720 2,295 2,385 1,944 2,278

Gasolina Diesel Etanol

2,583 2,120 2,291

2,411 2,114 1,986

Raízen 2,689 2,697 2,266 2,346 2,217 2,217

Idaza

2,457 2,101 2,053

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,499 2,558 2,122 2,176 2,160 2,312

Raízen 2,599 2,600 2,190 2,199 N/D N/D

2,539 2,197 2,184

2,349 2,083 2,077

IPP 2,575 2,173 2,085

2,376 2,071 2,051

Gasolina Diesel Etanol

2,635 2,310 2,339

2,486 2,132 2,085

2,462 2,165 2,143

Raízen 2,538 2,608 2,222 2,318 2,120 2,220

N/D N/D N/D

Maior

Raízen 2,433 2,486 2,027 2,107 2,070 2,164

2,398 2,029 1,860

Equador 2,380 2,410 2,080 2,220 2,060 2,110

BR

2,532 2,161 2,317

Menor

2,486 2,083 2,191

Gasolina Diesel Etanol

N/D

Maior BR

2,457 N/D N/D

Atem's 2,390 2,530 2,080 2,120 2,242 2,250

BR

2,557 2,057 2,192

2,610 2,287 2,220

Total 2,415 N/D N/D

2,450 2,110 2,241

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

Menor

Maior

2,484 2,116 2,259

Equador 2,489 2,670 2,055 2,150 1,978 2,100

Cuiabá (MT)

Menor

IPP

2,400 2,115 2,171

Gasolina Diesel Etanol

2,582 2,275 2,174

BR

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol

Maior

Alesat N/D N/D 1,889 1,889 N/D N/D

BR

Boa Vista (RR)

Manaus (AM)

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Agosto 2013

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Maceió (AL)

Raízen 2,463 2,548 2,115 2,210 2,100 2,190

2,527 2,059 2,259

Raízen 2,466 2,583 1,953 2,058 2,154 2,276

2,465 2,066 2,127

2,402 2,024 2,003

Raízen 2,329 2,505 2,121 2,271 2,014 2,170

2,348 2,065 1,993

IPP

IPP

BR

IPP

2,561 2,123 2,233

Raízen 2,470 2,492 2,127 2,127 1,991 2,251

2,511 N/D 2,134

2,458 2,114 1,895

2,320 1,945 1,725

2,495 2,064 2,069

2,475 2,037 2,020

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,490 2,742 1,873 2,119 1,730 2,033

2,500 1,929 1,730

Gasolina Diesel Etanol

2,400 2,110 1,483

Gasolina Diesel Etanol

2,200 1,948 1,370

Gasolina Diesel Etanol

2,460 2,109 2,007

Salvador (BA)

Vitória (ES)

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,511 N/D 2,134

2,527 2,083 2,062

Raízen 2,472 2,490 2,111 2,147 2,081 2,102

2,716 2,098 1,981

2,485 1,922 1,730

2,550 2,197 1,800

Raízen 2,429 2,577 2,120 2,166 1,657 1,831

2,409 2,107 1,617

2,397 2,118 1,607

2,176 1,910 1,330

2,519 2,129 2,063

Raízen 2,509 2,525 2,095 2,125 2,075 2,088

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,350 2,530 1,885 2,176 1,784 2,038

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,696 2,093 2,396

2,573 2,125 2,042

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,542 2,196 2,086 BR

2,419 2,013 2,117

BR

2,387 2,007 2,046

2,493 2,062 2,207 BR

2,486 2,062 2,169

Aracaju (SE)

2,439 2,063 2,026

2,508 2,190 2,156

BR

2,449 2,149 2,149

IPP 2,390 2,063 2,026

Raízen 2,370 2,423 2,065 2,118 2,063 2,109

IPP

Total

Maior

2,400 2,109 2,051

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Total

Menor

IPP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

BR

BR

2,397 2,138 1,553

2,792 2,090 2,062 IPP 2,586 2,223 1,800

Raízen 2,140 2,455 1,880 2,188 1,319 1,708 2,422 2,113 2,069

IPP

2,497 2,129 2,075

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

Armas químicas e racismo - Assim não dá. Armas químicas são um absurdo. - É verdade. Os americanos têm mais é que invadir. Bombardear aqueles turcos safados. - Mas não são turcos. São sírios. - É a mesma coisa. Sírio, libanês quando pobres são turcos. Depois que enriquecem é que se dizem sírio-libaneses. - Ok. Ok. Chega de bobagem. Isto é sério. Pode até se transformar em um novo Iraque. - E no Iraque não encontraram arma química nenhuma. Será que na Síria tem? A discussão está armada. Setembro entrou com tempo bom e calor. Os prélios de tênis foram jogados sem camisa. Todos com saudades do sol, depois do agosto terrível que o Rio Grande do Sul enfrentou. A ilha do clube está cheia e já tem garotas seminuas ao sol. Isto ornamenta o ambiente e alimenta a conversa dos velhos. Os apoiadores de um ataque à Síria estão em ligeira maioria. - Claro que tem. - O que te dá tanta certeza? - O Obama não iria mentir. - Foi o que dissestes na época da invasão do Iraque. O presidente dos Estados Unidos não pode mentir. Mas eu te lembro que o Bush fez isso. - Pode ser. Mas é exatamente por isso que o Bush não é mais presidente. - Essa não dá para aguentar. O Bush não deixou de ser presidente dos Estados Unidos por haver feito guerra ou mentido. Simplesmente, terminou seu mandato. Ele não poderia concorrer de novo. Já que fora reeleito. A besta quadrada que fizera o ridículo comentário finge que não escuta. Que o assunto não é com ele. Serve-se de cerveja e olha para o sol. Seus parceiros ficam um pouco constrangidos, mas insistem: - Não dá para botar o Obama no mesmo saco do Bush. São inteiramente diferentes. - Como não? O Obama já mentiu. - É. Ele afirmou que não houve espionagem eletrônica. Mandou prender o denunciante. - E sabia de tudo. Até a cor da cueca do presidente do México e da roupa de baixo da 66 • Combustíveis & Conveniência

presidenta. Além de ter deixado escapar já no início do seu mandato que o Lula era “o cara”. - Já sussurraram, quando disse isso, que se referia às características físicas de nosso ex-presidente. As risadas ecoam pelo terraço do restaurante. Um dos neopetistas mais fanático até denuncia: - Dizem que foi ele, o Obama, que dedurou o Genuíno, o Delúbio e o Dirceu para a imprensa fascista. Outro do mesmo time aumenta: - O que comprova a perseguição das forças da direita aos coitados dos injustiçados. - Injustiçados? Eu prefiro chamar de mensaleiros. - É que tu és fascista. Eles estão sendo injustiçados. Perseguidos. Acho até que é um flagrante caso de racismo. - Como assim? - Quem são os perseguidores dos coitados? Diante do silêncio e da surpresa, ele completa: - O presidente dos Estados Unidos e o presidente do Supremo Tribunal Federal.




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