Portugal em destaque - Edição 21

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MAIS DE 300 ANOS AO SERVIÇO DA POPULAÇÃO Instituída a 29 de dezembro de 1678, a Santa Casa da Misericórdia da Ericeira (SCME) dedica-se, desde então, à prática das 14 Obras de Misericórdia nas freguesias da Ericeira, Encarnação, Carvoeira e Santo Isidoro, no concelho de Mafra. Em entrevista à Portugal em Destaque, o provedor da SCME, João Pedro Gil, fala dos mais recentes projetos da instituição. SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA ERICEIRA

JOÃO PEDRO GIL Em mais de três séculos de história, que marcos realça? A Santa Casa da Misericórdia da Ericeira foi fundada por Francisco Lopes Franco, pessoa natural aqui da Ericeira, com algum património próprio e, por isso, quis instituir a Irmandade para a prática do bem na sua terra. Poucos anos depois da sua morte, sem capitais próprios que rendessem algo confortável, começaram os ‘altos e baixos’, vivendo-se o dia a dia consoante as doações que aqui chegavam. Sempre tivemos um hospital próprio e ao longo do tempo fomos crescendo, particularmente nesta vertente dos serviços de saúde. Em 1906, Raul Andrade, médico, e a sua equipa edificam um novo e maior hospital. Em 1918, quando se desencadeou o surto da pneumónica, acrescentou-se-lhe um pavilhão de isolamento e, nos anos 50, um lar e um infantário. A partir de 1921 o Hospital da Santa Casa da Misericórdia foi dirigido pela Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e manteve-se bem até 1974. Depois, o hospital foi integrado no Serviço Nacional de Saúde, mediante o pagamento de uma renda mensal. Apesar disso, lamentavelmente sem qualquer utilização, o edifício foi-se degradando, até que, em 2009, optou-se pela sua demolição. Qual era o plano para depois dessa demolição? O objetivo era construir aí um ‘campus de saúde’, constituído por uma Unidade de Residências Assistidas (que já está, entretanto, feita) e uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados. Iniciado o processo tivemos, por imposição municipal, de construir um parque de estacionamento subterrâneo, que custou cerca de 30 por cento do investimento. Decidiu-se, então, construir apenas a Unidade de Residências Assistidas, que foi inaugurada em 2014. Desde então temos feito um controlo muito apertado aos custos, para fazer face a uma dívida de mais de 4 milhões de euros. Mas três anos depois desceu para 1,7 milhões!

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O que foi determinante para equilibrar as contas? Aconteceram duas realidades essenciais, para as quais não tenho outra explicação se não uma ‘mãozinha’ de Nossa Senhora. Havia algumas situações (muito complicadas) pendentes. Uma delas, a posse de 1/3 de um edifício na Avenida da República, em Lisboa, que nos tinha sido doado e a família do doador tinha ativado um processo judicial, que durava há mais de 30 anos. Um ‘novelo’ ao qual ninguém via o fim. Porém, no início deste ano, resolveu-se a contento de todos os intervenientes, com uma simplicidade absolutamente inconcebível! Por outro lado, existia o verdadeiro ‘buraco’ do antigo hospital demolido, que a Santa Casa jamais teria capacidade para resolver por meios próprios. Aconteceu uma visita do Provedor da SCM de Lisboa, que tem ajudado muito a paróquia da Ericeira, a quem perguntei se conhecia alguém que, connosco, quisesse ‘deitar’ as mãos àquela obra. Temos o projeto e a licença de construção e só nos falta o dinheiro. O provedor ficou dois ou três minutos em silêncio e respondeu: “isto era bom para nós!”. Naquele momento acabara de acontecer outra ‘mãozinha lá de cima’. Fiquei abso-

lutamente convencido que tinha vendido a minha ideia. Passados uns dias começaram os contactos para se avançar e, neste momento, aguardamos a assinatura de um protocolo: a SCM de Lisboa vai mesmo construir a Unidade de Cuidados Continuados Integrados. Não havia parceiro melhor e ele apareceu! Assim, quando penso em tudo e como tudo aconteceu, e na circunstân-


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