
5 minute read
Repensar a espiritualidade?
Dinâmica: Com palitos de churrasquinho. Baseado em João 17.22.
Distribuir palitos de churrasquinho e refletir: De onde vêm? Para que servem? Convidar uma pessoa para vir à frente e falar sobre isso. Em seguida, pedir para que quebrem o palito. (Muito fácil.) Agora, pedir que três representantes tragam seus palitos e os unam. E uma representante os quebre. (Um pouco mais difícil.) Em seguida, todas unem seus palitos para formar um feixe. (Se o grupo for pequeno, levar mais palitos para tornar o feixe forte.) Convidar uma representante para quebrar o feixe usando somente as mãos. (Muito difícil quebrar!)
Ler o texto de João 17.22 e refletir sobre a união, a fé e a confiança.
Dinâmica: Construindo uma história juntos!
Contar uma história a partir de objetos, exemplo: caneta, papel, carteira, bolsa, bolachas, chave, sapato, roteiro da OASE, panela etc., de acordo coma a realidade do grupo. A coordenadora escolhe uma representante. Essa retira um dos objetos da caixa e inicia uma história. Exemplo: chave. “Hoje acordei logo cedo, fiz o café, em seguida precisei buscar pão na padaria. Fui pegar a chave e não a encontrei. Acordei todos para me ajudar a encontrá-la...”. A próxima pessoa continua a história com outro objeto. A história termina ao se retirar o último objeto.
Elenir Butzke Agner Espigão do Oeste/RO
REPENSAR A ESPIRITUALIDADE?
Recebi a tarefa de escrever um artigo com o título “Repensar a espiritualidade”. Depois de pensar e repensar o que poderia escrever, acrescentei um ponto de interrogação. Que diferença isso faz? Nos títulos de artigos e livros, o ponto de interrogação geralmente funciona como um chamariz para instigar leitoras e leitores. Mas minha intenção não é fazer do ponto de interrogação uma isca para atrair sua atenção. A ideia é motivar você a pensar e, se necessário,
repensar sua espiritualidade. Complicado demais? Quem sabe começamos com a pergunta: o que é espiritualidade? Procure responder para si mesma: o que entendo por espiritualidade? Se quiser, aproveite o espaço abaixo para anotar seus pensamentos: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________
Nas definições de dicionários de português, a espiritualidade geralmente é compreendida como uma qualidade de alguém e algo que está em oposição às coisas materiais. Essas definições pressupõem uma divisão entre corpo e espírito. A espiritualidade seria alcançada à medida que alguém se dedica às coisas espirituais e renuncia às coisas do corpo. Essa forma de compreender espiritualidade levanta duas questões importantes: 1. Podemos separar o espírito do corpo? 2. A espiritualidade é uma qualidade do ser humano?
Sobre a primeira questão, a tradição bíblica ensina que o ser humano é constituído de corpo e espírito, ou corpo e alma (Tiago 2.26; Mateus 10.28). Por vezes, a Bíblia fala numa composição de três partes: corpo, espírito e alma (1 Tessalonicenses 5.23). Seja como for, a Sagrada Escritura afirma que o ser humano não é apenas um organismo material. Há coisas que não podem ser vistas nem captadas por qualquer tipo de exame. Deus não pode ser fotografado ou detectado por aparelhos, mas, pela fé, temos certeza que Deus existe. Assim também é com a alma ou o espírito. Na perspectiva bíblica, corpo e espírito não estão em oposição nem são separáveis. Não podemos desmembrar o espírito do corpo. Isso significa que o ser humano não tem corpo: ele é corpo. O ser humano não tem espírito: ele é espírito. Corpo e espírito (ou alma) constituem uma única unidade, criada por Deus. O que afeta o corpo, afeta o espírito. O que afeta o espírito, afeta o corpo. A primeira questão recebe, portanto, uma resposta negativa: não podemos separar o corpo do espírito. Para responder à pergunta se espiritualidade é uma qualidade pessoal, precisamos definir a espiritualidade. De forma bem simples, podemos dizer que espiritualidade é a vivência da fé. Simples demais? Ou amplo demais? Depende de como compreendemos a fé.
Fé é sinônimo de confiança: A minha confiança está em ti, ó Senhor; tu és o meu Deus (Salmo 31.14). Crer é confiar que Deus nos guia e ampara nas diferentes situações, seja nos bons momentos ou nas amarguras da vida. A fé também pressupõe um conteúdo. O conteúdo da fé cristã está resumido no Credo Apostólico. Com as palavras desse Credo, declaramos em quem e no que cremos. Fé também é vivência. Assim como uma árvore é associada com seus frutos, a fé está conectada com a vivência. A vivência da fé envolve todo o nosso ser: a vida familiar e profissional, o convívio social, o corpo, as emoções. De onde vem a fé? A fé é uma resposta ao agir de Deus. A fé não é obra humana, mas um dom divino. Se a fé vem de Deus e se a espiritualidade é vivência da fé, então espiritualidade não é uma qualidade humana. De ter fé e espiritualidade não posso me gabar, somente pedir e agradecer a Deus em humildade. Espiritualidade tem relação com a palavra “espírito”, mas na perspectiva de que o espírito não está em oposição nem pode ser separado do corpo. O que significa isso? Significa que tudo o que acontece conosco tem a ver com a espiritualidade. A palavra espiritualidade também tem relação com o Espírito Santo. A presença do Espírito Santo engloba toda a nossa existência, tudo aquilo que fazemos e experimentamos. Não dá para limitar a ação do Espírito Santo a um determinado local ou a algum momento especial da vida. Não é possível fazer distinção entre vida espiritual e vida material. Tudo está interligado. Se você respondeu que oração, leitura bíblica, meditação, louvor são expressões de espiritualidade, você está no caminho certo. Mas a espiritualidade não se limita a isso. Espiritualidade também se manifesta na prática da justiça, na busca pela paz, na disposição de perdoar e acolher, na tolerância e no respeito às diferenças, na defesa da vida digna para todas as pessoas, no cuidado com as pessoas necessitadas e com a criação de Deus. Como vivência da fé, a espiritualidade é a prática do amor: Poderia [...] ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada (1 Coríntios 13.2). E então, você precisa repensar sua espiritualidade?
P. Emilio Voigt Assessor teológico da presidência da IECLB Porto Alegre/RS