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Setembro Amarelo: sinal de alerta para a vida
3 – Eu sou a solidão. 3 – Eu posso ser a companhia que não te deixa mais sozinha. Também podemos falar sobre aquilo que precisamos “deixar de lado” para valorizar o potencial de cada uma.
Pª Mirian Ratz Paróquia de Timbó/SC
SETEMBRO AMARELO: SINAL DE ALERTA PARA A VIDA O mês de setembro, com sua promessa de Arquivo pessoal renovação e florescimento, é uma época sensível para acolher a vulnerabilidade de quem já não consegue se deixar tocar pelo calor da vida. As pessoas que se encontram solitárias, presas num mundo frio e sem esperança podem estar se sentindo dessa forma por uma infinidade de motivos. Podem estar apresentando sintomas pertencentes a diferentes quadros de transtornos mentais ou estar envolvidas em dramas e tragédias que as tornam impotentes e frágeis diante de dores que não conseguem suportar ou aplacar. E nesse desespero e deserto emocional, podem ser levadas a pensar em encontrar alento no desconhecido Psic. Polyana Luiza Morilha Tozati apelo do suicídio. O Setembro Amarelo é uma campanha que surgiu para dar voz e retirar o véu que encobre o drama dessas pessoas que sofrem em silêncio e, dessa forma, se tornam invisíveis à sociedade, somente sendo “ouvidas” quando suas angústias ceifam suas vidas. Como o suicídio é um fenômeno quase epidêmico, afetando diferentes gerações, não poupando nem a infância nem a juventude, ele leva profissionais comprometidos com a saúde mental a buscarem recursos para evitar que novas tragédias pessoais e familiares ocorram. Estudos, portanto, têm sido promovidos com o estabelecimento de hipóteses que possam explicar os possíveis desalentos existenciais que estão permeando essas tragédias.
Já é unânime a compreensão de que o suicídio possui diferentes e variadas causas, sejam individuais ou sociais, e discorrer sobre todas não seria possível no momento, mas é oportuno refletir sobre um fenômeno recente que vem impactando os indivíduos e a sociedade e que tem tomado vulto nas últimas décadas em função do advento mais maciço da tecnologia e das redes sociais. O avanço da internet, a velocidade das informações, a impermanência das relações, a exigência da felicidade a qualquer custo vão tornando as pessoas mais vulneráveis à solidão, levando-as a guardar para si qualquer defeito ou fragilidade que não correspondam ao ideal de perfeição e felicidade que a mídia exige. A exposição nas redes sociais pode se tornar um cruel meio de estabelecer comparativos entre a vida das pessoas, e tentar comparar pessoas e vidas é definitivamente uma forma de privar a si mesmas das possibilidades de realização e completude. Vivemos na sociedade dos comparativos, da qual nada escapa, seja talentos, habilidades, notas ou peso. No entanto, uma das comparações mais destrutivas é a das dores emocionais. Compará-las, acima de tudo, é não respeitar as diferenças no sentir, é ignorar os ciclos, a intensidade e o impacto dos traumas na vida de cada pessoa, impossibilitando a empatia e o acolhimento. Acrescidas a velocidade e a sensação de insustentabilidade da vida moderna, que, ao negligenciar e exilar a tristeza, exilaram os sofredores, observou-se que existem muitos mitos e ideias equivocadas sobre a tristeza e o suicídio. Logo, algumas crenças precisam ser desmistificadas e esclarecidas, uma vez que se tratam de ideias que inviabilizam a ajuda adequada e a intervenção necessária. Talvez por isso campanhas de conscientização como a do Setembro Amarelo sejam uma forma de usar construtivamente a mídia, não mais para comparar e excluir, mas para agregar, acolher e divulgar as informações necessárias e verdadeiras. Setembro Amarelo, portanto, tenta superar o mito de que falar de suicídio é perigoso ou incentivador, retirando a crença de que pessoas que ameaçam se suicidar nunca o farão; ou ainda superando o preconceito de que estamos blasfemando ao nos referir com respeito e compreensão a esse tema tão estigmatizado. Essa campanha, ao retirar das sombras o suicídio, retirou do exílio as pessoas que ao tentar matar uma dor insuportável acabam por tirar a própria vida. Grande parte delas não o faria se tivesse tido oportunidade de expressar suas angústias, de desabafar inclusive as ideias que também lhe parecem absurdas e conflitantes. As pessoas que pensam em tirar a vida confidenciam que querem apenas silenciar e parar a dor que sentem, mas que gostariam muito de poder evitar esse fim. Confidenciam que se sentem um peso para a família
e acreditam realmente que sua ausência seria um alívio para todos aqueles que com elas convivem. Confessam que não se sentem seguras consigo mesmas, temem agir por impulso e fazer “uma besteira”, ou seja, paradoxalmente temem por suas vidas. Muitas pessoas, portanto, podem não ter feito planos de tirar a vida ou o que chamamos tecnicamente de ideação suicida, mas podem realmente ter se atirado à morte sem premeditação, levadas pelo impulso de aplacar a dor. Atitude que nos leva a perceber que o que está em questão é a dor da alma humana. Logo, em Setembro Amarelo estamos tratando da vida e de seus desafios. A campanha visa demonstrar que é urgente cuidar, proteger e amparar as pessoas, suas angústias e medos. Tratando-se de um movimento que visa resgatar o direito à tristeza, aos lutos, às lágrimas, necessidades humanas tão negligenciadas no universo das aparências que impõem ditaduras de perfeição, como as da beleza, do sucesso e da felicidade. Permitir que as pessoas percebam, aceitem e expressem suas fragilidades, medos e impotências permite que competências sejam desenvolvidas por meio do aprimoramento de habilidades como resiliência, tolerância à frustração, enfrentamento de medos e superação de traumas. Desenvolver em todas as pessoas a virtude do acolhimento sem julgamentos, comparações e discriminações. Que a verdadeira generosidade e doação prevaleçam, permeadas pela caridade genuína que ama sem estabelecer condições, priorizando sempre a evolução humana.

Psic. Polyana Luiza Morilha Tozati São Bento do Sul/SC
A Editora Sinodal lançou, em agosto de 2019, um livro sobre o tema suicídio: Quando a dor se torna insuportável: Reflexões sobre por que pessoas se suicidam, em parceria com a EIRENE do Brasil e o Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos – CPPC.
Arquivo OASE

Flashes do Encontro Nacional da OASE, 05 a 07 de abril de 2019, em Blumenau/SC
Datas importantes
01 – Dia Nacional da Pessoa Idosa 06 – 1930 – Fundação da OASE no Rio Grande do Sul 09 – 1905 – Fundação do Sínodo Ev. Luterano de SC, PR e outros Estados 12 – Dia da Criança 15 – Dia do Professor e da Professora 25 – 1968 – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (fusão dos Sínodos) 1945 – Dia da ONU 26 – 1949 – Fundação da Federação Sinodal 31 – Dia da Reforma
Justo não é aquele que muito produz por intermédio de seus feitos, mas aquele que, sem nada para oferecer, muito crê em Cristo.
Martim Lutero