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EcuMENisMO

Uma igreja identificada com

aTUaliDaDE: O presidente da iEcLb, Walter altmann (E), é o Moderador do comitê central do conselho Mundial de igrejas, em genebra, suíça. carlos Moeller (c) é o presidente do conselho Nacional de igrejas cristãs, em brasília. Nilton giese (D) é o secretário-geral do conselho Latino-americano de igrejas, em Quito, Equador.

carlos bock e heitor Meurer (E) atuam em comitês da federação Luterana Mundial, enquanto joão artur Müller da silva e heinz Ehlert participam das relações interluteranas das duas igrejas luteranas brasileiras (iEcLb e iELb).

PaSSaDO: O ex-presidente da iEcLb, huberto Kirchheim (E, acima), foi um dos vice-presidentes da fLM. sílvio schneider (acima) foi secretário para américa Latina e caribe na fLM, em genebra, por oito anos. Ervino schmidt (acima) foi secretário-geral do cONic, em brasília. O ex-presidente da iEcLb, gottfried brakemeier (D, acima), foi presidente da fLM. hiSTÓRia: O pastor bertholdo Weber (E) foi um dos pioneiros do movimento ecumênico no brasil. O pastor Meinrad piske (D, com o papa), foi delegado da iEcLb em assembleias do cMi e da fLM nos anos 1980.

Fotos: Peter Williams, Divulgação, ClovisLindner

o movimento ecumênico

a igREja EvaNgéLica DE cONfissãO LutERaNa NO bRasiL tEM ENvOLviMENtO histÓRicO NO ECUMENiSMO, sEM pERDER a cLaREza DE sua iDENtiDaDE E a NOçãO DE sEus LiMitEs.

por Harald Malschitzky

Ocaráter ecumênico da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) está em sua certidão de nascimento ou, usando uma expressão mais moderna, está no seu DNA. Ocorre que a IECLB foi sendo construída a partir de mais de uma tradição protestante, o que, aliás, também lhe rende críticas até os nossos dias. Fato é que somos uma igreja com traços ecumênicos. Pouco importa se em determinados momentos de sua história isso “passou despercebido”.

Dois aspectos – entre outros – parecem imprescindíveis para um envolvimento ecumênico: ter clareza sobre sua própria identidade e ter humildade suficiente para reconhecer os próprios limites e outras igrejas como coirmãs. Sem isso dificilmente acontecerá um diálogo aberto. O receio de que o diálogo aberto e franco possa levar à perda da própria essência é infundado. Perdemos nossa essência quando não temos clareza sobre nossa identidade luterana, que, sem dúvida, obriga-nos a dizer também um claro não em determinados momentos, inclusive nas relações ecumênicas. O que não podemos é dizer não ao próprio diálogo ecumênico.

Em nível de comunidade, há envolvimento ecumênico em muitos lugares onde acontecem celebrações conjuntas, estudos bíblicos e temáticos, ações sociais e educacionais. Penso concretamente no Dia Mundial de Oração, na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na Campanha da Fraternidade Ecumênica, pela segunda vez em âmbito nacional, mas já antes entre comunidades aqui e acolá. Não se deve esquecer que em Porto Alegre, por exemplo, existe o SICA (Serviço Inter-Confessional de Aconselhamento), que atua há mais de 30 anos e é mantido por diversas igrejas.

A IECLB é integrante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços), que atua na área de projetos sociais, do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), mas também da Federação Luterana Mundial (FLM), que, embora luterana, é ecumênica porque reúne igrejas luteranas de todo o mundo, cujo perfil é marcado por tradições diversas. Também o diálogo interluterano tem lá suas dificuldades!

As relações ecumênicas implicam o envolvimento de pessoas. Em outras palavras, as relações ecumênicas demandam investimento de tempo e do dom de pessoas. Apenas para ilustrar: o atual presidente do CONIC é da IECLB, o secretário-geral do CLAI é da IECLB, o moderador do Conselho Mundial de Igrejas é da IECLB. Já tivemos alguém da IECLB na presidência da Federação Luterana Mundial. Isso sem contar todas as pessoas que exercem funções executivas em órgãos ecumênicos e todas as pessoas que representam a IECLB pelo mundo afora. Isso se deve ao fato de que a IECLB tem caráter ecumênico e é reconhecida como tal por outras igrejas.

Durante mais de uma década, fui membro da Comissão Fé e Ordem, do Conselho Mundial de Igrejas, que estuda especialmente questões doutrinárias e busca pontos de consenso entre as igrejas. Fiz experiências inesquecíveis, fui descobrir quantas irmãs e irmãos temos em outras igrejas e quanta coisa existe em comum. Descobri na prática que, apesar das diferenças, é possível atuar em conjunto principalmente na área social e educacional. Mas também descobri, e com sofrimento, tantos traços humanos e tradições humanas que teimam em nos separar.

Seja lá como for, o caminho do ecumenismo não tem volta. O testemunho cristão será tão mais autêntico quanto mais as igrejas se derem as mãos, sabendo-se filhos e filhas do mesmo Deus, redimidos pelo mesmo Cristo. N

HARALD MALSCHITZKY é teólogo e secretário executivo do Pró-Educ – Serviço de Projetos de Desenvolvimento em Educação da IECLB em São Leopoldo (RS)