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pENÚLtiMa paLavRa
“Omens” desamparados e sem “agá”
a CRiSE Da MaSCUliNiDaDE pEga Os hOMENs DEspREvENiDOs, DEixaNDO-Os pERDiDOs, aO REvER Os papéis tRaDiciONais atRibuíDOs a hOMENs E MuLhEREs Na sOciEDaDE.
por Carlos Humberto Mendes Gothchalk
Na prática do aconselhamento, tenho participado da vida de muitos homens que se sentem desamparados: adolescentes, jovens, adultos, velhos. Alguns solteiros ou com relações estáveis e outros casados à maneira tradicional. Eles percebem que mudanças estão ocorrendo rapidamente em suas vidas.
Um desses homens (43 anos), casado há 15 anos, afirmou desalentado: “No meio de todas as mudanças em relação ao jeito de ser homem e mulher me sinto ‘omem’ desamparado e sem ‘h’”. E completou: “Tudo o que aprendi sobre ser homem não serve para mais nada; sinto-me meio deslocado no dia- a-dia”. Mudanças rápidas no modo de ser e fazer de homens e mulheres são evidentes.
O Dr. Michel Dorais, autor do livro “O homem desamparado. Crises masculinas: como compreendê-las para enfrentá-las!”, constatou: “Não importa a fase de vida, todos os homens estão preocupados com as reviravoltas de sua existência masculina. Não sem motivos: nas duas ou três últimas décadas, a condição feminina e a masculina evoluíram mais do que nos dois ou três séculos precedentes...”
Dorais destacou que o amor, a identidade e a parentalidade masculinas estão em crise. Somam-se outras questões como: a participação da mulher no mundo do trabalho, maior partilha de responsabilidades e de poder entre os sexos, a reconsideração feminista dos papéis tradicionalmente atribuídos aos homens e às mulheres, o desmantelamento dos casais e da família, a reprodução artificial, “barriga de aluguel”, pânico de relacionamentos doentios. Essas transformações geram incerteza, angústia, raiva e até violência em muitos...
A boa notícia da crise da masculinidade é o fato de que ela está em mutação, em que o ideal de ser homem pela conquista da força, do poder, do dinheiro, das mulheres, ruiu e está se desmantelando sempre mais. Uma pesquisa feita pelo jornal americano USA Today concluiu que, em cada quatro homens, três estão confusos quanto à atitude a adotar diante das mulheres do pós-feminismo. Os homens querem mostrar-se mais abertos às relações igualitárias, mas receiam perder com isso a própria masculinidade.
As mudanças das relações homens/mulheres trazem novas formas de complementaridade amorosa, que se assentam mais na semelhança e na cumplicidade do que na diferença e na resistência. Na procura por parceiros, o outro não é mais visto como pessoa a conquistar, mas antes como pessoa a quem se aliar. As mudanças pedem aos homens de hoje: aprendam a encontrar formas de convivência com as mulheres que não se baseiem apenas na sedução e abandonem a eterna competição com os outros homens na vida amorosa e nas outras áreas da vida, dando mais lugar à solidariedade. A mudança supõe o risco, o desconhecido, às vezes más surpresas. Mas também descobertas, aprendizados e empurrões evolutivos, que são os próprios movimentos criativos e abertos da vida.
CARLOS HUMBERTO MENDES GOTHCHALK é teólogo e especialista em Aconselhamento e Psicologia Pastoral em Indaiatuba (SP)
REvista NOvOLhaR
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