Meditação sobre a oração Roberto Ervino Zwetsch
Amigos e amigas, irmãos e irmãs de fé: Lutero considerava três práticas como essenciais para o trabalho teológico e, eu diria, para que alguém aspire ao ministério na igreja. Estas práticas são tão importantes quanto o ar que respiramos, o alimento que nos mantém saudáveis e a alegria que nos motiva para o trabalho e a vivência do amor. São elas: - oratio, a oração; - meditatio, a meditação; - tentatio, a tentação. Permitam-me, brevemente, dizer algumas palavras sobre cada uma, destacando especialmente a oração. Meditação – Ela é a convivência com a Palavra de Deus. É a experiência cotidiana de saber ouvi-la e permitir que ela entre no nosso espírito e realize em nós sua obra divina e consoladora. Sem a meditação paciente, atenta e curiosa, é difícil servir a Deus neste mundo. A meditação nos mantém vigilantes e nos prepara para os embates da caminhada da fé para a qual precisamos estar sempre preparados. Tentação – Lutero dizia que sem a tentação nada aprendemos. Pois não aprendemos nada com facilidade e de repente. É preciso meditar assiduamente na palavra de Deus e até lutar com ela para fortalecer-nos e termos acesso ao conhecimento da fé. Na perspectiva da leitura bíblica que fazemos na América Latina, é a partir da experiência da vida, dos sucessos e fracasso que nos acompanham sempre, que alcançamos algum conhecimento verdadeiro. No meio disso tudo, porém, somos tentados. Lutero dizia mais: “a pior tentação é não ser tentado”. Não há, pois, vida cristã sem a tentação. E mais, é só na tentação e na tribulação que se percebe Deus e sua Palavra. Só aí que aprendemos o que é viver da graça e do amor infinito e incondicional de Deus. É na tentação que aprendemos a orar: “e não nos deixes cair em tentação”. Lutero acrescentava em sua explicação dessa prece: “Deus nos dá vigor e poder para resistir, contudo sem que a tentação seja tirada ou anulada... o que pedimos é que não caiamos e não nos afoguemos
303