POLÍTICADEJUSTIÇA DEGÊNERODAIECLB
2023
POLÍTICADEJUSTIÇADEGÊNERODAIECLB
©IgrejaEvangélicadeConfissãoLuterananoBrasil-2023
RuaSenhordosPassos,202,4ºandar
90020-180–PortoAlegre–RS
Brasil
Fone:(51)32845400
secretariageral@ieclb.org.br www.luteranos.com.br
GrupodeTrabalho: AlexanderRobertoBusch,AneliseLenglerAbentroth, AnelizeMarleniBerwig,CarmenMichel,EmilioVoigt,EvertonLuizKnaul, LigianeTaizaMüllerFernandes,RosanePhilippsen.
Projetográficoediagramação: ArturSanfeliceNunes
Revisãoortográfica: SusanneBuchweitz
Revisãofinal: CarlosGilbertoBockeCarmenMichel
Produçãoeditorial: CoordenaçãodeGênero,GeraçõeseEtniasdaSecretaria daAçãoComunitáriaeAssessoriaTeológicadaIECLB.
Organização: IgrejaEvangélicadeConfissãoLuterananoBrasil
DocumentoaprovadopeloXXXIIIConcíliodaIgrejaEvangélicadeConfissão LuterananoBrasil(IECLB)
19a23deoutubrode2022–Cacoal/RO
OtextoaprovadopeloConcíliopassouporrevisãoortográficaposterior.
DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP) (CâmaraBrasileiradoLivro,SP,Brasil)
Políticadejustiçadegênero/organizaçãoCarmenMichel.
--1.ed.--SãoLeopoldo,RS:EditoraSinodal,2023.
Váriosautores.
ISBN978-65-5600-048-0
ISBN978-65-5600-051-0(e-book)
1.Gêneroesexualidade2.Igreja-Aspectossociais
3.Justiça-Ensinobíblico4.Política-Aspectosreligiosos
I.Michel,Carmen.
23-147827
Índicesparacatálogosistemático:
CDD-262
1.Igreja:Missão:Eclesiologia:Cristianismo262
HenriqueRibeiroSoares-Bibliotecário-CRB-8/9314
Apresentação 7 JUSTIÇADEGÊNEROEAMISSÃODAIGREJA 9 Fundamentosbíblicoseteológicos 9 Passosnacaminhada ...................................10 GLOSSÁRIO 12 PRINCÍPIOSEOBJETIVOS 15 IMPLEMENTAÇÃOEMONITORAMENTO DAPOLÍTICADEJUSTIÇADEGÊNERO ............. 19 SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
APolíticadeJustiçadeGênerodaIgrejaEvangélicadeConfissão LuterananoBrasil(IECLB)éumdocumentoquedefineprincípiosparaa JustiçadeGênero,reafirmasuabasebíblico-teológicaeapresenta estratégiasparaaimplementaçãodeaçõesjustaseequitativasentreas pessoasnosdiferentesâmbitosdaIECLB.
AIECLBadotaadefiniçãodeJustiçadeGênerodaComunhãodeIgrejas daFederaçãoLuteranaMundial: JustiçadeGêneroimplicaaproteçãoe promoçãodadignidadedasmulheresedoshomens,que,sendopessoas criadasàimagemdeDeus,sãocorresponsáveispelocuidadodacriação.A JustiçadeGêneroseexpressapormeiodaigualdadeederelações equilibradasdepoderentremulheresehomensedaeliminaçãodossistemas deprivilégioeopressãoquesustentamadiscriminação.
ComopolíticainstitucionaldaIECLB,constitui-se,amparadanoartigo 3ºdesuaConstituição,instrumentomissionáriodepropagaçãodo EvangelhodeJesusCristo.Éorientaçãoparaavivênciaevangélica pessoal,familiarecomunitária;parapromoçãodapaz,dajustiçaedo amornasociedade;paraaparticipaçãonotestemunhodoEvangelhono Paísenomundo.Dessaforma,aPolíticadeJustiçadeGênerocolabora comamissãoeavisãodaIECLBdeserumaIgrejainclusivaemissionária, queatuaemfidelidadeaoEvangelho,comprometidacomapromoçãode relaçõesjustasentreaspessoas,fomentandoaparticipaçãoplenae equitativadehomensemulheresnavidadaIgrejaedasociedade.
AIECLBéconclamadaaviveremCristoparaenfrentarecombatera discriminaçãoeaopressãodegênero,raça,etnia,idade,capacidade, orientaçãosexualecondiçãosocial,eacriarcomunidadesderelações justasquepromovamobemviverdetodasaspessoasedaCriação.
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DéboraEriléiaPedrotti PresidentedoConselhodaIgreja
SílviaBeatriceGenz PastoraPresidentedaIECLB
I.JUSTIÇADEGÊNEROEAMISSÃODAIGREJA
FUNDAMENTOSBÍBLICOSETEOLÓGICOS
“AssimDeuscriouoserhumanoàsuaimagem,àimagemdeDeuso criou;homememulheroscriou”(Gênesis1.27).
“Ora,tudoissoprovémdeDeus,quenosreconciliouconsigomesmopor meiodeCristoenosdeuoministériodareconciliação”(2Coríntios5.18).
AIECLBfazpartedaIgrejadeJesusCristo,esuavidaeteologiaestão fundamentadasnasSagradasEscrituras.Poressemotivo,reconhecemose afirmamosquetodaecadapessoaémoldadaàimagemdeDeusecriada paraviveremcomunhão,numarelaçãodedignidadeeamor.Adignidade decadapessoaeaigualdadeirrestritaentreelassãoestabelecidaspor Deus.Entreaspessoas,nãohádistinçãodesuperioridadeeinferioridade.
Alémdadignidadedecriaturafeitaàimagemdivina,oserhumano recebeudeDeusaliberdadeparapromovervidaecomunhão. Infelizmente,essaliberdadefoiusadaparaseafastardavontadedivina (Gênesis3).Oafastamentoproduziuopecadoeorompimentoda comunhãocomDeus.Opecadogeroudesigualdadeseinjustiças,que corrompemasrelaçõesentreaspessoasedaspessoascomorestanteda criação.Porcausadopecado,aliberdadeéusadaparabenefíciopróprio. Emalgumassituações,elaétambémnegadaourestrita.
Asrelaçõesdedignidadeejustiçaentrehomensemulheresforam seriamenteafetadaspelopecadohumano.Alémdadesigualdade,o predomíniodohomemsobreamulhersuscitoudiscriminação,violências eoutrasformasdeopressãoemâmbitopessoalefamiliar,mastambémna culturaenasociedadeemgeral.Evidencia-seaquiorompimentocoma ordemcriadoradeDeus,queconcebeumulheresehomensàsuaimagem esemelhança.
Comopartedacomunhãohumana,aIgrejatambémrefleteo desequilíbrioesofrecomasconsequênciasdopecadohumano. Entretanto,aboanotíciaqueaIgrejaqueranunciarempalavraseatitudes équeamortedeJesusCristoquebrouopoderdopecado.UnidasaJesus Cristopelobatismo,aspessoasestãomortasparaopecado,masvivas paraDeus,paracaminharnumanovavida(Romanos6.4,11).EmCristo, somosnovacriatura,pessoasquenãovivemmaisparasimesmas,mas
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paraaquelequemorreuefoiressuscitadoparaanossasalvação(2 Coríntios5.15,17).EmCristo,aIgrejaépartedanovacriaçãodeDeus.
AnovacriaçãoéobradareconciliaçãodeDeus.Areconciliação promovecomunhãoderelaçõesdignasejustas:“Assimsendo,nãopode haverjudeunemgrego;nemescravonemliberto;nemhomemnem mulher;porquetodosvocêssãoumasópessoaemCristoJesus”(Gálatas 3.28).Comopartedanovacriação,amissãodaIgrejaéparticiparedar testemunhodaobradereconciliaçãodivina.
Porisso,entendemosqueumaPolíticadeJustiçadeGêneroé expressãodareconciliaçãodeDeus,docompromissodeféerespostaao EvangelhodeJesusCristo.AIECLBéchamadae,aomesmotempo, capacitadaporDeusparapromoverareconciliação,ajustiça,apazevida dignaentreeparatodasaspessoas.Reconciliaçãosemanifestaem relaçõesjustas,quevalorizamaparticipaçãoigualitárianosespaçosda vidacomunitáriaeforadela,nareparaçãodeinjustiçasedesigualdades quetêmcausadotantosofrimento,enotestemunhodequeDeus,em Cristo,geraumanovahumanidadeeumnovomundo.
PASSOSNACAMINHADA
AIECLBéumaIgrejacomprometidacomajustiça,apazea reconciliaçãoquepromovevidadigna.SeucompromissocomaJustiçade Gêneroédelongadataepodeservistoemdecisõeseaçõesque,no decorrerdahistória,valorizam,incentivameasseguramaparticipação plenaeequitativademulheresehomensnosespaçosdavidacomunitária enasinstânciasdaIgreja.
Algunspassosimportantesnessacaminhadasão:
Em1981,aIECLBpropõeàsComunidadesrefletiremsobreotema HomemeMulherUnidosnaMissão,sobolemabíblicodeGênesis12.8, Sai datuacasaevai.
Em1982,comaordenaçãodaprimeiramulheraoMinistério–Edna MogaRaminger–aIECLBtestemunhapublicamentequeoMinistério comordenaçãoéparahomensemulheres.
De1988a1998,aIECLBseuneàsIgrejasdaEcumeneeparticipada DécadaEcumênica: AsIgrejasemsolidariedadecomasMulheres.
Em2002,oConselhodaIgreja,emsuareuniãoordinária,aprovaa constituiçãodoGrupoAssessordeAssuntosdeGênerodaPresidência daIECLB.
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Em2004,oXXIVConcíliodaIgrejaaprovaamoçãoquedáinícioà estruturaçãoeviabilizaçãodaCoordenaçãodeGênero,GeraçõeseEtnias. Implementadaem2008,acoordenaçãoassumeaimportantetarefade auxiliaraIgrejaamovimentar-separaqueasdesigualdadesbaseadasem gênero,geraçõeseetniasnãosejamnaturalizadaseperpetuadas,e relaçõesbaseadasnaequidadeejustiçasejamexperimentadas.
Em2005,aIECLBpublicaodocumentoproduzidopelaFederação LuteranaMundial(FLM), AsigrejasdizemNÃOàviolênciacontraamulher. E,em2008,sistematizaasreflexõesdesenvolvidasnasComunidadesda IECLBcomapublicaçãodacartilha Encontroseconversas–pelaculturada pazesuperaçãodaviolênciadoméstica.
Em2013,aIECLBdánovosimpulsosparaareflexãodotema:organiza epublicaacartilha EstudossobreGênero:“AssimDeuscriouosseres humanos...homememulheroscriou” (Gênesis1.27);traduzepublicao documentodaPolíticadeJustiçadeGênero,aprovadopeloConselhoda FLMcomoinstrumentoparaorientarotrabalhocomhomensemulheres nasIgrejasdacomunhão.
Em2014,oXXIXConcíliodaIECLB,emRioClaro/SP,decidepela observaçãodoequilíbriodegêneronaocupaçãodoscargosde representaçãoedecisõesnaIgreja,conformerecomendaçãodoXVII ConcílioGeraldaIECLB,queaconteceuemTrêsdeMaio/RSem1990.
ApartirdeencaminhamentosdoEncontroRepresentativode Ministras,realizadoemnovembrode2017,aPresidênciasepronuncia sobreotemaJustiçadeGênerocomapublicaçãodeumvídeo,noqual afirma:JustiçadegêneroéumaquestãodefidelidadeaoEvangelho. Nessemesmoperíodo,umamoçãoparaviabilizaraPolíticadeJustiça GênerodaIECLBéencaminhadapor10AssembleiasSinodaisaoXXXI ConcíliodaIgreja.
Em2018,oXXXIConcíliodaIgrejadádoispassosimportantesparaa promoçãodaJustiçadeGênero:1)DefineasMetasMissionárias2019a 2024,dasquaisespecialmenteasMetas3e4valorizamadiversidadeea JustiçadeGênerocomoáreasdeprioridadeparaaMissãodaIgreja;2) AprovaaconstituiçãodeumGrupodeTrabalhoparaelaboraraPolíticade JustiçadeGênerodaIECLB.
Frutodeumprocessocoletivodereflexão,aPolíticadeJustiçade GênerodaIECLBéapresentadanoXXXIIIConcíliodaIgreja,emoutubro de2022,comoimportanteinstrumentoparaavaliareplanejarasaçõesda Igreja,comvistasatransformaregarantirvivênciasderelaçõesjustas entreaspessoas,nassuasdiversasdimensões.
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II.GLOSSÁRIO
DIGNIDADE
Éagarantiadasnecessidadesvitais,dobem-estarededireitosdetodas aspessoas.Écaracterísticaessencialdapessoa,quelheédadaporDeus eaprotegecontratodotratamentodegradanteediscriminaçãocom baseemgênero,etnia,condiçãosocial,idade,capacidade.
DIREITOS
Conjuntodenormasestabelecidasquegarantemascondiçõesfavoráveis paraavida.Elaspromovemjustiça,equidade,exercíciodacidadaniapara todasaspessoas.Pressupõemparticipaçãoecorresponsabilidadenoque dizrespeitoàsdecisõessobreasuaprópriavidaeavidaemcomunidade.
EIXOTRANSVERSAL
Éumcomponentequeperpassatodasasdimensõesdavivênciainstitucional, comunitária,celebrativaeecumênica,promovendoaJustiçadeGênero.
EQUIDADE
Éaformadetratamentoqueconsideraasnecessidades,possibilidades eperspectivasespecíficasdecadapessoa.Éoobjetivoqueseespera alcançarparaquehajarelaçõesjustaseigualitáriasentreaspessoas.
ASSÉDIO
Caracterizatodacondutaabusiva,sejaemgestos,palavraseações,que atingeadignidadeemocional,espiritualoufísicadapessoa.
ASSÉDIOSEXUAL
Édefinidocomoqualquerformadeabordagemsexualindesejada, inadequadaeinsistente.Essasabordagenspodemocorrersobformade olhares,gestosobscenos,proximidadeoutoquesinadequadosepressão paraobterencontrosouatividadescomconotaçõessexuais.Oassédio sexualtambémincluicomentáriossexuaisverbaisouescritosecontato físicoquedegradamapessoa.Essetipodeagressãopodeserpraticado porhomensoumulhereseocorreremtodosossetoresdasociedadee daIgreja.Assédiosexualécrimeeprecisaserdenunciado.
ASSÉDIOMORAL
Éaquelequesemanifestaemrelaçõesemqueháabusodepoder,etem porobjetivodesestabilizaremocionaleprofissionalmenteumapessoa. Essaviolênciasedádeformarepetitivaeprolongada,podendoocorrer pormeiodeaçõesdiretas,comoacusações,insultos,gritos,humilhações
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públicas,ouaçõesindiretas,comofofocas,isolamento,exclusão,recusa àinformação,sobrecargadetarefas.
EMPODERAMENTO
Empoderamentodáàspessoas–tantoahomensquantoamulheres–opoder,aliberdadeeainformaçãoquelhespermitemtomardecisões eparticiparativamentenaIgrejaenasociedade.Aolongodahistória, especialmenteasmulheresforamimpedidasedesencorajadasde participarplenamentenosprocessosdegestãoedecisõessobresuavida enascomunidadesondevivem.Ainclusãoeoempoderamentode mulheressãoessenciaisparaedificarcomunidades,Igrejasesociedades sustentáveis.Oempoderamentodetodasaspessoaspermiterelações justaseequilibradas.
SEXO
Sexodesignaasdiferençasbiológicasexistentesentrehomensemulheres. Asdiferençasdesexotêmavercomoscorposdehomensemulherese suasfunçõesbiológicas.
GÊNERO
Designacaracterísticassocialmenteconstruídas,associadascomofato desermulherouhomem.Ogênerodeterminaoqueéesperado,permitido evalorizadoemumamulherouumhomememumdadocontexto.Na maioriadassociedades,hádiferençasedesigualdadesentremulherese homensnospapéiseresponsabilidadesquelhessãoatribuídos,nas atividadesempreendidas,noacessoarecursosenocontrolesobreeles, bemcomoemoportunidadesdetomadadedecisões.Naperspectivade gênero,asdiferençasentrehomensemulheressãoreconhecidase valorizadasquandocontribuemparaaequidade,esãoquestionadas quandoresultamemdesigualdadeseinjustiças.
IGUALDADEDEGÊNERO
Éabuscaporigualdadeentreaspessoas,ondecaracterísticasfísicas, biológicasousociaisnãodefinemseupapelnemsuaimportânciana sociedade.Homensemulherestêmcaracterísticas,comportamentose aspiraçõespróprias.Igualdadedegênerosignificaqueessasdiferenças sãoconsideradasdeformajusta.Implicaqueoportunidades,direitose responsabilidadesdaspessoasnãodependemdeelasteremnascidodo sexofemininooumasculino.
JUSTIÇADEGÊNERO
ÉaparticipaçãoplenaeigualitáriademulheresehomensnaIgrejaena sociedade.JustiçadeGêneroimplicanaproteçãoepromoçãoda
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dignidadedasmulheresedoshomens,que,sendopessoascriadasà imagemdeDeus,sãocorresponsáveispelocuidadodacriação.AJustiça deGêneroseexpressapormeiodaigualdadeederelaçõesequilibradas depoderentremulheresehomens,edaeliminaçãodossistemasde privilégioeopressãoquesustentamadiscriminação.JustiçadeGênero éumcompromissodeféemrespostaaoEvangelho.
PATRIARCALISMO
Sistemaqueapresentaumaorganizaçãoemqueohomeméocentro dopoder.Otermopatriarcadotemsuaorigemnaculturagreco-romana, ondeopai(paterfamilias)exercesuaautoridadeougovernodeforma autoritáriaesobumaaparênciapaternalistanafamíliaenasociedade. Emborasejaumsistemapolítico,socialejurídicoquevigorouatéoséculo XX,permaneceexercendoinfluênciaaindahoje.Nessesistema,os homenssãoqualificadoscomofortes,bonslíderes,capazesdecomandar edepensarlogicamente,enquantoasmulheressãoqualificadascomo fracas,submissas,emotivas,sensuais,serviçais,comdificuldadespara liderareadministrar.
MACHISMO
Éamanifestaçãodeconvencimentodasuperioridadedoshomenssobre asmulheresnaformaderelaçõesdedominaçãoeopressão,visíveis emdiversaspráticaseatividades.Emculturaspatriarcais,asmulheres sãoinferiorizadasenãotêmomesmoreconhecimentoprofissionalque têmoshomens,nemamesmavalorizaçãodefunçõesehabilidades quedesempenham.
PROTAGONISMO
Éapossibilidadededecidireagircomliberdade,autonomiae responsabilidade,assumindoasconsequênciasdasescolhaseações.Éa oportunidadedeescreveraprópriahistória.
RECONCILIAÇÃO
AreconciliaçãoéumaaçãodeDeus:“E,assim,sealguémestáemCristo, énovacriatura;ascoisasantigasjápassaram;eisquesefizeramnovas. Ora,tudoissoprovémdeDeus,quenosreconciliouconsigomesmopor meiodeCristoenosdeuoministériodareconciliação”(2Coríntios5.1718).Areconciliaçãonãoadmitequerelaçõessociaisinjustaspermaneçam talcomoestão.Elaimplicanoreconhecimentodeerros,naconfissão,no arrependimento,naconversãoenatransformaçãodaspessoasedas relaçõesapartirdaféemCristo.
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III.PRINCÍPIOSEOBJETIVOS
Osseteprincípioseseusobjetivos,apresentadosnestedocumento servemdeorientaçãoparaimplementarcompromissosconcretoscoma JustiçadeGêneronoâmbitodavidacomunitáriaeinstitucionaldaIgreja. Elesservemparafacilitaroprocessodeadaptaçãodeplanosdeaçãoa diferentesrealidadesecontextos.
SãoprincípioseobjetivosdaPolíticadeJustiçadeGênerodaIECLB:
PRINCÍPIO 1: JustiçadeGênerocomoexpressãodareconciliaçãodivina, queafirmaadignidadeeigualdadehumanaepromoveaparticipação eoprotagonismodetodasaspessoasnaIgrejaenasociedade.
OBJETIVOS:
� Reafirmaradignidadedemulheresehomenscomopessoascriadas àimagemesemelhançadeDeus.
� PromoverreconciliaçãonaIgrejaenasociedadecomocompromisso comaobradereconciliaçãodivinarealizadaemJesusCristo.
� PromoverreflexãobíblicaeteológicasobreJustiçadeGêneroea suaimportâncianamissãodeedificarcomunidadesmaisjustase igualitárias.
� AvaliaroscontextosdeatuaçãodaIgrejaparaidentificarlacunas, barreiraseaçõesnecessáriasàpromoçãodaJustiçadeGênero.
� Fomentarotestemunhoevangélicodemulheresehomenspara superaraviolênciaeadesigualdadedegêneronaIgrejaena sociedade.
� Restaurarrelaçõesfundamentadasnaigualdade,najustiçaeno serviçomútuo,apartirdoministériodareconciliação.
PRINCÍPIO 2: Asuperaçãodetodaequalquerformadeviolência, inclusiveassédiomoralesexual.
OBJETIVOS:
� Visibilizaretransformarassituaçõesqueenvolvemviolênciasde
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gêneroemâmbitodomésticoeeminstânciasdaIgreja.
� Promoverespaçosseguroseacolhedoresparatodasaspessoas,sem distinçãodegênero,idade,etnia,classesocial,capacidade.
� Apoiarpessoasemsituaçãodeviolêncianoprocessodeformalização dadenúnciaperanteinstânciasdeproteçãocivil,enoencaminhamentoparaatendimentoespecializado.
� Observarcódigosdecondutarelativosaoassédiosexualeà discriminaçãoporgêneroeetnia,comoformaderepúdioeprevenção aqualquertipodediscriminaçãoeviolência.
� Promovereapoiaraçõesdesensibilizaçãoeprevençãodeviolência doméstica,violênciacontraasmulheres,assédiosexualemoral.
� Desenvolvereapoiarprogramasdecapacitaçãoeformaçãoem acompanhamentopastoralparapessoasemsituaçãodeviolência, violênciadomésticaeagentesatoresdeagressão.
PRINCÍPIO3: Participaçãoequitativadehomensemulheresnos espaçosdeliderança,decisãoerepresentação.
OBJETIVOS:
� Garantiraequidadedegêneroemfunçõesderepresentaçãoede decisãoemtodososâmbitosdaIECLB,narelaçãocomIgrejase instituiçõesparceirasenaEcumene.
� Assegurarquehajaequilíbrionaparticipaçãodemulheresehomens naocupaçãodoscargosderepresentação,liderançaegestão.
� Identificareenfrentarasbarreirasquedificultamaparticipaçãoplena demulheresemtodososníveisdegestão.
� Investirnoempoderamentodemulheresatravésdeformaçãoe capacitação,contribuindoparaodesenvolvimentodaautoconfiança, aparticipaçãoemprocessosdedecisãoeoexercíciodaliderança emdiversosâmbitosdaIgreja.
� DesenvolverinstrumentosparamedirosprogressosemrelaçãoàJustiça deGêneronaliderançaegestão,nosdiferentesâmbitosdaIgreja.
PRINCÍPIO4: AcessojustoarecursoseoportunidadesdisponibilizadospelaIECLB,semdiscriminaçãodegênero,idade,classe social,etniaecapacidades.
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OBJETIVOS:
� ConsideraraJustiçadeGênerocomoumcritériodeanálisenos processosdegestãoenaconcessão,implementação,monitoramento eavaliaçãodeprojetos,emtodososâmbitosdaIgreja.
� Assegurarquepolíticasorganizacionais,práticas,orçamentos, recursos,gestãoderecursoshumanos,gerênciaseorganismosde tomadadedecisõesconsideremaequidadedegênero.
� Estabelecereaplicarinstrumentosquantitativosequalitativospara avaliaroprotagonismoeaplenaparticipaçãodemulheresehomens eminiciativascomunitáriaseprogramasinstitucionais.
� Assegurarquemulheresehomenstenhamacessoepossibilidades iguaisaCamposdeAtividadeMinisterial,bemcomoacargoseletivos oucontratuais,comremuneraçãoigualparaatividadesiguais.
PRINCÍPIO5: Formaçãocontínuaparafortalecerocompromissode homensemulherescomaJustiçadeGênero.
OBJETIVOS:
� Assegurarformaçãobíblico-teológicosobreJustiçadeGêneropara todasasfasesdavida,emdiálogocomasdiferentesáreasdo conhecimento,visandoarelaçõesjustaseigualitáriasentrehomens emulheres.
� Desenvolvereapoiarseminários,cursos,materiaisecampanhassobre JustiçadeGêneroecombateàviolênciadegênero.
� Promoverreflexãosobremodelosepapéis,atribuídosahomense mulheres,queagridemadignidadehumanaelimitamosseusespaços deatuação.
� Capacitarparaaidentificaçãodasviolênciasdegêneroquepersistem nasfamílias,naIgrejaenasociedade.
� Estabelecerefortalecerparceriascominstituiçõesparagarantir espaçosdepesquisa,reflexãoeproduçãodeconteúdossobreJustiça deGênero.
PRINCÍPIO6: JustiçadeGênerocomoeixotransversalemencontros comunitárioseespaçoscelebrativosdaIgreja,instituiçõesvinculadas evivênciasecumênicas.
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OBJETIVOS:
� IncorporaraJustiçadeGênerocomoumeixotransversalna comunicação,naliturgia,namúsica,nareflexãobíblicaeteológica.
� Assegurardeformajustaoprotagonismodemulheresehomens nasdiversasatividadesdevocionaisdaIgreja,comopalestras,estudos bíblicos,meditações,celebrações,cultos,ofícioseeventos.
� AssegurarquesejamcontempladostextosemensagensquepromovamaJustiçadeGêneronosdevocionários,namúsicaemateriais impressos.
� UsardeformajustaexemplosdemulheresehomensnaBíblia,na históriadaIgrejaenasociedade,rompendocomestereótiposque associamopecadoeomalcomasmulheres.
� Repudiarousodehistórias,piadaseexemplosquedesqualificam, inferiorizameferemadignidadedasmulheresedetodasaspessoas nasuadiversidadedeclasse,raça,etnia,religiosidade,idade,sexo, gêneroecapacidades.
� PromoverleituradaBíbliaquequestionacomportamentos,crenças, valoresesímboloscontráriosaoEvangelhodeJesusCristoeque assegurevidadignaatodasaspessoas.
PRINCÍPIO7: Linguageminclusivacomoinstrumentoparaefetivar JustiçadeGênero.
OBJETIVOS:
� Garantirousodalinguagemjustaeinclusivanaformafalada,nomeandotantoofemininoquantoomasculino.
� Garantirousodalinguagemjustaeinclusivanaformaescrita, nomeandofemininoemasculinogramaticalporextensoem documentosepublicações.
� Promoverformaçãosobreousodalinguageminclusivacomoum instrumentodenomeação,visibilizaçãoevalorizaçãodetodasaspessoas.
� Disponibilizarorientaçõesparaousodalinguageminclusivaejusta notestemunhodefé.
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IV.IMPLEMENTAÇÃOEMONITORAMENTO
OSÓRGÃOSNACIONAISDAIECLBTÊMARESPONSABILIDADEDE:
� DisponibilizaraPolíticadeJustiçadeGêneroatodasasinstâncias daIECLBeorientaroseuprocessodeimplementaçãoe monitoramento.
� Desenvolverinstrumentosparaavaliaraimplementaçãodosprincípios eobjetivosdaPolíticadeJustiçadeGênero,eaelaboraçãoderelatórios.
� Desenvolverinstrumentosparaefetuardeformasegura,noâmbito daIgreja,denúnciasdeviolência,discriminaçãocombaseemgênero, assédiosexualemoral.
� AssegurarqueoplanejamentoeasaçõesdaSecretariaGeralestejam emconsonânciacomaPolíticadeJustiçadeGênero.
� AcompanharasaçõesdeimplementaçãodaPolíticadeJustiçade GêneroemtodaaIECLB.
� Avaliaranualmenteosresultados,desafioseprogressosobtidosna promoçãodaJustiçadeGêneroemâmbitonacional.
� DivulgaroscompromissosassumidospelaInstânciaNacional,os resultadosalcançadoseaevoluçãodasaçõesimplementadasna promoçãodaJustiçadeGênero.
OSSÍNODOSTÊMARESPONSABILIDADEDE:
� Constituirumaequipepermanentecompostaderepresentantesde Ministras,Ministrosedeliderançasnãoordenadasparaarticulare monitoraraimplementaçãodaPolíticadeJustiçadeGênerono âmbitosinodal.
� Aequipe,emdiálogocomPastoraouPastorSinodal,ConselhoSinodal edemaissetoresoudepartamentossinodais,éresponsávelpor analisarresultados,desafioseprogressosobtidosnapromoçãoda JustiçadeGêneronasinstânciassinodaiseparoquiais.
� Desenvolverinstrumentosparaefetuardeformasegura,noâmbito doSínodo,denúnciasdeviolência,discriminaçãocombaseem gênero,assédiosexualemoral.
� DivulgaroscompromissosassumidospelaInstânciaSinodal,osresultadosalcançadoseaevoluçãodasaçõesimplementadas.
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� ContemplaraimplementaçãoeosresultadosdaPolíticadeJustiça deGêneronorelatóriosinodal.
ASPARÓQUIASOUCOMUNIDADESCOMFUNÇÕESPAROQUIAIS TÊMARESPONSABILIDADEDE:
� ImplementaraPolíticadeJustiçadeGêneroapartirdasorientações doSínodoeInstânciasNacionais.
� DivulgaroscompromissosassumidospelaParóquia,osresultados alcançadoseaevoluçãodasaçõesimplementadas.
� ContemplaraimplementaçãoeosresultadosdaPolíticadeJustiçade GêneronorelatóriodaParóquiaouComunidadeemfunçãoparoquial.
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