História
facebook.com/sinodoluteranoesbelem secretaria@sesb.org.br Ano XLII • dezembro de 2022 • nº 124 luteranos.com.br/sinodo/espirito-santo-a-belem
Campanha
Informativo do Sínodo Espírito Santo a Belém
Campanha Vai e Vem |
Vai e Vem 2022Gratidão | p. 23
18 Relato do P. Friedrich Wilhelm Hasenack – Jequitibá presença luterana 6 O presépio e as suas muitas mensagens! reflexão 24 e 25 Notícias da OASE oase 25 Notícias da Juventude juventude 3 O Significado da Coroa de Advento mensagem 4 A NOSSA CIDADE XVI crônica 9 Mensagem da XIII Assembleia do Sínodo Espírito a Belém notícias 17 Novembro Azul - Saúde do homem também é um assunto importante conversando sobre saúde Presépio confeccionado pela artesã Amanda Saick
| Jubileu de 100 anos de fundação da Comunidade de Santo Antônio | p. 8 Mensagem do XXXIII Concílio da Igreja - Cacoal/RO | p. 16
Irmãos e irmãs em Cristo!
Estamos, mais uma vez, no tempo de Advento e Natal. A canção afir ma: “O tempo vai passando sutilmente, de repente, a gente lembra que o Natal já vai chegar”... Parafraseando a canção, talvez pudéssemos afir mar: O tempo passou rapidamente e o Natal já chegou.
O ano de 2022 foi muito intenso. Na sociedade civil, tivemos eleições. Elegemos deputados, senadores, governadores e presidente da república. Lamentavelmente, mais uma vez, o debate não foi sobre as necessida des da sociedade brasileira. Questões relativas a geração de empregos, saúde, educação, moradia... ficaram em segundo plano. O que vimos, foi muita baixaria, mentiras em massa, bate-bocas...
Infelizmente, o nome de Deus foi usado e abusado durante o período eleitoral. Vimos situações absurdas acontecerem no seio das igrejas. A igreja de Cristo e, individualmente, seus membros precisarão fazer uma profunda reflexão sobre o que aconteceu. Enquanto igreja herdeira da Re forma Protestante, precisamos refletir sobre o ensino de Lutero a respeito dos governos. O reformador defendeu que “a igreja não deveria exercer um governo terreno e os príncipes da terra não deveriam governar a igreja e nem se intrometerem no assunto da salvação das almas”. Portanto, a igreja não pode ser usada para interesses políticos/partidários/eleitorais. Não podemos reduzir o pastor a cabo eleitoral, transformar o púlpito em palanque, tampouco, o culto em comício.
Depois do pleito, nos resta orarmos para que Deus ilumine e condu za quem se elegeu, para que governe dignamente e promova vida em abundância para todas as pessoas. Igualmente precisamos orar para que Deus conduza a Sua igreja para que haja pura pregação do Evangelho e reta administração dos Sacramentos. Assim como o Evangelho não deve ser imposto ao mundo (Lucas 9.1-5), igualmente, a Igreja não deve se sujeitar aos pecados do mundo (Romanos 12.2). Somos “IECLB. Igreja de Jesus Cristo”. Que o Tema do Ano de 2023, nos ajude a refletir sobre o nosso papel.
No âmbito da IECLB, também foi ano de eleições. A assembleia sinodal ordinária, reunida em 03 de setembro último, elegeu seus representantes para as diversas funções estabelecidas estatutariamente. P. Ismar foi re eleito como pastor sinodal e Pª Iraci foi eleita como pastora vice-sinodal. Em 03 de dezembro, o conselho sinodal elegerá a sua diretoria. Em âmbi to nacional, o XXXIII Concílio da Igreja, aconteceu no Sínodo da Amazônia. Além de deliberar sobre uma série de questões, reelegeu a presidência da IECLB para os próximos 4 anos. As mensagens do Concílio da Igreja e da Assembleia Sinodal se encontram nesta edição.
A agenda esteve sempre lotada durante este ano. As atividades presen ciais foram retomadas em sua plenitude. Os exemplares do jornal “O Seme ador” deste ano revelam quão intensas e variadas foram as atividades no âmbito do Sínodo Espírito Santo a Belém. Significativos foram os encontros e as atividades de formação e comunhão. Somos gratos a Deus por tudo que ele nos permitiu realizar e vivenciar. A edição de número 124, que agora chega até vocês, compartilha um pouco dessas atividades.
Esta edição nos convida a meditar sobre a coroa de Advento e a refletir sobre o significado do presépio. Será que compreendemos seu verdadei ro sentido? Continuamos nossa viagem pelos altos de Jatibocas, embar cando na Crônica do P. Ido Port. Rumo as comemorações dos 200 anos da presença luterana no Brasil, conheceremos mais uma parte da história da IECLB no Espírito Santo. O projeto “Missão Criança” avança nas paró quias de nosso Sínodo e continuará sendo prioridade em 2023. Os relatos de atividades realizadas em algumas comunidades querem nos servir de inspiração.
O jornal “O Semeador” de dezembro, mais uma vez, quer mostrar um pouco do que realizamos e vivenciamos como igreja de Cristo no Sínodo Espírito Santo a Belém. Através de suas páginas, buscamos animar as pessoas na fé em Deus e no testemunho desta fé ao mundo. Desejamos a você uma boa leitura e um abençoado tempo de Advento e Natal.
P. Ismar Schiefelbein Pastor sinodal - SESB
Endereço | Rua Engenheiro Fábio Ruschi, 161 Bento Ferreira, Vitória – ES, CEP 29050-670
Telefone | 27 99719-0690 e 27 99788-6625
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O Semeador é uma publicação trimestral informativa destinada às Comunida des, Paróquias, Uniões Paroquiais e Instituições do Sínodo Espírito Santo a Belém (SESB), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Correção | P. Ismar Schiefelbein, P. Edivaldo Binow, P. Joaninho Borchardt, Miss. Franciele Kampke Esteves, P. P. Ronei Odair Ponath, P. Stefan Krambeck.
Projeto gráfico | Willi Piske Júnior
Diagramação | Adriana Serrano
Conselho de Comunicação | P. Ismar Schiefelbein, P. Sidney Retz, P. Edivaldo Binow, P. Joaninho Borchardt, Miss. Franciele Kampke Esteves, P. Ronei Odair Ponath, P. Stefan Krambeck, Nilza Buss.
Colaboradores | P. em. Geraldo Graf, P. em. Ido Port, P. Jonas Krause, P. Rubens Stuhr, Valdemiro Zaager, P. Valdeci Foester, P. Valmiré Martin Littig, Min. Rel. Igon Schreder, P. João Paulo Auler, Rosilene Kiper Cruz, P. Vitorino Reetz, Fábio Haese, P. Sidney Retz, Maurício Raasch, Carolina Munck Chaeffer, Ana Caroline Völz Ponath, Segleinda Neumann, Pa. Ariádner J. P. Berger, Eliana Zummach Janke, Lorena Hartiwig Brandemburg, P. Miquéias Holz, P. Leomar Lauvers, Diác. Vanderlei Boldt, Ma. Josiane Velten, Eloir Haese Henke.
Distribuição e Correspondências | Sínodo Espírito Santo a Belém – IECLB Secretária/Administração | Nilza Buss
Tiragem | 7.720 exemplares
Os artigos assinados são de responsabilidade dos respectivos autores.
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Fechamento da próxima edição: 01/02/23 Mande informações, notícias e/ou fotos para o e-mail secretaria@sesb.org.br
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Editorial
Pastor Em. Geraldo Graf Colatina
O Significado da Coroa de Advento
Sempre, quando se aproxima o Natal, as casas, as ruas e o co mércio de muitas cidades se enchem de luzes. Algumas cidades comemoram o “Natal-Luz”. Tudo é muito bonito e atrai milhares de turistas, transformando o Natal em um grande comércio. Ven de-se e compra-se de tudo: enfeites de Natal, pacotes de turismo, hospedagem em hotéis, alimentos – com destaque para os cho colates, presentes e brinquedos.
Entretanto, ignora-se ou esquece-se que a “luz do Natal” tem outra origem e outro significado. O evangelista João dá um teste munho muito claro ao afir mar: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não pre valecerão contra ela. [João Batista] veio para dar teste munho da luz, a verdadeira luz (Jesus Cristo), que, vin da ao mundo, ilumina toda humanidade” (João 1.5,89). Em meio aos festejos, as pessoas correm o risco de serem ofuscadas pelas luzes sedutoras, que não apontam para o Salvador. Já, a verdadeira luz, que é Cristo, ilumina o nosso caminho, aponta para o amor de Deus e nos revela a essência da vida cristã.
O objetivo da coroa de Advento é apontar para Jesus Cristo, a luz do mundo (João 8.12). À medida que o Natal se aproxima, mais luzes vão se acendendo na coroa, anunciando a chegada do Salvador. As muitas luzes que se acendem neste período de Natal e que não apontam para Jesus Cristo são falsas e enganadoras. O objetivo da coroa de Advento é nos ajudar a preparar nossa vida e nossos relacionamentos para acolhermos Jesus, não só no pe ríodo do Natal, mas, renovadamente, todos os dias de nossa vida.
Em 1839, o pastor luterano Johann Hinrich Wichern montou a primeira coroa de Advento, para celebrar com crianças órfãs e pobres, junto às quais ele realizava um trabalho diaconal em Ham burgo, Alemanha. Sua finalidade era conversar diariamente com as crianças sobre Jesus Cristo, enquanto mais e mais se acendiam as velas na coroa. Era uma roda de carroça com quatro grandes velas brancas e 20 pequenas velas vermelhas. Uma vela era acesa todas as noites, desde o dia 1º do Advento até a véspera de Natal. A partir de 1860, a coroa de Advento foi enfeitada com folhas ver des. No final do Século 19, ela passou a ter também a opção de quatro velas, uma para cada domingo de Advento.
As velas na coroa do Adven to encurtam o tempo desde o início do Advento até a vés pera de Natal. A luz fica mais brilhante com cada vela adicio nal, simbolizando a crescente aproximação da celebração do nascimento de Jesus Cristo. Além da coroa de Advento na sua comunidade, mantenha o bom costume de montar uma coroa no seu lar e reserve um tempo especial para acender diaria mente (ou a cada domingo de Advento) mais uma luz. Aproveite para ler com sua família os textos bíblicos, que falam da vinda de Jesus, cantar e orar. À medida que as luzes brilham mais forte, mais e mais aumenta a alegria e a gratidão por nos sabermos aco lhidos pelo Salvador.
Foto: https://www.wochenblatt-news.de/wp-content/uploads/ adventskranz-als-christliches-vorzeichen-fuer-weihnachten-wicher nkranz-entzuenden.webp
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Texto
O objetivo da coroa de Advento é nos ajudar a preparar nossa vida e nossos relacionamentos para acolhermos Jesus, não só no período do Natal, mas, renovadamente, todos os dias de nossa vida.
“O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Isaías 9.2)
Crônica
Texto Ido Port Camburi, 26.10.2022
NOSSA CIDADE - XVI
E o Ensino? Como funcionava na nossa nova cidade?
Esta faceta estava humildemente engatinhando. Ainda so fria as consequências dramáticas da proibição da língua mater na, e o consequente fechamento das escolinhas comunitárias, que eram um dos últimos elos da maioria das famílias com as suas orig ens pomeranas.
O torrão, antes inóspito e conquistado com sofrimento, ago ra tornou-se mais uma vez inimigo. Tudo ganhou outros nomes, e a comunicação familiar e comunitária foi cruelmente inter rompida com todos os jeitos a fim de apagá-la ou silenciá-la de finitivamente.
Estávamos entrando na década de 1980, portanto 40 anos após este silencio, escolinhas apontam humildemente com muito sofrimento em meio a estes altos para a alfabetização. No começo não havia nenhuma pedagogia solidária para con quistar e vencer a timidez das crianças e a relutância dos pais. Professoras vinham de fora, e sem nada saber dos costumes e da língua deste povo, tiveram que se hospedar em modestas casas de família em meio a esta gente do interior, onde elas, sem fôlego e sem persistência, não se adaptaram a dureza da vida do dia a dia. Pouco tempo aguentavam, saíam e não vol tavam mais. Caso típico de Alto Jatibocas. Ninguém aprendeu com esta constante troca de professoras. A própria estrutura educacional perdeu uma boa oportunidade de interagir com a cultura diferente deste povo, cuja soma teria enriquecido cultu ralmente am bas as partes.
Mas como as professoras não tinham nenhuma orientação de seus órgãos superiores e muito menos aptidões pedagógi cas, voltavam para a cidade falando mal dos hábitos estranhos deste povo ignorante e indolente, assim tipificado, por quem se achava com o rei na barriga. Na verdade, era apenas a repetição do que foi dito para o povo de suas terras de origem, após a II Guerra Mundial, pelas potências vencedoras. Potências estas que nós ingenuamente hoje admiramos e às vezes até idola tramos ao ponto de incorporar costumes, língua e comporta mentos... Cito como exemplos o Black Friday, o Halloween, a celebração do Dia Nacional de Ação de Graças, além do consu mismo presente em cada curva e esquina de nossa vida. Lem bramos ainda aquele acidente constrangedor, por volta de 1979, quando um Juiz da Comarca de Santa Leopoldina ameaçou com voz de prisão um cidadão que não sabia falar a língua por tuguesa. Certamente, este digníssimo senhor juiz esqueceu-se de perguntar se existia escola à disposição deste cidadão en quanto criança, e como o Estado cuidava destas escolas! Fato é que este jeito de promover o ensino, o aprender das letras, provocar curiosidade, provocar para conhecer outras histórias, outros jeitos, outros costumes, é muito perigoso num país onde por quase 400 anos só as elites determinavam os rumos da Pátria. E, sabidamente, era-lhes mais vantajoso trabalhar com pessoas incultas do que com pessoas esclarecidas. Afinal, as letras sempre eram e continuam sendo uma arma fantástica.
Por elas e, através delas, se enxerga mais longe, se pergunta, se avalia, se questiona... atitudes tão comuns para quem quer viver livre, mas perigosas numa sociedade onde se quer mani pular pessoas como se fossem m assa de reboco.
E para completar o triângulo, surgiram as intrigas de inte resses semeadas entre as famílias por gente de fora, que ma nobrava os rumos políticos, cujo desfecho se deu com o fe chamento da casa escolar construída perto da Capela Católica em Alto Jatibocas. Casa esta depois cedida e ocupada pelos idosos, aposentados da vida pública, Rosália e João. Pastor Ro dolfo trouxe uma canção a qual todo mundo alegremente can tava: “... uma vara pequenina é muito fácil de quebrar, mas um feixe amarrado não se consegue dobrar!” No entanto, a estranha camaradagem com ar de coronelismo já havi a se enraizado.
Da mesma forma, a casa de ensino em Alto Limoeiro foi fe chada e não existia por um bom tempo nenhum espaço para o crescimento cultural. Surgiram assim, timidamente, as esco linhas públicas, mas com pouca interação com a Comunida de local. As famílias, não tendo como perguntar ou participar, se recolhiam em seus círculos familiares onde se consolavam como podiam. As coisas começaram a se ajeitar quando a jo vem Marilene passou a subir todas as segundas-feiras, monta da em sua mula Pataca, levando todas as suas tralhas e recur sos didáticos necessários para passar lá no alto uma semana. Era acolhida carinhosamente pelo casal de idosos que residia no antigo prédio escolar, dona Mathilde e seu Gustavo. Casal sem filhos onde Marilene e Pataca quebraram a gelada mono tonia da solidão. A professora Marilene era da terra e, portanto, sabia todos os macetes da língua própria de cada dia. E como não chegava de carrão, mas em mula mansa querida, assim como todas as mamães se locomoviam, não causava estranhe za e era benquista pelos alunos, que nos momentos de folga cuidavam carinhosamente de sua mula, providenciando-lhe o necessário pasto e d emais cuidados.
Já em Jatibocas, diante do contingente de alunos, foi implan tada a Escola Pluridocente “Alto Jatibocas” , num local apertado, onde crianças tiveram como pátio livre toda a redondeza, e ao mesmo tempo nenhum, pois este espaço ou era a estrada públi ca ou era propriedade particular de pastagem. Mas ali mesmo aconteciam as alegres brincadeiras, competições e correrias, muitas vezes em companhia de Leão, Léo e Tigrão, os enormes cachorrões da vizinhança que ali se achavam donos do terrei ro. E nas belas manhãs da primavera ainda entrava em cena a alegre algazarra do papagaio Louro da dona Luzia, que repetia incessantemente seu refrão: “Parabéns a você...” E em meio a toda esta singular mistura de vozes e movimentos brilhavam aqueles anõezinhos, em potência, para virarem gigantes, bas tando para tal apenas uma boa oportunidade esc olar contínua.
Na nossa chegada em 1986 a escola estava sob os cuida dos das professoras Fátima, Bernadete e Iracema, as quais
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Crônica
vinham de carona de Itarana em segundas-feiras e voltavam para os seus em sextas, também de carona. Durante a semana se acomodavam nas dependências da própria escola fazendo dela além de casa de ensino também seu próprio lar. Cuidando de tudo o que é inerente a uma casa de família bem asseada e caprichosamente administrada. Como eram filhas de lares ita lianos carregavam em sua memória a lembrança da proibição da língua materna e, por isso mesmo, mais abertas e mais sen síveis ao jeito deste povo relegado e marginalizado. Professora Fátima permaneceu nesta escola por mais de vinte anos levan do em sua memória muitas e gratificantes histórias da amiza de conquistada e construída no decorrer deste longo período. Certamente, foi a pessoa que mais contribuiu na iluminação cultura l nestes altos.
As demais Comunidades tinham também suas escoli nhas unidocentes, nas quais a Professora, além de docente na sala, era faxineira, merendeira e cuidadora da casa e da nascente de água, quando havia. Praxe comum em todas as es colas na época.
Esta era a realidade educacional em todos os Altos nos municípios de Itarana, Santa Maria de Jetibá e Afonso Cláu dio. Região também conhecida como Terra Fria, devido a sua localização em terras mais altas e, portanto, de temperatu ras mais amenas.
As lembranças referentes ao ensino na nossa última cidade eram bem mais avançadas. Existia o Ensino Fundamental com pleto até a oitava série e era bem aceito pelos pais e com boa frequentação por par te dos alunos.
Nesta nossa nova cidade parecia que todo mundo estava sa tisfeito por ter pelo menos a escolinha até a quarta série, onde as crianças aprendiam a ler e escrever. Quinta série? Mal se sa bia o que era e poucos pais tinham fôlego financeiro, como os pais da Marilene e Ivone entre alguns outros, para encaminhar as crianças para algum internato. E acabava valendo o refrão: “para trabalhar na roça não se precis a de estudos”.
Aos poucos surgiu a bonita e avançada pergunta elabora da em conjunto com as professoras, lideranças da Paróquia e alguns pais: “Por que Jatibocas não pode ter o Ensino Fun damental até a oitava série”? Este povoado com ar de Distrito Municipal, mas que nunca foi instalado, fora esquecido neste detalhe. Porém, a pergunta fermentou e num bonito trabalho de mutirão, uma equipe foi encarregada de levar a questão ao poder execu tivo municipal.
A Superintendência do Ensino veio inspecionar as condições básicas necessárias para a instalação desta nossa reivindica ção. E veio a trágica conclusão: “Vocês não têm alunos que jus tificam a extensão até a oitava série.” Foi uma conclusão apres sada, pois a pessoa não tinha conhecimento do contingente de crianças que apontavam em dias de culto e ou dias de festas.
Além do mais, existia a lei que autorizava o patrão não pagar o abono família a seu empregado se este não mandasse seu filho a escola. Perguntamos o que devíamos fazer se o governo não facilitava instalações a fim de mel horar o ensino.
Queriam uma relação de crianças da região, cujo levanta mento foi feito pelo representante da Paróquia, seu Eduardo, e o Pastor, que visitaram todas as famílias da região com crian ças em idade escolar, e o relatório foi encaminhado em tempo hábil. Já em novembro tivemos a boa notícia que havia saído o decreto da criação da quinta série na Escola Pluridocente em “Alto Jatibocas ”, e com as subsequentes até a oitava. Em fins de 1990 aconteceu a celebração de Ação de Graças pela conquista junto com o grupinho de alunos pioneiros: Ederaldo Dettmann, Elizeu Brandenburg, Ildomar Timm, Iracilda Schulz, Lucinéia Schulz, Marcileide Stuhr, Moisés Herzog e Nivaldo Grünewald. Eram poucos. Ainda não existia o transporte esco lar e a maioria morava longe, nem todos tinham a coragem e a vontade de aprender como Davi que caminhava todas as noites quilômetros enfrentando a escuridão e às vezes fortes tempo rais. Mas o número foi crescendo a cada ano e subindo com a criação das novas séries. Isso fez com que logo faltassem salas de aula. A Paróquia, com o salão ocioso durante a se mana, cedeu gentilmente este espaço por longos anos, assim como a própria igreja para realizar seus encontros maiores e os cultos celebrativos de encerramento no final de cada ano letivo. Mas com o fechamento do salão por recomendações técnicas, a escola estava diante de um novo impasse. Seu Vanilto cedeu os cômodos da ex-moradia de seu Alfredo para a instalação de algumas séries. Solução infrutífera, tendo em vista que eram muitos alunos e muitas carteiras para pouco espaço.
Felizmente, numa sofrida e desgastante caminhada, com um ano de atraso, foi aberto o novo prédio escolar com mui tas salas onde hoje funciona, além do Ensino Fundamental, também o Ensino Médio entrementes criado, somando um to tal de 200 alunos.
Muitos destes anõezinhos espertos que naquele tempo co meçaram em salas apertadas, mas ligados às belas letras, su biram degrau por degrau até o nível universitário, entrando nas áreas de Direito, Psicologia, Teologia, Pedagogia, Matemática... ou na administração mais humana nas lavoura s de seus pais.
Em toda esta evolução a equipe original de dona Fátima e a liderança da Paróquia daquele tempo tiveram muita presença e ativa participação. A Comunidade não esquece os valiosos préstimos daquela equipe, tanto de ordem pedagógica como também de ordem cívica, mora l e religiosa.
Foi uma leitura retrospectiva sobre os sinuosos rumos da educação escolar na nossa nova cidade situada nos Al tos de Itarana.
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Aos poucos surgiu a bonita e avançada pergunta elaborada em conjunto com as professoras, lideranças da Paróquia e alguns pais: “Por que Jatibocas não pode ter o Ensino Fundamental até a oitava série”?
O presépio e as suas muitas mensagens!
“Então Maria deu à luz o seu primeiro filho. Enrolou o menino em panos e o deitou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na pensão”. Lucas 2.7
Será que não romantizamos o presépio? Será que realmente entendemos o que aconteceu no estábulo de Belém, hoje retrata do pelo presépio?
Nos dias atuais, os presépios estão cada vez mais enfeitados, mais bonitos e com bonecos muito realistas imitando José, Ma ria, Jesus e os animais. Isso, sem falar das luzes de led, a estreba ria, a estrela, os pastores e os anjos. Gasta-se fortunas montando os presépios em praças, shoppings e igrejas, mas será que isso está levando as pessoas a realmente entenderem o que aconte ceu na noite de Natal? Ou será que isso não é mais uma ilusão para entreter os olhos de uma sociedade que gosta romantizar a mensagem do Natal? Enquanto o comércio ilude as pessoas com músicas que agradam os ouvidos e imagens que iludem os olhos, será que realmente entendemos a mensage m do presépio?
Despojamento! Jesus, sendo filho de Deus, sendo dono do mundo, não teve lugar para nascer. Nasce em meio aos animais, estercos malcheirosos, sem o mínimo de conforto. É um dos luga res mais desumano para uma criança nascer. É um lugar terrível para uma mulher dar a luz. Conseguimos enxergar o sofrimento da mãe Maria, do bebê Jesus e até do pai José? Jesus nasce na mais singela e completa simplicidade, absolutamente desprovido de bens materiais. E nós, muitas vezes, nos preocupamos tan to com bens materiais como se não conseguíssemos viver sem eles, e Cristo nos mostra o inverso. Que tal nos despojarmos um pouco do materialismo e ajudarmos crianças e adultos carentes a terem um Natal com c omida na mesa?
Humildade! Desde o nascimento até a sua ascensão, a vida de Jesus foi vivida em completa humildade e simplicidade. Jesus quis nos ensinar que é necessário pouco ou quase nada para vi ver neste mundo. Que tal descermos do nosso pedestal e sermos mais humildes e reconhecer que nem sempre somos os cristãos que deveríamos ser? Que nos falta humildade para traduzir a men sagem do presépio além de palavras? Às vezes ficamos muito no falar, mas pouco agimos concretamente. Que tal reconhecer que temos grande dificuldade em s ermos humildes?
Pastores: ralé do povo! As primeiras pessoas a receberem a notícia do nascimento do Salvador são os pastores. Pastores eram pessoas muito mal vistas no tempo de Jesus, eram gente desprezada, excluída, jogada de lado, e essas são as primeiras pessoas a receberem a grande e maravilhosa notícia do nasci mento de Jesus. Qual a razão disso? Jesus veio para toda a hu manidade, especialmente para os mais pobres e desprezados. Jesus não veio exclusivamente para aqueles que se acham bons e perfeitos! Veio também para quem estava perdido! “Eu fui man dado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel”. Mateus
15.24. Oportunizamos para que a mensagem de Jesus vá para além dos m uros da igreja?
Animais: Criação de Deus! Os animais do presépio represen tam a bela e maravilhosa criação de Deus. Em Cristo, Deus se reconciliou com a sua criação. Como cuidamos da cr iação de Deus?
O presépio, em sua simplicidade, nos convida a traduzir a men sagem do Natal além das palavras. Não fiquemos apenas admi rando o presépio com o seu encanto. Reflitamos na denúncia que Deus faz em relação aos poderosos, que não acolheram o salvador do mundo. O presépio denuncia toda a prepotência e a arrogância dos poderosos que não acolheram o menino Jesus. Muito falamos e pouco agimos. Somos salvos por graça e fé e isso não nos dá o direito de ficarmos de braços cruzados apenas olhando. Em gratidão a Deus, podemos agir concretamente em nosso mundo. Desejamos Feliz Natal com palavras, mas o que podemos fazer para que alguém realmente tenha um Feliz Natal? O que podemos fazer para ajudar alguém a sentir e viver um Na tal diferente?
Proposta para contemplar o presépio: Se você tem um presé pio em casa, seja ele simples ou mais sofisticado, reúna a famí lia em torno dele. Desligue os celulares, a tv, ou qualquer coisa que possa lhe atrapalhar no tempo de contemplação do presépio, escolha(m) um elemento do presépio para refletir. Num dia você pode refletir sobre José, Maria, Pastores, Animais, Estrela... e não esqueça do mais importante: O menino Jesus!
O que c ada um me diz?
O que eu aprend i com ele/ela?
O que eu posso fazer para ajudar uma pessoa a ter um Natal fe liz neste ano?
O presépio nos convida a reagir. A reação é uma segunda ação, pois Deus agiu primeiramente. Através do presépio, podemos rea gir ao amor que Deus demostrou por nós e pel a sua criação.
Que Deus nos ajude a contemplar o presépio em toda a sua profundidade! Abençoado tempo de Natal!
P rojeto
R esgatando E xcluídos S alvando E ternamente P erdidos I ndistintamente O h glória!
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Reflexão
Texto P. Jonas Krause
Uma visita especial: Comunidade em Alto Limoeiro
O Programa Nossa História – Nossa Identidade visitou a Comu nidade Evangélica de Confissão Luterana em Alto Limoeiro/Paróquia em Alto Jatibocas. Representaram a Comissão Sinodal o P. Ido Port, Jair Schulz e P. Sidney Retz, que foram acolhidos pela comunidade local, pela Pa. Lorraine de Araújo e por presbíteros da Paróquia.
Essa visita ocorreu na tarde do dia 03.10.2022, a partir das 16h. Houve um momento de culto. P. Ido conduziu a reflexão, com base em 2 Timóteo 1.1-14 e Lucas 17.5-10, apresentando o testemunho de sua própria biografia/ministério. Cada pessoa é história e faz história.
Em seguida, P. Sidney apresentou o Programa Nossa história-Nos sa Identidade à comunidade. Uma das ações do programa é a tradu ção de livros de registros em língua alemã para a língua portuguesa e o repasse de uma cópia para a Comunidade/Paróquia.
Muito antes de ser instituído esse programa, quando ainda atuava na Paróquia em Alto Jatibocas, P. Ido Port já vinha se dedicando à tradução dos livros de registros. Com muito zelo e carinho, traduziu o livro de registros de Alto Limoeiro (Batismos, confirmações, casamen tos e falecimentos), iniciado pelo P. Heinrich Wrede, da Paróquia em Santa Maria de Jetibá. Os registros compreendem o período de 1908 a 1952. Os registros anteriores a esse período estão sob a guarda da Paróquia em Jequitibá.
P. Ido também dedicou tempo e esforço no registro da história das Comunidades. No livro “Os Altos de Itarana”, publicado em 2004, po demos ler um histórico sobre a Comunidade em Alto Limoeiro (pg. 13-24). Preservar e valorizar nosso patrimônio documental é manter viva a nossa história e identidade.
Em seguida foi apresentada a tradução em português do livro de registros da Comunidade em Alto Limoeiro. P. Ido entregou essa tra dução às mãos de Cláudio Otto, presidente da Paróquia em Alto Ja tibocas, ladeado pela Pastora Lorraine e Ademar Schneider (ex-presi dente). Uma tradução que é um recorte precioso da história tão rica e importante dessa Comunidade. Jair Schulz fez o trabalho de edição e encadernação pela qual agradecemos. O momento celebrativo foi seguido de confraternização e partilha comunitária.
Nossa gratidão ao P. Ido pela tradução desse livro de registros, à Comunidade em Alto Limoeiro e à Pª Lorraine pela acolhida; ao Jair Schulz pela valiosa colaboração e pelo registro (fotos/filmagem) des se momento especial.
P. Sidney Retz
Coordenador do Programa Nossa história-Nossa Identidade do Sínodo Espírito Santo a Belém
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História
Jubileu de 100 anos de fundação da Comunidade de Santo Antônio
No ano de 2022, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Santo Antônio - Paróquia em Baixo Guandu, localizada no muni cípio de Itueta/MG, completa seu primeiro centenário de fundação. Ao longo deste século, muitos foram os desafios e dificuldades, mas acima de tudo nunca desanimaram e perseveraram com muita Fé e confiança em Deus, vivenciando e participando da vida comunitária nos sacramentos do Batismo e Santa Ceia.
Relacionando a história da nossa Comunidade com o ditado dos primeiros pomeranos a chegarem ao Brasil “Dere airste dai dood, dere twaite dat nood, dere drüe dat brood” (Traduzindo para o português “Para os primeiros a morte, para os segundos a miséria, para os tercei ros o pão”), podemos fazer a seguinte analogia:
Dere airste dai dood. Para os primeiros a morte.
A primeira parte da nossa história retrata o sofrimento dos pri meiros membros para a concretização de um sonho, a fundação de uma Igreja Luterana em Santo Antônio. A Comunidade foi fundada em 1922, sob a atuação do Pastor Friedrich Bartelmann. Nos primeiros anos de existência os cultos eram realizados nas casas de membros e mais tarde no escritório pastoral, tendo sua primeira capela somente em 1929. Com a construção da capela a Paróquia contraiu uma dívida que passava de 2 mil contos de réis, em 1928.
Dere twaite dat nood. Para os segundos a miséria.
A segunda parte retrata a dificuldade e a luta contida no processo de construção e estruturação da Comunidade. Durante essa fase da história, a comunidade contou com várias doações, entre elas do Síno do Gotteskasken, da Comunidade de Jacutinga e de muitos membros. Após superarem a construção da primeira capela, a Comunidade viu a necessidade de um lugar maior para as celebrações, e novamente com muita luta começaram os trabalhos em 1937. A segunda e atual capela só foi inaugurada 10 anos depois, em 1947, pelo Pastor Dis trital Hermann Rölke e por fim a igreja foi consagrada com sinos em 1956, durante a atuação do Pastor Erich Ruff.
Dere drüe dat brood. Para os terceiros o pão.
E por fim, a terceira parte do ditado. Nela retrata os frutos de mui to trabalho e exemplo dos nossos antepassados. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, persistiram e construíram essa linda igreja, não somente de cimento e tijolos, mas de muita fé, amor e comunhão. Neste ano, após um século, ainda se vê a igreja viva proposta pelos primeiros membros da Comunidade. Os frutos resultantes da primeira
colheita, já foram replantados e se multiplicarão no futuro; Un ik luur dat oos frucht sich fotmëre schal in futur.
Culto e celebrações do Jubileu
Para celebrar tal marca histórica, a Comunidade, juntamente com os pastores e presbíteros, organizaram as festividades para a data. O culto foi celebrado pelos ministros locais P. Ronei Odair Ponath e P. Si mão Schreiber, juntamente com P. Sinodal Ismar Schiefelbein, P. Emer son Lauvrs, P. Valmiré Martin Littig, P. Willy Töpfer, P. Artur Jaske, P. Vi torino Reetz e P. Lourival Ernesto Felhberg, que conduziu a pregação. A celebração também contou com a participação dos Trombonistas e Coral da Paróquia Aliança, do Coral Renascer de Santo Antônio, do Grupo de Canto Santo Antônio, do Grupo de Canto Nova Aliança e do Grupo de Canto de Itueta. Também foram transmitidas mensagens de alguns pastores que já passaram pela Paróquia, contando um pou co sobre a vivência na Comunidade, entre eles o P. Wolfgang Martin Reinsberg, P. Helmar Reinhardt Rölke, P. Udo Schenkel, Pª Fernanda Pagung Reinke, P. Luiz Carlos de Oliveira e P. Carlos Rominik Stur. Es tiveram presentes para o jubileu o Prefeito de Itueta/MG: Valter José Nicoli; o Presidente da Câmara de Vereadores de Itueta/MG: Arnaldo Kamke; o Secretário de Cultura de Itueta/MG: Valdinei Cardoso Couti nho; e o Vereador de Baixo Guandu/ES: Clóvis Pascolar.
Logo após a pregação, a nova Coordenação da OASE Paroquial foi instalada pelo P. Sinodal, que deseja sabedoria e coragem para enfren tar as dificuldades do dever de ser uma liderança da igreja.
Ao terminar o culto de jubileu pelos 100 anos de Fundação da Comu nidade de Santo Antônio, houve uma festa com comidas típicas, grupos de trombones e apresentações do grupo de dança Pomerisch Dansgrup Fon Minas de Itueta – MG. O dia foi extremamente agradável e com mui tas atrações, só serviu para ressaltar a importância e a força da igreja no nosso dia a dia. Ao longo de todos esses anos foram enfrentadas dificuldades econômicas, ambientais, familiares e até mesmo guerras, mas a comunidade se manteve unida e firme em sua missão de espalhar a palavra de Deus. Esperamos que essa linda história dos nossos ante passados sirva de lição para nós e para as futuras gerações de nossa co munidade, mantendo a fé e a persistência para vencer futuros desafios.
Ana Caroline Völz Ponath Representante da JE – Paróquia Baixo Guandu/ES
O Semeador ― dezembro de 2022 8
“Por isso, não ficarei calado, mas cantarei louvores a ti. Ó Senhor, tu és o meu Deus; eu te darei graças para sempre.” (Salmo 30.12)
Comunidade em Vitória celebrou seus 30 anos
No dia 06 de novembro de 2022, a Comunidade Evangélica de Con fissão Luterana em Vitória celebrou seus 30 anos com a participação do Pastor Emérito Geraldo Graf – o mesmo que, em 08 de novembro de 1992, celebrou o primeiro culto com confirmação na atual igreja em Bento Ferreira com a presença do Pastor Regional Emil Schubert.
As origens da comunidade remetem à fundação da grande Paró quia de Vitória nas décadas de 1950 e 1960 com a atuação missio nária da Paróquia de Domingos Martins. Após o estabelecimento da primeira comunidade no bairro Ipessa, em Vila Velha, diversos pontos de pregação foram surgindo e se tornando comunidades nas décadas seguintes, culminando no surgimento das atuais quatro paróquias da União Paroquial Grande Vitória.
Assim, os primeiros encontros e celebrações ocorreram em Vitória nas casas das famílias de Germano Saar, Eugen Siegle e do casal Jo simar Niz e Ester Schwanz Nitz. Algumas igrejas ecumênicas também chegaram a ceder seu espaço, como a Igreja Metodista e a Igreja Pres biteriana Unida. Até que, no início da década de 1990, com a reforma do antigo Colégio Martim Lutero, então transformado no Centro de Formação Martim Lutero, foi construída a igreja que viria a ser o atual espaço de encontro e celebração da comunidade criada pelo Concílio Distrital em maio de 1992.
Na época, a Paróquia de Vitória era formada pelas comunidades de Vitória e Campo Grande, até que em 2009 foi criada a Paróquia de Cariacica. Atuaram desde então na paróquia o Pastor João Paulo Auler (2009 a 2011, em parceria com a Associação Albergue Martim Lutero), a Diácona Ângela Lenke (2012 a 2015), o Pastor Carlos Luiz
Ulrich (2015 a 2021) e a pastora Anelise Knüppe (desde 2022).
Os trinta anos da comunidade foram marcados pelo perfil acolhe dor e ecumênico, tendo atividades em muitos grupos, tais como culto infantil, ensino confirmatório, Juventude Evangélica, coral, grupo de mulheres e grupo de casais, bem como uma parceria internacional com a Comunidade de Dachau, na Alemanha. Também é constante a busca pela sustentabilidade da paróquia e o pelo aprimoramento do espaço comunitário, tendo atualmente o projeto de ampliação com foco no espaço destinado ao trabalho com crianças.
Venham nos visitar quando estiverem em Vitória e acompanhem nossas atividades nas redes sociais: instagram.com/ieclbvitoria e fa cebook.com/ieclbvitoriaes
Mensagem da XIII Assembleia do Sínodo Espírito a Belém
Em clima fraterno e acolhedor, em 03 de setembro de 2022, reuniramse delegados e delegadas do Sínodo Espírito Santo a Belém em sua 13ª Assembleia Ordinária. A Assembleia aconteceu nas dependências da Co munidade de Belém, no município de Santa Maria de Jetibá-ES. Iniciamos o dia de forma celebrativa motivados pela palavra bíblica de João 15.9: “Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem uni dos comigo por meio do meu amor por vocês”.
Em continuidade a dinâmica iniciada na Assembleia Extraordinária em Domingos Martins, ocorrida no dia 07 de maio de 2022, quando as paróquias foram motivadas a orar umas pelas outras, nesta Assembleia foram trazidos para o altar os pés (recortados em papel), simbolizando cada uma das paróquias e instituições do Sínodo que caminham juntas.
A celebração deixou viva a mensagem de manter e incentivar a tradi ção musical das comunidades com a apresentação do grupo de concer tinas, regido pelo senhor Adolfo Kruger.
A Assembleia teve a participação do Secretário Geral da IECLB Pastor Marcos Bechert. Este apresentou números animadores das estatísticas de 2020, referentes ao SESB, que servem de impulso para a caminhada
futura e para o planejamento missionário das comunidades, paróquias e instituições. Por meio dos dados apresentados e dos relatórios do P. Sinodal e do Presidente do Sínodo, pode-se perceber que somos uma igreja viva, que cresce de maneira edificante mesmo em tempos difíceis como foi a pandemia.
Durante a Assembleia foi homologado o novo Conselho Sinodal, e dois novos Campos de Atividade Ministerial: 2º CAM da Paróquia de Afonso Cláudio e 3º CAM da Paróquia de Rio Possmoser. Também foi re alizada a eleição de presidente da Assembleia Sinodal e seus respectivos vices e do Conselho Fiscal do Sínodo. Para Pastor Sinodal, foi reeleito o P. Ismar Schiefelbein e para Pastora vice Sinodal foi eleita a Pª Iraci Wutke.
Despedimo-nos com o voto de que o amor de Deus nos impulsione sempre a amar de fato e de verdade, acompanhando-nos em nossa ca minhada como Igreja de Jesus Cristo no mundo.
Assembleia Geral do Sínodo Espírito Santo a Belém São Sebastião de Belém, 03 de setembro de 2022
O Semeador ― dezembro de 2022 9
História
Eduardo Borchardt
Segleinda Neumann trouxe histórico da comunidade na celebração
Notícias
Notícias
Lançamento da Pedra Fundamental
Centro comunitário da comunidade de Santa Maria de Jetibá
No dia 28 de agosto de 2022 foi lançada a Pedra Fundamental do Centro Comunitário da Comunidade Evangélica de Confissão Lutera na em Santa Maria de Jetibá.
A Comunidade usava os pavilhões da Paróquia localizados no pá tio de festas. Estes foram demolidos.
Neste ano em que a Comunidade celebra seus 130 anos de exis tência e 104 anos do seu templo, decidiu construir um centro comu nitário próprio.
Os recursos para a construção são provenientes do caixa da comu nidade e doação dos seus membros.
A pedra fundamental foi lançada com a presença do Pastor Vice Sinodal Sidney Retz. Também estiveram presentes o Pastor Rubens Stuhr que acompanha os trabalhos da Comunidade, a Pastora Luceny Laurett, o Diácono Arilson Grunewald e a Ministra Religiosa Candidata Raquel Wieland.
O presbitério da Comunidade é formado por Waldemiro Kampim (presidente), Elmiro Haese (vice-presidente), Luciana Schroeder (se cretária), Simone Butzlaff (vice-secretária), Sônia Butzlaff (tesoureira), e Adelson Repke (vice-tesoureiro).
Esta obra foi planejada para as mais diversas atividades comunitá rias, desde o trabalho com crianças até as pessoas mais idosas. Além do espaço de encontros, terá cozinha, banheiro e fraldário.
Que Deus, na sua graça, abençoe esta obra. Que ela sirva para a edificação da Comunidade.
Pastor Rubens Stuhr Valdemiro Zaager
37º Encontro Capixaba de Trombonistas
“Senhor, quero dar-te graças de todo o coração e falar de todas as tuas maravilhas. Em ti quero alegrar-me e exultar, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Salmos 9.1-2)
Entre os dias 25 e 28 de agosto de 2022, na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Vila Pavão/ES, aconteceu o tão desejado “Encon tro Capixaba de Trombonistas do Sínodo Espírito Santo a Belém”. Após três anos de espera, os músicos viveram dias intensos de muito ensaio, com momentos especiais de reflexão.
Às vésperas do Encontro, a equipe organizadora demonstrava receio do que estava por vir. Afinal, houve um longo período sem um contato direto entre os Grupos de Trombonistas. Mas, logo percebemos a empolgação e o ânimo de todos, e o sentimento que prevaleceu foi de gratidão e de alegria. Um dos momentos marcantes foi a inclusão dos iniciantes, que du rante os dias do Encontro também se dedicaram ao máximo para aprender a tocar e louvar com o som dos instrumentos de metais.
Deus preparou para aquele Encontro dias lindos e felizes, onde também ficou a certeza de que a fé e a esperança por dias melhores sempre estive ram com cada pessoa ali presente. O Encontro Capixaba de Trombonistas nos ensinou sobre amor ao próximo, sobre partilha, sobre afeto e, principal mente, sobre confiar nos planos de Deus. Sem a ajuda de todas as mãos amigas, este evento não teria sido tão especial.
Durante o Encontro, tivemos a honra de ter presente conosco a Pastora Presidente da IECLB, Pª Silvia Beatrice Genz, que dedicou calorosas palavras de carinho e motivação aos músicos e demonstrou entusiasmo com o gran de trabalho dos coros de metais presente no Sínodo Espírito Santo a Belém.
O Pastor Sinodal Ismar Schiefelbein, em sua saudação, também trouxe palavras de fortalecimento e ânimo, citando os lindos trabalhos que temos em nosso Sínodo, onde a música é muito presente e especial, em todas as modalidades. Aos musicistas nosso muito obrigado!
A Associação Obra Acordai Capixaba (OAC) enaltece o apoio do Sínodo Espírito Santo a Belém, bem como de todas as Comunidades e Paróquias. Trabalho este que é realizado de mãos dadas. Reafirmamos a certeza de que esta parceria possa continuar sempre firme. Durante o Encontro, também aconteceu a Assembleia da OAC, que elegeu sua nova diretoria. Agradecemos a cada membro da OAC, que sempre se dedicou incansavel mente para o bom desempenho da Obra no cumprimento de sua missão. Rogamos a Deus que continue abençoando a todos neste tão importante trabalho musical.
Abraço caloroso!
O Semeador ― dezembro de 2022 10
Coordenação da Associação Obra Acordai
Melhores hospitais públicos do Brasil
Hospital Dr. Jayme é premiado como um dos melhores hospitais do país
O Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, é o 16º me lhor hospital público do país, de acordo com o “Prêmio Melhores Hospi tais Públicos do Brasil”. No total, 40 unidades foram incluídas no ranking, que reconheceu as instituições do Sistema Único de Saúde (SUS) mais eficientes, bem avaliadas por usuários e que oferecem qualidade e segu rança aos pacientes. Os ganhadores foram anunciados em 08.11.2022, em premiação nacional inédita realizada em Brasília.
A iniciativa, liderada pelo Instituto Brasileiro das Organizações So ciais de Saúde (Ibross), em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Instituto Ética Saúde (IES) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA), reconheceu os hospitais públicos que possuem atendimento 100% financiado pelo SUS. As instituições premiadas estão localizadas em 11 estados do país e, apenas, o Hospital Dr. Jayme no Espírito Santo.
“Recebemos esse prêmio com muito orgulho por todo esforço e dedi cação das equipes que trabalham diuturnamente para que nossos pacien tes tenham atendimento humanizado, seguro e de qualidade. Mas, sem dúvida, é uma imensa responsabilidade. Queremos fazer desse hospital o melhor do Brasil”, destacou o presidente da AEBES, organização social que administra do Hospital Dr. Jayme, Rodrigo André Seidel.
No total, 136 hospitais públicos de todo o Brasil foram avaliados pela comissão julgadora, formada pelos representantes das instituições en volvidas na organização do prêmio (Ibross, OPAS/OMS, IES e ONA) e pela professora e pesquisadora Mariana Carreira, da FGV-Saúde. Os critérios para selecionar os hospitais participantes foram: Acreditação nível 3 emi tida pela ONA (Acreditado com Excelência) ou certificação de qualidade plena internacional.
O Hospital Estadual de Sumaré, no interior de São Paulo, foi eleito o
melhor hospital público do país. Em segundo lugar, empatados, ficaram o Hospital Geral de Itapecerica da Serra, situado na região metropolitana da Grande São Paulo, e o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, de Fortaleza, no Ceará. O terceiro colocado foi o Hospital Estadual de Diadema, que fica na região do ABCD, na Grande São Paulo. (Texto de Ravane Denadai - As sessoria de Comunicação – Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves)
Pastor Rodrigo é ministro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, na Paróquia Unida, reside em Santa Leopoldina, e atua de forma voluntária na AEBES – Associação Evangélica Beneficente Espírito-San tense. Sua gestão faz a diferença na direção da AEBES, com transparên cia, seriedade e cuidado pela vida, marcas da IECLB.
Parabéns a equipe do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves. Parabéns e obrigado P. Rodrigo André Seidel, por representar tão bem a IECLB e o Sínodo Espírito Santo a Belém na AEBES!
P. Sidney Retz São Sebastião
Uma prova de amor
Jefferson Brandemburg e Alcione Ninke Brandt Brandemburg são um jovem casal, onde ambos tem 29 anos. Eles estão juntos a 12 anos, sendo quase 8 anos casados. Em 2013, Jefferson descobriu que nas ceu com uma doença crônica nos rins e estava seguindo com o trata mento. Três meses antes do casamento, em outubro de 2014, ele apre sentou problemas renais graves e ficou internado no Hospital da Grande Vitória por 45 dias. Com a graça de Deus, teve alta um mês antes do casamento, porém sua vida mudou drasticamente. A partir daquele mo mento ele dependeria da diálise para sobreviver (a diálise peritoneal é uma técnica que visa suplementar as falhas da função renal de pessoas que não conseguem eliminar água e produtos de excreção do sangue). Esse procedimento deveria ser feito para o resto da sua vida ou até con seguir um doador de rim. Mesmo com esse diagnóstico impactante,
eles se casaram no dia 17 de janeiro de 2015. Foram anos de muita luta, onde a saúde do Jefferson se tornava cada dia mais debilitada. Mas em 2018 viram uma luz no fim do túnel... A Alcione possuía o mes mo tipo sanguíneo que seu marido, O+, mas havia um porém. Para ser doador de órgãos, precisa ter no mínimo 29 anos de idade, e ela só tinha 25 anos naquela época. Após muitas conversas com os médicos, em dezembro de 2021 foram autorizados a fazer exames de todos os tipos para ver a compatibilidade e o quadro de saúde no geral. Graças a Deus a saúde da Alcione estava ótima e era 100% compatível com seu marido. Após muitas lutas, transplante marcado e desmarcado por diversas vezes, chegou o grande dia... a cirurgia do transplante renal foi realizada no dia 06 de outubro de 2022 no Hospital Evangélico de Vila Velha. Segundo os médicos, o procedimento foi um sucesso. Não hou ve nenhum tipo de rejeição, e tudo correu da melhor maneira possível. O casal teve alta alguns dias após a cirurgia e seguem se recuperando muito bem em casa. E já estão ansiosos para voltar com as atividades na Igreja, pois apesar de toda a sua luta, eles ainda faziam parte do Gru po de Canto da Comunidade de Baixo Rio Plantoje, onde são membros. Eles são um exemplo para todos nós. Rogamos que este gesto sir va de incentivo para as pessoas, pois o mundo precisa de mais amor, empatia, altruísmo e solidariedade.
Lorena Hartiwig Brandemburg
O Semeador ― dezembro de 2022 11 Notícias
Notícias
Fé, Gratidão e Compromisso!
Porque você contribui financeiramente em sua Comunidade e Pa róquia? Podemos dizer que fazemos isso porque somos membros e queremos ter nossos direitos garantidos, o que geralmente compara a Igreja a um clube ou qualquer órgão prestador de serviços. Ou ain da, conforme o testemunho bíblico, dizer que é um testemunho de fé, gratidão e compromisso. Esta última resposta é mais conivente com o real significado de ser uma comunidade cristã. Ainda não é uma prática comum em nossas comunidades, mas deveria ser. Por isso, na intenção de trabalhar o real significado da contribuição financeira dentro da comunidade cristã, temos em nossa IECLB o tema “Fé, Gra tidão e Compromisso”.
Em nosso Sínodo Espírito Santo a Belém, este tema foi amplamen te trabalhado em um Caderno de Estudos sobre Dízimo e Ofertas, com sete encontros bíblicos, preparado pelo P. Valdeci Foester, de Santa Maria de Jetibá. Segundo nos relata o P. Valdeci, “como evangélico-lu teranos, entendemos que a contribuição financeira para a missão de Deus na comunidade é algo inerente ao ser cristão e que ela é expres são de gratidão por tudo o que Deus coloca em nossas mãos. Acredi tamos que, no exercício da Mordomia Cristã, o dinheiro ofertado não é mero valor monetário e material, mas assume um valor espiritual, pois nele e através dele pode-se expressar a fé colocando-o a serviço do Rei no de Deus e do amor ao próximo. Muitas pessoas sentem-se descon fortáveis quando esse assunto é tratado na comunidade. No entanto, é preciso ter em perspectiva que toda a escritura aborda sobre essa temática inúmeras vezes: das 38 parábolas que Jesus proferiu, 16 se referem a este tema. Um em cada dez versículos bíblicos se referem ao dinheiro. Mais de 2.000 versículos bíblicos se referem ao dinheiro e às posses. Toda a Bíblia nos ensina que tudo o que fazemos com nosso Tempo, Talentos e Tesouros tem a ver com a Mordomia Cristã. Nada de fato é nosso. Deus nos coloca no mundo para administrarmos sua cria ção com responsabilidade e amor. A vida de fé não está desvinculada do nosso dia a dia. Aquilo que fazemos com o nosso dinheiro, nossos dons e nosso tempo dão mostras da nossa fé.”
A Mordomia Cristã consiste em servir a Deus e as pessoas a par tir de nossos bens materiais, os quais, na fé, consideramos que são bênçãos de Deus. Ou seja, usamos as bênçãos que Deus nos dá para
sermos bênçãos para o mundo. Assim, cabe destacar que Lutero disse certa vez: “toda pessoa cristã deve passar por três conversões na vida: a primeira conversão é a do coração, a segunda é a da ca beça, e a terceira é a do bolso. Para que Deus seja realmente aque le que ocupe o primeiro lugar na vida das pessoas cristãs, todas as três conversões são necessárias. Muitos pensam que a última coisa que deve ser comprometida a Deus são as suas riquezas”. Eugene Grimm, 1992.
O Apóstolo Paulo também nos lembra que o importante é que cada pessoa contribua para a missão de Deus, “conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama aquela pessoa que oferta com alegria”. (2 Coríntios 9.7).
A partir do Caderno de Estudos sobre Dízimo e Ofertas, foi reali zado na Paróquia de Santa Maria de Jetibá o “Mês da Gratidão”. Em todos os grupos e setores o tema central foi a gratidão a Deus ex pressada por meio da contribuição. Diante da necessidade de uma visão mais clara sobre a importância da contribuição financeira nas Comunidades e Paróquias, sugerimos que este material, o Caderno de Estudos sobre o tema “Dízimo e Oferta”, seja também trabalhado em outras Comunidades e Paróquias de nosso Sínodo, motivando as pessoas a entender que ofertar é um gesto de fé, gratidão e compro misso com a vida cristã.
P. Edivaldo Binow
O Semeador ― dezembro de 2022 12
Albergue: Uma Obra Movida pela Gratidão
Época de Advento; é tempo de fazer memória de tudo que Deus fez por nós. É tempo de lembrar de tudo o que pessoas fizeram pelo Albergue. É tempo de gratidão!
“Até aqui nos trouxe Deus, guiou-nos com bondade.”
(1ª estrofe HPD - 233)
Como é bom olhar para Deus e perceber a Sua presença em nossa his tória de vida! A Sua bondade se fez sentir em cada passo dado e em cada dia vivido. Como é bom sentir que fomos amparados e que sozinhos não teríamos chegado até onde chegamos! Com fé e gratidão pode-se dizer: até aqui nos trouxe Deus e guiou-nos com bondade.
“Louvor te rendo com gratidão por tudo o que fizeste. ” (2ª estrofe HPD - 233)
Em resposta, não só com palavras, mas com o corpo todo, expressamos louvor com gratidão. O lamento já não mais se sobrepõe ao louvor. Reco nhecemos, com intensidade e alegria, a presença de Deus em nossa vida. A gratidão passa a ser um aspecto de nossa espiritualidade.
“Ajuda no porvir, Senhor, com teu poder nos guia.” (3ª estrofe HPD - 233)
Não temos a certeza de como será a vida que continua, mas sim a certe za da presença de Deus e de seu amor. Sua vara e o Seu cajado nos conso lam e a Sua luz iluminará o tempo que está por vir. Um horizonte de esperan ça se abre em nosso caminhar.
A Associação Albergue Martim Lutero (AAML), diariamente experimenta a presença de Deus. A sua bondade também nos guiou em todos os mo mentos. Novamente, neste ano, muitas pessoas foram acolhidas e cuida das. Sempre de novo, ficamos impressionados com a importância que esta instituição tem na vida de muitas pessoas. Muitas delas, pela primeira vez, comem um prato de comida com fartura e tem uma boa cama para dormir. Muitas, até mesmo estranham serem tratados com tanto amor e bondade. O que Deus fez e faz conosco, tentamos fazer para outras pessoas. Aqui, sentimos com profundidade a palavra bíblica que diz: “Tive fome e me deste de comer, tive sede e me destes de beber. Era desconhecido e me hospedas tes. Estava doente e cuidaram de mim” (Mateus 25.35ss).
No trabalho, feito pelo Albergue, também se percebe a bondade de tan
tas pessoas. Está presente o trabalho daqueles/as que produziram produtos de qualidade e, em forma de doação, destinaram uma pequena parte para essa casa e, assim, ajudaram a cuidar de pessoas em tratamento médico. Também está presente a generosidade dessas pessoas quando recebemos roupas e calçados, em bom estado de conservação, para serem vendidos em nosso bazar e, assim, contribuir com as nossas receitas financeiras. Está presente o amor e o carinho dessas pessoas em todos os gestos que visam a solidariedade para com aqueles/as que passam por momentos de fragili dade em sua vida.
A Bíblia, que revela testemunhos cristãos do passado, se reescreve nos dias de hoje por meio de atitudes diaconais, lá onde as pessoas, movidas pela gratidão pelo que receberam e pelo que fazem com o que receberam estão sempre dispostas a repartir o fruto do seu trabalho com essa gente que precisa tanto de ajuda através da nossa solidariedade.
Época de ADVENTO; é tempo de fazer memória de tudo que Deus fez por nós. É tempo de lembrar de tudo que as pessoas fizeram pelo Albergue. É tempo de gratidão. Nosso muito obrigado pela parceria, e que Deus continue nos abençoando nos próximos anos, estimulando e capacitando pessoas a cuidar e acolher ainda melhor aqueles/as que não conseguem mais andar sozinhos.
Em nome da diretoria do Albergue e da sua Equipe de trabalho, nosso muito obrigado pelo trabalho que realizamos juntos. Que as celebrações de Natal e do Ano novo aconteçam dentro do Espírito de gratidão!
Pastor João Paulo Auler
Inauguração do templo da Comunidade Luz do Mundo
O dia 16 de outubro de 2022 amanheceu mais lindo, pois foi esse o dia escolhido para a inauguração do templo da Comunidade Luz do Mundo, em Alto Tijuco Preto, Domingos Martins. A Comunidade teve início no dia 09 de Junho de 2015 e é filial da Paróquia em Tijuco Preto. Muitos foram os desafios que a Comunidade enfrentou. Mas, manteve-se firme no seu propósito de construir seu templo. Mesmo no período da pandemia de Co vid-19 a Comunidade não desanimou. Com a ajuda de Deus e dos mem bros foi possível inaugurar esse templo, que é um dos maiores da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, no estado do Espírito Santo. O culto de inauguração contou com a presença de diversos membros e visitantes e foi presidido pelo pastor vice sinodal Sidney Retz, com participação do P. Arlindo Krause, que está atendendo a Paróquia nesse período de vacância.
Maurício Raasch Presidente
O Semeador ― dezembro de 2022 13
Notícias
da Comunidade Luz do Mundo
Notícias
Dia Luterano UP Jucu
O Dia Luterano da União Paroquial Jucu foi realizado no dia 31 de outubro de 2022, na Comunidade de Boa Esperança, Paróquia Evangé lica de Confissão Luterana em Marechal Floriano. O evento contou com a participação de oito ministros da região e do Pastor Sinodal Ismar Schiefelbein, que proferiu a pregação.
Reunindo sete Paróquias da IECLB e duas Congregações da IELB, o evento somou cerca de 450 pessoas. Através de um culto festivo, os membros puderam refletir sobre o lema: “Guardar os mandamentos: aprendendo a amar como Deus ensinou”. Na pregação, que teve como base o texto bíblico de Deuteronômio 6.1-9, o Pastor Ismar destacou a importância de guardar e vivenciar os mandamentos de Deus e motivou a comunidade a refletir, em palavras e ações, o amor que Deus tem por nós, como nos lembra o tema do ano da IECLB: “Amar a Deus e as pes soas”. O culto foi encerrado com apresentações dos grupos de canto das Paróquias participantes e, após a celebração, as Comunidades pu deram vivenciar um tempo de comunhão através da “mesa partilhada”.
Missão Criança nas Comunidades do Sínodo
O Programa Missão Criança engloba diversas atividades que po dem ser desenvolvidas a partir do Batismo. Essas atividades acabam envolvendo famílias, lideranças e toda a comunidade. Muitas comuni dades em nosso Sínodo têm trabalhado o programa Missão Criança na intenção de motivar as famílias e as crianças para a participação na vida comunitária. Na Comunidade de Barracão, o projeto iniciou em fevereiro de 2022 com a formação de uma Coordenação que estará à frente do trabalho. Suzana Tesch Holz, Coordenadora do Projeto Mis são Criança em Barracão, relata que “a Comunidade e a Coordenação buscam assumir o Batismo como presente de Deus, e a partir do Ba tismo como ponto de partida na vida cristã, valorizar o Sacramento, a família, os padrinhos e madrinhas, motivando a realizar encontros com seus afilhados para cantar, orar e vivenciar o Batismo”.
Dentro desta proposta de trabalho, acontece a celebração de Ani versário de Batismo, com a rememoração e reflexão sobre o significa do do Batismo. Em Barracão, no dia 31 de outubro de 2022, foi cele brado o aniversário de Batismo de 94 crianças, as quais haviam sido batizadas em toda a Paróquia desde o ano de 2017.
Na Paróquia de Califórnia, também foi celebrado o aniversário de 10 e 5 anos de Batismo, no dia 29 de outubro de 2022. A celebra ção aconteceu como encerramento do Dia Paroquial das Crianças, e envolveu familiares e toda a comunidade. Do encontro, participaram mais de 110 crianças, das quais 19 celebram o aniversário de 5 anos de Batismo, e 12 o aniversário de 10 anos de Batismo. Para as crian ças com cinco anos de Batismo foi feita a motivação para participar do Culto Infantil. Para as crianças com 10 anos de Batismo, a motiva ção para a participação no Ensino Confirmatório.
No mês de outubro, a partir da Comemoração do dia das Crian ças, muitas paróquias realizaram alguma atividade com as crianças do Culto Infantil enfatizando o Programa Missão Criança. Além da Pa róquia de Califórnia, na Paróquia de Barracão foram realizadas ativi dades com as crianças nas Comunidades de Barracão (com 84 crian ças), Rio Plantoje (com 41 crianças) e Alto Santa Rosa (20 crianças), no intuito de promover experiências diferentes e tirar as crianças um pouco do mundo tecnológico e fazê-las sentir como é bom ser crian
ça. Na Paróquia de São Gabriel da Palha, o encontro paroquial com as crianças foi realizado no dia 16 de outubro de 2022, na Comunidade de Córrego Bley, com o tema “Pare, Olhe e Siga a Jesus”. Segundo Rosilene Ki per Cruz, que ajudou a coorde nar o encontro, “a contação da história levou os participantes a viajar pelas estradas e rodovias com suas placas de sinalização e uso do GPS, a ter maior clare za sobre o caminho largo e es treito, obediência e atitude, além de trazer a memória que assim como as placas orientam o trân sito a Bíblia nos orienta para que possamos ir de encontro a Jesus que é o único caminho de volta ao Pai”.
Todos os projetos de traba lho nas Comunidade e Paró quias merecem muita atenção e cuidado, pois ao cativarmos as crianças para a vida comunitá ria, não estamos simplesmente pensando no “futuro da Comunidade”, mas numa base de fé firme e verdadeira para que estas crianças es tejam preparadas para testemunhar a fé no mundo em que vivemos. Por isso, motivamos para que cada vez mais as Comunidades e Pa róquias possam investir em atividades com crianças e fazer parte do Programa Missão Criança.
P. Edivaldo Binow
O Semeador ― dezembro de 2022 14
Carolina Munck Schaeffer
Missão Luterana em Pedra Azul e região
Missão! O que é Missão? Missão é o nosso trabalho diário em servir a Deus e edificar o Seu Reino. Missão é o que faz a igreja sobreviver e crescer. A Missão pode ser realizada através de uma visita, conversa, de uma ajuda, acolhimento, uma mão estendida, uma Palavra de ânimo e até mesmo através de um abraço. Nesse sentido nossa igreja faz muita missão. Todos nós somos diariamente chamados por Deus para fazer mos Missão através do nosso falar, agir e viver.
Certo dia, eu P. Miquéias, fiz um passeio pela região turística de Pedra Azul. Uma das regiões mais bonitas e turísticas do Espírito Santo. En quanto eu andava pela região, admirando a bela paisagem, conversei e conheci algumas pessoas. Entre as pessoas que conheci, algumas eram Luteranas, que se mudaram para a região em busca de emprego. A partir daquele dia, descobri que na região, moravam e trabalhavam muitas pes soas Luteranas.
Apesar de Domingos Martins ter muitas igrejas Luteranas, na região de Pedra Azul e em Venda Nova do Imigrante ainda não há comunidades. Com isso, muitos Luteranos que vieram para a região estavam afasta dos da Igreja. Dias depois desse passeio, levei a situação ao Sínodo e à UP Guandu. Alguns dias depois eu, Pastor Miquéias Holz da Paróquia de Funil em Minas Gerais, Pastor Valmiré Martin Littig da Paróquia de Afonso Cláudio e o Pastor Joelmir Schanoski da Paróquia de Ponto Alto, iniciamos um projeto de Missão na Região. Começamos a fazer visitas
e um levantamento de quantos e quem são os Luteranos que moram na região. Depois de algumas visitas e levantamentos, realizamos o pri meiro culto deste projeto. O culto foi realizado no dia 06 de Novembro de 2020 (conforme foto abaixo) e teve como tema os 503 anos da Reforma Luterana, já que estávamos na semana da Reforma. Desde novembro de 2020, os cultos têm acontecido nas casas de membros. Agora, a nossa meta é adquirir um local para construímos um templo, possibilitando au mentar a nossa missão e visibilidade na região.
A IECLB faz missão e é uma igreja missionária. Sem a missão a igre ja não sobrevive e não cumpre com o seu papel no mundo. Todos nós, ministros e membros, somos chamados por Deus a fazermos MISSÃO. Todos os dias, no local onde trabalhamos ou por onde andamos, somos chamados a fazermos missão e mostrarmos o nosso jeito de ser igreja. Igreja Luterana que serve a Jesus Cristo. Igreja presente que caminha junto com as pessoas no seu dia-a-dia, que abraça, acolhe, transforma e promove a vida. Que essa missão e tantas outras missões que a IECLB realiza, possam estar em nossas orações. Que todos nós possamos aju dar na Missão de Deus que é e deve ser a nossa Paixão.
P. Miquéias Holz Paróquia Luterana de Funil
O Semeador ― dezembro de 2022 15
Notícias
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mateus 28.19)
Culto da Reforma realizado no dia 06 de Novembro de 2020 pelos pastores P Joelmir Scha noski, P. Valmiré Martin Littig e P. Miquéias Holz (da esquerda para a direita). Este foi o primei ro culto realizado pelo projeto de missão aqui apresentado
Culto em Venda Nova do Imigrante
Culto com Santa Ceia em Pedra Azul.
Culto na Vila Vivendas em Pedra Azul
Notícias
Mensagem do XXXIII Concílio da IgrejaCacoal/RO
Cacoal/RO, 23 de outubro de 2022
“Há sinais de paz e de graça neste mundo que ainda é de Deus. Em meio aos poderes das trevas, manifestam-se as forças dos céus.” (LCI 582)
Com muito carinho fomos acolhidas e acolhidos no XXXIII Con cílio da Igreja, em Cacoal/RO, na sede da Comunidade Caminhos da Fé, Paróquia dos Migrantes, Sínodo da Amazônia, nos dias 19 a 23 de outubro de 2022. As altas temperaturas foram amenizadas pelo cuidado que experimentamos nesses dias e pelo ambiente amigá vel de convívio e de trabalho. Além da participação de 90 conciliares, também 20 representantes de igrejas parceiras se fizeram presen tes e trouxeram sua saudação e disposição renovada de unir esfor ços na missão de testemunhar Jesus Cristo.
Sob o tema das Bem-aventuranças, conforme Mateus 5.3-12, refletimos sobre nosso compromisso cristão diante de questões prementes, como a preservação das vidas no bioma amazônico e a crise climática no mundo, o respeito para com os povos originários, a dignidade das gerações futuras, a vivência de relações justas entre as pessoas e da paz em toda a criação de Deus. Jesus Cristo nos desacomoda quando anuncia que “felizes são as pessoas que têm fome e sede de justiça” (Mateus 5.6) e nos conclama a participar mos da edificação do Seu Reino como pessoas pacificadoras.
Chegamos às comunidades da IECLB e da Ecumene, no Brasil e no exterior, por meio da transmissão do Concílio pelas redes sociais. Vivemos cada vez mais em uma sociedade conectada e polarizada, o que exige de nós cuidado com o manuseio das ferramentas da internet, que podem servir ao bem ou ao mal. Também na IECLB temos experimentado tensões. Os dedos teclam do que o coração está cheio. A fé no Senhor da Vida nos leva a sermos instrumentos na promoção da Verdade.
Entre os momentos marcantes mencionamos as celebrações, palestras, motivação para as comemorações dos 200 anos de pre sença luterana no Brasil e o estudo de temas relevantes para a mis são da Igreja. Destacamos o testemunho de lideranças indígenas da Rondônia. Salientamos a aprovação do documento Política de Justiça de Gênero e a adoção de propostas de políticas socioam bientais em toda a IECLB.
A Presidência da IECLB foi reeleita: Pa. Silvia Beatrice Genz, pas tora presidente; P. Odair Airton Braun, 1º vice-presidente; P. Dr. Mauro Batista de Souza, 2º vice-presidente.
Assim como os frutos da Amazônia, vistosos aos nossos olhos no ambiente do Concílio, trazem vida às populações que deles se alimentam, também, nós, fortalecidas e fortalecidos pelas Bem-a venturanças, retornamos às nossas Comunidades, Paróquias e Sí nodos, com a diversidade dos sabores propiciados pelas múltiplas vivências e decisões compartilhadas e o colorido das partilhas ex perimentadas.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados fi lhos de Deus” (Mateus 5.9).
Dia Paroquial da Reforma reúne 400 pessoas em Afonso Cláudio
No dia 31 de outubro de 2022, as cinco comunidades da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Afonso Cláudio, se reuniram para celebrar os 505 anos da Reforma Protestante. Às 09h, iniciamos o Culto Festivo com Santa Ceia, sendo que neste, houve doação de alimentos, os quais foram destinados para famílias carentes de nossa cidade.
Neste culto tivemos a presença do Pastor Sinodal Ismar Schiefelbein que conduziu a pregação a partir do texto de Deuteronômio 6.1-9. Em sua pregação, o Pastor Ismar, relembrou que a Reforma dá um desta que muito grande à educação. Neste sentido, o Pastor Sinodal reforçou a responsabilidade que pai, mãe e responsáveis possuem na tarefa de educar seus filhos e filhas na fé cristã. A educação cristã é tarefa da Igreja sim, mas antes disso, ela precisa começar em casa. É através do testemunho, do exemplo, de pais, mães e responsáveis que filhos e filhas aprendem a viver e a praticar os mandamentos de Deus.
Após o culto tivemos um bom almoço comunitário. Na sequência, realizamos uma roleta, enquanto as crianças puderam brincar no pula pula. Encerramos o Dia Paroquial da Reforma com um café comparti lhado. Este encontro nos animou e nos fortaleceu na fé e na esperança de que temos um Deus que nos liberta e que somos salvos por graça e por fé, mediante Jesus Cristo.
O Semeador ― dezembro de 2022 16
Pastor Valmiré Martin Littig e Ministro Religioso Candidato Igon Schreder
Conciliares do XXXIII Concílio da IECLB
Conversando sobre saúde
Novembro Azul
Saúde é um assunto muito importante, tanto para mulheres quanto para homens. No entanto, por algumas razões, os homens se preocupam bem menos com a sua saúde do que as mulheres. Embora a qualidade de vida e a longevidade seja um desejo para ambos, pesquisas confirmam que os homens costumam buscar ajuda médica apenas em último caso, o que pode resultar em consequências graves. As doenças, quando não detectadas e não tratadas no seu ciclo inicial, tendem a se agravar, e quanto mais se agravam, tanto mais complexo se torna o tratamento.
Uma pesquisa, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia entre 2016 e 2020, apontou um aumento de 49,96% do público masculino por busca de especialidades médicas. O que já é um avanço positivo. No entanto, a pesquisa também apontou que as mulheres continuam na frente quando o assunto é preocupação com a própria saúde.
Outro levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a expectativa de vida no Brasil é de 80,1 anos para as mulheres e de 73,1 anos para os homens. Portanto, as mulheres brasileiras vivem, em média, 07 anos a mais do que os homens brasileiros. Essa diferença, entre outras razões, está relacionada ao fato de os homens serem menos preocupados em relação ao cuidado de sua saúde.
Dentre as razões pelos quais os homens procuram menos ajuda médica, podemos destacar as questões culturais: os homens carregam o estigma de serem mais fortes e resistentes em relação às mulheres, o que é um erro. Há também a questão do preconceito, sobretudo quando se trata de exames que podem envolver o toque físico, a exemplo do exame de próstata, quando assim indicado pela especialidade médica. Mas, temos também a questão de os homens serem menos atentos ou ignorarem os sinais e sintomas do próprio corpo. Há um pensamento cultural de que homem que vai muito ao médico, ou está muito doente ou é frescura; que o homem tem que aguentar a sua dor e incômodos até não suportar mais. Isso é algo que precisa ser desconstruído na sociedade. Afinal, a saúde importa mais do que os padrões culturais que não ajudam a viver com qualidade.
A campanha de conscientização do Novembro Azul quer chamar a atenção para uma doença grave e específica que acomete os homens, o câncer de próstata. Dados levantados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, só no ano de 2019, essa doença vitimizou no Brasil 16 mil homens. O câncer de próstata é apontado pelo INCA como o segundo mais comum entre os homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele do tipo não melanoma.
A medicina ainda não tem uma resposta científica concreta sobre os fatores de desenvolvimento desse tipo de câncer nos homens, mas os médicos acreditam que ela esteja relacionada a fatores genéticos, bem como ao avanço da idade, visto que ela se manifesta com maior frequência após os 60 anos de idade. Uma
das características do câncer de próstata é que sua evolução é lenta e quase sem sintomas no início, e quando aparecem os primeiros sintomas a doença já está bem avançada. Na evolução avançada, aparecem dores na pélvis, nos ossos, nas costas, dificuldade de urinar e a perda de peso. Ainda pode causar impotência sexual até incontinência urinária (a perda do controle de urinar). Em estágio avançado, o câncer de próstata pode acarretar em metástase, que é quando as células cancerígenas se espalham para outras áreas do corpo, podendo causar o óbito da pessoa.
Entre a população masculina, o tumor de próstata é a segunda principal causa de morte por câncer, fazendo uma vítima fatal a cada 36 homens. Embora não haja um consenso, os especialistas recomendam que os homens façam os exames de toque retal e de PSA (exame de sangue que detecta alterações do antígeno prostático específico, que podem ser indicativas dessa neoplasia) anualmente, a partir dos 50 anos, e para quem tem histórico familiar de câncer de próstata esses exames devem acontecer a partir dos 40 ou 45 anos. A melhor idade para iniciar os exames deve ser previamente conversada com um médico, uma vez que a hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Quando detectado precocemente, o tratamento é menos invasivo e oferece mais chances de cura.
Como o diagnóstico envolve o toque retal, um exame que ainda é cercado de tabus e preconceito, muitos homens relutam em realizar o exame. Nesse sentido, um dos objetivos do Novembro Azul é justamente quebrar esses tabus e conscientizar a população masculina de que os cuidados com a saúde devem ser colocados acima dessas barreiras.
Procurar ajuda médica assim que detectar qualquer sintoma que possa evidenciar alguma possível doença é fundamental. Igualmente, realizar consultas preventivas periódicas com especialidades médicas é um bom hábito de prevenção, pois por meio de exames pode-se detectar evidências de alterações se instalando no organismo que poderão evoluir e se tornar uma doença mais grave e complexa. Toda doença, quando identificada em seu estágio inicial, tem maiores chances de cura e em menor tempo.
Buscar adequar hábitos e uma rotina de vida mais saudável também é uma atitude preventiva de doenças. Equilibrar e regular as emoções e impactos estressores, optar por uma alimentação nutritiva, aliada a exercícios físicos são grandes auxílios na manutenção da saúde e do bem-estar. Na prática, isso quer dizer que homens e mulheres que realizam check-ups (exames periódicos) e seguem o tratamento indicado de forma correta, quando são diagnosticados com alguma patologia (doença), e mantém hábitos saudáveis tendem a ter uma vida mais longa e saudável.
O Semeador ― dezembro de 2022 17
P. Leomar Lauvers - Pastoral da Consolação Diác. Ms. Vanderlei Boldt - Capelão Hospitalar – AEBES
Saúde do homem também é um assunto importante
Dentre as razões pelos quais os homens procuram menos ajuda médica, podemos destacar as questões culturais: os homens carregam o estigma de serem mais fortes e resistentes em relação às mulheres, o que é um erro.
Presença Luterana
Relato do P. Friedrich Wilhelm Hasenack – Jequitibá
A Coluna Presença Luterana apresenta uma carta1 que o P. Friedrich Wi lhelm Hasenack escreveu ao seu irmão, relatando sobre como os pomera nos, chegados ao Espírito Santo, viviam e trabalhavam. Friedrich Wilhelm Ha senack foi o terceiro pastor na Paróquia em Jequitibá, atuando entre outubro de 1882 a maio de 1890.
Desde o ano de sua formação, em 1879, até o ano de 1882, a Comunida de em Jequitibá reunia-se numa pequena capela que também servia de es cola. O primeiro pastor foi Johannes Schaefer (maio a setembro de 1879). O segundo pastor foi Fritz Muelinghaus (fevereiro de 1881 a outubro de 1882). No ano de 1881, decidiu-se pela construção de um novo templo. No dia 06 de janeiro de 1882 aconteceu o lançamento da pedra fundamental desse novo templo. No dia 28 de setembro de 1882 o templo de Jequitibá foi solenemen te inaugurado. Nessa celebração P. Fritz Muelinghaus fez sua prédica de des pedida e o P. Friedrich Wilhelm Hasenack fez sua prédica de instalação2 . Seu relato sobre a vida e o trabalho dos pomeranos na região de Santa Leopoldi na é rico em informações e detalhes, que valem a pena conhecer. Eis o texto: Caro irmão! Na minha última carta, contei o que se deu com os teuto-rus sos no Paraná; desta vez quero relatar como os pomeranos chegaram ao Es pírito Santo, como eles viviam e trabalhavam. Inicialmente devo dizer que este pessoal, na Pomerânia, pertencia aos mais pobres, eram diaristas, servos e servas nos feudos. Seu salário diário era pequeno, 20 a 40 centavos (pfen nigs), e havia sempre dias em que não ganhavam nada em razão do tempo ruim. Ao lado desse salário diário, o senhor feudal dava-lhes moradia e terre no para plantio. Tudo isso era naturalmente contabilizado. Agora eles queriam ver, como e o que eles ainda poderiam, paralelamente, plantar e colher para si. Alguns homens foram criadores de ovelhas nas fazendas. Estes estavam melhor situados, eram, em geral, mais inteligentes que os demais.
Aqui no Brasil, especialmente em São Paulo, o assim chamado humanis mo tinha avançado entre os fazendeiros a ponto de quererem acabar com a escravidão, pois se achavam minimamente tão cultos quanto os ingleses e franceses (quando cheguei aqui em 1879, ainda existia a escravidão). Mas, se eles não tivessem mais escravos, também não teriam mais trabalhadores para a suas plantações de café, e eles estavam acostumados a uma boa vida de senhores. Assim, eles enviaram agentes para angariar pessoas livres na Europa para trabalhar a meia, isto é, a metade da sua produção seria deles e a outra metade entregariam ao fazendeiro, que lhes forneceria moradia e gêne ros alimentícios ou lhes daria terra na qual, paralelamente, pudessem plantar. Tais condições pareciam atraentes aos pobres pomeranos. Eles arrumavam e ajuntavam tanto dinheiro, quanto possível, para o mais rápido chegar a um tal paraíso. Estes que, depois de vencerem as viagens marítimas que, na época, ainda eram perigosas, chegaram finalmente a São Paulo. Eles foram recebi dos amistosamente, pois todos se encantavam com estas pessoas bonitas e fortes. Logo eles, porém, perceberam que não eram aqui escravos no velho sentido, mas, também, não eram verdadeiramente livres; eles estavam total mente sob o poder dos seus senhores, que valorizavam minimamente o seu trabalho e taxavam altamente os seus fornecimentos. A isto somava-se a lín gua estranha, a relação com os de cor (afro descendentes), o calor, a falta de escolas, de estradas, de Igreja e as festas em épocas totalmente opostas.
Como tudo isto impactou de forma deprimente sobre pessoas de bem, como os pomeranos realmente são, é inexprimível. Eles procuravam libertarse ou encontrar outros senhores. Essa possibilidade, porém, não existia, pois, os proprietários estavam unidos. Se fugissem eram capturados, maltratados e torturados por escravos negros, para os quais isso significava uma diabólica alegria. E se eles se escondessem na mata, eles eram procurados com cães e em parte rasgados, chicoteados e aprisionados. E ai de quem soltasse um
1 O texto original está em língua alemã e foi publicado no Calendário do Sínodo Rio Grandense, em 1924, p. 66-75. A tradução para o português é de autoria do P. Anivaldo Kuhm, Ponto Alto, Domingos Martins/ES, em agosto de 2022, a quem agradecemos a valiosa colaboração e permissão para publicação.
2 Cf. Valdemar Gaede. Presença Luterana no Espírito Santo, p. 61 s.
pio! E o governo? Ele não queria isto, isto é, o governo imperial. Mas aqui no Estado o governo eram estes senhores mesmo. E se alguma coisa vazasse no Rio de Janeiro, estes senhores sabiam distorcer o fato como algo inofensi vo. Assim, os interlocutores nada conseguiam resolver. Graves notícias teriam até chegado ao imperador. Mas, o imperador mesmo, não conseguia melho rar a situação. Finalmente, agentes diplomáticos suíços teriam chegado se cretamente disfarçados a São Paulo e encontrado a situação pior do que as notícias davam conta (não me ocorre os nomes, mas eu creio serem Tschudi3 e Avé Lallement4). Estes fizeram o seu relatório junto ao governo imperial no Rio de Janeiro. Foi então que este agiu energicamente, ajudando os pobres a saírem de lá. Com base nesses relatórios foram emitidas leis na Prússia, em 1959, que proibiam a emigração para o Brasil.
Em razão dos alemães terem trabalhado especialmente na cultura cafeei ra, o governo do Rio transportou aqueles que queriam partir, para o mais lon ge possível, no Espírito Santo, para ali experimentar a cultura do café. Agora eles estavam realmente livres. Mas o que eles tiverem que sofrer nos anos passados? Assim chegaram pomeranos, suíços e também alguns saxônios ao Espírito Santo. Como estes agora se fixaram nestas íngremes montanhas rochosas de até mil metros de altitude, é o que francamente me impressiona. Se eles já chegaram a terra como pessoas pobres, agora estavam ainda mais pobres, mas tornaram-se mais inteligentes. Seu horizonte tornara-se mais amplo e livre, mas sem perder o antigo, nobre, puro senso alemão. Como estas montanhas íngremes, parcialmente em formato de torre puderam ser cultivadas, continua para mim até hoje um enigma. Mas, as pessoas encon traram o caminho. Os pomeranos não são fáceis de serem derrotados. Eles simplesmente começaram a derrubar as matas virgens destas montanhas e desfiladeiros e plantar inicialmente gêneros alimentícios, como milho e man dioca e depois café. Sementes e plantas eles adquiriam dos nativos que mo ravam das planícies até o mar. O transporte de sementes e mudas eram peri gosas viagens, verdadeiras viagens de descoberta. E isso tanto mais quando os protestantes eram desacreditados como pessoas com chifres diabólicos. Quando os primeiros chegaram, as pessoas (os brasileiros) teriam surpresos perguntado: - Onde estão os protestantes? - Aqui, nós somos protestantes, eles teriam respondido. - Isso não é verdade, vocês se parecem igual a nós e não têm chifres, os brasileiros teriam dito. - Sim, chifres nós não temos, mas protestantes nós somos, eles respondiam. Logo eles tornaram-se bons ami gos. - Mas eles não são confiáveis, eles são ignorantes e fanáticos, pois esta... e esta... e este... e este... desapareceram sem deixar rastro, disseram-me al guns.
E eles se fixaram. Ainda me estremecem, por vezes, os ossos, quando vejo as pessoas derrubando mata nos desfiladeiros. Depois de semanas de tra balho roçando pequenos arbustos, taquaras, espécies de gramas, cipós pelo chão, para se ter acesso as árvores, começam a soar os machados e muito gritos de alegria ecoam. Raramente caia uma árvore sozinha. Muitas vezes, mais de cem (sic!) árvores já estavam cortadas a altura do joelho, mas elas não caiam. Apesar de gemer e estralar do pé até a copa, movimentando-se e rasgando em toda a parte, mas não chegam a cair. As copas estão tão entra nhadas com cipós da grossura de um braço e duma perna que faz que todas gemerem e estralarem, mas não caem. Quando, porém, sem se perceber, atra vessa uma leve brisa pelas copas, a massa começa a ceder e agora: “- Salvese quem puder”. O emaranhado começa a zunir, assoviar, uivar, rasgar, estralar e arrebentar no ar e, então, com um estrondo de mil trovões sobre a terra, os gigantes da mata virgem jazem com os galhos quebrados e corpos rasgados e ainda gemendo e quebrando por algum tempo escorregando pelos desfila deiros até se acomodarem. Ali jaz a orgulhosa floresta com sua madeira no
3 Johann Jakob von Tschudi (nasceu em Glarus, 25 de julho de 1818 — faleceu em Lichtenegg, 8 de outubro de 1889) foi um naturalista e explorador. Entre 1860 e 1868, foi embaixador suíço no Brasil.
4 Robert Christian Barthold Avé-Lallemant (nasceu em Lübeck, 25 de julho de 1812 — faleceu em Lübeck, 10 de outubro de 1884) foi um médico e explorador alemão.
O Semeador ― dezembro de 2022 18
Presença Luterana
bre, com milhares de flores, barbas de velho (angiospermas), tranças de todas as espécies, morada de pássaros silvestres, abelhas, vespas, insetos, cobras e macacos. O ser humano miserável o venceu. Ao se olhar a massa mortalmen te ferida estirada, sobra a pergunta: Será que ela foi realmente vencida? Ainda falta muito. Agora é a vez do fogo para dominar os gigantes. Se ocorrer um tempo de chuva impedindo por semanas a queimada, então todo trabalho terá sido em vão. Em pouco tempo o clima tropical cobre todo o emaranhado no vamente, tornando a limpeza praticamente impossível. É preferível deixar tudo descansar até que a derrubada apodreça. Então o trabalho fica mais fácil, pois a madeira morta nos úmidos trópicos apodrece rapidamente. Graças a Deus nenhuma pessoa veio a óbito! Mas acontece também. Augusto Neumann teve todos os membros e costelas quebradas. Friedrich Wendler, ao se afastar de uma árvore em queda, teve o crânio esfacelado, porque a árvore fora desviada por cipós durante a queda. O crânio rangia como cacos, quando apertado com a mão. Outro ficou caído, atravessado debaixo de uma tora que o comprimia, até em pouco tempo vir a óbito.
Assim, cada qual, a partir de Porto Cachoeiro, tinha que ver como chegar a sua mata. Porto significa tanto quanto porto e Cachoeiro tanto quanto, queda de água. Todos riachos num enorme círculo ou melhor num semicírculo ao norte, confluem num rio: o rio Santa Maria. Este semicírculo contém as duas comunidades de Santa Leopoldina [Luxemburgo e Jequitibá]. No Porto de Ca choeiro, o rio Santa Maria alcança a planície; de lá chega-se de canoa a Vitória, a capital, situada numa longa enseada marítima. Estes meios de transporte são construídos de uma única tora de madeira. Algumas são tão longas, capa zes de transportar 100-500-600 (sic!) sacas de café ou feijão.
Também deve-se dizer que de Porto Cachoeiro (rio acima) começam as cachoeiras. Avançando pelas serras adentro, atinge-se sempre mais altitude. Num trecho entre Porto Cachoeiro e a Igreja de Santa Leopoldina I [Luxembur go] a montanha parece dependurada com sua massa rochosa sobre o desfi ladeiro, como um semi sombreiro. Leva-se em torno de meia hora (a cavalo) para percorrer esta distância. Debaixo desta coberta moram pessoas, mas ainda não são pomeranos, estes começam a residir primeiro perto da igreja. Ali acorrem riachos de todos os lados para dentro do desfiladeiro central. De Porto Cachoeiro pode-se alcançar a igreja em duas horas, sempre morro aci ma e mais longe ainda sempre subindo até Califórnia, onde parece ser o ponto mais alto. Neste caminho, o rio Santa Maria forma uma linda cachoeira, diz-se ter 400 metros de altura. Ela despenca como de um regador em um denso jorro. Isso causa um assustador rugido e estrondo, o que dá impressão do chão estar tremendo. Mais abaixo, a meia hora de distância de Porto Cacho eiro, despencou, a margem direita, uma ponta de montanha. Blocos de pedra do tamanho duma casa e pedaços menores entulharam o rio e o caminho ao longo de cem metros, de tal maneira que o rio em seu fluxo normal atraves sa por debaixo destas pedras e, na época da cheia, as águas se lançam por cima. E sobre essas pedras construiu-se uma ponte, onde o caminho nos leva, subindo pelo riacho, à Jequitibá. Quando se atravessa esta ponte, em épo ca de cheia, os cabelos podem se empinar as montanhas, diante do cenário das águas selvagens, que rolam com violência, através deste amontoado de pedras bramindo, retumbando e espumando assustadoramente; tem-se a im pressão de poder ser levado junto por alguma corrente de ar.
Na minha comunidade [Jequitibá] o rio ainda forma duas grandes quedas. A próxima não cheguei a ver, pois se encontrava escondida na mata, mas, com o vento a favor, podíamos, algumas vezes, ouvir o seu barulho. Em linha reta, ela distava duas horas de nossa casa. A outra cachoeira deste rio, quatro a cinco horas acima, eu vi algumas vezes. Esta se precipitava, como por uma íngreme escada, talvez, também, 400 pés e se parece como uma ruidosa neve. De lá enfrente para-se de subir. O seu leito, em geral, é profundo e estreito, pouco mais de dez metros, em alguns pontos chega a 50 ou mais metros. Noutros lugares existem pontes do comprimento de uma árvore que dista de uma margem a outra; em outros locais duas árvores não alcançam. A parte de cima das toras era lavrada e tinha talvez dois pés de largura. Agora cavalgue por cima! Corrimões não havia. Eu ficava horrorizado quando a água, rasgan do por baixo, batia quase nas vigas. A maioria das pontes tinha três vigas, uma ao lado da outra, mas, também, sem corrimões. Em geral, o terreno na minha comunidade não era tão alcantilado e pedregoso como em Leopoldina I [Lu xemburgo]. Eu tinha caminhos, que por algumas horas a cavalo, eram planos. Mesmo as montanhas mais íngremes tinham mais terra plana do que decli ves. Só em Jequitibá que durante uma hora de viagem as montanhas eram
cortadas verticalmente. Lá não dava para subir por parte ne nhuma.
Assim, nestas poucas mon tanhas rochosas, minha gente fez sua morada. Mas, fica a pergunta: como eles consegui ram chegar até lá, já que só ha via mata e nada além de mata? As montanhas íngremes eram inacessíveis. Assim, eles fo ram vendo como margear os riachos, contornando as mon tanhas para seguir adiante. Quando a margem terminava, eles tinham que alcançar o outro lado. Os homens tiravam suas calças, as mulheres colocavam saias e crianças debaixo do braço e tateavam até a outra margem. Muitas vezes não dava certo e aí precisavam fazer, sabe-se lá, quantas voltas. Com foices e pesados facões os homens iam adiante para abrir uma picada através do emaranhado de taquaras, gravatás e cipós espinhosos. Isso dava uma espé cie de túnel de onde raramente poderia se avistar o sol.
Após dias e semanas de árduo trabalho, cansaço e preocupação eles es tavam finalmente no ponto onde queriam chegar: na sua própria mata [pro priedade]. Agora se tratava de encontrar um lugar onde pudessem começar e morar. Aqui é descarregado o que se trouxe junto. Ao descobrirem um vizinho próximo, logo se abria uma estreita picada a sua casa. Essas trilhas torna ram-se os primeiros caminhos que, ao longo dos anos, foram sendo lenta mente alargados. Ainda no meu tempo alguns deles, nas encostas, eram tão estreitos que nem dois pedestres conseguiam passar um pelo outro, quanto mais dois cavaleiros. Muitas vezes eu não sabia como virar o meu animal de montaria. Mas, animados, os pomeranos continuaram a trabalhar. Eles procu ravam locar estas estradas em linhas mais retas, abrindo estradas principais para Porto Cachoeiro, onde, no decorrer dos anos, se fixaram alguns comer ciantes. Aqui eles buscavam, de tempos em tempos, o que necessitavam em seu esconderijo na mata: machados, facas, foices, serras, sal, arroz, etc. Isso era um longo caminho. Eu gastava seis horas para fazê-lo e cavalgava ligeiro. Quanto tempo eles não gastavam a pé?
No meu tempo, a maioria já tinha animais de montaria. Mas eles preferiam andar a pé e carregar os animais com produtos que eles vendiam em Porto Cachoeiro, bem como os produtos que eles compravam com o dinheiro an gariado. Mas, no início eles não tinham animais de montaria e nem de carga: eles carregavam tudo o que tinham para vender e comprar no próprio lombo. À noite, eles saiam de casa para estar cedo em Porto Cachoeiro e na medida do possível ainda chegar de dia em casa. Eles faziam tochas de jacarandá, es pecialmente inflamável, senão não teriam condições de caminhar pelas pica das. Talvez, também, para espantar animais selvagens. Nestas caminhadas ajuntavam-se costumeiramente vizinhos. Pois bem, se eu gastava seis horas a cavalo para fazer este percurso, quanto tempo não gastavam estas pessoas e quanto mais aquelas que ainda moravam seis a dez horas além da minha morada? E quanto eles conseguiam carregar por tão longos trajetos?
Como gêneros alimentícios eles usavam sal, arroz, feijão preto, farinha de mandioca e talvez um pouco de carne seca, como naquele tempo ainda era costume. Enquanto isso mulher e crianças, em casa, trabalhavam na mata queimada, denominada roça, descoivarando ou mantendo as plantações li vres do inço e da brotação abundante de mato.
Quem podia, adquiria uma vaca para ter leite e galinhas para ter ovos. A vaca buscava-se tratar com plantas nativas, cana, palmitos e folhas de pal meira. Feliz é quem já podia ter uma. Então torna-se também necessário o plantio de capim para pastagem e a construção de cercas. Não se pode deixar um animal assim livre para não sofrer danos na mata através de plantas tre padeiras e outras. Que tal trabalho tenha levado anos até se ter algo a vender, compensando o esforço, é compreensível. Mas o que eles plantam agora? Na turalmente algo necessário para comer. E esse plantio precisa ser experimen tado. Inicialmente plantava-se milho e feijão. Depois vinha mandioca ou aipim, taioba, inhame e cana de açúcar. Gostaria de se ter batata inglesa, mas onde conseguir? Por diversos anos comerciantes em Porto Cachoeiro importavam
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Pastor Friedrich Wilhelm Hasenack com sua esposa Bertha, nasc. Gern (acervo do seu neto Johannes Frie drich Hasenack)
Presença Luterana
batata inglesa de Portugal e as vendiam a quilo. Uns conseguiam cultivá-las, já outros não. Mas experimenta-se sempre de novo, quase em todo mês, quando se conseguem mudas. Raramente elas dão resultado. O mesmo acontece com trigo, centeio, aveia, cevada. E onde uma semente chega a lançar espigas, existem tantos animais selvagens, enxames de pássaros negros, comendo as sementes e deitando os cereais sobre o chão; por isso também não se planta mais arroz, depois de inúmeras tentativas. Esses pássaros chegam a quilôme tros de distância como uma nuvem escura, sem se intimidar com barulho ou tiros. Espécies de inhame e batata doce produzem melhor, a mandioca já apo drece mais. Assim, contentou-se com as espécies de inhame. Destes privile giou-se três espécies. As brancas e amarelas eram comidas como batatinhas e as grandes folhas da taioba branca como verdura. Uma outra espécie era usada quase só para tratar os porcos (inhame rosa), alguns a usavam como ingredientes no pão. Taiobas são saborosas, um pouco insossas e gosmen tas, mas são tornadas apetitosas com molho, especialmente a branca, que endurece rapidamente. Depois se plantava batata doce. Esta é uma convolvu lácea com flores lilás e ramas trepadeiras. Destas planta-se a ponta com dois a três palmos da rama, que lança raízes no chão. Ela produz duros tubérculos do tamanho de um punho, que podem ser comidos como batata-inglesa. Eles têm realmente gosto adocicado, mas a gente se acostuma.
Os pomeranos gostam mais é de pão. Mas que pão? Então, pão de milho. Para este pão granulado não ressecar muito rápido, mistura-se a massa um pouco de trigo, quando se pode comprá-lo. Mas com quase a mesma prefe rência mistura-se a massa um tubérculo que se chama cará. Trata-se de uma planta rameira com grossas e grandes ramas e folhas. Ela produz tubérculos do tamanho ou até o dobro do tamanho de um punho. A casca dura e pilo sa precisa ser retirada. O tubérculo descascado e ralado resulta, então, numa massa pastosa e espumosa que, misturada com a farinha de milho, deixa o pão solto e úmido por longo tempo. Os tubérculos são cozidos como a batata inglesa; são insossos e gosmentos; também tem o cará do ar que lança seu tubérculo no ângulo da folha, mas não ficam tão grandes como o cará da terra.
Mas onde as pessoas conseguem moer o seu milho? Pois não existem moinhos. Necessidade faz a criatividade. Por longo tempo eles socavam o milho em pilões de madeira, por eles mesmos cavoucados. Mas isto é um tra balho tão demorado e penoso que levaria a suspender o hábito de comer pão. Então, alguém teve a ideia de construir um moinho. Mas, de onde conseguir pedras de moinho? As rochas nativas são tão duras, tornando-se impróprias para pedra de moinho. As rochas não se deixam perfurar. E onde se consegue fazer um furo, o tiro sai em cima e a rocha nem chega a trincar. Testou-se algumas pedras que ficaram milhares de anos ao relento, que talvez tenham ficado mais quebradiças, para obter um resultado aqui e acolá. Tendo a pedra, logo, eles conseguiriam, também, construir um moinho. Alguém constrói uma casinha como uma privada - dito com todo respeito - e pega uma árvore do ta manho da casa, afixa numa ponta uma roda com pás de um metro de diâme tro, coloca a árvore em pé, atravessa a parte de cima numa pedra de moinho feita por ele mesmo. Na parte superior ele afixa outra pedra. Assim, a árvore está colocada perpendicularmente dentro da casinha, a roda de pás está rente ao chão. Agora ele deixa incidir um jato de água de cima (através de um tronco oco) contra as pás da roda e pronto. A coisa começa a girar. Nestas monta nhas, cada qual tem em sua propriedade ou mata um pequeno córrego que pode ser usado para movimentar um pequeno engenho. Hurrah! Isto foi uma alegria! Deu certo! A coisa mói o milho em fubá, meio grosso, mas não faz mal, “ dat wö wol biete” [certamente vão mastigá-lo]. Bem mais fácil do que moer fubá com um moinho de café ou socá-lo em pilões de madeira. Ora chega um, ora chega outro, observam a coisa, animam-se e põe-se, também, a construir um moinho assim e sempre procurando melhorar. Agora, as mulheres estão felizes, podendo assar pão quanto quiserem dentro seus fornos de barro, que eles mesmos, também, inventaram e construíram, e funciona bem.
Não é de se admirar quando eles ficam cada vez mais orgulhosos do seu próprio saber, sempre tentando fazer tudo melhor e com mais conforto para si! Sim, com o tempo eles constroem para si, ao lado de córregos maiores, maiores moinhos de fubá e monjolos para pilar café. Tudo descoberta deles mesmos. Até chegarem a este ponto, passaram-se vários anos. É impressio nante o que tudo eles mesmos fizeram para si. Ninguém acreditaria ao ver as casas limpas, cozinhas e dependências, que marceneiros, sem formação, pudessem ter construído tudo isso. Também a muitas plantas da mata virgem eles sabiam agregar valor transformando-os em cestos, até delicados e artís ticos, fibras em cordas, etc. Mas quanta necessidade eles tiveram que passar
até lá. Assim, os seus sentidos foram aguçados. Até chegarem a este ponto passaram-se muito anos de indizível esforço e trabalho.
Só depois de terem área prepara da, o café era plantado. E com isso eles tinham a expectativa de somente depois de seis anos vender café e re ceber dinheiro limpo nas mãos. Isso demorava, pelo menos, doze anos, até que pudessem ganhar algo. Os primeiros seis anos eram de sobrevi vência, nos segundos seis anos, eles podiam pensar em vender algo aqui e acolá da mata e começaram a ter os seus próprios gêneros alimentícios e só nos terceiros seis anos, eles po deriam finalmente começar a pensar em melhorar as suas moradias, cons truir uma casinha decente e fazer dos seus casebres de varas cobertas de palhas, galinheiros; e nos quartos seis anos eles podiam contar com colheitas regulares, se o seu cafezal tivesse vin gado. Nos últimos seis anos eles buscavam serrar vigas e tábuas para casa, paiol e estalagem. Isso deveria acontecer na mata, onde a madeira estava disponível. Depois, as vigas e tábuas eram transportadas, sobre os ombros, ao local onde viriam a morar definitivamente. Em quase todos os casos, a mulher tinha que estar junto para puxar a serra, ajudar a carregar a madeira e, ao lado, cuidar do ofício da cozinha.
E de quantas coisas eles careceram nestes 20-30 anos? Vendas, isto é, casas de comércio eram praticamente inexistentes nos primeiros seis anos. Então, começa a existir, em algum lugar, uma bodega. E aí, no decorrer dos terceiros e quartos seis anos, já se encontravam distantes algumas sortidas casas comerciais. Até então, a comida continuava escassa e da mais crua espécie. Quanto a roupa, vestir-se com brim coringa, era tido como luxo. Como roupa de domingo, contudo, mantinha-se cuidadosamente em honra, a vestimenta trazida da Europa e conservada para melhores tempos vindouros. Muitos, porém, já não tinha mais nada dela.
Na doença, necessidade e morte eles estavam sujeitos a ajuda mútua. Mé dicos, farmácias, escolas, igrejas também não existiam. Marceneiros também não existiam. Durante o meu tempo haviam dois ferreiros na grande colônia. Mas quem eram? A maioria tinha, talvez, em algum lugar no além-mar, visto alguma vez uma ferraria e, assim, começaram aqui; da mesma forma foram marceneiros, pedreiros, sapateiros, alfaiates. E mesmo assim, que trabalho lindo e enxuto eles desenvolveram depois de tantos anos. Eles foram os seus próprios mestres.
Nos terceiros e quartos seis anos, eles tinham finalmente eliminado tanta mata virgem, plantado, construído., ordenado, que a propriedade se asseme lhava a moradias humanas, dividida em plantações de gêneros alimentícios, pastagens e lavoura de café, etc. Respectivamente, eles tinham também ad quirido galinhas, gansos, vacas, animais de carga e de montaria. E junto a tudo isso, quanto esforço, quanto planejamento e preocupação que isso não custou e que vontade férrea para conduzir tudo até este ponto!
Quando se tinha pastagem cercada com capim crescido, então podia-se adquirir vacas e obter leite, manteiga e queijo. Mas, a obtenção do leite, exigia força e técnica. Pois, nenhuma vaca estava acostumada a soltar leite sem o seu bezerro. Inicialmente, é preciso que o bezerro mame e, depois, de alguns minutos, ser retirado, para o leite ser tirado para dentro de uma vasilha. Se uma família maior quisesse ter mais leite, então já se fazia necessário um número maior de vacas a serem ordenhadas deste jeito. Quanto maiores os bezerros se tornavam, tanto mais fortes eles ficavam e já não queriam mais ceder voluntariamente parte do seu leite. Assim, a ordenha de muitas vacas demandava muito trabalho, esforço e tempo.
Também a colheita do milho nem sempre foi tão promissora, como pa recia ser durante o crescimento. Muitas vezes, descobria-se que macacos, papagaios e outros bichos do mato, tinham destruído uma grande parte da colheita. Macacos existiam em grandes bandos e papagaios em grandes re voadas. Algum mal do tamanho de um pardal e outros até do tamanho de
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Pastor Friedrich Wilhelm Hasenack, com condecorações da guerra franco-prussiana, 1870/71 (acervo do seu neto Johannes Frie drich Hasenack)
Presença Luterana
galinhas domésticas. Araras baixavam em revoadas de milhares sobre um milharal. Eles fazem uma gritaria feia. Essa espécie de papagaios e outros bichos do mato, como porcos do mato, pacas, e assim por diante, roem as es pigas de milho uma após a outra. As restantes germinam ou apodrecem. Os macacos quebram as espigas e as levam para dentro da mata para comê-las, nos altos das árvores, onde brigam pela colheita.
Certa vez passei a cavalo pela nossa mata na plantação do vizinho Krau se (propriamente uma pequena plantação de milho) e queria seguir. Ainda na nossa mata eu escutava risos e barulhos estranhos nesta plantação e pensa va, as crianças do Krause estão quebrando milho e deveras animados. Sim senhor, crianças dos Krause! Certamente 100 a 200 macacos-prego estavam apressadamente quebrando milho. Muitos estavam nas árvores, como se tivessem vigiando. Então, estalei meu chicote, dei um grito e chamei pelas crianças do Krause. Agora você deveria ter visto os macacos! Aconteceu uma xingação entre eles, gritaria, assobiaria em pressa, ainda ao debandarem ar rancavam algumas espigas, soltavam palhas, faziam cargas, penduravam so bre os ombros e subiam pelas árvores com uma fabulosa velocidade; de cima eles olhavam para mim, e eu ainda os ouvia por um bom tempo xingando. En contrar-se com um tal bando de macacos, não é propriamente agradável. Eles temem uma pessoa, mas seu bando lhes encoraja. Eles atiram galhos quebra dos e - advinha agora o que? - as próprias fezes, esta eles pegam com a mão e miram bem certeiros e esta não tem cheiro agradável. Tiros de espingarda os deixam muito aterrorizados. Aí eles emitem um “ui, ui” atrás do outro e correm pelas árvores tão rapidamente que nem por caminho aplainado você conseguiria acompanhá-los.
Certa vez eu cavalgava devagar por um caminho muito estreito, descendo uma longa serra. “ Então, - pensei comigo- o que é isto diante de você? ” Um cipó da grossura de um braço estava pendurado bem do alto atravessado so bre o caminho como uma grossa corda de um balanço, abaixo estava sentado um velho macaco guariba com as duas mãos, a direita e a esquerda, firmes no cipó e balançando-se serenamente para frente e para trás. Com a minha pro ximidade ele parou quieto, mas continuou calmamente sentado e me deixou cavalgar por baixo dele.
Dos guaribas eu tinha ouvido diversas vezes, deles terem regulares horas de canto. Entrementes ouvi na proximidade da nossa casa, certa vez, um can to assim e fiquei curioso de poder uma vez auscultá-lo. Segui por uma picada que o pessoal tinha feito até um tronco - uma braúna preta - que eles haviam lascado em estacas de cerca. Eu consegui chegar bem perto, sem os maca cos notarem a minha presença, e atrás de um espesso tronco eu podia obser vá-los. Lá estavam eles sentados, bem alto, eu creio num Jequitibá, em um semicírculo. Todos pareciam estar muito atentos para o que o dirigente tinha a dizer. Aí ele gesticulava com as mãos, emitindo alguns tons e apontando para alguns. E então tudo ficou em silêncio. O dirigente levantou as duas mãos, como se ele contasse 1.2.3., e agora o coro desata a rugir, pelo menos três vozes. De repente alguns devem ter errado o canto, pois o dirigente perdeu a calma e distribuiu fortes tapas. Agora tudo mais uma vez fica quieto. Mais uma vez ele deu os tons e, novamente, começa o rugido. E mais tapas são dis tribuídos. Os camaradas pareciam ter dificuldade para entender. Então se su cedeu um trecho mais longo, ora mais alto, ora mais suave, e até alguns solos foram intercalados, ora no baixo, ora em outra voz. Assistir isso foi extrema mente deslumbrante. E isto foi conduzido com tal seriedade e dignidade, que eu cheguei a pensamentos totalmente próprios. Fiquei tão alegre a ponto de não perturbar os animais, mas de assisti-los longamente até me afastar bem quietinho. Se nós seres humanos não fôssemos tão estupidamente orgulho sos e convencidos e entendêssemos a língua dos animais e, também, o que as plantas sussurram, desenham e exalam, eu creio que teríamos mais respei to diante da natureza para admirar mais, louvar, agradecer e adorar o Criador e dizer: -Senhor, quão grande e numerosas são as tuas obras. Eu creio que nós iríamos cuidar bem diferente da natureza e não somente assoberbados e estúpidos querer dominá-la, por supormos que nós seríamos os senhores. Pois é, você vai se admirar e dizer: O Wilm chegou bem perto (De Wilm is ganz näwenbi gekommen). Sim, isto é verdade. E depois de reler o escrito, eu observo que ainda poderia com mil detalhes provar que as necessidades e temores dos primeiros imigrantes foram muito mais diversos do que a des crição que eu fiz. Também não é possível descrever tudo. Para isto teria que se olhar a história de cada família em particular. Algumas venciam tudo bem, muitas outras tinham dificuldades bem especiais. Para algumas famílias, tudo o que empreendiam frutificava, outras tinham azar e nada prosperava: os por
cos não se desenvolviam, o gado adoecia, as aves eram atacadas por animais selvagens, a plantação não frutificava, seus cafezais não produziam. Ao lado adoecia, ora o marido, ora a mulher, ora os filhos e, também, morriam - sem médico, sem farmacêutico e sem pastor. E mesmo assim eles queriam re sistir. E com isso tornavam-se pessoas duras, mas, também, logo maleáveis (macios como ameixas). Eles mantinham o coração no lugar certo. Nunca abandonavam seus vizinhos. Se um tinha algo, o outro também tinha. Um animava o outro, mas, também, admoestavam-se e, muitas vezes, de forma bem rude, mas se ajudavam. Seria, então, um milagre deles finalmente se lembrarem da antiga pátria, quando prosperavam, ou pelo menos alguns de les ao ganharem espaço para os cotovelos, pensarem e dizerem uns aos ou tros: - Que bom seria, se tivéssemos agora escolas e igrejas, se pudéssemos ouvir de manhã, ao meio dia e a noite os sinos e aos domingos ir à igreja para juntos podermos cantar, rezar, louvar e agradecer!
Agora, finalmente, depois de vários anos que lhes ia finalmente melhor, fo ram tomados como que de saudade. Despertou neles um desejo dos idos anos da áurea época de juventude. Esta eles gostariam de reviver mais uma vez, mas, não na antiga pátria, não, mas, aqui no lugar do seu trabalho e pre ocupações, para mostrar quão bela a pátria é. E esse desejo não cessou e não os deixou em paz até terem sua própria casa pastoral, igreja e escola. Era como sentissem primeiramente aqui a nossa (sua) verdadeira pátria. Como eles enfeitavam sua Casa de Deus, não só com palmeiras e flores, com um grande harmônio e um glorioso enfeite de altar, não, não só com isto, eles mesmos eram o mais belo enfeite de sua Casa de Deus, que eles enchiam domingo após domingo, a ponto de ficar pequena e ela comportava bem mil pessoas. Como era bonito quando eles chegavam cavalgando morro acima, um atrás do outro, numa procissão festiva, durante bem três horas. E quando eles estavam sentados bem juntos e todos, e realmente todos, como uma só pessoa, cantavam alegres e de corações plenos os seus hinos, ouvindo aten tos a cada palavra dita, então pôde se perceber: Sim, isto são cultos, assim cultos devem ser celebrados! Ali um arrasta a outro para as alturas.
Assim, os pobres pomeranos deram conta. Criaram possibilidades de vida para milhares. Qual a desqualificação há nisso, se novos alemães chegam e dizem: - Suas igrejas são currais de ovelhas! - Que glorioso é ser um cordei rinho de Cristo e estar sob a proteção do mais fiel pastor! Deixa eles falarem assim. Nós nos alegramos por termos algo próprio. A indústria não cria algo assim. Isto só fiéis pessoas cristãs criam. E que, assim, Deus queira continuar ajudando! Fritz Wilm (Pseudônimo para Friedrich Wilhelm Hasenack, Pastor em Jequitibá, Santa Leopoldina/ES, de 1882-1890)
Durante 7 anos e 7 meses o P. Hasenack esteve entre os pomeranos. Vivenciou e testemunhou de perto parte de suas lutas e dificuldades, mas, também suas alegrias e vitórias. Que bom que ele fez esse relato, tão rico e tão importante, pois ajuda a entender e valorizar nossa história e nossa identidade.
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P. Rubens Stuhr
Santa Maria de Jetibá
P. Sidney Retz São Sebastião
Casa pastoral, escola e o templo de Jequitibá, ainda sem torre.(Acervo de Jair Schulz)
Tema do Ano
Tema do Ano 2023
TEMA: IECLB. Igreja de Jesus Cristo.
LEMA: Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. (Mateus 5.13-14)
PALAVRAS INTRODUTÓRIAS
1. Em 2024, as comunidades da IECLB irão celebrar o jubileu de 200 anos de história em nosso país. O objetivo geral do planejamento do jubileu afirma o caráter desta celebração: “celebrar, com gratidão, os 200 anos de presença luterana no Brasil, fortalecendo sua visibilidade, relevância e crescimento integral”. Além da ação de graças pela história percorrida e da afirmação da identidade de nossa igreja na missão de Deus no presente, também desejamos refletir a respeito de nossos caminhos futuros.
2. Em abril de 2022, por ocasião do lançamento do selo comemorativo do jubileu de 200 anos da IECLB, foi estabelecido o slogan “IECLB. Igreja de Jesus Cristo” para nortear a celebração. Trata-se de citação direta do artigo 1º da Constituição da IECLB. Ao definir o tema do ano, a Presidência da Igreja julgou importante utilizar o mesmo slogan como Tema para o Biênio 2023-2024. Desta forma, as ações previstas no planejamento do jubileu de 200 anos e a reflexão do Tema e Lema do Biênio estarão em sintonia, apoiando-se mutuamente.
3. O Tema do Biênio afirma a identidade da IECLB: ser igreja de Jesus Cristo. Ele é o fundamento e o Senhor da igreja. Como Lema bíblico, a Presidência da IECLB escolheu uma palavra de Cristo com a qual ele desafia seus discípulos e discípulas: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo” (conforme Mateus 5.13-14). Tema e Lema bíblico, portanto, se complementam. Enquanto que o tema declara o que é a igreja e o que a constitui, o lema bíblico afirma para que ela existe neste mundo. Ao longo do Biênio 2023-2024, teremos a oportunidade de refletir no contexto do jubileu de 200 anos, a respeito da identidade e do propósito da IECLB.
IECLB. IGREJA DE JESUS CRISTO.
4. Quando em 1949 foi constituída a Federação Sinodal - IECLB, as pessoas representantes dos sínodos afirmaram que a IECLB é igreja de Jesus Cristo no Brasil. Expressavam, assim, a convicção de que as comunidades, sínodos e igreja de abrangência nacional não tem sua origem na decisão e no empenho de seus membros, mas na intenção salvadora de Deus manifestada em Jesus Cristo.
Naqueles tempos de redefinição teológica, o texto de 1 Coríntios 3.11 – “ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” – adquiriu função programática. A partir deste texto, redefiniu-se a base teológica da igreja e elaborou-se a visão para seu futuro.
5. O P. Ernesto Schlieper, primeiro vice-presidente da IECLB naqueles anos, disse: “Cristo é o único fundamento da igreja. E pertencer a esta igreja é saber-se edificado sobre este fundamento, não por nossa vontade ou decisão (...) A igreja em sua ação só pode querer tornar visível o fundamento no qual tem a sua existência; ela quer ser um sinal no mundo, quer ser testemunha (...) que em Jesus Cristo Deus vem ao nosso encontro e nos salva em sua morte e ressurreição. Dessa mensagem, dessa palavra que Deus pronunciou em Cristo, vive a igreja“ . Cada nova geração da IECLB tem a tarefa de continuar edificando sobre este fundamento. É necessário que tenham o discernimento humilde para o fato de “que a tarefa de edificarmos a sua igreja ... é uma tarefa além e acima de todas as nossas possibilidades. Mas somente assim, Cristo quer utilizarse de nós. Lembremo-nos, pois, sempre, de que o fundamento já foi posto por Deus mesmo, e esse fundamento é tal que todo nosso fazer e edificar só pode consistir em segui-lo...”.
6. Em suas cartas, o apóstolo Paulo deixa claro que o fundamento da igreja não é algo estático como nas demais construções humanas. Ele é o “poder de Deus” (Rm 1.16; 1Co 1.24), é a presença do Cristo vivo na igreja. Na tradição confessional luterana, expressamos esta presença salvadora de Cristo apontando para a pregação da Palavra e a administração os Sacramentos. Através destes meios, o Espírito Santo cria a fé e a comunhão do corpo de Cristo. A igreja e cada uma de suas comunidades é templo, santuário do Deus vivo, um espaço de salvação neste mundo (1 Co 3.16). Este templo destinado ao encontro com Deus, igualmente não é uma construção estática. É um santuário edificado com “pedras vivas” (1 Pe 2.5), pessoas que pela fé em Cristo tornam-se sacerdotes e sacerdotisas e se engajam com seus dons pessoais na igreja e na sociedade. A igreja de Cristo é uma comunhão sacerdotal à serviço da missão de Deus neste mundo. A definição da missão que a IECLB assume está descrita nos artigos 3º e 6º de sua Constituição.
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Em 2024, as comunidades da IECLB irão celebrar o jubileu de 200 anos de história em nosso país. O objetivo geral do planejamento do jubileu afirma o caráter desta celebração: “celebrar, com gratidão, os 200 anos de presença luterana no Brasil, fortalecendo sua visibilidade, relevância e crescimento integral”. luteranos.com.br ieclboficial ANOS Presença Luterana no Brasil
Igreja de Jesus Cristo. Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Mateus 5. 13-14) 2023 - 2024
IECLB.
Tema do Ano
VOCÊS SÃO O SAL DA TERRA. VOCÊS SÃO A LUZ DO MUNDO (conforme Mateus 5.13-14)
7. Após o seu batismo, Jesus inicia seu ministério na Galileia. Anuncia que as pessoas que vivem na escuridão e à margem, irão experimentar grande luz, assim como prometido em Isaías 8: “O povo que vivia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.” A luz que a partir de agora irá brilhar na vida das pessoas, provém da graça de Deus presente na atuação de Jesus. Ele resume seu ministério com a proclamação desafiadora: “Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4. 17). A presença salvadora de Deus em Jesus traz uma nova realidade e exi ge conversão e mudança de vida.
8. Jesus chama pessoas para deixarem suas vidas cotidianas e acompanhá-lo em seu ministério. “Venham comigo, e eu os farei pes cadores de gente”, diz aos irmãos Pedro e André, pescadores de profis são no mar da Galileia. Depois, chamou Tiago e João e muitas outras pessoas – e todas “seguiram Jesus” (Mt 4.18.-22). Os Evangelhos nar ram que Jesus percorria as vilas e as cidades pregando a boa nova do Reino de Deus, ensinando a vontade de Deus, curando doentes e res taurando pessoas. Não é por acaso que muitas pessoas, multidões, queriam estar com Jesus e buscavam a sua presença salvadora.
9. No capítulo 5 do Evangelho de Mateus, a cena muda totalmente. Jesus não está mais em meio ao povo, cercado por multidões. Pro curou um lugar solitário para estar a sós com seus discípulos. É pro vável que bem mais pessoas do que os doze discípulos nominados nos Evangelhos estivessem presentes neste momento. Pois, ao lado destes ainda havia muitas pessoas que seguiam Jesus - homens e mulheres que, no entanto, permaneceram em suas vidas cotidianas, em suas famílias e profissões. O Sermão da Montanha que se segue (Mt 5-7), é ensino para as pessoas discípulas. O ensino de Jesus ini cia com as bem-aventuranças. Elas falam do estilo de vida de quem segue a Jesus e vive na luz do Reino de Deus. Não são legalistas. Cati vam pela promessa de uma vida feliz, bem-aventurada. Não obstante, estão em contraposição com o mundo. Jesus propõe humildade, es
perança em meio a lágrimas, anima a manter acesa a chama por paz e justiça, a praticar misericórdia, a sensibilidade, a paz, a pureza, mes mo que isto signifique inimizade e perseguição por parte do mundo.
10. Para Jesus, discípulas e discípulos que vivem as bem-aven turanças são “sal da terra” e “luz do mundo”. Ele afirma “vocês são” – uma expressão que denota encargo e mandato. Sal e luz são sím bolos poderosos para descrever a missão da igreja neste mundo. O sal na antiguidade tinha importantes funções: impedir a deterioração de alimentos, servir como antisséptico, melhorar a fertilidade do solo, expressar amizade, fidelidade e acolhida, entre outras. Todas estas funções são metáforas para o testemunho cristão no mundo. Um grande desafio!
11. Ser luz do mundo não é menos desafiador. Porém, é preciso levar em conta que aquele que dá este encargo é, em verdade, a luz do mundo (Jo 8.12; Mt 4.16). Discípulos e discípulas refletem a luz de seu Senhor e assim cumprem importante função de dissipar as trevas do mundo. Esta metáfora também é plena de significados para o discipulado. A luz, por mais tênue que seja, oferece orientação em meio à escuridão. O testemunho cristão, através de palavras, obras e atitudes serve de guia para que as pessoas encontrem o caminho da vida, encontrem a Deus. Assim, o que está predito em Mt 4.15-16 acontece, ainda hoje, em nossa realidade.
12. Tema e Lema do Biênio 2023-2024 desejam guiar a IECLB na cele bração de seu jubileu de 200 anos de história em terras brasileiras. Desta forma, o jubileu também adquire um caráter de meditação sobre a jorna da feita. Além da ação de graças pela história percorrida e da afirmação da identidade de nossa igreja na missão de Deus hoje, também será uma oportunidade para refletir a respeito dos caminhos futuros.
17. Desejamos às comunidades, paróquias, sínodos e instituições da IECLB uma reflexão frutífera sobre o Tema e o Lema do Biênio 2023-2024. Que sirva de fomento para uma celebração significativa do jubileu dos 200 anos de nossa igreja.
P. Dr. Paulo Butzke
É com o sentimento de alegria e gratidão no coração que ex pressamos a Deus tudo o que Ele nos tem concedido cada dia de nossa vida. Como também a cada pessoa que colabora na missão de Deus através da Campanha Vai e Vem em nosso sínodo. O Sí nodo Espírito Santo a Belém, graças as suas paróquias e comuni dades, vem se destacando nas arrecadações, atingindo os seus objetivos em nível nacional.
Em 2022 a meta para o nosso sínodo era de R$ 116.380,00 e atingimos R$ 123.489,05. Parte desse valor será investido, em nos so Sínodo, nos projetos contemplados: AMI (Área Missionária Nor deste/MG e extremo sul da Bahia) – Igreja em TENDA – auxílio para comprar Tenda e placa para identificação do novo terreno da co munidade (18.000,00); ADL –Educação Cristã através da musicali
zação, auxílio para compra de instrumentos musicais (12.000,00); Paróquia Rio Possmoser, comunidade Rio Veado – auxílio para equipar sala para o trabalho de Missão Criança (9.700,00).Outra parte, subsidiará projetos da IECLB, em nível nacional.
A Campanha Vai e Vem tem sido importante no auxílio da mis são interna nas paróquias. Agradecemos as paróquias e comuni dades pelo empenho e valorização a essa campanha solidária tão importante na missão da nossa igreja.
Que Deus continue abençoando a cada pessoa que se coloca como instrumento para a edificação da Igreja de Jesus Cristo.
P. Vitorino Reetz Pastor Coordenador do Conselho de Missão
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Campanha Vai e Vem 2022 - Gratidão Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus. 1 Tessalonicenses 5.16-18
Seminário e Dia Cultural da OASE reúne 300 pessoas na UP Guandu
No dia 09 de setembro de 2022, mulheres dos diferentes grupos de OASE da União Paroquial Guandu, estiveram reunidas para mais um Seminário e Dia Cultural da OASE na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Afonso Cláudio. As caravanas foram acolhidas com um delicioso café da manhã. Às 09h iniciamos o dia com um momento de celebração e de louvor ao nosso Deus.
Na sequência, a temática do seminário refletiu sobre a Diaconia e as Mulheres, onde a Ma. Josiane motivou os grupos de OASE a pensar sobre o significado da palavra Diaconia, sua origem e como a Diaco nia se insere no nosso cotidiano. São muitas as instituições diaconais espalhadas no contexto da IECLB. Porém, no seminário, foi abordado especialmente a instituição Casa Matriz de Diaconisas, com sede em São Leopoldo/RS.
As diaconisas são testemunho vivo da relação entre Diaconia e Mulheres. Elas serviram de diferentes formas em hospitais, lares, cre ches e comunidades. Resgatou-se, especialmente, a história de vida da Diaconisa, Ir. Gerda Nied, que atuou na região de Rondônia, onde teve contato com muitas famílias migrantes do Espírito Santo. Por fim, cada pessoa, foi convidada a expressar ações diaconais concretas promovidas em seus grupos de OASE, ou expor um desejo de alguma
ação que poderia ser implantada em seu grupo, bem como sua co munidade. A partir disso, confeccionou-se um grande coração, possi bilitando que as ações diaconais já existentes ou aquelas desejadas, pudessem ser expostas e compartilhadas.
Após o seminário, o almoço foi servido. Na parte da tarde, tivemos as apresentações culturais onde os grupos de OASE trouxeram belas canções, teatros e jograis. Para finalizar este dia, tivemos a celebra ção de encerramento, na qual refletiu-se sobre as atitudes de Marta e Maria (Lucas 10.38-4) e a importância de termos equilíbrio em nossa vida. Antes do retorno das caravanas, serviu-se um bom café, acom panhado de pães, bolos e biscoitos. Um encontro assim nos anima e fortalece nossa fé, nossa esperança e nosso testemunho diaconal pelo amor. Nos despedimos na expectativa de encontrarmos nova mente em breve.
Em nome da UP Guandu,
O Semeador ― dezembro de 2022 24 OASE
Pastor Valmiré Martin Littig Ma. Josiane Velten Ministro Religioso Candidato Igon Schreder
Nova Coordenação da OASE da União Paroquial Mata Fria é instalada
“Aconselho que cuidem bem do rebanho que Deus lhes deu e façam isso de boa vontade, como Deus quer, e não de má vontade. Não façam o seu trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir” (1Pedro 5.2).
Num clima de alegria e gratidão a Deus, aconteceu a instalação da nova coordenação da OASE da União Paroquial Mata Fria, num culto re alizado na Comunidade de Garrafão, Paróquia da Pedra em Garrafão. A instalação foi dirigida pelo pastor sinodal Ismar Schiefelbein.
A coordenação ficou composta assim:
Coordenadora: Ombelina Schwanz; Vice: Leondina Schulz Borchardt; Tesoureira: Vanetia Holander; Vice: Elza Malikoski Schultz; Secretária: Ivana Kurtes; Vice: Tânia Mara Valcher Kutz; Conselho Fiscal: Luana Fernanda Strey Pagung, Rosineia Kempim Strey e Rosineia Brandt Manske. Pastor orientador: Joaninho Borchardt
Eliana Zummach Janke Paróquia da Pedra
6º OLIMCAJE
Entre os dias 14 e 16 de outubro, aconteceu a sexta edição da Olimcaje (Olimpíadas e Acampa mento da Juventude Evangélica) na União Paro quial Jucu onde se reuniram 75 jovens, no Sítio da Amizade em Paraju.
Foi um encontro de muita reflexão, emoção, co munhão, aprendizado e diversão. Trabalhamos o tema “DA MORTE PARA A VIDA”, baseado no texto de Lucas 15.24: “Porque este meu filho estava mor to e viveu de novo; estava perdido e foi achado”
O tema foi conduzido pelo Pastor da Paróquia de Domingos Martins, Lucas Villan Arrue e por sua esposa Melissa Muller Arrue.
Trabalhamos os sinais de morte que carrega mos em nós, como por exemplo: depressão, an siedade, vícios, problemas em relacionamentos amorosos, familiares e profissionais, entre outros.
Estudamos formas de deixar esses sinais para traz, buscando sempre uma vida firmada no evan gelho e sabendo que Jesus Cristo é o caminho para chegarmos à Deus.
A lembrança do retiro para cada participante foi uma muda de Ipê. A árvore, na Bíblia, é um sím bolo de vida. Dessa forma, poderemos lembrar sempre de novo que Deus quer nos dar vida plena e abundante.
Aconteceu também, a tradicional olimpíada, com várias brincadeiras e jogos, onde as pesso as participantes puderam se divertir, com muita alegria.
Gratidão a Deus que nos acolhe em seus bra ços e nos leva da morte para a vida!!!
Domingos Martins, 18 de Outubro de 2022
Juventude
O Semeador ― dezembro de 2022 25 OASE
Coordenador da JE UP Jucu
Fábio Haese
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Homenagem Póstuma ao Pastor Albérico Baeske
“Por isso, quando chegar a Ele, não pensarei mais no bom ou no piedoso, mas: Aí vem um pecador, que ficaria feliz com o resgate” (Palavras proferidas por ele em seu leito de morte).
No dia 21 de outubro, nos despedimos do Pastor Albéri co Baeske, primeiro Pastor Regional da Região Eclesiástica I (Sede em Vitória). P. Baeske nasceu na Pomerânia e por causa da 2ª Guerra Mundial mudou-se para Oberpfalz, no Stiftland/ Baviera/Alemanha. Após terminar seus estudos na Alemanha, em 1962, foi ordenado para o serviço da Igreja Luterana no exterior. No ano de 1964 mudou-se para o Brasil. Foi professor no Instituto Pré-teológico (história mundial e latim), em São Leopoldo /RS. Para o bom desempenho de sua vocação mi nisterial no Brasil, levou muito a sério o estudo do português, até “ abrasileirou ” o seu nome de Albrecht para Albérico. Atuou como Pároco em Esteio/RS e em Recife/PE.
Em 1975 foi eleito Pastor Regional da RE I da IECLB. Mu dou-se para o Bairro Santo Antônio, periferia da cidade de Vitó ria, com sua esposa Sibyla e os filhos Tobias e Rafael. A sede da RE I funcionava num imóvel simples, alugado no Bairro vi zinho, Santa Tereza. Equipado com 2 máquinas de escrever manuais, 1 telefone, 1 mimeógrafo e um armário/arquivo. Era esse o ambiente em 1979, quando fui trabalhar com o P. Ba eske. Como a RE I tinha uma abrangência geográfica muito grande (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Comuni dades no Nordeste e Norte), as viagens eram muitas. Além de representar a IECLB nos eventos oficiais, como Investiduras/ ordenações de Ministros, acompanhava também as comuni dades, mesmo as bem no interior, em seus conflitos. Era uma época um tanto difícil de ser igreja, época da ditadura militar. Ele tinha uma grande preocupação com os pastores que vi nham atuar na RE I, preparando material informativo e teoló gico que era entregue a eles. Seus escritos, com inserção de frases em latim, grego e alemão, visavam o bem comum, o comprometimento do cristão para tornar a convivência mais justa. “ O Céu é aqui e agora ”, afirmava ele.
P. Baeske também se engajava na luta por melhorias para o povo do interior, que sofria com a falta de estradas pavimenta das e acesso à saúde. Enviava correspondência a prefeitos e ao governador. No início de 1980, a IECLB comprou uma casa de dois pavimentos que servia de moradia para a família e o térreo abrigava a sala de reuniões, sala de arquivo, a secretaria e o gabinete do pastor Regional. Ali se reunia com pastores das igrejas Metodista, Presbiteriana Unida e representantes da Católica, formando assim um grupo ecumênico para juntos te rem mais “ vez e voz ”. Toda comunicação acontecia via correio. Com auxílio de Dª Sibylla, professora de jornalismo na UFES, surgiu a primeira publicação de “O Semeador ”. Outra iniciativa foi uma cartilha, explicando para as pessoas sobre o que sig nificava votar. Em 1985, após 10 anos à frente da RE I, ele se despede de Vitória /ES e se muda com a família para Cuiabá/ MS, onde permaneceu até 1992. A perda do filho Tobias, em acidente, impactou bastante a família. Voltou para São Leo poldo onde foi professor na Escola Superior de Teologia (EST). Aposentou-se em 2003, porém continuou assessorando mi nistros/as pastoral e teologicamente. Produziu vários artigos
sobre a fé cristã e contextualização da teologia luterana. Era grande conhecedor e admirador das obras de Lutero. Possuía uma rica biblioteca particular. Em maio de 2017 o casal es teve no Espírito Santo, visitou várias pessoas. Também veio tomar um café conosco. Siga em paz.
De um dos seus escritos sobre 1ª Tessalonicenses 2.3s: “ Amigo é quem nos acompanha com coração valente e senso crítico. Amigo e amiga não têm papas na língua se é para nos dizer as coisas – e nós as assimilamos. Eis a boa amizade, pela qual agradecemos a Deus! ”.
O Semeador ― dezembro de 2022 26
21 10 2022 20 10 1938
Segleinda Neumann Secretária da RE I - IECLB - 1979 a 1990
Homenagem Póstuma à Sra. Luzia Kempim Haese
Luzia Kempim Haese nasceu no dia 14 de agosto de 1939, no município de Afonso Cláudio, filha de Eduardo Kempim e Maria Patrocinio. Era a segunda filha do casal. A irmã mais velha era Otília Kempim.
Seus pais se mudaram para o município de Pancas, no Córrego Veadinho, Pedra Bonita, quando Luzia tinha seus três anos e lá começaram uma nova vida. Primeiro moraram de meeiros e só depois conseguiram comprar uma terra vizinha. Ali nasceu a terceira filha, a irmã Lecita Kempim, mas esta viveu apenas seis semanas. Algum tempo depois veio um ir mão, o Floriano Kempim, o quarto filho, e, por último, a Laura Kempim, a quinta filha e irmã caçula.
Luzia não tinha boa saúde desde criança. Mas mesmo assim, ajudava seus pais, tanto na roça como nos afazeres domésticos. Estudo ela teve muito pouco, mal sabia escrever seu nome.
Mais tarde casou-se com Oswaldo Francisco Haese, no dia 26/10/1962, na Comunidade de Floresta. Moraram quase um ano na casa ao lado de seu sogro Otto Haese, só depois vie ram para Córrego do Brejo, onde morou até os dias de hoje, terra ganhada de herança pelo seu marido, onde só tinha ca sas velhas e mato capoeira, onde com muito esforço e tempo foram fazendo plantios e construções.
Em 23 de setembro de 1963 nasceu a primeira filha do ca sal, Dalva Haese, e em março de 1971 veio o segundo filho, Wilson Haese. Luzia sempre ajudou seu marido na roça, plan tando milho, feijão, arroz, capinando e até trabalhava com jun ta de bois para arar terra.
Acordava sempre de madrugada para tirar leite, tarefa que foi dela por longos anos, e depois seu marido assumiu. Tinha que fazer muitas marmitas para os companheiros que traba lhavam na roça ou em construção como casa. Quando tinha pedreiro tinha que servir café, almoço, janta e até casa para dormir.
Luzia foi uma mulher trabalhadeira e caprichosa; tinha um jardim cheio de flores, onde ela mesmo cuidava até sua saúde permitir, e gostava de pegar mudas de flores com as amigas, para ter mais tipos de flores. Horta tinha duas. Colhia manti mentos o ano todo, cada coisa tinha sua época e nunca ficava vazia, tinha plantações de mandioca que ela mesmo plantava e zelava. Quantas vezes limpou o pasto com enxadão, arran cando matos e dormideiras! Isso sem falar das muitas cria ções, como patos, frangos, galinhas, porcos.
Luzia foi solicitada inúmeras vezes para trabalhar em fes tas de casamento, ajudando no preparo de biscoitos, bolos, pães, sopas e outras gostosuras. O preparo do frango caipira era sua especialidade. Muitos perguntavam para ensinar fazer, porque eram poucos que faziam tão bem. Em casa, fazia ma carrão caseiro, limpava pêssegos e secava para fazer sopa, preparava muitos doces, como de carambola, banana, goiaba.
Luiza se preocupava com as pessoas que traziam milho para secar no terreiro de cimento. Quando formava o tempo para chuva, já começava a juntar o milho para não molhar. Ela também gostava de passear, visitar parentes e amigos. Tinha prazer de ir à igreja, sempre levava flores para colocar no altar e depois levava para o cemitério. Quando ficou acamada, ela pedia ao neto Eloir levar flores para colocar no altar e depois nas sepulturas de parentes.
Luzia teve muitos problemas de saúde, ao todo foram oito cirurgias, fora as internações, onde a mais difícil foi a de co
ração, feita em São Paulo. O seu esposo Oswaldo Haese era muito prestativo nessa parte, e para conseguir dinheiro para o tratamento, arava terra com junta de bois para a vizinhança.
Luzia ficou aos 54 anos. Foram trinta e dois anos de vida matrimonial ao lado do esposo Oswaldo. Por causa de pro blemas hepáticos, ela teve restrições alimentares, pois senão juntava água na barriga. Nos últimos cinco anos, Luzia ficou acamada. E por ser uma pessoa querida, recebia muitas visi tas, o que a deixava alegre.
Infelizmente, no dia 11 de agosto passado ela foi internada na UTI do Hospital Sílvio Avidos em Colatina e veio a falecer no dia 26 de agosto de 2022.
Vovó Luzia era uma pessoa de muita fé em Deus. Todos os dias fazia as suas orações de gratidão a Deus. Ela viveu longos 83 anos, bem vividos e abençoados por Deus. Descanse em paz!
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Anúncios 26 08 2022 14 08 1939
Eloir Haese Henke Comunidade Floresta – Paróquia de Pancas
Anúncios A sementinha
TEMA: NATAL ILUMINADO!
Olá amiguinhos e amiguinhas!
A paz do nosso amigo Jesus seja com vocês!
Dezembro chegou! Que alegria! Vamos nos preparar para o nas cimento do Salvador do mundo. Queremos renovar a esperança através da estrela que brilhou apontando e guiando os magos e pastores para a manjedoura em Belém.
Quero te convidar a preparar uma lanterna para iluminar as nos sas noites de Advento. E nos prepararmos para receber o menino Jesus com o brilho da luz e com nosso coração e os braços aber tos porque ele veio nos salvar!
Para fazer a Lanterna de Natal assista o vídeo clicando no link: https://www.facebook. com/geraldo.graf/vide os/3651591968203947
Sugestão: fazer na lanterna o desenho da estrela com papel celofane verde
A fábula da estrela verde Sugestão: Esta história pode ser encenada com as crianças. Para encenação: Narrador, voz de Deus e crianças com lan ternas nas cores sugeridas.
Conta a história que havia milhares de estrelas no céu.
Estrelas de todas as cores: Brancas, Prateadas, Verdes, Doura das, Vermelhas e Azuis.
Um dia, elas procuraram Deus e lhe disseram: - Senhor, gostaríamos de viver na Terra, entre as pessoas.
- Assim será feito, respondeu Deus. Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas e podem descer para a Terra.
Conta-se que naquela noite houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam nas torres das igrejas, ou tras foram brincar de correr com os va ga-lumes nos campos, outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada.
Porém, passando o tempo, as estrelas resolveram abandonar os seres humanos e voltaram ao céu, deixando a Terra escura e triste.
- Porquê voltaram? Perguntou Deus, à medida que elas chega vam ao céu.
- Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra! Lá existe muita miséria e violência, muita maldade, muita injustiça…
- E Deus lhes disse: Claro! O lugar de vocês é aqui no céu! A Terra é o lugar de passagem, daquilo que passa, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, onde nada é perfeito! O céu é o lugar da perfeição, do imutável, do eterno, onde nada perece e sobretudo onde reside a Glória do Altíssimo!
- Mesmo assim, eu amo as pessoas.
Depois que chegaram todas as estrelas e conferindo o seu nú mero, Deus falou de novo: - Mas está faltando uma estrela! Perdeuse no caminho?
Um anjo que estava perto retrucou:
- Não Senhor, uma estrela resolveu ficar entre os homens! Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe a imperfeição, onde as coisas não vão bem, onde há luta e dor!
- Mas que estrela é essa? Voltou a perguntar Deus…
- É a esperança Senhor! A “estrela verde”! A única dessa cor!
E quando olharam para a Terra, a estrela verde não estava só…
É que o único sentimento que os seres humanos têm e Deus não tem é a “Esperança”.
A “Esperança” é um sentimento próprio dos seres humanos. Deus já conhece o futuro, e a “Esperança” é própria da pessoa hu mana, própria daquela que erra, daquela que não é perfeita, daque la que não sabe como será o futuro…
O planeta estava novamente iluminado e havia uma estrela ver de de esperança no coração de cada ser humano.
Ainda existe esperança para o Ser Humano! No meio da escuri dão de nosso mundo, um novo começo sempre é possível.
Autor desconhecido
“…E eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adian te deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostran do-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádi vas: ouro incenso e mirra” (Mateus 2,9b-11).
Vamos orar:
Querido Jesus, tu és a luz que ilumina nossa vida. Tu és o nosso melhor amigo. Pedimos que estejas com todos e todas nós, fazen do renascer o Natal também nos outros dias do ano. Lembramos das pessoas que não podem festejar o teu Natal, porque se encon tram tristes e solitárias. Fortalece a cada uma delas para que não percam a esperança e possam sentir a tua luz brilhar na vida delas. Em nome de Jesus, a luz que nos ilumina. Amém.
Fraterno abraço!
O Semeador ― dezembro de 2022 28
Pastora Ariádner Jastrow Potratz Berger Coordenadora sinodal do culto infantil