Informativo Sinodal do Sínodo Brasil Central. Ano III, Nº 18, Junho de 2015

Page 1

Informativo Sinodal Sínodo Brasil Central - IECLB

Ano III Nº 18 junho de 2015

A nossa vontade e a vontade de Deus. Lucas 5.12-16 e Jó 42.1-6

O

rar é invocar o Santo Nome de Deus em todas as nossas necessidades. “Nada é mais necessário do que viver continuamente nos ouvidos de Deus, clamando e pedindo que nos dê, preserve e multiplique a fé e o cumprimento dos Dez Mandamentos, e remova tudo o que está em nosso caminho e nos impede.” (Martim Lutero, Catecismo Maior)

E nós, como temos orado? Temos invocado o Santo Nome de Deus com toda intimidade que Jesus nos ensina a ponto de chama-lo de “Paizinho querido” e com todo o respeito, sem abusar e aborrecê-lo, como pede o Segundo Mandamento? [“Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome.”] Temos santificado o seu Santo Nome com nossas palavras e modo de vida? Temos desejado ardentemente que seu Reino venha e seja instaurado definitivamente em nós, através de nós e em nosso meio? Hoje vamos refletir sobre o terceiro pedido contido na oração do Pai Nosso: “seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”. Martim Lutero nos ensina que “nesta oração, Deus nos manda pedir contra nós mesmos. Ele nos ensina que não temos pior inimigo do que nós mesmos. Nossa vontade é o pior dentro de nós e temos que pedir contra ela. Vontade própria aprisiona. Vontade livre é aquele que não quer somente o que é seu, mas olha para a vontade de Deus. E esta se realiza na prática do direito e da justiça”. (Müller, Armindo L. Pai Nosso – O Segredo de uma Oração, página 25). Para entender melhor o terceiro pedido do Pai Nosso e oque Martim Lutero quis nos dizer, trago aqui o exemplo de Jó. Jó era um homem 100% correto, honesto, temente a Deus e esforçado em cumprir os Mandamentos. Como ele vivia uma vida abastada e abençoada, achava que isso era fruto de seu merecimento. A lógica desse raciocínio é a mesma de uma conta-

poupança em um banco: a pessoa deposita uma determinada quantia e espera receber de volta essa mesma quantia acrescida de juros. Jó pensava que estava depositando seus feitos (bondade, honestidade, misericórdia, fé, temor de Deus, cumprimento dos Mandamentos...) em uma conta-poupança de Deus e que merecia receber de volta todo seu investimento acrescido de jutos em forma bênçãos (riquezas materiais, sabedoria, saúde, família, reconhecimentos, felicidade...). Será que nós também não pensamos e agimos assim como Jó? Foi quando Deus resolveu retira todos os bens, saúde e família de Jó que ele passou por uma reflexão dura e profunda que mudaria a sua vida pra sempre. Jó sofreu e relutou muito até compreender que vivemos única e exclusivamente da graça e da misericórdia de Deus. Tudo o que temos e somos vem graciosamente de Deus e deve servir ao seu propósito. Não é mérito nosso, é graça de Deus. Quando Jó se deu conta disso ele concluiu: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos”. (Jó 42.5) Seguindo nessa reflexão, olhemos agora para o Evangelho e aprendamos com ele. Em Lucas 5.12-16 um leproso se prostra humildemente na presença de Jesus e afirma: “Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser!” E a resposta de Jesus é: “Sim! eu quero. Você está curado”. Que lição hem! O leproso queria muito ser curado, mas não exigiu isso de Jesus, apenas professou a sua fé. Ele reconheceu a autoridade e o pode de Jesus, expôs com humildade e sinceridade seu problema e confiou plenamente na vontade de Deus, independentemente se Jesus o curaria ou não. É isso que fazemos também quando oramos “Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”. Não temos dúvida alguma de que é da vontade de Deus que haja paz, harmonia, saúde, amor, justiça, igualdade... E, se é da vontade de Deus, então se cumprirá com certeza. Quer seja agora e aqui, em nós, através de nós e em nosso meio, quer seja na instauração definitiva de seu Reino. Martim Lutero nos ensina no Catecismo Maior que devemos orar assim: “Querido Pai, faça-se a tua vontade, não a vontade do diabo e de nossos inimigos, nem de nada daquilo que quer perseguir e suprimir a tua santa palavra ou quer impedir o teu reino”. “A boa e misericordiosa vontade de Deus é feita sem a nossa oração. Mas pedimos nesta oração que ela seja feita também entre nós.” (Martim Lutero, Catecismo Menor).

Alberto Gallert – Pastor da IECLB em Brasília

“Missão de Deus - Nossa Vocação”


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.