
ORDEM DO DIA DA AVIAÇÃO DE RECONHECIMENTO
Base Aérea de Anápolis, 24 de junho de 2024.
A história dos grandes conflitos nos ensina que aquele que detém mais informações sobre o oponente, tem maiores chances de lograr êxito no campo de batalha.
Nessecontexto,oscombatentespactuamdoprincípiocontido no conceito nominado “Colina do Comandante”, onde a visão antecipada dos movimentos do inimigo lhes propicia gigantesca vantagem, tornando-se primordial para a tomada de decisão. Assim, em 24 de junho de 1867, em um local desprovido de pontos elevados, o então Marquês de Caxias aplicou a tecnologia dos aeróstatos tripulados para visualizar a disposição das tropas adversárias no terreno e elaborar seus planos de ataque, durante a Guerra do Paraguai.
Essa inovadora estratégia foi primordial, uma vez que as características do território limitavam a observação feita com o auxílio de postos no formato de torres, à época conhecidos como
mangrulhos. Por meio de dois balões, Caxias recebeu valiosas informações e conseguiu guinar a posição em que se encontrava no conflito, fato que permitiu o ataque à Fortaleza de Humaitá, o maior complexo defensivo paraguaio.
Após o voo do 14-BIS, o desenvolvimento e o emprego de aviões para observar as posições e as manobras das forças oponentes foi algo natural, ocorrendo de forma embrionária durante a Guerra Ítalo-Turca e a Primeira Guerra Mundial. Já a Segunda Guerra Mundial trouxe o aperfeiçoamento e a necessidade de especialização do Poder Aéreo, incluindo a Aviação de Reconhecimento como pauta importante.
EsseprocessoocorreutambémnoBrasil.Nasceram,nopósguerra, os pioneiros dessa Aviação: o Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação - Esquadrão Poker, e o Primeiro Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação - Esquadrão Carcará.
Ao longo dos anos, e por meio de diferentes vetores, o desenvolvimento tecnológico permitiu que o reconhecimento aeroespacial transitasse da coleta de imagens fotográficas para o emprego de sensores eletro-ópticos e infravermelhos de alta resolução, radares de abertura sintética, além de equipamentos capazes de captar uma ampla faixa de sinais do espectro eletromagnético, evidenciando a capacidade de prover o levantamento de alvos e áreas de interesse militar.
Assim, para atender as inúmeras demandas de vigilância da região amazônica e das fronteiras, foram criados o Segundo
Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação - Esquadrão Guardião, o Primeiro Esquadrão do Décimo Segundo Grupo de AviaçãoEsquadrão Hórus e uma Esquadrilha de aeronaves remotamente pilotadas, incorporada ao Esquadrão Orungan.
Atualmente, nossos vetores podem atuar em cenários versáteis, aos moldes dos dispostos nos conflitos contemporâneos. A utilização de modernos equipamentos embarcados no reconhecimento tático, aeroespacial e de controle e alarme em voo em todo território nacional, consolidam a vigilância e a pronta-resposta.
A aquisição de veículos aéreos não tripulados RQ-900, representa um novo capítulo no emprego dos meios da FAB, assegurando a capacidade de prover informação em tempo real. Destaca-se, ainda, o incremento da dimensão espacial, na qual se utiliza o sensoriamento óptico e radar, proporcionando a obtenção de dados em nível global.
AevoluçãodoutrináriavivenciadapelaForçaAéreaexpandiu a percepção sobre as necessidades da guerra eletrônica, sendo a Tarefa de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR) uma representação dessa nova visão. O IVR concretiza, de forma sinérgica e eficiente, o foco na interoperabilidade e nas potencialidades complementares de nossos vetores e sensores, integrando plataformas, como P-3, SC-105, P-95 e RQ-1050, à Aviação de Reconhecimento.
Cabe salientar que a primazia na obtenção, processamento e difusão do conhecimento decorre de um grupo íntegro de aeronaves, sistemas e recursos humanos. Nesse modelo tripartite, oprofissionalismoea labutaincansáveldenossosmilitares devem ser enaltecidos. Sem eles o cerne da guerra, ou seja, a informação correta e oportuna, não se faz possível.
Esse conjunto forjado para o combate, também evidencia suaimportância emtemposdepaz.Aatuaçãodo Reconhecimento nas Operações Catrimani e Taquari 2 exemplificam seu uso em prol da sociedade. O levantamento de dados estratégicos e imprescindíveis para a pronta-resposta diante de eventuais conflitos e catástrofes, corroboram com a defesa de nossa soberania, protegendo os recursos naturais e as nossas fronteiras.
Hoje, ao comemorarmos o Dia da Aviação de Reconhecimento, enaltecemos opassado de glórias e a dedicação daqueles que nos precederam. Os esforços desses homens e mulheres frente às mudanças tecnológicas mantiveram o Reconhecimento como um verdadeiro trunfo em nossas operações.
Parabéns aos nobres integrantes dessa valorosa Aviação.
Que o legado de nossos antecessores ilumine o futuro, incentivando as novas gerações a vencer os desafios, na busca constante do conhecimento e da informação. Continuem sendo a visão aguçada da Força Aérea, vigilantes e atentos, onde o Brasil precisar.
“Da Pátria, os olhos, na guerra e na paz”.