NOTAER - Julho de 2014

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Julho - 2014

ORGANIZAÇÕES

Conheça a história de quatro irmãos descendentes de japoneses

FOTO: DCTA

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Tenente-Coronel Toda, o Tenente-Coronel Hayato, o Major Kazuhiko e o Capitão Shinji, que faleceu em 2005, seguiram o exemplo do pai. O Sargento da Força Aérea Japonesa Hiroaki Toda desembarcou no Brasil em 1960, no período pós-guerra, vindo do Japão e aqui constituiu família (veja história ao lado). Os irmãos contam que foram criados ouvindo histórias sobre a Força Aérea Japonesa e o lamento do pai por ter que deixá-la. Para o patriarca, a carreira militar era a chance de os filhos alçarem voos maiores. “E aí, entra um e o outro se espelha”, diz o Tenente-Coronel Hayato na tentativa de explicar por que todos optaram pela aviação. O Tenente-Coronel Toda, que herdou o nome de guerra do pai por ser o mais velho, foi o primeiro a entrar na FAB. Mas, antes de ser oficial aviador, ele se formou sargento na especialidade de eletrônica e exerceu a profissão durante um ano e meio, na Base Aérea de

Os três irmãos aviadores servem atualmente na mesma unidade

Canoas (RS). “Nessa época, o Hayato entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) e isso me motivou a continuar estudando para também ingressar a Academia da Força Aérea (AFA).

O expediente era até as 16h e, logo após, eu começava a estudar, acompanhado de chimarrão para espantar o frio e o sono. Só parava à meia-noite”, relembra o Tenente-Coronel Toda.

O pai faleceu em 1995, a tempo de ver três filhos receberem suas espadas e faltando apenas um ano para o caçula, Kazuhiko, ser nomeado aspirante. “Nosso pai tinha muito orgulho. Na época, ele tinha uma lavanderia e ficava puxando conversa com os fregueses, contando dos filhos militares da Aeronáutica. E a gente morria de vergonha. Dizia: Para com isso, pai”, relembra o Tenente-Coronel Hayato. Desde 2012, os irmãos Toda servem, coincidentemente, no mesmo grande comando da FAB, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), localizado em São José dos Campos (SP). Nesse mesmo ano, também foi a última vez que o Tenente-Coronel Hayato visitou os familiares que ficaram no Japão, grande parte agricultores. “Acho que, apesar do saudosismo do meu pai, ele ter vindo para o Brasil foi uma boa escolha, pois, graças a isso, estou fazendo o que eu gosto de fazer”, analisa o Oficial.

O Sargento da Força Aérea Japonesa

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Irmãos de arma e de sangue

O Sargento da Força Aérea Japonesa, Hiroaki Toda, desembarcou em Santos (SP) em 1960, com a mãe, irmãos, tio e primos, no momento em que o Japão enfrentava uma crise com a perda de territórios e a ocupação estrangeira durante os sete anos após sua rendição na Segunda Guerra Mundial. Ele resolveu se estabelecer no município de Registro, no interior do Estado. Na cidade, casou-se com uma sobrevivente da bomba de Hiroshima, abriu uma pastelaria e se tornou proprietário de uma lavanderia. Ele retornou ao Japão na onda dos dekasseguis, mas, em menos de quatro anos estava de volta ao Brasil.


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