Aerovisão 278 - Abr/Mai/Jun de 2024

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ENTREVISTA

Comandante da FAC detalha estratégias operacionais para atender as demandas do RS

LOGÍSTICA

Aeronaves de transporte e asas rotativas realizaram trabalho de resgate e distribuição de donativos

HOSPITAL DE CAMPANHA

Pela primeira vez, duas estruturas operacionais foram montadas na mesma localidade

Plano de voo

Edição nº 278 Ano 51

Abril / Maio / Junho - 2024

ENTREVISTA

Comandante da Força Aérea Componente

Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer fala sobre as responsabilidades estratégicas e operacionais no âmbito da Operação Taquari 2, no Rio Grande do Sul.

VERSATILIDADE

Atuação dos helicópteros

Os helicópteros, que compõem a Aviação de Asas Rotativas, são importantes no apoio à região Sul, proporcionando mobilidade rápida, acesso a áreas difíceis, resgates, transporte de suprimentos e evacuação de feridos.

EXPEDIENTE

Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF Tiragem: 5 mil exemplares.

Período: Abril/Maio/Junho - 2024 Ano 51

Contato: redacao@fab.mil.br

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Daniel Cavalcanti de Mendonça

Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Fabiano Pinheiro da Rosa

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Tenente-Coronel Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Michelson Abrahão Assis

Chefe da Seção de Produção: Capitão Jornalista Emília Cristina Maria (MTB - 14234/RS)

Editor-Chefe:

Tenente Jornalista Johny Lucas Vasconcelos dos Santos (MTB - 1484/AM)

Edição:

Tenente Jornalista Gabrielle Varela Ferreira (MTB - 10234/ DF)

Diagramação:

Soldado SNE Arthur Augusto Aranha

Revisão Ortográfica e Gramatical: Tenente QOEA Alex Alvarez Filho

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao

Impressão: Teixeira Digital

Veja a edição digital

RESPOSTA EMERGENCIAL

Atuação das Aeronaves de Transporte

Na Operação Taquari 2, as aeronaves de transporte da Força Aérea são essenciais para a rápida instalação de Hospitais de Campanha, transporte de suprimentos, equipes médicas e evacuação de feridos.

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CAMPANHA SOCIAL

Todos Unidos pelo Sul

A campanha é uma iniciativa de solidariedade para apoiar o Rio Grande do Sul, afetado por desastres naturais, mobilizando recursos, doações e apoio logístico com a participação de várias instituições, incluindo a Força Aérea Brasileira.

SAÚDE

Assistência Médica

A Força Aérea presta assistência de saúde no Rio Grande do Sul também por meio de atendimento nos hospitais de campanha, oferecendo cuidados médicos emergenciais e suporte especializado à população.

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AVIAÇÃO CIVIL

Apoio ao Transporte de Donativos

A aviação civil tem sido fundamental no transporte de donativos e passageiros, garantindo a rápida distribuição de suprimentos essenciais para as áreas afetadas, contribuindo significativamente para o apoio emergencial.

50 COORDENAÇÃO AÉREA

Garantia da Segurança Operacional

A coordenação aérea pelo Comando de Operações Aeroespaciais assegura a efi ciente gestão das missões, otimizando recursos e oferecendo suporte às operações estratégicas e emergenciais na região.

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CONTROLE DO TRÁFEGO AÉREO

Medidas de Controle e Vigilância

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo atua na Operação, garantindo a segurança e a eficiência das operações aéreas, promovendo a integração e o desenvolvimento contínuo do espaço aéreo brasileiro, por meio do gerenciamento do tráfego, orientação aérea, comunicações e monitoramento.

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SUPORTE LOGÍSTICO

Apoio em Geral

Com a Base Aérea de Canoas atuando como Centro de Operações, a FAB está proporcionando assistência logística e operacional indispensáveis para as atividades de socorro e auxílio às comunidades afetadas.

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VOO MENTAL

Suporte Assistencial

Jornalista João Paulo Moralez, produtor da agência de conteúdo e comunicação Hunter Press, escreve sobre o suporte da Força Aérea Brasileira em ações humanitárias ao povo gaúcho.

Aos Leitores

A SOLIDARIEDADE NAS ASAS DA FAB

A Força Aérea Brasileira (FAB) se dedica a levar conforto, afeto e empatia à população gaúcha, devastada pelas fortes chuvas.

A Operação Taquari 2, coordenada pelo Ministério da Defesa, ganha força com a arrecadação de donativos como água, alimentos não perecíveis, vestuário e artigos para pets. A Campanha Todos Unidos Pelo Sul, liderada pela FAB, centraliza a recepção desses materiais, agilizando o envio ao Rio Grande do Sul.

Os militares da FAB, em parceria com empresas, ONGs, órgãos e instituições públicas, atuam em todo o Estado, realizando resgates, evacuações aeromédicas, lançamentos de donativos e transportes de doações de norte a sul.

Para dar um rosto a essas ações, trazemos reportagens especiais com os principais personagens na linha de frente das demandas urgentes na região gaúcha. Eles atuam no transporte, atendimento de saúde, alimentação, coordenação e controle do espaço e do tráfego aéreo.

Em uma entrevista especial, o Comandante da Força Aérea Componente, Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer, detalha a logística de uma operação tão sensível e intensa.

Destacamos também o trabalho dos Hospitais de Campanha da FAB, que levam atendimento especializado às áreas mais necessitadas.

Enfatizamos a dedicação dos Esquadrões das Aviações de Asas Rotativas e Transporte, que cumprem missões em tempos reduzidos. Você também verá a importância do monitoramento do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, essencial para evitar intervenções clandestinas e garantir a segurança dos voos durante as chuvas intensas.

Brigadeiro do Ar

Daniel Cavalcanti de Mendonça

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Nossa capa:

A capa desta edição destaca a atuação da Força Aérea Brasileira na Operação Taquari 2, que trabalhou em diversas frentes para dar suporte à população gaúcha que foi vítima de um desastre ambiental devido às fortes chuvas. A campanha traz o compromisso contínuo da Força, dentro de sua missão constitucional, em atender às demandas emergentes da Nação em todas as partes do país e, por vezes, além das nossas fronteiras. A arte foi produzida pelo Tenente Publicitário Jefferson e pelo Sargento Técnico em Desenho P. Cavalcante.

Palavras do Comandante

A NOSSA FORÇA SEMPRE PRESENTE E COMPROMETIDA COM O BRASIL

As enchentes que assolam o Rio Grande do Sul têm trazido grandes desafios, afetando inúmeras vidas e causando destruição em diversas comunidades. Nestes momentos de adversidade, é essencial que a nossa resposta seja rápida, eficaz e, acima de tudo, humana.

Como Comandante da Aeronáutica, é com grande orgulho e senso de dever que menciono a atuação da Força Aérea Brasileira na Operação Taquari 2, na qual já foram utilizadas 26 aeronaves, entre elas C-98 Caravan, KC-390 Millennium, KC-30, C-105 Amazonas, H-60L Black Hawk e H-36 Caracal. A Operação representa nosso compromisso inabalável com a proteção e o bem-estar da população brasileira.

Nossas equipes têm trabalhado incansavelmente para garantir que suprimentos essenciais, como água potável, alimentos e medicamentos, cheguem às áreas mais afetadas. Sabemos que cada minuto é crucial e, por isso, temos nos empenhado ao máximo para atender aqueles

que mais precisam.

Ver nossos militares enfrentando condições adversas, superando desafios e levando esperança às pessoas me enche de orgulho. O espírito de camaradagem e dedicação de cada membro da FAB tem sido vital para o sucesso de nossas operações. Mais do que uma missão, esta é uma causa que abraçamos com o coração.

A Operação Taquari 2 é um exemplo claro de como a Força Aérea se mantém firme em seu propósito de servir e proteger. Continuaremos comprometidos, dia e noite, para mitigar os impactos dessa tragédia e ajudar na reconstrução das vidas afetadas.

Reitero meu agradecimento a todos os militares envolvidos, assim como às suas famílias, que compreendem a importância de nosso trabalho e nos apoiam incondicionalmente. Juntos, superaremos mais esta adversidade, reforçando os laços que nos unem como nação e reafirmando nosso compromisso com a paz e a segurança de todos os brasileiros.

Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Comandante da Aeronáutica

OPERAÇÃO TAQUARI 2

A Força Aérea Componente (FAC), por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), tem por finalidade planejar, programar, executar e supervisionar todos os meios empregados na Operação Taquari 2. Nessa entrevista, o Comandante da FAC, o Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer, fala sobre as principais competências da Força Aérea Componente na Operação, por intermédio do Comando Operacional Conjunto ativado, em coordenação com os órgãos da Proteção e Defesa Civil nas instâncias municipal, estadual e federal.

TENENTE JORNALISTA MÔNICA LOPES

O Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer é natural de Curitiba (PR). Foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 1993 e atingiu o atual posto em 2021. Possui diversos cursos acadêmicos de carreira e ainda o curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE/ESG-RJ).

Perfil
Foto: Sargento
Viegas / Força Aérea
Brasileira

1) A Força Aérea Componente (FAC), por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), tem por finalidade planejar, programar, executar e supervisionar todos os meios empregados na Operação Taquari 2. O senhor poderia detalhar melhor quais as principais competências da FAC na Operação?

Tendo como ponto de partida a Força Aérea Componente Taquari 2, prevista no Plano de Operações Aeroespaciais, cuja missão é

“Empregar os meios Aeroespaciais e de Força Aérea, por intermédio do Comando Operacional Conjunto ativado, e em coordenação com os órgãos da Proteção e Defesa Civil nas instâncias municipal, estadual e federal, a fim de contribuir com a mitigação dos efeitos de eventos climáticos de grande intensidade, nos municípios da Região Sul.”, a FAC é responsável por toda a atividade aérea e as ações terrestres da Infantaria da FAB na área de Operações.

A FAC recebe as demandas de missões aéreas oriundas do Comando Operacional Conjunto, e, a partir delas, estabelece o Plano Diário de Operações Aéreas (PDIOA), a escala de voo, para atendê-las. Durante a execução das missões, a FAC faz o acompanhamento em tempo real, estando pronta para qualquer evolução que possa acontecer, como, por exemplo, uma indisponibilidade de aeronave escalada. Após, a FAC recebe os relatórios de missão, verificando o cumprimento total ou parcial, e contabiliza os dados estatísticos de horas de voo, consumo de combustível, pessoas resgatadas, carga transportada, dentre outras informações relevantes que poderão direcionar o planejamento seguinte. Este ciclo é contínuo e balizado pelo Manual de Planejamento e Condução de Operações Aéreas (MPCOA), MCA 55-84. É importante destacar a necessidade de extrema coordenação da FAC com o Comando Conjunto, no sentido de haver uma maior eficiência nas ações.

2) Quais as principais Diretrizes de Comando que o senhor estabeleceu quando assumiu a Força Aérea Componente?

As diretrizes para a FAC estão previstas no Plano de Operações Aeroespaciais e na Diretriz de Operações Aéreas (DOA). Dentre elas, podemos destacar:

I. Proporcionar mobilidade e acesso às localidades, assistindo a população afetada, bem como apoiar emergências de saúde;

II. Prover consciência situacional sobre o ambiente, fatores e condições em áreas de interesse, possibilitando assessorias e resgates oportunos, relevantes, abrangentes e precisos;

III. Sustentar o desdobramento de Ações de Força Aérea para atender necessidades logísticas em atendimento ao desastre; e

IV. Manter a opinião pública favorável às ações da FAC.

3) Desde que o COMAE foi criado, em 2017, é a primeira vez, em uma operação real, que a Força Aérea Componente é montada dentro do Comando. O senhor pode falar mais sobre essa estrutura inédita?

Com uma FAC desse porte, sim. Contudo, em toda operação demandada pelo Ministério da Defesa, com a estrutura de Comando Operacional Conjunto (COpCj), automaticamente há a ativação de uma FAC. Como exemplo, podemos citar que hoje, além da FAC Taquari 2, está ativada também a FAC CATRIMANI 2, por se tratar de uma Operação Conjunta em curso.

Atualmente composta por 65 militares, de todos os Órgãos de Direção Setorial (ODS) da FAB, numa estrutura de Estado-Maior convencional, a FAC Taquari 2 abrange todas as áreas necessárias para a condução das operações aéreas, a saber: Pessoal, Inteligência, Operações, Logística e Mobilização, Planejamento, Comando e Controle, Comunicação Social, Assuntos Civis e Administração Financeira.

A ativação de uma FAC operando no COMAE tem origem nos Grandes Eventos ocorridos no Brasil (Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, dentre outros), pois verificou-se que, centralizando os meios aéreos em uma só estrutura, o COMAE poderia atender as demandas das Ações de Força Aérea de uma maneira mais eficiente, do que se fossem criadas diversas FAC para cada Comando Conjunto ativado, em locais distintos. Uma estrutura similar de Força Aérea Componente também foi montada durante a pandemia de COVID, para apoiar a crise sanitária.

4) Houve alguma inovação tecnológica ou tática utilizada na Operação Taquari 2 que não havia sido empregada em operações anteriores?

Sim, houve. Podemos destacar uma missão de Vigilância executada pelo RQ-900, no período noturno, cujo sistema eletro-óptico, conseguiu localizar mais de vinte pessoas ilhadas.

Em coordenação com um H-60L que estava voando na mesma área, o ARP sinalizou, utilizando um laser inofensivo e invisível ao olho nu, para os pilotos do helicóptero, que estavam usando óculos de visão noturna, o local desses ilhados, permitindo o resgate de todos em segurança.

Outra missão de destaque foi a utilização das aeronaves de

Caça RA-1, normalmente usadas em BDA ( battle damage assessment – avaliação dos danos de batalha), para realizar um reconhecimento das infraestruturas críticas, barragens e pontes, a fim de suprir o Comando Conjunto de informações necessárias ao planejamento das ações de contingência. Os resultados da missão foram repassados ao COpCj em menos

de duas horas após o pouso dos Caças.

5) Quais foram os principais desafios enfrentados durante a Operação Taquari 2?

O principal foi, sem dúvida, a meteorologia adversa, que dificultou o cumprimento das missões de resgate, e acarretou em replanejamentos das missões de Transporte Aéreo Logístico.

Foto: Sargento
Viegas / Força Aérea
Brasileira

Outro grande desafio foi a coordenação com os demais atores participantes da operação, em geral agências ou instituições civis, com os quais não operamos rotineiramente. O fato de ser uma operação de defesa civil, e não militar, faz com que se tenha a devida atenção no atendimento das demandas por eles solicitadas, que muitas vezes ocorrem em um ciclo diferente para o qual estamos treinados. Contudo, analisando o desenrolar das ações, verificamos que esse ponto foi rapidamente

assimilado, e essa coordenação vem ocorrendo com eficiência.

6) Quantas missões de resgate e entrega de suprimentos foram realizadas até o momento e quais aeronaves foram utilizadas na Operação Taquari 2?

Até o final do mês de maio, foram realizadas 249 surtidas de resgate, sendo 2.176 pessoas resgatadas por meios aéreos, e 95 pacientes foram transportados em missões de Evacuação Aeromédica ou UTI aérea.

Ocorreram 761 missões de transporte aéreo logístico, em que a FAC transportou mais de 920 toneladas de donativos, 1.250 toneladas de material de apoio à Operação (como hospitais de campanha e as bombas de drenagem de água, p.ex.), e mais de 5.800 pessoas foram transportadas em prol das ações da Operação.

A FAB utilizou oito aeronaves de asas rotativas H-60L e o H-36, a Marinha e o Exército empregaram dezoito helicópteros, e cerca 25 meios das Polícias e Bombeiros também

Brasileira

Aérea

Suboficial Johnson/ Força

Foto:

foram utilizados.

Em termos de asa fixa, para o transporte aéreo logístico, a FAB empregou dezoito aeronaves, entre elas o KC-30, KC-390, C-105, C-97, C-95, C-98 e U-100. Também foram utilizadas as aeronaves RQ-900, SC-105, RA-1M, IU-50 e IU-93, para missões específicas.

Vale destacar a utilização das aeronaves de forças aéreas amigas, as quais destacamos o Bell 212 da Força Aérea Uruguaia (FAU), o Twin Otter e o Casa 212 da Força Aérea Chilena (FACh) e o Casa 212 da Força Aérea Paraguaia (FAP).

7) Desde o início da Operação, a FAC já coordenou quantas horas de voo? Esse número inclui aeronaves de outros órgãos públicos? Se sim, como é a colaboração com outras forças

armadas e agências governamentais durante a Operação?

A FAC está computando as horas das aeronaves adjudicadas da FAB, EB, MB e das Forças Aéreas dos países amigos. Estas contabilizaram, até a presente data, mais de 2.900 h. Quanto às aeronaves de outros órgãos públicos, no Comando Conjunto foi ativada a Equipe de Operações Aéreas (EOA), braço da FAC no Sul. Por meio dela, é feita toda a coordenação para os voos dos helicópteros das FFAA, das Polícias e Corpo de Bombeiros dos diversos estados. A EOA também é responsável pela divisão das áreas de atuação de cada aeronave, permitindo uma cobertura ampla da região e evitando os conflitos de tráfegos. Para concretizar essa ação, foi estabelecido o Plano de Controle

do Espaço Aéreo (PCEA), um dos anexos do Plano de Operações Aeroespaciais, elaborado pela FAC com o apoio dos órgãos do DECEA na região, onde estão detalhados todos os procedimentos para a operação das aeronaves adjudicadas e das demais agências, inclusive drones.

8) Esse espaço é para que o senhor fale dos resultados mais significativos alcançados pela FAC na Operação Taquari 2 até o momento.

O resultado mais significativo, sem dúvida, é o suporte que a Força Aérea está provendo ao povo gaúcho.

As vidas que foram salvas, sejam por meio dos resgates, dos hospitais de campanha transportados, ou pelos donativos levados até a área de operação nas asas da FAB, são mais

importantes que qualquer indicador de esforço que possa ser mensurado.

Contudo, podemos destacar novamente a pronta resposta da Força Aérea, no sentido de mobilizar uma quantidade muito grande de meios aéreos, e proporcionar o transporte aéreo para atender as próprias demandas, bem como as do Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Forças Aéreas estrangeiras, Defesa Civil, Ministério da Saúde e diversos outros órgãos e agências envolvidas.

E, como consequência disso, o aperfeiçoamento da coordenação e o entendimento do modo de trabalho desses participantes faz com que a Força Aérea Brasileira esteja mais bem preparada para Operações desse tipo, objetivando sempre projetar “A Nossa Força Onde o Brasil Precisar”.

A COBERTURA DE UMA TRAGÉDIA

O Rio Grande do Sul virou um cenário de guerra e, infelizmente, dessa vez não foi simulação ou treinamento. Era 30 de abril, quando começou a chover forte no estado mais ao sul do Brasil. Naquele momento, ninguém podia imaginar o que estava por vir. Em poucos dias, o resultado das enchentes sem precedentes foi cidades devastadas; mortes e desabrigados; onde havia estradas, surgiram rios, e até o aeroporto da Capital gaúcha desapareceu, surgindo um grande lago. Do céu, a chuva não deu trégua por semanas; e, na terra, a água

barrenta não parava de subir e arrastar tudo por onde passava.

Como sempre, a Força Aérea Brasileira (FAB) prontamente acionou seus meios e esteve presente onde o Brasil precisava, realizando tantas e tão diversas missões que levaram não apenas esperança, mas ações concretas que mudaram o curso de muitas vidas. Essas ações iniciaram ainda no dia 30, com resgates de pessoas ilhadas, e estenderam-se a atendimentos de saúde, campanha de arrecadação de donativos, coordenação de meios aéreos e outras, como o transporte de

equipes e materiais.

Nas próximas páginas, contamos algumas dessas histórias que acompanhamos - diretamente ou por meio dos relatos dos nossos homens e mulheres atuando nas áreas atingidas - e traduzimos em imagens e textos. Também direta ou indiretamente, essas imagens e textos têm a contribuição de integrantes das Seções de Comunicação Social de cada Organização da FAB envolvida.

Ao realizarmos uma cobertura jornalística como essa, vieram à tona uma série de reflexões sobre os desafios

CAPITÃO JORNALISTA EMÍLIA MARIA

de informar a sociedade e mostrar o trabalho realizado pela Instituição dentro dos limites éticos do Jornalismo.

Todo o esforço direcionado para a divulgação me fez, particularmente, lembrar também de um antigo questionamento. Com pouco mais de um ano de jornalista formada e alguns meses na FAB, fui escalada para a cobertura das enchentes no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no ano de 2008.

Em meio à tragédia, fui incumbida de ir até um dos abrigos, no horário do almoço, para acompanhar como estava sendo a rotina de pessoas que tinham sido obrigadas a sair de casa pelo risco de desabamento. Um senso de comunidade reinava no local, os adultos cozinhavam e limpavam, enquanto as crianças brincavam pelos arredores. Tudo aparentava normalidade e nada me antecipou o impacto que eu estava por passar.

Ao buscar uma fonte para a matéria que deveria produzir, sentei para conversar com uma senhora e fiz a clássica pergunta: “o que a senhora está achando do trabalho das Forças Armadas aqui?”. Ela suspirou e, lacrimejando, respondeu com outra pergunta: “Moça, se não fossem vocês aqui, o que você acha que teria sido da gente? Só posso dizer ‘muito obrigada”.

Foto:

Sabendo do trabalho árduo e incessante dos militares que resgatavam pessoas ilhadas sobre telhados ou levavam mantimentos para áreas afetadas, pensei qual seria meu papel naquele contexto em que eu nada podia fazer para ajudar a salvar alguém. Por alguns segundos, senti que era uma impostora, praticamente levando créditos e recebendo agradecimentos sem sequer ter afundado meus pés na lama por uma única vez.

Felizmente, porém, logo depois entendi o que deveria fazer. Percebi que meu papel era justamente contar essas histórias e fazê-las chegar a quem deveriam. Assim, nossos militaresaqueles que realmente passavam dias e noites encharcados salvando vidas

- saberiam que eram extremamente imprescindíveis e valorizados; e aqueles que precisavam de ajuda saberiam que ela estava chegando.

Estamos em 2024, tempos de autopromoção exacerbada, de notícias falsas espalhadas sem limites e de desconfiança por parte da população. A principal pergunta agora é outra e fez nossa equipe refletir muito: o que é uma cobertura adequada e como fazê-la?

Afinal, a Comunicação Social institucional é, antes de tudo, um instrumento de prestação de contas à sociedade. Além disso, ela deve servir como ferramenta de motivação ao público interno, especialmente em missões tão intensas e difíceis como as tragédias que devastam vidas.

Conscientes desse nosso papel, seguimos, buscando trilhar sempre o caminho da ética, do respeito às vítimas e da valorização do trabalho de homens e mulheres que se dedicam integralmente a serviço daqueles que mais precisam em momentos incomensuravelmente difíceis.

Foi exatamente nessa direção que produzimos e publicamos centenas de matérias para o site oficial da FAB, fotografias, vídeos, posts nas mídias sociais e avisos à imprensa. Mais do que informação, tentamos transmitir tudo com a sensibilidade que a situação exigia. O que você vai ver nesta revista são os frutos do nosso compromisso com essa Comunicação Social tão importante e necessária.

Foto: Sargento
Müller Marin / Força
Aérea Brasileira

ROTORES PELA VIDA: A ATUAÇÃO DOS

HELICÓPTEROS DA FAB NO RS

Primeiros a decolar para os resgates quando a chuva começou a castigar o Rio Grande do Sul no último dia de abril de 2024, os helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) operaram em centenas de missões que garantiram salvamentos de vidas. Somados aos resgates emergenciais, as aeronaves de asas rotativas passaram a atuar em Evacuações Aeromédicas e entregas de donativos a comunidades ilhadas. Além disso, atuaram no restabelecimento dos serviços essenciais, transportando geradores e bombas de drenagem de água.

CAPITÃO JORNALISTA EMÍLIA MARIA

Era tarde do dia 30 de abril e chovia muito, quando o primeiro helicóptero H-60L Black Hawk do Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAV) – Esquadrão Pantera – decolou da Base Aérea de Santa Maria. Pouco tempo depois, decolou o segundo. E foi apenas o começo de dias que se sucederam com inúmeros chamados de resgates.

A região central do estado foi a mais afetada inicialmente, mas a cheia dos rios logo impactou também a região metropolitana da capital gaúcha, e a Base Aérea de Canoas passou a utilizar seus meios aéreos e de infraestrutura na ajuda humanitária.

Com a evolução das necessidades nas áreas ilhadas e de difícil acesso, mais Esquadrões da FAB foram acionados e tiveram helicópteros deslocados para o sul, entre eles outros H-60L Black Hawk, operados pelo Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) - Esquadrão Pelicano; e H-36 Caracal, operados pelo Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º GAV) - Esquadrão Falcão - e Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAV) - Esquadrão Puma. Sete helicópteros da FAB chegaram a estar disponíveis simultaneamente ao longo da operação.

O Comandante do Esquadrão

Pantera, Tenente-Coronel Aviador Kleison Roni Reolon, ressalta o diferencial das aeronaves da FAB, que podem operar inclusive em período noturno e sob chuva, com auxílio de óculos de visão noturna (NVG, do inglês Night Vision Goggles).

“Mesmo em condições limítrofes, nossos helicópteros conseguem decolar para o resgate com a utilização de equipamento de visão noturna. Isso aumenta as chances de resgate no menor tempo, pois sabemos que há vidas dependendo disso”, destaca.

“No primeiro dia, os informes para os resgates chegaram a partir da Defesa Civil. Já a partir do segundo dia, foi instaurado o Comando Conjunto da Operação Taquari 2, que passou a centralizar as necessidades e repassar às Unidades adjudicadas. Nesses primeiros dias, fizemos muitos sobrevoos, o que possibilitou o resgate de centenas de pessoas ilhadas, em cima de casas e até de árvores. O trabalho foi ininterrupto em busca de sobreviventes, a meta sempre foi não deixar ninguém para trás”, relembra o Comandante.

A cada resgate, os militares avaliavam as condições físicas da pessoa já a bordo do helicóptero e, se não houvesse necessidade de atendimento médico emergencial, a aeronave prosseguia para um novo salvamento.

Militares da FAB atuaram prontamente no resgate de vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
Fotos:

Os Resgates

Somando os Esquadrões envolvidos, a FAB resgatou 2.175 pessoas e mais de 200 animais de estimação nos primeiros 15 dias. No primeiro sábado da operação, 4 de maio, o Esquadrão Pantera fez o maior número de missões em um único dia: foram 12 saídas, 25 horas voadas e 73 pessoas resgatadas. Os números, por si só, são impressionantes, mas a diferença que a FAB fez na vida dessas pessoas é incomensurável e marcou muito mais as tripulações.

Em uma das missões, os militares do 5º/8º GAV optaram por manter certa distância para evitar destelhar a casa onde fariam o resgate. O deslocamento até os moradores foi, então, em meio à água que chegava até a altura do peito do Tenente Aviador Josué Gonçalves.

“Fui me arrastando e, quando cheguei até eles, um homem pediu que eu levasse a mãe dele primeiro. Ele estava visivelmente abalado. Perguntei onde ela estava, ele levantou a coberta e a mãe estava no colo dele. Era uma senhora de 92 anos que não caminhava, não tinha força na perna pra ficar no chão”, conta.

“Peguei-a no colo, passei a alça e percebi que ela podia se molhar se eu voltasse pela lama. Só fiquei pensando ‘ela tem 92 anos, não posso molhar ou sujá-la, preciso cuidar dela aqui’ e decidi que o mais seguro era fazer o içamento. Fiz o sinal, o helicóptero veio, fui no cabo do guincho, pedindo a Deus que abençoasse aquele içamento e que eu conseguisse colocá-la no helicóptero em segurança. No fim, deu tudo certo e ainda pude tirar tanto o filho quanto a nora dela”, relata o Tenente. Outra missão marcante para o militar foi o resgate de um senhor cego que foi guiado até próximo ao helicóptero por um vizinho. “No meio de toda aquela enxurrada, ele se preocupou com o senhor que muito provavelmente não conseguiria sair da sua casa enquanto ela inundava.

Imagina estar ali sem saber direito o que estava acontecendo e um amigo, um vizinho, pôde ajudar e o conduzir até fora para que o helicóptero pudesse salvar”, conta o Tenente Josué, que acompanhou o resgate até que o homem fosse embarcado em uma ambulância.

Foi ele, também, um dos responsáveis por um resgate em local extremamente difícil, em que o uso do guincho não era o mais adequado por se tratar de uma gestante que precisa de atendimento médico. Neste caso, o Tenente Josué era o piloto da aeronave e precisou, ainda mais, colocar em prática seu treinamento. “Perto da casa dela não tinha como pousar, o terreno era muito inclinado, então encostei só uma roda do helicóptero no morro, ou seja, praticamente pairando.

Os homens de resgate saltaram e trouxeram ela no colo. Quando entrou no helicóptero, ela chorou, estava bem abalada, sempre preocupada com o filho. Então, aquele momento de tirála da situação ilhada onde estava e de levar para os devidos cuidados médicos foi muito importante”, resume.

Gaúcho da cidade de Santo Ângelo, o Suboficial Especialista em Armamento Sandro Olivio Maboni, é um dos operadores de guincho no Esquadrão Pantera. Ele explica que a função é fundamental nas missões, já que é quem transmite ao piloto as orientações necessárias para que o homem de resgate seja posicionado em um local seguro, tanto para a descida quanto para o içamento seguro das vítimas.

“O operador precisa manter a

consciência situacional, além de constante contato visual com o homem de resgate e precisa estar atento a postes de baixa e alta tensão, árvores ou quaisquer obstáculos ao redor da área onde será feito o içamento”, explica. Atuando como tripulante do H-60L Black Hawk há 11 anos, ele logo percebeu que seu trabalho seria de extrema importância para salvar vidas. “No segundo dia, já na parte noturna e equipados com os nossos óculos de visão noturna, que nos permitem ter um voo seguro em meio à escuridão, nos direcionamos para resgatar pessoas ilhadas no Vale do Rio Pardo, ao sul da cidade de Candelária. A escuridão e a confusão entre o que era o rio e o que era a parte alagada dava-me a noção do que estava acontecendo. Muitas lanternas surgiam na imensidão de

Foto: SD Kassiel BASM
Foto: PARASAR

água. Ao som dos rotores, as pessoas apontavam as lanternas pedindo socorro”, conta.

Ao visualizar as luzes das lanternas, a tripulação direcionava a aeronave para o local e iniciava o pairado para mais um resgate. “É muito gratificante ter a certeza de que muitas vidas foram salvas porque nós estávamos lá, cumprindo o nosso dever. Especificamente, muitas não lembrarão da nossa fisionomia, mas nós jamais esqueceremos do rosto delas”, completa o Suboficial Maboni.

Além dos integrantes das Unidades Aéreas, militares do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), conhecido como PARASAR, também participaram de missões de resgate. Foram diversas atuações, desde o

resgate com guincho de pessoas ilhadas nos telhados das casas até as missões de apoio à população, principalmente na região da capital gaúcha e região metropolitana. “Na fase inicial, fomos direcionados para o bairro Mathias Velho, em Canoas (RS), e praticamente em todos os telhados havia gente acenando para aeronave, clamando por socorro e fazendo sinais de que necessitava de evacuação. As pessoas estavam bem assustadas e o nível de água continuava subindo. Então, naquele momento, a gente só tinha certeza que precisava resgatar o máximo de pessoas possível em um trabalho conjunto da FAB, do Exército, da Marinha e até de aeronaves civis”, relata o Tenente Infantaria Antonio

Carlos Diniz de Lemos Doria. Ele também reforça a importância do preparo dos militares para esses momentos críticos. “Essa operação mostrou o quanto é importante nossa formação e manutenção operacional de resgate, tanto no mar, quanto na terra, pois muitas das técnicas ensinadas desde o curso SAR [do inglês Search and Rescue], até as simulações de resgate realizadas no dia a dia, foram colocadas à prova e resultaram em um trabalho conjunto, cujo objetivo é e sempre será salvar vidas. É gratificante ver que todo o esforço e dedicação que envolvem a formação de um homem de resgate se transforma na esperança daqueles que precisam de ajuda em momentos de angústia”, conclui o Tenente Doria.

As Evacuações Aeromédicas

As Evacuações Aeromédicas

Em 20 dias de atuação no Rio Grande do Sul, as aeronaves da FAB realizaram mais de 80 Evacuações Aeromédicas (EVAM). Entre elas, muitas foram realizadas nos helicópteros dos Esquadrões Pantera, Pelicano, Puma e Falcão.

O Esquadrão Puma é sediado na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro, e chegou à Base Aérea de Canoas (BACO) no dia 12 de maio para apoiar a operação da FAB na região. Já em sua primeira missão de ajuda às vítimas da enchente, realizou uma Evacuação Aeromédica (EVAM) na cidade de Triunfo (RS). A paciente era uma mulher de 70 anos de idade que estava hospitalizada com insuficiência ventilatória e precisava de atendimento mais especializado em Canoas (RS).

Um dos pilotos do helicóptero H-36 Caracal, Capitão Aviador Arthur Fernandes Mendes dos Santos, apontou desafios na missão, principalmente os relacionados à meteorologia que dificultavam a visibilidade, mas que não impossibilitaram o sucesso da evacuação.

“Conseguimos pousar com segurança e fazer a extração dela em 10 minutos, o que foi extremamente ágil diante do estado de gravidade da paciente embarcada”, disse.

De acordo com o Capitão Médico Tiago Bartzen Perreira, responsável por acompanhar a paciente a bordo, ela já tinha um histórico de insufi ciência cardíaca, infarto e diabetes. “O transporte foi rápido e sem mais intercorrências, o que garantiu a segurança da paciente”, ressaltou.

Em outra missão de EVAM, o mesmo Esquadrão transportou uma bebê de apenas um dia da Base Aérea de Canoas (BACO) para o município de Tramandaí (RS). A aeronave foi confi gurada em uma UTI Neonatal Aérea, comportando uma incubadora.

Devido ao horário da ação, à noite, a complexidade da operação foi potencializada pela ausência de luz. Em mais uma demonstração de versatilidade operacional, os militares da FAB operaram com utilização de óculos de visão noturna (NVG - do inglês Night Vision Goggles), que foram fundamentais às manobras de navegação e aproximação.

Segundo o Comandante da aeronave, Tenente Aviador Cláudio Alves de Oliveira Junior, o diferencial da aviação de asas rotativas é justamente a realização de EVAM em terreno confinado. “No caso de hoje, o pouso aconteceu em um campo de futebol, com prédios ao lado. O auxílio do NVG é um facilitador”, completou.

“Trata-se de uma criança que nasceu em uma localidade que não tem suporte de neonatal. É um prematuro extremo, de 1,1kg e 28 semanas, e a gente sabe que essas crianças não têm condições de sobreviver fora de uma UTI neonatal. Então, o transporte é necessário para a sobrevivência da criança”, explicou a Major Médica Ana Maria da Trindade Castello Branco, que acompanhou a recém-nascida durante a EVAM.

A EVAM é uma ação que consiste em empregar meios aeroespaciais para remover pessoas feridas ou doentes, geralmente com prestação de assistência médica especializada a bordo, de um local onde tenham recebido assistência inicial para locais onde possam receber tratamento médico adequado.

Foto:

Os complexos transportess

Os complexos transportes de cargas

Os helicópteros da FAB realizaram complexas missões de transporte, por meio de carga externa, de equipamentos como geradores de energia elétrica e bombas de escoamento. Em uma delas, o Esquadrão Pantera transferiu, com uma aeronave H-60L Black Hawk, um gerador e ajudou a restabelecer o fornecimento de água no município de Cachoeira do Sul (RS), que tinha bairros já há três dias sem abastecimento. O nível da água da enchente cobriu a subestação elétrica que fornece energia para as bombas de retirada, tratamento e abastecimento da cidade. Assim, um gerador que era usado na captação de água também foi atingido e ficou danificado.

“O gerador tinha em torno de três toneladas e meia, um peso que fica próximo do limite da nossa aeronave. E

para o gerador novo chegar ao local era necessário que o antigo que deu defeito fosse retirado. Como estava tudo alagado na região, a única maneira de restabelecer o sistema de água era por meio de uma operação conjunta com a empresa de saneamento”, conta o Major Aviador Yuri Carneiro de Souza, um dos responsáveis pelo planejamento e execução da missão.

Para que o gerador fosse içado, foi necessário abrir o teto da estrutura que já estava danificada pelas chuvas e não poderia ser utilizada como apoio. “O gerador tinha mais de três metros de comprimento e, com o recorte da laje, tínhamos aproximadamente 80 centímetros de margem pra cada lado. Então, ressalto a importância do planejamento pela complexidade da missão e também o treinamento e o profissionalismo dos militares da equipe. Era necessária uma perícia

muito maior considerando todos os fatores, como a amarração, o içamento, a área alagada, a estrutura danificada e o próprio vento do helicóptero que poderia desestabilizar os homens de resgate”, explica o Major.

“Mas nós sabíamos da importância da missão para a cidade. Então fizemos o planejamento considerando diversos fatores de segurança para mitigar todos os riscos. Foi uma missão muito marcante pelo elevado nível de grau técnico e pelo impacto que teve para aquela população”, conclui o Major Yuri.

O Esquadrão Puma também realizou missões de transporte de carga externa com o helicóptero H-36 Caracal. Em apenas uma manhã, por exemplo, foram transportadas duas bombas d’águas e dois geradores da Base Aérea de Canoas até a Estação de Tratamento Rio Branco, em Canoas.

As entregas de mantimentos

Além de salvar vidas, as tripulações dos helicópteros seguiram fazendo a diferença para pessoas que permaneceram ilhadas em suas casas. Com a capacidade de pousar em locais que outras aeronaves não chegam, realizaram missões diárias para levar esperança a locais isolados.

Foi principalmente nesse contexto que atuou o Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º GAV) – Esquadrão Falcão. Sediada na Base Aérea de Natal, foi a Unidade Aérea de Asas Rotativas mais distante deslocada para apoiar os trabalhos da FAB no Rio Grande do Sul.

O Esquadrão Falcão iniciou operando a partir da Base Aérea de Canoas e, posteriormente, foi deslocado para a cidade de Bento Gonçalves, na

região da Serra Gaúcha. “Conseguimos distribuir muitas toneladas de mantimentos, barracas, colchões e até brinquedos. Chegamos a transportar 300 quilos de medicamentos também”, conta um dos pilotos engajado na operação, o Tenente Aviador Gabriel Scarin de Oliveira Vaz.

Foi em uma dessas inúmeras missões de entrega de mantimentos, que os militares do Esquadrão Pantera tiveram a oportunidade de conhecer uma bebê cuja mãe havia sido resgatada por eles dias antes. A gestante estava ilhada no interior de Restinga Seca (RS) e já apresentava contrações quando o helicóptero chegou para resgatá-la. A menina Ravena Esperança Speridião Pape nasceu no mesmo dia, já no hospital em Santa Maria. Ao jornal local, o pai da menina, Altair, falou sobre os

militares da FAB. “É maravilhoso o trabalho deles. Quantas vidas eles já salvaram? O reconhecimento tem que ser para eles que saem de casa, deixam suas famílias para salvar a vida dos outros”, disse.

Quinze dias depois, o Major Aviador Yuri Carneiro de Souza e o Sargento Especialista em Serviços de Guarda e Segurança Luigi Schacker, que faziam parte da tripulação que resgatou a mãe, Clenir, visitaram a família. “A sensação de reencontrá-las bem e em segurança não vem isolada, vem misturada com a lembrança das difi culdades do primeiro dia. Ver a Ravena no colo da mãe em uma tarde ensolarada e as pessoas arrumando suas casas, faz pensar em como somos frágeis e tão fortes ao mesmo tempo”, refletiu o Sargento Schacker.

AVIAÇÃO DE TRANSPORTE: VERSATILIDADE NA AJUDA

HUMANITÁRIA AO RS

Ações de resgates de pessoas ilhadas, transporte de toneladas de donativos arrecadados pela Campanha “Todos Unidos pelo Sul”, módulos para as estruturas dos Hospitais de Campanha das três Forças e muitas outras atividades. Foi assim, atuando em diversas frentes, que as 18 aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB), empregadas na Operação Taquari 2, demonstraram a importância inegável da aviação de transporte no apoio às vítimas da maior enchente que assolou o Rio Grande do Sul.

TENENTE JORNALISTA MYREA CALAZANS

Integrar os quatro cantos do país, além de criar e fortalecer conexões que ultrapassam os limites do vasto território nacional brasileiro: essa é a Aviação de Transporte da FAB, que ganhou ainda mais importância no apoio às vítimas da tragédia já considerada a maior da história do Rio Grande do Sul. A enchente que assolou o estado, no início de maio, consolidou, na prática, um dos aspectos mais característicos desse tipo de aviação, a versatilidade de atuação e a sua capacidade multimissão.

Resgates de pessoas ilhadas, evacuações aeromédicas (EVAM), transporte de militares, materiais, donativos e módulos de Hospitais de Campanha são algumas das diversas missões realizadas pelas aeronaves de transporte empregadas no contexto da Operação Taquari 2 em apoio às vítimas da catástrofe que atingiu a população gaúcha.

Ao todo, a FAB empregou na Operação mais de 26 aeronaves, sendo 18 da aviação de transporte. Entre os vetores, estão os C-98 Caravan, operados pelo Segundo Esquadrão de Transporte Aéreo (2º ETA) - Esquadrão Pastor, pelo Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) - Esquadrão Guará e pela Base Aérea de Santa Maria (BASM). Essas aeronaves realizaram, principalmente, o transporte logístico de donativos e militares em vários voos no mesmo dia. Esse também foi o caso dos aviões C-97 Brasília, operados pelo Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA) - Esquadrão Pégaso e pelo 6º ETA; e dos C-95 Bandeirante, operados pelo Terceiro Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA) - Esquadrão Pioneiro e também pelos 2º ETA, 5º ETA e 6º ETA.

“A ideia da aeronave C-98 Caravan, na Operação Taquari 2, foi realizar a distribuição dos donativos, que chegavam de Guarulhos e do Galeão em aeronaves maiores, como o KC-30 e o KC-390 Millennium, à população gaúcha. Isso porque as aeronaves C-98 Caravan são menores e têm

boa performance, além de operarem em qualquer tipo de pista. Então, em resumo, esse era o objetivo do Grand Caravan: pegar essas cargas que chegavam na Base Aérea de Canoas e distribuir nas cidades que muitas vezes as aeronaves maiores não pousavam”, pontuou um dos militares do Esquadrão Pégaso, Tenente Aviador Pedro Barbezani Carvalho e Ribeiro.

As aeronaves C-105 Amazonas, operadas pelo Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1°/9° GAV)

- Esquadrão Arara - e pelo Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1°/15° GAV) – Esquadrão Onça - foram usadas também para promover operações de ressuprimento aéreo, como entrega de alimentos, remédios e outros elementos essenciais. Além disso, ainda foram usadas em outras operações, como no transporte de equipamentos médicos e em missões de UTI Aérea.

“O nosso vetor, o C-105 Amazonas, agrega características como versatilidade, flexibilidade e alta capacidade, que permitem um pronto emprego, especialmente no apoio às vítimas da enchente no RS. Por

meio dele, é possível executar ações de Força Aérea, como ressuprimento aéreo, transporte tático e aerologístico e evacuação aeromédica”, destacou um dos militares do Esquadrão Onça, Capitão Aviador Cleber de Souza Nichelli.

Os aviões KC-390 Millennium, operados pelo Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) - Esquadrão Gordo - e pelo Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT)Esquadrão Zeus - também realizaram lançamentos de cargas. “Operamos 24 horas por dia, 7 dias por semana, em Brasília (DF) e em Guarulhos (SP), tentando trazer o máximo de material disponível para poder ajudar o povo gaúcho”, destacou um dos militares do Esquadrão Zeus, Capitão Aviador Vinicius do Monte Saldanha. Além disso, fizeram parte, ainda, os vetores KC-30, operados pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2° GT)Esquadrão Corsário; e a aeronave SC105 Amazonas, operada pelo Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2°/10° GAV) - Esquadrão Pelicano.

Foto: Sargento Müller Marin / Força Aérea Brasileira

Capacidade multimissão

Em um esforço conjunto entre Forças Armadas, sociedade civil e empresas privadas em apoio ao povo gaúcho, a FAB coordenou a Campanha “Todos Unidos pelo Sul”, que atingiu proporções inimagináveis. Nesse panorama, as aeronaves de transporte também tiveram forte atuação por realizarem grande parte do translado dessas doações até a Base Aérea de Canoas (BACO), para serem distribuídas, posteriormente, à população gaúcha

afetada pela enchente.

Seguindo nesse cenário, vale destacar o papel crucial dos vetores C-105 Amazonas e KC-390 Millennium quanto à realização dos ressuprimentos aéreos na ajuda humanitária às cidades gaúchas. Isso porque muitas regiões acabaram ficando ilhadas após a enchente, tornando o lançamento de carga a única forma de levar mantimentos às famílias que lá residiam. Essas operações tinham como intuito principal agilizar o auxílio às comunidades isoladas devido à obstrução de várias estradas

que foram tomadas pelas cheias.

“Nós, do Esquadrão Zeus, trabalhamos de forma ininterrupta desde que começou a operação de transporte de donativos. Desse modo, com o início das missões de ressuprimento, conseguimos chegar com donativos em áreas de difícil acesso, que tiveram suas rodovias fechadas. Assim, conseguimos atingir o objetivo e ajudar quem estava necessitando”, destacou o Chefe da Seção de Operações do Esquadrão Zeus, Major Aviador Rafael Portella Santos.

Capacidade multimissão

O Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), Organização Militar (OM) da Força Aérea Brasileira (FAB), sediado em Brasília (DF), atuou na condução dos meios empregados na Operação Taquari 2. De uma maneira integrada, os militares da FAB efetuaram o planejamento, o acompanhamento e o controle de todas as operações aéreas efetuadas nas áreas de enchente.

“A partir do momento que o Ministério da Defesa ativou o Comando Conjunto para a Operação Taquari 2, automaticamente a Força Aérea Componente é ativada, com a responsabilidade de planejar, programar, executar e supervisionar todas as operações aéreas dos seus meios adjudicados na área de operações. O COMAE, na sua operação diária, já trabalha como se estivesse trabalhando como uma Força Aérea Componente”, ressaltou o Comandante da Força Aérea Componente da Operação Taquari 2, Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer.

Evacuação

Aeromédica

A importância das aeronaves de transporte, no contexto da Operação Taquari 2, vai ainda mais além. Os vetores empregados desempenharam um trabalho fundamental em missões de evacuação aeromédica, tendo como exemplo a maior efetuada pela FAB, durante a Operação em apoio às vítimas da enchente no RS. A missão consistiu em resgatar três bebês recém nascidos e dois adultos em estado grave de saúde, que estavam internados no Hospital da Universidade Federal de Rio Grande, e precisavam ser removidos para Canoas (RS), com urgência. Isso porque as capacidades da unidade de saúde estavam comprometidas devido à tragédia que assolou o RS.

Transporte de carga em apoio à saúde do RS

Transporte de carga em apoio à saúde do RS

As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul também causaram uma crise humanitária e trouxeram sérios desafios para a saúde pública nas regiões afetadas. Nesse contexto, as aeronaves de transporte contribuíram

de forma ainda mais significativa no que diz respeito ao transporte de módulos para a instalação, em diferentes regiões do RS, das estruturas dos Hospitais de Campanha das três Forças Armadas.

A atuação, que contou com o envolvimento de mais de 50 profissionais, ficou sob responsabilidade do Esquadrão Onça, que configurou um C-105 Amazonas em uma Unidade

de Terapia Intensiva (UTI) Aérea. Os pacientes foram transportados em segurança até a BACO, onde foram encaminhados para unidades de saúde de referência da região.

Foto:

PARCERIA DA FAB E EMPRESAS NO ENVIO DE DONATIVOS PARA O RS

A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou um esforço concentrado na logística de escoamento dos donativos da Campanha “Todos Unidos Pelo Sul”, que ficaram acondicionados em unidades militares como: na Base Aérea de Brasília (BABR), na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro (RJ), e na Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos (SP). Além disso, mais nove bases aéreas atuaram no apoio de recolhimento das doações.

Para tanto, foram utilizados os quatro modais de transportes disponíveis: rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo. Cada meio tem um tempo específico de deslocamento até chegar nas cidades que estão centralizando o recebimento de donativos para a população gaúcha atingida pela enchente.

A força-tarefa multimodal utilizou os meios aéreo, terrestre, ferroviário e marítimo para levar os mantimentos doados pela população brasileira aos gaúchos

A FAB adotou uma concepção instruída pelo Comando da Aeronáutica (COMAER) chamada LOG 2-3-7, na qual 2 significa que a instituição tem duas horas para levar os suprimentos, de forma emergencial, por um modal aéreo; o 3 significa que são três dias com foco no modal terrestre, e o 7, que são sete dias no multimodal que usa um meio ferroviário, um marítimo e um terrestre.

“Todos os modais são de fundamental importância. Essas são as formas que vão atender a nossa população no Sul dentro do planejamento e da velocidade do fluxo logístico para acontecer da melhor forma possível o escoamento das doações”, disse o Coordenador de Logística da Campanha, Major-

Para o Diretor de Operações do Grupo Porto Seco Centro-Oeste, Everaldo Fiatkoski, essa corrente de solidariedade mostrou a força da mobilização da população em geral. “A Força Aérea tem uma representatividade grande em dar início à campanha de doação, servindo, também, como ponto de coleta e envio dos donativos. O volume foi tamanho que não foi possível movimentar tudo apenas com aeronaves, e a multimodalidade faz com que não só tenhamos uma opção eficiente, como relativamente barata de fazer com que essas doações cheguem a quem está precisando no Sul do Brasil. Isso traz uma grande felicidade para nós”, afirmou.

TENENTE JORNALISTA GABRIELLE VARELA
Brigadeiro Intendente Gilson Alves Almeida Junior.

O transporte aéreo dos donativos foi feito diariamente por meio de aeronaves da FAB, de companhias aéreas e de organizações voluntárias. Saindo da Base Aérea de Brasília, por exemplo, o voo até Canoas (RS) tem duração de aproximadamente duas horas e meia. Lá, todo o carregamento de donativos é retirado das aeronaves e levado para o centro de distribuição local. Até o momento, apenas as aeronaves da FAB envolvidas no transporte levaram mais de 1000 toneladas de donativos. Sendo elas: uma aeronave C-105 Amazonas do Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV)Esquadrão Onça, sediado na Base Aérea de Campo Grande (BACG); o KC-390 Millennium do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) - Esquadrão Gordo e do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1ºGTT) - Esquadrão Zeus; e o KC-30 do Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) - Esquadrão Corsário.

Modal Aéreo
Foto: Sargento Vanessa Sonaly / Força Aérea Brasileira
Foto: Coronel
Modal Aéreo

Modal Rodoviário

Modal Rodoviário

Por meio do trabalho conjunto com o Exército Brasileiro, empresas e colaboradores anônimos, a FAB coordenou o transporte dos donativos em carretas e caminhões. O deslocamento rodoviário durou três dias de Brasília (DF) até Canoas (RS), e foram transportadas via terrestre mais de 3.000 toneladas.

Foto: Sargento Mônica / Força Aérea Brasileira
Foto: Sargento Viegas / Força Aérea Brasileira

Multimodal:

Neste transporte multimodal, que envolve os meios rodoviário, ferroviário e marítimo, caminhões bitrem são carregados na Base Aérea de Brasília e levados ao Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis (GO), onde os contêineres com mantimentos e itens de vestuário são acomodados em trens e seguem pela ferrovia até Sumaré (SP), onde são reacomodados em caminhões que percorrem a rodovia até o Porto de Santos.

Esses contêineres transportados são embarcados em navios que aportam no Porto de Rio Grande para desembarque dos donativos e envio via terrestre à Base Aérea de Canoas. O envolvimento dos três modais, rodoviário, ferroviário e marítimo, tem o tempo de deslocamento de sete dias, e, desde o início da campanha, já levou mais de 13.000 toneladas de doações para a população gaúcha.

Os contêineres disponibilizados por empresas de transporte logístico foram abastecidos com donativos nas Bases Aéreas de Brasília e Anápolis.

Os contêineres transportados por via ferroviária e rodoviária até o Porto de Santos foram embarcados em navio da empresa MAERSK, que atracou no Porto de Rio Grande (RS) para desembarque dos donativos e envio via terrestre à BACO.

Fotos:

SAÚDE OPERACIONAL EM AJUDA AO RIO GRANDE DO SUL

Força Aérea instalou, pela primeira vez, dois Hospitais de Campanha na região sul com atendimentos diários de mais de 10 especialidades e emergência

TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

TENENTE JORNALISTA JOHNY LUCAS

Na considerada maior enchente desde 1941, a Força Aérea Brasileira (FAB) desempenha um papel fundamental de pronta resposta e ações de ajuda humanitária à população do Rio Grande do Sul (RS). Entre as diversas medidas de apoio, a assistência de saúde tem sido crucial para atender às necessidades emergenciais da população afetada.

Atuando na Operação Taquari 2 desde o dia 30 de abril, a FAB mobilizou um contingente de profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos, instalando, assim, dois Hospitais de Campanha (HCAMP) em Canoas (RS), prestando assistência médica a toda população diariamente.

O primeiro HCAMP foi instalado ao lado do Hospital Nossa Senhora das Graças, composto por 10 módulos que oferecem atendimento em diversas especialidades médicas. Os serviços incluem clínica médica, ginecologia,

pediatria, ortopedia, cirurgia geral, psicologia, psiquiatria e a realização de exames laboratoriais, como radiografia e ultrassonografia.

A segunda unidade de campanha, composta por 13 módulos, está localizada próximo à Base Aérea de Canoas. Além de prestar apoio aos militares que necessitem de atendimento, esta unidade oferece os mesmos serviços do HCAMP-1 à população, com a adição de atendimento odontológico e um módulo de triagem para melhor organizar os atendimentos emergenciais.

De forma inédita, no âmbito dos atendimentos ao público externo no HCAMP, a FAB tem utilizado o equipamento de Telemedicina. O reforço nos atendimentos facilita as interconsultas e avaliações por diferentes especialistas sem a necessidade de remoção do paciente.

Ainda no contexto dos atendimentos às vítimas das enchentes no Rio Grande

do Sul, é a primeira vez que a FAB dispõe de Psicólogos na estrutura de Hospital de Campanha. A especialidade é avaliada como extremamente importante no cenário de catástrofe, inclusive para militares e familiares que perderam suas casas.

“Somando as duas estruturas, temos atualmente 78 militares do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Anápolis, Florianópolis, bem como de Canoas. Neste período já foram realizadas evacuações aeromédicas de recém-nascidos pela equipe de pediatria e foi criado um módulo da solidariedade, em que entregamos doações diversas e tentamos, de alguma forma, tornar mais leve a experiência de um atendimento médico. Para a nossa equipe, esse acolhimento é fundamental e faz parte de um atendimento de referência em um momento tão delicado”, relata a Comandante-Geral dos HCAMP, Major Médica Major Juliana Freire Vandesteen.

Utilizando as aeronaves C-105 Amazonas, H-60L Black Hawk e H-36 Caracal, a FAB realizou ações de resgate e ainda realiza evacuações aeromédicas (EVAM), transferindo pacientes de áreas de risco para hospitais especializados. Uma das EVAM’s mais significativas ocorreu a bordo do C-105 Amazonas, operada pelo Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV – Esquadrão Onça), com o transporte de três bebês recém nascidos e dois adultos em estado grave de saúde, internados no Hospital da Universidade Federal de Rio Grande e que precisavam ser removidos para Canoas, já que as capacidades da Unidade de Saúde estavam precárias devido às enchentes.

O Capitão Médico da FAB e responsável pela missão, Tiago Bartzen Perreira, destacou que, pelo fato de a cidade estar alagada e o hospital comprometido, a evacuação aeromédica era fundamental. “Levar os pacientes para atendimento em Canoas, principalmente no caso das crianças, tinha que ser imediata, uma vez que eram prematuros e necessitavam de atendimento rápido e eficaz para que pudessem sobreviver. A melhor opção, sem dúvida, era a aérea”, destacou.

Apoio à saúde

Apoio à saúde

O Grupamento de Apoio de Canoas (GAP-CO) atuou na coordenação logística das ações de saúde. A unidade facilitou a rápida distribuição de materiais médicos e equipamentos, além de prover apoio técnico e operacional para os postos de atendimento avançado.

O Comandante do GAP-CO, TenenteCoronel Intendente Marcos Pandino Ferreira, ressaltou que, em momentos de crise como este, a prontidão e a efi ciência das ações da FAB são essenciais para salvar vidas e minimizar o sofrimento da população.

“A colaboração da FAB e outras entidades, como a Defesa Civil, as Secretarias de Saúde e ONGs, tem sido um ponto chave para o sucesso da Operação. Essa sinergia garante uma resposta coordenada e eficaz, beneficiando milhares de gaúchos que enfrentam os desafios impostos pelas enchentes”, concluiu.

Foto: Sargento
Müller Marin Força Aérea Brasileira
Foto: BACO / Força Aérea Brasileira

FAB E O APOIO À AVIAÇÃO CIVIL NO

TRANSPORTE DE DONATIVOS

No contexto da situação emergencial, envolvendo o desastre natural no estado do Rio Grande do Sul, a Força Aérea Brasileira (FAB) também apoia a Aviação Civil no transporte de donativos. Esse auxílio é fundamental para garantir que a ajuda humanitária chegue às comunidades que mais precisam em um momento tão crítico.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS MARIZE TORRES

Após o alagamento pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul desde o fim de abril, o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), permaneceu fechado para fins de segurança da Aviação Civil. Assim, a FAB, por meio da Base Aérea de Canoas (BACO), além de operar suas aeronaves militares, também recebeu dezenas de voos comerciais, trazendo suprimentos para apoio às áreas afetadas.

Essas iniciativas demonstram o papel importante que as companhias aéreas podem desempenhar na prestação de assistência em tempos de necessidade, aproveitando seus recursos logísticos e capacidades de transporte para ajudar comunidades atingidas.

A Companhia Aérea Azul Linhas Aéreas Brasileiras, por exemplo, transportou no dia 08/05 cerca de 3,5 toneladas de doações, entre fardos de água, cobertores, soro fisiológico, fraldas e outros itens essenciais às vítimas da enchente no estado. Esse

foi o primeiro voo humanitário após a abertura da Base Aérea de Canoas (BACO) para operações de voos comerciais.

A aeronave saiu do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), ponto focal dos insumos recebidos em mais de 500 postos de arrecadação da Azul. Em seguida, passou pela Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos (SP), para abastecimento de mais donativos, tendo como destino final a cidade de Canoas (RS).

“Cada pacote, entregue hoje, carrega uma história e tem um impacto significativo na vida das pessoas em Canoas. Estamos emocionados por fazer parte desta corrente de solidariedade que mobilizou todo o país. O voo de hoje é apenas uma parte das ações que estamos empreendendo em resposta a este momento”, destacou o Diretor Institucional da Azul, Fábio Campos, que atuou como piloto no primeiro voo humanitário.

Acordo Institucional

O acordo firmado entre o Ministério de Portos e Aeroportos, a FAB, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e as companhias aéreas teve como objetivo suprir a demanda decorrente do fechamento do Aeroporto Salgado Filho.

“Atualmente, a Base Aérea de Canoas está recebendo, em segurança, até sete voos comerciais diários. Atendendo a população das 8h às 21h, totalizando 49 movimentos semanais”, afirmou o Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), Brigadeiro do Ar Daniel Cavalcanti de Mendonça.

Foto:
Sargento
Müller Marin /
Força
Aérea Brasileira

Segurança aeroportuária

A Agência Nacional de Aviação Civil, por meio da Portaria nº 14.654 de 20 de maio de 2024, aplicou uma medida cautelar proibindo operações de pouso e decolagem de aeronaves de asa fixa (aviões) no Aeroporto Salgado Filho. Essa medida destaca a importância da segurança e da manutenção adequada das instalações aeroportuárias para garantir operações aéreas seguras. De caráter provisório, a determinação é válida por tempo

indeterminado e será mantida até que a concessionária Fraport Brasil comprove o restabelecimento das condições para as operações aéreas no local.

A decisão da Agência considera a impossibilidade de utilização do sistema de pistas e, consequentemente, todo o complexo aeroportuário do Salgado Filho. A situação do Aeroporto de Porto Alegre só poderá ser analisada após a diminuição do volume de água no complexo aeroportuário e da avaliação dos danos ocorridos. Tanto a avaliação dos danos quanto a restauração das

condições adequadas para as operações aéreas são etapas importantes no processo de retorno à normalidade no aeroporto.

Dessa forma, a Base Aérea de Canoas contribui com a Aviação Civil e os esforços empreendidos pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR) e pela ANAC, por meio do suporte aéreo como também logístico, viabilizando operações aéreas de aviação comercial para garantir que essa situação de excepcionalidade ocorra com segurança.

Espaço Aéreo Controlado

A FAB é responsável por gerenciar o espaço aéreo brasileiro e fornecer serviços de controle de tráfego aéreo para a aviação civil, o que inclui a gestão do tráfego aéreo em aeroportos civis e a coordenação de rotas aéreas em todo o país. No contexto da Operação Taquari 2, cabe destacar que na região de Porto Alegre (RS) esse gerenciamento está sendo realizado pelos militares do Destacamento de

Controle do Espaço Aéreo de Canoas (DTCEA-CO), Unidade Subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) por meio do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II).

O Controle de Aproximação de Porto Alegre (APP-PA), que está operando remotamente da Sede do DTCEA-CO, presta o serviço de controle de tráfego aéreo às aeronaves que ingressam na sua área de jurisdição.

Fotos: Sargento Müller Marin / Força Aérea Brasileira
Torre de controle de tráfego aéreo de Canoas - RS

FAB REALIZA COORDENAÇÃO AÉREA NA OPERAÇÃO TAQUARI 2

Além das aeronaves das Forças Armadas, são coordenados meios de outros órgãos públicos

TENENTE JORNALISTA SUSANNA SCARLET

O Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), sediado em Brasília (DF), atua na coordenação dos meios aéreos empregados na Operação Taquari 2. De uma maneira integrada e remota, efetua o planejamento, o acompanhamento e o controle de todas as operações aéreas efetuadas nas áreas de enchente. Além das aeronaves das Forças Armadas, estão envolvidas aeronaves de outros órgãos públicos, como Polícias Militares de diferentes Estados e Defesa Civil, totalizando 36 aparelhos sob coordenação da Força Aérea Componente (FAC) do Comando Operacional Conjunto Ativado. De uma maneira integrada, os militares da FAB efetuam o planejamento, o acompanhamento e o controle de todas as operações aéreas efetuadas nas áreas de enchente. “O COMAE dá o suporte operacional e de infraestrutura à Força Aérea Componente (FAC) do Comando Conjunto Ativado. Desta forma, tanto em Brasília (DF), quanto em Porto Alegre (RS), a arquitetura de Comando e Controle da FAB permite planejar, programar e controlar todas as operações aeroespaciais destinadas ao atendimento imediato na área afetada pelas inundações”, explica o Comandante da Força Aérea Componente, Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer.

Foto: Sargento Müller Marin Força Aérea Brasileira

Controle de tráfego aéreo

Controle de tráfego aéreo

O controle de tráfego aéreo da região central do estado, está sendo realizado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santa Maria (DTCEA-SM), Unidade subordinada ao Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II).

Na região metropolitana, o controle de tráfego aéreo está a cargo do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Canoas (DTCEA-CO).

O TPS-B34M, instalado em Canoas (RS), é um radar de controle de tráfego aéreo amplamente utilizado pela FAB em missões de Defesa Aérea

Fotos:
Sargento Müller Marin / Força Aérea Brasileira

Mapeamento Satelital de riscos climáticos

Mapeamento Satelital de riscos climáticos

O uso de imagens de satélite é essencial para identificar e monitorar áreas de risco em regiões suscetíveis a eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul. O mapeamento de imagens via satélite possibilita uma visão abrangente e detalhada das aéreas de risco, permitindo a identificação de vulnerabilidades.

O Centro Conjunto Operacional de Inteligência (CCOI) do COMAE tem atuado em um grupo dedicado ao uso dessas imagens, fornecendo mapas de áreas inundadas e outras informações relacionadas às enchentes. O objetivo é disponibilizar imagens obtidas por satélites brasileiros e por meio de contratos de aquisição de imagens, de forma direta e gratuita para instituições interessadas. Isso permite que elas produzam mapas de acompanhamento de enchentes de maneira ágil.

As imagens de radar, fornecidas pela constelação brasileira Lessonia

dos satélites Carcará I e Carcará II, são captadas independentemente das condições climáticas e podem ser feitas a qualquer hora do dia. Isso é possível devido ao Synthetic Aperture Radar (SAR), que oferece imagens mesmo sob cobertura de nuvens, garantindo uma coleta contínua e sem interrupções. Por outro lado, as imagens ópticas, que se assemelham às fotografias convencionais, oferecem uma resolução muito alta, permitindo um detalhamento minucioso do terreno, com definição abaixo de um metro.

O Chefe da Divisão de Coordenação do CCOI, Coronel Aviador Marcelo de Carvalho Trope fala sobre a relevância do mapeamento. “Em resumo, tanto as imagens de radar quanto as ópticas desempenham um papel vital no mapeamento de áreas alagadas e na avaliação de riscos climáticos, fornecendo informações valiosas para a Defesa Civil e outras organizações envolvidas nas operações de resgate”, sintetiza o Oficial.

OPERACIONALIDADE A TODA PROVA

A atuação do DECEA no controle do tráfego aéreo no Rio Grande do Sul

TENENTE JORNALISTA RAPHAELA MARTORANO

Diante de uma das maiores tragédias climáticas da história do Brasil, militares das Forças Armadas, dos Corpos de Bombeiros estaduais e instituições públicas se uniram no apoio às operações de resgate às vítimas do desastre ambiental no Rio Grande do Sul. Com o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, no dia 3 de maio, a Base Aérea de Canoas (BACO) passou a receber aeronaves envolvidas nos resgates e voos comerciais de passageiros e de apoio às ações de ajuda humanitária ao Sul.

Segundo dados do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), Unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), responsável pela demanda dos movimentos aéreos do País, foram registrados mais de 30 aeronaves envolvidas no apoio ao Rio Grande do Sul do dia 1º de maio até o dia 5 de junho. O controle de tráfego aéreo na região de Porto Alegre (RS) está sendo realizado pelos militares do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Canoas (DTCEA-CO), por meio do Segundo Centro Integrado de

Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II).

O Controle de Aproximação de Porto Alegre (APP-PA), que está operando remotamente da sede do DTCEA-CO, presta o serviço de controle de tráfego aéreo às aeronaves que ingressam na sua área de jurisdição. Para ordenar o fluxo de aeronaves da Base Aérea de Canoas, a Torre de Controle de Canoas provê o controle das aeronaves que pousam e decolam de Canoas.

“Tanto o APP-PA quanto a Torre de Canoas estão atuando no controle, ordenamento e segurança das operações aéreas na Base Aérea, quer seja comercial ou humanitária, em apoio à operação de resgate da tragédia no Rio Grande do Sul”, explica o Comandante do DTCEA-CO, Capitão Aviador Carlos Emilião Pinto.

As ações acontecem também na região de Santa Maria. O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santa Maria (DTCEA-SM) tem a missão de prover todo o suporte necessário relacionado ao controle de tráfego aéreo na região, garantindo a segurança e a eficácia dos voos de resgate da FAB.

“O engajamento de todos está sendo fundamental para o sucesso da missão, demonstrando nossa dedicação inabalável ao serviço e à segurança da população”, afirma o Comandante do DTCEA-SM, Major Aviador Elton Alves Pereira.

Houve um planejamento especial na atuação dos Órgãos de Controle, com aumento no período de operação, agilizando as necessidades nas saídas e, principalmente, nas chegadas das aeronaves, de forma a trazer mais eficiência no tempo de voo e de solo às aeronaves de resgate.

Para a Sargento Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Renata Frazzao Borges, da Torre de Controle do Aeródromo de Santa Maria, a integração entre as Forças Armadas e os órgãos públicos tem sido o grande diferencial da operação no Rio Grande do Sul. “Estamos envidando esforços para atender a uma situação tão difícil como essa. Nosso principal propósito, na atividade de controle, é garantir a segurança e a eficiência das operações das aeronaves de resgate”, destaca a militar.

AFIS Taquari faz o controle de tráfego aéreo dos helicópteros de resgate

Uma unidade de Serviço de Informações Aeronáuticas (AFIS) – conhecida como estação-rádio –foi montada na sede do Comando Conjunto da Operação Taquari 2, localizada no Terceiro Regimento de Cavalaria de Guarda (3º RCG), em Porto Alegre (RS).

A estrutura conta com geradores, antenas para enlace de dados via satélite, computadores interligados em rede e sistemas de comunicação VHF-AM. Cerca de 40 militares, entre técnicos, meteorologistas e controladores de tráfego aéreo do Primeiro, Segundo e Quarto Esquadrões do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle – Esquadrões Profeta, Aranha e Mangrulho – e DTCEA-SM foram mobilizados para essa operação.

“O AFIS Taquari tem o objetivo de proporcionar maior segurança e coordenação às aeronaves que estão envolvidas nas ações em apoio à população gaúcha, principalmente, na região metropolitana de Porto Alegre, onde há maior concentração de voos”, afirma o Comandante do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), Tenente-Coronel Aviador Tomaz Lopes de Araujo.

Torre de controle de tráfego aéreo de Santa Maria - RS

Em apoio à Operação Taquari 2, foi também instalado em Canoas o radar TPS-B34M pelos Esquadrões Aranha e Mangrulho (2º/1º GCC e 4º/1º GCC). A iniciativa visa restabelecer o controle de radar na Terminal Porto Alegre e permitir o controle de tráfego de mais aeronaves nas cidades afetadas pelas inundações.

O TPS-B34M é um radar de controle de tráfego aéreo amplamente utilizado pela FAB em missões de defesa aérea. O equipamento se destaca pela capacidade de aumentar a detecção de aeronaves em rota a partir do local onde é instalado. Uma de suas principais vantagens é ser transportável, permitindo sua implantação em qualquer região do território nacional, o que possibilita tanto o complemento das infraestruturas já existentes quanto o estabelecimento de serviços em áreas onde ainda não estão disponíveis.

O radar estava sendo utilizado em apoio ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro e seu deslocamento e mobilização em Canoas envolveu planejamento, coordenação e sinergia dos Esquadrões do 1º GCC e de outras unidades da FAB. A instalação permite não apenas o controle de tráfego de um maior número de aeronaves envolvidas

no apoio à população gaúcha como aumenta a segurança de voo na região.

“A implantação desse radar em Canoas traz melhoria na capacidade de detecção e controle das aeronaves operando na região metropolitana de Porto Alegre, representando um incremento na eficiência e segurança das operações aéreas da aviação geral, como também das missões de resgate e transporte logístico realizadas pelos helicópteros em apoio à população gaúcha afetada pelas enchentes”, afirma o Comandante do Esquadrão Aranha,

Antes de iniciar a operação radar, os sistemas foram checados e homologados pela aeronave-laboratório do Grupo Especial de Inspeção em Voo. Em seguida, foram integrados à síntese do CINDACTA II, permitindo a visualização e controle do tráfego aéreo.

Para atender às demandas que se tornaram crescentes, militares de todo o Brasil estão de prontidão e comprometidos em atuar em diversas frentes de trabalho em apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

Major Aviador Vinicius Vilanova Vale.

O APOIO DA INTENDÊNCIA DA AERONÁUTICA NA OPERAÇÃO TAQUARI 2

Desde 30 de abril, a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Intendência da Aeronáutica têm desempenhado um papel crucial na Operação Taquari 2, colaborando na enchente no estado do Rio Grande do Sul. A Base Aérea de Canoas (BACO) serve como Centro de Operações, onde FAB e Intendência fornecem suporte logístico e operacional vital para as ações de socorro e assistência às comunidades afetadas.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ

O Grupamento de Apoio de Logística de Campanha (GALC), parte do Sistema de Intendência em Campanha, atua como o elo operacional da Intendência, proporcionando suporte logístico essencial às unidades desdobradas em diversos tipos de terrenos no Brasil. Seja em situações de treinamento, adestramento ou missões reais, o GALC tem como principal objetivo fornecer alimentação, higienização e alojamento, garantindo conforto e bem-estar para as tropas. Este suporte é vital para alcançar o máximo desempenho e produtividade dos militares em missão.

Durante a Operação Taquari 2, a Intendência da Aeronáutica montou uma infraestrutura de alto padrão, em ajuda ao Rio Grande do Sul (RS) e apoio

à enchente na região, que contou com a integração de equipes em solo, pilotos e controladores, além do indispensável apoio dos profissionais de saúde da FAB, para atingir seus objetivos finais.

O Secretário de Economia e Finanças da Aeronáutica (SEFA), Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita, fala sobre a importante atuação da Intendência da Aeronáutica, durante a Campanha “Todos Unidos Pelo Sul’’ e durante a Operação Taquiri 2, que permanece prestando apoio ao povo Gaícho. “A FAB tem se destacado ao realizar atividades fundamentais de apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Entre as ações realizadas estão a coleta e distribuição de donativos, resgate de vítimas por meio de voos, transporte aéreo

de materiais e pessoal, acolhimento de desabrigados, atendimentos hospitalares e controle do espaço aéreo. Para garantir essa vasta gama de atividades, as equipes do Grupamento de Apoio de Canoas, da Prefeitura de Aeronáutica de Canoas e do Grupamento de Apoio de Logística de Campanha têm desempenhado um papel crucial, proporcionando conforto e hospedagem para centenas de militares e seus familiares, preparando mais de três mil refeições diárias, mantendo as viaturas da FAB na área de Canoas, gerenciando processos administrativos, fornecendo fardamento aos resgatistas e realizando reparos nas instalações da Base Aérea de Canoas e nos Próprios Nacionais Residenciais afetados”, explicou o Oficial-General.

Mobilização e Recursos

A BACO, estrategicamente localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, tornou-se o ponto central das atividades da FAB durante a Operação. Com a ativação de recursos aéreos e terrestres, a Base facilita a rápida mobilização de pessoal e equipamentos para áreas isoladas ou de difícil acesso devido às enchentes.

Operações de Resgate e Assistência Humanitária

As equipes da FAB estão realizando diversas missões de resgate, utilizando helicópteros para evacuar pessoas em perigo e fornecer suprimentos vitais como alimentos, água potável e medicamentos, que estão sendo recolhidos nas diversas Bases Aéreas; por meio da Campanha “Todos Unidos pelo Sul!”.

As aeronaves de transporte KC-390 Millennium, operadas pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GTT) - Esquadrão Gordo - e Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) - Esquadrão Zeus -, além da aeronave KC-30, operada pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) - Esquadrão Corsário -, estão sendo fundamentais para a logística, permitindo o transporte de grandes quantidades de donativos, recursos e pessoal de apoio.

A FAB também tem atuado em parceria com outras Forças de Segurança e Agências Governamentais, reforçando os esforços conjuntos de resposta a desastres. A integração com a Defesa Civil e organizações locais está sendo essencial para coordenar ações e maximizar a eficiência das operações.

A Força Aérea montou dois Hospitais de Campanha (HCAMP) em Canoas (RS), para oferecer atendimento emergencial à população. Um total de 78 militares de diferentes localidades, incluindo Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Brasília (DF), Anápolis (GO), Canoas (RS) e Florianópolis (SC), estão envolvidos nesta operação.

O Grupamento de Apoio de Canoas (GAP-CO), após uma mobilização extremamente rápida, tornou-se o alicerce da Operação Taquari 2, no que se refere ao suporte necessário (alimentação, hospedagem, transporte e assistência social e religiosa) para que os homens e as mulheres, militares e civis, possam desempenhar plenamente suas atividades na nobre missão de salvar e proteger vidas.

Apoio Médico e Humanitário
Fotos: Sargento Müller Marin Força Aérea
Brasileira
Operações de Resgate e Assistência Humanitária
Apoio Médico e Humanitário GAP-CO Mobilização

Hospedagem

O GAP-CO, em conjunto com o Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC), conseguiu elevar sua capacidade de hospedagem de 145 para 380 leitos, em apenas dois dias da deflagração da Operação, para que o maior número possível de pessoas envolvidas pudesse se hospedar na Guarnição de Aeronáutica de Canoas.

Alimentação

O principal rancho do GAP-CO, localizado nas instalações da BACO, anteriormente preparado para atender em torno de 1.200 pessoas por dia, está funcionando em regime especial para atender às necessidades alimentares dos envolvidos na Operação Taquari 2, proporcionando refeições diárias a aproximadamente 1.600 pessoas, com pico de 1.800, que se deslocam aos refeitórios ou são supridas remotamente por meio de marmitas especialmente produzidas para esse fim.

Transporte

Além de transportar militares entre as cidades de Porto Alegre e Canoas, o GAP-CO também é responsável pelo deslocamento dos passageiros (militares e civis) que chegam e saem do Rio Grande do Sul nas asas da FAB, conduzindo-os em segurança entre os pontos de embarque e desembarque e as aeronaves estacionadas no pátio da BACO. As cargas que chegam e saem nessas aeronaves também têm o seu transporte realizado pelas viaturas do GAP-CO, até os pontos definidos para o escoamento dos materiais. Todas as viaturas em condições de uso estão sendo empregadas em favor da Operação, em regime de trabalho de 24h, compondo um total de 160 veículos.

Assistência

Os cuidados com o pessoal que opera e se aloja na Guarnição de Canoas não se resumem às condições físicas, mas também sociais e espirituais, por meio das ações de assistência e de capelania do GAP-CO, que funcionam dia e noite, desde o início da Operação. Para o Chefe do GAP-CO, Tenente-Coronel Intendente Marcos Pandino Ferreira, proporcionar uma infraestrutura de apoio dessa envergadura, em meio a uma calamidade e de forma tão rápida, “reflete o compromisso de todo o efetivo da Guarnição de Canoas em estar presente onde o Brasil precisar, ainda que com o sacrifício da própria vida, para proteger os brasileiros do Rio

Grande do Sul”, concluiu.

O Serviço de Assistência Religiosa da FAB tem como objetivo proporcionar apoio espiritual e pastoral aos militares, independentemente de sua crença religiosa. Durante a Operação Taquari 2, os capelães militares têm sido presença constante, oferecendo conselhos, conforto e realizando serviços religiosos que ajudam a manter o moral elevado entre os participantes.

A atuação da Força Aérea Brasileira na Operação Taquari 2 reforça a importância das Organizações Militares, por meio de uma coordenação eficiente e recursos adequados. A FAB demonstra mais uma vez sua capacidade de adaptar-se rapidamente a situações de crise, proporcionando suporte vital às comunidades necessitadas.

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da

Por vezes, certas regiões do planeta são submetidas a verdadeiras provações quando são afetadas por alguma calamidade, seja ela provocada pela ação da natureza ou humana. Quando ocorre um desastre, uma sequência de fatores afeta diretamente a população local, colocando um grande número de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, fazendo com que seja necessária a adoção de medidas emergenciais e com prontidão para retomar a ordem e a estabilidade.

A tragédia que assola o Rio Grande do Sul é a pior que o estado já passou em toda a sua história e deve ser uma das mais graves em quantidade de pessoas e área afetadas.

A Força Aérea Brasileira (FAB) reagiu de forma imediata já nos primeiros momentos da emergência.

O quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAV)Esquadrão Pantera, um esquadrão equipado com os helicópteros H-60L Black Hawk e reconhecido pela sua polivalência no cumprimento das mais variadas tarefas que envolvem a aviação de asas rotativas, foi o primeiro a chegar na cena.

Voando em mau tempo e desafiado pelas chuvas e rajadas de vento, o Esquadrão voou diuturnamente resgatando pessoas para locais seguros. O esforço foi incrementado com a chegada de mais helicópteros de outras unidades aéreas.

QUANDO TODOS OS MEIOS SÃO NECESSÁRIOS

Produtor da agência de conteúdo e comunicação Hunter Press

Com os passar dos dias, percebemos que a resposta para a tragédia passou a se desdobrar em outros tipos de missão. É comum ver todo o tipo de avião de transporte levando os mais variados insumos para ajudar a população, como roupas, alimentos, remédios e materiais para auxiliar os profissionais nos resgates. Esse apoio é preponderante para retirar as pessoas da vulnerabilidade.

Em alguns locais, pela ausência de áreas de pouso ou estradas para permitir o fluxo logístico, a aviação de transporte da FAB passou a fazer o ressuprimento por meio do lançamento de cargas em quantidades volumosas e de maneira contínua.

Em outros casos, os aviões lançaram bilhetes para grupos de pessoas questionando se precisavam de resgate ou apenas de suprimentos. Apesar de ser algo exaustivamente treinado pelas tripulações, a aplicação nesse tipo de situação não é algo comum de ser visto.

Do espaço, as imagens coletadas pelos satélites e processadas por especialistas da FAB ajudam diversas entidades e órgãos a melhor conduzirem os trabalhos de resgate, de apoio e o monitoramento de áreas de risco.

Por fim, a ajuda também veio por meio da aviação de caça, quando dois AMX A-1M do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAV) - Esquadrão Poker, foram acionados no “estalar de dedos” para mapear a situação de 13 barragens espalhadas no estado. Em questão de poucas horas, os relatórios de missão de reconhecimento estavam à disposição das autoridades demonstrando a prontidão das equipagens e de um avião que, em 2024,

completa os seus 35 anos de operação na FAB e continua mais do que moderno e necessário para as ações de guerra e de não guerra.

Responder com prontidão e precisão nessas situações faz parte das missões das Forças Armadas, estabelecidas por meio das Leis Complementares.

Dispor de tripulação altamente treinada para resgatar pessoas por meio de um guincho num voo pairado em condições adversas, lançar a carga com precisão e fazer o reconhecimento tático em questão de horas exigem investimentos constantes na área da Defesa.

A tragédia no Rio Grande do Sul demonstrou, mais uma vez, que a importância das Forças Armadas vai muito além da manutenção da soberania e da dissuasão.

É comum ouvir a frase velha e desbotada de que o Brasil não precisa de Forças Armadas porque não entra em guerra.

Felizmente, vivemos uma geopolítica regional que nos afasta de conflitos, mas não das catástrofes.

Mais uma vez, uma situação real demonstrou na prática que a Defesa não se compra numa prateleira de supermercado, não se treina e se equipa da noite para o dia. Por isso ela deve ser constantemente mantida atualizada, moderna e muito bem treinada.

Traçando um paralelo com o cotidiano, a Defesa é o plano de saúde, é o seguro do automóvel, que é pago todos os meses para não ser usado. Mas quando precisamos acioná-los, sentimo-nos aliviados por termos esses recursos disponíveis.

Por jornalista João Paulo Zeitoun Moralez

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