Aerovisão 277 - Jan/Fev/Mar de 2024

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ENTREVISTA

Secretário da SEFA destaca as principais diretrizes da Organização Militar

AMAZÔNIA TECNOLOGIA

Forças Armadas intensificam ações na Terra Indígena Yanomami

Conheça os eVTOLs: “carros voadores” e “drones de passageiros”

ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER

Edição nº 277 Ano 51

Janeiro / Fevereiro / Março - 2024

Plano de voo 8

ENTREVISTA

Secretário da SEFA

O Chefe da Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita, fala sobre a gestão dos recursos financeiros na Força Aérea Brasileira.

CAMPANHA INSTITUCIONAL

A nossa Força onde o Brasil precisar

FAB lança nova Campanha Institucional para 2024 destacando missões que têm atendido aos brasileiros em qualquer lugar do mundo.

EXPEDIENTE

Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF Tiragem: 5 mil exemplares.

Período: Janeiro/Fevereiro/Março - 2024 Ano 51

Contato: redacao@fab.mil.br

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Daniel Cavalcanti de Mendonça

Vice-Chefe do CECOMSAER:

Coronel Aviador Fabiano Pinheiro da Rosa

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Tenente-Coronel Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Michelson Abrahão Assis

Chefe da Seção de Produção:

Capitão Jornalista Emília Cristina Maria (MTB - 14234/RS)

Editor-Chefe:

Tenente Jornalista Johny Lucas Vasconcelos dos Santos (MTB - 1484/AM)

Edição:

Tenente Jornalista Gabrielle Varela Ferreira (MTB - 10234/ DF)

Diagramação: Sargento TIN Fabiana Gomes da Silva Soldado SNE Arthur Augusto Aranha

Revisão Ortográfica e Gramatical: Tenente QOEA Alex Alvarez Filho

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao

Impressão: Teixeira Digital

4 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
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AJUDA HUMANITÁRIA

Apoio assistencial da FAB Reportagem especial mostra os aspectos mais importantes da Operação Voltando em Paz, da repatriação de brasileiros na Turquia e na Ucrânia e, ainda, as missões na Terra Indígena Yanomami.

30 AVIAÇÃO DE CAÇA

Mais um Gripen no Brasil

Veja os detalhes da chegada de mais um caça F-39 Gripen no Brasil após cerca de 20 dias de viagem em um navio vindo da Suécia.

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OPERACIONAL

ExCon Escudo-Tínia

As Aviações de Caça, de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, de Asas Rotativas e de Transporte reuniram esforços e aeronaves no sul do país para mais uma edição do Exercício Conjunto Escudo-Tínia.

Veja a edição digital

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SEGURANÇA OPERACIONAL

O futuro já é presente

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo tem acompanhado os crescentes voos de drones no Brasil e os novos desafios do espaço aéreo, junto à evolução mundial do setor de mobilidade urbana.

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OPERAÇÃO CATRIMANI

Ações na Região Amazônica

Veja o trabalho das Forças Armadas na Operação Catrimani, que deu continuidade às Operações Escudo Yanomami e Operação Ágata Fronteira Norte, onde o transporte logístico da FAB tem auxiliado na entrega de alimentos às comunidades indígenas e evacuações aeromédicas.

61 INOVAÇÃO

Avanços Tecnológicos

A reportagem aborda as novidades no campo da pesquisa e da inovação aeronáutica no âmbito dos laboratórios do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA).

64 ESPAÇO

Satélite desenvolvido pelo ITA

Confira os detalhes do desenvolvimento e ação do ITASAT, que completa cinco anos em órbita.

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VOO MENTAL

ARP na Amazônia

O artigo da AEL Sistemas, parceira da FAB, destaca a colaboração dos Veículos Aéreos não Tripulados no monitoramento da Amazônia em combate à criminalidade.

5 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
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Aos Leitores

UMA FORÇA ALÉM DO QUE IMAGINAMOS

Por uma gama de missões de ajuda humanitária, superações e serviços prestados pela nossa Força Aérea Brasileira (FAB), trazemos, nesta primeira edição de 2024 da AEROVISÃO, uma reportagem especial sobre os detalhes e os aspectos mais importantes da Operação Voltando em Paz, que trata do resgate de brasileiros e estrangeiros em Israel, durante o conflito na Faixa de Gaza, e, ainda, da repatriação dos brasileiros que estavam na Turquia e foram afetados pelo terremoto.

Como mais um desdobramento das Operações Yanomami e Ágata Fronteira Norte, as Forças Armadas seguem enviando esforços para a Operação Catrimani, a fim de realizar o transporte e a entrega de alimentos na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima, sob coordenação do Ministério da Defesa. A FAB ainda atua no monitoramento do espaço aéreo da região, como forma de evitar aeronaves irregulares envolvidas no garimpo ilegal.

Nas nossas páginas amarelas, entrevistamos o Chefe da Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita, que fala sobre a gestão dos recursos financeiros e ainda desenvolvimentos importantes para a Força.

Em outra reportagem, destacamos o Exercício Conjunto Escudo-Tínia, que uniu as aviações de Caça, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, Asas Rotativas e de Transporte em atividades com mais de 30 aeronaves, atuando de forma coordenada e em apoio mútuo, com o objetivo de treinar as capacidades operacionais no enfrentamento de desafios em operações militares complexas.

Com satisfação especial, destacamos ainda a chegada de mais uma aeronave F-39 Gripen, que vai compor a frota da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, tendo como guardião o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) - Esquadrão Jaguar, sediado na Base Aérea de Anápolis (BAAN). E ainda, como instrumento para a segurança operacional, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo tem acompanhado a evolução mundial do setor de mobilidade urbana com os crescentes voos de drones no Brasil.

Cabe ressaltar que o desenvolvimento e a evolução de projetos da Força Aérea Brasileira não seriam os mesmos sem alguns parceiros estratégicos. E é essa a essência do Voo Mental desta edição, no qual o leitor vai conferir um artigo do Brigadeiro do Ar Paulo Ricardo Laux sobre como os Veículos Não-Tripulados (VANT) podem colaborar com o monitoramento da Amazônia no combate à criminalidade.

Boa Leitura!

Brigadeiro do Ar

Daniel Cavalcanti de Mendonça

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Nossa capa:

A capa desta edição destaca a nova campanha Institucional da Força Aérea Brasileira que evidencia a missão constitucional de “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria”. Com o tema “A Nossa Força onde o Brasil precisar”, a imagem principal é representada por militares ao lado dos principais meios aéreos, tendo como cenário de fundo o território nacional. A campanha traz o compromisso contínuo da Força, dentro de sua missão constitucional, em atender às demandas emergentes da Nação em todas as partes do país e, por vezes, além das nossas fronteiras. A arte foi produzida pelo Tenente Publicitário Calazans e pelo Suboficial Especialista em Desenho Edmilson.

6 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Palavras do Comandante

A NOSSA FORÇA ONDE O BRASIL PRECISAR

A Força Aérea Brasileira é um braço fundamental das Forças Armadas do Brasil, desempenhando um papel crucial na defesa do nosso país e na promoção da paz e da segurança em todo o território nacional.

Nossos valores fundamentais são a disciplina, a ética, o profissionalismo e o espírito de corpo. Buscamos constantemente a excelência em todas as nossas áreas de atuação, sejam elas operacionais, tecnológicas, administrativas ou de apoio.

A FAB possui uma história rica e orgulhosa, com inúmeras conquistas e contribuições para o desenvolvimento do Brasil. Estamos presentes nos céus do país, realizando missões de vigilância, defesa aérea, transporte, resgate e muitas outras.

Neste ano de 2024, lançamos a nova campanha da FAB: “A Nossa Força onde o Brasil precisar”, destacando a prontidão da Força Aérea e a sua importância para a

sociedade, enaltecendo o trabalho realizado por todo o efetivo.

Nossa visão é sermos reconhecidos como uma Força Aérea moderna, ágil, pronta para atuar em qualquer cenário e contribuir para a defesa da soberania do Brasil. Estamos comprometidos com a inovação, a segurança operacional e a eficiência em todas as nossas atividades, em uma área equivalente a 22 milhões de quilômetros quadrados do nosso país.

Portanto, como Comandante da Aeronáutica, reafirmo meu compromisso em liderar esta instituição com dedicação, responsabilidade e respeito aos princípios que nos norteiam. Juntos, continuaremos a cumprir nossa missão constitucional de “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria”. Que Deus abençoe a Força Aérea Brasileira e a todos os nossos integrantes.

Comandante da Aeronáutica

7 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

GESTÃO DE QUALIDADE

A Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA) tem como principal missão prover apoio administrativo, financeiro, contábil e patrimonial para o Comando da Aeronáutica (COMAER). Nessa entrevista, o Secretário da SEFA, TenenteBrigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita, fala sobre as estratégias para seguir aperfeiçoando as práticas de governança e gestão da Organização Militar. O primeiro passo será analisar as oportunidades de melhorias por meio das orientações do plano estratégico do COMAER e das diretrizes do Comandante da Aeronáutica.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS MARIZE TORRES

8 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão ENTREVISTA

O Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita é natural do Rio de Janeiro. Foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 1987 e atingiu o atual posto em 2023. Possui diversos cursos acadêmicos de carreira e ainda MBA em Gestão de Processos pela Universidade Federal Fluminense e Gestão Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Perfil Foto: Sargento
9 Jan/Fev/Mar/2024
P. Silva/ Força Aérea Brasileira
Aerovisão
Aerovisão Jan/Fev/Mar/2024 10

Quais foram as principais diretrizes de comando que o senhor estabeleceu ao assumir a SEFA?

por uma equipe que encontrei de profissionais de diferenciada qualidade.

que estão em elaboração. De certo, em pouco tempo resultados promissores serão observados.

A nossa Secretaria é o Órgão Central de 11 dos 42 Sistemas da Força Aérea. Assim, em um primeiro momento, preocupeime em conhecer a SEFA e suas variadas atribuições, visto que eu nunca havia servido nesse Órgão de Direção Setorial. Considerando a minha experiência pregressa como Comandante de duas Bases Aéreas, de Grupo de Serviços de Base (GSB) e também a de Chefe do Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER), alguma “bagagem” adquirida sobre a área administrativa foi fundamental para absorver alguns conhecimentos iniciais, mas que foram muito bem sedimentados

Procurei fazer entender aos nossos homens e mulheres que o trabalho em andamento precisaria ter continuidade, de forma cada vez mais eficiente e eficaz.

Além disso, sublinhei a importância da missão da SEFA em prestar todo o apoio necessário e fundamental para o cumprimento da missão síntese da Força de “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da pátria”.

Mostrei ser de primordial relevância, ainda, o aprimoramento de importantes Projetos como os REPOUSAR, INTERNALIZAR, FACILITAR, REUTILIZAR e outros

Orientei, por fim, os chefes e diretores a investirem na capacitação de seu pessoal, no fortalecimento de valores e na saúde mental, física e espiritual do efetivo, tendo sempre em vista que o capital humano é o maior bem da Força, e a SEFA desempenha um papel fundamental no suporte aos homens e mulheres que estão no serviço ativo, bem como aos seus veteranos e pensionistas. Cada dirigente de organização subordinada buscará a máxima valorização de seus subordinados, na certeza de que o crescimento profissional de cada um contribuirá diretamente no sucesso do cumprimento da missão.

Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea
11 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Brasileira A Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica tem como missão prover o apoio administrativo, financeiro contábil e patrimonial para o COMAER cumprir sua missão

A SEFA já é uma referência na gestão e execução das atividades administrativas, econômicas e financeiras, e no aperfeiçoamento das práticas de governança e de gestão estratégica no Comando da Aeronáutica. A que o senhor atribui esse grau de excelência?

Esse reconhecimento pode ser atribuído, essencialmente, à contínua busca pela atualização e capacitação dos integrantes das Diretorias que atuam diretamente nas áreas administrativa, contábil, econômica e financeira, realizando o acompanhamento da gestão do COMAER. Essa equipe orienta os atores correspondentes de maneira tempestiva e pautada em atos de governança, por meio de diversos mecanismos e sistemas de assessoramento e orientações, como o Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), mensagens do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) e outros indicadores constantemente criados pelos responsáveis em suas áreas. A SEFA busca garantir que todos os processos realizados, no âmbito do Comando da Aeronáutica, tenham total aderência às normas, pareceres técnicos e jurídicos em vigor.

De um lado, as Diretorias buscam continuamente atualizar os sistemas sob sua responsabilidade e estruturar os normativos, de modo a permitir uma adequada atuação dos nossos gestores; por outro lado, motivam o desempenho desses, no cumprimento dos normativos, na aderência às regras estabelecidas e na interação com a Diretoria de Administração da Aeronáutica (DIRAD) e a Diretoria de Economia e Finanças da Aeronáutica (DIREF), em prol do aperfeiçoamento dos sistemas.

De forma geral, posso dizer

que o grau de excelência alcançado pela SEFA em relação à gestão e execução das atividades econômicas e financeiras, bem como no aperfeiçoamento das práticas de governança e gestão estratégica no Comando da Aeronáutica, pode ser atribuído a diversos fatores, a saber:

• Profissionalismo e Capacitação: qualificação continuada nas áreas de economia, finanças e gestão, permitindo execução eficiente do orçamento, focada nas Diretrizes emanadas pelo Comandante da Aeronáutica;

• Tecnologia: foco em sistemas de apoio à decisão apoiados por ferramentas informatizadas e uso de tecnologias financeiras modernas,

favorecendo a gestão eficiente dos recursos, o monitoramento das atividades e a tomada de decisões;

• Planejamento Estratégico: planejamento robusto, aderente à missão, à visão e aos valores do Comando da Aeronáutica que fazem com que a Secretaria defina metas de forma clara, identificando áreas com oportunidades de melhoria e priorizando alocação de recursos de maneira eficaz para atingir seus objetivos;

• Controle Interno e Compliance : Mecanismos de controle interno e de conformidade que asseguram o cumprimento das normas e regulamentos, além da adoção de boas práticas, proporcionando o adequado

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tratamento aos riscos; e

• Busca da Eficiência e da Efetividade: especialmente na descentralização de recursos e no acompanhamento da execução orçamentária e financeira, bem como na avaliação constante dos resultados alcançados, os quais contribuem para a otimização dos processos finalísticos e a maximização dos efeitos das políticas públicas que são objeto das ações orçamentárias.

Esses fatores, os quais refletem a Missão, a Visão e os Valores da SEFA, combinados e gerenciados de forma integrada, resultam no alto grau de excelência da Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica.

Recentemente, a SEFA ativou o Instituto de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica. Como o senhor acredita que o IEFA cumprirá sua finalidade de capacitar gestores e agentes da administração do Comando da Aeronáutica?

Acredito que a base para a capacitação estará calcada nas novas modalidades de ensino à distância. Nesse contexto, deveremos realizar parcerias com as demais instituições de excelência nas áreas de conhecimento relacionadas à SEFA.

Outro aspecto a ser observado será o correto direcionamento das novas demandas de competências dos gestores, diante dos crescentes desafios atuais, estimulando a

busca continuada pela excelência da capacitação, que pode ser atingida também por intermédio de cursos de pós-graduação em instituições nacionais e internacionais.

Caberá ao IEFA, também, buscar a atualização junto a esses nichos de conhecimento, para manter o nosso ensino no mais alto nível.

De que forma a SEFA, por meio do IEFA, fomentará pesquisas nas áreas de economia, finanças e administração?

Na medida em que as oportunidades de melhorias são identificadas, as parcerias com as entidades de excelência em ensino e pesquisa deverão ser utilizadas para o compartilhamento de dados e a busca por soluções inovadoras. A vinculação ao Sistema Nacional de Inovação (SNI) para a obtenção de recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e as parcerias com parques tecnológicos serão importantes para o estabelecimento de novos modelos de inovação.

Além do uso de tecnologias inovadoras para a otimização das diversas atividades, como por exemplo a utilização da Inteligência Artificial (IA) para atividade de planejamento, controle e substituição de rotinas, outro ponto fundamental é a inovação dos procedimentos de aquisição. O fomento à pesquisa nas áreas de economia, finanças e administração certamente trará evoluções nos processos e serviços que a SEFA entrega às Unidades apoiadas.

Ademais, a utilização de novas modalidades de aquisição, como o diálogo competitivo e as encomendas tecnológicas, podem ser um fator importante para a busca pelo aumento de eficiência, eficácia e efetividade nas atividades da SEFA e, sobretudo, para o suporte administrativo em projetos liderados pelas demais organizações relacionadas às atividades finalísticas do COMAER.

Força
13 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Suboficial Johnson/
Aérea Brasileira
A SEFA dispõe de um efetivo de mais de 6.200 homens e mulheres, militares e servidores civis, distribuídos de norte a sul do país

Como a gestão do senhor na SEFA contribuirá com a otimização dos processos administrativos na busca por maior eficiência?

De início, julgo oportuno mencionar que primarei em dar sequência ao ótimo trabalho realizado pelo meu antecessor, Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo Augusto Fonseca Neubert, e sua equipe.

No decorrer dos anos, buscarei conduzir os gestores no contínuo levantamento de dados e indicadores que efetivamente contribuam para o processo decisório do Alto-Comando

da Aeronáutica, apresentando àquele elevado órgão decisor alternativas fundamentadas em dados realistas das condições de nossas estruturas de apoio.

Acredito que, diante de eventuais incertezas orçamentárias, a meta é sempre buscar “fazer mais com menos”, por meio da identificação das necessidades da Força Aérea e da busca do pleno atendimento dessas necessidades sem desperdícios. Para tanto, estamos mapeando continuamente a atual situação do Comando da Aeronáutica em termos

de atividades de apoio, contrapondo necessidades e capacidades, de modo a atender plenamente àquelas sem o desperdício destas. Tal postura tem, como fim último, o emprego eficiente dos recursos orçamentários que a sociedade e o Estado outorgam ao Comando da Aeronáutica.

As Unidades Executoras subordinadas à SEFA atuarão sempre em prol da celeridade na execução dos processos, procurando assegurar o binômio segurança e qualidade. A Governança no acompanhamento dos processos administrativos, em

14 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

todos os níveis, é essencial e levará o Comando da Aeronáutica a atingir um elevado patamar de excelência no cumprimento de sua missão.

O primeiro passo será analisar as oportunidades de melhorias, por meio das orientações do Plano Estratégico do COMAER e da Diretriz do Comandante da Aeronáutica. Outro ponto será a observação criteriosa dos indicadores de desempenho institucionais e a análise estratégica dos custos contábeis. Esses elementos pavimentarão a base para a identificação e priorização dos nossos

desafios, que estarão contemplados no plano setorial.

Por outro lado, a capacitação de alto nível do nosso pessoal e o contato mais estreito com os campos científicos, tecnológicos e as demais instituições similares do Brasil e exterior servirão para a verificação de novos métodos e processos que subsidiarão a busca pela maior eficiência.

ainda desconhecidos, aos quais a SEFA se manterá atenta, buscando a atualização de conhecimento para seus integrantes, e sempre pronta a assessorar, acompanhar e orientar os gestores.

A SEFA tem como Visão ser referência na gestão e execução das atividades administrativas, econômicas e financeiras, e no aperfeiçoamento das práticas de governança e de gestão estratégica

Por fim, um estreitamento na relação com a Secretaria de Orçamento e Organização Institucional do Ministério da Defesa (MD) e também com os órgãos vocacionados ao orçamento da Marinha do Brasil (MB) e do Exército Brasileiro (EB) será sempre buscado, com o intuito de que, de forma conjunta, possamos angariar com o meio político a recomposição de recursos necessários para o cumprimento de nossa missão.

No campo das relações institucionais, como o senhor pretende facilitar a interação com órgãos externos e valorizar o fortalecimento da representação institucional?

Na área de aquisições e contratações, destaco a necessidade de manter estreita aproximação com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), especialmente com a Diretoria de Normas e Sistemas de Logística (DELOG), diante da recente mudança da Lei de Licitações e Contratos, tendo em vista que ainda são muitos os desafios a se enfrentar.

A nova Lei foi muito estudada pelos integrantes da SEFA, houve uma intensa preparação visando à plena entrada em vigor da norma, tendo sido realizados diversos eventos visando à capacitação de todos os gestores do Comando da Aeronáutica, tais como seminários, workshops e outros, com a participação de autoridades no assunto, civis e militares. Entendo que a plena aplicação da nova Lei de Licitações aos novos processos mostrará desafios

Para tanto, as relações institucionais terão que ser fortalecidas de modo a aprimorar o trânsito que os integrantes da SEFA já mantêm com outros órgãos do Estado. Muitas atividades desenvolvidas pela SEFA encontram paralelo em outros órgãos governamentais, motivo pelo qual o Comando da Aeronáutica se beneficia de iniciativas implantadas nesses órgãos, particularmente aquelas que trazem maior eficiência e flexibilidade administrativas. Cito como exemplo extremamente positivo as iniciativas da Central de Compras, instituição subordinada ao MGI que já tem trazido parcerias e ideias disruptivas, no âmbito das contratações de matérias e serviços, às quais o Comando da Aeronáutica tem se inserido paulatinamente. Portanto, as relações institucionais da SEFA terão como princípio um constante “olhar para fora”, de modo a identificar as melhores práticas, analisar sua aplicabilidade no âmbito do COMAER e facilitar a implantação dessas práticas, sempre que viável.

Pretendo direcionar nosso time para estabelecer parcerias em todas as camadas da sociedade, não só no âmbito do Governo Federal, mas também junto às entidades privadas, procurando sempre uma atuação próxima que fortaleça os alicerces de nossas bases institucionais. O trabalho em sintonia com as empresas vinculadas ao apoio administrativo será constante em todas as áreas, seja junto a instituições bancárias na parte financeira; indústrias têxteis, na confecção de nosso fardamento; na esfera jurídica e em tantas outras na execução de nossos processos de aquisição, em prol dos nossos objetivos estratégicos.

Foto: Suboficial Johnson/
Aérea Brasileira
Força
15 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

O senhor poderia delinear um panorama de como será o futuro da Força Aérea Brasileira no campo da economia e fi nanças em prol do cumprimento da missão da FAB?

Nos próximos anos, os principais desafios do COMAER com relação à governança na área de licitações e contratos serão afetos à consolidação da implantação da nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021), a qual ainda carece de regulamentações importantes, bem como o desenvolvimento de novas funcionalidades dos sistemas estruturantes do Governo Federal. A SEFA estará acompanhando todas essas evoluções.

Consigo vislumbrar um panorama futuro da FAB no qual a atividade de economia e fi nanças esteja cada vez mais ligada ao cumprimento de sua missão institucional. Para tanto, entendo ser necessário o foco nos seguintes aspectos:

•Investimento crescente em tecnologia de informação e busca da inovação em processos que possibilitem uma administração orçamentária e financeira mais eficiente, incluindo automação de processos, análise de dados e ferramentas de planejamento financeiro e inteligência de negócios;

•Capacitação crescente dos recursos humanos, desenvolvendo competências altamente capacitadas em economia, finanças e gestão, a fim de buscar administração cada vez mais aprimorada do orçamento do COMAER;

•Desenvolvimento de estratégias de gestão de riscos orçamentários para garantir a continuidade de suas operações, diante das incertezas orçamentárias e da volatilidade macroeconômica; e

•Aprimoramento da gestão baseada em sistemas, em uma visão holística que reconheça as interconexões multidisciplinares

A grande amplitude e a singular diversidade dos assuntos tratados pela SEFA atestam claramente a relevância de sua presença no dia a dia do Comando da Aeronáutica

das diversas atividades de contabilidade, gestão de custos e execução orçamentária e fi nanceira, estruturando de forma efi ciente os sistemas que compõem tais domínios transversais nos processos de competência da SEFA que contribuem para os objetivos organizacionais.

Ao focar nesses aspectos, adotando uma abordagem proativa e inovadora para a gestão de economia e finanças, a SEFA certamente estará mais bem

posicionada para contribuir para o cumprimento da Missão da FAB.

A Força Aérea está vocacionada a ser uma entidade de excelência no uso de tecnologias para a manutenção da soberania do espaço aéreo. Os novos vetores aéreos, os novos sistemas de armas, os sistemas espaciais, os sistemas de guerra eletrônica e cibernética são elementos imprescindíveis de dissuasão. Nesse cenário em constante evolução,

16 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

alinhada aos desafios relacionados às restrições orçamentárias, a busca por aumento da capacidade tecnológica ocorrerá por meio de parcerias, iniciadas na fase de concepção, entre o corpo operacional e técnico e as fontes externas de pesquisa, desenvolvimento e produção em torno de projetos com tecnologias duais. Dessa forma, a promoção e a manutenção de parcerias estratégicas, a busca por novos fornecedores, a

gestão dos riscos, dentre outros, são exemplos de atividades vocacionadas aos homens e mulheres do Campo da Economia, Finanças e Administração.

O papel da SEFA será cada vez mais integrado com as atividades fi nalísticas e mais impactante para os resultados estratégicos da Força Aérea, pois as novas tecnologias sempre são mais caras do que as que se tornaram obsoletas, e isso faz com que escolhas difíceis tenham que ser

tomadas ao serem priorizados os investimentos. Não há espaço para erros nesse cenário e a missão da SEFA terá um papel cada vez mais importante no processo decisório.

Tenho plena convicção de que teremos sempre total capacidade em apoiar a nossa Força Aérea na sua missão síntese e estaremos a qualquer tempo prontos para dar o suporte para “Nossa Força onde o Brasil precisar”.

17 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin/ Força Aérea Brasileira

FAB LANÇA CAMPANHA

INSTITUCIONAL DE 2024:

“A NOSSA FORÇA ONDE O BRASIL PRECISAR”

O objetivo é ressaltar a prontidão da Força Aérea e a sua importância para a sociedade

MAJOR AVIADOR RODOLFO

18 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão CAMPANHA INSTITUCIONAL
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda CECOMSAER

Com a missão constitucional de “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria”, a Força Aérea Brasileira (FAB) desempenha um trabalho essencial em todo o Brasil. Atuando na defesa das nossas fronteiras, no controle do espaço aéreo de uma área equivalente a 22 milhões de quilômetros quadrados e na integração nacional, sua presença é fundamental para o progresso do país. Com o objetivo de dar mais visibilidade às atividades realizadas, a FAB divulga a sua nova campanha institucional, que traz o tema: “A Nossa Força onde o Brasil precisar”.

A arte principal do material de divulgação é representada por militares ao lado dos seus principais meios aéreos, tendo como cenário de fundo o território nacional. Juntamente ao tema da campanha, o material promocional encapsula o compromisso contínuo da Força, dentro de sua missão constitucional, em atender as demandas emergentes da nação em todas as partes do país e, por vezes, além das nossas fronteiras.

19 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Um dos publicitários participantes do processo criativo, Tenente Gabriel José Mesquita Monteiro Dias, explica que o processo de criação se inicia com meses de antecedência, envolvendo pesquisas de referência e processos de brainstorm (compartilhamento de ideias), levando-se sempre em consideração os objetivos estratégicos de Comunicação da FAB e a mensagem que se deseja transmitir ao público-alvo.

“Após a aprovação do conceito criativo da campanha, inicia-se a fase de produção, cuja equipe, formada por publicitários e desenhistas, desenvolve as diversas peças gráficas e digitais de acordo com o conceito definido”, conta o Oficial.

Além disso, a FAB enaltece seu ativo mais precioso, aquele que é responsável direto pelo sucesso no cumprimento das atribuições: as pessoas. “Essa campanha é muito

20 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
ARTES: Subdivisão de Publicidade e Propaganda CECOMSAER

baseada no que foi a Força Aérea em 2023. Nós tivemos atividades de apoio à sociedade, fazendo a integração nacional, tanto no Brasil como fora, em vários locais. E essa campanha, para este ano, tem um enredo muito especial. Temos a certeza absoluta de que, como sempre, continuaremos apoiando o Brasil nas suas maiores e menores necessidades, onde o Brasil precisar”, destaca o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.

Ao longo do ano, as peças publicitárias serão utilizadas em diversos canais de Comunicação Social da FAB, como vídeos, exposições, mídias sociais, entre outros. Dessa forma, a Força Aérea Brasileira reitera seu compromisso com a excelência, com a ética e com a inovação, contribuindo para a construção de um país mais forte.

21 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

AS ASAS HUMANITÁRIAS DA

FAB: UM

COMPROMISSO GLOBAL COM A SOLIDARIEDADE

A FAB tem se destacado como uma Força essencial na ajuda humanitária em situações críticas ao redor do mundo. Com operações precisas e respostas rápidas, a FAB tem sido a esperança, estendendo suas asas para socorrer compatriotas e cidadãos de outras Nações em momentos de crise.

TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

Foto: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER 22 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão ASAS QUE AJUDAM

Operação Voltando em Paz: Um resgate heroico

No auge do conflito entre o Hamas e o Governo de Israel, a FAB desencadeou, recentemente, em outubro de 2023, uma das maiores operações de resgate de sua história, a Operação Voltando em Paz, que foi uma demonstração impressionante de sua capacidade operacional. Nela, mais de 1.500 pessoas foram trazidas de volta ao Brasil em uma missão que exigiu precisão e, principalmente, coragem. O Brasil foi a primeira Nação a ir em busca dos seus e a FAB, com maestria, superou desafios logísticos e preocupações com segurança para garantir a evacuação segura de seus

cidadãos.

A operação destacou a habilidade da FAB em realizar missões complexas em ambientes hostis. As tripulações das aeronaves KC-30 –Operadas pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário e KC-390 Millennium – Operadas pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) –Esquadrão Gordo, que participaram ativamente do resgate, demonstraram um profissionalismo exemplar e um compromisso inabalável com a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos.

O Oficial de Operações e um dos

pilotos da missão, Major Aviador Rafael de Oliveira Bertholdo, comentou que esta missão foi uma grande responsabilidade para a tripulação e, além disso, comprovou também a característica de prontaresposta da Força Aérea. “Foi possível preparar as aeronaves e coordenar a missão em um curto espaço de tempo. Ficou nítida a real necessidade de nosso país possuir aeronaves desse porte. O KC-30 tem como uma das principais características a capacidade de transportar um grande número de pessoas, com segurança, para longas distâncias. Assim, essa foi uma missão real de utilização do poder aéreo em tempo de guerra”, destacou.

23 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
A Operação Voltando em Paz repatriou mais de 1.500 pessoas e 50 animais de estimação em aeronaves da Força Aérea Brasileira

Foi neste sentido que o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, em um de seus

discursos sobre esta Operação, desencadeada pelos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, evidenciou não apenas

Ao todo, a Operação Voltando em Paz repatriou 1.135 brasileiros. E para isso, foram empregadas três aeronaves (KC- 30, KC – 390 Millenium e VC-2) em 14 voos, nos quais mais 150 militares de diversas áreas atuaram em apoio à missão.

“A atuação da psicologia consistiu em prestar suporte tanto para os brasileiros que estavam sendo repatriados, quanto à tripulação envolvida na operação. Em relação aos repatriados, muitos haviam vivenciado momentos potencialmente traumáticos, envolvendo o risco da própria morte, a perda de amigos e familiares e, se não a destruição de seus lares, ao menos o afastamento repentino e sem planejamento de onde estavam estabelecidos.

O trabalho do psicólogo envolveu busca-ativa, visando identificar pessoas que estivessem em sofrimento emergencial, na intenção de promover o gerenciamento

emocional, evitando a instalação de um quadro crítico mais grave. O trabalho foi coordenado com a equipe médica, quando necessário.

Neste sentido, nossos atendimentos iniciaram ainda antes do embarque dos passageiros, já que momentos antes a sirene de alerta

a capacidade operacional da Força Aérea, como também a condução exemplar da missão por todos os militares envolvidos. “A operação, que envolveu o repatriamento de brasileiros do Oriente Médio em um momento crítico de conflito, demonstra a capacidade da FAB em atuar em situações desafiadoras, sempre primando pela segurança e bem-estar dos cidadãos. Assim, a Força Aérea Brasileira reafirma seu compromisso inabalável com a defesa dos interesses nacionais e a prestação de serviços humanitários, sempre pronta para cumprir sua missão com excelência”, disse.

havia soado. O objetivo final de que chegassem ao Brasil em segurança foi atingido. O sentimento de missão cumprida é inenarrável”, descreveu a Capitão Psicóloga Bianca Silveira Rovella, que esteve a bordo da segunda aeronave usada para o resgate dos brasileiros.

Foto: Sargento Vanessa Sonaly / Força Aérea Brasileira
24 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Sargento Neris / Força Aérea Brasileira

Resgate na Ucrânia: Solidariedade em tempos de conflito

Além das operações no Oriente Médio, muito antes, em março de 2022, a Força Aérea estendeu suas ações de ajuda humanitária para a Ucrânia, onde brasileiros foram resgatados em meio a um cenário de guerra. O comprometimento da FAB com o resgate em áreas de conflito mostra o papel crucial que a Força exerce na proteção e assistência aos cidadãos brasileiros em situações extremas.

A médica brasileira Amarilis Tomaz Cabral, de 28 anos, que morava há cinco na Ucrânia, foi uma das 68 pessoas resgatadas nessa missão e chegou ao Brasil com sentimento de gratidão. “Quando soube que o Brasil iria enviar um avião para nos buscar, mesmo passando por situações de dificuldade e, até medo, senti um alívio, pois sabia que iria voltar em segurança para o meu País, para a minha Nação, para a minha Família”, relatou à época.

25 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Sgt Viegas / Força Aérea Brasileira Foto: Sgt Figueira Força Aérea Brasileira Refugiados vindos da Ucrânia chegaram ao Brasil em um KC-390 Millennium

Operação Yanomami: Compromisso com os povos indígenas

No Território Nacional, a Operação Yanomami ressalta o compromisso da FAB com os povos indígenas, ao levar assistência humanitária aos Yanomami na Amazônia. Cestas básicas foram lançadas e um Hospital de Campanha (HCAMP) foi instalado, mostrando a dedicação da FAB em atender às necessidades das comunidades mais remotas e vulneráveis do Brasil.

Assim, desde janeiro de 2023, o Ministério da Defesa integra a forçatarefa do Governo Federal para a proteção dos indígenas, além de atuar nas ações de combate a crimes transfronteiriços e de garimpo ilegal na região norte do país. Nesse período, as Forças Armadas empregaram cerca de 1.400 militares; realizaram 3.029 atendimentos médicos e 205 evacuações aeromédicas; e entregaram 36,6 mil cestas de alimentos aos Yanomami.

Hoje, a FAB segue empenhada em ajuda humanitária na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima (RR), com o transporte e a entrega de alimentos por meio do Comando Operacional Conjunto Catrimani. (Leia mais na página 56).

26 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
27 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão
Marin / Força Aérea Brasileira
Fotos: Sargento Müller As Forças Armadas seguem empenhadas em ajuda humanitária na Terra Indígena Yanomami

Resposta ao terremoto na Turquia: Solidariedade que supera fronteiras

Quando um terremoto assolou a Turquia, em meados de fevereiro de 2023, a FAB mais uma vez demonstrou sua prontidão em fornecer apoio humanitário. Com a mobilização eficiente da aeronave KC-30 e de pessoal especializado, a Força Aérea Brasileira realizou o transporte de 17 pessoas, incluindo nove brasileiros. Além disso, levou 42 profissionais, entre bombeiros, equipes médicas e da Defesa Civil, juntamente com cerca de 10 toneladas de carga de alimentos e medicamentos, proporcionando grande suporte à população turca afetada pelos abalos sísmicos.

A Força Aérea Brasileira continua a desempenhar um papel vital na promoção da solidariedade global, utilizando suas capacidades operacionais onde o Brasil precisar. O compromisso da FAB vai além das fronteiras nacionais, refletindo um espírito de cooperação e auxílio que transcende as diferenças.

28 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão 28 Jul/Ago/Set/2023 Aerovisão
Foto: Sargento André/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento André/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento André/ Força Aérea Brasileira O voo, da Turquia para o Brasil, foi um dos mais longos de transporte aerologístico e durou cerca de 15 horas

Combate aos incêndios no Chile: As asas que acalmam as chamas

A FAB também desempenha um papel fundamental em missões internacionais de ajuda humanitária. Em março de 2023, durante os devastadores incêndios no Chile, a FAB mobilizou aeronaves (KC-390 Millenium e KC-30) e equipes especializadas para conter as chamas – lançando impressionantes 636 mil litros de água e realizando mais

de 40 horas de voo – e fornecer auxílio às comunidades afetadas. A rápida resposta da FAB foi essencial para o controle do incêndio, bem como para a proteção de comunidades vulneráveis, o que demonstra a sua capacidade de prontidão também em desastres naturais.

Ainda neste sentido, recentemente, a FAB auxiliou a Força Aérea Colombiana (FAC) no combate aos incêndios florestais que atingiram todo

o país: militares do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT)Esquadrão Zeus - e Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) - Esquadrão Gordo - equiparam a aeronave C-130 Hércules da FAC com o sistema da FAB, chamado de MAFFS I (sigla em inglês para Modular Airborne Fire Fighting System), equipamentos estes que foram fundamentais para realizar ações de combate a incêndio na Colômbia.

29 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão Foto: 1º/1º GT
Aeronave C-130 Hércules atuou no combate aos incêndios florestais que atingiram a cidade de Concepción, no Chile

MAIS UM DESEMBARCA NO BRASIL

Vetor de caça, que configura um salto qualitativo para a Força Aérea, conta com os mais modernos sistemas, sensores e armas para a operação em ambientes hostis e em cenários de combate complexos.

TENENTE JORNALISTA KELLY ERDMANN

F-39 Gripen decolou de Navegantes, no Estado de Santa Catarina, rumo à Base Aérea de Anápolis (BAAN), em Goiás, no dia 15 de dezembro de 2023

30 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão AVIAÇÃO DE CAÇA

Mais de 11 mil quilômetros e cerca de 20 dias separaram o ponto de partida, no Porto de Norrköping, na Suécia, da chegada, na Portonave, em Navegantes (SC), de mais um F-39 Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB). De matrícula FAB 4107, a aeronave de caça, fabricada pela empresa sueca SAAB, decolou rumo à Base Aérea de Anápolis (BAAN), em Goiás, no dia 15 de dezembro de 2023, para se juntar às outras seis unidades já em operação no Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA)Esquadrão Jaguar.

Com tecnologias de ponta, o F-39 Gripen configura um verdadeiro salto qualitativo para a FAB. O vetor é reconhecido pela eficiência, baixo custo de operação, elevada disponibilidade e capacidade tecnológica avançada, sendo capaz de cumprir missões

de defesa aérea, ataque ao solo e reconhecimento.

A aeronave atua com vários tipos de armamento, tanto com capacidade ar-ar, como ar-solo, sendo capaz de voar acima da velocidade do som e em uma altitude máxima de 16 mil metros. Além disso, entre as características do vetor está a capacidade de decolar e pousar em pistas curtas, o que possibilita a operação com pouca infraestrutura ou mesmo em rodovias, caso seja necessário.

O F-39 Gripen conta com os mais modernos sistemas, sensores e armas para a operação em ambientes hostis e em cenários de combate complexos. O tempo reduzido de reabastecimento, para rearmar e concluir inspeção técnica, promete ainda mais agilidade, precisão e efi ciência às missões de defesa aérea executadas pela FAB.

31 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Müller Marin/ Força Aérea Brasileira

A Operação Navegantes compreendeu o desembarque, o deslocamento e a decolagem da aeronave de matrícula FAB 4107

32 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Operação Navegantes

A missão que marcou a chegada de mais um F-39 Gripen ao Brasil compreendeu o desembarque, o deslocamento terreste até o aeroporto e a decolagem da aeronave de matrícula FAB 4107. Intitulada Operação Navegantes, representou mais um passo importante na consolidação da parceria entre Brasil e Suécia e, conforme o coordenador, Coronel Aviador Leandro Barbosa Ferreira Pinto, do efetivo da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), impulsiona a capacidade operacional da FAB na manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro.

A Operação Navegantes teve a participação de equipes da COPAC, do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), do Comando de Preparo (COMPREP), do Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA), do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), do Centro de Inteligência da Aeronáutica (CIAER), do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) e da Saab. A FAB ainda contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), da Guarda Municipal de Navegantes, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina (CBMSC), da Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), da Prefeitura Municipal de Navegantes, da Fundação Municipal de Vigilância e Trânsito (NAVETRAN) e da Receita Federal.

Foto: Kelly Erdmann/ Força Aérea Brasileira
33 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Kelly Erdmamn/ Força Aérea Brasileira Aeronave de caça chegou ao Brasil depois de 20 dias navegando a bordo de um navio proveniente da Suécia

O primeiro voo

O primeiro voo do F-39 Gripen de matrícula FAB 4107, iniciado às 10h35 da sexta-feira, dia 15 de dezembro de 2023, foi conduzido pelo piloto de ensaio do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), TenenteCoronel Aviador Abdon de Rezende Vasconcelos. Do Litoral Catarinense ao Planalto Central brasileiro, a aeronave percorreu os mais de mil quilômetros em aproximadamente uma hora e vinte minutos.

De acordo com o piloto, a experiência

de realizar o primeiro voo de uma aeronave F-39 Gripen recém-chegada ao Brasil é gratificante. “Pessoalmente, é uma oportunidade incrível, o ápice na carreira de qualquer piloto”, destaca. Esta foi a terceira unidade do caça que o Tenente-Coronel entregou ao Esquadrão Jaguar.

Neste caso em específico, segundo ele, por não ter pilotado a aeronave por um período, foi preciso fazer uma readaptação, com uma série de procedimentos em simulador e, na sequência, quatro surtidas a partir

34 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
O primeiro voo do F-39 Gripen de matrícula FAB 4107 durou cerca de 1h20 e percorreu mais de mil quilômetros

da BAAN. Além disso, nos dias que antecederam a decolagem, diversas checagens fizeram parte da rotina.

“Neste processo, acionamos o motor e verificamos se todos os alertas e componentes estão funcionando adequadamente. Durante o planejamento, levamos em consideração

o quanto de combustível vamos precisar, as condições meteorológicas, e começamos a raciocinar sobre todas as alternativas que podemos precisar”, esclarece.

O piloto de ensaios ainda explica que o voo entre Navegantes e Anápolis é relativamente simples. “A aeronave,

em comparação a outras de caça, é muito mais potente. Também é mais fácil de se voar, diminuindo a carga de trabalho do piloto no quesito pilotar a aeronave, o que faz com que possamos focar no gerenciamento dos sistemas para o cumprimento da missão”, complementa.

35 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Kelly Erdmann/ Força Aérea Brasileira

EXCON ESCUDO-TÍNIA: SUCESSO E INTEGRAÇÃO ENTRE AS FORÇAS ARMADAS

36 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão OPERACIONAL

Ao todo, participaram do treinamento mais de 1200 militares das Forças Armadas e cerca de 30 aeronaves

Caça, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, Asas Rotativas e de Transporte. As atividades das mais de 30 aeronaves das diferentes aviações empregadas no Exercício Conjunto Escudo-Tínia 2023 aconteceram entre os dias 30/10 e 17/11, nas Bases Aéreas de Canoas (BACO) e Santa Maria (BASM), além das cidades de Santana da Boa Vista (RS) e Caçapava do Sul (RS). Com perfi s distintos e doutrinas específi cas, mas atuando de forma coordenada e em apoio mútuo, os vetores somaram mais de 500 horas de voo no treinamento, como foco em missões aéreas compostas, chamadas de COMAO (do inglês Composite Air Operation ). O adestramento contou com o emprego de 12 Esquadrões aéreos, Unidades de Infantaria (UInf) da Força Aérea Brasileira (FAB) e Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe) das três Forças Armadas.

TENENTE JORNALISTA MYREA CALAZANS

Foto:
Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
37 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

OPERAÇÕES COMAO:

COMO SÃO CRIADAS? QUEM AS COORDENA? COMO SÃO ESTRUTURADAS?

O COMAO é um grupo de aeronaves com perfis distintos e doutrinas específicas que decolam em um curto espaço de tempo, visando a um objetivo comum e em apoio mútuo: cumprir ações de Força Aérea complementares no que tange à garantia da superioridade aérea em um cenário de guerra convencional. A atividade operacional promove a interação de diversas aviações da FAB e Grupos de Defesa Antiaérea em um mesmo contexto de treinamento. Para o EXCON Escudo-Tínia 2023, foram empregadas aviações de caça, inteligência, vigilância e reconhecimento, asas rotativas e de transporte para diversos treinamentos, entre eles, ar-solo, Reconhecimento Aeroespacial (REC), Reabastecimento em Voo (REVO), Busca e Salvamento em Combate (CSAR), coordenação do espaço aéreo, operação de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) e segurança de voo.

Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
Aeronave H-60 Black Hawk em voo de treinamento Exercício Escudo-Tínia
38 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Aeronave A1-M em voo durante o EXCON Escudo-Tínia 2023

Tropa paraquedista do Exército em treinamento de missões aéreas compostas (COMAO) durante o Exercício no Sul do país

Tendo como objetivo comum cumprir ações de força aérea complementares para garantir a superioridade aérea em um cenário de guerra convencional e regular nos Pampas Gaúchos, os mais de 1.200 militares envolvidos no treinamento atuaram nas missões COMAO, mas com um forte diferencial este ano: o adestramento em operações multidomínios, que compreende o âmbito aéreo, terrestre, marítimo, espacial e cibernético.

Para se ter uma ideia da complexidade desta edição, no que diz respeito ao cenário espacial, foi possível utilizar mais de 90 imagens satelitais registradas em distintas estações meteorológicas. Os registros fortaleceram as capacidades de realizar atividades de busca, vigilância e detecção de mudanças, continuamente, durante a Operação, a fim de desenvolver conhecimentos de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento satelital

para proporcionar prontidão e precisão na entrega de informações essenciais.

“Antes do início do Exercício, a célula Espaço do EXCON já atuava no acompanhamento de atividades logísticas de áreas importantes para a instalação de tropas e de meios para Artilharia Antiaérea (AAAe). A efetividade do uso de nossos ativos espaciais foi demonstrada quando utilizados, previamente, nas operações de superfície e aéreas. Foram detectadas mudanças nestas áreas, as quais serviram como alertas aos planejadores de missão, dentro do contexto da Tínia”, destacou o representante da Terceira Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), TenenteCoronel Aviador Rafael Lemos Paes. No ar, os pilotos enfrentaram um

novo desafio: operar de forma ofensiva e defensiva, desta vez, em proporções mais igualitárias, ora como força oponente, ora como força atacante na mesma operação. Em solo, a atuação em multidomínios também se fez presente. No contexto “Escudo”, por exemplo, sob coordenação do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), foram realizadas diversas simulações, como o ataque cibernético às Unidades de Infantaria e aos GAAAe das três Forças Armadas, que estavam alocadas em Santana da Boa Vista, no interior do Rio Grande do Sul.

Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
Jan/Fev/Mar/2024 39 Aerovisão

Apoio Logístico à Defesa Antiaérea

Cerca de 350 militares das Unidades de Infantaria da FAB e dos Grupos de Artilharia Antiaérea, em Santana da Boa Vista (RS), foram apoiados pelo Escalão Móvel de Apoio (EMA), com hospedagem, alimentação, higienização, comunicações, segurança e saúde. “Nesse contexto, foram realizadas mais de 20 mil refeições no Exercício, 294 atendimentos de saúde emergencial e 191 atendimentos de odontologia. Certamente, garantimos que o bem-estar da tropa estivesse sempre maximizado, para que nossos militares pudessem cumprir com excelência o treinamento proposto pelo EXCON”, destacou o Comandante do EMA, Major Intendente Rafael Freitas de Lima.

Célula de Avaliação do Desempenho Operacional

Entre as atividades realizadas na estrutura montada no Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (2º/1º GCC)

- Esquadrão Aranha, houve ação da Célula de Avaliação do Desempenho Operacional (CADO), responsável pelo processo de avaliação e validação das atividades operacionais aéreas e terrestres. O intuito foi levantar

Cerca de 350 militares das Unidade de Infantaria da FAB e dos Grupos de Artilharia Antiaérea das três Forças, alocados em Santana da Boa Vista (RS), contaram com o apoio do Escalão Móvel de Apoio

Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
C-105 Amazonas em treinamento na Base Aérea de Santa Maria
40 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

e analisar dados de emprego operacional para medir capacidades e, consequentemente, aprimorar o treinamento das equipagens empregadas no treinamento. As ações realizadas na Célula contavam com a integração de militares subordinados ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e ao Comando de Preparo (COMPREP).

“A nossa tarefa principal é fazer a coordenação com as unidades aéreas para definir os perfis de voo que são interessantes, modalidades de ataque e nível de voo. Com todas essas informações, fazemos a coordenação de forma que o Exercício evolua em termos de grau de complexidade para que as equipagens possam treinar, desde os níveis mais básicos até as situações mais complexas em que uma incursão pode acontecer”, pontuou o Coordenador de Defesa Antiaérea da Direção do Exercício (DIREX), Major de Infantaria Vinicius Ramalho e Souza.

Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea Brasileira Nesta edição do Exercício, os caças F-5M ampliaram a autonomia e operacionalidade com as ações de Reabastecimento em Voo pelo KC-390 Millennium
41 Aerovisão Jan/Fev/Mar/2024

Entre os vetores empregados que atuaram nessas operações, esteve a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), de modelo RQ-900, operada pelo Primeiro Esquadrão do Décimo Segundo Grupo de Aviação (1º/12º GAV) - Esquadrão Hórus

Foto:

Foto:

A sexta edição do EXCON Escudo-Tínia teve um incremento em relação aos anos anteriores: as diversas aviações que atuaram no treinamento foram adestradas tanto em ações ofensivas quanto defensivas

Sargento Lucas
Força Aérea Brasileira
/
Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
42 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Entre as ações planejadas para os 16 caças F-5M empregados no Exercício, estão as missões de ataque, alerta em voo (ALEVOO), escolta e varredura

Controle do Tráfego Aéreo

O EXCON Escudo-Tínia 2023 ainda contou com uma complexa infraestrutura em telecomunicações, e com grande planejamento e capacitação dos participantes de diversas especialidades multidisciplinares para realizar as atividades de Controle de Tráfego Aéreo. Para tanto, foi utilizado o Radar de Defesa Aérea TPS-B34, sediado no 2º/1º GCC, que tem como principal diferencial ser tridimensional, transportável e com uma enorme

capacidade de combate à Guerra Eletrônica.

Resultados

O Comandante da Base Aérea de Canoas e Diretor do Exercício, Coronel Aviador Marcelo Zampier Bussmann, ressaltou aspectos importantes da inovação trabalhada. “O Exercício Conjunto Escudo-Tínia chega ao fi nal com seus objetivos atingidos, em especial com a aplicação das ações em multidomínios. Além disso,

consolida-se a interoperabilidade entre a FAB, o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, nas ações de defesa do espaço aéreo”, finalizou.

À época, o Comandante do Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR), Major-Brigadeiro do Ar Marcelo Fornasiari Rivero, destacou sobre o sucesso do EXCON Escudo-Tínia 2023. “Nessa edição, foi possível incorporar novas tecnologias que serão aplicadas nas próximas operações, como a Cruzex, por exemplo”, disse.

Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea Brasileira
43 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Durante o EXCON Escudo-Tínia 2023 foi possível

utilizar mais de 90 imagens satelitais registradas em distintas estações meteorológicas

Exercícios em 2024

E por falar em Cruzeiro do Sul Exercise (Cruzex), 2024 será um ano um tanto diferente para as demais grandes operações coordenadas pela FAB. Isso porque devido à realização desse que é um dos maiores exercícios operacionais conjuntos do mundo, o EXCON Tápio e EXCON Escudo-Tínia serão realizados juntos, de forma simultânea, entre os dias 03 e 29/06, na Base Aérea de Campo Grande (BACG), trazendo novos desafios atrelados a uma boa parcela de inovação, especialmente no que diz respeito à capacitação operacional do seu efetivo.

Vale destacar ainda que a 9ª edição da Cruzex será realizada no mês de novembro, na Base Aérea de Natal (BANT), e reunirá mais de 10 países. No exercício devem ser empregadas 100 aeronaves militares brasileiras e estrangeiras.

Além do lançamento de carga e paraquedistas (PQD), o KC-390 Millennium teve fator fundamental no que diz respeito às operaç ões de reabastecimento em voo (REVO) dos caças F-5M para aumentar sua operacionalidade e autonomia de voo

Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
44 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

As cidades de Santana da Boa Vista (RS) e Caçapava do Sul (RS) foram as regiões escolhidas para alocar as Unidades de Infantaria (UInf) da FAB e os Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe) das três Forças Armadas

Foto: Sargento P. Silva/ Força Aérea Brasileira
45 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

NOVAS MÁQUINAS NOS CÉUS DO BRASIL

Os drones evoluíram e podem revolucionar a área da mobilidade urbana

TEXTO: TENENTE JORNALISTA RAPHAELA MARTORANO IMAGENS DE DRONE : FABIO MACIEL E LUIZ PEREZ ARTE EVTOL: ALINE PRETE

De janeiro a dezembro de 2023, mais de 390 mil voos com drones foram solicitados no Brasil

Aerovisão Jan/Fev/Mar/2024 48

A cada dia, mais aeronaves não tripuladas estão presentes no céu do Brasil, dividindo o espaço aéreo com os tradicionais aviões. Mais conhecidos como drones, esses equipamentos são utilizados de forma recreativa ou profissional para diversas atividades, porém, independente de qual seja a atividade-fim, é essencial orientar os pilotos sobre

a realização de operações seguras e em conformidade com as normas em vigor no país.

Para o Chefe da Divisão de Planejamento de Aeronaves Não Tripuladas do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Major Aviador Rodrigo Gonzalez Martins de Magalhães, o trabalho de conscientização com os operadores deve ser constante. “É necessário

orientar os pilotos quanto ao uso seguro desse componente aéreo, uma vez que há regras que devem ser cumpridas, tendo em vista a segurança de todos os envolvidos. O DECEA atua ativamente neste cenário realizando instruções, palestras e participando de eventos para somar conhecimentos e proporcionar ao usuário uma melhor experiência”, destaca o Oficial.

49 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Em julho de 2023, o DECEA –Organização da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável pela criação de normas, legislações e procedimentos de aeronaves não tripuladas –atualizou a Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 100-40, que regulamenta os voos de drones no Brasil. Sempre mantendo os níveis de segurança operacional, as mudanças normativas visam aprimorar seus sistemas e serviços, especialmente o de solicitações de voo, que vem crescendo significativamente a cada ano.

Os números comprovam tamanho crescimento. O Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARPAS), ferramenta responsável pelas autorizações dos usuários que desejam acessar o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) com drones, registrou mais de 390 mil solicitações somente em 2023. Sempre atento à crescente demanda e ao surgimento de novas tecnologias no ambiente operacional, o DECEA tem realizado estudos e debates para contribuir com a missão da FAB de manter a soberania com vistas à defesa da Pátria e à garantia da segurança da navegação aérea.

/ DECEA 50 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Luiz Perez
Todo o voo de Aeronaves Remotamente Pilotadas precisa de autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo

De olho no futuro, o DECEA iniciou em setembro de 2023 a implementação do projeto BR-UTM (Unmanned Traffic Management ), tendo como base a Diretriz do Comando da Aeronáutica (DCA) 351-6 que aborda a Concepção Operacional sobre Gerenciamento do Tráfego Não Tripulado (UTM). O projeto estratégico objetiva a edificação de um ambiente digitalizado, por onde tramitarão as informações necessárias à tomada de decisão de forma autônoma para atender ao grande volume de drones no espaço aéreo.

Desde novembro de 2023, o DECEA realiza reuniões do projeto BR-UTM, com o intuito de integrar indústria, academia e governo em pesquisas para

51 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão

desenvolver o sistema de Gerenciamento do Tráfego Aéreo Não Tripulado no Brasil. Além da circulação de drones no espaço aéreo brasileiro para filmagem, monitoramento, atividades agrícolas, mapeamento e transporte de encomendas, o uso de drones para transporte de pessoas está em pleno desenvolvimento na esfera de estudos e testes.

Novos desafios

A partir dos projetos e pesquisas em desenvolvimento, a evolução da mobilidade aérea urbana já é uma realidade no Brasil. Até o início de 2026, uma nova tecnologia de meio alternativo de transporte deve estar disponível no país e promete ser o início de uma

nova fase da história da aviação: os eVTOLs, do inglês “ Electric Vertical Take-Off and Landing”, que são aeronaves elétricas, habilitadas para pousar e decolar na vertical, e com potencial para transportar passageiros. A introdução desses vetores no espaço aéreo brasileiro requer estudo e planejamento, tendo em vista a segurança dessas operações no SISCEAB.

O novo modal aéreo deverá ser implementado no Brasil de forma gradual, seguindo os níveis de segurança operacional. Por isso, a integração com as tradicionais aeronaves no espaço aéreo passará por diferentes fases, diante da complexidade do processo. “A previsão inicial é que haja um aproveitamento da atual estrutura do espaço aéreo destinado aos helicópteros, tendo em

vista a expectativa de baixo volume de movimentos de eVTOLs. Seguiremos trabalhando em conjunto com os órgãos reguladores, instituições acadêmicas e a indústria para aprimorar cada vez mais a logística do espaço aéreo, cumprindo sempre os padrões de segurança”, reforçou o Gerente do projeto Urban Air Mobility (UAM) do DECEA, Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Márcio André da Silva, O DECEA segue acompanhando e participando de discussões mundiais sobre a evolução do setor para proporcionar a todos os usuários um serviço de qualidade. As normas em vigor e as informações necessárias para realizar operações de drone podem ser consultadas no site:

https://www.decea.mil.br/drone/.

52 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

Com potencial para transportar passageiros, os eVTOLs são aeronaves elétricas habilitadas para pousar e decolar na vertical

53 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão

As ações realizadas pelas Forças Armadas na Terra Indígena Yanomami (TIY), localizada em Roraima (RR) e no Amazonas (AM), em especial pela Força Aérea Brasileira, têm se mantido intensificadas. O transporte e a entrega de alimentos na terra indígena, por meio do Comando Operacional Conjunto Catrimani, fazem parte de uma das frentes da missão humanitária, abrangendo as operações Escudo Yanomami e Ágata Fronteira Norte.

A Operação Catrimani é coordenada pelo Ministério da Defesa (MD), conforme a Portaria

de Nº 263, de 16 de janeiro de 2024, e visa à distribuição de alimentos em caráter emergencial, por meio do Comando Operacional Conjunto Catrimani, ativado no período entre 17 de janeiro e 31 de março de 2024. Até o fi nal da Operação, devem ser distribuídas 15.000 cestas de alimentos.

Em operações de Comando Conjunto, a Força Aérea Brasileira (FAB) atua em missões de monitoramento, defesa aérea e transporte aéreo logístico.

Em apoio às missões na TIY, a FAB engajou duas aeronaves C-105 Amazonas, sendo uma do Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1º/9º GAV -

Esquadrão Arara) e outra do Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV - Esquadrão Onça), localizados em Manaus (AM) e Campo Grande (MS), respectivamente, que fazem o lançamento de cerca de 140 cestas por voo.

Além disso, quatro aviões C-98 Caravan realizam missões em apoio à Operação: dois do Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo (7º ETA - Esquadrão Cobra), situado em Manaus (AM), um do Primeiro Esquadrão de Transporte Aéreo (1º ETA - Esquadrão Tracajá), localizado em Belém (PA), e um da Base Aérea de Boa Vista (BABV).

56 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

FAB INTENSIFICA AÇÕES NA REGIÃO AMAZÔNICA

Forças Armadas seguem empenhadas em ajuda humanitária na Terra Indígena Yanomami

TENENTE JORNALISTA SUZANA SCARLET

Tenente Myrea Calazans/ Força Aérea Brasileira 57 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Fotos:

Preparação e lançamento

O material a ser entregue é inicialmente armazenado na BABV por uma equipe composta de fiscal de preparação de cargas e montadores, em um trabalho conjunto da FAB e do Exército Brasileiro (EB). Nesse processo, são colocados os equipamentos e os paraquedas sobre as cargas montadas no método CDS (do inglês Container Delivery System). Além do trabalho de instalação, os militares das Forças Armadas realizam, também, o recolhimento do material em solo.

Para os lançamentos na aeronave C-105, são utilizados dois paraquedas do tipo G-13, cada um suportando até 227 quilos. Após os lançamentos, equipes de terra em Surucucu, coordenadas pelo Batalhão de Dobragem, Manutenção de Paraquedas e Suprimentos pelo Ar (BDOMPSA) do EB, realizam o recolhimento de todo o material de paraquedas e cadarçarias e aguardam a chegada do C-98 Caravan da FAB, aeronave responsável por retornar à BABV com todo esse material, para que sejam feitas as dobragens dos paraquedas e a montagem de novos CDS para lançamentos no dia seguinte.

58 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
Foto: Cabo V. Santos/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento Figueira/ Força Aérea Brasileira

Monitoramento do Espaço Aéreo

O monitoramento na região foi intensificado em 2023 por meio da ativação da Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) sobre o espaço aéreo sobrejacente e adjacente à TIY, a fim de incrementar as ações de repressão ao garimpo ilegal.

A ZIDA permanece ativada e os sobrevoos previstos estão autorizados, desde que seja preenchido o plano de voo regulamentar e seguidas as regras de tráfego aéreo, além das observações técnicas disponíveis a todos os tripulantes, em especial os NOTAM (Aviso aos Aeronavegantes) G2260/23 e G2261/23.

59 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão
Aeronaves A-29 Super Tucano sobrevoando a Amazônia Foto: Suboficial Johnson/ Força Aérea Brasileira

Foto: Sargento Müller Marin/ Força Aérea Brasileira

O Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) utiliza a rede de radares existente para o controle do espaço aéreo e, em complemento, tem mantido operações inopinadas de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), principalmente com aviões-radar E-99, que aumentam significativamente a capacidade de cobertura do monitoramento realizado diuturnamente pela FAB.

“Trata-se de um cenário dinâmico e de operação complexa, à luz das legislações e protocolos em vigor, em uma área correspondente ao tamanho de Portugal”, ressalta o Coronel Aviador Leonardo Venancio Mangrich, do Centro Conjunto de Operações Aeroespaciais (CCOA) do COMAE. “Qualquer voo sob monitoramento do controle do espaço aéreo brasileiro é submetido, sistematicamente, aos processos de identificação e, sendo necessário, utilizando-se aeronaves de defesa aérea. Isso é um trabalho realizado em todo o território nacional”, completa o oficial.

Foto: Cabo Silva Lopes/ Força Aérea Brasileira

60 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

O LEGADO DA

INOVAÇÃO EM MÚLTIPLAS FRONTEIRAS TECNOLÓGICAS

Com pesquisas científicas, satélites e projetos de gerenciamento do tráfego aéreo, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) tem ultrapassado “os limites dos céus” para levar avanços à sociedade

O dia 23 de outubro de 1906 ficou marcado na história como o início de um novo capítulo para o setor aeronáutico. Em Paris, Alberto Santos Dumont realizou o feito inédito de voar com uma máquina mais pesada que o ar, de forma autônoma, sem sistemas de propulsão. Foram apenas alguns metros, mas o suficiente para representar um salto gigantesco na incessante busca pela inovação.

TENENTE JORNALISTA LEONARDO ALVES

Assim como ocorreu com o 14Bis, o desenvolvimento de novas tecnologias continua sendo uma fonte de inspiração para muitos brasileiros empenhados em posicionar o país na vanguarda do conhecimento.

A data 16 de janeiro de 1950 também marcou a história na mesma direção do sonho de Santos Dumont. O dia simboliza a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),

idealizado pelo Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho.

Como parte de sua visão para o desenvolvimento da aviação e da indústria aeroespacial no Brasil, Montenegro Filho trabalhou incansavelmente para estabelecer o ITA como uma referência em educação de engenharia aeronáutica e espacial.

O ITA, instituição de ensino

61 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão Fotos: Sargento Paulo Roberto/ ITA

superior pública ligada ao Comando da Aeronáutica (COMAER), está envolvido em um grande número de pesquisas em diversas áreas.

Se antes o objetivo era alcançar os céus, hoje a conquista do espaço é uma realidade. Atualmente, dois satélites desenvolvidos pelo ITA estão em órbita e mais dois têm previsão de lançamento nos próximos anos. O ITASAT1, lançado em 2018, apesar de já ter completado o tempo de vida previsto, permanece operando com envio de dados, permitindo a continuidade na formação de recursos humanos (Leia mais na página 64). Enquanto isso, o Scintillation Prediction Observations Research Task (SPORT) entrou em operação neste ano, conduzindo pesquisas científicas na ionosfera, iniciando as coletas em uma altitude de aproximadamente 430 km da superfície terrestre, após ter sido lançado da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

O próximo projeto é o ITASAT 2, uma continuidade das atividades de seus predecessores, em uma missão que avaliará a evolução da formação de bolhas ionosféricas, além de demonstrar capacidade de

monitorar fontes de radiofrequência em terra e no mar, determinando suas localizações. Já o SelenITA, desenvolvido em parceria com a Agência Espacial Americana (NASA, na sigla em inglês) e com previsão de lançamento para 2028, será utilizado na exploração lunar e faz parte da contribuição brasileira para a Missão Artemis.

Até os oceanos estão entre as pesquisas realizadas pelo ITA. O VITA 2 (Veículo de Inspeção de Túneis de Adução) foi o primeiro robô subaquático com autonomia de navegação e controle a realizar o mapeamento completo de um túnel

submerso, por meio de sensores inerciais e ultrassônicos. O fato ocorreu na Usina Hidrelétrica Monte Claro, localizada na Serra Gaúcha. De acordo com o Chefe do Departamento de Eletrônica Aplicada, Professor Geraldo José Adabo, a inspeção convencional de túneis submersos é uma tarefa desafiadora. “A ação requer a drenagem do túnel, o que pode aumentar ou mesmo inviabilizar a operação devido a preocupações com a estabilidade da estrutura e a segurança das pessoas envolvidas. Portanto, o desenvolvimento de tecnologias capazes de superar esses desafios é de suma importância”, explica. Nos céus, uma região sob o domínio da Força Aérea Brasileira (FAB), o futuro já se mostra realidade. No Laboratório de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (LABGETA), estão em andamento pesquisas que buscam contribuir para uma aviação cada vez mais segura, eficiente, acessível e ecologicamente sustentável. Um dos projetos em desenvolvimento, em parceria com o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e a Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), envolve a análise de dados operacionais do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) para aprimorar

62 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão

a gestão do tráfego aéreo com base no desempenho. Além disso, outro projeto em andamento visa encontrar soluções para a integração segura e eficiente das operações emergentes de Mobilidade Aérea Avançada, realizadas por sistemas aéreos não tripulados e novos veículos, como os eVTOLs – sigla em inglês para aeronave elétrica com capacidade de pousar e decolar verticalmente.

Ainda nesse setor, o Centro de Pesquisa em Engenharia para a Mobilidade Aérea do Futuro é um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Embraer, cujo objetivo é conduzir desenvolvimento e inovação para promover avanços científicos e tecnológicos necessários para moldar a mobilidade aérea nas próximas décadas. Entre as atividades em curso, estão pesquisas sobre controle de máquinas para propulsão elétrica, métodos de tomada de decisão para sistemas autônomos e montagem final inteligente de aeronaves.

Até mesmo a área da saúde está no radar de interesses. Pesquisadores do Laboratório de Bioengenharia (LAB BIO) estão desenvolvendo um dispositivo implantável que permite o controle total da evacuação por pacientes submetidos à colostomia. O dispositivo, atualmente em fase de testes, tem o potencial de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo problemas como isolamento social, depressão e queda na qualidade de vida por exemplo.

Para o então Reitor do Instituto, Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia, ao longo de seus 73 anos de existência, o ITA representa, de fato, um rico legado deixado pelo Pai da Aviação, que desafiou os limites dos céus com inovações pioneiras e inspirou a busca contínua pela superação dos limites tecnológicos. “O ITA se esforça diariamente para honrar esse legado e continuar trazendo avanços que impactam diretamente a vida da sociedade”, ressalta.

63 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão

SATÉLITE DESENVOLVIDO PELO ITA COMPLETA CINCO ANOS EM ÓRBITA

Lançado em 2018, o satélite tinha previsão de vida útil projetada para um ano mas superou as expectativas e permanece operacional

TENENTE JORNALISTA LEONARDO ALVES

O satélite ITASAT, desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), celebrou, no dia 03 de dezembro de 2023, um marco histórico ao completar cinco anos de funcionamento na órbita terrestre. O equipamento foi elaborado pelo Centro Espacial ITA (CEI) com fins educacionais, auxiliando na formação de especialistas nas áreas de Engenharia Aeroespacial, realizando experimentos e testando tecnologias em órbita.

Com a previsão de vida útil projetada para um ano, o satélite lançado em 2018 superou as expectativas e permanece operacional, sendo atualmente utilizado para treinamento de operadores e calibração de estações de instituições parceiras, como a de Coordenação Espacial Sul (COESU/INPE) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Além disso, radioamadores recebem ocasionalmente dados do ITASAT. Sendo o primeiro CubeSat de 6U (formado por 6 unidades de cubos com dez centímetros de lado, sendo cada unidade com o valor de 1U) desenvolvido pelo ITA, o ITASAT foi colocado em órbita a bordo do foguete Falcon 9 Block 5, da empresa americana Space X, lançado a partir da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos.

Radioamadores de várias regiões do país continuam recebendo os sinais de beacons, frequências intermitentes emitidas por ondas de rádio, e compartilham suas experiências pelas redes sociais.

O Chefe do Departamento de Sistemas Aeroespaciais do ITA, Professor Doutor Luis Eduardo Vergueiro Loures da Costa, afirmou que os resultados obtidos até aqui servem de inspiração aos pesquisadores. “O ITASAT, ao

atingir este quinquênio em órbita, não é apenas um testemunho de engenhosidade técnica, mas também representa um exemplo de superação de desafios. Sua história é uma lição de que a curiosidade, a inovação e o compromisso podem transformar uma missão educacional em uma jornada duradoura e significativa no espaço”, disse.

Para o então Reitor do ITA, Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia, este foi um marco na formação de especialistas do setor aeroespacial do Instituto, reforçando a busca pela inovação. “Desde o lançamento do ITASAT-1, permanecemos trabalhando em nossos laboratórios para o desenvolvimento de novas pesquisas. Mais um satélite já foi lançado em 2019 e agora estamos trabalhando para desenvolver outro, em parceria com a Missão Artemis, da Agência Espacial Americana (NASA)”, explicou.

64 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão Foto: ITA
TECNOLOGIA

CUBESAT

Os CubeSats também são chamados de nanossatélites e são compostos por unidades cúbicas de 10 cm de lado, sendo que cada unidade representa o valor de 1U. No caso do ITASAT-1, por ser um CubeSat de 6U, ele é formado por seis cubos, cada um com arestas de 10 cm. Entre as vantagens dos nanossatélites, destaca-se o custo reduzido, tanto na produção quanto no lançamento, o que os torna mais atrativos para a aplicação em pesquisa.

Pesquisas

Em 2022, ocorreu o lançamento do Scintillation Prediction Observations Research Task (SPORT), também um CubeSat de 6U desenvolvido pelo ITA em parceria com a AEB, a NASA e universidades americanas. O equipamento foi colocado na altitude da ionosfera terrestre, estudando bolhas de plasma que se formam sobre o Equador e interferindo em sinais de telecomunicação.

Para um futuro próximo, está previsto o lançamento do ITASAT-2, uma constelação de três satélites que aprofundarão os estudos realizados pelo SPORT, além de apresentarem a capacidade de identificar embarcações clandestinas por meio de geolocalização. Já o SelenITA, também projetado pelo CEI, irá integrar a Missão Artemis, da NASA, visando realizar estudos na Lua.

65 Jan/Fev/Mar/2024
Aerovisão Fotos:
Edson Pereira/ ITA /

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Entender o que inibe o desenvolvimento sustentável da Amazônia e os potenciais riscos à Segurança Nacional são desafios que requerem conhecimento do que ocorre na região, especialmente as ações ilegais e as respectivas consequências.

Nos últimos anos, observa-se um incremento na exploração ilegal de nossas riquezas, principalmente a mineração ilegal e biopirataria. Todos associados a crimes transfronteiriços graves, incluindo tráfego de drogas, armas e de pessoas.

Neste contexto, vê-se como primordial a busca de informações consistentes e oportunas que tragam conhecimento atualizado sobre os principais problemas. Vários sistemas de sensores espaciais e de aeronaves têm coletado dados da região. Esses sistemas, entretanto, trazem imagens, “congeladas”, atreladas ao momento singular da coleta. Costumam ser bastante utilizados para gerar estatísticas comparativas do que ocorreu de um ano para outro, apontando estimativas controversas das tendências.

A aeronave de sensoriamento remoto R-99 tem contribuído, significativamente, na coleta de dados com seus radares e sensores multiespectrais. Sua autonomia de

EMPREGO DE ARP NA AMAZÔNIA - DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Por Brigadeiro do Ar R1 Paulo Ricardo Laux

voo permite a observação de áreas de interesse por algumas horas. Contudo, a transmissão de dados precisa ser feita após o pouso da aeronave.

Nesse contexto, Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP) apresentam um diferencial na capacidade de coletar informações oportunas à tomada de decisão: permitem a permanência prolongada e transmissão de dados em tempo real.

Diversas técnicas e táticas de voo com ARP trazem vantagens na observação de atividades antrópicas. A permanência, aliada à flexibilidade de posicionamento (diferentes alturas e ângulos de observação), possibilitam que os ARP coletem dados continuados, a partir de diferentes perspectivas.

Uma missão típica de ARP emprega sensores FMV (Full Motion Vídeo, infravermelho e visível) que permitem a observação da dinâmica em curso. O emprego de diferentes faixas espectrais traz uma capacidade diferencial de observar diversos detalhes da área e da dinâmica das ações.

Em resumo, o emprego de ARP traz uma nova capacidade associada à dimensão temporal da coleta de dados, sob dois aspectos suplementares: possibilidade de observação continuada em extensas regiões e capacidade de transmissão de dados em tempo real.

Tais condições, por conseguinte, oportunizam um incremento na consciência situacional, contribuindo para o planejamento das operações nos níveis tático e estratégicos e o acompanhamento da execução,

em tempo real, que atualiza as informações e as disponibiliza a quem delas necessitar. Essa capacidade pode, inclusive, evitar que forças fiquem expostas a riscos eminentes.

Ações interagências/conjuntas

Na região amazônica, o emprego de ARPs táticos, de pequeno e médio porte, limitados a operação em linha de visada e com poucas horas de autonomia, traz dois desafios:

- Operacional - devido as grandes dimensões das áreas e rotas de interesse; e

- Logístico - de suprimento e manutenção, e as conhecidas dificuldades de transporte, tanto pela falta de estradas ou ferrovias, quanto pelos custos do modal aéreo.

Por sua vez, os ARPs (RQ-900) da FAB possuem capacidade de monitorar qualquer ponto da região amazônica, a partir de bases estrategicamente posicionadas. Os dados dos sensores dos RQ-900 podem ser compartilhados às Forças de superfície e às agências que atuam na região, em tempo real, por meio de enlaces seguros de dados (como o Link Br-2).

Assim, este suporte de inteligência permite uma otimização dos meios voltados à segurança pública e à preservação ambiental, permitindo que sejam aplicados de forma conjunta e efetiva no alcance dos objetivos nacionais de desenvolvimento sustentável e de segurança. Isso já ocorre esporadicamente. Contudo, pode ser intensificado em proveito do Brasil.

VOO MENTAL
66 Jan/Fev/Mar/2024 Aerovisão
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