Revista Visão Classista nº 5

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MULHER Raimunda Gomes

Valorização da mulher aprimora a democracia

A

o longo da nossa história foi atribuído à mulher o domínio da esfera privada, ou seja, o cuidado com a casa e a família, enquanto que ao homem foi atribuído o domínio da esfera pública, prover o sustento da família e controlar os meios de produção. Este fato vem sendo rompido e alterado gradativamente, seja pela luta imperiosa das mulheres em se tornarem protagonistas de sua própria história ou pela combinação da luta emancipacionista com a necessidade da mão de obra feminina no sistema capitalista de produção. Da conquista do voto aos dias atuais, a mulher brasileira tem protagonizado importantes papeis na disputa de espaços na vida profissional, pública e política. Com bastante dinamismo tem ocupado funções de chefia no mercado de trabalho, como dirigentes nas representações sociais e sindicais e, na esfera política, tem disputado cargos que vão da vereança à Presidência da República. O coroamento dessas disputas aconteceu com a eleição de Dilma Rousseff, a primeira mulher presidenta do Brasil, juntamente com Deputadas e Senadoras que nos representarão no Congresso Nacional. Para o movimento feminista, a eleição de Dilma aprimora a

democracia ao colocar a mulher num lugar que antes só havia sido ocupado por homens e, que se configura numa expressão de valorização da figura feminina não só pela beleza ou ternura, mas pela competência e compromisso com toda a nação, de homens e mulheres. A CTB, entidade classista e plural que expressa na formulação de sua nomenclatura a valorização da mulher na luta pela superação das desigualdades, reafirma seu compromisso de buscar junto ao novo governo, que possui em sua composição um significativo contingente de mulheres, mais espaço para a implementação de políticas públicas que melhorem a vida das mulheres e garantam qualidade de vida às famílias brasileiras. Num contexto em que a mão de obra feminina representa mais de 50% da força de trabalho no Brasil e ganha em média 30% a menos que os homens pela realização das mesmas funções, é duplamente explorada pelas superjornadas de trabalho e submetida há diferentes manifestações de violência, faz-se necessário o combate a todas as formas de opressão e discriminação. Nesse sentido, defendemos que o eixo da ação política para o ano de 2011 seja a unidade dos movimentos feministas

e progressistas em torno de políticas públicas que garantam, de fato, a igualdade entre homens e mulheres: como redução da jornada de trabalho para 40h semanais sem redução de salário, valorização do trabalho com igualdade de oportunidades, salário igual para trabalho igual em todos os setores da economia, reforma agrária com titulação e crédito para as mulheres, construção de creches e escolas públicas de qualidade, fim do fator previdenciário que dificulta a aposentadoria, efetivação da licençamaternidade para 180 dias em todos os segmentos e aplicação da lei Maria da Penha, dentre tantas outras bandeiras de luta. Neste ano, o dia 08 de março – Dia Internacional da Mulher, coincide com as festividades do carnaval, data importante na cultura brasileira que também deve ser comemorada. Então, a CTB propõe uma jornada de luta por todo o mês de março em todos os estados, com atividades que não se restrinjam ao combate às formas de opressão, exploração e violência, no lar e/ou no trabalho, mas, como perspectiva de emancipação enquanto sujeito social e a busca de superação do status quo. Fundamentalmente, na construção de novos hábitos, como pressuposto à formação do novo homem e da nova mulher com mais consciência social.

A eleição de Dilma aprimora a democracia ao colocar a mulher num lugar que antes só havia sido ocupado por homens

Raimunda Gomes, a Doquinha, é professora, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Amazonas e secretária da Mulher Trabalhadora da CTB. VISÃOClassista

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