a coisa em si [ano-III.n-I.2021] - filosofia da saudade

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A COISA EM SI - FILOSOFIA DA SAUDADE

Saudade multiplicada MARIA AUGUSTA BASTOS DE MATTOS

O elemento essencial de nosso projeto é a Saudade. Sem ela, não faríamos este trabalho, não procuraríamos recuperar os fatos, as emoções, os registros de uma época. Nosso olhar dirige-se para o passado, e o faz de uma maneira singular: temos um olhar saudoso para o passado. Todos nós conhecemos o poder da saudade: por vezes, é tão nítida que “ouvimos” a voz de alguém querido, “sentimos” o sabor e o aroma de uma comida, “vemos” cenas de nossa infância, revivemos uma emoção já experimentada. A saudade faz com que a memória se mantenha acesa. Ora, se queremos manter viva a lembrança desta casa, é porque temos saudade: a saudade de um tempo vivido, mas com a intenção de que ele se mantenha presente; de que ensine e emocione; de que evoque outras lembranças; de que ecoe na memória de outras pessoas; de que ajude a relativizar o presente e o futuro. A saudade é um tema banal nas poesias simples, nas trovas, nas canções populares. Muitos de nós conhecemos: “saudade, palavra triste quando se perde um grande amor”; “a saudade mata a gente, a saudade é dor pungente”; “quem parte leva saudade de alguém que fica chorando de dor”; “tô com saudade de tu, meu desejo”; “não sei por que você se foi, quantas saudades eu senti”; “Oh, que saudades do luar da minha terra”; “A saudade é uma estrada longa que começa e que não tem fim”...

FLORES SECAS JARDIM DA CASA ROSA OUTUBRO DE 2021


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