Ateliê Rosana Paulino

Page 1

Ateliê Rosana Paulino

PlanodeIntervenção

ArtísticoCultural-2022

O projeto integra o PIAC - Plano de Intervenção Artístico Cultural dentro do PJMC (Programa Jovem Monitor/a Cultural), que é uma política pública da SMC em parceria com o Cieds desenvolvido pelas(os) jovens monitoras(es) atuantes no Centro Cultural Penha, a agente de formação que acompanhou a realização do projeto foi Roberta Stein.

Este plano apresenta as etapas de construção do Ateliê Rosana Paulino nas dependências do Centro Cultural Penha - CCP, localizado na região Centro Leste do município de São Paulo, orientado por Roberta Stein. Este plano discorre os objetivos gerais e específicos, as ações, motivações, dificuldades e estratégias tomadas como instrumento para o alcance da elaboração e construção do ateliê. Esse plano destaca também a relevância do incentivo e fomento às artes em toda Zona Leste, bem como a necessidade da região de um suporte aos novos artistas e a manutenção de suas aptidões para a construção de uma nova relação do Centro Cultural Penha com a comunidade artística ao seu entorno.

Palavras-chave: Ateliê, Centro Cultural Penha, Cultura. Para contextualizar como se deu a execução das etapas deste plano e facilitar o entendimento dos leitores, vamos através de alguns parágrafos, apresentar de forma breve e sucinta, os integrantes e criadores do Ateliê Rosana Paulino.

JULIANE FRAZÃO | @JUCFRAZAO

Juliane Caroline Frazão Freire, ou... Ju. Maranhense de Nascença, 27 anos, é radicada em São Paulo desde os três. Descobriu os desenhos nas inquietações infantil e seguiu com eles até hoje, experimentando linguagens e estilos - sempre autodidata. Com gosto pela arte, moda, cultura, etc, decidiu unir as influências em algo que a representasse além do papel ou tela, assim, vestiu-se de si.

HEBERT OLIVEIRA | @HEBERTGONCALVES

Nascido na cidade de Salvador- Bahia, e atualmente morando em São Paulo, expresso-me por meio da arte, cultura e ancestralidade. Sou formado em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Estado da Bahia- UNEB, e parte do curso atuei como de coordenador de atrativos turísticos na Secult Salvador, onde tive a oportunidade de trabalhar como intérprete/ tradutor em algumas empresas, a exemplo do Google, a revista Marie Claire, o Banco Interamericano de Desenvolvimento- BID, dentre outros. Em São Paulo há quatro anos, atuando no ambiente da cultura, artes plásticas e cênicas, fazendo parte do Programa Jovem Monitor a quase dois anos. Atualmente trabalho como modelo, ator, produtor cultural e performer, e venho descobrindo no decorrer da carreira, uma nova paixão não apenas pelo universo da moda e publicidade, mas também, pelo viés transformador e inspirador da dança.

LARISSA EVELYN | @LARIS _ EVELYN

Artista, comunicadora, produtora cultural, brincante da cultura popular. Está com 27 anos, é moradora de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo onde atua com a maioria dos seus projetos artísticos.

Adora experimentar novas linguagens e está sempre pensando em como integrar suas ideias. Em sua trajetória aprendeu sobre o artista orgânico e executa isso até hoje, resultando em experiências com escrita de projetos, edição de vídeo, fotografia, assessoria, programações, gestão cultural e mais. Diversidade é a palavra quando se trata de fazer artístico em sua vida.

CLAUDIA RAMOS | @VASXXS

Claudia Ramos, 27 anos, nasceu em Santo André- SP, mora na capital há 15 anos. Desde sempre esteve conectada com a arte no geral, tendo cursado por alguns períodos Comunicação Visual, Arte Dramática, na Etec de Artes - SP e Artes visuais, depois Fotografia, no Centro Universitário Belas Artes de SP. Como a trajetória exprime, todos os caminhos acabam sempre estando intimamente conectados com as expressões artísticas, com a necessidade de obter experiência e a busca por novas formas de conexão e expressão. No momento chegando na reta final do projeto Jovem Monitor Cultural, que foi uma grande ferramenta e oportunidade, já que Produção Cultural é um meio e une caminhos trilhados pela Arte. Espera continuar em busca de oportunidades para observação e enriquecimento do repertório não só como profissional, mas como ser.

OBJETIVO GERAL

Um Plano de Intervenção Artística Cultural- PIAC, possui suas complexidades. Dentro desse grande universo de afirmações, buscamos expressar de forma clara qual a intenção deste projeto, ou seja, definir a ideia central da elaboração do plano, e trazer uma resposta principal para o problema apontado. Deste modo, nosso objetivo geral é a criação de um atelier de artes dentro do Centro Cultural da Penha- CCP. Mas para o entendimento das ações a serem realizadas, e a execução do escopo do projeto definimos também, alguns objetivos específicos, isso significa determinar os resultados concretos que o projeto pretende alcançar, contemplando as particularidades do plano. Saõ nosso objetivos específicos:

fomento das artes na zona leste da cidade de São Paulo, promover trocas de vivências artística e culturais entre os visitantes, criar um espaço onde artistas possam praticar/ desenvolver suas aptidões, incentivar uma interação entre o Centro Cultural e a comunidade artística ao entorno, construir um ambiente referência de apoio a artistas da e na Zona Leste.

MOTIVAÇÕES

Como especificado a Zona Leste da cidade de São Paulo, possui a carência de um espaço aberto onde a comunidade tenha livre acesso para praticar/ desenvolver suas aptidões (com materiais, equipamentos e móveis de arte e artesanato), para que múltiplos artistas possam realizar trocas de vivências artísticas. Refletindo neste ponto nós enquanto jovens monitores/as, decidimos criar um atelier, motivado na importância da arte para melhorar a comunicação entre as pessoas e a criação de novos laços sociais e profissionais. Sendo assim, temos como principal motivação para criação e a elaboração deste plano: incentivar as artes na comunidade da Penha na zona leste da cidade de São Paulo.

REALIZAÇÕES

Em março recebemos a proposta de criação do Plano de Intervenção Artística Cultural- PIAC, nos reunimos em quatro integrantes (Ana Clara de Oliveira, Claudia Ramos, Hebert Oliveira, Juliane Caroline Frazão) para a definição de um tema principal. Após diversas reuniões, definimos o tema : “criação do atelier” e elaboramos a proposta.

Com a definição do tema principal fomos gradativamente buscando um espaço físico dentro do equipamento e montando o mobiliário. Em seguida, fomos estudar os detalhes para o funcionamento de um atelier, assim: criamos um inventário, criamos um cronograma de atuação e ajustamos um nome para o espaço.

Assim, por conta da relevância histórica e artística da Rosana Paulino para o cenário das artes brasileira e internacional (refletindo também na sua notoriedade enquanto mulher negra, e multi artista visual, pesquisadora e educadora), escolhemos junto a gestão do prédio homenageá-la, instituindo desta maneira o Atelier Rosana Paulino.

Deste modo tivemos reuniões com a gestora e o acompanhamento do Centro Integrado de Estudos e Programa de Desenvolvimento Sustentável- CIEDS, e com a contribuição da gestão, organizamos um conjunto de ações mensais que pudessem viabilizar a construção do atelier.

MARÇO Ações

Segunda quinzena:

- Inventário Material

- Pesquisa sobre as Releituras das obras

- Contato com o FAB LAB LIVRE SP

- Possibilidades de compras de materiais

- Preparação de paredes

ABRIL

Ações

Primeira quinzena:

-Verificar a possibilidade de fazer uma

planta baixa do ateliê

- Realização das pinturas

Segunda quinzena:

- Montagem da sala

- Organização do Material

- Realização do GUIA de utilização

MAIO

Ações

Primeira quinzena:

- Construção do conceito envolvendo o nome do atelier

- Esquematização das obras reproduzidas

- Elaboração da placa de inauguração do Atelier

Segunda quinzena

- curadoria das obras a serem reproduzidas

- Montagem do mobiliário

JUNHO Ações

Primeira quinzena:

- Reuniões e levantamento das compras

- Comunicação com possíveis parceiros

- Encontros com a produção da Rosana

Segunda quinzena:

- Escrever parte escrita do projeto e registro da produção

- Produção dos móveis do FAB LAB LIVRE

JULHO Ações

- Produção dos móveis do FAB LAB LIVRE

- Criação das produções artísticas nas paredes do ateliê

- Ajuste finais do espaço para o ateliê

- Reprodução e exibição das obras da Rosana

- Convite a personalidades

- Montagem da catering de inauguração

- ABERTURA DO ATELIÊ AO PÚBLICO

HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO

O inicio do nosso histórico se dá com o recebimento da proposta de execução de um Plano de Intervenção Artístico Cultural - PIAC, que está previsto no edital do programa, e se trata de um instrumento de planejamento, avaliação e documentação de ações artístico-culturais do jovem monitor, pensado e implementado coletivamente a partir do plano de ação em sua articulação com o território, neste caso específico dentro do equipamento em qual atuamos (Centro Cultural Penha).

Assim, com o entendimento do que seria este PIAC, refletimos numa intervenção que pudesse correlacionar o Centro Cultural, a comunidade e o universo das artes, sabendo- se que o plano é, ao mesmo tempo, resultado e interface da formação teórica e prática dos jovens.

Estabelecido as palavras chaves do projeto, através de uma reunião com os integrantes, fomos em busca de uma pesquisa mais minuciosa do que poderia ser realizado, e percebemos dentro do nosso espaço de atuação (e na Zona Leste) a carência de um espaço aberto onde a comunidade tenha livre acesso para praticar e desenvolver suas aptidões artísticas, decidimos por unanimidade criar este ambiente dentro do equipamento.

Definido o que seria realizado, um ateliê de artes, seguimos em busca de uma sala no terceiro andar do prédio, sala está muito bem arejada, espaçosa, iluminada e de fácil acesso (afinal a sala 3.03 fica de frente com as principais saídas e entradas de elevadores e escadas do andar), dando sequência, começamos a elencar o que seria necessário para montar de forma efetiva o ateliê.

CONSTRUÇÃO DO INVENTÁRIO

Dando sequência às ações que poderiam e deveriam ser tomadas, principalmente o levantamento dos materiais de arte que já existiam no Centro Cultural. Juntámos tudo em alguns armários na sala, registramos e criamos dois inventários.

Um inventário detalhado, com a quantidade de materiais que já tínhamos e outro com a listagem de quais insumos seriam necessários para a construção final do atelier.

Como segue as tabelas a seguir:

INVENTÁRIO DOS MATERIAIS INSUMOS NECESSÁRIOS

Papel Canon A4 e A2

10 flanelas

Papel Camurça (10 vermelho, 10 rosa, 11 azul, 7 verde, 1 preto, 12 amarelo)

Papel Cartolina (1 amarela, 2 rosa, 1 verde claro, 1 azul

claro, 14 verde escuro, 167 branco)

Papel cartão (8 verde, 5 amarelo, 1 rosa)

Papel A3 (6 blocos, 2 pacotes)

Pincéis (sujos: 3 grandes, 12 medios e 36 pequenos)/

(limpos e novos: 5 grandes e amarelos, 12 grandes vermelho escuro, 34 médios vermelho claro, 17 pequenos amarelo)

Pincéis de pintura

2 estojos de aquarela

carvão de desenho

Retalho de papel coloridos (19 unidades)

Fitas de cetin (4 beges, 4 roxo, 3 rosa, 7 verde claro, 7 verde escuro, 1 laranja)

10 potes para lavar pincel

carvão 3 caixas

10 telas 30x40

10 telas 30x40

colormake 2 caixas

fiz de pastel 2 caixas

massinha de modelar de modelar 4 caixas

tinta guache (12 cores)

tinta spay (6 cores)

tinta óleo 5 estojos (4 cores)

aquarela 2 estojos (4 cores)

nanquim 3

dez forminhas de gelo

5 lápis 2B

5 lápis 3B

5 aventais cola branca

estiletes 3

Fitas de cetin usadas (azul, amarela lilás, bege, verde escuro e rosa 1 und de cada)

Fitas (1 rolo de fita de papel, 1 rolo de linha de pedreiro, 1 rolo de dupla face, 1 rolo de fita isolante)

Fitas metalizadas (2 rose, 1 vermelha e 1 prata)

Papel A4 ( 1 pacote amarelo, 1 pacote rosa, 1 pacote branco)

Papel A4 luminoso (3 folhas rosa, 24 folhas

amarelas0

Cixa de lapis de cor (12 und)

2 caixas de lapis de cor aquarelavel

3 caixas de giz de cera 912 und)

lapis de cor variados (209 und)

3 rolos de papel reciclado

1 rolo grande de papel reciclado

1 papel adesivo (rolinho)

7 papis celofone (1 pedaço laranja, 1 pedaço rossé, 2 pedaços vermelho, 1 pedaço verde e 1 pedaço roxo)

Papel crepon (25 rolinhos e 15 azuis)

43 und de tubod de cola quente

2 potes de giz de cera 9variados)

lapis fix grafite (labra n2- 113 und)

cola de silicone

3 latas de verniz

popurina (12 potes de cores diversas)

lantejolas 12 potes

1 pacote de pano de prato

20 metros de tecido suede ou algodão cru

5 rolos de linha de crocê

5 rolos de linha de tricô

2 rolos de barbante

12 tintas de tecido

lapis grafite variados (20 und)

tesouras sem ponta (23 und)

apontadores (22 und)

pigmento em pó xadrez usado (um azul, um

marrom)

apagadores (2 unidades)

borachas (8 und)

giz de louça 205 gramas

nariz de palahço (2o und)

régua 40 cm (6 und)

regua 30 cm(2und)

regua 20 cm regua 15 cm

cola branca usada 1kg

23 peças de MDF

Com a construção do inventário, tivemos a possibilidade de entender quais deveriam ser os próximos passos a serem tomados, e quais poderiam ser as próximas etapas para a execução do plano.

Percebemos que deveríamos buscar parceiros, decidindo assim, construir nosso mobiliário e utilizar a FAB LAB do Centro Cultural como suporte.

O ESPAÇO

Depois de definir o nome do Ateliê, realizamos diversas reuniões com a gestora do equipamento, com a agente de formação e a equipe/ produção da Rosana Paulino, definindo de forma gradual como seria o projeto de implantação do espaço. Pensamos em aproveitar todo o espaço da sala, conversando com todas as linguagens artísticas e otimizando a proposta de abraçar todas as manifestações de arte da zona leste.

ANTES DO ATELIÊ

Planta baixa da antiga sala 3.03

DEPOIS DO ATELIÊ

Planta baixa do projeto

ESTRUTURAÇÃODOMOBILIÁRIO

A construção do mobiliário veio através da parceria entre o Fab Lab Livre Sp (uma das maiores redes de laboratórios públicos de fabricação digital). E por meio dessa importante junção construímos o projeto de quais seriam os móveis (mesas, pranchões, cavaletes) que pudessem complementar e auxiliar a realização das atividades dentro do Ateliê.

Por isto, depois de apresentar os projeto dos móveis, a elaboração deles veio com a proposta da oficina de marcenaria, e tivemos a possibilidade de utilizar os insumos do Lab para construção final dos móveis.

Percebemos que deveríamos somar sempre a parceiros, para construção do atelier, desenvolvendo muitos conhecimentos práticos e intelectuais da produção de madeira. Aprendemos também a desenvolver as nossas criatividades nos laboratórios e estimular cada vez mais mudanças criativas com ideias inovadoras.

As ações realizadas nesta etapa do projeto exigiu muita concentração e dedicação de cada integrante do grupo, podemos praticar os conhecimentos desenvolvidos nas oficinas, e trabalhar em grupo numa produtiva parceria, imprescindível em todas as etapas de construção do ateliê.

PINTURA DAS PAREDES E ARTE VISUAL

Na definição da planta baixa no projeto do atelier, percebemos que algumas reformas seriam necessárias para uma ambientalização de uma sala (anteriormente usada como escritório e sala de reuniões), e transformação do ambiente mais agradável, limpo e criativo que se faz essencial em um atelier.

Por este motivo, pintamos todas as paredes de branco, para inspirar inovação e imaginação aos nossos usuários, pintamos e colocamos camadas de verniz nos móveis, e reformamos as estantes do espaço, deixando o mais agradável e atraente possível, tanto nas paredes do espaço, quanto na área em que seria destinada às obras a reprodução da Rosana.

Feito a pintura interna, aproveitamos nossas aptidões artísticas, e por meio de muito estudos e novas pesquisas, e criamos uma imagem visual na área externa do atelier, A obra representa a força de transformação e conexão ancestral das mulheres não brancas, transmitindo também a inquietação social das mulheres (em relação ao lugar determinado que lhe é imposto), e sua grandeza dentro da sociedade.

A arte produzida tem referência com obras da Rosana, e foi criada como um convite à reflexão para tudo de grandioso que ainda irá ser criado dentro do atelier por grandes personalidades que vão frequentálo. A artista Juliane Frazão fez a instalação, usando elementos da arte que pudesse correlacionar com técnicas da Rosana, em cores vivas para transmitir a natureza forte das mulheres brasileiras.

Para complementar essa intervenção tivemos mais uma vez a parceira de uma das funcionárias do Fab Lab (Gabriela Choque e Thayna Miguel), que instalou uma das obras na área externa ao espaço. A presente obra, elaborada pela artista Thayna Miguel (funcionário da FABLAB), tem por principal intuito dialogar com o ciclo natural de todas as coisas vivas. Entendo que nascemos, crescemos, tomamos espaço no mundo e morremos dando lugar para o novo. As flores resumem nossa ordem natural de forma incisiva e sensível. Mostrando que mesmo com as mudanças ainda são lindas. As instalações foram adicionadas numa parede interna do atelier, também, como um abraço às novas expressões de arte, visando com que todos os artistas e criadores se sentiam confortáveis a frequentar o espaço. Nós entendemos que a arte elitista pode ser excludente, por isso, pensamos na construção final do ambiente, em construir uma decoração colorida e criativa, que possa convidar todos os públicos de diversas idades e faixa etária, visando colocar em prática um dos nosso principais objetivos com a realização das atividades artísticas dentro do atelier que é: construir um ambiente referência de apoio a artistas da e na Zona Leste.

Dando sequência, a reprodução dos detalhes específicos, alguns dos materiais do Ateliê foram reaproveitados, como potes, tintas, papéis e pincéis. Estes insumos foram higienizados e restaurados em ações conjuntas, e articuladas, ou seja, promovemos em um grande mutirão de atividades pensando na melhor forma de criar um espaço onde os artistas possam praticar/ desenvolver suas aptidões.

E não obstante estas iniciativas pensamos num ambiente onde os frequentadores do Ateliê estivessem mais confortáveis e ambientalizados a galerias, exposições e exibições artísticas. Sendo assim, aproveitamos uma das áreas externas ao ateliê de forma artística e política.

REPRODUÇÃO DAS OBRAS DA ROSANA PAULINO

Além do espaço do Atelier, pensamos em tornar todo o entorno mais atrativo/convidativo para os nossos usuários, refletindo também em como poderíamos homenagear a Rosana na data da inauguração. Portanto, criamos paralelo ao espaço principal, onde são realizadas as atividades dos artistas, um ambiente de exibição e reprodução das obras da Rosana Paulino.

Antes das reformas que fizemos o espaço era um hall de espera, com algumas poltronas escuras. Assim, pensando em inovação e respeitando as artes, criamos uma instalação iluminada e criativa, com reprodução das obras da Rosana.

As obras selecionadas na curadoria para compor esta exibição, foram reproduzidas através dos trabalhos “Senhora das Plantas” e “Filhas de Eva”, de autoria da própria Rosana Paulino. As escolhas foram conforme a nossa temática de inovação e transformação do machismo e patriarcado, pois, as obras da Rosana e esse espaço surgem como não apenas um convite à reflexão, mas também como forma viva de poder e resistência.

Sentimos que as obras da artista exprime uma declaração de vida pulsante, numa sociedade desigual , como a nossa, refletir e ter voz de inovação ativa é imprescindível, por isso decidimos por construir essa reprodução das obras, pois as imagens são alertas sociais, e também convida o visitante do atelier á conhecer e pesquisar mais sobre as vida da Rosana dentre outros artistas contemporâneos.

INAUGURAÇÃO

O dia da inauguração, como previsto, foi um dos dias mais esperados com ansiedade de todo o processo de construção do projeto. Aproveitamos nossa experiência enquanto produtores de eventos no equipamento, para entender que precisaríamos começar 24 horas antes a execução do nosso plano para uma inauguração perfeita (ou pelo menos com o mínimo de deslizes possível).

Refletimos em grupo que havia pouco a ser feito, mas que a riqueza dos detalhes precisava ser iniciada, logo, finalizamos a preparação do ambiente do atelier um dia antes da inauguração junto com as áreas externas e os espaços de livre convivência. Em seguida, confirmamos os convidados e partimos para a preparação de uma lista de compras, já que idealizamos uma recepção dinâmica (com um singelo catering/ coquetel), para Rosana Paulino e seus convidados.

Junto com a lista de compras, o nosso cronograma de inauguração seguiria da seguinte forma:

16h30 – chegada dos convidados;

17h30 – cerimônia de inauguração com falas da gestão do CCP, JMCs e Rosana Paulino;

18h00 – Intervenção de Bordado (nome da intervenção)

18h30 – Coquetel

19h30 - encerramento

Integrantes e familiares no dia da inauguração

Para além das ações propostas no dia de inauguração, o equipamento na mesma data teria uma Oficina de Bordado, aproveitamos essa oportunidade (pois alguns trabalhos da Rosana possuem essa técnica), para no momento da inauguração realizar as atividades da oficina dentro do ambiente do atelier.

Os participantes da oficina (junto com a professora) estavam radiantes e muito felizes com o espaço tão bem construído e aconchegante. Nós enquanto criadores do espaço estávamos radiantes, e nervosos com o catering.

Chegamos cedo para a finalização dos detalhes técnicos e artísticos que envolviam a exibição das obras, revisão das últimas particularidades de limpeza do atelier, organização dos comes e bebes do nosso catering/catering e organização dos andares para visita da Rosana e de seus convidados.

Para evitar aglomerações e deixar nossos convidados mais confortáveis dentro do espaço, embora tivéssemos feito uma divulgação do atelier nas mídias digitais do equipamento, isolamos o terceiro apenas para pessoas autorizadas. Finalizado os detalhes, deixamos as atividades da Oficina de Bordado acontecendo, e, com a chegada da Rosana no prédio iniciamos um pequeno tour pelos andares do prédio, apresentando como foi todo processo de construção do atelier, através de um batepapo aberto e rico em detalhes, não apenas sobre o atelier mais sobre o universo de criação e produção de arte brasileiro e internacional.

Oficina de bordado no Ateliê Tour com a Rosana e convidades

Paralelo a visita, nosso pequeno coquetel/catering, esporadicamente venho sendo reposto para que todos pudessem se sentir em casa. Seguimos nossa programação, e o momento das falas foi o mais emocionante. Tivemos as falas da preciosa Gestora do equipamento Valquiria Gama, com a participação da representante do CIEDS- Roberta, e de todos os jovens monitores envolvidos na criação do atelier.

A inauguração foi um grande sucesso, todos tomados de felicidade, estávamos radiantes enquanto profissionais, pois conseguimos executar com eficiência nossa programação e cronograma, mas também enquanto pessoas, já que inovamos e estávamos presenciando a realização viva de um sonho.

IMPACTO DO PROJETO

O primeiro impacto grandioso da criação do Atelier Rosana Paulino foi nas nossas redes sociais. Tivemos muita interação, curtidas e compartilhamentos, em razão da grande fama da Rosana Paulino, e de sua notoriedade artística. Percebemos, também, com os dados coletados em nossa página do Instagram, muita interação e uma felicidade dos nossos seguidores por ter a primeira ala do prédio nomeada por uma mulher negra artista e brasileira. Aproveitamos e trouxemos este dados para enriquecer nossos resultado: Olhando para os impactos observados dentro do prédio, tivemos visitantes constantes na área de reprodução das obras da Rosana, inclusive um bate papo aconteceu em um dos sofás sobre a importância da nudez nas artes. Já na recepção, muitos usuários chegam desejando visitar e conhecer o atelier, tivemos inclusive, o desejo de alguns artistas para ocupar e co-criar dentro do atelier, artistas da Zona Leste da cidade (no geral adolescentes e adultos).

Além disso, estamos usando o ambiente do atelier para realização diversas no prédio, pois todas as ações ligadas às artes estão sendo organizadas dentro do atelier, principalmente as oficinas de artesanato e produção manual. Como por exemplo as oficinas de: Bordado e Contação Oral, Desenho e Ilustração, Café com Prosa dentre outras.

Em conclusão, percebemos que conseguimos atingir nosso objetivo geral, em comunhão plena com os objetivos específicos. Notamos inclusive, que muito embora, nesse momento tão delicado para o fomento de políticas públicas no Brasil, não deixando de mencionar nossa crise econômica e artística, a força da união é transformadora. Verificamos que existe um abandono das autarquias da política para o interesse do povo e suas questões urgentes, mas, que ainda nesse sistema, habitam e trabalham pessoas transformadoras como a Gestora Valquiria Gama, e nossas parceiras de criação no Fab Lab Gabriela Choque e Thayna Miguel.

Por conta disso, afirmamos a força transformadora da união. Nossa união enquanto jovens monitores transformou a realidade de um sala, e é capaz de transformar a sociedade (tanto a nossa quanto ao nosso redor). Por fim, percebemos que somos luz de persistência, inovação e transformação, e o Ateliê Rosana Paulino é exemplo real, palpável e tangível de tudo que somos e estamos criando enquanto seres culturais.

O TERRITÓRIO

Para compreensão, este capítulo fala brevemente da localização do n geografia da cidade de São Paulo, portanto apresentamos mapas e a da cidade- do distrito e do bairro da Penha (além de alguns ele formação do bairro).

A cidade de São Paulo é dividida em oito zonas; dentre elas está a Z em Leste 1 e Leste 2. A Zona Leste, segundo o Instituto Brasileiro de IBGE, possui 32 distritos, dentre eles fica situado o distrito da Penha, u distrito da Penha está segmentado em 32 bairros.

O distrito da Penha fica situado na Região Administrativa Leste subprefeitura da Penha, fica geográfica 3 Nordeste. Conforme o censo IBGE, apresenta uma população com cerca de 119.691 habitantes, dist 11.3 km². Sua densidade confere a 104,15 hab/ha, em um índice humano- IDH de 0,865 com renda média de R $1.244,65.

A história do bairro Penha de França, onde está localizado o Centro sede do Atelier), está intrinsecamente ligada à religiosidade e tamb importantíssimos para a cultura nacional, por isso os parágrafos a seguir tratam- se dos monumentos mais importantes para o entendimento geral sobre o bairro.

Estudiosos afirmam que em 1550, antes da invasão portuguesa, a região dos limites do bairro da Penha foi terra dos povos indígenas Ururaí (que traduzido para o português de Portugal siginifica rio do lagarto), e pós colonização essa região recebeu o nome de aldeamento de São Miguel.

Como de conhecimento geral, para iniciar a colonização do Brasil, Portugal mandou os jesuítas para catequização dos povos indígenas em locais estratégicos selecionados, e, dentro desta listagem estava o futuro bairro da Penha (em português de Portugal significa rocha isolada e saliente), pois na individualidade geográfica se destacava as colinas próximas e cursos d’água circulavam com abundância.

Assim, já em meados de 1554-1560 com a instalação do aldeamento, alguns jesuítas eram contra a escravização indígena, os abrigando na região. Mas, a partir de 1602 visando o aprisionamento de indígenas no interior, os bandeirantes intensificaram as bandeiras (expedições de escravização, catequização e extermínio dos povos indígenas) nas colinas da Penha também. Com o sucesso das bandeiras, a Penha tornou- se o primeiro ponto de parada dos colonos que deixavam a vila de São Paulo em direção às Minas Gerais.

Em 1668, as terras da Penha até Tatuapé, foram concedidas como sesmaria (terrenos brasileiros pertencentes a Portugal e entregues a colonizadores para ocupação, através do pagamento de taxas reais e religiosas). A Sesmaria, chamada fazenda Tatuapé, na época, como dito sempre foi uma das terras mais cobiçadas de São Paulo, por serem produtivas, pelas cheias dos rios, de clima saudável e belas paisagens, por conta disto, em 5 de setembro de 1668 é erguida na região do Ururaí a Capela de Nossa Senhora da Penha.

Outro relevante monumento para a história do bairro que deve ser citada á a Capela da Nossa Senhora da Penha, portanto dedicamos algumas linhas a ela.

Capela Nossa Senhora da Penha

A devoção a Nossa Senhora da Penha está ligada a um jovem pastor francês que adormeceu encostado numa rocha às margens do rio. Um crocodilo avançou em direção ao pastor, quando surgiu a imagem de Maria e o menino Jesus, sobre uma rocha, então o réptil intimidado recuou e fugiu. Assim a invocação da Virgem sai da França e vai para Espanha ( lá reza a lenda que habitantes escondem uma imagem de Maria numa rocha para fugir de um ataque e a rocha passa a brilhar intensamente). Da Espanha a devoção no século XVI chega a Portugal e em 1570, a invocação é introduzida no Brasil pelo frei franciscano Pedro Palácios.

As obras da Igreja se iniciam aproximadamente em 1668 e seguem até 1682. A igreja foi matriz por muitos anos, mas em 1909, foi elevado o Santuário Eucarístico Nossa Senhora da Penha, recebendo ao longo dos tempos algumas reformas, tornando nacionalmente conhecida por sua história e importância tanto para a consolidação da fé quanto para a configuração do território da zona leste de São Paulo.

Assim, e com essas edificações citadas, outras construções vão sendo realizadas na região marcando o bairro com alguns marcos históricos, como por exemplo a estruturação da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (que vêm em detalhes históricos na sequência).

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Localizada no Largo do Rosário, no centro do bairro, a construção da Igreja se dá por uma solicitação da Irmandade dos Homens Pretos da Penha de França, pois não era permitido os escravizados participação nas missas e o acesso ao interior das igrejas, desta maneira, em 1802, e erguida a primeira fase da igreja em taipa de pilão no estilo colonial.

Mais tarde em 1920 uma reforma aconteceu com a mudança da fachada e requalificação da praça ao entorno dela. Por sua importância inegável, em 1982, ela foi tombada pelo Conselho de Defesa da Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico- CONDEPHAAT, e também tombada em 1991 pelo - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo- CONPRESP, confirmando sua relevância e necessidade de preservação e manutenção.

Outros marcos históricos importantes para a configuração da Penha atualmente, são a construção civil autorizada por lei de 6 de maio de 1895, e a edificação do Santuário da Arquidiocesano anexos da Basílica Nossa Senhora da Penha erguida em 1950 (para abrigar a imagem preservada da santa). Estes acontecimentos citados são somados à presença dos alemães em 1824, os poloneses em 1969,os italianos em 1875, os ucranianos em 1894 dentro outros grupos vindos do Oriente.

Todos esses monumentos são valiosos para a compreensão da cultura e história do bairro que se relaciona com o Centro Cultural da Penha, localidade onde o espaço está inserido, por isso falamos um pouco sobre ele também.

CENTRO CULTURAL PENHA

O equipamento está também localizado no centro do coração do distrito, sua fundação se dá em 1967 (como Casa de Cultura da Penha), através de uma mobilização popular dos estudantes, que precisavam se deslocar para Tatuapé ou para o centro da cidade quando precisavam utilizar os serviços de uma biblioteca. A ação envolveu inúmeras assinaturas, de penhenses, jornais de outros bairros, e de boa parte da comunidade da zona leste que clamava por um espaço público cultural.

A Casa de Cultura da Penha funcionava como biblioteca para adultos, infantil e um auditório, mas sua infraestrutura foi precarizada, tendo que se manter fechado por três anos. Logo depois desse período, por ampliação da Prefeitura, se transformou em Centro Cultural da Penha e reabriu em dezembro de 2012 com uma nova identidade

Uma nova administração única e centralizada foi instalada e o equipamento recebe reformas, que anexa ao complexo cultural, o auditório no Teatro Martins Pena, Estúdio de Gravação Itamar Assumpção, a Biblioteca

José Paulo Paes, Fab Lab Livre SP, e o Espaço Cultural Mário Zan, voltado a realização de saraus, encontros artísticos, palestras, reuniões dentre outras atividades.

Com a contextualização da região e do seu entorno, com nossas pesquisas, e vivências na atuação enquanto jovens monitores no prédio, percebemos a carência de um espaço de expressão artístico-visual Deste modo, veio a nós a ideia de construir um ateliêr.

Em nosso Centro Cultural todas as salas destinadas à cultura, levam o nome de artistas masculinos como forma de homenagem. Nós pensamos, então, que seria de fundamental importância, dado o contexto histórico-social em que estamos inseridos, que esta nova sala levasse o nome de uma mulher negra como homenagem.

Dentre as muitas conversas foi levantado o nome da artista Rosana Paulino, cuja arte, afinada ao contemporâneo, contempla a visão étnica, social e de caráter instigante com poder de denunciar e transformar uma sociedade.

Definido, o que fazer, pensamos no como, quando e de que forma, criando algumas camadas para execução do projeto de forma, objetiva, clara e eficiente, essas nuances das etapas são apresentadas nos tópicos consecutivos.

Referências:

Porter Henry. Penha de França Série História dos Bairros de São Paulo Vol-31.

São Paulo, Estante Literatura Estrangeira, 2017.

Revista CityPenha. Penha • 350 Anos • Passado, Presente e Futuro (bairro de São Paulo). São Paulo, Editora Inventy São Paulo, sem ano. Vergueiro, Maria Cândida. Penha de França. São Paulo, Editora Ver Curiosidades, 1968.

Morelli, José. Penha de Franca Expressões do Rosário. São Paulo, s/d. Richard, Morse. Formação Histórica de São Paulo- de Comunidade à Metrópole. Editora difusão europeia, São Paulo, 1970.

Zona Leste de São Paulo, Google, 2022. Data de acesso dia 27 de julho 2022.

Link https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Zona Leste de S%C3%A3o Paulo

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.