Índice 3 Review de um Filme
Ficha Técnica
4 Entrevista a Alexandre Cabral
Direção:
Investigador da IAstro
Ana Sofia Oliveira
8 Review de um Livro
Equipa:
Beatriz Salvador, Filipa Santos, Francisco Santana, João Baptista, Rafael Lima e Thiago Damasceno
10 Entrevistas no ENEF´23 Entrevista a um participante e ao organizador
Redação:
14 Empresas
Ana Sofia Oliveira, Beatriz Salvador, Cláudio Moreira, Filipa Santos, Madalena Gamboa, Pedro Santos e Rafael Lima
Algumas Empresas na área da Física
18 Centros de Investigação Alguns Centros de Investigação na área da Física
Arte
20 Núcleos
Design e Montagem
Membros Coletivos
João Baptista, Rafael Lima e Thiago Damasceno
22 Roteiro de Conhecimento
Contacto
Recomendações de Professores de algumas Universidades
https://physis.com.pt/ physis.physis@gmail.com R. Larga, 3004-516 Coimbra @physispt
24 Física na Arte 26 Alguns dos Eventos do Mandato 22/23
Fim de semana da Physis, Fórum Pedagógico e Congresso
Editorial Caros leitores e membros da Physis-Associação Portuguesa de Estudantes de Física, É com grande prazer que vos apresentamos mais uma edição da neon. Esta 2.ª edição é marcada pela diversidade de temas, desde as entrevistas do ENEF 2023, onde podemos ter uma noção das diferenças entre ser-se participante e organizador, até à entrevista ao Professor e Investigador Alexandre Cabral, que nos fala sobre o seu percurso de forma informal e pedagógica. Contém, ainda, textos mais lúdicos desde a literatura, ao cinema, bem como a Física na Arte. Para os mais interessados em Investigação e Mercado de Trabalho selecionamos alguns Centros de Investigação e Empresas, que podem ainda não conhecer, e que porventura serão do vosso agrado. Por último, destacamos as páginas do “Roteiro de Conhecimento” que contêm recomendações extraordinárias de alguns Professores de todo o país, em especial do Professor Jaime Santos, professor no Departamento de Física na Universidade do Minho até ao ano letivo 2022/2023, que infelizmente já não está entre nós e a quem gostaríamos de dedicar esta edição. Boas leituras! Departamento de Imagem e Comunicação
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OPPENHEIMER Review
Escrita por Filipa Santos
Colaboradora do Departamento de Imagem e Comunicação
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mais recente filme de Christopher Nolan, “Oppenheimer”, retrata intensamente a vida de J. Robert Oppenheimer e do seu papel fundamental na criação da bomba atómica. Baseado no livro de 2005 de Kai Bird e Martin J. Sherwin, “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer”, este drama biográfico explora o dilema moral e científico enfrentado por Oppenheimer durante um dos momentos mais decisivos na história mundial, bem como as consequências deste na vida do cientista.
Dado um tempo de execução de três horas, esperava-se que o filme explorasse mais a fundo alguns dos relacionamentos de Oppenheimer, respeitando alguma complexidade dos intervenientes. A principal crítica reside no roteiro que tenta abordar bastantes aspetos rapidamente, fazendo com que algumas cenas e monólogos mais extensos se tornem um pouco cansativos e sejam facilmente esquecidos. Um detalhe a notar é o quão suportada pela memória coletiva está a ressonância emocional com Oppenheimer após os bombardeamentos. Apesar de evitar, acertadamente, cenas de choque gratuito, a fraca referência que humanize as vítimas de Little Boy, Fat Man e da Experiência Trinity parece impedir o público com menos conhecimento da história de empatizar com Oppenheimer e o seu fracasso moral. Mas talvez seja essa a intenção de Nolan: replicar o erro do “Pai da Bomba Atómica” e nunca olhar diretamente para as consequências das suas ações…
Como é habitual do realizador, a narrativa deste filme é abordada de forma não linear, havendo uma alteração constante da ordem cronológica das cenas. O enredo é ainda reforçado pela mudança de perspetiva ao longo do filme, exibindo-se paralelamente duas linhas de tempo: a primeira, “Fissão”, relata subjetivamente a experiência pessoal de Oppenheimer, enquanto a segunda, “Fusão”, adota um tom mais objetivo, apresentando a visão de Lewis Strauss. O uso de sequências com cor para a primeira linha narrativa e preto e branco para a segunda cria um contraste que não só dinamiza a experiência da audiência, como enfatiza o ténue limite entre realidade e ficção.
Por último, os nomes e aparições de tantos cientistas famosos pareciam “Easter Eggs” saídos das aulas de física, tornando cada cena mais interessante. Porém, o filme poderia ter destacado a contribuição de cientistas já esquecidos pela História como, por exemplo, a primeira-dama da Física e “Jiejie” (“irmã mais velha”) de Oppenheimer, Chien-Shiung Wu, que teve uma contribuição fulcral para o projeto Manhattan.
A cinematografia do filme é esplêndida, permitindo capturar a atmosfera tensa dentro dos laboratórios durante discussões cruciais, os testes experimentais e, sobretudo, o estado emocional do protagonista. A inquietação e suspense são magistralmente criados através da combinação dos visuais alucinantes com a banda sonora surpreendente. Destaca-se a cena no auditório como um exemplo simplesmente inesquecível, no qual a música de Ludwig Göransson eleva os efeitos visuais para manter a audiência no limite. Contudo, enquanto a banda sonora permite uma imersão única no filme, também peca no volume avassalador e quase ensurdecedor de cenas ocasionais.
Concluindo, embora “Oppenheimer” aborde com precisão muitos elementos da vida do cientista, também omite certos detalhes e simplifica relações, levantando questões sobre a veracidade e integridade deste retrato. Mas, como o próprio Nolan destacou, “[O filme] Não é um documentário. É uma interpretação.”, pelo que deve ser visto puramente como tal - uma dramatização de eventos reais, que atende mais ao entretenimento que à educação do público. Com a qualidade de imersão total característica de Nolan, atuações fascinantes e um final arrepiante, “Oppenheimer” merece toda a atenção que lhe tem sido dada, sendo absolutamente imperdível para entusiastas de Física.
Cillian Murphy brilha, finalmente, num papel principal, exibindo um talento indubitável. Os restantes atores entregaram performances igualmente intensas e emotivas, apesar da superficialidade das mesmas no roteiro. 3
“Essa pergunta é uma pergunta que não é honesta, porque a resposta que eu ia dar era a resposta que me poderia permitir ter tudo aquilo que não tenho...” Entrevista ao Professor e Investigador Alexandre Cabral Fale-nos um pouco sobre si. O que faz? Estou na carreira de investigação, uma carreira paralela à carreira docente, na faculdade. Somos menos, muito menos, mas, essencialmente, aquilo que se passa é que nós damos menos aulas do que os nossos colegas docentes e, em contrapartida, fazemos mais investigação. Neste momento estou na coordenação da licenciatura em Engenharia Física, com o meu colega Jorge Sampaio. Na maior parte do meu tempo, estou dedicado à investigação relacionada com ótica, instrumentação ótica, e, neste momento, toda ela é virada para a instrumentação ótica, para astronomia e astrofísica. No passado já estive noutras áreas, mas neste momento é isso que faço dentro do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
Os primeiros anos no curso são sempre aquele impacto. Já tinha algumas componentes práticas e percebi logo que a parte experimental seria aquilo que eu achava piada. Nos últimos anos, havia duas áreas que eu gostava muito: a dos materiais e a da ótica. Lembro-me de estar indeciso entre ir para fora ou fazer o estágio cá, em Portugal. Na altura, não éramos tão aventureiros como a malta de agora e eu comecei a olhar para as temperaturas que faziam na “Holanda” e comecei a pensar “Isto é muito longe…”, e havia uma oportunidade de fazer um estágio na área da ótica - com o professor Rebordão, o atual presidente do Departamento de Física da FCUL- sobre cristais fotorrefrativos, na altura falava-se em computação ótica. Tínhamos bastantes aulas práticas de ótica e foi aí que nasceu o bichinho. Foi aí que eu disse que queria ir para o laboratório de investigação e tentar criar coisas novas. Se bem que, eu sempre senti que tinha sangue de engenheiro. Ter desafios maiores foi o que me levou para essa área da investigação. Por isso, fiz lá o estágio, fiquei até 2009 e o departamento em que estava, no Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), na área da ótica, foi transferido para a Faculdade de Ciências.
Quando é que no seu percurso académico soube que queria investigação? Eu entrei para a faculdade no final dos anos 80. Nessa altura, não havia muito aquela coisa de “O que é que queres ser quando fores grande?”, aquela pressão que existe agora para escolher. Fiz a licenciatura em Física Tecnológica aqui na Faculdade de Ciências - na altura ainda não havia Engenharia Física. A licenciatura em Física Tecnológica era os primórdios daquilo que seria a licenciatura em Engenharia Física. Na altura, a licenciatura era de 5 anos, na qual o 5º ano era um ano inteiro de estágio numa empresa ou num centro de investigação.
Disse que tem sangue de engenheiro. Como surgiu este amor pela Engenharia e pela Instrumentação? Antes de ingressar em Física? Eu acho que desde pequenino havia coisas que eu gostava bastante de fazer: de criar, de construir… . As brincadeiras que eu tinha eram daquelas com as quais os pais se chateavam muito porque brinquedos novos, ao fim de um mês ou dois, já estavam destruídos para fazer outras coisas! Lego, por exemplo, que na altura só tinha meia dúzia de peças, era algo com que gostava de criar e construir.
A minha prioridade era Engenharia Eletrónica mas, felizmente, não tive média para entrar no curso. Hoje em dia, tenho a certeza que não iria estar tão realizado como estou, mas, na altura, não sabia. Não havia Futurálias, nem nada dessas coisas. Eu fui para Física Tecnológica por causa da palavra “Tecnológica”, gostava de várias coisas, porém gostava essencialmente de pôr as mãos na massa, de construir. Daí ter pensado em Eletrónica - porque tinha andado numa escola que era a Fonseca Benevides em que tinha uma componente prática de eletrónica muito grande.
Ir para um curso de Física ajudou-me a ter as bases para poder construir os modelos para as coisas. O poder construir não só por construir mas o conceber, desde o desenhar ao ter o modelo! Acho que esse amor surgiu muito cedo, até mesmo antes da faculdade.
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Considera que o estado atual da sua área de investigação em Portugal está a fazer contribuições relevantes para o campo? Está e bastantes!
Portanto, se os astrónomos querem utilizar os telescópios ou, candidatam-se para poderem usar os telescópios, ou participam num destes projetos de que vos falei que, logo à partida, abrem a porta à utilização dos telescópios com prioridade.
O facto de estarmos integrados no IA traz-nos algo muito interessante. O IAstro tem 6 grupos: 4 desses fazem investigação na área da Astrofísica - planetas, estrelas, galáxias e cosmologia, e universo. Para além destes e do grupo de Comunicação de Ciência, tem o grupo Instrumentação. Essencialmente, o que nós fazemos é investigação em novas tecnologias e novos desafios para a instrumentação e, depois, há uma boa parte do tempo, que é consumida na participação e na construção de instrumentos. Instrumentos estes que serão utilizados pelos nossos colegas. São eles que ao utilizarem esses instrumentos e ao perceberem que há novos desafios que requerem novos instrumentos com melhores características, que vão para além daquilo que é o estado da arte, nos lançam esses desafios e que nos permitem participar nos consórcios. Estamos a falar de projetos ao nível da ESA1. Nós aí, juntamente com a indústria, construímos o chamado “Payload Científico” ou carga científica que vai dentro de um satélite e participamos em projetos - daquilo que é chamado “Ground-based Astronomy”, portanto, astronomia em observatório, ou seja para o ESO2. Neste momento estão a sair resultados bastante interessantes na área dos exoplanetas, que são o resultado daquilo que foi a nossa participação no projeto “O ESPRESSO”, que neste momento é o espectrógrafo na zona do visível com maior resolução espectral que existe no nosso planeta - não digo Universo porque não temos a certeza, não é? Havia quatro países a participar no projeto, um dos quais éramos nós e, portanto, o que nós fazemos tem um impacto a nível mundial, sendo que está a ser utilizado por toda a gente no mundo - com prioridade para os nossos colegas, porque participamos na construção - mas neste momento já toda a comunidade de astronomia está a tirar partido deste projeto.
É difícil ter esse financiamento. Neste momento, a Agência Espacial Portuguesa está a fazer um trabalho bastante importante de forma a tentar criarar estes mecanismos. Estamos à espera que seja agora, apesar de estarmos a trabalhar nestas coisas há mais de 20 anos. Portugal entrou no European Southern Observatory (ESO) em 2001. Este financiamento foi sempre uma coisa incerta. Depois, também há a questão dos recursos humanos. É muito difícil fixar e contratar novos engenheiros. Isto é, arranjar o financiamento necessário para os nossos projetos é mais difícil do que todos os desafios tecnológicos e de investigação que tivemos de ultrapassar até agora. Porquê a astronomia e não outra área da Física? Quando eu comecei a trabalhar na área da ótica, a primeira coisa que fiz foi um trabalho na área dos cristais fotorrefrativos que permitia fazer holografia em tempo real para memórias óticas e outros efeitos. Depois, participei num curso de formação em tecnologias aeroespaciais no âmbito daquilo que foi o “PoSAT-1” - o primeiro satélite português. No âmbito do curso, replicamos o satélite e construímos um modelo de engenharia tal e qual como o satélite existia. Só não voou - não tinha componentes que o tornassem possível, por exemplo, capazes de suportar radiação - mas era uma cópia fiel. Lembro-me de construir a eletrónica das câmeras, o satélite tinha várias câmeras, como uma que olhava para a Terra, outra do sensor de estrelas, etc. Lembro-me de fazer estudos sobre a utilização dos painéis solares e como os otimizar, essencialmente, tinha a ver com luz, com orientações, com o modelo das órbitas, um pouco afastado da minha área da ótica mas sempre relacionado.
Neste momento estamos a trabalhar no “MOONS”, para área das galáxias, que deverá ir para o Chile daqui a um ano. Aquilo que nós fazemos é feito ao nível de consórcios internacionais e o impacto acaba por ser sempre internacional.
Numa fase trabalhei em holografia para construção de elementos óticos de segurança, como existe nos cartões de crédito e, por vezes, ainda vejo um queijo da serra nos supermercados que ainda usa um holograma que criei. Foi nesta área que fiz o meu mestrado. Consegui uma patente internacional para desenvolver um novo tipo de holograma. Portanto, ótica, nada a ver com astronomia.
Se as perguntas fossem “Fazemos investigação que tem impacto lá fora?”, então, sim, tem. “É uma coisa muito importante?” Eu acho que sim. “Como é que as coisas correm?” Uma das dificuldades que temos em Portugal, em contraste com o que acontece lá fora, é o financiamento de todos estes instrumentos. Este deve ser feito pelos governos e agências dos países, sendo que o retorno é feito em número de utilizações desses instrumentos. Por exemplo, o “ESPRESSO” que referi teve um retorno em 13 milhões de euros em noites de utilização dos telescópios - um daqueles grandes telescópios do VLT custa 50 ou 60 mil euros por noite de observação. 1
European Space Agency
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European Southern Observatory
Durante o meu doutoramento dediquei-me à metrologia e estudei sistemas que poderiam medir distâncias em satélites para poder construir sistemas óticos - na altura, chamados de “abertura múltipla”, com múltiplas aberturas para o espaço. No início do século vinte e um era esta a ideia, ter coisas grandes no espaço a voar em formação, foi muita interferometria e metrologia - sobre a qual dou aulas, curiosamente.
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Chegamos a desenhar sistemas para militares que queriam satélites no espaço, interferometria para calibração de acelerómetros para o Instituto Português da Qualidade (IPQ) - nada disto estava diretamente relacionado com astrónomos, mesmo que os clientes finais de alguns destes projetos fossem astrónomos.
Quando os nossos alunos vão lá para fora, costumam ter muito sucesso por estarem mais bem preparados. Isto é, os nossos alunos têm uma grande capacidade de se adaptarem a diferentes áreas e tipos de trabalho. Não são tão especialistas como os alunos lá de fora, mas têm a vantagem de não estarem tão presos a regras previamente estipuladas.
Em 2006 ou 2007, participei num projeto liderado pelo professor António Amorim que era o “CAMCAO” para o ESO. Depois, entrei no projeto ESPRESSO, também em 2006 ou 2007. O envolvimento neste projeto foi bastante grande. Praticamente toda a gente que estava disponível estava a participar. De seguida, quando, em 2009, somos transferidos do INETI para a Faculdade, juntando-nos ao Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL), começámos a ter mais pedidos para o nosso envolvimento na astronomia. Em 2013 ou 2014, começámos a falar na possibilidade de juntar o Centro de Astronomia da Universidade do Porto (CAUP) com CAAUL para criar o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). Inclusive, participei nessa génese que deu origem ao atual instituto. Assim surgiu a astronomia no meu percurso - um pouco por acaso. É uma área muito gira, cheia de desafios interessantes e dá-me a oportunidade de ter experiências como ir para um observatório no meio do deserto no Chile montar aqueles instrumentos todos.
Outra coisa que noto é que os alunos não estão tão preparados para meter as mãos na massa quanto estávamos no passado. Isto não é tanto culpa dos alunos, mas, sim, do que é ensinado no secundário. Até chegar ao ensino superior, os alunos são ensinados a receberem receitas que podem aplicar, o que leva a uma dificuldade de abordar problemas novos. Das várias iniciativas e centros que participou fora qual foi a mais marcante e porquê? Em termos de investigação, eu nunca mudei muito de sítio. De todas as experiências, a experiência do “Espresso” foi algo completamente diferente por várias razões. Uma delas, porque foi necessário desenvolver muito mais trabalho do que o que estava previsto inicialmente e o próprio observatório tinha falta de recursos humanos para implementar o nosso trabalho. Eu estive no Chile, para este projeto, dezassete vezes, algumas delas com a duração de um mês. A equipa era composta por 5 / 6 pessoas mais investigadores de outros países. Foi um trabalho muito desafiante que teve bastante sucesso um pouco devido ao facto de, na equipa, haver pessoas com diferentes tipos de valências e com uma boa capacidade de adaptação, algo que também nos distingue das outras nacionalidades lá presentes.
Que ideias erradas têm os estudantes sobre Astronomia e Ciências do Espaço? Quando estamos em encontros e, durante a conversa, os meus colegas dizem que são astrónomos, eu digo sempre que “Eu não sou astrónomo.”. Alguns deles, em jeito de brincadeira, dizem “Epá, dizes isso como se fosse mau ser astrónomo!”. Eu não sou astrónomo, sei algumas coisas sobre astronomia porque tenho de construir os instrumentos.
Quais foram as suas maiores referências em termos de inspiração? O Professor Rebordão, que é sempre uma referência, foi o meu orientador da licenciatura, mestrado e doutoramento. Os colegas, especialmente aqueles com a capacidade de fazer as coisas em que nós temos dificuldade e mais calmos, ajudam bastante ao longo do percurso. O meu colega de gabinete, Manuel Abreu, é também uma referência para eu melhorar várias coisas, complementa-nos e isso é muito importante numa equipa. Lembro-me da minha professora de física no oitavo ano que uma vez, não sendo eu na altura um aluno muito brilhante, fiz uma pergunta durante a aula e toda a turma sorriu e a professora disse “Alexandre continua a fazer perguntas dessas que vais longe na Física”. Apenas mais tarde me apercebi do valor que essa questão tinha tido.
Retornando à pergunta na parte da astronomia, é difícil de responder, não sendo professor de astronomia. Mas a sensação que eu tenho é que não há muitas ideias erradas. Os estudantes têm, sim, uma ideia muito correta de que há um desconhecimento brutal daquilo que se passa fora da nossa atmosfera. É uma área muito interessante porque há imenso conhecimento a surgir muito rapidamente. Cada instrumento novo que aparece traz novo conhecimento e possibilidades. Na parte da Engenharia Física, posso dizer que, durante uma palestra que dei há um tempo, houve uma coisa que um aluno disse que não gostei nada. Ele perguntou-me “Como posso eu, um “simples” aluno, chegar àquilo que o professor chegou?” e eu disse-lhe “Epá, eu, na altura, se calhar era ainda mais simples do que vocês. Se compararmos a média com que entrei e a média com que eles entraram, eu devo ter entrado com uma média mais baixa”. Às vezes, talvez característico da nossa alma lusitana, temos uma auto-estima um pouco baixa. Já na minha altura havia a ideia de que o que vem lá de fora é bom. Mas não é isto que verificamos.
Como cativa os estudantes durante as suas aulas? Qual é o seu método de ensino? Eu tenho a sorte de dar aulas onde posso trazer a minha experiência pessoal o que torna logo as coisas mais interessantes, ou seja, consigo aproximar-me da realidade. Acho que deveria ser algo que deveria ser feito no secundário, mostrando aos alunos mais casos que acontecem no dia-a-dia e a ciência que 6
Quando estou a dar teoria e me apercebo que os alunos já não estão a prestar atenção, introduzo uma pergunta ou um exemplo. Cada vez é mais difícil os alunos estarem focados numa aula, isto tem a ver com os tempos e como as coisas foram mudando.
Temos cerca de 100-120 atletas federados todos os anos e o clube ainda existe. Cheguei a treinar o escalão dos 8-9 anos durante muitos anos e gostei bastante. Foi uma experiência engraçada, era um dos poucos clubes onde ninguém pagava para jogar e era também um dos nossos princípios. Foi uma forma de dar continuação a um grupo de amigos que criamos aqui na faculdade, de todos os cursos fora da vida académica.
Qual é que acha que são os ingredientes essenciais de um bom curso de Engenharia Física? Há um ingrediente essencial que é, os alunos terem a hipótese de “colocar as mãos na massa”, a parte experimental que é algo muito complicado uma vez que é uma licenciatura de três anos onde o programa tem de englobar várias coisas e não é possível remover temas uma vez que são essenciais, para muitos no futuro. Entre outras coisas, a parte prática dá, também, aquilo que é a realidade e mostra que as coisas não são perfeitas. Na teoria aprendemos os modelos, as grandezas e as suas relações e quando vamos para o laboratório não acontece como esperado. O importante é o porquê de não ter acontecido como esperado, o que é que está a influenciar aqueles resultados. Era muito importante que os alunos viessem já com alguma preparação em termos de cadeiras experimentais. A sensação que eu tenho é que os programas são tão extensos no secundário e o ensino é tão focado para a preparação dos exames que toda essa parte é deixada de lado.
Acha que é importante ter atividades extracurriculares? Eu vivia em casa dos meus pais, em Lisboa, então não tinha que me preocupar com a alimentação, alojamento, limpezas e outros. Era um privilegiado comparativamente a colegas que eram de Leiria e tinham de se preocupar com esses fatores. Algo que me apercebi na altura é que eles eram muito mais eficientes que eu a gerir o tempo. Em especial quem não tem muita coisa para fazer, ter atividades extracurriculares para além do enriquecimento que é fazer outras coisas, dá ferramentas que nos podem vir a ser muito úteis mais tarde. São uma forma de ter também interação com colegas. Desde que não se ponha em causa aquilo que é o curso e não se veja nisso uma forma de fugir ao trabalho que temos de entregar. Acho que são importantes, uma vez que nos dão ferramentas essenciais, mas sempre olhando para a perspetiva de que é algo que me vai forçar a gerir muito melhor o meu tempo.
Num bom curso de Engenharia Física é fundamental que os alunos aprendam a pegar naquilo que lhes é ensinado e ir um pouco mais além. Lembro-me que quando terminei o curso ter um artigo não era fácil, às vezes tínhamos que pedir e vinha de Inglaterra por correio e apenas ao fim de uma semana, ou duas, é que o recebíamos. Hoje em dia o conhecimento está em todo o lado e o problema é em como é que estes estudantes vão gerir e processar tanto conhecimento.
Depois de tantos anos e experiências, que dica daria a si próprio do passado? Essa pergunta é uma pergunta que não é honesta porque a resposta que eu ia dar era a resposta que me poderia permitir ter tudo aquilo que não tenho. Uma das coisas era, se calhar, receber mais dinheiro. Eu vejo colegas que fazem as mesmas coisas lá fora, também na área de investigação, e uma vida com muito mais facilidades do que eu. Poder ir passar férias a sítios onde eu tenho alguma dificuldade em ir, ou até mesmo colegas que estão cá e estão na indústria, a fazer coisas com o mesmo grau de responsabilidade que ganham mais. Não sei até que ponto se eu estivesse fora me iria sentir tão realizado como sinto aqui com as coisas que faço. Eu não me arrependo de nada do que fiz porque foram escolhas que foram pensadas. Apenas ia dizer uma coisa: aproveita cada momento porque o tempo passa depressa. A questão é que na altura o tempo não passa, apenas agora que tenho cinquenta e cinco é que passa. Também na questão da educação dos filhos, permitir-lhes que errassem mais, que é algo que a minha geração não faz e protege-os demasiado. Isso acho que faz parte, se calhar os mais velhos diziam a mesma coisa. Houve alturas em que devia ter estudado mais e não estudei, houve alturas em que estudei imenso e não me serviu de nada no imediato.
Foi o senhor que fundou o académico clube de ciências? Na altura, cheguei a estar na Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências, éramos responsáveis pela parte desportiva, tínhamos um pavilhão onde organizávamos torneios e tínhamos, também, uma equipa da faculdade. Já tinha existido uma equipa da Faculdade que era o Clube Académico “Os Positrões” composta por estudantes de física, mas passados dois anos terminou. Houve um grupo de pessoas que jogavam nesses torneios internos que se juntou e decidimos criar uma equipa. Nós tínhamos Futebol 5 federado, chegamos a ter uma equipa feminina e uma equipa de miúdos. Entretanto, quando terminamos o curso a Associação de Estudantes não quis continuar uma vez que tinha custos associados e não era importante para a faculdade e decidimos fundar o clube, há 27 anos. Eu fui um dos fundadores, inicialmente para jogarmos, mas depois começamos a criar escalões de formação e chegamos a ser o clube com mais atletas federados em futsal do distrito de Lisboa.
O importante é nós aprendermos com tudo aquilo que fizemos e não ter medo das escolhas que fazemos e das suas consequências. Não escolher é que é mau.
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Review do livro “As Velas Ardem até ao Fim” de Sándor Márai Escrita por Ana Sofia Oliveira Coordenadora do Departamento de Imagem
Escrito por Sándor Márai, a ação de “As Velas Ardem Até Ao Fim” situa-se num mundo em guerra. Publicado pela primeira vez nas profundezas daquela época (1942), este romance mal reconhece o presente focando-se no passado.
Ao longo dessa conversa, ficamos a saber toda a história que uniu e separou os dois jovens. Henrik afirma que “Os fatos não são a verdade”, e ele próprio tem noção de que “Os fatos são apenas uma parte”, e o que ele procura, antes de morrer, é a verdade. Após a exposição de todos os factos, é revelado o A história remete-nos para os confins da Hungria, cerne do conflito –Krisztina. num pequeno castelo de caça onde vive um velho ge- Dividido entre o amor e a amizade, a opção de Konrád neral, Henrik, que se recusou a entrar na modernida- fora a fuga. de, o que, aliás, é visível pelo estado decadente em que deixou cair a sua habitação. Este espera a chegada de Gostaria de terminar com uma das passagens das Konrád, o seu melhor amigo. Conheceram-se quando quais mais gostei e que, a meu ver, sintetiza a obra. eram colegas de quarto, na escola militar, durante o Em determinado momento da conversa, Henrik diz ao apogeu do Império Austro-Húngaro. A sua amizade amigo: “Temos de suportar, o segredo é isso. Temos foi influenciada, desde o início, por circunstâncias de suportar o nosso caráter, o nosso temperamento, já muito diferentes, os ambientes nos quais nasceram. que os seus defeitos, egoísmo e avidez, não os mudam Henrik era da nobreza, ao passo que Konrád era pobre nem a experiência, nem a compreensão. Temos de sue vivia o sonho dos pais, o de levar uma vida aristocrá- portar que os nossos desejos não tenham plena repertica. Apesar das diferentes origens, a relação de ambos cussão no mundo. Temos de suportar que as pessoas permaneceu extraordinariamente próxima até à idade que amamos, não nos amem, ou que não nos amem adulta. como gostaríamos. Temos de suportar a traição e a infidelidade, e o que é mais difícil entre todas as tarefas Após o casamento de Henrik com Krisztina, amiga de humanas, temos de suportar a superioridade moral ou Konrád, o trio permaneceu próximo, jantavam regu- intelectual de uma outra pessoa.” larmente juntos, contudo, no último jantar que partilharam, acontecimentos graves rompem a amizade de Em suma, trata-se de uma obra extraordinária sobre Henrik e Konrád, culminando no súbito abandono de uma relação triangular, sobre amor, amizade e fideliViena por parte de Konrád. dade, sobre traição e orgulho. Recomendo vivamente a leitura deste livro, porque foi um dos melhores livros O romance começa, quarenta e um anos após a fuga que já li. de Konrád, quando Henrik recebe a notícia do regresso do amigo. Na noite do reencontro, os velhos amigos envolvem-se numa guerra de palavras, travada em busca da verdade, do que acontecera no passado. Contudo, esta nem parece um confronto, dada a cordialidade do diálogo entre ambos.
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Documentários Fun To Imagine (1983) Em 1983, a BBC transmitiu este especial do vencedor do Prémio Nobel Richard Feynman, que utilizou a física para explicar o funcionamento do mundo quotidiano, por exemplo, porque é que os elásticos são elásticos, porque é que as bolas de ténis não podem saltar para sempre e o que realmente se vê quando se olha ao espelho.
Cosmos: A Personal Voyage (1980) Ao longo de 13 episódios fascinantes, Cosmos, do astrónomo Carl Sagan, abrange a sua própria galáxia de tópicos, cada segmento aprofundando a nossa compreensão de como chegámos de simples micróbios na lama primordial até à civilização espacial no século XXI. Na sua “nave da imaginação”, Sagan guia-nos até aos confins do espaço e leva-nos de volta à história da investigação científica, desde a antiga biblioteca de Alexandria até às sondas da NASA nos nossos planetas vizinhos. Sobre esta vasta tela, Sagan apresenta o “calendário cósmico”, colocando a história de 15 mil milhões de anos do universo num quadro acessível de um ano, preenchendo-o depois com uma impressionante cronologia de acontecimentos, tanto interestelares como terrestres.
Lise Meitner: The Mother of the Atom Bomb (2016) Para os historiadores, a física Lise Meitner merece estar ao lado de Einstein, Heisenberg e Otto Hahn. Nos anos 30, à beira da Segunda Guerra Mundial, liderou um pequeno grupo de cientistas que descobriu que a divisão do núcleo atómico do urânio libertava uma enorme energia. Este documentário extraordinário conta a história de uma mulher que estava muito à frente do seu tempo como cientista e pioneira do feminismo.
Apollo 13 (1995) A história verídica dos problemas técnicos que arruinaram a missão lunar Apollo 13 em 1971, pondo em risco a vida do astronauta Jim Lovell e da sua tripulação, com a viagem falhada a transformar-se numa emocionante saga de heroísmo. À deriva a mais de 200.000 milhas da Terra, os astronautas trabalham furiosamente com a equipa de terra para evitar a tragédia. Apollo 13 é um ótimo filme que mostra como muitas coisas podem correr drasticamente mal, apesar da preparação constante, e porque é vital encontrar soluções alternativas.
The Elegant Universe (2003) Esta mini-série documental, adaptada do livro de Brian Greene, tenta explicar a controversa “Teoria das Cordas” (string theory) uma proposta científica complicada que, em suma, apresenta uma única explicação para muitos dos mistérios do universo. Greene, analisa esta teoria, que mistura a teoria da relatividade de Einstein com as complexas leis que regem a mecânica quântica. Secrets of Quantum Physics (2014) O físico britânico Jim Al-Khalili revela como Einstein pensou ter encontrado uma falha fatal na física quântica que implicava que as partículas subatómicas podiam comunicar mais depressa do que a luz. Mostra também como os pombos voam usando o entrelaçamento quântico, como o nosso olfato é influenciado por vibrações quânticas e como a física pode desempenhar um papel na evolução.
Particle Fever (2013) O documentário americano de 2013 segue a história de seis cientistas que tentam recriar as condições que levaram à criação do universo, começando com o Big Bang, que os cientistas tentam recriar utilizando o Large Hadron Collider. O que torna o documentário divertido e agradável é a sua capacidade de simplificar conceitos complicados. Oferece uma visão sobre descobertas essenciais que muitos cientistas acreditam que os ajudarão a compreender como surgiu o universo. Embora seja um filme que envolve muito a ciência, especialmente a física, o principal destaque é a busca da humanidade para descobrir e entender melhor o mundo em que vivemos.
Into The Universe (2010) O físico Stephen Hawking traz a sua visão do universo para o ecrã pela primeira vez para aprofundar questões como a forma como o universo começou, se existe vida noutros planetas e se é possível viajar no tempo. Hawking aparece no programa utilizando a sua própria voz sintetizada, enquanto a narração é feita na personagem de Hawking pelo famoso ator Benedict Cumberbatch. 9
ENEF’23
Encontro Nacional de Estudantes de Física 2023
De 9 a 12 de fevereiro de 2023 realizou-se o tão esperado Encontro Nacional de Estudantes de Física que teve como lugar na tão nobre Universidade de Aveiro. Durante estes dias houve diversas atividades, workshops, palestras e muito mais. Para descobrir mais sobre este evento decidimos entrevistar o Santiago Costa, que é um participante deste prestigiado evento.
J: Porque decidiste participar no ENEF? Já tinhas participado num ENEF? S: Não, não tinha participado. Decidi participar porque não só me parecia ser uma coisa gira, mas também porque no ano passado me tinham falado que tinha sido engraçado, e porque eram quatro dias numa cidade que eu não conhecia, ainda por cima, a um preço relativamente acessível. Por acaso, não tinha muita ideia do que é que ia ser o ENEF, não tinha expectativas, propriamente. Embora, agora que me lembro, até tinha boas expectativas porque tinha participado no Congresso da Physis, no Porto (”Give me matter but make it condensed”), e gostei muito da experiência. Achei que estava muito bem organizado e, mais ou menos, impecável. A única coisa do Congresso que não gostei tanto, e que também aconteceu no ENEF, foi a falta de tempo. Ou seja, têm bastantes atividades que preenchem o tempo todo e uma pessoa tem pequenos espaços, pequenos intervalos de tempo, para recuperar o fôlego e ir para outras atividades, logo a seguir.
J: Olá Santiago! Fala-nos um pouco sobre ti. S: Sou o Santiago Costa, tenho 21 anos e estou a frequentar o curso de Física na Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL). J: Porque escolheste este curso? S: Porque é que escolhi? Complicado. Eu não sabia bem para o que queria ir. No secundário, as minhas disciplinas favoritas eram Físico-Química e Biologia e Geologia, portanto, estava indeciso, entre as duas melhores matérias dessas duas disciplinas, Biologia e Física, aqui na faculdade. Na verdade, Biologia era a minha terceira opção, sendo Engenharia Física a segunda, mas podemos considerá-la a minha segunda opção.
J: Focando-nos nas atividades em que participaste, quais foram os Workshops/Talks em que te inscreveste e porquê? S: Os Workshops em que me inscrevi foram: Isoladores Topológicos, sendo que esta foi a decisão ‘principal’, ou seja, aquele Workshop que eu pensava “Quero mesmo ver aquilo”.
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J: Fala-nos sobre o debate das Alterações Climáticas e a sua relevância na comunidade Científica. Julgaste importante? S: Eu gostei do debate. Porém, o título não representava bem a realidade. Ou seja, o debate não era bem sobre Alterações Climáticas. Os oradores tinham as suas especialidades e, portanto, faltou uma visão global deste problema. O que acabou por ser interessante, foi o que aconteceu no final – cada um dos oradores falou sobre o seu trabalho, ou seja, aquilo que sabiam melhor que, neste caso, era Física Atmosférica e Erosão Costeira. E isso foi interessante! Sendo eles especialistas, gostei bastante de ouvir quais seriam as consequências das Alterações Climáticas com base nos seus trabalhos.
Fui um bocado influenciado pelo Congresso do Porto que foi, basicamente, os professores de Matéria Condensada a puxarem “brasa à sua sardinha”. E não estou a dizer mal da sardinha, atenção! Pareceu ser muito giro e foi por isso que me inscrevi nesse. .J: Tinhas ideia do que se tratava? Eu inscrevi-me no mesmo e não fazia ideia. S: Muito vagamente. Fui só ver à Wikipédia, mas depois vi que não percebia nada daquilo e passei à frente! E ainda não percebo, mas o professor que deu o Workshop foi muito simpático e deu-nos todos os materiais necessários para continuarmos a aprendizagem. É como se o Workshop se pudesse prolongar. A outra atividade a que eu queria mesmo ter ido era a atividade sobre Buracos Negros e Ondas Gravitacionais, que está agora na moda. No entanto, não entrei, porque, naturalmente, estava muito concorrido. Acabei por entrar numa que se chamava “Criptografia num Mundo Pós-Quântico”, da qual retirei que não é amanhã que nos vão assaltar o banco com computadores quânticos (risos). Estão a ser feitos avanços de forma a evitar isso, embora não haja uma solução unívoca. A solução que o professor apresentou como mais viável era a Criptografia Quântica.
J: O ENEF teve atividades de convívio como o Peddy Paper que visavam dar a conhecer Aveiro. Julgas que estas atividades foram importantes para conhecer a cidade, a sua cultura e os outros participantes do evento? S: Acho que a atividade do Peddy Paper foi demasiado prolongada. Achei que podia ter sido um Peddy Paper mais curto e que nos desse mais tempo para a Febrada. Achei as perguntas complicadas não só para mim, mas também para os estudantes mais novos. E acho que isto criou dinâmicas de grupo que não foram muito giras. Ou seja, dois ou três membros participavam mais e os restantes ficavam a deambular passivamente. Por outro lado, gostei de que cada pergunta tinha uma história por trás. Isso, sim, deu algumas informações sobre a cidade.
J: Que laboratório escolheste visitar? Como foi a tua experiência nos laboratórios do instituto que visitaste? S: Todas as opções eram de aplicações da Física, não havia propriamente um laboratório de Física como a maioria das pessoas imaginaria. Por exemplo, o laboratório de materiais pode estar relacionado com a Física do Estado Sólido ou Matéria Condensada, mas não era propriamente dedicado a uma área da Física – eram áreas de aplicações da Física. Portanto, eu escolhi aquele que mais me agradava, o CESAM, ou seja, Ciências do Ambiente e do Mar. E não me arrependi! Teve três atividades em que os investigadores falaram sobre o seu trabalho: na primeira, dois meteorologistas explicaram diferenças entre tempo e clima e como se desenvolve modelos para estes; a segunda era sobre oceanografia, onde explicaram a modelação de correntes marinhas e como estas influenciam a evolução da costa. Também explicaram as diferentes dinâmicas de águas com diferentes concentrações de sais; finalmente, a terceira atividade aprofundou mais o tema da erosão costeira. Eu escolhi este centro de investigação porque acho graça a estas aplicações nas coisas que vemos no dia a dia. Eu gosto de olhar para a natureza ao nosso redor – o mar, a atmosfera, etc. – isto tem significado para mim.
J: No lado das atividades mais formais, qual gostaste mais? S: Gostei bastante do Nobel Talk, dos Workshops e das visitas aos laboratórios. E, principalmente, gostei muito da palestra do professor Nuno Araújo! Gosto muito da maneira simples como ele apresenta a Matéria Condensada. J: Este evento alterou a maneira como vês a Física ou Engenharia? S: (pausa longa) Acho que não muito. Percebi que tenho de estudar bastante! E relembrou-me mais uma vez que é muito importante não só importarmo-nos pela média. Ao fim do dia, se uma pessoa só se preocupa com média, acaba por não desfrutar e por não entender tão bem! Ou seja, o curso é bastante abrangente, aborda bastantes temas em pouco tempo, mas… houve um professor que me disse que quando se acaba a licenciatura – mas na altura era 5 anos – era como quando se acaba de tirar a carta! Nesse momento, já se está mais ou menos preparado, já sabe mais ou menos o que fazer. É só preciso prática. Aliás, a professora Margarida Telo da Gama disse uma vez “Para se ser físico “- neste caso teórico – “é preciso treinar. Treinar constantemente.” Portanto, eu esperar que em três anos tenha percebido alguma coisa, se calhar, é demasiado.
J: Achas que isto te ajudou a esclarecer que projetos poderás desenvolver no futuro, depois da licenciatura? S: Mais ou menos. Esta experiência ajudou-me a compreender o quão versátil o curso de Física é. Portanto, se em algum momento da vida estiver insatisfeito com o que estou a estudar, posso sempre explorar outras áreas, como as que vi nestes laboratórios. 11
Entrevistámos um dos organizadores, o Telmo Monteiro, para percebermos a complexidade e os desafios encontrados na realização deste evento.
Portanto, eu aproveitei e fui adiantando várias coisas. Deu bastante trabalho, bastantes dores de cabeças. Uma das coisas mais difíceis foi mesmo as empresas não responderem.
J: Fala-nos um pouco sobre ti. De onde és? Que ano frequenta? E quais são os teus planos para o futuro? T: Sou o Telmo venho de Rio Tinto, no Porto, e estou a estudar aqui em Aveiro. Estou no terceiro ano em Física, quarta matrícula, e tenho ideia de continuar os meus estudos na área de Astrofísica, no Porto, na qual já tenho feito alguns projetos.
Algumas diziam “Ah, sim, senhor! Estamos interessados. Vamos mandar o e-mail para o departamento competente e daqui a um, dois dias ou na semana a seguir, têm a resposta!”. Passado um mês, nada. Voltávamos a contactar e nada, sempre assim em loop. Com os investigadores não foi assim tão difícil, porque decidimos aproveitar ao máximo investigadores que temos aqui na Universidade. Temos áreas bastantes diversificadas na UA, a única área na qual não temos investigação é Astronomia. Em tempos, já tivemos, mas agora já não temos quase nada.
J: Este ano, participaste pela primeira vez na organização do ENEF. Já tinhas estado presente, como participante, em algum ENEF? T: Já! Fui no meu primeiro ano, em 2020, ao ENEF de Coimbra e em 2021 participei no ENEF do Minho, que foi online. Infelizmente, uma vez que era online e em tempo de aulas, acabei por usufruir pouco deste último.
Fomos buscar investigadores de vários sítios que conhecemos e montando os Workshops e as Palestras. Tentamos não ir buscar alguém de fora, o máximo possível, quer por motivos financeiros, quer para aproveitar o que temos em “casa”. Então, foi mais fácil porque muitas vezes bastava bater à porta do investigador e dizer: -“Estamos a organizar isto. Não quer participar num Workshop ou numa Palestra?”. A maior parte deles foi bastante recetivo, recebemos poucos nãos e, os que recebemos, foram de investigadores que estavam em conferências fora do país, na altura do ENEF.
J: Inspiraste-te muito nos ENEFs em que participaste para realizar esta edição aqui em Aveiro? T: Sim, muito! Eu baseei-me bastante nas minhas experiências do ENEF de 2020, principalmente, sendo que testemunhei a organização do evento pessoalmente. Inspirei-me em várias coisas, quer no formato dos Workshops, quer das atividades, e também fui pesquisar sobre ENEFs anteriores, como o de Covilhã (ENEF 2022). Também vi um relatório de 2018 do Porto. Tentei procurar o máximo de informação para ver o que se encaixava.
Para as Inside Views foi complicado. Verificámos que, por vezes, as comunicações dentro dos institutos funcionam de forma lenta e são más! Houve alguns em que funcionou bastante bem. Mas como não havia comunicação, havia sempre investigadores a perguntar “O que é isto, afinal? Isto é para fazer ou não?”, quando já tínhamos falado com coordenadores e diretores dos institutos. Na parte financeira, lá nos desenrascamos, mas inicialmente também foi bastante difícil. Está ligado à parte das empresas, que já referi. O que nos salvou foi mesmo os institutos que quiseram contribuir.
J: O quão difícil foi organizar este evento? T: Em termos de trabalho, foi mesmo muito. A minha sorte era que tinha apenas uma cadeira e algumas melhorias para fazer este semestre. Quando me vieram perguntar no início de julho, pouco antes do prazo para as candidaturas para a COENEF acabar, “Ah, já há muito tempo não é em Aveiro. Não gostavas de falar com núcleos ou colegas e formar aí uma COENEF?”, e por acaso, já tinha pensado várias vezes. Desde o primeiro ano pensava “Porque é que o ENEF não foi em Aveiro?”. Em 2020, o ENEF devia ter sido em Aveiro, mas foi mudado para Coimbra. Achava muito fixe ter aqui um ENEF mas esta ideia nunca passava do papel.
J: Relativamente às Inside Views, o quão difícil foi encaixar tudo o que queriam mostrar no pequeno espaço de tempo que tinham (2h)? Como planearam os trajetos? T: Nós tínhamos noção que no Departamento de Física tínhamos poucos institutos. Por exemplo, eu noto que os nossos colegas de Biomédica têm muitos laboratórios por causa da parte da saúde, da psicologia e por aí fora. Eles conseguem esticar-se e ir buscar laboratórios mais tangentes. Para nós, não é bem assim. O único mais tangencial que arranjamos foi o IEETA, que é mais da parte eletrónica e de engenharia. De resto, mesmo ligados com a Física, já sabíamos logo de cabeça: o IT, o I3N, CICECO e o CESAM. A parte mais longe foi o IT e o IEETA sendo que estes são mais deslocados do campus. Mesmo assim, foram 10 minutos a pé ou pouco mais.
Só que depois, uma coisa leva a outra, e acabei por ficar mais um ano na licenciatura. Então pensei “Como vieram com essa ideia e, realmente, eu tenho bastante mais tempo este ano, se calhar conseguia organizar uma equipa. Tentava alavancar a maior parte das atividades o mais cedo possível.”, isto porque a maioria da COENEF tinha as cadeiras todas e a fase de exames, não conseguindo despender a maior parte do seu tempo.
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Alguns momentos do ENEF´23:
Foi só distribuir, falámos com os investigadores e coordenadores de cada instituto sobre a dimensão dos grupos que podiam comportar, quanto a tempo e etc. Nós dávamos as nossas preferências e eles respondiam com as deles e negociamos o que é que era melhor. A parte mais difícil é que às vezes há imprevistos, mas de resto… J: Das atividades que tiveram, qual é que achas que despertou o maior interesse nas pessoas? T: Isso é bastante difícil de dizer… . As atividades em geral? J: Sim! T: Ah, assim é mais fácil. As atividades de convívio! O jantar de encerramento, a febrada… . Se formos a ver números absolutos de participantes, onde é que eles estiveram mais? Foi nos momentos de convívio! A nível científico, o pessoal foi bastante recetivo às atividades noturnas, por exemplo, a Nobel Talk e a Observação Noturna que tiveram boa adesão. Quanto aos Workshops houve uns que tiveram mais adesão que outros, mas isso é normal. Nem toda a gente gosta do mesmo, ou muita gente gosta do mesmo mas não consegue entrar e então pensa “Eish, este Workshop já é muito diferente. Não gosto então não vou”. São coisas com as quais temos de lidar. J: O quão importante consideras que atividades como o Speed Dating são para os participantes ganharem familiaridade com empresas e contactos para uma carreira ou oportunidades futuras? T: O nosso objetivo com o Speed Dating era mesmo esse, ter uma série de empresas e institutos com os quais o pessoal falava meia dúzia de minutos ou o que fosse, meio que dava o seu próprio pitch, mostrava o seu CV, a empresa iria comentar o CV e quais eram as possibilidades ou as medidas que a pessoa tinha de tomar para trabalhar em x área ou na própria empresa. Mas houve dificuldade com contactos empresariais. Tivemos pouca adesão de empresas. Não foi de todo uma atividade como a tínhamos idealizado, bastante longe, mas acho que esteve razoável. J: Em que maneiras achas que se afastou desse ideal? T: Só mesmo pelo número de empresas. É uma atividade de duas horas e nós estávamos a contar com uma dúzia de empresas, mais ou menos. E, na realidade, tivemos duas empresas, a Força Aérea e um instituto. Nesse sentido, admitimos que foi precário mas não foi por falta de tentativas. J: Já falaste um pouco sobre isto, mas consideras as atividades de convívio importantes? O que ganhamos com estas atividades? Qual é a importância de juntar aqui os alunos? T: Acho que é muito importante. O ENEF é uma conferência científica mas não deixa de ser um momento de estabelecer relações com estudantes de outras Universidades, partilhar experiências e ver como é a vida estudantil nas outras Universidades… 13
Empresas
Leica
Closer Consulting
Fundada em 1973 em Vila Nova de Famalicão, a Leica é um fabricante internacional de câmaras fotográficas e produtos de ótica desportiva do segmento premium. O estatuto lendário da marca baseia-se numa longa tradição de excelência na construção de objetivas e dispositivos óticos. Em combinação com alta tecnologia, os produtos continuam a garantir melhores imagens em todas as situações no mundo da visualização e da perceção. Os produtos inovadores têm sido a força motriz do desenvolvimento positivo da empresa nos últimos anos. As principais áreas de atuação em I & D desta empresa são Engenharia Mecânica, Design Ótico e Engenharia Eletrónica. Através do site é possível encontrar as oportunidades profissionais em aberto e enviar a candidatura.
A Closer é uma empresa de Data Science especializada em Business Intelligence, Advanced Analytics e Inteligência Artificial. Com uma forte experiência numa vasta gama de indústrias, desde serviços financeiros a telecomunicações, contact center ou retalho, a Closer é composta por uma equipa multidisciplinar de físicos experientes, matemáticos, especialistas em computação, engenheiros e licenciados em gestão. Através do site é possível encontrar as oportunidades profissionais em aberto e enviar a candidatura.
Escritórios da Closer
Deloitte Líder global na prestação de serviços de Consulting, Audit & Assurance, Financial Advisory, Risk Advisory e Tax, oferece desafios em projetos à escala nacional e internacional. Oferecem o U@Deloitte, um programa de aprendizagem e aproximação ao contexto real de trabalho, que proporciona uma jornada imersiva e diversificada. Inicia-se com um estágio de verão e prolonga-se até ao final do ano letivo seguinte, com a experiência de Deloitte Champion. Esta empresa procura pessoas talentosas com capacidade de fazer acontecer e de se adaptarem à mudança de forma positiva, com entusiasmo e otimismo num ambiente amigável e inclusivo que privilegia o bem-estar. Através do site é possível encontrar as oportunidades que têm em aberto e enviar a candidatura.
Imagem do processo de lavagem da lentes onde são eliminados todos os produtos utilizados na produção dos componentes e que são prejudiciais para a fase seguinte.
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Smartex
Bosch
A Smartex é uma empresa líder e premiada de software baseado em hardware, dedicada ao desenvolvimento de soluções avançadas e à construção de ferramentas essenciais para a fábrica têxtil moderna. Com foco na tecnologia orientada para a IA, capacita os fabricantes de têxteis a otimizar as operações, melhorar o controlo de qualidade, impulsionar a sustentabilidade e simplificar os processos da cadeia de fornecimento. Esta empresa oferece várias oportunidades ligadas a Software Engineering, Hardware Engineering, Techinal Support, Field Engineering and R&D, Product and Project Management, People & Business Support e Operations and Supply Chain. Oferece também várias oportunidades de estágios. Através do site e do LinkedIn é possível encontrar as oportunidades profissionais em aberto e enviar a candidatura.
Líder em IoT, a Bosch oferece soluções inovadoras para casas e cidades inteligentes, mobilidade e indústria conectada. Os seus produtos e serviços inovadores melhoram a qualidade de vida das pessoas e ajudam a proteger o ambiente. Possui cerca de 403 mil colaboradores em 440 localizações por todo o mundo, dos quais mais de 76 mil estão a trabalhar em I & D. Em Portugal, estes projetos desdobram-se entre a empresa e as universidades para dar resposta aos desafios em áreas como a da mobilidade inteligente, casas inteligentes, cidades seguras e indústria 4.0. Esta empresa procura candidatos proativos, dinâmicos e com forte orientação à excelência e inovação, que para além das competências técnicas que adquiriram no meio académico estejam também entusiasmados em aprender e partilhar num contexto intercultural. Através do site é possível encontrar as oportunidades que têm em aberto e enviar a candidatura de forma rápida e fácil.
Projeto de inovação THEIA (Automated Driving Perception)
Continental Fundada em 1871 é uma das principais fornecedoras mundiais da indústria automotiva. A segurança do condutor, a sustentabilidade e a industrialização da tecnologia do futuro são apenas algumas das suas áreas de atuação. A Continental oferece estágios a estudantes das áreas de Software, TI, Engenharia, Economia, Ciências Naturais e Engenharia Industrial. Esta empresa oferece aos candidatos integração em ambiente desafiante e internacional caracterizado pela existência de tecnologia de ponta e uma formação profissional continua com excelentes perspetivas de desenvolvimento. Através do LinkedIn é possível encontrar as oportunidades profissionais em aberto e enviar a candidatura.
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CENTROS de
INVESTIGAÇÃO Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas
Centro de Física Teórica e Computacional O Centro de Física Teórica e Computacional (CFTC) é uma unidade de investigação com sede na Faculdade de Ciências da ULisboa, que assume uma posição de liderança a nível nacional e reconhecimento internacional nas áreas de Física da Matéria Condensada Mole e Dinâmica Não-linear, com competências complementares em classificação de simetrias em teoria de campos estáticos e dinâmicos. Desenvolve três áreas de investigação: Propriedades coletivas, em particular a dinâmica de matéria mole em condições de não equilíbrio ou fora do equilíbrio; Ondas não-lineares em ótica não-Hermítica, gases quânticos e micro-cavidades; e extensões do Modelo Padrão.
O Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, é uma instituição de referência para a física experimental de partículas. Foi criado com o objetivo de explorar as oportunidades trazidas pela adesão de Portugal ao CERN, laboratório europeu de física de partículas, estando presente em Lisboa, Coimbra e Braga, numa colaboração próxima com as Universidades locais. Os investigadores do LIP participam em experiências que procuram responder aos grandes desafios atuais da física de partículas. Estudam as propriedades do recém-descoberto bosão de Higgs e procuram novas partículas no LHC, onde recriam as condições que terão existido logo a seguir ao Big Bang. Investigam a natureza da matéria escura, dos neutrinos e dos raios cósmicos de energia extrema. Com este objetivo, participam também no desenvolvimento de novos instrumentos e metodologias que têm aplicações noutros domínios científicos, como por exemplo as aplicações médicas, física do espaço, a computação, bem como formação avançada e divulgação científica.
Centro de Física das Universidades do Minho e do Porto O Centro de Física das Universidades do Minho e do Porto fundado em 2014 com a junção do Centro de Física da Universidade do Minho (CFUM) e o Centro de Física da Universidade do Porto (CFP), aborda as áreas da Física Pura e Aplicada. O CFP é um centro de investigação dedicado completamente à Física Teórica, nomeadamente à Física Quântica e à Física de Altas-Energias e Matéria Condensada. O CFUM é uma unidade de investigação científica multidisciplinar, que tem como alvo a Física dos Materiais: fabricação de Materiais e Aplicações, Ótica, Biofísica, Optometria e Ciências da Visão.
Experiências LHC e Fenomenologia
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Laboratory for Instrumentation, Biomedical Engineering and Radiation Physics Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear Unidade de investigação do Instituto Superior Técnico com o estatuto de Laboratório Associado. A sua investigação está organizada em duas áreas temáticas: Fusão Nuclear Controlada, que inclui atividades associadas ao desenvolvimento de sistemas, operação e exploração científica de tokamaks e stellarator de grande e médio porte, bem como com a conceção e construção de dispositivos de fusão da próxima geração, e Lasers intensos e tecnologias de plasma.
O Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física das Radiações é formado por investigadores da Universidades NOVA de Lisboa, de Coimbra e de Lisboa. As atividades de I&D são desenvolvidas nas áreas de física atómica, molecular, nuclear e instrumentação eletrónica e de automação industrial com aplicações a métodos analíticos, deteção de radiações e engenharia biomédica. Estas decorrem principalmente no campus da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade NOVA de Lisboa (FCT-NOVA), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCT-UC) e da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMD-UL).
Institute of Systems and Robotics Sedeada na Universidade de Coimbra, é uma instituição de investigação privada sem fins lucrativos, com o objetivo global de criar uma equipa de investigação multidisciplinar, capaz de realizar investigação de ponta em várias áreas importantes da ciência e tecnologia, com ênfase em sistemas e robótica. Esta instituição promove I&D multidisciplinar avançado nas áreas de Robótica Autónoma Móvel, Sistemas de Transporte Inteligentes, Robótica de Busca e Salvamento, Manipulação Robótica, Visão por Computador, Robótica Médica, Tecnologias Assistivas, Engenharia Biomédica, Tecnologias Avançadas de Automação Industrial e Sistemas Inteligentes de Energia.
Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Tecnologia e Ciência é uma associação privada sem fins lucrativos, dedicada à investigação científica e desenvolvimento tecnológico, transferência de tecnologias, consultoria avançada e formação, e pré-incubação de novas empresas de base tecnológica. Como instituição que opera na interface do mundo académico e empresarial aproximando academia, empresas, Administração pública e sociedade, o INES TEC tipicamente aplica o conhecimento e resultados gerados como parte da sua investigação em projetos de transferência de tecnologia, procurando a criação de valor e relevância social imediata.
Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica, Universidade do Porto Unidade de investigação física da Universidade do Porto que opera na Faculdade de Ciências, com o objetivo de realizar investigação sobre uma vasta gama de tópicos centrados nas propriedades físicas inovadoras dos materiais a diferentes escalas, impulsionando o desenvolvimento de novas tecnologias a fim de contribuir para resolver os grandes desafios da atualidade. O IFIMUP é um Instituto de Física transversal no ecossistema português de I&D com oportunidades a nível nacional para investigação avançada de ponta e formação em Física fundamental e aplicada.
Protótipo desenvolvido no laboratório de Robótica e Automação
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Núcleos NEDF-AAC Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra
NEFUM Núcleo de Estudantes de Física da Universidade do Minho O Núcleo de Estudantes de Física e Engenharia Física da Universidade do Minho foi criado com o objetivo de representar os estudantes destes cursos perante a Academia Minhota, bem como perante outras instituições nacionais e internacionais de interesse para os nossos estudantes. Com o objectivo de dinamizar os cursos, procuramos organizar conferências, palestras e workshops, contribuindo, assim, para uma melhor capacitação dos alunos. Tentamos não descurar a vertente recreativa, organizando atividades e convívios que incentivem o bom espírito entre os cursos. Assumimos, também, um papel ativo na promoção do trabalho de instituições externas ligadas às área da Engenharia e da Física.
A 19 de março de 1997, numa altura de aparecimento de vários núcleos de estudantes, um grupo de cerca de duas dezenas de alunos juntou-se para formar o então Núcleo de Estudantes de Física e Engenharia Física da Associação Académica de Coimbra (NEFEF/AAC). Com o aparecimento do curso de Engenharia Biomédica no Departamento de Física, em 2004, passámos a ser o Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra (NEDF/AAC), juntando os três cursos do Departamento num só núcleo. Atualmente representamos cerca de 550 estudantes dos cursos de Física, Engenharia Física e Engenharia Biomédica da Universidade de Coimbra, desde as várias licenciaturas, mestrados e mestrados integrados, até aos vários alunos do 3º ciclo de estudos.
NEFCT Núcleo de Engenharia Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Caso pretendas saber mais sobre este núcleo acede ao QR Code e lê a 26ºEdição da Revista “Antimatéria”.
O Núcleo de Engenharia Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia (NEFCT) da Universidade Nova de Lisboa é uma organização sem fins lucrativos, fundada a 24 de Outubro de 2012. Composta por estudantes de todos os anos da Licenciatura/Mestrado Integrado em Engenharia Física, tem como principais objetivos: -Divulgação de avanços científicos referentes às diversas áreas da Física, dentro e fora do contexto académico; -Apoio aos estudantes, através de atividades extracurriculares, bem como, de formação em competências complementares aos cursos de Engenharia; -Promoção do contacto entre a comunidade académica e o meio empresarial.
NFEF-FCUL Núcleo de Física e Engenharia Física da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa O Núcleo de Física e de Engenharia Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa foi criado a 19 de Maio de 2016. A nossa principal missão é garantir a representação dos estudantes de Física e Engenharia Física na faculdade, bem como facilitar a interação entre os alunos e o departamento. O NFEF-FCUL tem, também, como objetivo complementar a experiência académica com eventos sociais e pedagógicos. Dentro destes é importante destacar o programa de Mentores e Mentorandos, a Gala, a Revista Dº, e o maior evento do núcleo, o Física Fora da Academia. Recomendamos a leitura da 3ºEdição da revista “Dº”.
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NEEF Núcleo de Estudantes de Engenharia Física da Associação Académica da Universidade de Aveiro
Conta, para isso, com 5 secções autónomas que organizam e participam em variados eventos pelo País: o Circo, que realiza demonstrações de Física; a Astro, que faz observações astronómicas; a Pulsar, a revista anual do NFIST; a Recreativa, destinada a promover a interacção e o convívio entre os alunos do MEFT; a Info, que se dedica à gestão dos recursos informáticos do núcleo. Para além disso, o NFIST organiza também outras atividades, tais como: - Semana da Física - Jornadas de Engenharia Física (JEF) - Escola de Verão de Astronomia (EA)
O Núcleo de Estudantes de Engenharia Física da Universidade de Aveiro (NEEF-AAUAv) teve a sua génese no ano letivo 2013/2014 e partiu da iniciativa de um conjunto de estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Física (MIEF), cujo objetivo era representar os alunos do Mestrado Integrado em Engenharia Física. No ano letivo de 2016/2017 o NEEF-AAUAv foi escolhido para representar os alunos dos novos cursos de Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica e Mestrado Integrado de Engenharia Computacional, juntamente com os alunos de Mestrado Integrado em Engenharia Física e de Licenciatura em Física que já representava até à data. O NEEF-AAUAv tem como principal objetivo orientar os seus estudantes, promover o desenvolvimento das suas capacidades e ajudá-los a encontrar o seu potencial, proporcionando atividades extra curriculares adequadas às áreas de estudo dos cursos representados.
Acede ao QR Code para saber mais sobre este núcleo, através da leitura da 23ºEdição da Revista “Pulsar”.
PhysikUP Núcleo de Física, Engenharia Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto O PhysikUP – Núcleo de Física, Engenharia Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto – inicialmente conhecido por NEF/ DFA, formou-se em 2015 e representa, atualmente, cerca de 500 estudantes. Estamos organizados em 4 departamentos, focando-se cada um deles em diferentes vertentes: Inreach, Outreach, Recreativo e Comunicação. Através de palestras com professores e alunos de doutoramento, aproximamos os nossos estudantes da comunidade científica; com visitas a laboratórios e empresas, damos a conhecer quais as oportunidades em Física e Engenharia Física dentro e fora do meio académico; organizando visitas a escolas básicas e secundárias, despertamos o interesse pela ciência nos mais novos; através do lançamento regular da revista PhysikUPDATE e do podcast Watt’s Beyond, divulgamos diversos conteúdos de interesse para a comunidade académica; por fim, com jantares de curso e concursos, promovemos algo que tantas vezes é descurado: o convívio entre todos. Acreditamos que o contínuo desenvolvimento destas iniciativas contribui não só para a integração dos alunos como também para o seu sucesso académico. Afinal, é essa a nossa missão.
FISMATUBI Núcleo de Estudantes de Física e Matemática da Universidade da Beira Interior O Núcleo de Estudantes de Física e Matemática da Universidade da Beira Interior – FISMATUBI – foi fundado no dia 22 de fevereiro de 2022. Somos o Núcleo mais recente da UBI e representamos cerca de 50 Estudantes inseridos em 2 licenciaturas e 2 mestrados. Empenhamo-nos em dar uma experiência diferente aos nossos Estudantes. Realizamos eventos de observações noturnas e atividades de integração dos novos Estudantes onde procuramos dar a conhecer a História da nossa cidade. Nas nossas Jornadas Pedagógicas damos também a conhecer outras áreas do saber inseridas no nosso plano de estudos, como a Economia ou a Química. Acima de tudo, primamos pela aproximação dos Estudantes à Universidade, procurando ser a sua voz e defender os seus interesses.
NFIST Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico
Descobre os “updates” através da leitura da 5ºEdição da revista “PhysikUPDATE”.
O NFIST (Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico), fundado a 14 de dezembro de 1995, é uma associação juvenil sem fins lucrativos, que reúne alunos e docentes do Departamento de Física do IST, tendo por objetivo a divulgação da Ciência em geral e da Física em particular, tanto dentro como fora do IST.
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Roteiro de conhecimento Recomendações de Professores Universitários De norte a sul de Portugal, a próxima geração de físicos é diariamente incutida com o conhecimento e a paixão necessários para explorar os mistérios do cosmos. Contudo, a chave deste fascinante percurso está nas mãos de um grupo de indivíduos inspiradores e fundamentais - os professores. São eles que moldam mentes, semeiam as sementes da inovação e orientam os estudantes rumo ao futuro. Assim, convidamos-te a juntar-te a nós para conhecer três renomados professores universitários e descobrir as recomendações culturais que têm para te oferecer. Começando pela Professora Constança Provi dência, investigadora do Centro de Física da Universidade de Coimbra (CFisUC), também desempenha as funções de docente e diretora do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). A sua especialidade reside na área de estrelas de neutrões, diagramas de fases de QCD, campos magnéticos ultrafortes, entre outros temas. Eis as suas recomendações valiosas para quem se interessa por física e ciências afins:
-Escola de Verão de Biologia Computacional Realizada anualmente em Coimbra, esta intensiva formação destina-se a estudantes de Mestrado a Pós-Doutoramento com formação em ciências biológicas ou exatas que desejem aprofundar os seus conhecimentos em biologia computacional e adquirir competências transversais. -IBER 2023 - Joint Meeting on Atomic and Molecular Physics Este é um evento anual dedicado à pesquisa na Península Ibérica em áreas como Física Atómica e Molecular, proporcionando um ambiente onde investigadores de diversos centros de investigação ibéricos podem discutir ideias e partilhar descobertas em campos afins. “Semicondutores e Nanoestruturas: Uma Introdução” de Rui César Vilão Esta obra aborda diversos temas que sustentam grande parte da tecnologia contemporânea, expondo de forma didática e completa os princípios físicos dos semicondutores, bem como muitas das suas aplicações interdisciplinares.
-XQCD - International Conference on QCD in Extreme Conditions Este evento anual compreende uma série de conferências no formato de workshop, onde se partilham os mais recentes avanços na teoria e fenomenologia da QCD, sendo uma excelente oportunidade para te manteres atualizado sobre os desenvolvimentos atuais nesta área.
Capas do livro “Semicondutores e Nanoestruturas: Uma Introdução” de Rui César Vilão
19th International Conference on QCD in Extreme Conditions (XQCD 2023)
É com imensa admiração e respeito que falamos do Professor Jaime Santos, que, infelizmente, nos deixou recentemente. Investigador no Centro de Física da Universidade do Minho (CF-UM-UP), contribuiu imensamente para o mundo da ciência em campos como a Física da Matéria Condensada, a Biofísica, a Cosmologia e a Física Estatística Fora do Equilíbrio. De seguida, partilhamos algumas das inestimáveis recomendações literárias que refletem o seu legado intelectual:
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-“Cosmos” de Carl Sagan
-“100 coisas essenciais que não sabia que não sabia” de John D. Barrow
Tanto a série quanto o livro são um tributo à evolução do universo e à busca pela vida extraterrestre. Mesmo 40 anos após a sua publicação, continuam a encantar com a sua poesia e fascínio pelo mundo inigualáveis.
Esta coletânea de curiosidades científicas convida os leitores a embarcarem numa viagem fascinante pelos mistérios do universo e pela beleza da ciência. -“Oppenheimer” de Christopher Nolan
-“Os Três Primeiros Minutos” de Steven Weinberg
Este filme traz-nos uma reflexão profunda sobre ciência e consciência, ao retratar a vida e os dilemas do cientista responsável pelo desenvolvimento da bomba atómica.
Publicado pela Gradiva, esta é uma das melhores obras de divulgação científica, com um registo técnico que desafia e inspira qualquer leitor. -“Informação” de James Gleick e “The Demon in the Machine” de Paul Davies
-“SOS Meteoros” de E. P. Jacobs Uma recomendação para os amantes de banda desenhada, este é um conto de suspense e aventura que nos leva a uma corrida contra o tempo num universo de ficção científica.
Ambos os livros exploram o conceito de informação, abordando a sua história com base nos trabalhos de Claude Shannon e discutindo a sua importância no contexto dos sistemas vivos, respetivamente.
Capa da 8ª Edição da Banda desenhada “SOS Meteoros” de Edgar P. Jacobs.
Capas do livros “Informação” de James Gleick e “The Demon in the Machine” de Paul Davies respetivamente.
-Visita a um Centro Ciência Viva
“Life is Simple” de Johnjoe McFadden
Por exemplo, ao Pavilhão do Conhecimento, localizado em Lisboa. Este centro interativo de ciência e tecnologia oferece uma oportunidade de aprendizagem única e divertida, sendo uma atividade imperdível para toda a família.
Uma apresentação do impacto do princípio de Occam no desenvolvimento da Ciência Moderna, especialmente importante nesta era tão propensa a explicações rebuscadas e teorias da conspiração.
Cada recomendação é mais do que uma mera sugestão; é um convite à descoberta, à reflexão e ao deslumbramento pelo mundo. Terminando com as palavras de Carl Sagan em mente, “A imaginação ultrapassa o conhecimento” - o conhecimento é uma estrada infinita, mas com as valiosas recomendações destes notáveis professores, temos um guia perfeito para nos conduzir nesta busca incessante por compreender o mundo que nos rodeia.
Por último, mas definitivamente não menos importante, temos o Professor José Pedro Mimoso, uma figura de destaque no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), onde desempenha o papel de docente e vice-presidente. É também membro do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), onde se dedica a explorar o vasto universo da Cosmologia Relativística, Astrofísica e Sistemas Dinâmicos. Seguem-se algumas das suas recomendações culturais e científicas, que refletem o seu compromisso com a disseminação do conhecimento:
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Física na Arte Alguns artistas notáveis e movimentos artísticos que incorporam conceitos físicos incluem:
Ótica e luz
Som e acústica
Olafur Eliasson
John Cage
Artista islandês-dinamarquês conhecido pelas suas esculturas e instalações de grande escala que utilizam materiais elementares como a luz, a água e a temperatura do ar para melhorar a experiência do espectador. As suas instalações de luz imersivas que exploram a perceção e a ótica.
Compositor e teórico musical americano. Pioneiro da indeterminação na música, da música eletroacústica e da utilização de instrumentos musicais não padronizados, Cage foi uma das principais figuras da vanguarda do pós-guerra. Os críticos elogiaram-no como um dos compositores mais influentes do século XX. Incorporou a aleatoriedade e a acústica nas suas composições musicais, como na famosa peça “4’33’’”, em que o músico não toca, deixando apenas os sons ambientais como música.
“The mirror’s forgotten glow”(2021)
James Turrell Artista americano conhecido pelo seu trabalho no âmbito do movimento Luz e Espaço. Grande parte da carreira de Turrell tem sido dedicada a uma obra ainda inacabada, a Cratera Roden, uma cratera natural de cone de cinza situada nos arredores de Flagstaff, Arizona, que está a transformar num enorme observatório a olho nu; e à sua série de skyspaces, espaços fechados que enquadram o céu. As suas obras muitas vezes envolvem espaços em que a luz é usada para criar experiências visuais únicas, explorando a perceção e a cor.
“Dhatu” (2009)
Partitura do “4’33’’ “(1952), “La nada es algo.”
Fluidos e hidrodinâmica Rebecca Allen Artista internacionalmente reconhecida, inspirada na estética do movimento, no estudo da perceção e do comportamento e no potencial da tecnologia avançada. Allen foi uma rara artista feminina a trabalhar nas fases iniciais da arte computacional e da tecnologia digital. O seu trabalho artístico pioneiro, que se estende por mais de quatro décadas e assume a forma de vídeo experimental, performances em grande escala, simulações ao vivo e instalações artísticas de realidade virtual e aumentada, aborda o futuro do género, da identidade, da natureza e do que significa ser humano à medida que a tecnologia redefine o nosso sentido de realidade. Esta artista cria obras digitais interativas que frequentemente incorporam simulações de fluidos.
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Termodinâmica e transferência de calor
Mecânica e movimento
Andy Goldsworthy
Alexander Calder
Escultor, fotógrafo e ambientalista inglês que produz esculturas específicas e land art situadas em ambientes naturais e urbanos. O seu trabalho inclui obras que mudam com as variações de temperatura, como esculturas de gelo que derretem ao longo do tempo.
Escultor americano conhecido tanto pelos seus inovadores móbiles (esculturas cinéticas movidas por motores ou correntes de ar) que abraçam o acaso na sua estética, pelos seus “stabiles” estáticos, como pelas suas monumentais esculturas públicas. Calder preferia não analisar o seu trabalho, dizendo: “As teorias podem ser muito boas para o próprio artista, mas não devem ser transmitidas a outras pessoas.” As suas obras frequentemente apresentam peças móveis que giram ou balançam com o vento ou com a interação do público.
“Storm King Wall“ (1997-1998)
Magnetismo Daniel Wurtzel Artista de Brooklyn mais conhecido pelas suas esculturas cinéticas e instalações que utilizam ar e materiais leves que voam. Conhecido pelas suas instalações de arte que usam ferro fluído, imans e campos magnéticos para produzir padrões fascinantes em constante mudança. “No seu nível mais básico, o meu trabalho é uma tentativa de transformar matéria vulgar em algo extraordinário, de fazer a ponte entre o domínio concetual e o mundo material. O meu ponto de entrada na arte tem sido a utilização de materiais de formas que destilam e representam vários aspetos das suas propriedades físicas inerentes, revelando uma beleza inesperada de uma forma nunca vista.”
“Diana” (1934)
Eletromagnetismo e eletricidade estática Nikola Tesla Embora não seja um artista no sentido tradicional, Tesla foi um inventor e engenheiro cujas criações, como a bobina de Tesla, têm sido usadas em performances de arte que exploram eletricidade e campos eletromagnéticos.
“Cenozoic Horses” (1997)
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Fim de Semana da Physis Nos passados dias 31 de março a 2 de abril decorreu, em Coimbra, o tão aguardado *“Fim de Semana da Physis”*, no qual os integrantes tiveram oportunidade de se conhecerem/reencontrar e esquecer momentaneamente os estudos. No primeiro dia deu-se a receção dos colaboradores vindos de diferentes cidades. Ficou marcado pela tarde de jogos, no Parque Verde e pelo Churrasco “Bifana à la Physis”, no mercado do Calhabé. Por fim, no terceiro dia visitamos os Laboratórios do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, o “LIBPhys” e de tarde decorreram as *“Alumni Physis Talks”*, marcadas por uma conversa repleta de conselhos e dicas para o percurso estudantil e associativo.
Já no segundo dia realizou-se de manhã cedo o “Descobre Coimbra!”, atividade na qual podemos explorar a cidade, com a ajuda do “Napoleão” - o 2.º Vogal do Conselho Fiscal, licenciado em História. Almoçamos na Cantina da Universidade de Coimbra para ganhar energia para uma tarde repleta de conhecimento. Assistimos a uma palestra sobre Nanotecnologia e visitamos o Rómulo - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Posteriormente, fomos preparar-nos para o Jantar de Gala do qual guardamos as melhores memórias, fotografias e conversas. No final da Gala a noite desenrolou-se na Praça da República com muita diversão e dança à mistura.
Em suma, durante este fim de semana da Physis experienciamos um pouco da vida académica presente na tão famosa cidade dos estudantes e também criamos momentos únicos, caricatos e inesquecíveis entre os integrantes da Associação.
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Fórum Pedagógico
O que é o Fórum Pedagógico
O Fórum Pedagógico (FP) é um evento que foi criado em 2020 pelo Departamento de Pedagogia da Physis - Associação Portuguesa de Estudantes de Física, com o intuito de dar visibilidade a discussões sobre os mais diversos tópicos relacionados com a Pedagogia e Ensino nos cursos representados (Física, Engenharia Física e relacionados). Apresentando, anualmente, temas como foco principal do evento, estes são abordados em palestras, debates e outras atividades em que participam professores e alunos. Em 2023 realizou-se a 4ª edição do evento que, pela primeira vez, se estendeu por dois dias. Realizou-se na Faculdade De Ciências da Universidade do Porto e teve, como temas centrais: “Pedagogia e o Mercado de Trabalho”e “Investigação e Avaliação”.
Palestra: “A Importância da Pedagogia”
A primeira palestra do FP foi dada pelo Doutor José Paulo Cravino1 e centrou-se na relevância da pedagogia empregada pelo professor no ministro das aulas, sendo abordadas diferentes práticas existentes e suportadas cientificamente: aplicações periódicas do teste Force Concept Inventory (que verifica a compreensão de conceitos) e o uso do método Peer instruction (que visa explorar as vantagens da aprendizagem ativa, guiada pelo professor, face às tradicionais aulas). Como conclusão, explicou-se que, apesar de existirem diferentes técnicas a serem abordadas para avaliar os alunos, a maioria dos professores, na escala global, escolhe as aulas tradicionais devido a diversas questões, como a estrutura do ambiente docente, que valoriza mais a investigação do que o ensino em si, o tempo reduzido para cumprir programas e mesmo a resistência demonstrada pelos alunos quando se vêem fora da zona de conforto proporcionada pelas aulas tradicionais.
Sendo, logisticamente, impraticável o uso destas abordagens numa escala global, o caminho deve seguir a aplicação destes métodos (comprovadamente mais eficientes) de forma gradativa mas cada vez mais abrangente.
Workshop: Introdução à Computação Quântica
Pela primeira vez, introduzimos um workshop no FP. Tivemos o prazer de contar com Fernando Maia2 como orador. Inicialmente, introduziu conceitos básicos de mecânica quântica para construir uma base de raciocínio físico para os fenómenos que seriam imediatamente apresentados computacionalmente. Utilizando como software base o Jupyter Lab, o orador construiu e incentivou a prática de simulações de circuitos quânticos utilizando a biblioteca qiskit para a linguagem python, estimulando o raciocínio dos alunos com desafios construtivos e gradativos em dificuldade.
Atividade de Networking - Reflexão sobre Pedagogia
Antes do jantar do primeiro dia, realizou-se uma reflexão pedagógica entre os presentes. Formaram-se três grupos coordenados por elementos da organização. Com isso, de entre os pontos conversados, observaram-se alguns em comum nos grupos: o facto de o professor chamar o aluno ao quadro e o conduzir à resposta de um problema ajudar na compreensão da matéria; a disponibilização de uma bibliografia referente ao curso ajuda aqueles alunos que desejam aprofundar o conhecimento; o uso do Chat GPT pelos alunos ajuda o esclarecimento de dúvidas rápidas, principalmente, referentes à programação; os professores tentam abordagens diferentes de Ensino, mas, muitas vezes, os alunos não demonstram a atitude necessária para levá-la a cabo; uma introdução com contexto histórico 25
ou desafios que estivessem em concordância com a aula ajudaria os alunos a perceberem melhor a matéria em questão. Como conclusão, percebeu-se que alguns alunos gostariam de ter mais contextualização e interação nas aulas, mas compreendem as limitações existentes.
Palestra: “Como apresentar um tema e conduzir uma investigação”
O segundo dia começou com uma palestra dada pela doutora Carla Carmelo Rosa3. A palestra tocou em aspetos essenciais para a condução de uma investigação, explicando os processos envolvidos: a escolha do tema, a forma como o tema deve ser apresentado a um investidor, a constituição da equipa e muitos outros. De forma a exemplificar apresentou projetos antigos da sua carreira como investigadora, um de aplicações industriais, outro para uso medicinal, etc. Concluindo, foi demonstrado a todos os presentes que fazer investigação exige não só conhecimentos avançados em teoria, mas também em comunicação, trabalho em equipa e outras competências transversais necessárias para inspirar equipas e instituições a apoiar o projeto. Cada caminho tem diferentes desafios como o financiamento, networking específico, criatividade e oratória que, de forma substancial, exigem grandes competências em soft skills.
Debate: Métodos de Avaliação
O debate do FP centrou-se num tema de alta relevância para os estudantes, os “Métodos de Avaliação”. O painel contou com: o Doutor João Viana Lopes4, a Doutora Patrícia Maduro Neves5, a Doutora Cacilda Lima de Moura6 e a Mestra Bruna Dias7, tendo como moderador Gonçalo Teixeira8. De entre os temas levantados, a “infantilização” dos estudantes universitários foi altamente abordada, sendo ponto de atrito entre os oradores principalmente na conclusão de que os Exames Nacionais do Ensino Secundário contribuem para uma diminuição da autonomia dos estudantes devido à mecanização do estudo. Nesse contexto, a professora Patrícia Neves inferiu que as inclinações educacionais atuais são para simplificar o ensino e não complicá-lo, causando de forma subsequente uma redução na dificuldade dos exames e retirando a componente do estudo autónomo. Aderindo à discussão, Bruna Dias complementou, dizendo que a sociedade não prepara bem os jovens para a maioridade aos 18 anos, o que desencadeou a questão da “infantilização”. Ainda neste tema, o professor João Lopes salientou que a facilidade no primeiro ano da faculdade também contribui para o mau desempenho académico, devido ao atraso na adaptação a rotinas de estudos mais exigentes. No fim, os professores concluíram que não há um único culpado neste problema, tendo diferentes causas e consequências (como a fraca formação profissional no país). O papel do professor foi igualmente analisado, havendo concordância quando a professora Cacilda Moura disse que avaliar é um processo de extrema
ificuldade, sendo necessário ter em consideração os alunos e o tempo disponível. Os vários tipos de avaliação foram debatidos (testes, exame, trabalhos, etc.), concluindo-se que os estudantes influenciam muito o método usado, tendo em conta a participação nas aulas aulas e o trabalho individual. Finalizando o debate, os oradores realçaram a utilidade de grupos de estudo eficazes que possibilitem o crescimento e sucesso coletivos. Podcast: Episódio Especial Fórum Pedagógico Como última atividade, gravou-se um episódio especial do Physiscast. Moderado por João Baptista9, entrevistaram-se dois alunos: Gabriel Pinto10 e Fernando Cruz11, que atuam como explicadores para alunos do secundário. Nesse contexto, foram questionados acerca da vontade de seguirem uma carreira na docência em Portugal ou no exterior, respondendo ambos que, devido às condições atuais do sistema de ensino não se sentem motivados a seguir essa carreira, mas compreendem a importância crucial de um bom professor e o seu impacto na vida dos alunos. Por conseguinte, foram questionados sobre os objetivos dos explicandos no decorrer das aulas, e ambos responderam que, de início o objetivo deles era reduzido a um teste ou boas notas mas que, à medida que vão percebendo os tópicos, desenvolvem mais gosto por ela e pela ciência, aspirando a conhecimento mais profundo. Por fim, os entrevistados salientaram que o respeito e admiração pela profissão “Professor” aumentaram consideravelmente após a sua experiência.
Conclusão
Para concluir, o evento obteve um bom feedback dos espectadores, tendo sucedido na missão de trazer ao público a discussão sobre Pedagogia em Portugal de diferentes perspectivas, do docente, do investigador e do aluno. Em números, a edição deste ano do Fórum Pedagógico traduz-se em 17 participantes, fora a comissão organizadora (5 pessoas). Portanto, a Physis agradece a todos os oradores e alunos que aceitaram o convite para participar no Fórum Pedagógico e, desde já, conta com a futura participação de todos na 5º edição do evento.
Professor do Dep. de Física da Escola de Ciências e Tecnologia da UTAD Machine Vision Engineer 3 Professora Auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto 4 Professor auxiliar no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto 5 Diretora Pedagógica do Colégio Minerva; Ex-Presidente da Physis e da 1
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IAPS 6 Professora assistente na Universidade do Minho Mestrada em Ensino de Física e Química
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Diretor do Polo do Campo Alegre da Sociedade de Debates da UP Membro do Departamento de Imagem e Comunicação da Physis 3º ano de Licenciatura em Engenharia Física na Universidade do Minho 11 3º ano da Licenciatura em Física na Universidade do Porto 8 9
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Congresso 2023 3 Day Mission: SP4C3 EXPLORATION Este ano realizámos a 4ª edição do congresso da Physis: “3 day Mission: SP4C3 Exploration” nos dias 13, 14 e 15 de outubro, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), com foco no tema da exploração espacial e em colaboração com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e com o Núcleo de Estudantes de Física e Engenharia Física da FCUL (NFEF-FCUL). Dado o sucesso da edição anterior, “Give me more matter: but make it condensed”, que se realizou na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, este ano decidimos voltar a realizar este evento tentando inovar um pouco algumas atividades. Ao longo dos três dias tivemos várias palestras, uma mesa redonda, um debate, visitas a centros de investigação e muitas outras atividades, visando disponibilizar aos participantes oportunidades de enriquecer o seu conhecimento na área da exploração espacial. Dado esta área ser de interesse para muitos estudantes de Física e Engenharia Física, procurámos trazer atividades que explorassem os vários aspetos do tema, desde a Instrumentação à Cosmologia, passando pela Astrobiologia e pelas Astropartículas. O congresso contou com a presença de cerca de 80 participantes de diferentes faculdades. Contámos com estudantes da FCUL, FCT, IST e ainda de fora da Grande Lisboa, como de Coimbra, Aveiro e Porto. Os mesmos eram na sua maioria estudantes de Licenciatura, mas tivemos também presentes estudantes de mestrado e de ensino secundário. Dada a variedade dos temas, além de estudantes dos cursos de Física e Engenharia Física, participaram alunos de outros cursos, como Matemática e Bioquímica. Na sexta-feira de manhã demos início ao check-in onde os participantes puderam levantar os seus kits de boas-vindas, com revistas, cadernos, canetas e outros brindes disponibilizados pelos nossos apoios. Quem comprou o pack com Sweatshirt, teve ainda a oportunidade de receber a sua Sweatshirt do congresso, que teve um enorme sucesso de venda, esgotando.
À hora de almoço, arrancámos com a sessão de abertura, onde contámos com a presença de José Rebordão, Presidente do Departamento de Física; Guiomar Evans, Subdiretora da Faculdade de Ciências; e ainda Francisco Lobo e Pedro Machado, investigadores do IA.
De seguida, tivemos uma palestra sobre Astrobiologia dada por Zita Martins, Professora do IST e Astrobióloga. Após esta palestra, deu-se lugar a uma Mesa Redonda sobre Missões em Exploração Espacial, com os convidados: Hugo Costa da PT Space, Rodrigo Ventura da ISR e António Silva do IA. A mesma foi gravada, e em breve poderás encontrá-la no nosso canal de YouTube. Como se já não bastasse, à noite fomos até ao Observatório Astronómico de Lisboa, situado na Ajuda, onde os participantes puderam participar numa visita guiada a este edifício histórico, organizada pelo João Retrê,do Grupo de Comunicação de Ciência do IA. No final, para descontrair, fizemos uma Quiz Night sobre Física e Astronomia e sorteamos o vencedor do Giveaway da Sweatshirt. Depois de um primeiro dia em grande, o segundo não podia ficar para trás e, portanto, começámos logo de manhã com uma palestra sobre Cosmologia dada por Francisco Lobo, Professor da FCUL e investigador do IA. Após um pequeno coffee break, tivemos uma Astronaut Talk, dada por Rui Moura, Professor na Universidade de Aveiro, que nos contou a sua história de formação para Astronauta e a sua experiência no projeto POSSUM, com o apoio da NASA.
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No final do dia, para descontrair, fizemos, em colaboração com o CineClube Ciências (clube de cinema da FCUL), uma sessão de Dinner & Movie Night ao ar livre, a ver o filme “Sunshine”, enquanto jantávamos as deliciosas pizzas da Domino’s.
Da parte da tarde, começámos pelas visitas aos laboratórios da FCUL, dividindo os participantes em dois grupos, um grupo visitou o LOLS (Laboratório de Ótica, Lasers e Sistemas) e outro teve uma visita virtual ao LIP (Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas). A seguir, realizou-se uma palestra de Astropartículas e Raios Cósmicos dada por Patrícia Gonçalves, Professora no IST e investigadora no LIP.
À hora do lanche, decorreu o Sit-down com Empresas e Centros de Investigação, em que os participantes tiveram a oportunidade de falar com convidados do IA, LIP, Lusospace e Synopsis Planet.
Iniciámos o último dia do Congresso, com uma palestra do Professor José Paixão da Universidade de Coimbra que nos veio falar sobre a Sociedade Portuguesa de Física. Seguimos depois com as Flash-Palestras, onde contámos com a presença de 3 estudantes de Mestrado e Doutoramento da FCUL, Cédric Pereira, Nailya Ganiyeva e Miguel Pinto, que nos vieram falar um pouco sobre os seus projetos de Tese. De seguida, realizou-se a palestra de Telescópios e Instrumentação que contou com a presença de Ricardo Gafeira da Universidade de Coimbra e Alexandre Cabral da FCUL. Por último, mas não menos importante, tivemos um debate com o título “Há Futuro na Exploração Espacial?”, que contou com a presença de 3 investigadores do IA: Rui Agostinho, José Afonso e Alexandre Cabral. As opiniões, no geral, foram bastante positivas e pode-se dizer que o Congresso foi um enorme sucesso, conseguindo alcançar ou até mesmo superar a edição anterior. Agradecemos a todos os que puderam participar e especialmente aos nossos apoios, sem os quais este congresso não seria possível: Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Núcleo de Estudantes de Física e Engenharia Física, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, Sociedade Portuguesa de Física, LusoSpace, Nicola e Domino’s Pizza.
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