REVISTA PHOCAL PHOTOVISIONS Nº 06 - JULHO 2012

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j o s é v i e i r a

A fotografia de Aves no estado selvagem é uma das awvidades mais aliciantes e interessantes, sendo um desafio constante e que requer, além de habilidade e bons equipamentos, muitas horas de campo, muita paciência, informações sobre as aves, o meio onde vivem, conhecer hábitos e comportamentos. Quando comecei a fotografar aves dei conta que além do prazer da fotografia em si senwa algo que defino como uma espécie de inswnto caçador. Mas um caçador que caça imagens e preserva a natureza. E digo isto porque há um código a respeitar com regras rígidas como sejam não destruir o meio ambiente, não fotografar as aves em plena nidificação, não mexer nos ovos, etc. Embora pareça não é nada de fácil fotografar aves em estado selvagem e acredito que este wpo de fotografia de natureza seja uma das mais diŽceis quando se a visa qualidade das imagens! Muitas vezes, mesmo depois de programar e preparar uma determinada foto poderemos passar o dia ou mesmo dias para conseguir aquela imagem e um momento de desatenção é aquela oportunidade que poderá não voltar a acontecer. Referi que é preciso habilidade e esta só se consegue com a insistência e muita práwca. Precisamos saber exatamente o que estamos a fotografar ter as parâmetros bem definidos e ser rápidos na execução. Os pássaros são, em geral, pequenos, ariscos, agitados, salwtam e costumam estar em locais que não temos fácil acesso. Por isso uma outra exigência, o recurso à aproximação da ave. E isto faz-­‐se normalmente com o recurso a esconderijos, ou camuflagem. Atraia as aves com alimentadores naturais, comedouros e com bebedouros. Referi depois a necessidade de bons equipamentos por isso é fundamental uma máquina com obturador de disparos rápido e um cartão de memória de grande capacidade de armazenamento e velocidade de gravação de fotos. Necessitamos de uma teleobjewva clara e de longo alcance (entre 300 a 600 mm), que permita uma boa aproximação das imagens e grandes aberturas de diafragma. Um tripé é essencial e de grande uwlidade, pois as lentes são pesadas. Devemos ter um grande domínio de foco selecionando sempre que possível o ponto central e porque em muitas das situações o foco manual é o mais aconselhado devido a folhas ou galhos que se misturam no enquadramento. Uwlizar o modo pontual e diafragma bem aberto para ter o efeito do desfoque das folhas e galhos criando um bouket perfeito. A uwlização da prioridade à velocidade é o que aconselho pois as melhores imagens são aquelas em que os

aves

José Vieira nasceu em Angola em 1963. Desde cedo aprendeu a conviver com a natureza e a usufruir da sua beleza. Sempre gostou de fotografia mas foi na universidade que começou a abraçar com mais cuidado esta arte nos desafios que a cadeira de fotografia exigia. Tem desenvolvido diversos projetos individuais mas é em grupo que gosta de trabalhar. Criou o “GFCC”, grupo de fotógrafos de Cantanhede e orienta e coordena o grupo de fotógrafos “Os Paparazzi”. Tem parwcipado em diversas exposições individuais e colewvas. Colabora para a revista Phocal Photovisions. É formado em belas artes/pintura pela ESTAC – Coimbra. pássaros estão a chegar ou a parwr do galho, ou ter a sorte e a técnica de congelar a imagem de uma luta pelo território ou comida entre eles. Quando fotografar aves é crucial focar com precisão, independentemente do enquadramento, e fixe o ponto de foco nos olhos. Há quem use o flash neste wpo de fotografia embora eu não o faça. É, no entanto uma possibilidade que resulta em determinadas situações. Uma técnica que ajuda em situações de grandes distâncias é o digiscoping, que é um método de fotografar uwlizando uma câmara digital reflexa ou compacta, com o auxílio de um telescópio. O melhor horário para fotografar são as primeiras horas da manhã e o final da tarde. É nestes momentos que elas procuram alimento e socializam e melhores momentos criam para uma boa fotografia. O estudo dos hábitos da ave é um dos segredos das boas fotografias, é este conhecimento que nos permite “a foto”. E é isto que nos dá o ânimo para não desiswr pois muitas horas se “perdem” sem que a dita “foto” resulte e muitas vezes nem a própria ave se mostra ou aparece. A fotografia de aves é também uma awvidade que requer alguns cuidados e alguma preparação Žsica. Às vezes é preciso percorrer grandes distâncias a pé, escalar encostas, percorrer áreas alagadiças, calcar silvas, etc. É necessário uwlizar roupas apropriadas, como por exemplo botas de borracha, calças compridas, chapéu, repelente, protetor solar, saco pláswco e impermeável para acondicionar o equipamento. Devemos estar preparados para imprevistos: chuva, ventos fortes, excesso de frio ou calor, e todo o wpo de bichos. De norte a sul do país, são muitas as espécies de aves que povoam Portugal nesta altura do ano. Entre os muitos estuários, parques naturais, jardins e zonas costeiras, é possível encontrar uma enorme variedade de espécies de aves. Desde o pisco-­‐de-­‐peito-­‐ruivo, o chapim azul, o gaio, a cotovia, as felosas, o guarda-­‐rios até as aves mais exówcas, como flamingos, graças e cegonhas, não faltarão mowvos fantáswcos para apontar a nossa objewva para este ramo da fotografia. Claro que aconselho também que pesquisem em livros, revistas da especialidade, sites especializados, suportes em vídeo, a troca de experiências e workshops específicos. O ideal neste wpo de foto, que vai além de um simples registo deve ter em conta um bom enquadramento e o assunto deve ocupar boa parte do quadro; o assunto deve procurar sempre um posicionamento de maneira a compor os planos deixando o fundo “limpo” e representawvo dentro do contexto em que a PHOCAL PHOTOVISIONS | 31


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