Philippe Pinheiro - Coworking

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RELATÓRIO FINAL Coworking: As espacialidades imateriais econômicas contemporâneas e as potencialidades do espaço urbano.

PHILIPPE DE SOUSA PINHEIRO

Natal, RN Dezembro de 2013


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RELATÓRIO FINAL Coworking: As espacialidades imateriais econômicas contemporâneas e as potencialidades do espaço urbano.

Relatório Final apresentado à disciplina Planejamento e Projeto Urbano 06 (PPUR 06), como requisito para avaliação da III unidade do semestre letivo 2013.2 Autor: Philippe de Sousa Pinheiro Orientadora: Prof.ª Dr.ª Angela Lúcia de Araújo Ferreira

Natal, RN Dezembro de 2013


“O mundo está agora à distância de um clique.” (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)


LISTA DE IMAGENS

Figura 1 - Mapa de São Paulo.

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Fonte: Google Maps.

Figura 2 - Encarte publicitário do Mesa Anexa Coworking Space.

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Fonte: Bruno Oliveira.

Figura 3 - Layout do Mesa Anexa.

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Fonte: Arq. Leonardo Dias.

Figura 4 - Recepção.

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Fonte: Acervo pessoal.

Figura 5 - Recepção.

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Fonte: Acervo pessoal.

Figura 6 - Lounge.

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Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 7 - Copa e Lavabo.

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Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 8 - Sala de Reunião.

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Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 9 - Espaço de Coworking.

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Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 10 - Sala de Atendimento.

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Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 11 - Centro Empresarial Cidade Jardim.

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Fonte: Acervo pessoal.

Figura 12 - Gráfico sobre Capim Macio.

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Fonte: SEMURB.

Figura 13 - Mapa dos serviços em Capim Macio. Fonte: Google Maps.

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SUMÁRIO

LISTA DE IMAGENS

1. INTRODUÇÃO

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2. COWORKING: CONCEITOS E PROCESSOS

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3. SÃO PAULO: OS PIONEIROS

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3.1. COWORKING EM SÃO PAULO

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3.2. ENTENDENDO A MARGINAL PINHEIROS

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4. ESTUDO DE CASO: MESA ANEXA COWORKING SPACE

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4.1. PERFIL DO COWORKER

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4.2. CONFIGURAÇÃO INTERNA

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4.3. O EDIFÍCIO

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4.4. ESTUDO DE USO DO SOLO

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5. CONCLUSÕES

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. APÊNDICES

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5 1. INTRODUÇÃO Sabe-se que Natal tem espaços de trabalho colaborativo disponíveis desde o último ano. O Coworking como é conhecido, consiste em um conceito muito recente e traz consigo uma série de consequências para o mercado ainda incompreendidas, tanto pelos adeptos quanto aos estudiosos da área. E principalmente quais as consequências para a cidade onde surgem esses espaços? Qual o futuro da cidade quando mudamos nossa forma de usá-la? Ou quando o modo de usar a cidade provoca mudanças as formas de trabalho? Ou ainda quando as formas de trabalho mudam as formas de usar a cidade? No entanto, em cidades maiores como São Paulo, onde a dinâmica da economia é mais desenvolvida e infra-estrutura urbana não funciona adequadamente, esse modelo de trabalho já ganhou uma gama de adeptos dentre empresas e freelancers no qual se identificaram com a alta flexibilidade de espaço e tempo oferecido pelo modo de trabalho. Como disse Fernanda Trugilho (CANAL..., 2011), fundadora do espaço de Coworking Pto de Contato em São Paulo, numa entrevista ao Canal do Youtube: Man In The Arena em 2011, é que esses ambientes são muito recentes, e não tem uma fórmula definida. Existem cases de sucesso e cases de fracasso para espaços como este. Os empreendedores deste nicho estão aprendendo com experiências compartilhadas deles mesmos. Em outras palavras pode-se dizer que é um empreendimento consciente e autodidata. Mas existem certas tendências, neste fenômeno como os locais mais interessantes da cidade, para que esses espaços surjam. E quais as consequências disso para a cidade, já que agora as pequenas empresas não precisam de um ponto comercial alugado para desenvolver suas negociações? A tecnologia transforma o modo de viver da humanidade, facilitando a forma como o espaço ao nosso redor é utilizado, com novos conceitos e diferentes maneiras de pensar, criando espaços de tempo. As exigências do mercado de trabalho ao longo dos últimos 50 anos foram se modificando a medida que as gerações foram evoluindo. A série de cinco reportagens exibidas pelos repórteres do Jornal da Globo em dezembro de 2010 (e reapresentado em janeiro de 2011, pelo canal de televisão Globo News) mostra como o aprendizado dessas gerações serviu para repensar como seria possível trabalhar melhor, gerando diferentes formas de fazer as coisas. Até a década de 1930, tinha-se um modo de trabalhar bem irregular, visando conquistas de bens materiais. Na década de 1940, com o fim da Segunda Guerra Mundial, essa visão mudou e o trabalhador tornou-se


6 fidelizado e duradouro, comprometido com o dever da permanência numa mesma empresa. (JORNAL DA GLOBO..., 2010) Já na década de 1980, esses trabalhadores tiveram o primeiro contato com uma tecnologia acessível à população em geral (até então computadores eram conhecidos como máquinas grandes e estranhas, onerosos e destinados a grandes laboratórios como o da NASA). A partir desse período a sociedade passa a considerar o trabalho como algo ostensivo, valorizando títulos e bens pessoais, reflexo do seu esforço e dedicação ao trabalho. Enfim, nos anos 1990, temos a popularização da internet, e o surgimento de diversos empregos relacionados a comunicação e informação. Nesse período, a nova geração entra no mercado de trabalho com um pensamento completamente diferente. Trabalhar agora é sinônimo de prazer e realização pessoal, deixando os lucros como consequência e não como objetivo. Sendo assim, muda as relações no ambiente corporativo, a sua participação e a hierarquia dentro da empresa. Nesse contexto, as gerações que convivem entre si perceberam que tem autonomia para mudar as regras do mercado de trabalho, e dessa forma, temos diversos modelos contemporâneos de trabalho e nenhum deles é definitivo. Mais uma vez, com a chegada do novo século nos anos 2000, o mercado evoluiu sua forma de pensar. Se antes as empresas buscavam a coleta de informações como estratégia de mercado, hoje sabe-se que mais importante que coletar essa informação, é a forma de utilizá-la. Pois essas informações são agora compartilhadas, podemos ver isso com as primeiras redes sociais, e com as chamadas empresas “Start Up” como a Google, ou Yahoo. Nesse momento as empresas poderiam ir muito mais além no desenvolvimento de produtos e serviços. Coworking é quando os funcionários se apoiam uns nos outros para oferecer um produto/serviço muito mais integrado. Alexandre Teixeira (2012) comenta rapidamente sobre a primeira aparição desse conceito: Como conceito, o coworking surgiu no fim dos anos 90 em meio ao 1 primeiro boom da internet. Na esteira do estouro da bolha , a ideia quase se perdeu. A partir de 2005, com a tecnologia de novo em alta, os escritórios compartilhados se disseminaram de vez. (TEIXEIRA, 2012)

Ou seja, como as antigas linhas de produção em que cada fase do processo era completada até ser entregue um produto final, tornam-se agora uma rede de fluxos compartilhados onde todos os funcionários estão se comunicando e produzindo ao mesmo tempo. A hierarquia de conhecimento, outrora uma via de mão única, passa a ser horizontal e compartilhada. Se por um lado as cidades crescem ao longo dos anos

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O autor se refere ao estouro da bolha imobiliária americana, em julho de 2007.


7 e seus limites territoriais vão avançando, por outro, a sensação de distância vai se tornando menor. O desenvolvimento tecnológico fez com que 15 quilômetros de distância para um motorista em 1945, não tenha a mesma conotação hoje, ou seja, essas sensações de distância diminuíram com o tempo e através da internet, é possível ter acesso a informações de outras pessoas de qualquer parte do planeta, tornando essa sensação ainda menor. Toda cidade se desenvolve seguindo a lógica da economia imobiliária, seja ela residencial, comercial, industrial ou turística. As cidades vão crescendo e avançando seus limites e reorganizando suas zonas físico-espaciais de interesse a medida que o tempo, as tecnologias, modelos de trabalho e produção vão mudando. Mas o que acontece quando os interesses mudam? Este contexto e as questões levantadas nos leva a resumir no seguinte problema principal da pesquisa: De que forma o Coworking se relaciona com o espaço físico da cidade? A partir das primeiras coletas de dados e discussões, chega-se as seguintes hipóteses: A primeira é que o novo modelo contribui para um melhor aproveitamento da infraestrutura urbana e adensamento comercial, pois as empresas que antes estavam isoladas e salpicadas em diversos pontos da cidade, agora passam a partilhar um mesmo sistema de redes seja este elétrico, hidráulico, viário, etc. Ao mesmo tempo elimina parte dos escritórios físicos e impede o uso da cidade, afinal se estas empresas passam a habitar um mesmo local, os envolvidos não necessitam usar o resto da cidade. Assim como o crescimento da cidade e as sensações de distância mudam com as facilidades de locomoção, há de supor que os escritórios virtuais, mais precisamente o Coworking muda as escalas de distância entre os adeptos, já que a partir de agora é possível encontrar um parceiro de trabalho na mesa do lado. Podemos também pressupor que esse conceito se tornou um modelo alternativo de trabalho, devido a certas patologias espaciais, com implicações e exigências arquitetônicas e urbanas específicas, ou seria apenas um modelo paliativo de trabalho? Devido a certas patologias econômicas, atendendo ao mercado de trabalho em momentos críticos, em que os impostos estão absurdamente caros, ou até relacionado a catástrofes naturais e etc. Portanto, nosso objeto de estudo são as espacialidades imateriais econômicas contemporâneas e as potencialidades e limitações do uso do espaço urbano. E as razões que levam a necessidade de uma pesquisa como essa são numerosas, tendo em vista que o papel do arquiteto na sociedade é conhecer a cidade, e seus agentes modificadores além de entender o seu uso, ou o que impulsiona seus habitantes há


8 fazer isso. Por ser um conceito muito recente, ainda não há estudos suficientes em arquitetura que embasem propostas de espaços com esta intenção colaborativa, ou seja, falta compreensão do que é tudo isso, quais são suas causas e principalmente, quais são suas consequências, para o mercado e para meio urbano. Por consequência, as pesquisas sobre o assunto no que cerca a Arquitetura e Urbanismo, pelo menos no Brasil, ainda são inexistentes. O conhecimento dessa temática abre perspectiva para um possível de trabalho final de graduação ou pós-graduação. O objetivo geral é principalmente compreender o papel das novas tecnologias na espacialização do setor de serviços. Além de poder contribuir com estudos sobre espacialidades e introduzir o tema acerca das formas contemporâneas de trabalho no âmbito da Arquitetura e Urbanismo. Quanto aos objetivos específicos podemos pontuar: Apontar os agentes causadores desse modo de trabalho; Compreender suas consequências para a cidade; Zonear as áreas de interesse para essa prática em Natal/RN; Indicar diretrizes que oriente a localização mais indicada para implantar um espaço de coworking na cidade, assim como apontar elementos para a configuração interna. Na bibliografia relacionada que foi reunida para realização deste projeto de pesquisa temos: “Out of the Office” pelos autores portugueses José G. Quaresma e Carlos Gonçalves, “O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar nosso mundo” por Rachel Botsman e Roo Rogers, “São Paulo Cidade Global” por Mariana Fix, dentre outros. Com isso, foi possível pontuar no mapa os locais onde existem espaços de coworking em São Paulo, e entrar em contato com as empresas pela internet. Depois foi feito um pequeno estudo de caso no Espaço de Coworking Mesa Anexa, em Natal/RN: observando a configuração interna, os serviços adjacentes oferecidos, o perfil dos usuários, incluindo o próprio dono do estabelecimento através de uma entrevista. Além de um estudo de uso do solo numa escala menor, para descobrir quais os serviços de suporte são oferecidos no entorno do empreendimento. Por fim, analisar essas informações coletadas e poder apontar as chamadas zonas de interesse para implementação de um espaço com intenções colaborativas, bem como identificar essas zonas ou possíveis zonas na cidade de Natal/RN. O universo de estudo compreende a cidade de Natal e seu comportamento diante destes novos elementos inseridos no espaço urbano. Por ser uma cidade com desenvolvimento econômico em progresso e número de adeptos menos significativo. Servirá como tela em branco para traçarmos as análises das tendências de espacialização e setorização, dentre outros. E o Espaço de Coworking Mesa Anexa,


9 em Natal, para o estudo de caso e um contato direto mais próximo e ilustrativo com um espaço como este. Leitura de toda a bibliografia relacionada ao conceito e ao seu processo histórico, além da compreensão dos sítios econômicos da cidade de São Paulo para embasar as relações do comércio com o meio urbano. Depois a pontuação no mapa e análise dos locais onde existem espaços de coworking, criando uma relação entre eles. Então, houve um contato com essas empresas via internet. Foi feito um pequeno estudo de caso no Mesa Anexa Coworking Space, em Natal com um estudo de uso do solo apenas pelos arredores do empreendimento, e dois tipos de entrevistas: com os usuários e o empreendedor, tanto de Natal (entrevista presencial) quanto de São Paulo (entrevista virtual). Nessa entrevista contém como principal questão: Quais fatores lhe influenciaram a abrir o espaço neste local? Ao sistematizar e analisar essas informações coletadas poderá, enfim, determinar indicios de uma lógica de localização e apontamento das chamadas zonas ou possíveis zonas de interesse para implementação de um espaço com intenções colaborativas em Natal/RN. Com isso, o problema de pesquisa “Como o Coworking se relaciona com o espaço físico da cidade?“ será respondido sob os aspectos de Natal, baseado nos dados de São Paulo, quanto às questões socioeconômicas do profissional com sua “cidade-sede”. A estrutura do trabalho foi inspirada pelo filme de Charles e Ray Eames para IBM, chamado Powers Of Ten (1977), no qual o interlocutor explica as escalas de distância elevadas à potência de dez. O filme explica ao espectador as noções de distancia do micro ao macro, e retornando ao micro. As imagens mostram um casal fazendo um piquenique no parque em Chicago, IL. A câmera vai se distanciando ao que seria a potência de 1.1024 metros (100 milhões de anos luz) através do universo, e depois volta a se aproximar, volta ao casal e “penetra” na pele do homem até a marca de 10-16 metros (0,000001 Ångströms), onde se encontram os átomos. Da mesma maneira foi pensado o sumário: do macro (conceito geral) ao micro (particularização) e de volta do micro ao macro (estudo de caso, desde o entorno do escritório à sua configuração interna, até o perfil do usuário).


10 2. COWORKING: CONCEITOS E PROCESSOS As gerações são os grupos de pessoas nascidas na mesma época, antes calculado que em 25 anos cada geração (mais ou menos, o tempo que se levava para a próxima geração substituíssem seus pais no mercado de trabalho). Mas nos últimos 50 anos, com os avanços da tecnologia, dos modos de produção, o ciclo cai para 10 anos, misturando as gerações que se seguiram. Entre eles existem as gerações BB (Baby Boomer), X e Y. O “Baby Boomer” (nascidos entre 1945 à 1960) é um ótimo estrategista, desempenharia um ótimo papel no planejamento da empresa. O “X” (nascidos entre 1960 e 1980) estaria perfeitamente escalado para as tarefas de relatórios e orçamentos. Enquanto o “Y” se adequa perfeitamente na área prática, de criação, pela sua inquietude e ansiedade. Diferentemente da sociedade japonesa, regida pelo Senpai-Kohai2, onde os mais velhos mandam e os mais novos obedecem, é a dita Tate-Shakai (hierarquia vertical), no mundo ocidental muitas empresas são comandadas por pessoas com menos de 25 anos. Essas gerações tão diferentes estão atuando e se complementando no mercado de trabalho hoje. (JORNAL DA GLOBO..., 2010) Segundo José G. Quaresma e Carlos Gonçalves (2013), o Coworking é o cruzamento do Escritório Virtual e o Home Office. Ele diz que é “um grupo de pessoas que trabalham independentes umas das outras, mas que partilham formas de estar e valores e que procuram sinergias”. Os espaços de Coworking são ambientes de trabalho livres, desfrutando de um networking mais facilitado. Nesses espaços, varias micro-empresas, Start Up, freelancers coexistem naturalmente. Os avanços tecnológicos moldam cada vez mais os modelos, as formas e os padrões de trabalho e, como consequência, influenciam os gostos, as atitudes e as decisões. Estamos a falar um conceito de negócios inovador, criador, diferenciador, como temos verificado. Os centros de negócios, como todas as franjas produtivas, alavancam-se cada vez mais apoiados nas novas ferramentas. Para que um centro de negócios evolua e os seus serviços se tornem ainda mais personalizados e eficazes é fundamental acompanhar o desenvolvimento tecnológico. A gestão vê-se confrontada com o aumento da qualidade, exigida cada vez mais pelos clientes deste tipo de serviço. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

Determinadas empresas já usam ou usaram o conceito em seu cotidiano. Walter Isaacson (2011), no livro “Steve Jobs: A Biografia” relata uma das primeiras tentativas de prática desse conceito no meio corporativo pela empresa Sony, onde as equipes de Hardware e Software trabalhavam de forma colaborativa, a fim de criar um produto mais integrado, mas não tiveram muito sucesso. Em sua obra há uma citação de Jimmy Iovine, o chefe da Insterscope-Geffen-A&M e que ilustra esse momento: 2

Em tradução livre: “Veterano-Novato”.


11 Como a Sony perdeu isso é completamente incompreensível para mim, uma cagada histórica. [...] Steve era capaz de demitir gente se as divisões não trabalhassem em conjunto, mas as divisões da Sony estavam em guerra umas com as outras. (IOVINE apud ISAACSON, 2011)

Tinha uma divisão de eletrônicos de consumo que fazia produtos elegantes e uma divisão de música com artistas adorados (entre os quais Bob Dylan). Mas cada divisão tentava proteger seus próprios interesses e a empresa como um todo nunca conseguia agir em conjunto para produzir um serviço de ponta a ponta. (ISAACSON, 2011)

Esse modelo foi utilizado também por Steve Jobs, na Apple. Durante a revolução gerada pela criação do iTunes, e posteriormente o iPod. Mas Jobs conseguia tornar tudo mais simples. A cooperação entre as equipes de Hardware e Software era, e ainda é tão corporativo, que os seus produtos são perfeitamente integrados. Sob este aspecto, Isaacson comenta: Essa, é claro, era uma das belezas da estratégia de ponta a ponta de Jobs: as vendas de músicas no iTunes impulsionaram as vendas do iPod, que, por sua vez, incrementaram as vendas do Macintosh. O que 3 tornava as coisas ainda mais irritantes para Lack era que a Sony poderia ter feito o mesmo, mas nunca conseguiu que as divisões de hardware e software e de conteúdo remassem em harmonia. (ISAACSON, 2011)

Todo profissional que quer ter uma carreira autônoma, ou como freelancer, ou iniciando um pequeno negócio, se depara com inúmeros obstáculos. Os investimentos de um novo negócio tornam-se, na maioria das vezes, fadado ao fracasso antes mesmo de abrir as portas. A partir disso, percebe-se que para oferecer seus serviços os outsiders não precisavam alugar um ponto comercial. Pois toda a sua estratégia e marketing se dava via internet, criando assim o conceito de escritórios virtuais. As telecomunicações são decisivas em todo o processo organizacional. São elas que permitem optar por várias formas de trabalho, como o Escritório virtual. Todas elas se ligam e se potenciam como um todo. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

O Home Office (em Portugal é mais conhecido como Teletrabalho), é uma forma de trabalho. Consiste em trabalhar em casa com o advento das facilidades que a internet proporciona. Isso mudou completamente a percepção do espaço para o comércio. Pois os Home-Officers economizavam um alto investimento em encargos, gastos com combustível e tempo de locomoção. Quem trabalha dessa maneira usufrui do conforto de estar ao mesmo tempo em casa e gerenciando sua vida profissional.

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Andrew “Andy” R. Lack, Chefe da Sony Music de 2004 à 2006. Negociou com Steve Jobs a venda das músicas da Sony pela iTunes Store


12 Com o teletrabalho acabaram as fronteiras, trata-se de trabalho global e sem preconceitos, pois não existe idade, sexo, cultura, deficiência física, distâncias ou qualquer outro tipo de barreiras, encontradas no modelo de trabalho convencional. [...] A não deslocação para o “escritório” consiste numa poupança de milhões de litros em combustível e milhões de toneladas de gases emitidos para a atmosfera. Se todos os profissionais com trabalhos compatíveis como teletrabalho desenvolvessem a sua atividade a partir de casa, a emissão de gases poluentes seria reduzida em cerca de cinquenta toneladas por ano, o equivalente a retirar toda a força de trabalho de Nova Iorque e os seus veículos das estradas, apenas para se ter uma ideia da dimensão. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

Porém, essa prática tem seus problemas. O curto alcance do trabalho em casa faz com que não se desligue completamente. Apesar do conforto e das facilidades, as tarefas domésticas e outras distrações tiram o foco dos negócios. Enfim, o modelo Home Office exige do profissional uma organização e concentração imensa, senão muitas vezes enfrentam jornadas de 15 horas por dia, e quando não está trabalhando é impossível se desligar dos deveres. Além disso, gera complicações para a cidade. São milhões que não conseguem trabalhar em casa, simplesmente, porque não conseguem criar uma barreira e separar a vida pessoal da vida profissional. A disciplina dificilmente será imposta, as rotinas são difíceis de contornar, a concentração dispersa-se, as pessoas sentemse isoladas, sentem necessidade de sair, de ver, de contactar no fundo, de socializar, de mudar, de quebrar rotinas. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

Visto que com o Home Office, compras pela internet e os serviços de delivery tão populares na vida urbana, a cidade se esvazia. Se as pessoas deixam de usar a cidade, pode gerar consequências grave. Segundo Jane Jacobs (2000), a segurança da rua é feita pelos próprios moradores. Uma rua movimentada é mais segura que quando deserta. Se as ruas da cidade estão livres da violência e do medo, a cidade está, portanto, razoavelmente livre da violência e do medo. Quando as pessoas dizem que uma cidade, ou parte dela, é perigosa ou selvagem, o que querem dizer basicamente é que não se sentem seguras nas calçadas. [...] Não é preciso haver muitos casos de violência numa rua ou num distrito para que as pessoas temam as ruas. E, quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras. [...] É uma coisa que todos já sabem, uma rua movimentada consegue garantir a segurança; uma rua deserta não. [...] devem existir olhos voltados para as ruas, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. (JACOBS, 2000)

Contudo, as pessoas voltam a utilizar o espaço urbano com o coworking, pois é a solução mais divertida e sincera para o maior problema do Home Office: o isolamento. As pessoas costumam aderir desse modelo de trabalho também pelas excessivas viagens que sua profissão exige e nunca passar mais que alguns dias na mesma cidade, ou simplesmente porque no Coffee Shop, os funcionários se


13 incomodam por eles estarem ocupando uma mesa sem consumir o suficiente e não ter outros profissionais trabalhando e dispostos às trocas de experiências.

3.1. SÃO PAULO: OS PIONEIROS Não podemos esquecer que o primeiro espaço de coworking, a Hat Factory, surgiu em 2005 na cidade de San Francisco, California, como uma empresa de três profissionais da tecnologia da informação que abriam suas portas para freelancers sem um lugar para trabalhar. As questões de espaços corporativos no meio urbano estão diretamente ligadas à economia e ao setor imobiliário. Em New York, essas questões estão sendo discutidas neste exato momento. Rory Stott, em 30 de agosto de 2013, publicou um artigo no site ArchDaily, a respeito de um estudo realizado pela REBNY – Real Estate Board New York – no qual a preservação de 27,7% dos edifícios de Manhattan, impediria o desenvolvimento econômico da cidade. REBNY vem desafiando a Comissão de Preservação de Monumentos, argumentando que isso tem muito poder quando se trata de decisões de planejamento, que ao tornar os negócios tão difíceis para os investidores, sufoca o crescimento da cidade. [...] O arquiteto historiador Francis Morrone fornece uma visão mais equilibrada, dizendo que o crescimento que foi incentivado por políticas do prefeito Bloomberg é parte de uma tentativa para equilibrar o ritmo com outras cidades mundiais. Mas ele acredita que esta tentativa tem uma falha grave: no lugar de melhorar a cidade, este investimento está empurrando para cima os preços e forçando todos, com exceção dos cidadãos mais ricos, a deixar Nova York por completo: ‘A cidade irá sobreviver. A cidade irá prosperar’, porém adverte, que ‘nem todas as pessoas da cidade irão prosperar, ou poderão continuar a viver aqui’. Esta abordagem levanta a questão ‘para que serve uma cidade?’ [...] O livro Triumph of the City (Triunfo da Cidade), de Edward Glaeser coloca as pessoas no centro do propósito de uma cidade. Cidades proporcionam oportunidades e prosperidade para as pessoas que as habitam, e isso não está disponível em áreas rurais. Glaeser acredita que, reunindo pessoas de diversas origens, com diferentes ideias e colocando-as próximas das condições de vida adensadas, as cidades proporcionam encontros casuais e a disseminação de novas ideias, criando, portanto, a inovação que impulsiona a prosperidade econômica. (STOTT, 2013)

Seguindo a lógica da REBNY, podemos concluir que a cidade como habitação, como vivência, como história seria menos importante que o desenvolvimento econômico? E quem colocaria esse “desenvolvimento econômico” em funcionamento, senão os próprios habitantes? E, por fim, para quem a cidade estaria se “desenvolvendo”? Mariana Fix (2007), em sua obra “São Paulo Cidade Global” levanta a realidade dessas questões na maior metrópole da América Latina: São edifícios corporativos, que se projetam como a imagem de uma cidade de uma cidade ‘globalizada’, uma ‘nova cidade’, ‘nova face’ ou


14 uma ‘global city’ na mídia ou nos anúncios publicitários. Fazem parte da skyline do novo eixo de negócios, em formação nos arredores da marginal do rio Pinheiros, desde a Chácara Julieta até a Vila Leopoldina. [...] Diferentemente das torres das décadas anteriores, que fizeram da Avenida Paulista a sede do capital financeiro e corporativo da cidade, esses edifícios são em grande parte construídos como um investimento, para ser alugados. A ideia de ‘sede própria perde importância em relação a busca das empresas por maior liquidez e, consequentemente, por menor imobilização do seu patrimônio. (FIX, 2007)

Os interesses dos agentes imobiliários, ou City Builders, como define Fix (2007), influem direta e indiretamente sobre os investimentos públicos e privados. Resultando em sítios econômicos ditos pela autora, “a paisagem do poder e do dinheiro em São Paulo”: a marginal do rio Pinheiros, onde “as novas torres se originaram no fim dos anos 1970 e se multiplicaram intensamente na década de 1990”. 3.1. COWORKING EM SÃO PAULO Foi escolhida a cidade de São Paulo para falar de Coworking, pois foi a primeira cidade a ter um espaço disponivel. Em cinco anos surgiram diversos espaços, mas o mais curioso é que todos estão localizados no mesmo sitio. Então era intencional que fosse possível ilustrar com uma cidade maior e mais experiente neste ramo, para que sejam observados esses padrões num local menor e menos explorado como Natal. Com o auxilio do Google Maps, foi possível listar cerca de 40 espaços de intuito colaborativo em São Paulo, 30 apenas no centro da cidade, cinco em no bairro Pinheiros (o bairro está respresentado na imagem pela linha tracejada) e 25 nos bairros ao redor.

Figura 1 - Mapa de São Paulo. Fonte: Google Maps.


15 É interessante notar que por mais que se trate de um espaço para se trabalhar a distância, quase todos estejam concentrados nesse sítio de Pinheiros e Jardins. Dentre esses espaços, foi feito contato via e-mail com um resumo da pesquisa e os formulários de entrevista tanto para os Coworkers quanto para o empreendedor, com a equipe do Pto de Contato Jardins, no qual a publicitária e fundadora do espaço Fernanda Nudelman forneceu algumas informações importantes. Há 5 anos existe a Pto de Contato, que já foi localizado no bairro de Pinheiros mas hoje estão no Jardins, em São Paulo. É interessante falar sobre a Pto de Contato, pois é o primeiro espaço de Coworking de São Paulo. Existem 120 Coworkers fixos e durante a semana, e a segunda-feira é a preferida para se trabalhar. Dentre os serviços, podemos destacar a disponibilização de um aplicativo para smartphones, para controle dos pacotes e fácil acesso aos contatos dos outros Coworkers, etc. Além de que no website está explicitado que o local foi escolhido também pelos serviços existentes no entorno e a facilidade de acesso por vários meios de transporte, preocupação na produção de eventos e cursos internos para o aprendizado dos adeptos. Infelizmente, não houve nenhum retorno da parte dos Coworkers, com as respostas dos formularios ou qualquer outra informação, portanto não será possível uma análise mais detalhada.

3.2. ENTENDENDO A MARGINAL PINHEIROS A cidade de São Paulo, para ter o sítio comercial que vemos hoje, passou por diversas alterações físico-espaciais. Graças aos investimentos de empresas estrangeiras, a descaracterização das margens do rio Pinheiros. Fix (2007), nos diz que quando o rio foi retificado, em meados de 1930, teve suas várzeas drenadas e meandros eliminados, incluindo a inversão do curso do rio. A empresa Light & Power, responsável pela produção e distribuição de energia, transformou uma área pantanosa nos 21 milhões de metros quadrados mais valorizados da cidade. O processo de drenagem gerou a abertura da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, e posteriormente o processo de loteamento dos bairros-jardins, pioneiro na América do Sul, realizada pela empresa franco-belga City. Capitalizada pelo mercado londrino, comprou 37% das terras de São Paulo e fechou com a Light & Power um contrato de execução da infraestrutura hidráulica, sanitária, elétrica e das linhas de bonde. Outro detalhe é que os empreendedores e políticos estavam associados a empresa e tinham influência nos investimentos públicos. Entre os anos 1918 e 1928, apenas empreendimentos da City foram incorporados as redes de esgoto.


16 Além disso, a City conseguiu que o poder público municipal produzisse uma legalização urbanística especial, capaz de garantir exclusividade residencial e os padrões urbanísticos originais destinados à alta renda. Essa lesgilação, mesmo não exigindo novos recursos públicos, foi capaz de produzir mais ganhos aos investidores. Os bairros-jardins, que atenderam sobretudo às classes de alta renda, obtiveram, assim, lucros fabulosos e captaram diversos investimentos públicos ‘em detrimento as áreas mais populosas e carentes da cidade, onde a 4 necessidade de infraestrutura era urgente’ (FIX, 2007)

Até 1977 as grandes empresas estavam localizadas na Avenida Paulista e no Centro Velho. É quando os periódicos começam a noticiar sobre o “nascimento de uma nova cidade”. Surgem nesse momento os primeiros empreendimentos que vão definir futuramente aquele local a nova sede do capital financeiro corporativo de São Paulo. Os pioneiros nesse processo são o CENESP – Centro Empresarial São Paulo (1977) e o conjunto de torres produzidas “em bloco” pela Bratke-Collet, a Bratkelândia (1980). Em 1984 foi a vez do São Paulo Office Park, Birmann 21 (1990), Ed. Philips (1990) e WTC – World Trade Center Brasil (1995). Num terceiro momento tivemos a CENU – Centro Empresarial Nações Unidas (1998), a Birmann 29 (2001), o BankBoston (2002) e a Faria Lima Financial Center (2003). E por fim, Birmann 31 (2003), International Plaza e Maria Cecília Lara Campos. Esses últimos se destacam pela taxa de 70% dos espaços vagos, o que leva a crer que no ínicio dos anos 2000, houve uma baixa na demanda de profissionais interessados. Esses empreendimentos foram construídos seguindo algumas estratégias de mercado um tanto quanto “monopolistas”, como as empresas Braco S/C Ltda., BratkeCollet e F. Collet S/C Ltda. que atuaram em conjunto na região da Vila Funchal, entre a Av. Faria Lima e Av. Berrini, em 1974: 1) Os terrenos foram adquiridos a baixo preço, pelo valor de uso residencial. A empresa aproveitou-se do fato de que a ‘população que ocupava a área, na sua maioria de baixa renda, não idéia do valor de suas propriedades com as benfeitorias que seriam realizadas no local’, segundo um dos empresários. Além disso, para impedir que os proprietários aumentassem os preços em função da notícia do interesse da empresa em adquirir grande extensão de terras, a assinatura dos contratos de compra e venda dos imóveis era efetuada no edifício-sede da Bratke-Collet, simultaneamente, mas em salas separadas. 2) A produção dos edifícios se deu ‘em bloco’, em vários pontos estratégicos da avenida. Desse modo, além das vantagens de escala de produção, evitava-se que os primeiros adquirentes de andares ou de edifícios estivessem postos à venda. Ao mesmo tempo, a valorização da áreas restantes entre os edifícios dificultava a entrada

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A autora explica numa Nota de Rodapé: “A City previa originalmente, desenvolver bairros voltados a diversos segmentos sociais. No entanto, transformações nos perfis dos projetos resultaram numa atuação centrada sobretudo no atendimento às classes de alta renda”.


17 de outros incorporadores, ou seja, criava uma barreira contra à concorrência. 3) A negociação do edifício com os investidores era feita em duas etapas. Na primeira, eram negociados 25% da área total, em troca do capital investido na compra do terreno. Na segunda, os 75% restantes do edifício. Como essa segunda parcela era negociada por área construída e a empresa incorporava no custo total da edificação o valor do preço do terreno – já era definido pela valorização futura –, ela se apropriava assim da renda que o novo uso geraria. (FIX, 2007)

Em 1980, a empresa inglesa Richard Ellis chega ao Brasil, e dois anos após faria uma pesquisa no qual 90% dos escritórios da cidade se concentravam em quatro áreas: Centro Velho, Avenida Paulista, a região dos Jardins, e a Avenida Nações Unidas, na marginal Pinheiros. A Avenida Paulista tinha 80% da área ocupada e 12 casarões antigos. O Centro Velho e os Jardins estavam saturados. Enquanto que a marginal Pinheiros tinha 300.000m² de escritórios, e mais 450.000m² já projetados. O relatório feito pela Richard Ellis também destacava que havia um bom sistema viário, proximidade com áreas residenciais de média e alta renda, além três shopping centers. As empresas, sejam elas micro ou multinacionais, entenderam que a construção de edifícios próprios são desnecessários e onerosos. Além de perder a possibilidade de mobilidade. Adotando os conceitos de locação de edifícios, Escritório Virtual, Home Office e Coworking. [...] A atual configuração e dinâmica do sistema voltado à produção do meio-ambiente construído, que surge quando as empresas, para poder se deslocar com mais facilidade no território ou aumentar e reduzir espaço que utilizam com maior rapidez, optam por se tornar inquilinas, em vez de proprietárias dos imóveis que ocupam. Assim, a um só tempo ganham mobilidade geográfica e deixam de imobilizar patrimônio em uma sede própria, mantendo o capital mais livre para ser investido no seu próprio negócio ou em aplicações mais rentáveis. Visto da perspectiva geral do sistema, isso significa que o capital total ganha maior mobilidade ao custo de fixar uma fração do capital, que passa a circular no meio ambiente construído. Surge assim um novo produto, resultado de uma divisão social do trabalho mais acentuada: empreendimentos que não são resultado da ação de um mesmo capitalista (que compra a terra, a incorpora, constrói e vende), mas de um sistema de agentes voltado ao meio ambiente construído. (FIX, 2007)


18 4. ESTUDO DE CASO: MESA ANEXA COWORKING SPACE Mesa Anexa Coworking Space é o primeiro Espaço de Coworking em Natal/RN. Localizado na Rua Leôncio Etelvino de Medeiros, 1926, no bairro de Capim Macio no município de Natal, Rio Grande do Norte. Além deste existem mais duas empresas como foco em Escritórios Virtuais, são elas a Tirol Office e o The Office, mas com espaço destinado ao Coworking.

Figura 2 - Encarte publicitário do Mesa Anexa Coworking Space. Fonte: Bruno Oliveira.

O encarte acima demonstra o interesse do proprietário Bruno Oliveira de divulgar o conceito, ainda pouco conhecido em Natal. Mostra também como funciona o espaço. Como a maior parte dos espaços no mundo, é pelo sistema de planos mensais que tudo funciona. Os pacotes de horas variam de acordo com o seu tempo de dedicação a profissão, os mais assíduos compram mais horas. O mesmo funciona para a Sala de Reunião e os eventos, que acontecem quando o espaço de Coworking está fechado. O estudo de caso consiste em observar este espaço desde o público-alvo que estão atingindo, até o bairro onde está inserido. Fazendo uma análise do micro ao macro, assim como foi explicado anteriormente.

4.1. PERFIL DO COWORKER Assim como em Quaresma e Gonçalves (2013), e na obra de Teixeira (2012), é possível encontrar alguns dados de uma mesma pesquisa feita pela Deskmag no qual 61% dos usuários aprovam a localização do escritório compartilhado. Os autores disponibilizam mais informações sobre o assunto:


19 A Segunda Pesquisa Global sobre Coworking perguntou a usuários de espaços compartilhados onde eles costumavam trabalhar antes de descobrir essa alternativa. Só 58% disseram que trabalhavam em casa. Outros 22% trabalhavam em escritórios, e 4% em cafés. Sessenta por cento de todos os entrevistados disseram usar os espaços que alugam em escritórios compartilhados ao menos três ou quatro vezes por semana. Um terço trabalha neles todo dia. A maioria (47%) tem acesso 24 horas a suas mesas, enquanto pouco mais de um terço utiliza o horário comercial normal. Apenas um de cada dez membros de um espaço de coworking paga pelo dia ou pela semana. A maioria assina planos mensais. O coworker típico tem 34 anos de idade, é homem e tem, no mínimo, um diploma universitário. (TEIXEIRA, 2012)

No estudo de 2012, mais de 2000 intervenientes participaram no inquérito e os seus resultados foram apresentados pelo fundador da Deskmag, Carsten Foertsch, na Conferência Europeia de Coworking, em Paris. [...] Assim, em todo o mundo, foram identificados mais de dois mil espaços de coworking (2072), o que indica um crescimento em relação ao ano anterior de 245%. [...] A América Latina teve um crescimento no número dos espaços de coworking de 501%. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

O modelo é também um conceito flexível e aplicável de diversas formas no comércio. Através do Google Drive é possível editar um mesmo arquivo por várias pessoas ao mesmo tempo, isso evita versões desatualizadas ocupando espaço e confundindo os profissionais. Outra aplicação do trabalho colaborativo é o Dropbox, um espaço de armazenamento virtual disponível na internet, onde o usuário faz upload dos arquivos, sincroniza com dispositivos como tablet’s, e smartphones e compartilha com outros usuários. No âmbito da arquitetura, temos a plataforma BIM, onde é possível que arquitetos e engenheiros tenham acesso e possam modificar o mesmo projeto ao mesmo tempo. Não apenas como modelo de trabalho, o conceito se evolui como modelo de consumo. Rachel Botsman e Roo Rogers (2010) comenta o que seria modelo de consumo colaborativo: Ao longo de dois anos, começamos a perceber que histórias e exemplos de negócios como o Airbnb não eram incomuns. [...] Em uma viagem a Paris, vimos ciclistas pedalando em bicicletas com aparência aerodinâmica com a palavra ‘Vélib’ (esquema de compartilhamento de bicicletas de Paris) escrita em seus quadros. [...] ‘Colaboração’ tornouse a palavra de ordem de economistas, filósofos, analista de negócios, identificadores de tendências, comerciantes e empresários – e com razão. [...] Quanto mais examinamos estas tendências, mais convencidos ficamos de que todos esses comportamentos, estas histórias pessoais, teorias sociais e exemplos de negócio apontam para uma onda socioeconômica emergente, os velhos C’s estigmatizados associados ao ato de juntar e ‘compartilhar’ – cooperativas, bens coletivos, comunas – estão sendo renovados e transformados em formas atraentes e valiosas de colaboração e comunidade. Chamamos esta onda de consumo colaborativo. A colaboração no cerne do consumo colaborativo pode ser local e pessoal, ou usar a Internet para conectar, combinar, formar grupos e


20 encontrar algo ou alguém a fim de criar interações entre pares do tipo ‘muitos para muitos’. De maneira simples, as pessoas estão compartilhando novamente com sua comunidade – seja ela um escritório, um bairro, um edifício de apartamentos, uma escola ou uma rede no Facebook. Mas o compartilhamento e a colaboração estão acontecendo de maneiras, e em uma escala, que nunca tinha sido possível anteriormente, criando uma cultura e economia em que o que é meu é seu. (BOTSMAN; ROGERS, 2011)

Assim como Rui Brás Fernandes, responsável pela Boardless Networks da Cisco Portugal comenta em Out Of The Office (2013): Estes novos modelos de trabalho assentes na mobilidade baseiam-se em alguns pilares tecnológicos como o Cloud, o aparecimento dos novos dispositivos (smartphones e tablets), a segurança e, claro as novas aplicações colaborativas. [...] Hoje é possível usar um tablet a partir do escritório de um parceiro ou cliente, aceder através de um túnel seguro à rede empresarial, fazer uma telepresença com um colega de escritório e partilhar o estado do projeto na rede de colaboração interna. (BRÁS apud QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

Quando o iPhone foi lançado, em Junho de 2007, alguns meios de comunicação publicaram uma frase que dizia “All this for just a 5 Phone?” . Passados seis anos, temos milhares de apps em smartphones e tablets para tudo que possamos imaginar, fazendo jus 6 à frase “There’s an App for that! ”. (LOPES apud QUARESMA; GONÇALVES, 2013)

O espaço virtual é onde se desenrola toda a economia de hoje, o dinheiro, a comunicação e o mercado de trabalho. Transações, bolsa de valores, redes sociais, fóruns de discussões é tudo virtual. Com a internet, a nova geração percebeu que é possível trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar e com novos paradigmas, surgem novos conceitos. A partir deste momento, com a mobilidade adquirida pelas facilidades do mundo contemporâneo, os negócios se tornam livres dos limites físicos de uma cidade. Houve uma entrevista com Bruno Oliveira, fundador do Mesa Anexa, gravada durante a visita realizada no dia 11 de outubro de 2013, onde ele diz que em apenas dois meses de funcionamento, o espaço tem quatro Coworkers dentre os quais do ramo de tecnologia e fotografia, por exemplo, além de pessoas que vão experimentar uma vez para conhecer. Ao contrário do que muita gente pensa, o modelo de coworking é adaptável para quase todas as profissões. Salvo profissões da área da saúde ou que exijam um espaço mais característico. O público-alvo do Mesa Anexa são os recém-formados, que querem começar seu negócio sem ter que investir muito nos primeiros anos. 5 6

Em tradução livre: “Tudo isso por apenas um telefone?” Em tradução livre: “Existe um aplicativo para isso!”


21 Os profissionais recém-formados, quando saem das universidades, muitas vezes não tem um rumo. Não sabem qual o próximo passo que querem seguir, acabam se convencionando de que o único meio é ser empregado em alguma empresa já existente ou prestar concurso público, e acabam por colocar seus sonhos de abrir o próprio negócio de lado. Porém, depois que o escritório começou a funcionar, houve uma surpresa de que há uma demanda maior da locação do espaço para eventos e minicursos. Talvez pela flexibilidade que a sala oferece, ou pela localização, mas é esperado que dentro de um ano essa proporção fosse invertida.

4.2. CONFIGURAÇÃO INTERNA O espaço de Coworking ocupa três salas do edifício, em 115m².

A recepção

tem acesso direto para um lounge com lockers disponíveis para locação, a copa e o lavabo. Ao lado há a sala de reuniões para 5 pessoas, e o espaço de trabalho com cinco mesas com quatro pessoas em cada, totalizando 20 Coworkers, mais uma sala para atendimento de clientes. Nas imagens abaixo há o layout do local e fotografias:

Figura 3 - Layout do Mesa Anexa. Fonte: Arq. Leonardo Dias.


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Figura 4 - Recepção. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 5 - Recepção. Fonte: Acervo pessoal.


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Figura 6 - Lounge. Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 7 - Copa e Lavabo. Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 8 - Sala de Reuni達o. Fonte: Acervo Pessoal.


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Figura 9 - Espaço de Coworking. Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 10 - Sala de Atendimento. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao analisar as imagens, pode-se ver que para se adequar, o espaço teve de adequar a certas convenções. O mercado natalense, talvez até um pouco preconceituoso da parte dos habitantes da cidade, parece repudiar o surgimento de qualquer negócio em Natal em bairros alternativos. Haveria uma demanda muito baixa, acarretando em uma fuga dessas regiões e causando sua desvalorização. Outra premissa é que sua decoração tem que ser sofisticado, contemporâneo, ou seja, se a decoração for despojada e discreta o seu negócio terá uma imagem profissional negativa. Isso é tão recorrente na cidade que se torna uma regra. É injusto culpar uma empresa por ter que se adequar ao mercado, pois há dinheiro próprio investido nisso. Não podemos exigir que fosse feita apostas em um bairro nada promissor, se a empresa não tiver plenamente segura da reação do mercado. Isso caberia a grandes corporações com capital de risco, mas essas estão


25 acomodadas em fornecer o mesmo produto de baixa qualidade e os consumidores acomodados em recebê-lo. 4.3. O EDIFÍCIO O Espaço de Coworking Mesa Anexa está instalado no Centro Empresarial Cidade Jardim. É um prédio novo, que ainda não foi inaugurado. Tem 24 vagas de estacionamento, segurança 24h, lojas no piso térreo e escritórios no primeiro piso. A graduanda em Arquitetura e Urbanismo da UFRN, Jéssica Araújo, em seu Relatório Parcial, “Quanto vale morar perto de tudo? Estudo sobre a valorização imobiliária do Conjunto Residencial Mirassol” (2013), considera o Centro Empresarial Cidade Jardim como de médio porte, e com alcance municipal, pois os escritórios instalados no edifício podem atrair pessoas de toda a cidade).

Figura 11 - Centro Empresarial Cidade Jardim. Fonte: Acervo pessoal.

No início, pensava ser um prédio próprio como um galpão seguindo o estilo despojado dos lofts americanos, aberto para a rua localizado em Tirol ou Lagoa Nova, pois lá é o centro financeiro de Natal, mas por falta de segurança, preferiu um edifício de vários escritórios. 4.4. ESTUDO DE USO DO SOLO Como podemos notar anteriormente, os espaços de Coworking do país estão nos centros das cidades. E existem alguns critérios a serem adotados para a criação de um espaço de Coworking: ser próximo a serviços como bancos, shoppings, ponto de ônibus.


26 O bairro de Capim Macio foi criado em consequência da ocupação do Conjunto Mirassol, empreendimento do Instituto de Orientação às Cooperativas – INOCOOP, em 1973. Está localizado na Região Administrativa Sul, entre os bairros de Lagoa Nova e Ponta Negra no eixo Norte-Sul, o Parque das Dunas, e os bairros de Candelária e Neópolis no eixo Leste-Oeste, totalizando uma área de 438,13 hectares. O bairro apresenta uma densidade demográfica de 50,53 hab/HA7, no qual 22,84% dos moradores tem entre 20 e 29 anos, e 13,55% tem entre 30 e 39 anos. Ou seja, trata-se de uma população jovem, concordando com público-alvo da empresa.

Figura 12 - Gráfico sobre Capim Macio. Fonte: SEMURB.

O bairro também conta com infraestrutura básica como: 97,95% tem abastecimento de água pela rede geral. 99,90% tem seu lixo coletado, mas apenas 2,28% tem esgotamento sanitário por rede geral de esgoto ou pluvial, enquanto que 91,38% é fossa séptica. A rua onde foi construído o prédio é categorizado como via coletora, onde a velocidade tende a ser um pouco mais baixa e facilita o acesso. Analisando o bairro de Capim Macio, foi feito mapeamento para descobrir se o que existe no entorno, realmente complementa as necessidades do Coworker.

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Dados mais atualizados possíveis encontrados. Dados referentes ao ano de 2007. Elaborado pela SEMURB – Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo – com base nos dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


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Figura 13 - Mapa dos serviços em Capim Macio. Fonte: Google Maps.

Ao redor do edifício podemos encontrar diversos serviços como quatro shoppings; três supermercados; sete academias de ginástica;

uma academia de

dança; três escolas de artes maciais; dois cartórios, mais de dez restaurantes, bares e lojas, proximidade com o DETRAN Via Direta, pontos de ônibus e de taxi, Hospital, Praça, Escolas Municipais e Estaduais, campos e quadras de esportes, e de uma grande área residencial de Capim Macio e Mirassol. Em ARAÚJO (2013), tem dados mais aprofundados sobre o Conjunto Mirassol: É perceptível que não apenas as categorias de serviços existentes dentro de Mirassol, mas inclusive as do entorno, apresentam um maior número de estabelecimentos destinados a atividades educativas – 30%. Percebe-se ainda uma presença considerável de escritórios (centros empresariais) e salões de beleza (20% do total cada). Os 30% restantes estão divididos entre clínicas, gráficas e locais com serviços múltiplos, como é o caso do Shopping Via Direta. [...] Estes números despertam a atenção para as tendências de expansão deste tipo de terciário nesta área da Cidade. No caso de Mirassol especificamente, os serviços tendem a crescer na área educacional, da saúde, da estética, além de se notar um aumento de escritórios se instalando no Conjunto, tomando proveito da acessibilidade privilegiada que a região apresenta. (ARAÚJO, 2013)

Em discussões posteriores, a graduanda Jéssica comentou que “tem se verificado um crescente aparecimento de restaurantes e bares, principalmente na Av. Passeio das Rosas, pelo fato de estar numa localização estratégica, podendo atender um público não apenas local, mas inclusive municipal. [...] A presença de equipamentos como estes, fazem com que a região seja considerada como um subcentro da Cidade, isto é, uma área bem abastecida de equipamentos e atividade, e o surgimento deles foram estimulados pela presença de equipamentos de grande porte já consolidados na área (os shoppings e o Carrefour).”


28 Outras

características

observadas,

e

posteriormente

confirmadas

pelo

proprietário do espaço, é que sua localização favorece a quem está à caminho das praias; Fica na entrada da cidade, tanto para quem vem de carro da Paraíba quanto do Ceará e ainda, de quem chega pelo Aeroporto Internacional Augusto Severo. E além disso tem o metro quadrado mais barato que outras regiões da cidade, como o bairro de Petrópolis, Tirol e Lagoa Nova. No entanto as vias expressas Avenida Eng. Roberto Freire e BR-101, assim como o Viaduto Quarto Centenário, podem ser um problema, pois se tornam barreiras para utilização dos serviços na outra margem, separando Capim Macio do Bairro Latino, Ponta Negra e Nova Parnamirim.

5. CONCLUSÃO Observado algumas coincidências entre a Pto de Contato (SP) e o Mesa Anexa (RN), os dois espaços tem uma maior frequência na segunda-feira, guardada as devidas proporções, são perto do polo empresarial de suas cidades. Outro ponto interessante é que em 60 meses, existem 120 coworkers na Pto de Contato, enquanto que há quatro coworkers em dois meses de existência do Mesa Anexa. Ou seja, os dois espaços tem uma proporção de dois coworkers por mês. Os escritórios colaborados, apesar dos conceitos de trabalho a distância e trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar, ainda assim tem suas necessidades urbanas e condições ideais para surgir numa cidade exercendo o papel de uma incubadora urbana. Ainda que não precise de escritório físico próprio para trabalhar, na verdade os Coworkers precisam estar perto do sítio financeiro da cidade. Se por um lado estão soltos das amarras entre cidades ou até mesmo entre países, porém continuam presos aos escritórios alheios emergidos no pólo empresarial que lhe dão suporte locacional na cidade em que se encontram. Por outro lado, faz com que os antigos home-officers voltem a utilizar o entorno urbano. Os espaços de Coworking oferecem diversos serviços e tem a preocupação de situar o espaço com serviços alheios ao seu redor. Por ser um escritório com serviços pagos por tempo de uso, algumas vezes, por economia, os coworkers preferirão ir ao encontro do cliente e isso também incentiva o uso da cidade. O Conjunto Mirassol, conta com diversos equipamentos como os Shoppings, Supermercados e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mas que só agora estão impulsionando as mudanças no local. Talvez pela construção do Estádio Arena das Dunas, em detrimento à Copa do Mundo, que será realizado em 2014 no Brasil. Ou porque a expansão da metropolização da Grande Natal, já está atingindo níveis nunca antes vistos. Alguém que mora em Parnamirim, Nísia Floresta ou até Macaíba,


29 por exemplo, e ainda ter que cruzar a cidade de Natal para chegar ao trabalho, tornase uma atitude forçada. O fenômeno mais natural é que se adequem nesses bairros mais próximos. Importante observar que uma via arterial como a BR-101 e Av. Engenheiro Roberto Freire trazem vantagens da visibilidade e acesso rápido de bairros alheios, mas trás consigo barreiras físicas às áreas próximas e adjacentes. “Você está vendo mas não pode alcançar”. Está claro neste trabalho que as zonas de interesse para o Coworking presentes em Natal está em Capim Macio, Lagoa Nova, Tirol e seus bairros adjacentes. Estes bairros são o novo sítio financeiro da cidade e reúnem os aspectos mais interessantes para o surgimento dos espaços colaborativos. Acredito que futuramente bairros pretensiosamente residenciais como conjunto Mirassol, Bairro Latino e o bairro de Lagoa Seca serão aos poucos tomados pelos edifícios corporativos, assim como ocorreu com os bairros de Pinheiros e Jardins, em São Paulo. Posso afirmar que foi uma experiência enriquecedora a realização desta presente pesquisa, talvez pelo tema ser do meu interesse pessoal ou porque é completamente novo, em todos os sentidos. Poder estudar sobre economia, relações laborais, mercado de trabalho, e Coworking foi muito interessante, pois através do mundo do trabalho se pode ter uma visão da sociedade e da contemporaneidade simplesmente incrível. A quantidade de informações que podem ser extraídas deste presente trabalho são numerosas, como as relações de trabalho e os espaços, os cenários onde tudo isso acontece, das questões de tecnologia, da aceitação e adaptação de uma cultura à essas tecnologias, e da espacialização disso na cidade.


30 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Jéssica M. Quanto vale morar perto de tudo? Estudo sobre a valorização imobiliária do Conjunto Residencial Mirassol. Relatório Parcial. Natal: UFRN, 2013. BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O QUE É MEU É SEU: Como o consumo colaborativo vai mudar nosso mundo. São Paulo: Ed. Bookman, 2010. COHEN, Uriel; RYZIN, Lani Van. Pesquisa em Arquitetura. In: SNYLLER, Janes C.; CATANESE, Anthony J. (coord.). Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Campus, 1984. p. 386-394. FIX, Mariana. São Paulo Cidade Global: Fundamentos financeiros de uma miragem. São Paulo: Ed. Boitempo, 2007. GIL, Antônio Carlos. Como formular um problema de pesquisa. In: Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991. p. 26-34. ISAACSON, Walter. Steve Jobs: A Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. Jornal da Globo. “Série Especial: Gerações”. Exibido em: 10/2010. Jornal Nacional. “Coworking”. Matéria de Alan Severiano. Exibido em: 23/04/2012. JACOBS, Jane. Morte e Vida das Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. KUBA, Leo; CAVALCANTI, Miguel. Canal do Youtube Man In The Arena. “Fernanda Nudelman Trugilho (Pto de Contato) - Man in the Arena #016” Postado em: 23/05/2011. Acessado em: 02/08/2013. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=LFn-PKAbsO0 PINTALDI, Susana Maria. Anotações sobre o espaço do comércio e do consumo. In: CARRERAS, Carles. PACHECO, Susana Mara Miranda. (org.). Cidade e comércio: a rua comercial na perspectiva internacional. Rio de Janeiro: Ed. Armazém das Letras, 2009. p. 5564 EAMES, Charles; EAMES, Ray. POWERS OF TEN: A Film Dealing with the Relative Size of Things in the Universe and the Effect of Adding Another Zero. Video. United States: Pyramid, 1977. 9 min. Son, Color. QUARESMA, José G; GONÇALVES, Carlos. Out of the Office. Porto: Ed. Vida Económica, 2013. SEMURB. Conheça melhor o seu bairro: Capim Macio. Natal: [S.n.], 2008. STOTT, Rory. A cidade de Nova York estaria "atrasando" seu futuro? [Is NYC "Landmarking Away" Its Future? ]. ArchDaily. (Souza, Eduardo Trans.) Acessado em: 30/08/2013. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-137404/a-cidade-de-novayork-estaria-atrasando-seu-futuro. TEIXEIRA, Alexandre. Felicidade S.A.: Por que a satisfação com o trabalho é a utopia possível para o século 21. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2012.


31 7. APÊNDICES

COWORKING¹: Entrevista realizada com os fundadores dos espaços de Coworking

COWORKING²: Entrevista realizada com os usuários dos espaços de Coworking







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