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Entenda PL do marco temporal de terras indígenas aprovado pela Câmara

marco temporal;

O Poder Público poderá instalar bases e unidades militares em terras indígenas sem a obrigatoriedade de consultar as comunidades indígenas ou a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A regra vale para estradas, redes de comunicação, vias de transporte e obras relacionadas à saúde e educação; oposição. A avaliação, dos dois lados, é de que os emissários de governo não conversam entre si e que há muita burocracia para liberação de emendas.

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Após derrota do governo federal na noite de terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou na manhã desta quarta-feira (31) para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Segundo relatos feitos à CNN, na ligação, os dois discutiram o resultado da votação do marco temporal das terras indígenas e a necessidade do governo em ver aprovada, nesta quarta-feira, a MP da Reestruturação, que mexe com a configuração dos ministérios.

Lira passou um diagnóstico claro de que o governo não tem articulação política e que as tentativas de negociação com o Congresso têm sido muito ruins.

O clima de descontentamento foi o pano de fundo para o adiamento da votação da MP da reestruturação, que pode perder a validade se não for apreciada até esta quinta-feira (1º).

Deputados ouvidos pela CNN classificaram a estratégia como “vingança pura”, já que partidos de centro e direita que estão na base do governo também seriam prejudicados com o fim de ministérios.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (30) o texto-base do Projeto de Lei 490/07, que trata do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Foram 283 votos a favor e 155, contra.

Desta forma, os povos indígenas e tradicionais terão direito somente às terras que ocuparam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

O texto passa agora pela análise do Senado, que pode manter o marco temporal ou não. Além disso, no dia 7 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma julgamento que avalia a legalidade da tese do marco temporal, ou seja se a data de promulgação da Constituição pode ser usada como parâmetro para definir as demarcações de terras dos povos tradicionais.

O projeto de lei, aprovado pelos deputados federais, traz ainda outras normas.

>> Veja abaixo algumas delas:

Proibida ampliação de terras indígenas já demarcadas;

Processo de demarcação em andamento e não concluídos devem se adequar às novas regras;

Anulação da demarcação que não atenda o novo

Fica permitido aos povos exercerem atividades econômicas dentro das terras, executadas por eles ou por não indígenas contratados. Entre as atividades, estão agricultura, criação de animais e turismo. No caso de atividades agrícolas, o contrato de terceiros precisa ser registrado na Funai;

Autorizado uso de plantas transgênicas pelos povos indígenas;

Os processos de demarcação de terras indígenas deverão ter, obrigatoriamente, a participação de representantes dos estados e municípios onde as áreas estão localizadas e de segmentos das comunidades, como produtores rurais;

Peritos auxiliares poderão também ser indicados. Foi incluído ainda a suspeição de antropólogos, peritos e profissionais especializados. A medida vale para juízes, membros do Ministério Público e auxiliares judiciais tem tenham algum vínculo com o processo em análise;

Qualquer cidadão poderá ter acesso aos estudos, laudos e decisões referentes ao processo, por meio eletrônico. Relatos presenciais de indígenas terão validade somente se feitos em audiências públicas ou registrados em áudio e vídeo;

Ocupante de terra indígena deve ser indenizado por qualquer benfeitoria realizada na terra até o fim do processo de demarcação, mesmo que já haja decisão declarando que a ocupação é ilegal. O pagamento ocorrerá após vistoria de órgão federal competente;

Ocupante pode ficar na área até a conclusão da demarcação, sem limite de uso;

Terras compradas pelos povos indígenas ou doadas a eles deverão seguir o regime jurídico da propriedade privada; e Áreas indígenas superpostas a unidades de conservação serão de responsabilidade do ICMBio e os indígenas.

Na conversa, o presidente da República sinalizou, de acordo com aliados do petista, que pretende dialogar mais com o Congresso Nacional, gesto que vinha sendo cobrado do presidente nas últimas semanas. Ele fez questão de esclarecer, no entanto, que não irá atropelar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política.

Na manhã desta terça, Padilha esteve pessoalmente com o presidente da república e, na sequência, também conversou com o presidente da Câmara.

Segundo aliados de ambos, há possibilidade de um encontro presencial entre Lula e Lira ainda nesta quarta-feira (31).

Descontentamento

Nos últimos dias, Lira esteve reunido com lideranças governistas e de

Já entre os deputados governistas, a análise é que a atitude de Arthur Lira de não pautar a medida, até agora, foi um “gesto amigo” em direção ao governo, que corria o risco de perder a disputa.

Alguns “bombeiros” ainda atuaram para evitar a derrota e convencer os deputados de que todos sairiam prejudicados se a MP não fosse aprovada – principalmente Elmar Nascimento (União-BA), André Figueiredo (PDT-CE) e Felipe Carreras (PSB-PE).

Diante desse cenário, o governo deve desistir de qualquer mudança e apoiar integralmente o texto do relator, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que esvaziou algumas pastas, como a do Meio Ambiente e a dos Povos Originários.

Além disso, deputados também intensificaram a cobrança por liberação de mais emendas e cargos no segundo e no terceiro escalão. Além da liberação de nomeações que estão travadas.

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