Diário do Professor 16 de Dezembro

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DIÁRIO DO PROFESSOR (16 DE DEZEMBRO)

Ao chegarmos à escola nesta quarta-feira, os alunos, muito entusiasmados,

vieram

ter

connosco.

O

R.

perguntou

logo:

Professora já recebeu? Perguntei-lhe o quê? Ao que ele não me respondeu, começando logo a rir. Quando chegámos à sala, os alunos entregaram-nos um convite para a festa de Natal da escola. Estes estavam muito contentes por nos convidarem para a festa, o que demonstra que eles já nos vêm como parte integrante da turma, solicitando até a nossa presença nos momentos e/ou festividades fora da sala de aula. Durante a leitura do Plano do Dia a professora alertou-os que este poderia sofrer alterações, pois ainda não sabia se quartafeira iria realizar-se o ensaio para a festa de Natal. Depois da sua leitura os alunos ocuparam-se das suas tarefas. O

frequente

Comunicação: Contar ,

Circuito

Ler,

Mostrar

iniciou-se

apresentação

de

com

de e

a

uma

situação problemática. O F. inicialmente

leu

o

seguinte

problema: Sou um número menor que 100 e maior que 90, estou entre o 37 e o 39. Que número sou eu?

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Os alunos mais atentos responderam logo que esse problema não podia ser assim, ao que a professora pediu ao F. para repetilo. Ao repetir já leu o problema com atenção dizendo que o número estava entre o 97 e o 99. Os colegas ao manifestarem imediatamente que o problema não tinha solução possível, demonstram que levam estas apresentações bastante a sério e que estão atentos. As outras produções que foram apresentadas foram textos. Nestas apresentações podemos ver que estes alunos encontram-se em patamares diferentes. A L. escreveu um texto intitulado A ilha dos piratas e do dragão Henrique. Este texto estava bastante completo e a aluna preocupou-se em usar adjectivos. O H. nem eu título ao texto, o que depois lhe foi sugerido. A professora alertou-o para a dificuldade que este sentiu ao ler o texto, pois este não estava organizado. Achei o comentário do F. muito engraçado, pois este disse-lhe que tinha feito bem em mostrar a história antiga, quando a Espanha e Portugal estavam juntos. É interessante a forma como este aluno se expressa nas mais diferentes áreas e a cultura geral que já domina. O último texto apresentado foi uma carta ao Pai Natal. O J. foi ler a carta que tinha escrito ao Pai Natal dizendolhe que presente lhe ofereceria. É imaginação das crianças é muito curioso, pois quase que conseguem ir ao inimaginável.

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Neste caso o J. ofereceria ao Pai Natal uma maquete da ilha com GPS, para que este não se perdesse quando viesse entregar os presentes. A intenção da carta foi boa, mas contudo as crianças ainda são egocêntricas. Nesta carta vemos perfeitamente que o J. ofereceria aquele presente para que o Pai Natal não se perdesse quando viesse entregar os presentes.

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O tempo de Língua Portuguesa foi um momento diferente do habitual. A L. leu um texto sobre os sinais de pontuação que vinha numa revista dos Amiguinhos que ela assina. É

notável

empenho

o

destes

alunos na construção dos

seus

saberes.

Esta

aluna

pediu

à

professora para ler aquele texto à turma, porque achou que este era uma mais-valia para a assimilação daquela matéria. Os alunos ficaram empolgadíssimos com da história, pois esta é uma forma significativa e divertida de aprender. Na leitura deste texto não foram unicamente trabalhados os sinais de pontuação, mas também a compreensão do mesmo. Terminada a leitura a professora fez perguntas de interpretação sobre este. Tais como: “”Como estavam os meninos no início da história?” “Quem


achava que os sinais de pontuação eram importante?” “O que fez o Sabidinho?” Em seguida os alunos pontuaram o cartaz.

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Devo dizer que este exercício correu muito bem, pois praticamente nenhum aluno sentiu dificuldade em fazê-lo. Depois de corrigido o cartaz ficou: “Foram enganados? Não. Sou vosso amigo! Por causa da vossa conversa, preparei-vos esta surpresa.” Da discussão sobre os sinais de pontuação os alunos foram capazes de enumerar os diferentes sinais, assim como a sua função. Gostaria de exaltar a forma como a professora S. consegue agarrar nos conteúdos, pois o que à partida parece um simples

postal

de

Natal,

é

uma

habilidosa

maneira

de

introduzir novos conceitos matemáticos. Na elaboração do postal os alunos trabalharam as noções de 1/2, 1/4 e 1/8.


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c Para consolidar os conhecimentos, os alunos no tempo de

Matemática fizeram uma ficha com os seguintes problemas: 1- No seu aniversário a Joana foi almoçar uma pizza com três amigos. Dividiram a pizza igualmente. Que parte da pizza comeu cada um? 2- A Helena e o Joel encontraram-se no jardim para jogar berlindes. A Helena tinha uma dúzia de berlindes. O Joel tinha metade dos berlindes da Helena, quantos berlindes tinha o Joel? 3- A Beatriz tem uma caixa com 12 lápis de cor. O Miguel tem uma caixa com o dobro dos lápis da Beatriz. Quantos lápis de cor tem o Miguel? Com estas três situações problemáticas os alunos estão a trabalhar

três

pontos

do

programa:

reconhecer o operador

«metade de…» como inverso de «o dobro de…»; repartir uma


quantidade em 2, 4 e 3 quantidades iguais; utilizar a notação ½ x e 2 x para representar «metade de» e o «dobro de». Antes

de os

alunos

começarem

a

ficha, a

professora

relembra o que é o dobro, fazendo diferentes perguntas a diversos alunos. Em seguida diz que o triplo é três vezes mais, o quadruplo

quatro

vezes

mais…

O

F.

interveio

com

a

sua

perspicácia habitual perguntando como é que seria cem vezes mais. A sua questão foi muito pertinente, pois na altura não fazia a ideia de que o cêntuplo seria cem vezes mais. A professora respondeu-lhe que não sabia, mas que todos deveriam pesquisar para descobri-lo. Um dos meus maiores receios, era como lidar numa situação destas. Mas numa metodologia aberta como esta, onde o professor

é

visto

como

seu

par,

o

professor

tem

toda

a

legitimidade de admitir que não sabe tudo, mas que sabe onde procurar a informação. Durante

a

correcção

do

primeiro

exercício a professora perguntou se poderia dividir a pizza da seguinte forma: Os alunos responderam-lhe prontamente que não, pois a pizza tinha que ser dividida igualmente. São perguntas como estas que avaliam a capacidade de compreensão dos alunos. Outra situação curiosa foi, o H. ter referido que comia pizzas com oito fatias. Como sempre aproveitando todas as

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situações, a professora perguntou-lhe o que é que ele comia da pizza? Ao que todos os alunos se apressaram a responder 1/8. Todos os grupos já apresentaram o seu projecto . Agora é fundamental que os restantes alunos também os compreendam e os estudem. De forma a facilitar o estudo dos projectos, foi criado um guião para definir o que era estudar bem. É necessário que os alunos aprendam desde cedo a estudar, pois futuramente será necessário estudarem fora da sala de aula, se o professor não lhes der as ferramentas não se poderá queixar que os alunos não sabem. Depois de os alunos terem construído o seu guião, foram estudar os projectos . Depois do almoço, no

Tempo de

Estudo Autónomo , a L. pediu-me ajuda para

inventar e resolver problemas. Agradou-me que ela me tivesse solicitado, pois é sempre gratificante trabalhar com os alunos no TEA,

visto

estes

tempos

serem

essenciais

na

detecção

das

dificuldades assim como no apoio individualizado. São nestes tempos, que tomamos plena consciência de que nem todos os alunos são iguais e que têm ritmos de trabalho diferentes. Outro aspecto de que me apercebi nesta aula, foi o de que muitas

vezes

somos

solicitados,

não

por

os

alunos

terem

dificuldade, mas porque nos querem perto deles. O que acontece

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algumas vezes é que acabamos fazendo o trabalho por eles, e é claro

que isso

não

pode acontecer.

Temos

que começar

a

desconstruir desde já esses pensamentos, fazendo-lhes ver que não estamos ali para facilitar dando-lhes as respostas, mas sim para lhes darmos as ferramentas para poderem alcançar os objectivos. Ao olharmos para o Plano do Dia , à partida, não parece nada de novo. Apesar de os tempos serem os mesmos, os conteúdos abordados foram trabalhados de maneiras muito diferentes e atractivas. O trabalhar desta forma, faz com que o aprender seja divertido.

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