Diário do Professor 10 a 14 de Maio

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DIÁRIO DO PROFESSOR (10,13 E 14 DE MAIO)

Nesta semana de estágio encontrava-me mais nervosa do que

o

habitual,

pois

para

além

de

não

me

encontrar

completamente segura em relação à matemática também iria fazer trabalho de texto. Na segunda-feira começámos a aula com o

Conselho de

Planificação . Este decorreu a um bom ritmo, quando me apercebia

que alguns alunos estavam a ficar mais agitados fazia-os participarem no Conselho . Quando lhes disse que iríamos fazer uma investigação matemática, ficaram bastante entusiasmados. O J. todo eufórico proferiu: “Vamos inspeccionar a matemática.”. Expliquei-lhes ainda que, ao contrário das outras semanas, o trabalho de texto iria realizar-se na quinta e não na terçafeira, visto eu nunca o ter feito e ter muita curiosidade em aprender tudo aquilo que eles fazem. Após marcadas as inscrições para o Ler, Mostrar e Contar , as parcerias para o Tempo de Estudo Autónomo e distribuídas as tarefas para a semana foi o tempo de Escrita Livre . Durante este momento questionei dois alunos porque é que estavam a fazer uma ilustração ao que me responderam que em seguida iriam fazer o respectivo texto. Questionei-os visto ter-me apercebido que alguns alunos utilizam este momento para fazerem ilustrações, penso que o devemos fazer é dizer-lhes que é importante desenhar,

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mas que aquele momento é o de Escrita Livre e não o de Desenho Livre, e que só aquele desenho não tem muito valor, que ficaria muito mais interessante se estivesse a ilustrar um texto. Após a aula de Expressão Musical foi o tempo de Matemática Colectiva .

Comecei

a

actividade

dizendo que precisava da ajuda dos

alunos,

pois

no

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dia

anterior a minha mãe tinha feito

um

distribuído Disse-lhes

bolo, em ainda

mas

tinha-o

diferentes que

esta

partes. situação

provocou

uma

enorme

confusão, pois toda a gente achava que tinha ficado com a menor quantidade de bolo. Depois de ter afixado os triângulos que simbolizavam as fatias de bolos alguns alunos foram ao quadro fazer sobreposições e todos chegaram à conclusão de que todos tinham comido a mesma quantidade de bolo. Em seguida disse: “Mas isto não

ficou

por

aqui!

Pois

quando o meu marido chegou, a

minha

mãe

deu-lhe

um

pedaço de bolo assim, como este quadrado.

começou

outra


discussão… A minha mãe disse que estávamos a discutir à toa, pois todos tínhamos comido a mesma quantidade. Queria que vocês me ajudassem a descobrir porquê.” Quando fui buscar os envelopes, com os materiais para a actividade, eles viram o primeiro que tinha o nome do H., dizendo logo: “ H. que sorte!!”. Quando se aperceberam que todos iriam

receber

envelopes

ficaram

bastante

eufóricos.

Fiquei

bastante satisfeita com a reacção dos alunos, fazendo com que tenha valido a pena todo o esforço investido naquela actividade. À medida que iam abrindo os envelopes ia ouvindo sinais de espanto

e de contentamento.

Expliquei-lhes

que

a

ficha

que estava dentro do envelope iria ajudar-nos a descobrir porque

é

que a minha mãe dizia que todos tinham comido a mesma quantidade de bolo. Desta vez, para não cair no mesmo erro, pedi a alguns alunos que lessem o enunciado. À medida que os alunos

liam

um

exercício

eu

explicava-o.

Acho

que esta

actividade correu bastante bem, apesar de alguns alunos terem tido mais dificuldades do que outros. Depois do almoço a B. leu a sua história da Mala Era uma Vez… , O caderno falante. Como não tinha nada nenhum aspecto

negativo a apontar, ressaltei o facto de a aluna ter aproveitado a

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ideia de uma colega para fazer a sua história e comparei os doces da história aos trabalhos que os alunos faziam no PIT . No Tempo de Estudo Autónomo estive a ajudar o R. e o H. a escreverem uma peça de teatro. Inicialmente até estava um pouco apreensiva, visto serem dois alunos com características muito próprias, mas no final do trabalho estava muito satisfeita porque o trabalho correu bastante bem. Durante a escrita do texto fui mediando

as

ideias,

fazendo-os

ver

que

ambos

deveriam

respeitar a opinião do colega. Durante o Balanço do Dia disse que só podiam haver três comentários ao dia, e que o presidente escolhia dois e o secretário o outro. O meu propósito era acelerar o Balanço, sem me passar pela cabeça que os próprios alunos é que deveriam decidir quem escolheria uma ou duas vezes. A cooperação implica que os alunos trabalhem e decidam em conjunto, e eu a decidir por eles não estava a deixa-los trabalhar em cooperação. Quinta-feira iniciámos a aula com a leitura do Plano do Dia . Disse-lhes que iríamos continuar com a nossa investigação e que depois do intervalo iríamos trabalhar o texto do D.. Como estavam a faltar três alunos, dois dos quais inscritos para o Ler, Mostrar e Conta r , propus-lhes que os de sexta-feira trocassem.

Foram vários os alunos que se disponibilizaram para participar naquele

Circuito de Comunicação .

Isto

demonstra

que

todos

os

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trabalhos que estes realizam, fazem-no com qualidade, e não apenas aqueles que vão apresentar. No Ler, Mostrar e Contar foram apresentados trabalhos muito distintos uns dos outros. A L. e a C. apresentaram o texto: A menina, o menino e as cores, o D. e a H. apresentaram um problema e a L. apresentou um poema palavra puxa palavra. De todas as apresentações queria destacar o problema da H.. A aluna apresentou um problema que continha casa decimais e Kg. Fiquei bastante apreensiva em relação ao comentário que iria fazer, pois esta era a primeira vez que me deparava com uma situação daquelas. Disse-lhe que achei bastante interessante o problema que esta tinha apresentado e que o resultado estava certo, mas que esta tinha feito o cálculo ao contrário (da esquerda para a direita). Quando esta estava a apresentar o problema deveria tê-la ajudado e explicado que a aluna queria descobrir quanto é que o irmão tinha engordado em três meses. Na Matemática Colectiva quando pedi que distribuíssem os envelopes os alunos responderam-me que já tinham feito a ficha, mas quando o abriram e viram que tinham material novo ficaram bastante animados. Ao circular pelos grupos ouvi o J. a dizer: “Isto é bastante divertido.” Estas afirmações deixam-me bastante satisfeita, pois para além de os alunos aprenderem novos conteúdos, fazem-no de uma maneira significativa e interessante. Mais uma vez pedi a alguns alunos que lessem o

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enunciado da ficha que eu expliquei em seguida. Durante a resolução

estes

não

demonstraram

grandes

dificuldades.

O

exercício que suscitou mais dúvidas foi na relação entre duas figuras, mas com a ajuda dos professores estes conseguiram perceber

que

uma

(paralelogramo)

era

o

dobro

da

outra

(trapézio). No último exercício da ficha de trabalho, os alunos tinham que fazer vários cálculos. Encontrar a metade do paralelogramo e do hexágono, somar as metades e construir uma nova figura. A dificuldade deste exercício prendeu-se com a complexidade da questão. Mais uma vez os alunos superaram as minhas expectativas, pois estava convencida de que não iriam conseguir terminar a ficha de trabalho naquele dia. Fiquei bastante satisfeita com a evolução dos alunos, visto na semana anterior ter me deparado com algumas dificuldades na

visualização

espacial.

Nesta

semana

os

alunos

se

mostraram capazes de manusear os triângulos, demonstrando assim que o triângulo não deixava de ser “aquele” triângulo apesar de estar noutra posição. Na Língua Portuguesa , estreei-me no Trabalho de Texto . Estava bastante expectante em relação ao momento e tive algumas dificuldades

em

me

“desligar”

dos

professores

presentes.

É

bastante difícil preparar-se para um momento como este, pois nunca sabemos o que vão perguntar os alunos, para além do facto de não ser numa semana que nos vamos inteirar das

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coerências e concordâncias, da gramática e da ortografia que o trabalho de texto

dificuldades

nos obriga. Não que eu achasse que tinha

nestes

assuntos,

mas

as

falhas

podem

sempre

aparecer. O mais irónico foi que eu falhei onde pensava que não iria falhar, dei um erro ortográfico. Esta minha falha fez-me sentir que tinha falhado todo o trabalho, mas o que é certo é que os alunos nem deram por ela. Aproveitei que tinha que reescrever a frase e escrevi rechonchudo correctamente. Comecei o trabalho de texto com a

leitura

enquanto

do eu

mesmo. ia

Depois

passando

o

texto no quadro, os alunos iam fazendo os comentários positivos, os aspectos a melhorar e as perguntas ao autor. Em seguida chamei o D. para a frente comigo. Apesar das dificuldades que o aluno sente na leitura e na escrita, este encontrava-se bastante empolgado, pois era o seu texto que estava a ser trabalhado, Durante o melhoramento de texto perguntava sempre ao D. o que é que ele achava das sugestões dos colegas e onde é que ele acharia que estas ficariam melhor. Penso que a minha atitude fê-lo sentir-se ainda mais satisfeito, porque eu estava a respeitar o seu trabalho. As suas dificuldades não foram nenhum entrave e em nenhuma altura sentiu que estava a expô-las à turma, aliás, tanto o aluno como os restantes colegas

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têm plena consciência das limitações do D., mas este não se sente intimidado, pois sabe que os colegas estão ali para ajudá-lo. Não achei o trabalho de texto muito difícil, pois não é nada que nós já não fizéssemos com os alunos. A diferença está no ser feito em colectivo sendo o nosso papel ocupado por toda a turma. A grande dificuldade neste momento, como em todos os momentos colectivos, é em gerir a turma. Faltou pouco para este momento não ter corrido em pleno. No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com o H. a ficha de trabalho de segunda e a de quinta-feira. Ele leu o enunciado e eu expliquei-lhe o que tinha para fazer. Durante a resolução

da

ficha

o

aluno

não

demonstrou

nenhumas

dificuldades. Após o almoço o H. apresentou o livro “Uma aventura na casa assombrada”. Durante a apresentação, foi notório que este não tinha lido o livro. Como não sabia o que lhe dizer, disse que com a apresentação que este tinha feito, não tinha ficado com vontade de ler o livro. A professora cooperante interveio em meu auxílio dizendo-lhe que claramente notava-se que ele não tinha lido o livro, e que este deveria dar-se a oportunidade de apaixonar-se pelo livro e que para tal, em vez de o deixar já na biblioteca, deveria andar com ele mais uma semana e lê-lo sempre que possível.

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No Ler, Mostrar e Contar de sexta-feira assistimos a um teatro, a um texto e a um problema. No texto apresentado pelo H. O Rei Rúben

e

o

Rei

Francisco,

o

aluno

demonstrou

algumas

dificuldades na leitura do mesmo. Vários colegas foram ao seu auxílio, facto que causa alguma desordem na apresentação, pois dificilmente alguém perceberá a letra do aluno. Nestes casos, deverá ser o próprio professor a auxiliar o aluno. No problema apresentado pela M. eu também poderia ter colaborado mais um pouco, pois como o problema apresentado envolvia um raciocínio mais complexo, eu deveria ter pedido à aluna que o escrevesse no quadro. Na

Língua Portuguesa

os alunos fizeram uma ficha de

trabalho do texto do D. com a turma. Mais uma vez, pedi a alguns alunos que a lessem em voz alta e eu expliquei o que estes deveriam fazer. Durante a resolução da ficha só alguns alunos demonstraram dificuldade em pôr os adjectivos por ordem alfabética, visto terem a palavra ruivo e a palavra rechonchudo. Todas as vezes que a minha ajuda era solicitada para tal questão explicava-lhes que tinham que passar para a letra seguinte e ver qual era a que aparecia primeiro no alfabeto. Antes do Tempo de Trabalho de Projecto a B. e a C. apresentaram

o projecto sobre os livros. Acho

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que estas alunas fizeram um óptimo trabalho, visto terem sintetizado bastante bem a informação a apresentar. Para além do facto de se notar um à vontade na apresentação. Facto que demonstra que dominam a informação apresentada. No Tempo de Trabalho de Projecto estive a acompanhar diversos grupos. Estive com o grupo dos Dentes, a ajudá-las no cartaz. Com o grupo da Escola, a ajudá-las no preenchimento do plano do projecto e ajudei o grupo da Roupa a pesquisar informação. Devo dizer que inicialmente este era um dos momentos que eu me mostrava

mais

céptica,

pois

tinha receio que os alunos não trabalhassem todos os conteúdos do programa, mas o que é certo é que

todos

os

assuntos já foram trabalhados e agora os alunos podem pesquisar outros assuntos. Os últimos projectos têm-me deixado bastante satisfeita, pois abordam assuntos interessantes. Para além de não serem apenas os alunos a pesquisarem novas informações como também eu. No Conselho de Cooperação , começámos com a avaliação dos PIT’s . Este momento foi um pouco moroso. Os alunos repetiram-se

muito na avaliação do trabalho dos colegas, o que em grande parte foi culpa minha. Deveria ter dito logo de início para os

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alunos não se repetirem, visto os colegas não ouvirem nada de novo para melhorar o seu trabalho. Na leitura do Diário de Turma , deparei-me com algumas dificuldades, pois existiam factos que aconteciam durante a semana e que eu não assistia, tendo assim dificuldades em compreender diversas situações. Outro assunto que ainda não domino completamente é colocar os alunos no lugar do outro. Quando já estava convencida que o Conselho de Cooperação já não era um “ problema”, vi que para um momento como este é fundamental conhecer plenamente a turma, e que existem situações que só quem está com eles todos os dias é que as consegue compreender. Todos os momentos são difíceis, mas a orientação de um Conselho de Cooperação

não é fácil, visto estarmos a construir

moralmente alunos. Para tal é necessário clarificarmos as situações e reflectir sobre as mesmas, só assim poderemos avançar para a construção moral. Apesar de esta não ter sido uma semana fácil e de eu a ter começado com muitas reservas, devo dizer que num balanço geral foi bastante positiva. Gostei muito da reacção dos alunos às actividades

que

eu

propus,

atingidas com as mesmas.

assim

como

das

competências

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