A variedade de semblantes de Maria assinala a unidade da pessoa: nenhum semblante é semelhante ao outro e, no entanto, apesar da diversidade de formas e cores, é sempre a mesma presença que se oferece para ser contemplada. O mesmo olhar nos encontra. Esse olhar nos segue onde quer que estejamos: mesmo se o ícone es ver “ao contrário”, con nuamos a ser “olhados”. Qualquer que seja o número de pessoas reunidas, em lugares diferentes, em torno do ícone, cada uma se sente pessoal e in mamente olhada, como se o ícone aí só exis sse para ela. A Mãe de Deus é sempre representada com os cabelos à parte superior e os ombros escondidos por um véu bordado com uma franja dourada. Não se representa nunca com os cabelos visíveis ou soltos. Na tradição ortodoxa, era importante mostrar um semblante feminino do Ser ao lado do
semblante de Cristo. Maria não é Deus, mas ela é a humanidade que “permite” o “Aquele que É o Ser que Ele É” a se tornar visível. “A encarnação não foi somente obra do Pai, de sua virtude e de seu Espírito, mas também foi obra da vontade e da fé da Virgem. Sem o consen mento da puríssima, sem o concurso de sua fé, esse desígnio seria irrealizável... Somente após tê‐la instruído e persuadido Deus tomou‐a por mãe, usando a carne que ela quis, de bom grado, emprestar‐lhe, Assim como Ele queria se encarnar, Ele também queria que sua Mãe o concebesse livremente, de bom grado” (Nicolas Cabasilas). “O semblante de Maria é o semblante sereno da liberdade humana capaz de dizer “sim” (fiat). Aquele que É, que era, que virá.” (Pe. Afonso Tremba, CSsR.) Padre Radamés A. Centenaro, CSsR.
O ADVENTO NOS TRAZ ESPERANÇA “Na vida de cada um de nós há sempre uma necessidade de recomeçar, de levantar‐se, de recuperar o sen do da meta de sua existência”. Assim para a grande família humana é necessário renovar sempre o horizonte comum para o qual estamos a caminho. O horizonte da esperança! O tempo do Advento, que iniciaremos dia 29 de novembro próximo, nos dá o horizonte da esperança, uma esperança que não desilude, porque é fundada sobre a Palavra de Deus.Neste Primeiro Domingo do Advento, um novo ano litúrgico se inicia, isto é, um novo caminho do Povo de Deus com Jesus Cristo, o nosso Pastor, que nos guia na história em direção ao cumprimento do reino de Deus. Portanto, este dia tem um encanto especial, nos faz provar um sen mento profundo do sen do da história. Redescobrimos a beleza de estarmos todos a caminho: a Igreja, com a sua vocação e missão, toda a humanidade, os povos, as civilizações, as culturas, todos a caminho através das trilhas do tempo.” E o Papa chama a atenção para o modelo do comportamento espiritual, do modo de ser e de caminhar na vida, citando a Virgem Maria. “Uma simples jovem do interior que carrega no coração toda a esperança de Deus! No seu ventre a esperança de Deus se fez carne, tornou‐se homem, se fez história: Jesus Cristo. O seu Magnificat é o cân co do Povo de Deus a caminho, e de todos os homens e mulheres que esperam em Deus, no poder da sua misericórdia. Deixemo‐nos guiar por ela neste tempo de espera e de vigilância a va.”